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SÃO JOÃO EM MIGUEL CALMON-BAHIA: ANÁLISE DO POTENCIAL
TURÍSTICO CULTURAL PARA A CIDADE.
FABIANA NERY DOS SANTOS1
SALETE VIEIRA2
Resumo: O presente artigo tem como principal objetivo analisar o potencial do São João
Calça Curta enquanto produto turístico para o município de Miguel Calmon Bahia. A
pesquisa foi realizada entre os dias 21 a 23 de Junho de 2013, data em que ocorreu o festejo
junino no destino. Este evento encontra-se respaldado na tradição e cultura da população
local. Como suporte teórico, utilizou-se aspectos relacionados com manifestações culturais,
eventos culturais, potencialidades, a partir dos estudos de renomados autores, além de uma
ampla revisão de literatura a respeito do festejo junino e Cultura. Esta pesquisa possui
natureza qualitativa e investigação exploratória, descritiva, seguida da análise de variáveis,
essas que foram essenciais para assegurar o potencial do São João Calça Curta como produto
turístico cultural para o município.
Palavras-chave: Turismo; festas juninas; São João, potencialidade; eventos culturais.
Atualmente milhares de turistas se deslocam de suas regiões e vão a outros destinos
em busca de novas oportunidades, conhecimento do outro e a vivência de culturas distintas,
gerando para o destino local relevantes benefícios. Isso ao se levar em considerações seus
efeitos multiplicadores nos aspectos sociais, culturais, econômicos, ambientais e políticos
(BRASIL, 2010).
Tal precedência dá-se através da necessidade humana por festejos, tradições, pela fuga
da sua rotina e a representação histórica que transcorrem em fatos que garantem a qualidade
de vida e a manutenção das relações sociais. No entanto, o turismo surge como principal meio
de suprir as expectativas e anseios da demanda que atualmente encontra-se cada vez mais
exigente e buscando em seus itinerários novos segmentos. Assim, os eventos culturais têm
sido a priori para os turistas, uma vez que, o mesmo traz em suas manifestações a
1Graduanda no curso de Turismo da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de
Ciências Humanas e tecnologias-campus XVIII. E-mail: Fabi_nery.geter@hotmail.com
2
Graduada no curso de Bacharelado em Turismo pela Universidade Oeste do Paraná; Mestrado em Cultura &
Turismo - Parceria UESC/UFBA pela Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil (2012); Coordenadora Local
Curso de Educação Física da Universidade do Estado da Bahia; Docente do curso de Turismo na Universidade
do Estado da Bahia- Campus XVIII. E-mail: Saletur@hotmail.com
representatividade da cultura local e o modo de vida de um povo, agregando para os visitantes
a inserção e conhecimento do lugar visitado (FOSCARINI, 2009).
Essas celebrações têm um grande potencial de atração de turistas para localidades em
que não há nenhum atrativo turístico, sem o qual não seria possível captá-los e fidelizá-los.
Neste contexto, o município de Miguel Calmon, localizado ao norte da Chapada ficando a 368
km da capital, Salvador – Bahia, limitando-se a leste com o Município de Várzea do Poço, a
sul com Piritiba, a oeste com Morro do Chapéu e a norte com Várzea Nova e Jacobina e com
população total de 28.267 habitantes, em 1997 passou a realizar o festejo junino, conhecido
como “São João Calça Curta”. Esse festejo de origem popular e religiosa é a expressão
cultural do município e mantém-se respaldado pela tradição, inovação e incentivado pelas
entidades e população local e a demanda que o visita.
Assim, pretende-se através da problemática averiguar se é possível formatar o festejo
junino, São João Calça Curta, como um produto turístico cultural para o destino. Como
objetivo geral buscou-se analisar o potencial do festejo Junino São João Calça Curta no
município de Miguel Calmon enquanto produto turístico cultural. E para os objetivos
específicos, foram enumeradas as seguintes pretensões: Refletir sobre as manifestações
culturais populares enquanto atrativos turísticos para alguns destinos; Apresentar as
características artístico-culturais do festejo Junino “São João Calça Curta” enquanto
manifestação cultural; Levantar dados sobre o produto turístico do município e seu potencial
para o turismo.
CONTEXTO HISTÓRICO DO TURISMO E SUAS SEGMENTAÇÕES
O deslocamento humano deu-se a partir da necessidade humana em estar em contato
com o desconhecido. Os ancestrais possuíam o hábito de viajar, isso dado pela busca de
refugio e sobrevivência. Muitos estudiosos acreditam que a prática do turismo teve início na
pré-história, mas sabe-se que não há relatos concretos de quando essa atividade iniciou-se
(BARRETO, 1999).
As viagens por motivações religiosas foram as principais fomentadoras do turismo da
época, pois, eram de praxe a formação de grupos de peregrinos que se deslocavam de suas
regiões para prestarem cultos ou realizar missões em outros lugares. Houve também viagens
para a Grécia Antiga, por causa dos jogos olímpicos que aconteciam a cada quatro anos. Tal
procedência contribuía para a valorização cultural e religiosa dos indivíduos envolvidos, uma
vez que, tal contato despertava aos mesmos o desejo de conhecer o outro e partilhar de novas
experiências (ARENDT, 2002).
As excursões constituíram uma atividade enriquecedora, propiciando trocas culturais
entre os diferentes povos. No Gran Tour, os jovens, após o término do curso superior, faziam
um estágio nas principais cidades da Europa, que tinham muita história, visitavam museus,
apreciavam a gastronomia e as artes. No Oriente, eram feitas viagens culturais, semelhantes às
viagens dos jovens europeus, talvez um Grand Tour do Islã (BARBOSA, 2002).
Abordar sobre o turismo e suas segmentações requer uma analise sucinta de todos os
meios que o compõem. Todavia, é evidente a importância que a segmentação tem para o
desenvolvimento turístico em seus diversos setores.
A necessidade de se segmentar o mercado turístico surge devido ao fato de as empresas e
entidades desejarem atingir, de maneira eficaz e confiável, a demanda e sua potencialidade a
fim de contribuir no desenvolvimento turístico das localidades inseridas. Mas, para isso, os
mesmos utilizam meios para abarcar todo esse público que se dispõe a consumir bens e
serviços encontrados nestes destinos (PANOSSO, 2009) Para o Ministério do Turismo (2010)
segmentar o turismo é,
[...] é uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento,
gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a
partir dos elementos de identidade da oferta e também das
características e variáveis da demanda.
A ressalva acima é fruto da extensa procura pela especialização dada pelo mercado
turístico e também por causa dos turistas ou consumidores que estão colocando no turismo
alguns de seus anseios e necessidades de fuga da vida cotidiana. Daí a origem da imensa
busca pela segmentação no turismo.
O PRODUTO TURÍSTICO: ANÁLISE DA POTENCIALIDADE
Para que o turismo desenvolva a potencialidade, o destino deve apresentar elementos
capazes de fomentar e atender a demanda através de sua atratividade e serviços, esses podem
ser considerados como produto turístico.
Para Bignami (2004, p. 174) o produto turístico é conceituado como uma "cadeia de
oferta, na qual cada ponto interfere no resultado final e se constitui em um elemento
fundamental para a satisfação das necessidades do consumidor". Desta maneira a oferta
apresenta-se identificada como primordial em um destino, essa deve estar intrinsecamente
voltada para os elementos naturais e culturais seguida de seus complementos como a
infraestrutura turística local para garantir resultados eficazes na realização da atividade
turística nas regiões. Na definição de Middleton (2001).
“O produto turístico pode ser definido como um pacote de
componentes tangíveis ou não, com base na atividade de umdestino.
O pacote é percebido pelo turista como uma experiência disponível a
um determinado preço.”
Nesse sentido, pode-se dizer que o produto turístico responde a necessidade de um
destino em seus variados aspectos e proporciona a oferta de seus produtos turísticos de
maneira a conquistar e atrair a demanda. Os atrativos ganham relevância neste sentido, pelo
fato dos mesmos serem capazes de motivar o turista a viajar até determinada localidade uns
em busca do contato com a natureza (rios, praias, montanhas, cachoeiras, ilhas, etc) outros a
procura dos elementos culturais, esse de valores material ou imaterial, como presentes nas
manifestações culturais, comidas típicas, patrimônios culturais entre outros (ANDRADE,
200).
Para Dominguez (1994) os atrativos turísticos são caracterizados como tudo aquilo
que atrai. Porém para a atividade turística não basta somente atrair é necessário ter a
possibilidade de uso. Para desenvolvimento adequado deste atrativo é indispensável o apoio
da comunidade e das autoridades locais. Nesse aspecto, observa-se que se deve ter por parte
de ambos uma postura bastante concisa em atentar-se quanto à exploração da atividade
turística sem deixar de lado a atenção aos fatores negativos.
TURISMO CULTURAL
O turismo cultural pode ser considerado como um dos principais segmentos do
turismo, e de modo geral associado com outras atividades turísticas. O mesmo ainda pode ser
definido como uma atividade de lazer em parâmetro educacional que contribui na
conscientização do visitante e sua apreciação cultural local em todos os seus elementos
histórico, artístico, social e político (OLIVEIRA, 2010)
Esse segmento tem sido encarado atualmente como elemento fundamental para o
desenvolvimento de uma região e têm contribuído para promover o envolvimento das
comunidades com sua história, seus atrativos culturais e sua memória social (CRUZ, 2008).
Beni (2006) vem ressaltar que esse segmento turístico está relacionado á influência de
turistas a núcleos que oferecem como produto essencial o legado histórico do homem em
distintas épocas, representado a partir do patrimônio e do acervo cultural encontrado nas
ruínas, nos monumentos, nos museus, e nas obras de arte. Logo, compreende-se que o turismo
cultural em sua interface estar voltado para as modificações e ações humanas em detrimento
de um tempo e espaço com intuito de assegurar à sociedade vindoura a representatividade da
cultura local. Para Goeldner (2002)
O turismo cultural cobre todos os aspectos através dos quais as
pessoas aprendem sobre as formas de vida e pensamento umas das
outras. O turismo, assim, é um importante meio para promover
relações culturais e cooperação intercultural.
Essa abordagem engloba todos os enfoques relacionados aos aspectos culturais e
aponta que a motivação de um turista pela cultura, ou seja, o que o faz viajar vários
quilômetros, estar em conhecer o outro, participar do cotidiano e da história de um novo
grupo.
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS COMO ATRATIVO TURÍSTICO
As manifestações culturais são marcadas pela representação cultural de um povo. São
elas também, responsáveis pela divulgação e formatação dos destinos inseridos. Suas
diversificações atraem inúmeras demandas que procuram conhecimento e a representação
cultural da população local.
Sob essa perspectiva, é imprescindível defini-la para compreender as características
presentes em suas diversas facetas. Para Carvalho (200, p. 64),
“As manifestações culturais estão no centro do espaço ocupado hoje
pelos estudos folkcomunicacionais. A partir este diagnóstico inicial, as
mesmas podem ser entendidas como formas de expressão da cultura
de um povo constituindo movimento de determinada cultura, em
época e lugar específicos.”
Atrelado a isso, esta também tem a capacidade de fomentar o turismo nos destinos
ainda não formatados, através do despertar da demanda para a vivência de culturas distintas.
Desta feita as manifestações culturais presentes em uma determinada localidade contribuem
para o aumento do fluxo de turistas e a divulgação da cultura anfitriã, por meio das danças,
músicas e afins.
Na visão de Bosi (2006), as manifestações culturais são expressões de grupos
específicos da cultura. Distingue-se da cultura oficial e encontra-se dispersa pelo território
nacional. Com isso, as manifestações estão relacionadas às vivências de um grupo específico.
Estas recordam no presente às práticas que se desenrolaram com o passar do tempo, que não
foram esquecidas pela comunidade e logo após são traduzidas em atrativos turísticos,
contribuindo para o desenvolvimento local por meio da atribuição de valor econômico e social
inseridas nelas.
O turismo se apropria dos espaços com valores culturais para contribuir de forma
direta ou indireta na divulgação e formatação de um novo produto para certas localidades. E
através das divulgações via meios de comunicações e especificamente das estratégias do
marketing tornam-se cada vez mais ampla a propagação turística dos destinos ainda não
fomentados e, por conseguinte a valorização das manifestações culturais encontradas nas
mesmas.
Sobre atrativo turístico Cerro (1993 p.29) afirma ser o potencial ao ser explorado em
função da atividade turística, tornando adiante, um novo recurso. Este mesmo autor explicita
sua ideia da seguinte forma:
“Podem ser compreendidos como todo elemento natural, toda
atividade humana ou todo produto antropológico que pode motivar um
deslocamento, cuja movimentação básica seja a curiosidade ou a
possibilidade de realizar uma atividade física ou intelectual. Em outras
palavras, atividade turística unicamente tem lugar somente se existem
atrações que motivem certa quantidade de pessoas a abandonar seu
domicílio habitual e permanecer um tempo fora do mesmo; estas
atrações se denominam Recursos ou Atrativos Turísticos.”
Com base nisto é viável assegurar que as manifestações culturais são um atrativo
turístico, isso se da pela capacidade que a mesma tem de atrair diversas demandas às
localidades, essa vem experimentar e vivenciar uma nova cultura, seguida da apreciação dos
ritos e danças que são capazes de expressar o modo de viver de um determinado grupo e
repassar suas diversidades culturais.
EVENTOS CULTURAIS: FESTIVIDADES JUNINAS DO BRASIL E NA
BAHIA
Os eventos culturais têm despertado o desejo da demanda em visitar localidades
portadoras desses atrativos para conhecer e experimentar esse novo segmento. De acordo com
Martin (2003, p.40),
“Estes eventos culturais não são mais do que um conjunto de
atividades concentrado num curto período de tempo, com um
programa pré-definido. De múltiplas temáticas e dimensões, o seu
denominador comum reside no seu carácter diferenciado e único
relativamente à oferta turística permanente, o que os eleva acima do
comum/quotidiano.”
Pode-se afirmar, portanto que os festejos culturais são os resultados da mistura de
distintas culturas provenientes das várias etnias que participam da construção cultural de
determinada cidade ou região e que contribuem ao longo dos tempos para a propagação
turística cultural da mesma (RIPOLLY, 2003).
Essas atividades culturais têm o potencial de captar a atenção dos turistas, estimulando
a repetição de visitas aos destinos inseridos. Isso é dado através da interação e vivência dos
turistas com a história e a cultura da comunidade, seu envolvimento nas manifestações
culturais e experiências adquiridas de forma natural. Para a população anfitriã, os eventos
tornam-se uma alternativa de lazer, possibilitam e incentivam a troca cultural entre os
residentes e visitantes, isso aumenta a estima da comunidade, que passa a enxergar o
patrimônio cultural como parte de sua riqueza.
No Brasil, por exemplo, há significante procura da demanda por festejos culturais e
especificamente os que ocorrem no mês de Junho, isso dado pela religiosidade, interesse
cultural e identidade presentes nestes eventos. Tal busca é o reflexo da variedade cultural
existente nas regiões brasileiras e que possuem o potencial essencial para atrair inúmeros
foliões que vêm aos destinos à procura de novas experiências e lazer. A exemplo disso, é o
festejo que ocorre em Campina Grande, intitulado de “O Maior São João do Mundo” que atrai
todo ano centenas de turistas ao destino. Sua importância estar baseada na diversidade,
qualidade, quantidade e originalidade de suas atrações artísticas, sua representatividade
cultural e também nos dados estatísticos sobre sua contribuição econômica, investimentos do
setor público e privado, interesse da mídia, fluxo turístico e, em especial, a participação da
população local, tornando-o assim, um dos maiores e renomado evento cultural do Brasil
(CARVALHO, 2000).
É possível identificar através da mídia o grande fluxo de demanda concentrado no
destino de Campina Grande, durante o São João, isso dado pela atratividade do festejo e do
lugar. Tal fator é o reflexo de uma vasta organização, divulgação e principalmente do
planejamento, esse capaz de fomentar o turismo do destino e sua propagação em nível
mundial.
É relevante afirmar que nos dias atuais os festejos juninos têm ganhado outras
caracterizações, são acrescidas as festas particulares, com camisas padronizadas, os chamados
“Blocos Juninos”. Outro elemento que reforça esta análise está na contração das atrações dada
pelos organizadores, essas bastantes diversificadas e com ritmos que diferem do tradicional, o
forró, há também o uso de camarotes e camisas que garantem o acesso ao evento. Tais
elementos contribuem para a descaracterização do sentido junino e a desvalorização da
cultura, uma vez que tais fatores modificam o sentido do festejar, esse atrelado aos costumes
do homem do campo e, por conseguinte a exclusão da população local.
A Bahia, assim como o Brasil é um país que possui grande diversidade cultural e suas
manifestações culturais estão intrinsecamente voltadas para a tradição e vivência de um
determinado grupo. Dessa maneira, os seus festejos atraem milhões de visitantes para os seus
respectivos destinos, a exemplo do Carnaval em Salvador Bahia, sendo este considerado o
melhor Carnaval do mundo (FISHER, 2007).
Deste modo, como o carnaval, os festejos juninos também possuem grande relevância
na Bahia, tornando-se uma das festas mais importantes do estado. Esse evento tomou grandes
proporções se estendendo por quase toda a Bahia como, o São João em Senhor do Bonfim, em
Macaúbas, Piritiba, Cachoeiras, entre outros.
HISTÓRICO DO SÃO JOÃO CALÇA CURTA
O município de Miguel Calmon-Ba se constitui pelo processo de adaptação humana e
suas modificações ao longo do tempo. Outro fator vigente dar-se pela sua diversidade cultural,
natural e sua localização geográfica. Neste quadro material destaca-se uma miríade de
manifestações culturais e religiosas conhecidas como o festejo junino, São João Calça Curta,
Terno de Reis, entre outros.
Quanto à realização do São João de Miguel Calmon-Ba deu-se de forma bem popular.
As famílias faziam nas portas de suas casas fogueiras, algumas de ramos com prêmios,
bebidas, frutas etc. Era comum a existência de competições para se escolher, dentre muitas e
enfeitadas fogueiras aquelas que se destacavam pelo maior número de enfeites e premiações.
Com o retorno das famílias calmonenses, que residiam em Salvador, em época de
férias, começou-se a ser cobrado que a cidade deveria promover a festa junina de forma
ampla, em praça pública. Em 1997, organizou-se uma grande barraca de palha em quatro
águas onde era possível encontrar bebidas e comidas típicas, a exemplo de milho assado,
porco assado, bolos, quentão, licores e tantas outras guloseimas. A seguir, a Praça Lauro de
Freitas se tornou palco, naquele ano, para o encontro das famílias que visitavam a cidade de
Miguel Calmon-Ba. Os representantes perceberam a importância de tal encontro e passaram
no ano seguinte a realizarem maiores proporções de atrativos à festa. Para isso, foi convocada
uma reunião, onde o principal motivo era a escolha do nome para o festejo, surgiu então o
nome de “Arraiá Calça Curta” indicado pelo Sec. De Ação Social da época que também
organizava as festas (SOUZA, 2013).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O objetivo que se pretende alcançar neste trabalho é o resultado da junção da
apreciação teórica, exploratória, descritiva e qualitativa que serão aplicados aos segmentos do
turismo, em especial ao turismo cultural seguido da análise do objeto de estudo desta pesquisa
que é o potencial do são João Calça Curta enquanto produto turístico na cidade de Miguel
Calmon-Bahia. Quanto aos fins, esta pesquisa é descritiva, no sentido em que demonstrará
características da cidade e do festejo em questão, explicativa, uma vez que buscará esclarecer
quais os fatores condicionantes do São João Calça Curta enquanto potencialidade ou atrativo
turístico para a localidade e qualitativa pelo fato de que observará a relevância do festejo para
a população e a demanda que o visita.
Foram utilizadas algumas técnicas de pesquisa, como: a teórica documental partindo
do levantamento e revisão de literatura para a elaboração conceitual e definição do fenômeno,
Pesquisa em campo através de aplicação de entrevistas semiestruturadas, com o prefeito de
Miguel Calmon e o Secretário Municipal de Cultura e Esportes, esses responsáveis pela
realização do São João na cidade e também com alguns moradores do local, para saber qual a
contribuição que este festejo os proporciona. Para maiores compreensões sobre o tema
abordado, buscou-se apresentar três variáveis. São elas:
 Participação da comunidade;
 Equipamentos turísticos;
 Representações culturais e atrativos turísticos.
ANÁLISE DA PESQUISA
De acordo com as variáveis apresentadas foram analisados os itens participação da
comunidade, Equipamentos turísticos e Representações culturais e atrativos turísticos. Essa
análise se deu através de pesquisa de campo, análise in loco da festa em 2013, registro
fotográfico e entrevista com o secretário de cultura e o prefeito atual do município.
COMUNIDADE
A participação da população local é de suma importância, pois, é esta que conhecem
mais do que ninguém os aspectos históricos, culturais e políticos das regiões em que residem.
Na pesquisa de campo observou-se que o São João Calça Curta do município de
Miguel Calmon surgiu da iniciativa da comunidade local, quando esta se reunia em grupo nos
bairros e casas e realizavam o festejo, representando-o com competições de quadrilhas,
fogueiras entre outros. Essas traziam consigo a realidade, identidade e tradição deste povo
(SOUZA, 2013).
Atualmente ocorreram alterações neste cenário, o festejo ganhou amplitude e passou a
ser realizado em praça pública, mas os residentes continuaram participando do evento, isso
notado na oferta gastronômica durante o São João e também nas apresentações das quadrilhas
e outras manifestações. Quanto às quadrilhas essas são reconhecidas como criações
representativas do São João Calça Curta. Dividem-se em dois tipos: as tradicionais, também
chamadas de caipiras formadas por alunos das escolas do município, e as adaptadas que são
compostas pelos moradores dos bairros. Ambas, organizadas em coletividades, são motivadas
pela competitividade nos festivais realizados no transcorrer de cada ano e em diferentes
localidades. Contudo, para os quadrilheiros calmonenses, a disputa mais acirrada é realizada
dentro da programação da festa. A rivalidade é alimentada ao longo dos anos entre os grupos
e seus respectivos bairros, que leva os componentes a se dedicar no seu planejamento,
organização, ensaios e apresentação.
Figura 1: Quadrilha realizada por alunos das escolas do município e moradores locais 2013.
Tirado por: Soares, Tarcísio, 2013.
Além das quadrilhas, durante o festejo há enorme oferta e consumo de alimentos e
bebidas em diferentes lugares de realização do evento. A gastronomia para a comunidade
local é um dos principais vetores econômicos e exemplo das interfaces culturais da festa, pois
esta reforça a tradição e identidade do homem do campo e agrega valores para os envolvidos.
Como visto durante o São João Calça curta em 2013, a comunidade local utilizam de
seus dotes culinários para representar a gastronomia local e decoram suas barracas a caráter
junino reforçando o verdadeiro sentido de festejar o São João no município.
Oliveira (2002) descreve que desenvolvimento social pode ser considerado
componente participativo da cidadania, mesmo no capitalismo desregulado e em tempos de
globalização. Assim os grupos que participam do São João Calça curta em Miguel Calmon,
transpõe as barreiras da modernidade e insere na perspectiva de buscar na essência da cultura
calmonense formas de interpretação, por meio das músicas e danças, expressar o passado e
presente em símbolos impregnados no espaço.
Figura 2: Barracas de comidas típicas, comunidade local, 2013.
Fonte: pesquisa emcampo, 2013.
Durante a pesquisa em campo, 21, 22 e 23 de Junho de 2013, notou-se que houve uma
grande concentração de barracas ao entorno do espaço do evento, isso garantiu como visto, o
aumento da venda dos produtos que foram ofertados, gerando maior rentabilidade para os
envolvidos. Assim pode-se considerar que este festejo além de reforçar a cultura local gera
benefícios financeiros para os participantes locais. Além disso, os grupos diretamente
envolvidos (idosos, adultos, jovens e crianças) sem distinção etária, sentem gratificado, o que
se pode considerar como fator positivo, pois contribui para garantia da divulgação do grupo e
valorização do sentimento de pertencimento com a localidade.
EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS
A atividade turística é fundamental para o desenvolvimento econômico, social,
histórico dos destinos inseridos. Mas, para que haja o aumento do fluxo da demanda, a esses
lugares, faz-se necessário um conjunto de equipamentos que visem o acesso rápido e seguro
aos mesmos.
Quanto à infraestrutura e a superestrutura podem ser consideradas como formas de
compor alternativas de destinações. De acordo com Cooper (2001) ela representa todas as
formas de construção em um ambiente urbano que auxilia a destinação turística, composta
principalmente na forma de transporte (estradas, ferrovias, aeroportos, estacionamentos),
serviço de utilidade pública (eletricidade, água e comunicações) e outros serviços (saúde e
segurança) que normalmente são compartilhados por residentes e visitantes (BENI, 2003).
Assim, durante a pesquisa em campo pode-se constatar que o município de Miguel
Calmon dispõe dos serviços de saneamento básico, limpeza pública, rede elétrica, água,
quatro agências bancárias (Banco do Brasil, SICOB, Caixa Econômica e Banco do Nordeste),
uma delegacia, pousadas, restaurantes, transportes, um hospital, vários postos de saúde, várias
clínicas particulares, três postos de combustíveis, um terminal rodoviário, entre outros
equipamentos essenciais para atender a demanda que o visita durante o São João.
Como equipamento para o evento, esse de caráter público há uma alteração no espaço
que sedia a festa. São inseridos neste como suporte para a população e demanda, barracas,
banheiros químicos, palco para a apresentação dos artistas, local de primeiro socorro, placas
informativas, entre outros, esses essências para a realização do evento e prestação de serviço
com qualidade para os turistas. Com isso, entende-se que esses equipamentos são essenciais
para o município, uma vez que, com eles o evento ganha maior visibilidade e garante a
permanecia dos turistas na localidade. Sua ausência implicaria no cancelamento do festejo e a
fuga da demanda para outras localidades.
REPRESENTAÇÕES CULTURAIS E ATRATIVOS TURÍSTICOS
A representação cultural é fator de extrema relevância para qualquer destino. Nesta
perspectiva, em Miguel Calmon durante o São João Calça Curta os elementos culturais podem
ser notados na ornamentação, esta baseada na vida do homem do campo.
Figura 3: Ornamentação do espaço do evento, 2013
Fonte: Soares, Tarcísio, 2014.
Nota-se que a ornamentação do espaço onde acontece o festejo “São João Calça
Curta” trata-se da origem e identidade da comunidade local e dos residentes em zona rural.
Tal tradição reforça a necessidade da integração entre o homem do campo e da cidade, essa
tão importante para conhecimento e valorização de suas culturas.
Durante a realização do São João Calça Curta, predominou como visto a apresentação
de artistas que cantam os ritmos do Forró. Ressalta-se que a maioria das contratações são
realizadas pela prefeitura e parceria com outros organizadores, seus critérios baseiam-se em
trazer cantores de renome nacional e que possuem a capacidade de atrair um grande fluxo de
demanda. Além de contratar cantores de renome, os organizadores do evento dão prioridade
as bandas locais, essas que trazem consigo músicas voltadas para o homem do campo e a
representatividade da cultura Calmonense.
Outro atrativo presente no destino é o Grupo dos Caracterizados, que durante o
segundo dia do festejo Junino, dia 22, sai à tarde para animar os turistas. Esse conjunto é
formado por residentes do município e tem por finalidade demonstrar um pouco dos costumes
locais e contribuir para a permanência da demanda no destino.
Muitos dos turistas que permanecem no município durante as datas do festejo, 21, 22 e
23 de Junho, acabam estendendo seus dias para poder prestigiar as manifestações culturais, a
feira de artesanato que acontecem no destino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo por possuir capacidade de atrair inúmeras demandas, de várias partes do
mundo e estar altamente inserido nos aspectos social, cultural, econômico e político pode ser
considerado como um instrumento fundamental para o desenvolvimento turístico dos destinos
envolvidos. Além disso, são os seus variados segmentos que motivam os turistas a se deslocar
de suas regiões para conhecer e vivenciar novas culturas em diversas localidades.
Ressalta-se que os eventos e manifestações culturais por sua vez é um dos segmentos
do turismo de forte influência no Brasil, isso dado pela história, tradição e identidade cultural
do povo. A propagação deste é dada pelo aumento da procura da demanda por atividades
culturais e também, pelas estratégias efetivas de diversificação da oferta turística encontradas
nos destinos. A exemplo disso estão os festejos juninos, como expressão das manifestações
culturais e que possuem a capacidade de demonstrar através das danças, músicas, comidas
típicas a representatividade da cultura de determinado grupo. Desta feita, entende-se que o
turismo é um fenômeno social que contribui para o desenvolvimento econômico das
localidades envolvidas e seus variados segmentos reforçam o desejo e motivação das
demandas em viajar cada vez mais para diversas regiões brasileiras em busca de novos
conhecimentos e experiência a cerca das distintas culturas.
Assim, o São João Calça Curta como manifestação e potencial cultural, possibilitou o
deslocamento de diversas demandas para o município e mobilizou a população local na
organização e montagem de sua oferta confirmando sua importância para o turismo local. Este
evento pode ser caracterizado como uma manifestação cultural a partir das respostas dadas
aos objetivos desta pesquisa e também em detrimento das variáveis, onde constatou que este
possui sua tradição e organização voltada para a cultura local.
Notou-se que diferentemente dos outros destinos, enquanto a realização do São João,
esse com diversas modificações o festejo junino em Miguel Calmon é intrinsecamente voltado
para a tradição e valorização cultural fato esse que o mantém como principal atrativo do
município e podendo ser considerado como um potencial turístico cultural mediante a
conceituação de cultura, este presente neste trabalho.
Em síntese afirma-se que através de pesquisas, análises, revisão literária, leituras de
artigos, entrevistas, buscas na mídia, observação in loco, fotografias, entre outras fontes,
percebeu-se que o São João Calça Curta no Município de Miguel Calmon possui
potencialidade enquanto manifestação cultural para o destino.
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  • 1. SÃO JOÃO EM MIGUEL CALMON-BAHIA: ANÁLISE DO POTENCIAL TURÍSTICO CULTURAL PARA A CIDADE. FABIANA NERY DOS SANTOS1 SALETE VIEIRA2 Resumo: O presente artigo tem como principal objetivo analisar o potencial do São João Calça Curta enquanto produto turístico para o município de Miguel Calmon Bahia. A pesquisa foi realizada entre os dias 21 a 23 de Junho de 2013, data em que ocorreu o festejo junino no destino. Este evento encontra-se respaldado na tradição e cultura da população local. Como suporte teórico, utilizou-se aspectos relacionados com manifestações culturais, eventos culturais, potencialidades, a partir dos estudos de renomados autores, além de uma ampla revisão de literatura a respeito do festejo junino e Cultura. Esta pesquisa possui natureza qualitativa e investigação exploratória, descritiva, seguida da análise de variáveis, essas que foram essenciais para assegurar o potencial do São João Calça Curta como produto turístico cultural para o município. Palavras-chave: Turismo; festas juninas; São João, potencialidade; eventos culturais. Atualmente milhares de turistas se deslocam de suas regiões e vão a outros destinos em busca de novas oportunidades, conhecimento do outro e a vivência de culturas distintas, gerando para o destino local relevantes benefícios. Isso ao se levar em considerações seus efeitos multiplicadores nos aspectos sociais, culturais, econômicos, ambientais e políticos (BRASIL, 2010). Tal precedência dá-se através da necessidade humana por festejos, tradições, pela fuga da sua rotina e a representação histórica que transcorrem em fatos que garantem a qualidade de vida e a manutenção das relações sociais. No entanto, o turismo surge como principal meio de suprir as expectativas e anseios da demanda que atualmente encontra-se cada vez mais exigente e buscando em seus itinerários novos segmentos. Assim, os eventos culturais têm sido a priori para os turistas, uma vez que, o mesmo traz em suas manifestações a 1Graduanda no curso de Turismo da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de Ciências Humanas e tecnologias-campus XVIII. E-mail: Fabi_nery.geter@hotmail.com 2 Graduada no curso de Bacharelado em Turismo pela Universidade Oeste do Paraná; Mestrado em Cultura & Turismo - Parceria UESC/UFBA pela Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil (2012); Coordenadora Local Curso de Educação Física da Universidade do Estado da Bahia; Docente do curso de Turismo na Universidade do Estado da Bahia- Campus XVIII. E-mail: Saletur@hotmail.com
  • 2. representatividade da cultura local e o modo de vida de um povo, agregando para os visitantes a inserção e conhecimento do lugar visitado (FOSCARINI, 2009). Essas celebrações têm um grande potencial de atração de turistas para localidades em que não há nenhum atrativo turístico, sem o qual não seria possível captá-los e fidelizá-los. Neste contexto, o município de Miguel Calmon, localizado ao norte da Chapada ficando a 368 km da capital, Salvador – Bahia, limitando-se a leste com o Município de Várzea do Poço, a sul com Piritiba, a oeste com Morro do Chapéu e a norte com Várzea Nova e Jacobina e com população total de 28.267 habitantes, em 1997 passou a realizar o festejo junino, conhecido como “São João Calça Curta”. Esse festejo de origem popular e religiosa é a expressão cultural do município e mantém-se respaldado pela tradição, inovação e incentivado pelas entidades e população local e a demanda que o visita. Assim, pretende-se através da problemática averiguar se é possível formatar o festejo junino, São João Calça Curta, como um produto turístico cultural para o destino. Como objetivo geral buscou-se analisar o potencial do festejo Junino São João Calça Curta no município de Miguel Calmon enquanto produto turístico cultural. E para os objetivos específicos, foram enumeradas as seguintes pretensões: Refletir sobre as manifestações culturais populares enquanto atrativos turísticos para alguns destinos; Apresentar as características artístico-culturais do festejo Junino “São João Calça Curta” enquanto manifestação cultural; Levantar dados sobre o produto turístico do município e seu potencial para o turismo. CONTEXTO HISTÓRICO DO TURISMO E SUAS SEGMENTAÇÕES O deslocamento humano deu-se a partir da necessidade humana em estar em contato com o desconhecido. Os ancestrais possuíam o hábito de viajar, isso dado pela busca de refugio e sobrevivência. Muitos estudiosos acreditam que a prática do turismo teve início na pré-história, mas sabe-se que não há relatos concretos de quando essa atividade iniciou-se (BARRETO, 1999). As viagens por motivações religiosas foram as principais fomentadoras do turismo da época, pois, eram de praxe a formação de grupos de peregrinos que se deslocavam de suas regiões para prestarem cultos ou realizar missões em outros lugares. Houve também viagens para a Grécia Antiga, por causa dos jogos olímpicos que aconteciam a cada quatro anos. Tal procedência contribuía para a valorização cultural e religiosa dos indivíduos envolvidos, uma vez que, tal contato despertava aos mesmos o desejo de conhecer o outro e partilhar de novas experiências (ARENDT, 2002).
  • 3. As excursões constituíram uma atividade enriquecedora, propiciando trocas culturais entre os diferentes povos. No Gran Tour, os jovens, após o término do curso superior, faziam um estágio nas principais cidades da Europa, que tinham muita história, visitavam museus, apreciavam a gastronomia e as artes. No Oriente, eram feitas viagens culturais, semelhantes às viagens dos jovens europeus, talvez um Grand Tour do Islã (BARBOSA, 2002). Abordar sobre o turismo e suas segmentações requer uma analise sucinta de todos os meios que o compõem. Todavia, é evidente a importância que a segmentação tem para o desenvolvimento turístico em seus diversos setores. A necessidade de se segmentar o mercado turístico surge devido ao fato de as empresas e entidades desejarem atingir, de maneira eficaz e confiável, a demanda e sua potencialidade a fim de contribuir no desenvolvimento turístico das localidades inseridas. Mas, para isso, os mesmos utilizam meios para abarcar todo esse público que se dispõe a consumir bens e serviços encontrados nestes destinos (PANOSSO, 2009) Para o Ministério do Turismo (2010) segmentar o turismo é, [...] é uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda. A ressalva acima é fruto da extensa procura pela especialização dada pelo mercado turístico e também por causa dos turistas ou consumidores que estão colocando no turismo alguns de seus anseios e necessidades de fuga da vida cotidiana. Daí a origem da imensa busca pela segmentação no turismo. O PRODUTO TURÍSTICO: ANÁLISE DA POTENCIALIDADE Para que o turismo desenvolva a potencialidade, o destino deve apresentar elementos capazes de fomentar e atender a demanda através de sua atratividade e serviços, esses podem ser considerados como produto turístico. Para Bignami (2004, p. 174) o produto turístico é conceituado como uma "cadeia de oferta, na qual cada ponto interfere no resultado final e se constitui em um elemento fundamental para a satisfação das necessidades do consumidor". Desta maneira a oferta apresenta-se identificada como primordial em um destino, essa deve estar intrinsecamente voltada para os elementos naturais e culturais seguida de seus complementos como a infraestrutura turística local para garantir resultados eficazes na realização da atividade turística nas regiões. Na definição de Middleton (2001). “O produto turístico pode ser definido como um pacote de componentes tangíveis ou não, com base na atividade de umdestino.
  • 4. O pacote é percebido pelo turista como uma experiência disponível a um determinado preço.” Nesse sentido, pode-se dizer que o produto turístico responde a necessidade de um destino em seus variados aspectos e proporciona a oferta de seus produtos turísticos de maneira a conquistar e atrair a demanda. Os atrativos ganham relevância neste sentido, pelo fato dos mesmos serem capazes de motivar o turista a viajar até determinada localidade uns em busca do contato com a natureza (rios, praias, montanhas, cachoeiras, ilhas, etc) outros a procura dos elementos culturais, esse de valores material ou imaterial, como presentes nas manifestações culturais, comidas típicas, patrimônios culturais entre outros (ANDRADE, 200). Para Dominguez (1994) os atrativos turísticos são caracterizados como tudo aquilo que atrai. Porém para a atividade turística não basta somente atrair é necessário ter a possibilidade de uso. Para desenvolvimento adequado deste atrativo é indispensável o apoio da comunidade e das autoridades locais. Nesse aspecto, observa-se que se deve ter por parte de ambos uma postura bastante concisa em atentar-se quanto à exploração da atividade turística sem deixar de lado a atenção aos fatores negativos. TURISMO CULTURAL O turismo cultural pode ser considerado como um dos principais segmentos do turismo, e de modo geral associado com outras atividades turísticas. O mesmo ainda pode ser definido como uma atividade de lazer em parâmetro educacional que contribui na conscientização do visitante e sua apreciação cultural local em todos os seus elementos histórico, artístico, social e político (OLIVEIRA, 2010) Esse segmento tem sido encarado atualmente como elemento fundamental para o desenvolvimento de uma região e têm contribuído para promover o envolvimento das comunidades com sua história, seus atrativos culturais e sua memória social (CRUZ, 2008). Beni (2006) vem ressaltar que esse segmento turístico está relacionado á influência de turistas a núcleos que oferecem como produto essencial o legado histórico do homem em distintas épocas, representado a partir do patrimônio e do acervo cultural encontrado nas ruínas, nos monumentos, nos museus, e nas obras de arte. Logo, compreende-se que o turismo cultural em sua interface estar voltado para as modificações e ações humanas em detrimento de um tempo e espaço com intuito de assegurar à sociedade vindoura a representatividade da cultura local. Para Goeldner (2002) O turismo cultural cobre todos os aspectos através dos quais as pessoas aprendem sobre as formas de vida e pensamento umas das outras. O turismo, assim, é um importante meio para promover relações culturais e cooperação intercultural.
  • 5. Essa abordagem engloba todos os enfoques relacionados aos aspectos culturais e aponta que a motivação de um turista pela cultura, ou seja, o que o faz viajar vários quilômetros, estar em conhecer o outro, participar do cotidiano e da história de um novo grupo. MANIFESTAÇÕES CULTURAIS COMO ATRATIVO TURÍSTICO As manifestações culturais são marcadas pela representação cultural de um povo. São elas também, responsáveis pela divulgação e formatação dos destinos inseridos. Suas diversificações atraem inúmeras demandas que procuram conhecimento e a representação cultural da população local. Sob essa perspectiva, é imprescindível defini-la para compreender as características presentes em suas diversas facetas. Para Carvalho (200, p. 64), “As manifestações culturais estão no centro do espaço ocupado hoje pelos estudos folkcomunicacionais. A partir este diagnóstico inicial, as mesmas podem ser entendidas como formas de expressão da cultura de um povo constituindo movimento de determinada cultura, em época e lugar específicos.” Atrelado a isso, esta também tem a capacidade de fomentar o turismo nos destinos ainda não formatados, através do despertar da demanda para a vivência de culturas distintas. Desta feita as manifestações culturais presentes em uma determinada localidade contribuem para o aumento do fluxo de turistas e a divulgação da cultura anfitriã, por meio das danças, músicas e afins. Na visão de Bosi (2006), as manifestações culturais são expressões de grupos específicos da cultura. Distingue-se da cultura oficial e encontra-se dispersa pelo território nacional. Com isso, as manifestações estão relacionadas às vivências de um grupo específico. Estas recordam no presente às práticas que se desenrolaram com o passar do tempo, que não foram esquecidas pela comunidade e logo após são traduzidas em atrativos turísticos, contribuindo para o desenvolvimento local por meio da atribuição de valor econômico e social inseridas nelas. O turismo se apropria dos espaços com valores culturais para contribuir de forma direta ou indireta na divulgação e formatação de um novo produto para certas localidades. E através das divulgações via meios de comunicações e especificamente das estratégias do marketing tornam-se cada vez mais ampla a propagação turística dos destinos ainda não fomentados e, por conseguinte a valorização das manifestações culturais encontradas nas mesmas.
  • 6. Sobre atrativo turístico Cerro (1993 p.29) afirma ser o potencial ao ser explorado em função da atividade turística, tornando adiante, um novo recurso. Este mesmo autor explicita sua ideia da seguinte forma: “Podem ser compreendidos como todo elemento natural, toda atividade humana ou todo produto antropológico que pode motivar um deslocamento, cuja movimentação básica seja a curiosidade ou a possibilidade de realizar uma atividade física ou intelectual. Em outras palavras, atividade turística unicamente tem lugar somente se existem atrações que motivem certa quantidade de pessoas a abandonar seu domicílio habitual e permanecer um tempo fora do mesmo; estas atrações se denominam Recursos ou Atrativos Turísticos.” Com base nisto é viável assegurar que as manifestações culturais são um atrativo turístico, isso se da pela capacidade que a mesma tem de atrair diversas demandas às localidades, essa vem experimentar e vivenciar uma nova cultura, seguida da apreciação dos ritos e danças que são capazes de expressar o modo de viver de um determinado grupo e repassar suas diversidades culturais. EVENTOS CULTURAIS: FESTIVIDADES JUNINAS DO BRASIL E NA BAHIA Os eventos culturais têm despertado o desejo da demanda em visitar localidades portadoras desses atrativos para conhecer e experimentar esse novo segmento. De acordo com Martin (2003, p.40), “Estes eventos culturais não são mais do que um conjunto de atividades concentrado num curto período de tempo, com um programa pré-definido. De múltiplas temáticas e dimensões, o seu denominador comum reside no seu carácter diferenciado e único relativamente à oferta turística permanente, o que os eleva acima do comum/quotidiano.” Pode-se afirmar, portanto que os festejos culturais são os resultados da mistura de distintas culturas provenientes das várias etnias que participam da construção cultural de determinada cidade ou região e que contribuem ao longo dos tempos para a propagação turística cultural da mesma (RIPOLLY, 2003). Essas atividades culturais têm o potencial de captar a atenção dos turistas, estimulando a repetição de visitas aos destinos inseridos. Isso é dado através da interação e vivência dos turistas com a história e a cultura da comunidade, seu envolvimento nas manifestações culturais e experiências adquiridas de forma natural. Para a população anfitriã, os eventos tornam-se uma alternativa de lazer, possibilitam e incentivam a troca cultural entre os residentes e visitantes, isso aumenta a estima da comunidade, que passa a enxergar o patrimônio cultural como parte de sua riqueza.
  • 7. No Brasil, por exemplo, há significante procura da demanda por festejos culturais e especificamente os que ocorrem no mês de Junho, isso dado pela religiosidade, interesse cultural e identidade presentes nestes eventos. Tal busca é o reflexo da variedade cultural existente nas regiões brasileiras e que possuem o potencial essencial para atrair inúmeros foliões que vêm aos destinos à procura de novas experiências e lazer. A exemplo disso, é o festejo que ocorre em Campina Grande, intitulado de “O Maior São João do Mundo” que atrai todo ano centenas de turistas ao destino. Sua importância estar baseada na diversidade, qualidade, quantidade e originalidade de suas atrações artísticas, sua representatividade cultural e também nos dados estatísticos sobre sua contribuição econômica, investimentos do setor público e privado, interesse da mídia, fluxo turístico e, em especial, a participação da população local, tornando-o assim, um dos maiores e renomado evento cultural do Brasil (CARVALHO, 2000). É possível identificar através da mídia o grande fluxo de demanda concentrado no destino de Campina Grande, durante o São João, isso dado pela atratividade do festejo e do lugar. Tal fator é o reflexo de uma vasta organização, divulgação e principalmente do planejamento, esse capaz de fomentar o turismo do destino e sua propagação em nível mundial. É relevante afirmar que nos dias atuais os festejos juninos têm ganhado outras caracterizações, são acrescidas as festas particulares, com camisas padronizadas, os chamados “Blocos Juninos”. Outro elemento que reforça esta análise está na contração das atrações dada pelos organizadores, essas bastantes diversificadas e com ritmos que diferem do tradicional, o forró, há também o uso de camarotes e camisas que garantem o acesso ao evento. Tais elementos contribuem para a descaracterização do sentido junino e a desvalorização da cultura, uma vez que tais fatores modificam o sentido do festejar, esse atrelado aos costumes do homem do campo e, por conseguinte a exclusão da população local. A Bahia, assim como o Brasil é um país que possui grande diversidade cultural e suas manifestações culturais estão intrinsecamente voltadas para a tradição e vivência de um determinado grupo. Dessa maneira, os seus festejos atraem milhões de visitantes para os seus respectivos destinos, a exemplo do Carnaval em Salvador Bahia, sendo este considerado o melhor Carnaval do mundo (FISHER, 2007). Deste modo, como o carnaval, os festejos juninos também possuem grande relevância na Bahia, tornando-se uma das festas mais importantes do estado. Esse evento tomou grandes proporções se estendendo por quase toda a Bahia como, o São João em Senhor do Bonfim, em Macaúbas, Piritiba, Cachoeiras, entre outros.
  • 8. HISTÓRICO DO SÃO JOÃO CALÇA CURTA O município de Miguel Calmon-Ba se constitui pelo processo de adaptação humana e suas modificações ao longo do tempo. Outro fator vigente dar-se pela sua diversidade cultural, natural e sua localização geográfica. Neste quadro material destaca-se uma miríade de manifestações culturais e religiosas conhecidas como o festejo junino, São João Calça Curta, Terno de Reis, entre outros. Quanto à realização do São João de Miguel Calmon-Ba deu-se de forma bem popular. As famílias faziam nas portas de suas casas fogueiras, algumas de ramos com prêmios, bebidas, frutas etc. Era comum a existência de competições para se escolher, dentre muitas e enfeitadas fogueiras aquelas que se destacavam pelo maior número de enfeites e premiações. Com o retorno das famílias calmonenses, que residiam em Salvador, em época de férias, começou-se a ser cobrado que a cidade deveria promover a festa junina de forma ampla, em praça pública. Em 1997, organizou-se uma grande barraca de palha em quatro águas onde era possível encontrar bebidas e comidas típicas, a exemplo de milho assado, porco assado, bolos, quentão, licores e tantas outras guloseimas. A seguir, a Praça Lauro de Freitas se tornou palco, naquele ano, para o encontro das famílias que visitavam a cidade de Miguel Calmon-Ba. Os representantes perceberam a importância de tal encontro e passaram no ano seguinte a realizarem maiores proporções de atrativos à festa. Para isso, foi convocada uma reunião, onde o principal motivo era a escolha do nome para o festejo, surgiu então o nome de “Arraiá Calça Curta” indicado pelo Sec. De Ação Social da época que também organizava as festas (SOUZA, 2013). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O objetivo que se pretende alcançar neste trabalho é o resultado da junção da apreciação teórica, exploratória, descritiva e qualitativa que serão aplicados aos segmentos do turismo, em especial ao turismo cultural seguido da análise do objeto de estudo desta pesquisa que é o potencial do são João Calça Curta enquanto produto turístico na cidade de Miguel Calmon-Bahia. Quanto aos fins, esta pesquisa é descritiva, no sentido em que demonstrará características da cidade e do festejo em questão, explicativa, uma vez que buscará esclarecer quais os fatores condicionantes do São João Calça Curta enquanto potencialidade ou atrativo turístico para a localidade e qualitativa pelo fato de que observará a relevância do festejo para a população e a demanda que o visita. Foram utilizadas algumas técnicas de pesquisa, como: a teórica documental partindo do levantamento e revisão de literatura para a elaboração conceitual e definição do fenômeno,
  • 9. Pesquisa em campo através de aplicação de entrevistas semiestruturadas, com o prefeito de Miguel Calmon e o Secretário Municipal de Cultura e Esportes, esses responsáveis pela realização do São João na cidade e também com alguns moradores do local, para saber qual a contribuição que este festejo os proporciona. Para maiores compreensões sobre o tema abordado, buscou-se apresentar três variáveis. São elas:  Participação da comunidade;  Equipamentos turísticos;  Representações culturais e atrativos turísticos. ANÁLISE DA PESQUISA De acordo com as variáveis apresentadas foram analisados os itens participação da comunidade, Equipamentos turísticos e Representações culturais e atrativos turísticos. Essa análise se deu através de pesquisa de campo, análise in loco da festa em 2013, registro fotográfico e entrevista com o secretário de cultura e o prefeito atual do município. COMUNIDADE A participação da população local é de suma importância, pois, é esta que conhecem mais do que ninguém os aspectos históricos, culturais e políticos das regiões em que residem. Na pesquisa de campo observou-se que o São João Calça Curta do município de Miguel Calmon surgiu da iniciativa da comunidade local, quando esta se reunia em grupo nos bairros e casas e realizavam o festejo, representando-o com competições de quadrilhas, fogueiras entre outros. Essas traziam consigo a realidade, identidade e tradição deste povo (SOUZA, 2013). Atualmente ocorreram alterações neste cenário, o festejo ganhou amplitude e passou a ser realizado em praça pública, mas os residentes continuaram participando do evento, isso notado na oferta gastronômica durante o São João e também nas apresentações das quadrilhas e outras manifestações. Quanto às quadrilhas essas são reconhecidas como criações representativas do São João Calça Curta. Dividem-se em dois tipos: as tradicionais, também chamadas de caipiras formadas por alunos das escolas do município, e as adaptadas que são compostas pelos moradores dos bairros. Ambas, organizadas em coletividades, são motivadas pela competitividade nos festivais realizados no transcorrer de cada ano e em diferentes localidades. Contudo, para os quadrilheiros calmonenses, a disputa mais acirrada é realizada dentro da programação da festa. A rivalidade é alimentada ao longo dos anos entre os grupos e seus respectivos bairros, que leva os componentes a se dedicar no seu planejamento, organização, ensaios e apresentação.
  • 10. Figura 1: Quadrilha realizada por alunos das escolas do município e moradores locais 2013. Tirado por: Soares, Tarcísio, 2013. Além das quadrilhas, durante o festejo há enorme oferta e consumo de alimentos e bebidas em diferentes lugares de realização do evento. A gastronomia para a comunidade local é um dos principais vetores econômicos e exemplo das interfaces culturais da festa, pois esta reforça a tradição e identidade do homem do campo e agrega valores para os envolvidos. Como visto durante o São João Calça curta em 2013, a comunidade local utilizam de seus dotes culinários para representar a gastronomia local e decoram suas barracas a caráter junino reforçando o verdadeiro sentido de festejar o São João no município. Oliveira (2002) descreve que desenvolvimento social pode ser considerado componente participativo da cidadania, mesmo no capitalismo desregulado e em tempos de globalização. Assim os grupos que participam do São João Calça curta em Miguel Calmon, transpõe as barreiras da modernidade e insere na perspectiva de buscar na essência da cultura calmonense formas de interpretação, por meio das músicas e danças, expressar o passado e presente em símbolos impregnados no espaço. Figura 2: Barracas de comidas típicas, comunidade local, 2013. Fonte: pesquisa emcampo, 2013. Durante a pesquisa em campo, 21, 22 e 23 de Junho de 2013, notou-se que houve uma grande concentração de barracas ao entorno do espaço do evento, isso garantiu como visto, o aumento da venda dos produtos que foram ofertados, gerando maior rentabilidade para os envolvidos. Assim pode-se considerar que este festejo além de reforçar a cultura local gera benefícios financeiros para os participantes locais. Além disso, os grupos diretamente
  • 11. envolvidos (idosos, adultos, jovens e crianças) sem distinção etária, sentem gratificado, o que se pode considerar como fator positivo, pois contribui para garantia da divulgação do grupo e valorização do sentimento de pertencimento com a localidade. EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS A atividade turística é fundamental para o desenvolvimento econômico, social, histórico dos destinos inseridos. Mas, para que haja o aumento do fluxo da demanda, a esses lugares, faz-se necessário um conjunto de equipamentos que visem o acesso rápido e seguro aos mesmos. Quanto à infraestrutura e a superestrutura podem ser consideradas como formas de compor alternativas de destinações. De acordo com Cooper (2001) ela representa todas as formas de construção em um ambiente urbano que auxilia a destinação turística, composta principalmente na forma de transporte (estradas, ferrovias, aeroportos, estacionamentos), serviço de utilidade pública (eletricidade, água e comunicações) e outros serviços (saúde e segurança) que normalmente são compartilhados por residentes e visitantes (BENI, 2003). Assim, durante a pesquisa em campo pode-se constatar que o município de Miguel Calmon dispõe dos serviços de saneamento básico, limpeza pública, rede elétrica, água, quatro agências bancárias (Banco do Brasil, SICOB, Caixa Econômica e Banco do Nordeste), uma delegacia, pousadas, restaurantes, transportes, um hospital, vários postos de saúde, várias clínicas particulares, três postos de combustíveis, um terminal rodoviário, entre outros equipamentos essenciais para atender a demanda que o visita durante o São João. Como equipamento para o evento, esse de caráter público há uma alteração no espaço que sedia a festa. São inseridos neste como suporte para a população e demanda, barracas, banheiros químicos, palco para a apresentação dos artistas, local de primeiro socorro, placas informativas, entre outros, esses essências para a realização do evento e prestação de serviço com qualidade para os turistas. Com isso, entende-se que esses equipamentos são essenciais para o município, uma vez que, com eles o evento ganha maior visibilidade e garante a permanecia dos turistas na localidade. Sua ausência implicaria no cancelamento do festejo e a fuga da demanda para outras localidades. REPRESENTAÇÕES CULTURAIS E ATRATIVOS TURÍSTICOS A representação cultural é fator de extrema relevância para qualquer destino. Nesta perspectiva, em Miguel Calmon durante o São João Calça Curta os elementos culturais podem ser notados na ornamentação, esta baseada na vida do homem do campo. Figura 3: Ornamentação do espaço do evento, 2013
  • 12. Fonte: Soares, Tarcísio, 2014. Nota-se que a ornamentação do espaço onde acontece o festejo “São João Calça Curta” trata-se da origem e identidade da comunidade local e dos residentes em zona rural. Tal tradição reforça a necessidade da integração entre o homem do campo e da cidade, essa tão importante para conhecimento e valorização de suas culturas. Durante a realização do São João Calça Curta, predominou como visto a apresentação de artistas que cantam os ritmos do Forró. Ressalta-se que a maioria das contratações são realizadas pela prefeitura e parceria com outros organizadores, seus critérios baseiam-se em trazer cantores de renome nacional e que possuem a capacidade de atrair um grande fluxo de demanda. Além de contratar cantores de renome, os organizadores do evento dão prioridade as bandas locais, essas que trazem consigo músicas voltadas para o homem do campo e a representatividade da cultura Calmonense. Outro atrativo presente no destino é o Grupo dos Caracterizados, que durante o segundo dia do festejo Junino, dia 22, sai à tarde para animar os turistas. Esse conjunto é formado por residentes do município e tem por finalidade demonstrar um pouco dos costumes locais e contribuir para a permanência da demanda no destino. Muitos dos turistas que permanecem no município durante as datas do festejo, 21, 22 e 23 de Junho, acabam estendendo seus dias para poder prestigiar as manifestações culturais, a feira de artesanato que acontecem no destino. CONSIDERAÇÕES FINAIS O turismo por possuir capacidade de atrair inúmeras demandas, de várias partes do mundo e estar altamente inserido nos aspectos social, cultural, econômico e político pode ser considerado como um instrumento fundamental para o desenvolvimento turístico dos destinos envolvidos. Além disso, são os seus variados segmentos que motivam os turistas a se deslocar de suas regiões para conhecer e vivenciar novas culturas em diversas localidades. Ressalta-se que os eventos e manifestações culturais por sua vez é um dos segmentos do turismo de forte influência no Brasil, isso dado pela história, tradição e identidade cultural
  • 13. do povo. A propagação deste é dada pelo aumento da procura da demanda por atividades culturais e também, pelas estratégias efetivas de diversificação da oferta turística encontradas nos destinos. A exemplo disso estão os festejos juninos, como expressão das manifestações culturais e que possuem a capacidade de demonstrar através das danças, músicas, comidas típicas a representatividade da cultura de determinado grupo. Desta feita, entende-se que o turismo é um fenômeno social que contribui para o desenvolvimento econômico das localidades envolvidas e seus variados segmentos reforçam o desejo e motivação das demandas em viajar cada vez mais para diversas regiões brasileiras em busca de novos conhecimentos e experiência a cerca das distintas culturas. Assim, o São João Calça Curta como manifestação e potencial cultural, possibilitou o deslocamento de diversas demandas para o município e mobilizou a população local na organização e montagem de sua oferta confirmando sua importância para o turismo local. Este evento pode ser caracterizado como uma manifestação cultural a partir das respostas dadas aos objetivos desta pesquisa e também em detrimento das variáveis, onde constatou que este possui sua tradição e organização voltada para a cultura local. Notou-se que diferentemente dos outros destinos, enquanto a realização do São João, esse com diversas modificações o festejo junino em Miguel Calmon é intrinsecamente voltado para a tradição e valorização cultural fato esse que o mantém como principal atrativo do município e podendo ser considerado como um potencial turístico cultural mediante a conceituação de cultura, este presente neste trabalho. Em síntese afirma-se que através de pesquisas, análises, revisão literária, leituras de artigos, entrevistas, buscas na mídia, observação in loco, fotografias, entre outras fontes, percebeu-se que o São João Calça Curta no Município de Miguel Calmon possui potencialidade enquanto manifestação cultural para o destino. REFERÊNCIAS ANDRADE, J. V. de. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1999. ARENDT, Hanna. Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2002. BARBOSA, Yearim Melgaço. História das Viagens e do Turismo. São Paulo: Aleph, 2002. BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: as possibilidades do planejamento. Campinas: Papirus, 2003. BENI, Mario Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 8ª ed. atual. São Paulo: Editora SENAC, 2003. BIGNAMI, R. Comunicação como fator estratégico do produto turístico. In: RUSCHMANN, D. V. M; SOLHA, K. T. (org.) Turismo: Uma visão empresarial. Barueri: Manole, 2004.
  • 14. BOSI, Alfredo. Plural, mas não caótico. Cultura brasileira: temas e situações. 4. ed. São Paulo: Ática, 1999. CARVALHO, J. J. O lugar da cultura tradicional na sociedade moderna. Rio de Janeiro, 2000, p. 23-38. CARVALHO, Karoliny Diniz. Identidade, Turismo e Tradução Cultural: Análise da dinâmica dos eventos juninos no Maranhão. Rosas do Vento, 2011. COOPER, C., F. J. WANHILL, S., G. D. SHEPERD, R. Turismo, princípios e práticas. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. COUTINHO, Hevellyn, Pérola Menezes; COUTINHO, Helen Rita Menezes. Turismo de eventos como alternativa para o problema da sazonalidade turística. Revista Eletrônica Aboré -. ed3. ISSN 1980-6930. CRUZ, Mércia Socorro, Ribeiro. Festas Culturais: Tradição, Comidas e Celebrações. Artigo apresentado no I Encontro Baiano de Cultura – I EBECULT FACOM/UFBA. Salvador – Ba, em 11 de dezembro de 2008. FISHER, Fernando. Baixo Sul da Bahia: Uma proposta de desenvolvimento territorial. Salvador: CIAGS/UFBA, 2007. FOSCARINI, Arina Gomes. AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS POPULARES COMO ATRATIVOS TURÍSTICOS: estudo de caso do Batuque em Lapinha da Serra /MG. Universidade Federal de Minas Gerais.2009. GOELDNER, Charles R.; RITCHIE, J. R. Brent; MCINTOSH, Robert W. Turismo: Princípios, Práticas e Filosofias. Porto Alegre, RS: Bookman, 2002. MARTIN, Vanessa. Manual prático de Eventos. São Paulo: Atlas, 2003. MATIAS, Marlene. Organização de eventos. 2.ed. Barueri: Manole, 2000. MIDDLETON, V. T. C. Marketing de Turismo. 2. ed.São Paulo: Roca,2001. MTUR. Ministério do Turismo. Segmentação do Turismo e o mercado. Brasília, Ministério do Turismo, 2010. OLIVEIRA, Gleise Cristiane, Ferreira de. Carnavalização do São João em Senhor do Bonfim – Bahia: tradição em movimento. Salvador-Bahia, Facom - UFBA, 2010. PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, Marília G. R. Segmentação em turismo:panorama atual. Manole, 2009. RIPOLLY, Hernandez Graciela. Turismo Popular; investimentos rentáveis. São Paulo: Roca, 2003. SOUZA, Giovane Nascimento de. CENSO Cultural Calmonense. Secretária de Cultura e Esporte, 2013.