(1) O documento discute assédio moral no ambiente de trabalho, definindo-o como violência psicológica que visa degradar a dignidade do trabalhador. (2) A autora fornece 15 perguntas para identificar se alguém está sofrendo assédio moral e compartilha sua experiência pessoal de assédio em vários empregos. (3) Ela argumenta que padrões comportamentais de submissão e falta de limites, além de crenças limitantes, podem permitir o assédio, e que tanto vítimas quanto agressores
1. ARTIGO: Você já sofreu ou cometeu Assédio moral no trabalho?
Consegue identificar o Assédio moral?
BY ANA CAROLINA CARVALHO
Olá companheiros!
Hoje, eu venho tratar de um assunto muito comum no mundo corporativo,
contudo nem sempre lembrado e tratado. Falamos e lemos tanto sobre violência nos
noticiários e nós mesmos convivemos ou podemos estar próximo a ela no trabalho;
alguns de nós podemos, inclusive, estar cometendo-a mesmo que de forma
inconsciente; até mesmo por simples desconhecimento da causa.
Uma violência silenciosa, que prejudica, que ajuda na proliferação de
doenças físicas-psíquicas, e em alguns casos pode até matar.
O Assédio Moral se tornou conhecido na década de 80, e começou a ser
difundindo por toda a Europa, através das pesquisas do pioneiro no assunto: Heinz
Leymman, um psicólogo alemão, radicado na Suécia.
Vocês poderão ouvir e/ou ler sobre o Assédio moral com outras
denominações: mobbing1
e bullying2
, mais usadas em outros países, inclusive no
texto da OIT sobre o assunto: Violence at work3
.
Esse tipo de Assédio tem por finalidade violentar psicologicamente o
trabalhador, o atingindo na sua moral, é um ataque aos seus princípios e valores,
um desrespeito e uma desqualificação acerca da sua dignidade como ser humano.
Muitas vezes, podemos, simplesmente, ao ler os conceitos do Assédio,
ainda ficarmos com dúvidas, sobre: quais comportamentos usar como parâmetro
para identificar o assédio. Com esse objetivo deixo abaixo algumas perguntas
para que você possa identificar se sofre, já sofreu ou comete o assédio moral. As
perguntas têm como base a minha própria experiência dentre algumas adaptações.
1
Mobbing: é utilizado para indicar agressões de um grupo contra pessoas ou uma única pessoa, na
perspectiva da vítima (SOBOLL, 2008)
2
Bulliyng: descreve a perspectiva do agressor, em que a agressão é originária em uma única pessoa
(SOBOLL, 2008)
3
CHAPPELL, Duncan; MARTINO, Vittorio. Violence at work. OIT. 3ª edição, 2016. Disponível em:
<http://www.ilo.org/global/publications/ilo-bookstore/order-
online/books/WCMS_PUBL_9221108406_EN/lang--en/index.htm>.
2. (1) Você já foi perseguido no ambiente de trabalho, percebeu que as pessoas
estavam te seguindo, para verificar onde você estava e/ou com quem você falava
e/ou sobre o que você falava? Chegaram inclusive a ir ao banheiro e até no arquivo
morto atrás de você?
(2) Você está num local de trabalho que as pessoas deixam de te passar alguma
atividade para você executar? Quando você pede alguma informação sonegam ou
passam menos do que o necessário? Passam atividades inferiores ao seu cargo, a
sua formação, ao seu intelecto? (Salvo se tiver aceitado um emprego abaixo das
suas qualificações)
(3) As pessoas a sua volta te ignoram? Deixam de conversar com você durante todo
o dia, propositalmente?
(4) Você é, por motivos de conflitos com o assediador, separado do grupo e/ou
excluído?
(5) Você é humilhado/ofendido/ridicularizado, inclusive sua família, em palavras e
ações no ambiente de trabalho?
(6) Depois que você começou a trabalhar na empresa, sofre: de insônia, estresse,
tem crises de choro, tem pensamentos suicidas?
(7) Você percebe o seu trabalho sendo boicotado pelos colegas?
(8) Alguém invade o seu limite? Você tem o seu local de trabalho, alguém se apossa
dele sem pedir permissão ou avisá-lo que irá usar por um tempo?
(9) As metas impostas no seu trabalho são surreais, acima da média, acima do
normal?
(10) Quando você tem que ir ao médico é criticado e ridicularizado por faltar?
Quanto tira férias é convidado a retornar antes, sem receber os valores devidos?
Faz horas extras e nem vai para o Banco de horas e nem recebe o valor em
pecúnia?
(11) Sofre ameaças de ser substituído no emprego e/ou outras? Dizem para você
aquela famosa frase:_ Somos todos substituíveis!
(12) No seu trabalho faz esforço acima da sua capacidade?
(13) Em empresas que ofertam bolsa de estudo, dentre outros benefícios, para todos
os funcionários sem distinção, você teve a sua recusada? Com alguma justificativa
sem fundamento?
(14) Você foi violentado fisicamente no local de trabalho?
3. (15) De uma forma genérica sofre abusos verbais, financeiros, psicológicos, morais
e/ou físicos no ambiente de trabalho?
Se você respondeu Sim para uma boa parte dessas questões,
provavelmente, você é vítima de assédio. Abaixo vou descrever a minha experiência
acerca do tema, pensando também que cada caso é um caso, alguém pode sofrer o
assédio de forma pontual em uma determinada empresa e encontrar uma outra
solução, muitos inclusive recorrendo a justiça. Sem descartar outra hipótese,
simplesmente, eu compartilho as minhas atitudes, impressões e pesquisas recentes.
Algumas lições que aprendi, eu vivenciei o Assédio moral em mais de
uma empresa que atuei, e sempre questionei o porquê eu estava vivenciando aquilo
novamente, percebi que quando eu deixo de aprender a lição, aquilo parece
retomar, até que eu aprenda a lidar com a situação. Confesso que fiquei muito triste,
por muito tempo, achando que todos os lugares são iguais, que todos os chefes são
assediadores, isso se tornou uma crença, mas percebi que a questão estava em
mim.
Mesmo que de forma inconsciente, eu estava permitindo os abusos com o
meu padrão comportamental de submissão, em algum momento da minha vida
esse padrão me fora ensinado como sendo o ideal para sobreviver, que falar
“amém” para tudo significava viver em paz e harmonia.
O segundo padrão comportamental envolvido era a falta de imposição
de limites saudáveis, nem imaginava que eu como ser humano, sou um ser
valioso, que merece ser respeitado e amado pelas pessoas, simplesmente, por eu
existir. Então, deixava de impor limites, de falar sobre aquilo que me incomodava, de
pedir por respeito, por conversar e acertar as diferenças que me machucam e/ou me
machucavam.
A terceira é a crença! Eu, normalmente, vou vivenciar aquilo que eu
acredito, se eu acreditar que todos são assim, vou atrair para o meu convívio,
justamente aquelas pessoas que são assediadores.
Ao fazer isso, percebi também que os abusadores, nem sempre tinham
ou tiveram noção da repercussão dos seus atos, o quanto machucam e/ou
machucavam.
Nos meus estudos sobre o comportamento humano, aprendemos muitas
das nossas lições na infância, então se nossos pais têm comportamentos abusivos,
4. vamos reproduzi-los na vida adulta, pois fomos condicionados a esse
comportamento, a vivenciá-lo e reproduzi-lo de forma automática, até que
comecemos um processo de auto conhecimento para mudar essa realidade.
Possivelmente, os assediadores de hoje foram os assediados de ontem, porque
assim eles aprenderam a lidar com o seu próximo.
Ah, sem esquecer de algo que é libertador nessas situações: Perdoar!
Isso ajuda a seguir em frente, deixar a revolta ir embora, e a entender que ali jaz
um doente emocional, que foi ferido e agora fere, simplesmente isso. Perdoe e siga
em frente, sempre!
Com Carinho,
Carol Carvalho