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língua portuguesa
Tópicos de compreensão textual
           Manoel Neves
COMPREENSÃO TEXTUAL
                            tópicos de compreensão textual

                                        tema
   identifique o tema geral do texto e veja como ele é trabalhado em cada parágrafo;

                                          tese
            observe qual a intencionalidade do locutor ao construir o texto;

                                       locutor
veja se o texto se articula em 1ª. ou 3ª. pessoa e os argumentos levantados pelo locutor;

                                   tipo e gênero
 observe as sequências textuais mais usadas [tipo textual] e o gênero que se configura.
A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL
                                          Ecléa Bosi
A sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à
sua obra, às coisas que ele realizou e que fizeram o sentido de sua   tema: velhice na sociedade industrial
vida. Perdendo a força de trabalho, ele já não é produtor nem
reprodutor. Se a posse e a propriedade constituem, segundo               tese: o velho é desvalorizado;
Sartre, uma defesa contra o outro, o velho de uma classe
                                                                       locutor: terceira pessoa + citação.
favorecida defende-se pela acumulação de bens. Suas
propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa.
A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL
                                          Ecléa Bosi
Nos cuidados com a criança, o adulto “investe” para o futuro, mas
em relação ao velho age com duplicidade e má fé. A moral oficial
                                                                      tema: velhice na sociedade industrial
prega o respeito ao velho, mas quer convencê-lo a ceder seu lugar
aos jovens, afastá-lo delicada mas firmemente dos postos de              tese: o velho é desvalorizado;
direção. Que ele nos poupe de seus conselhos e se resigne a um
                                                                            estratégias/argumentos
papel passivo. Veja-se no interior das famílias a cumplicidade dos
adultos em manejar os velhos, em imobilizá-los com cuidados             age-se com duplicidade e má fé
“para o seu próprio bem”. Em privá-los da liberdade de escolha,
em torná-los cada vez mais dependentes, “administrando” sua          [o velho é convencido a ceder seu lugar
aposentadoria, obrigando-os a sair do seu canto, a mudar de casa                aos mais jovens]
(experiência terrível para o velho) e, por fim, submetendo-os à
internação hospitalar. Se o idoso não cede à persuasão, à mentira,    3ª. pessoa + argumentação simples
não se hesitará em usar a força. Quantos anciãos não pensam
                                                                            [expõe + amplia + prova]
estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos
seus?
A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL
                                          Ecléa Bosi
Quando se vive o primado da mercadoria sobre o homem, a idade
engendra desvalorização. A racionalização do trabalho, que exige
cadências cada vez mais rápidas, elimina da indústria os velhos       tema: velhice na sociedade industrial
operários. Nas épocas de desemprego, os velhos são                     tese: a idade leva à desvalorização
especialmente discriminados e obrigados a rebaixar sua exigência
de salário e aceitar empreitas pesadas e nocivas à saúde. Como no     [os velhos são excluídos do mercado]
interior de certas famílias, aproveita-se deles o braço servil, mas
não o conselho.
A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL
                                         Ecléa Bosi

                                          tema
                              velhice na sociedade industrial;

                                           tese
o velho é desvalorizado tanto pela família quanto pela sociedade e pelo mercado de trabalho;

                                         locutor
  o locutor de terceira pessoa se vale de argumentação simples e de citação de autoridade;

                                     tipo e gênero
     predominam as sequências expositivas e argumentativas; artigo de opinião/ensaio
QUESTÃO 01
                               tópicos de compreensão textual
(FCChagas-2008) A seguinte formulação resume, conceitualmente, o argumento central do
texto:
Que ele nos poupe de seus conselhos e se resigne a um papel passivo.
Suas propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa.
Quando se vive o primado da mercadoria sobre o homem, a idade engendra desvalorização.
Veja-se no interior das famílias a cumplicidade dos adultos em manejar os velhos, em imobilizá-
los com cuidados “para o seu próprio bem”.
Quantos anciãos não pensam estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos
seus?
QUESTÃO 01
                              tópicos de compreensão textual
De acordo com o texto, a família e o mercado de trabalho desvalorizam o idoso porque ele não é
economicamente bem visto. A primeira por querer se apropriar dos bens e a segunda por não
ver nele um braço ágil e forte. Marque-se, pois, a alternativa “c”.
QUESTÃO 02
                                    tópicos de compreensão textual
                          (FCChagas-2008) Atente para as seguintes afirmações:
I. No primeiro parágrafo, ao empregar a expressão "à sua obra", a autora está-se referindo às
propriedades acumuladas pelo velho da classe mais favorecida.
II. No segundo parágrafo, o contexto permite entender que o termo “investe”, entre aspas, está
empregado na acepção que lhe conferem os economistas.
III. No terceiro parágrafo, a expressão “racionalização do trabalho” identifica o rigor com que se
planeja e se operacionaliza a produção industrial.
                          Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
           I, II e III.                       I e II, apenas.                       I e III, apenas.
                               II, apenas.                      II e III, apenas.
QUESTÃO 02
                                tópicos de compreensão textual
O item I deve ser refutado, pois não se abordam, na frase 01, os bens materiais acumulados
pelos velhos; tal qual se pode ler na sequência ao trecho em análise, a obra são as realizações
do idoso. O verbo investir, analisado no item II, está entre aspas porque a intenção do locutor foi
indicar sua intencionalidade de associar [conotativamente] criança e investimento [realidades, a
priori, distantes]; isso permite inferir que o sentido se aproxima do que os economistas dão a
ele, na medida em que o pai usa dinheiro para que a criança se forme. O que se afirma em III é
correto, posto que o termo em análise se relaciona ao planejamento e a operação industrial.
Marque-se, pois, a alternativa “e”.
QUESTÃO 03
                              tópicos de compreensão textual
(FCChagas-2008) Depreende-se da leitura do texto que, na sociedade industrial, a sabedoria
acumulada pelos velhos:
vale apenas quando eles ainda mostram aptidão para trabalhar.
é menosprezada porque não se costuma considerá-la produtiva.
é cultuada com a mesma complacência com que se vê a criança.
é bem acolhida somente quando eles pertencem à classe abastada.
vale apenas quando eles assumem um papel passivo na família.
QUESTÃO 03
                               tópicos de compreensão textual
Se se considerar que a tese defendida pelo locutor do texto é a que o idoso é desvalorizado pela
sociedade, devido a fatores econômicos, pode-se assinalar a alternativa "b", na medida em que,
no texto, afirma-se que a sabedoria dos idosos não é produtiva.
O ESPÍRITO DAS LEIS
                                     Etelvino Correa e Souza
− O mais difícil, em certos processos, não é julgar os fatos
expostos. É julgar os fatos ocultos.
Foi o que ouvi, há muito tempo, quando eu ainda pensava em
fazer Direito, de um parente juiz. Estranhei a expressão “fatos
ocultos”, que me cheirou a esoterismo, mas ele explicou:                    tema: o implícito nas Leis e na Justiça

− A gente costuma estudar um caso, avaliar as razões das partes,           tese: num processo, há implícitos ocultos
pesar os dados levantados, consultar minuciosamente a legislação
e a jurisprudência, para, enfim, dar a sentença. Mas há situações                  estratégias discursivas
em que a intuição e a experiência de um juiz fazem-no sentir que a            narração e uso da primeira pessoa
verdade profunda do caso não foi exposta. Por vezes, ao ouvir os
litigantes, esse sentimento cresce ainda mais. Aí a tarefa fica difícil.    o locutor cita um caso que ouviu para
Objetivamente, um juiz não pode ignorar o que está nos autos;
                                                                                apresentar o tema e debatê-lo
subjetivamente, no entanto, ele sabe que há mais complexidade
na situação a ser julgada do que fazem ver as palavras do
processo. Esses são os fatos ocultos; essa é a verdade que sofreu
um processo de camuflagem da parte do impetrante, do
impetrado ou de ambos.
O ESPÍRITO DAS LEIS
                                  Etelvino Correa de Souza
− E o que faz você numa situação dessa?
− Ele parou de falar por um tempo, dando a impressão de que não
                                                                       tema: o implícito nas Leis e na Justiça
iria responder. Mas acabou esclarecendo:
                                                                      tese: há que se aplicar o espírito das leis
− Aplico a lei, naturalmente. É tudo o que devo e posso fazer. No
entanto, para isso preciso também sentir o que se entende por                 estratégias discursivas
espírito da lei, aquilo que nem sempre está nela explicitado com
                                                                         narração e uso da primeira pessoa
todas as letras, mas constitui, sem qualquer dúvida, o que a
justifica e a legitima em sua profundidade. Como vê, às vezes julgo   [o espírito das Leis é o senso de justiça]
fatos ocultos com o concurso do espírito...
                                                                               [de quem aplica a Lei]
Foi uma manifestação de bom humor, não um gracejo; foi uma
lição que me ficou, que me parece útil para muitas situações da
nossa vida.
O ESPÍRITO DAS LEIS
                                 Etelvino Correa de Souza

                                           tema
                         o implícito [subjetivo] nas Leis e na Justiça

                                             tese
os implícitos/subjetividades no auto ou na Lei levam ao senso de justiça de quem aplica a Lei

                                          locutor
     primeira pessoa; constrói seu texto a partir de uma história/anedota que ouvira;

                                     tipo e gênero
    predominam as sequências narrativas e argumentativas; artigo de opinião/crônica.
QUESTÃO 04
                                tópicos de compreensão textual
(FCChagas-2008) Ao dizer que, por vezes, é preciso julgar os fatos ocultos, o juiz referido no
texto está considerando os casos em que há a necessidade de:
aplicar a lei com todo o rigor, desconsiderando as lições de uma jurisprudência bem constituída.
intuir, para além do que está nos autos, a verdade profunda que neles se encontra
escamoteada.
fazer prevalecer todo o peso do subjetivismo sobre a aplicação objetiva dos dispositivos legais.
ignorar toda e qualquer mediação da análise mais pessoal, no momento de proferir a sentença.
desmascarar os argumentos de ambas as partes, com vistas à anulação do processo.
QUESTÃO 04
                             tópicos de compreensão textual
A tese do texto aponta para o fato de que aquilo que está além da Lei e dos Autos deve ser
inferido/interpretado por quem aplica a Lei. Este é o senso de justiça. Assinale-se, pois, a
alternativa “b”.
QUESTÃO 05
                                  tópicos de compreensão textual
                        (FCChagas-2008) Atente para as seguintes afirmações:
I. Depreende-se da leitura do texto que a lição que ficou para o narrador, útil para muitas
situações da nossa vida, é a de que as aparências não costumam nos enganar.
II. O bom humor da última fala do juiz no texto é um efeito produzido pela associação entre as
expressões fatos ocultos e concurso do espírito, que lembram fenômenos sobrenaturais.
III. Depreende-se do que afirma o narrador no último parágrafo do texto que ele considera o
gracejo uma manifestação menos consequente que a do bom humor.
                  Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
            II e III.                          I e III.                        I e II.
                                 I.                             II.
QUESTÃO 05
                               tópicos de compreensão textual
De acordo com o texto, as aparências tanto enganam que é preciso ir além delas e usar o senso
de justiça; elimine-se, pois, a proposição I. A segunda proposição é correta, na medida em que a
palavra ocultos remete a espírito. Sem dúvidas, o trocadilho feito pela personagem citada tem
um quê de humorístico. Atentando ao que se afirma em III, pode-se afirmar que, para o locutor,
mais importante do que o gracejo é o bom humor que está em se saber que na aplicação das
Leis entra um elemento parcial e subjetivo que é a compreensão e o julgamento que o homem
faz delas e dos autos. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
PÓS-11/9
                                  Luis Fernando Verissimo
Li que em Nova York estão usando “dez de setembro” como
adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em: “Que
penteado mais dez de setembro!”. O 11/9 teria mudado o mundo
tão radicalmente que tudo o que veio antes – culminando com o
day before [dia anterior], o último dia das torres em pé, a última
segunda-feira normal e a véspera mais véspera da História – virou    tema: desdobramentos do 11/9 nos EUA
preâmbulo. Obviamente, nenhuma normalidade foi tão afetada
quanto o cotidiano de Nova York, que vive a psicose do que ainda     tese: os EUA mudaram o modo de pensar
pode acontecer. Os Estados Unidos descobriram um sentimento
                                                                            locutor: primeira pessoa
inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para
acomodá-las, inclusive sacrificando alguns direitos de seus
cidadãos, sem falar no direito de cidadãos estrangeiros não serem
bombardeados por eles. Protestos contra a radicalíssima reação
americana são vistos como irrealistas e anacrônicos,
decididamente “dez de setembro”.
PÓS-11/9
                                  Luis Fernando Verissimo
Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se
repensarem no bom sentido, não como submissão à chantagem            tema: desdobramentos do 11/9 nos EUA
terrorista, mas para não perder a oportunidade do novo começo,
um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do           tese: o 11/9 mudou o modo de pensar
Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados Unidos com                estratégias/argumentos
relação a Israel e os palestinos são exemplos disto. E é certo que
nenhuma reunião dos países ricos será como era até 10/9, pelo           exposição + ampliação + confronto
menos por algum tempo. No caso dos donos do mundo, não se
                                                                     o 11/9 tanto gerou comoção pelo medo do
devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de
contrição mais espetaculares, mas o instinto de sobrevivência         terror quanto uma postura mais virtuosa
também é um caminho para a virtude. O horror de 11/9 teve o
efeito paradoxalmente contrário de me fazer acreditar mais na                    primeira pessoa

humanidade.
PÓS-11/9
                                 Luis Fernando Verissimo
A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exatamente, de
quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma questão de       tema: desdobramentos do 11/9
moda, já que ninguém vai querer ser chamado de “dez de              tese: mudou o modo como se vê o mundo
setembro” na rua.
PÓS-11/9
                               Luis Fernando Verissimo

                                        tema
                   desdobramentos do 11/9 nos EUA e no mundo;

                                         tese
         o 11/9 mudou o modo como os EUA veem a si mesmos e ao mundo;

                                       locutor
oscila entre a primeira pessoa [testemunha] e a terceira pessoa; argumentação simples.

                                  tipo e gênero
 sequências expositivas e argumentativas; oscila entre o artigo de opinião e a crônica.
QUESTÃO 06
                                 tópicos de compreensão textual
(FCChagas-2011) Já se afirmou a respeito de Luis Fernando Verissimo, autor do texto aqui
apresentado: trata-se de um escritor que consegue dar seriedade ao humor e graça à
gravidade, sendo ao mesmo tempo humorista inspirado e ensaísta profundo. Essa rara
combinação de planos e tons distintos pode ser adequadamente ilustrada por meio destes
segmentos do texto:
I. Que penteado mais dez de setembro! e Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito
de vulnerabilidade.
II. Um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio e o instinto de
sobrevivência também é um caminho para a virtude.
III. Fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem e não se devem
esperar exames de consciência mais profundos.
       Em relação ao texto, atende ao enunciado desta questão o que se transcreve em
           I, II e III.                      I e II, apenas.                 II e III, apenas.
                          I e III, apenas.                     II, apenas.
QUESTÃO 06
                               tópicos de compreensão textual
Ao mostrar como um mesmo fato [o 11/9] deu origem a visões tão díspares sobre o mundo [dez
de setembro indicando algo fora de moda e os EUA se sentirem vulneráveis], o locutor usa a
ironia. A percepção do humor está presente em II, na medida em que se fala que Deus fez uma
autocrítica após o Dilúvio. Assinale-se, pois a alternativa "b". Em tempo, na proposição III, há
apenas uma visão crítica acerca de como o 11/9 levou as nações a repensarem seu papel no
mundo. Atente-se para o fato de que os dois fragmentos ali transcritos apresentam uma mesma
visão acerca do fato.
QUESTÃO 07
                              tópicos de compreensão textual
    (FCChagas-2011) Ao comentar a tragédia de 11 de setembro, o autor observa que ela:
foi uma espécie de prólogo de uma série de muitas outras manifestações terroristas.
exigiria das autoridades americanas a adoção de medidas de segurança muito mais drásticas
que as então vigentes.
estimularia a população novaiorquina a tornar mais estreitos os até então frouxos laços de
solidariedade.
abriu uma oportunidade para que os americanos venham a se avaliar como nação e a trilhar um
novo caminho.
faria com que os americanos passassem a ostentar com ainda maior orgulho seu decantado
nacionalismo.
QUESTÃO 07
                              tópicos de compreensão textual
Se se atentar à tese defendida pelo locutor, verifica-se que o 11/9 abriu a possibilidade de os
EUA repensarem-se enquanto nação e reavaliarem que caminho devem seguir. Assinale-se, pois,
a alternativa “d”.
REPRESENTATIVIDADE ÉTICA
                                        Demétrio Saraiva
Costuma-se repetir à exaustão, e com as consequências
características do abuso de frases feitas e lugares-comuns, que as
esferas do poder público são o reflexo direto das melhores
qualidades e dos piores defeitos do povo do país. Na esteira dessa       tema: poder público, ética e sociedade
convicção geral, afirma-se que as casas legislativas brasileiras
espelham fielmente os temperamentos e os interesses dos                 tese: o comportamento do Legislativo não
eleitores brasileiros. É o caso de se perguntar: mesmo que seja         tese: é/deveria ser espelho da sociedade
assim, deve ser assim? Pois uma vez aceita essa correspondência
mecânica, ela acaba se tornando um oportuno álibi para quem                     locutor: terceira pessoa
deseja inocentar de plano a classe política, atribuindo seus deslizes
                                                                              estratégias argumentativas
a vocações disseminadas pela nação inteira... Perguntariam os
cínicos se não seria o caso, então, de não mais delegar o poder          argumentação simples [expõe-amplia]
apenas a uns poucos, mas buscar reparti-lo entre todos, numa
grande e festiva anarquia, eliminando-se os intermediários. O                 diálogo com o senso comum

velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava, com a acidez
típica de seu humor: “Restaure-se a moralidade, ou então nos
locupletemos todos!”.
REPRESENTATIVIDADE ÉTICA
                                     Demétrio Saraiva
As casas legislativas, cujos membros são todos eleitos pelo voto
direto, não podem ser vistas como uma síntese cristalizada da       tema: poder público, ética e sociedade
índole de toda uma sociedade, incluindo-se aí as perversões, os
                                                                    tese: o Legislativo deveria ser exemplo
interesses escusos, as distorções de valor. A chancela da
representatividade, que legitima os legisladores, não os autoriza         estratégias/argumentos
em hipótese alguma a duplicar os vícios sociais; de fato, tal
representação deve ser considerada, entre outras coisas, como um            argumentação simples
compromisso firmado para a eliminação dessas mazelas. O poder         o legislativo deveria se pautar pelo
conferido aos legisladores deriva, obviamente, das postulações
positivas e construtivas de uma determinada ordem social, que se        ideal de ordem e de equilíbrio
pretende cada vez mais justa e equilibrada.
REPRESENTATIVIDADE ÉTICA
                                    Demétrio Saraiva
Combater a circulação dessas frases feitas e lugares-comuns que
pretendem abonar situações injuriosas é uma forma de combater
a estagnação crítica − essa oportunista aliada dos que            tema: poder público, ética e sociedade
maliciosamente se agarram ao fatalismo das “fraquezas humanas”    tese: o legislador deveria ser exemplo
para tentar justificar os desvios de conduta do homem público.
Entre as tarefas do legislador, está a de fazer acreditar que            argumentação simples
nenhuma sociedade está condenada a ser uma comprovação de
teses derrotistas.
REPRESENTATIVIDADE ÉTICA
                                   Demétrio Saraiva

                                       tema
                           poder público, ética e sociedade

                                         tese
o comportamento do Legislativo não deveria ser um reflexo da sociedade, mas um modelo

                                      locutor
                  terceira pessoa; argumentação simples e confronto

                                  tipo e gênero
              sequências expositivas e argumentativas; artigo de opinião.
QUESTÃO 08
                                tópicos de compreensão textual
(FCChagas-2010) Pareceu necessário, ao autor, empregar o adjetivo ética, no título do texto,
porque o conceito de representatividade costuma ser
utilizado como um valor, em princípio, absoluto, não se prestando a justificar interesses escusos.
lembrado em seu valor relativo, pois a tarefa legislativa é mais alta do que a de representar os
anseios públicos.
maliciosamente utilizado por quem dele se vale como abono social para a prática de atos
inescrupulosos.
referido como um desses valores que, historicamente, vão mudando de sentido de acordo com
a época.
ingenuamente tomado como consensual, já que há muitas dúvidas quanto às tarefas que cabem
ao legislador.
QUESTÃO 08
                                tópicos de compreensão textual
Da exposição e da argumentação presentes no texto, depreende-se que os representantes do
Legislativo acreditam que o comportamento deles é um reflexo do da sociedade. Tal raciocínio
acaba por justificar, para os simplistas, os desvios éticos e as práticas inescrupulosas. Assinale-
se, pois, a alternativa “c”.
QUESTÃO 09
                                tópicos de compreensão textual
                      (FCChagas-2010) Atente paras as seguintes afirmações:
I. No 1o parágrafo, a pergunta dos cínicos e a frase do Barão de Itararé consideram a
possibilidade da universalização de vantagens inescrupulosamente obtidas.
II. No 2o parágrafo, o autor expressa sua convicção de que é fatal, na esfera do poder legislativo,
a disseminação das mesmas mazelas que afetam o conjunto da sociedade.
III. No 3o parágrafo, o combate aos lugares-comuns e às frases feitas é considerado um recurso
válido para quem considera banal a disseminação dos vícios sociais.
                   Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
               I                                II                                III
                              I e III                          II e III
QUESTÃO 09
                             tópicos de compreensão textual
O primeiro parágrafo apresenta como problemática a possibilidade de as vantagens
inescrupulosamente obtidas se universalizarem. O segundo parágrafo apresenta, sim,
preocupação com a disseminação, no legislativo, das mazelas éticas que afetam a sociedade,
mas não vê tal disseminação como “fatal”. De acordo com o terceiro parágrafo, o combate aos
lugares-comuns e às frases feitas é válido para quem se preocupa com a disseminação dos
vícios, e não para quem acha tal propagação “banal”. Assinale-se, pois, a alternativa “a”.

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Aspectos de compreensão textual na Fundação Carlos Chagas

  • 1. língua portuguesa Tópicos de compreensão textual Manoel Neves
  • 2. COMPREENSÃO TEXTUAL tópicos de compreensão textual tema identifique o tema geral do texto e veja como ele é trabalhado em cada parágrafo; tese observe qual a intencionalidade do locutor ao construir o texto; locutor veja se o texto se articula em 1ª. ou 3ª. pessoa e os argumentos levantados pelo locutor; tipo e gênero observe as sequências textuais mais usadas [tipo textual] e o gênero que se configura.
  • 3. A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL Ecléa Bosi A sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à sua obra, às coisas que ele realizou e que fizeram o sentido de sua tema: velhice na sociedade industrial vida. Perdendo a força de trabalho, ele já não é produtor nem reprodutor. Se a posse e a propriedade constituem, segundo tese: o velho é desvalorizado; Sartre, uma defesa contra o outro, o velho de uma classe locutor: terceira pessoa + citação. favorecida defende-se pela acumulação de bens. Suas propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa.
  • 4. A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL Ecléa Bosi Nos cuidados com a criança, o adulto “investe” para o futuro, mas em relação ao velho age com duplicidade e má fé. A moral oficial tema: velhice na sociedade industrial prega o respeito ao velho, mas quer convencê-lo a ceder seu lugar aos jovens, afastá-lo delicada mas firmemente dos postos de tese: o velho é desvalorizado; direção. Que ele nos poupe de seus conselhos e se resigne a um estratégias/argumentos papel passivo. Veja-se no interior das famílias a cumplicidade dos adultos em manejar os velhos, em imobilizá-los com cuidados age-se com duplicidade e má fé “para o seu próprio bem”. Em privá-los da liberdade de escolha, em torná-los cada vez mais dependentes, “administrando” sua [o velho é convencido a ceder seu lugar aposentadoria, obrigando-os a sair do seu canto, a mudar de casa aos mais jovens] (experiência terrível para o velho) e, por fim, submetendo-os à internação hospitalar. Se o idoso não cede à persuasão, à mentira, 3ª. pessoa + argumentação simples não se hesitará em usar a força. Quantos anciãos não pensam [expõe + amplia + prova] estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos seus?
  • 5. A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL Ecléa Bosi Quando se vive o primado da mercadoria sobre o homem, a idade engendra desvalorização. A racionalização do trabalho, que exige cadências cada vez mais rápidas, elimina da indústria os velhos tema: velhice na sociedade industrial operários. Nas épocas de desemprego, os velhos são tese: a idade leva à desvalorização especialmente discriminados e obrigados a rebaixar sua exigência de salário e aceitar empreitas pesadas e nocivas à saúde. Como no [os velhos são excluídos do mercado] interior de certas famílias, aproveita-se deles o braço servil, mas não o conselho.
  • 6. A VELHICE NA SOCIEDADE INDUSTRIAL Ecléa Bosi tema velhice na sociedade industrial; tese o velho é desvalorizado tanto pela família quanto pela sociedade e pelo mercado de trabalho; locutor o locutor de terceira pessoa se vale de argumentação simples e de citação de autoridade; tipo e gênero predominam as sequências expositivas e argumentativas; artigo de opinião/ensaio
  • 7. QUESTÃO 01 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2008) A seguinte formulação resume, conceitualmente, o argumento central do texto: Que ele nos poupe de seus conselhos e se resigne a um papel passivo. Suas propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa. Quando se vive o primado da mercadoria sobre o homem, a idade engendra desvalorização. Veja-se no interior das famílias a cumplicidade dos adultos em manejar os velhos, em imobilizá- los com cuidados “para o seu próprio bem”. Quantos anciãos não pensam estar provisoriamente no asilo em que foram abandonados pelos seus?
  • 8. QUESTÃO 01 tópicos de compreensão textual De acordo com o texto, a família e o mercado de trabalho desvalorizam o idoso porque ele não é economicamente bem visto. A primeira por querer se apropriar dos bens e a segunda por não ver nele um braço ágil e forte. Marque-se, pois, a alternativa “c”.
  • 9. QUESTÃO 02 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2008) Atente para as seguintes afirmações: I. No primeiro parágrafo, ao empregar a expressão "à sua obra", a autora está-se referindo às propriedades acumuladas pelo velho da classe mais favorecida. II. No segundo parágrafo, o contexto permite entender que o termo “investe”, entre aspas, está empregado na acepção que lhe conferem os economistas. III. No terceiro parágrafo, a expressão “racionalização do trabalho” identifica o rigor com que se planeja e se operacionaliza a produção industrial. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em: I, II e III. I e II, apenas. I e III, apenas. II, apenas. II e III, apenas.
  • 10. QUESTÃO 02 tópicos de compreensão textual O item I deve ser refutado, pois não se abordam, na frase 01, os bens materiais acumulados pelos velhos; tal qual se pode ler na sequência ao trecho em análise, a obra são as realizações do idoso. O verbo investir, analisado no item II, está entre aspas porque a intenção do locutor foi indicar sua intencionalidade de associar [conotativamente] criança e investimento [realidades, a priori, distantes]; isso permite inferir que o sentido se aproxima do que os economistas dão a ele, na medida em que o pai usa dinheiro para que a criança se forme. O que se afirma em III é correto, posto que o termo em análise se relaciona ao planejamento e a operação industrial. Marque-se, pois, a alternativa “e”.
  • 11. QUESTÃO 03 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2008) Depreende-se da leitura do texto que, na sociedade industrial, a sabedoria acumulada pelos velhos: vale apenas quando eles ainda mostram aptidão para trabalhar. é menosprezada porque não se costuma considerá-la produtiva. é cultuada com a mesma complacência com que se vê a criança. é bem acolhida somente quando eles pertencem à classe abastada. vale apenas quando eles assumem um papel passivo na família.
  • 12. QUESTÃO 03 tópicos de compreensão textual Se se considerar que a tese defendida pelo locutor do texto é a que o idoso é desvalorizado pela sociedade, devido a fatores econômicos, pode-se assinalar a alternativa "b", na medida em que, no texto, afirma-se que a sabedoria dos idosos não é produtiva.
  • 13. O ESPÍRITO DAS LEIS Etelvino Correa e Souza − O mais difícil, em certos processos, não é julgar os fatos expostos. É julgar os fatos ocultos. Foi o que ouvi, há muito tempo, quando eu ainda pensava em fazer Direito, de um parente juiz. Estranhei a expressão “fatos ocultos”, que me cheirou a esoterismo, mas ele explicou: tema: o implícito nas Leis e na Justiça − A gente costuma estudar um caso, avaliar as razões das partes, tese: num processo, há implícitos ocultos pesar os dados levantados, consultar minuciosamente a legislação e a jurisprudência, para, enfim, dar a sentença. Mas há situações estratégias discursivas em que a intuição e a experiência de um juiz fazem-no sentir que a narração e uso da primeira pessoa verdade profunda do caso não foi exposta. Por vezes, ao ouvir os litigantes, esse sentimento cresce ainda mais. Aí a tarefa fica difícil. o locutor cita um caso que ouviu para Objetivamente, um juiz não pode ignorar o que está nos autos; apresentar o tema e debatê-lo subjetivamente, no entanto, ele sabe que há mais complexidade na situação a ser julgada do que fazem ver as palavras do processo. Esses são os fatos ocultos; essa é a verdade que sofreu um processo de camuflagem da parte do impetrante, do impetrado ou de ambos.
  • 14. O ESPÍRITO DAS LEIS Etelvino Correa de Souza − E o que faz você numa situação dessa? − Ele parou de falar por um tempo, dando a impressão de que não tema: o implícito nas Leis e na Justiça iria responder. Mas acabou esclarecendo: tese: há que se aplicar o espírito das leis − Aplico a lei, naturalmente. É tudo o que devo e posso fazer. No entanto, para isso preciso também sentir o que se entende por estratégias discursivas espírito da lei, aquilo que nem sempre está nela explicitado com narração e uso da primeira pessoa todas as letras, mas constitui, sem qualquer dúvida, o que a justifica e a legitima em sua profundidade. Como vê, às vezes julgo [o espírito das Leis é o senso de justiça] fatos ocultos com o concurso do espírito... [de quem aplica a Lei] Foi uma manifestação de bom humor, não um gracejo; foi uma lição que me ficou, que me parece útil para muitas situações da nossa vida.
  • 15. O ESPÍRITO DAS LEIS Etelvino Correa de Souza tema o implícito [subjetivo] nas Leis e na Justiça tese os implícitos/subjetividades no auto ou na Lei levam ao senso de justiça de quem aplica a Lei locutor primeira pessoa; constrói seu texto a partir de uma história/anedota que ouvira; tipo e gênero predominam as sequências narrativas e argumentativas; artigo de opinião/crônica.
  • 16. QUESTÃO 04 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2008) Ao dizer que, por vezes, é preciso julgar os fatos ocultos, o juiz referido no texto está considerando os casos em que há a necessidade de: aplicar a lei com todo o rigor, desconsiderando as lições de uma jurisprudência bem constituída. intuir, para além do que está nos autos, a verdade profunda que neles se encontra escamoteada. fazer prevalecer todo o peso do subjetivismo sobre a aplicação objetiva dos dispositivos legais. ignorar toda e qualquer mediação da análise mais pessoal, no momento de proferir a sentença. desmascarar os argumentos de ambas as partes, com vistas à anulação do processo.
  • 17. QUESTÃO 04 tópicos de compreensão textual A tese do texto aponta para o fato de que aquilo que está além da Lei e dos Autos deve ser inferido/interpretado por quem aplica a Lei. Este é o senso de justiça. Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
  • 18. QUESTÃO 05 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2008) Atente para as seguintes afirmações: I. Depreende-se da leitura do texto que a lição que ficou para o narrador, útil para muitas situações da nossa vida, é a de que as aparências não costumam nos enganar. II. O bom humor da última fala do juiz no texto é um efeito produzido pela associação entre as expressões fatos ocultos e concurso do espírito, que lembram fenômenos sobrenaturais. III. Depreende-se do que afirma o narrador no último parágrafo do texto que ele considera o gracejo uma manifestação menos consequente que a do bom humor. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em II e III. I e III. I e II. I. II.
  • 19. QUESTÃO 05 tópicos de compreensão textual De acordo com o texto, as aparências tanto enganam que é preciso ir além delas e usar o senso de justiça; elimine-se, pois, a proposição I. A segunda proposição é correta, na medida em que a palavra ocultos remete a espírito. Sem dúvidas, o trocadilho feito pela personagem citada tem um quê de humorístico. Atentando ao que se afirma em III, pode-se afirmar que, para o locutor, mais importante do que o gracejo é o bom humor que está em se saber que na aplicação das Leis entra um elemento parcial e subjetivo que é a compreensão e o julgamento que o homem faz delas e dos autos. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
  • 20. PÓS-11/9 Luis Fernando Verissimo Li que em Nova York estão usando “dez de setembro” como adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em: “Que penteado mais dez de setembro!”. O 11/9 teria mudado o mundo tão radicalmente que tudo o que veio antes – culminando com o day before [dia anterior], o último dia das torres em pé, a última segunda-feira normal e a véspera mais véspera da História – virou tema: desdobramentos do 11/9 nos EUA preâmbulo. Obviamente, nenhuma normalidade foi tão afetada quanto o cotidiano de Nova York, que vive a psicose do que ainda tese: os EUA mudaram o modo de pensar pode acontecer. Os Estados Unidos descobriram um sentimento locutor: primeira pessoa inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para acomodá-las, inclusive sacrificando alguns direitos de seus cidadãos, sem falar no direito de cidadãos estrangeiros não serem bombardeados por eles. Protestos contra a radicalíssima reação americana são vistos como irrealistas e anacrônicos, decididamente “dez de setembro”.
  • 21. PÓS-11/9 Luis Fernando Verissimo Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem no bom sentido, não como submissão à chantagem tema: desdobramentos do 11/9 nos EUA terrorista, mas para não perder a oportunidade do novo começo, um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do tese: o 11/9 mudou o modo de pensar Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados Unidos com estratégias/argumentos relação a Israel e os palestinos são exemplos disto. E é certo que nenhuma reunião dos países ricos será como era até 10/9, pelo exposição + ampliação + confronto menos por algum tempo. No caso dos donos do mundo, não se o 11/9 tanto gerou comoção pelo medo do devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de contrição mais espetaculares, mas o instinto de sobrevivência terror quanto uma postura mais virtuosa também é um caminho para a virtude. O horror de 11/9 teve o efeito paradoxalmente contrário de me fazer acreditar mais na primeira pessoa humanidade.
  • 22. PÓS-11/9 Luis Fernando Verissimo A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exatamente, de quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma questão de tema: desdobramentos do 11/9 moda, já que ninguém vai querer ser chamado de “dez de tese: mudou o modo como se vê o mundo setembro” na rua.
  • 23. PÓS-11/9 Luis Fernando Verissimo tema desdobramentos do 11/9 nos EUA e no mundo; tese o 11/9 mudou o modo como os EUA veem a si mesmos e ao mundo; locutor oscila entre a primeira pessoa [testemunha] e a terceira pessoa; argumentação simples. tipo e gênero sequências expositivas e argumentativas; oscila entre o artigo de opinião e a crônica.
  • 24. QUESTÃO 06 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2011) Já se afirmou a respeito de Luis Fernando Verissimo, autor do texto aqui apresentado: trata-se de um escritor que consegue dar seriedade ao humor e graça à gravidade, sendo ao mesmo tempo humorista inspirado e ensaísta profundo. Essa rara combinação de planos e tons distintos pode ser adequadamente ilustrada por meio destes segmentos do texto: I. Que penteado mais dez de setembro! e Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade. II. Um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio e o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude. III. Fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem e não se devem esperar exames de consciência mais profundos. Em relação ao texto, atende ao enunciado desta questão o que se transcreve em I, II e III. I e II, apenas. II e III, apenas. I e III, apenas. II, apenas.
  • 25. QUESTÃO 06 tópicos de compreensão textual Ao mostrar como um mesmo fato [o 11/9] deu origem a visões tão díspares sobre o mundo [dez de setembro indicando algo fora de moda e os EUA se sentirem vulneráveis], o locutor usa a ironia. A percepção do humor está presente em II, na medida em que se fala que Deus fez uma autocrítica após o Dilúvio. Assinale-se, pois a alternativa "b". Em tempo, na proposição III, há apenas uma visão crítica acerca de como o 11/9 levou as nações a repensarem seu papel no mundo. Atente-se para o fato de que os dois fragmentos ali transcritos apresentam uma mesma visão acerca do fato.
  • 26. QUESTÃO 07 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2011) Ao comentar a tragédia de 11 de setembro, o autor observa que ela: foi uma espécie de prólogo de uma série de muitas outras manifestações terroristas. exigiria das autoridades americanas a adoção de medidas de segurança muito mais drásticas que as então vigentes. estimularia a população novaiorquina a tornar mais estreitos os até então frouxos laços de solidariedade. abriu uma oportunidade para que os americanos venham a se avaliar como nação e a trilhar um novo caminho. faria com que os americanos passassem a ostentar com ainda maior orgulho seu decantado nacionalismo.
  • 27. QUESTÃO 07 tópicos de compreensão textual Se se atentar à tese defendida pelo locutor, verifica-se que o 11/9 abriu a possibilidade de os EUA repensarem-se enquanto nação e reavaliarem que caminho devem seguir. Assinale-se, pois, a alternativa “d”.
  • 28. REPRESENTATIVIDADE ÉTICA Demétrio Saraiva Costuma-se repetir à exaustão, e com as consequências características do abuso de frases feitas e lugares-comuns, que as esferas do poder público são o reflexo direto das melhores qualidades e dos piores defeitos do povo do país. Na esteira dessa tema: poder público, ética e sociedade convicção geral, afirma-se que as casas legislativas brasileiras espelham fielmente os temperamentos e os interesses dos tese: o comportamento do Legislativo não eleitores brasileiros. É o caso de se perguntar: mesmo que seja tese: é/deveria ser espelho da sociedade assim, deve ser assim? Pois uma vez aceita essa correspondência mecânica, ela acaba se tornando um oportuno álibi para quem locutor: terceira pessoa deseja inocentar de plano a classe política, atribuindo seus deslizes estratégias argumentativas a vocações disseminadas pela nação inteira... Perguntariam os cínicos se não seria o caso, então, de não mais delegar o poder argumentação simples [expõe-amplia] apenas a uns poucos, mas buscar reparti-lo entre todos, numa grande e festiva anarquia, eliminando-se os intermediários. O diálogo com o senso comum velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava, com a acidez típica de seu humor: “Restaure-se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!”.
  • 29. REPRESENTATIVIDADE ÉTICA Demétrio Saraiva As casas legislativas, cujos membros são todos eleitos pelo voto direto, não podem ser vistas como uma síntese cristalizada da tema: poder público, ética e sociedade índole de toda uma sociedade, incluindo-se aí as perversões, os tese: o Legislativo deveria ser exemplo interesses escusos, as distorções de valor. A chancela da representatividade, que legitima os legisladores, não os autoriza estratégias/argumentos em hipótese alguma a duplicar os vícios sociais; de fato, tal representação deve ser considerada, entre outras coisas, como um argumentação simples compromisso firmado para a eliminação dessas mazelas. O poder o legislativo deveria se pautar pelo conferido aos legisladores deriva, obviamente, das postulações positivas e construtivas de uma determinada ordem social, que se ideal de ordem e de equilíbrio pretende cada vez mais justa e equilibrada.
  • 30. REPRESENTATIVIDADE ÉTICA Demétrio Saraiva Combater a circulação dessas frases feitas e lugares-comuns que pretendem abonar situações injuriosas é uma forma de combater a estagnação crítica − essa oportunista aliada dos que tema: poder público, ética e sociedade maliciosamente se agarram ao fatalismo das “fraquezas humanas” tese: o legislador deveria ser exemplo para tentar justificar os desvios de conduta do homem público. Entre as tarefas do legislador, está a de fazer acreditar que argumentação simples nenhuma sociedade está condenada a ser uma comprovação de teses derrotistas.
  • 31. REPRESENTATIVIDADE ÉTICA Demétrio Saraiva tema poder público, ética e sociedade tese o comportamento do Legislativo não deveria ser um reflexo da sociedade, mas um modelo locutor terceira pessoa; argumentação simples e confronto tipo e gênero sequências expositivas e argumentativas; artigo de opinião.
  • 32. QUESTÃO 08 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2010) Pareceu necessário, ao autor, empregar o adjetivo ética, no título do texto, porque o conceito de representatividade costuma ser utilizado como um valor, em princípio, absoluto, não se prestando a justificar interesses escusos. lembrado em seu valor relativo, pois a tarefa legislativa é mais alta do que a de representar os anseios públicos. maliciosamente utilizado por quem dele se vale como abono social para a prática de atos inescrupulosos. referido como um desses valores que, historicamente, vão mudando de sentido de acordo com a época. ingenuamente tomado como consensual, já que há muitas dúvidas quanto às tarefas que cabem ao legislador.
  • 33. QUESTÃO 08 tópicos de compreensão textual Da exposição e da argumentação presentes no texto, depreende-se que os representantes do Legislativo acreditam que o comportamento deles é um reflexo do da sociedade. Tal raciocínio acaba por justificar, para os simplistas, os desvios éticos e as práticas inescrupulosas. Assinale- se, pois, a alternativa “c”.
  • 34. QUESTÃO 09 tópicos de compreensão textual (FCChagas-2010) Atente paras as seguintes afirmações: I. No 1o parágrafo, a pergunta dos cínicos e a frase do Barão de Itararé consideram a possibilidade da universalização de vantagens inescrupulosamente obtidas. II. No 2o parágrafo, o autor expressa sua convicção de que é fatal, na esfera do poder legislativo, a disseminação das mesmas mazelas que afetam o conjunto da sociedade. III. No 3o parágrafo, o combate aos lugares-comuns e às frases feitas é considerado um recurso válido para quem considera banal a disseminação dos vícios sociais. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em I II III I e III II e III
  • 35. QUESTÃO 09 tópicos de compreensão textual O primeiro parágrafo apresenta como problemática a possibilidade de as vantagens inescrupulosamente obtidas se universalizarem. O segundo parágrafo apresenta, sim, preocupação com a disseminação, no legislativo, das mazelas éticas que afetam a sociedade, mas não vê tal disseminação como “fatal”. De acordo com o terceiro parágrafo, o combate aos lugares-comuns e às frases feitas é válido para quem se preocupa com a disseminação dos vícios, e não para quem acha tal propagação “banal”. Assinale-se, pois, a alternativa “a”.