O documento descreve um estudo sobre traumas maxilofaciais em crianças e adolescentes vítimas de violência urbana em Belo Horizonte entre 2007. O estudo analisou 191 casos atendidos em hospital municipal, identificando agressão física como principal evento de violência. Entre crianças, trauma dentoalveolar foi mais comum, enquanto adolescentes sofreram mais trauma de tecidos moles, principalmente no período noturno.
Este artigo analisa os fatores associados ao uso de preservativos entre jovens brasileiros de 16 a 24 anos, considerando raça e sexo. O estudo mostra que os jovens negros e solteiros em relações casuais são os que menos usam preservativos, colocando-os em maior risco de DSTs e gravidez indesejada.
1) O documento discute as diretrizes para prevenção de DST/AIDS em mulheres com foco em gênero no Brasil. 2) Analisa a epidemia no Brasil, que inicialmente atingiu homens, mas se tornou mais heterossexual e feminina. 3) Argumenta que as desigualdades de gênero aumentam a vulnerabilidade de mulheres e que as políticas de prevenção devem considerar esse fator.
1. O documento apresenta um livro sobre o impacto da violência na saúde dos brasileiros, publicado pelo Ministério da Saúde em parceria com outras instituições.
2. O livro aborda diversos tipos de violência no Brasil, incluindo violência contra crianças, adolescentes, mulheres, idosos, homicídios, suicídio, violência no trabalho e no trânsito.
3. Cada capítulo analisa as estatísticas sobre o tema, fatores de risco, consequências para a sa
O Brasil adentra o século e o milênio com mais um grave desafio de Saúde Pública: a violência. Com o objetivo de disponibilizar informações, promover e facilitar a discussão sobre a questão, o Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e em parceria com a Organização Pan-Americana
da Saúde e o Centro Latino Americano de Estudos da Violência e Saúde Jorge Careli/Fundação Oswaldo Cruz da Escola Nacional de Saúde Pública, introduz esta publicação.
O documento analisa casos de violência doméstica contra mulheres em Montes Claros entre setembro e dezembro de 2009, com o objetivo de promover políticas públicas e erradicar a violência de gênero por meio de campanhas e legislação.
Este documento apresenta uma pesquisa sobre o prognóstico do Mal de Alzheimer em idosos futuros da cidade de Manaus no ano de 2030. A pesquisa entrevistou 2500 pessoas entre 30-59 anos para avaliar níveis atuais de estresse e depressão como possíveis precursores da doença. Os resultados encontrados sugerem que a população de Manaus já apresenta risco para o Mal de Alzheimer no futuro devido aos altos níveis de estresse, depressão e sedentarismo reportados. A conclusão é que medidas de prevenção como dieta saud
O documento apresenta uma revisão sobre a situação de saúde da população negra brasileira com base em um projeto de pesquisa. Os principais pontos abordados são: 1) As desigualdades raciais em indicadores socioeconômicos como renda, escolaridade e ocupação aumentam a vulnerabilidade da população negra; 2) Existem disparidades raciais significativas em indicadores de saúde como mortalidade infantil, expectativa de vida e taxas de mortalidade; 3) Doenças como hipertensão, HIV/AIDS e mortalidade materna apresent
Treinamento de habilidades sociais na adolescênciaShirleySimeo1
Este documento descreve um programa de treinamento de habilidades sociais para adolescentes vinculados ao Programa de Atenção Integral à Família (PAIF). O programa consistiu em 11 sessões grupais que utilizaram técnicas cognitivo-comportamentais. Os resultados mostraram satisfação dos participantes com a intervenção, principalmente no que se refere à liberdade de expressão e aos efeitos positivos. Os comportamentos mais frequentes foram relatar problemas, sentimentos, explicar o próprio comportamento e apoiar colegas.
Este artigo analisa os fatores associados ao uso de preservativos entre jovens brasileiros de 16 a 24 anos, considerando raça e sexo. O estudo mostra que os jovens negros e solteiros em relações casuais são os que menos usam preservativos, colocando-os em maior risco de DSTs e gravidez indesejada.
1) O documento discute as diretrizes para prevenção de DST/AIDS em mulheres com foco em gênero no Brasil. 2) Analisa a epidemia no Brasil, que inicialmente atingiu homens, mas se tornou mais heterossexual e feminina. 3) Argumenta que as desigualdades de gênero aumentam a vulnerabilidade de mulheres e que as políticas de prevenção devem considerar esse fator.
1. O documento apresenta um livro sobre o impacto da violência na saúde dos brasileiros, publicado pelo Ministério da Saúde em parceria com outras instituições.
2. O livro aborda diversos tipos de violência no Brasil, incluindo violência contra crianças, adolescentes, mulheres, idosos, homicídios, suicídio, violência no trabalho e no trânsito.
3. Cada capítulo analisa as estatísticas sobre o tema, fatores de risco, consequências para a sa
O Brasil adentra o século e o milênio com mais um grave desafio de Saúde Pública: a violência. Com o objetivo de disponibilizar informações, promover e facilitar a discussão sobre a questão, o Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e em parceria com a Organização Pan-Americana
da Saúde e o Centro Latino Americano de Estudos da Violência e Saúde Jorge Careli/Fundação Oswaldo Cruz da Escola Nacional de Saúde Pública, introduz esta publicação.
O documento analisa casos de violência doméstica contra mulheres em Montes Claros entre setembro e dezembro de 2009, com o objetivo de promover políticas públicas e erradicar a violência de gênero por meio de campanhas e legislação.
Este documento apresenta uma pesquisa sobre o prognóstico do Mal de Alzheimer em idosos futuros da cidade de Manaus no ano de 2030. A pesquisa entrevistou 2500 pessoas entre 30-59 anos para avaliar níveis atuais de estresse e depressão como possíveis precursores da doença. Os resultados encontrados sugerem que a população de Manaus já apresenta risco para o Mal de Alzheimer no futuro devido aos altos níveis de estresse, depressão e sedentarismo reportados. A conclusão é que medidas de prevenção como dieta saud
O documento apresenta uma revisão sobre a situação de saúde da população negra brasileira com base em um projeto de pesquisa. Os principais pontos abordados são: 1) As desigualdades raciais em indicadores socioeconômicos como renda, escolaridade e ocupação aumentam a vulnerabilidade da população negra; 2) Existem disparidades raciais significativas em indicadores de saúde como mortalidade infantil, expectativa de vida e taxas de mortalidade; 3) Doenças como hipertensão, HIV/AIDS e mortalidade materna apresent
Treinamento de habilidades sociais na adolescênciaShirleySimeo1
Este documento descreve um programa de treinamento de habilidades sociais para adolescentes vinculados ao Programa de Atenção Integral à Família (PAIF). O programa consistiu em 11 sessões grupais que utilizaram técnicas cognitivo-comportamentais. Os resultados mostraram satisfação dos participantes com a intervenção, principalmente no que se refere à liberdade de expressão e aos efeitos positivos. Os comportamentos mais frequentes foram relatar problemas, sentimentos, explicar o próprio comportamento e apoiar colegas.
O documento discute o projeto de combate à violência doméstica contra a mulher. Ele visa oferecer atendimento psicológico gratuito às vítimas de violência física, psicológica ou sexual para suprir a demanda não atendida. A violência contra a mulher vem assumindo proporções alarmantes e poucas vítimas têm condições de pagar por terapia. O projeto oferece grupos de apoio e terapias breves para tratar problemas emocionais de forma barata e rápida.
Este documento discute por que a vulnerabilidade é um critério melhor do que o risco para orientar atividades de prevenção de doenças. A vulnerabilidade leva em conta fatores pessoais, institucionais e sociais, enquanto o risco se concentra em relações de causa e efeito. Considerar a vulnerabilidade permite desenvolver ações preventivas mais sensíveis ao contexto de vida das pessoas.
O documento discute a educação inclusiva no Brasil e os desafios enfrentados para incluir estudantes com deficiência nas escolas regulares. A segregação ainda existia, mas houve avanços após a Declaração de Salamanca em 1994, que reconheceu o direito de todas as crianças à educação. Embora ainda haja progresso a ser feito, pesquisas vêm contribuindo para o desenvolvimento de métodos de ensino inclusivos e a formação de professores para atender a diversidade de alunos.
O documento discute o impacto da violência na saúde de crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta dados sobre mortalidade e morbidade por causas externas como acidentes e violências, sendo esta última a principal causa de óbitos entre adolescentes. Também descreve as principais formas de violência sofridas por crianças e adolescentes, como violência sexual, e locais de ocorrência. Por fim, discute políticas e ações do Ministério da Saúde para enfrentar este problema de saúde pública.
Este documento resume 9 estudos sobre hipertensão e diabetes em populações indígenas no Brasil entre 1999-2012. Os estudos encontraram prevalência de hipertensão entre 1,5-29,7% e diabetes entre 1,5-4,5%. Fatores de risco comuns incluem idade, obesidade, contato interétnico e mudanças nos hábitos alimentares.
Este documento discute a violência contra crianças e adolescentes, definindo-a e descrevendo suas principais formas. Também aborda a importância da identificação de sinais e fatores de risco, e destaca o papel da rede de proteção no município de Santa Maria-RS, incluindo serviços de notificação e encaminhamento de vítimas.
Este estudo investigou as representações e atitudes de adolescentes entre 11-19 anos em Santa Luzia/MG em relação à baixa adesão à vacina contra hepatite B. Foram entrevistados 23 adolescentes de duas escolas utilizando questionários com questões abertas. Os resultados foram organizados em 4 categorias: 1) Conhecimentos limitados sobre IST, focados principalmente na aids; 2) Informações sobre IST vêm da escola, mídia e socialização, porém de forma superficial; 3) Adolescentes se percebem vulneráveis às IST, porém falta informação
Revisão integrativa referente à violência contra a mulherJúnior Maidana
Este documento faz uma revisão integrativa sobre a violência contra a mulher e como os profissionais de saúde são preparados para lidar com este problema. A violência doméstica contra mulheres é um grave problema de saúde pública. A maioria das vítimas são jovens, de baixa renda e nível educacional. Muitos profissionais não são treinados para identificar sinais de violência antes que se torne física.
O documento discute conceitos atuais de resiliência na adolescência e aplicações práticas. A pesquisa sobre resiliência evoluiu para além de modelos de risco, reconhecendo a diversidade de fatores que promovem bons resultados entre adolescentes. Um modelo proposto inclui fatores individuais, ambientais, experiências ao longo da vida e proteção. Cada adolescente pode desenvolver recursos de resiliência de forma única.
Plano integrado de enfrentamento da feminizacao da epidemia de aids e outras ...Unidade Temática T3 - blog
1) O documento apresenta o Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia de Aids e outras DST, que tem como objetivo central reduzir a vulnerabilidade das mulheres a essas doenças.
2) A epidemia de aids se tornou uma realidade para as mulheres desde os anos 1980, porém as respostas de saúde pública foram inicialmente insuficientes e negligenciaram fatores de desigualdade de gênero.
3) Atualmente, as mulheres representam metade das pessoas vivendo com HIV em todo o
Artigo: Vulnerabilidade a transmissão sexual do vírus da imunodeficiência humana (HIV): representações sociais de universitários indígenas do Instituto Insikiran de formação superior indígena
O documento discute as desigualdades raciais no Brasil, especialmente no sistema de saúde pública SUS. Aponta que negros e mulheres negras enfrentam maior vulnerabilidade social, programática e individual, com piores indicadores de saúde como mortalidade infantil e materna. Além disso, o racismo no Brasil é frequentemente invisível, mas os negros enfrentam maior pobreza e barreiras de acesso a serviços de saúde e oportunidades.
A violência contra as mulheres é problema de todos e todas. Os profissionais de saúde tem um importante papel na atenção, cuidado, prevenção e enfrentamento desse tipo de violência que atinge a vida de milhares de mulheres e meninas todos os dias.
É necessário promover espaços para que os profissionais de saúde possam trocar experiências e percepções, além de sensibilização e de capacitação continuada, desenvolvimento de processos de auto avaliação individual e da equipe, considerando os limites e potencialidades de cada um.
Material de 06 de março de 2018.
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.
Disponível em: http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/
Fácil acesso. Diferentes recursos. As melhores evidências. Um olhar multidisciplinar.
Este estudo comparou o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre idosos homossexuais e heterossexuais no Brasil. Os resultados mostraram que os idosos homossexuais tinham maior probabilidade de abuso de substâncias, embora mais pesquisas sejam necessárias. O estudo sugere que fatores sociais como estigma e apoio podem influenciar os hábitos de uso de drogas entre idosos da comunidade LGBT.
Cláudia Regina Ribeiro: Masculinidades, Paternidades e FormaçãoElos da Saúde
O documento discute o currículo do curso de medicina da UFF, com foco na disciplina Trabalho de Campo Supervisionado 1 (TCS 1). O TCS 1 leva alunos do primeiro ano a diversos campos de prática para compreender a influência cultural no adoecimento. O documento também descreve o trabalho de campo em saúde e masculinidades, abordando temas como paternidade, violência e doenças masculinas.
Este documento apresenta uma revisão integrativa sobre acidentes domésticos na infância. Ele descreve os objetivos do estudo, que incluem rastrear publicações sobre o tema e buscar evidências sobre os principais acidentes e formas de prevenção. A metodologia envolveu uma pesquisa em três bases de dados usando descritores como "crianças", "acidentes" e "domésticos". Os resultados encontraram 26 estudos, dos quais 12 foram incluídos após análise. Os achados são caracterizados e discutidos, ag
Este documento discute determinantes sociais de saúde mental. Apresenta dados sobre a alta prevalência de transtornos mentais comuns no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Descreve um estudo de coorte com funcionários públicos no Rio de Janeiro que investigou a associação entre estressores de vida, apoio social, violência e condições de trabalho com transtornos mentais. Os achados sugerem que esses fatores sociais influenciam o desenvolvimento e manutenção de problemas de saúde mental.
Este documento discute as ações de promoção de saúde e prevenção de riscos para crianças e adolescentes. A violência sexual representa a maioria dos atendimentos em saúde para adolescentes. A família é o local onde ocorre metade das violências. Os artigos analisados concluíram que as ações de prevenção devem ter a família como alvo e trabalhar de forma interdisciplinar, destacando a importância da notificação.
SUS e Política Nacional da Saúde integral da População Negra – PNSIPNRegina M F Gomes
Que no final desta leitura você seja capaz de Identificar a PNSIPN e os fundamentos do SUS, nas seu cotidiano, fortalecendo as politicas de promoção da equidade e direitos dos usuários
O documento discute a violência sexual contra crianças e adolescentes na perspectiva de profissionais do CREAS. Apresenta os impactos da violência sexual e o papel do CREAS no atendimento de vítimas. Realizou entrevistas com profissionais do CREAS que apontaram o atendimento como qualificado, mas ainda insuficiente para enfrentar a violência, e a rede de proteção como desarticulada e difícil.
Seminario sobre Abuso sexual contra crianças e adolescentesAna Patrícia
Esse seminário refere-se ao tema sobre abuso sexual contra crianças e adolescentes, é um apanhado de informações da literatura em questão, e nele abordo sobre a dinâmica do abuso sexual infantojuvenil, os órgãos de proteção, a rede integral de proteção e sobre como funciona uma rede de proteção.
O documento estima que os impactos econômicos globais da violência contra crianças podem chegar a US$ 7 trilhões anualmente. Os custos globais do trabalho infantil perigoso são de aproximadamente US$ 97 bilhões por ano. A pesquisa mostra que a prevenção da violência contra crianças é mais benéfica do que os custos de resposta, mas os gastos governamentais em prevenção permanecem baixos.
O documento discute o projeto de combate à violência doméstica contra a mulher. Ele visa oferecer atendimento psicológico gratuito às vítimas de violência física, psicológica ou sexual para suprir a demanda não atendida. A violência contra a mulher vem assumindo proporções alarmantes e poucas vítimas têm condições de pagar por terapia. O projeto oferece grupos de apoio e terapias breves para tratar problemas emocionais de forma barata e rápida.
Este documento discute por que a vulnerabilidade é um critério melhor do que o risco para orientar atividades de prevenção de doenças. A vulnerabilidade leva em conta fatores pessoais, institucionais e sociais, enquanto o risco se concentra em relações de causa e efeito. Considerar a vulnerabilidade permite desenvolver ações preventivas mais sensíveis ao contexto de vida das pessoas.
O documento discute a educação inclusiva no Brasil e os desafios enfrentados para incluir estudantes com deficiência nas escolas regulares. A segregação ainda existia, mas houve avanços após a Declaração de Salamanca em 1994, que reconheceu o direito de todas as crianças à educação. Embora ainda haja progresso a ser feito, pesquisas vêm contribuindo para o desenvolvimento de métodos de ensino inclusivos e a formação de professores para atender a diversidade de alunos.
O documento discute o impacto da violência na saúde de crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta dados sobre mortalidade e morbidade por causas externas como acidentes e violências, sendo esta última a principal causa de óbitos entre adolescentes. Também descreve as principais formas de violência sofridas por crianças e adolescentes, como violência sexual, e locais de ocorrência. Por fim, discute políticas e ações do Ministério da Saúde para enfrentar este problema de saúde pública.
Este documento resume 9 estudos sobre hipertensão e diabetes em populações indígenas no Brasil entre 1999-2012. Os estudos encontraram prevalência de hipertensão entre 1,5-29,7% e diabetes entre 1,5-4,5%. Fatores de risco comuns incluem idade, obesidade, contato interétnico e mudanças nos hábitos alimentares.
Este documento discute a violência contra crianças e adolescentes, definindo-a e descrevendo suas principais formas. Também aborda a importância da identificação de sinais e fatores de risco, e destaca o papel da rede de proteção no município de Santa Maria-RS, incluindo serviços de notificação e encaminhamento de vítimas.
Este estudo investigou as representações e atitudes de adolescentes entre 11-19 anos em Santa Luzia/MG em relação à baixa adesão à vacina contra hepatite B. Foram entrevistados 23 adolescentes de duas escolas utilizando questionários com questões abertas. Os resultados foram organizados em 4 categorias: 1) Conhecimentos limitados sobre IST, focados principalmente na aids; 2) Informações sobre IST vêm da escola, mídia e socialização, porém de forma superficial; 3) Adolescentes se percebem vulneráveis às IST, porém falta informação
Revisão integrativa referente à violência contra a mulherJúnior Maidana
Este documento faz uma revisão integrativa sobre a violência contra a mulher e como os profissionais de saúde são preparados para lidar com este problema. A violência doméstica contra mulheres é um grave problema de saúde pública. A maioria das vítimas são jovens, de baixa renda e nível educacional. Muitos profissionais não são treinados para identificar sinais de violência antes que se torne física.
O documento discute conceitos atuais de resiliência na adolescência e aplicações práticas. A pesquisa sobre resiliência evoluiu para além de modelos de risco, reconhecendo a diversidade de fatores que promovem bons resultados entre adolescentes. Um modelo proposto inclui fatores individuais, ambientais, experiências ao longo da vida e proteção. Cada adolescente pode desenvolver recursos de resiliência de forma única.
Plano integrado de enfrentamento da feminizacao da epidemia de aids e outras ...Unidade Temática T3 - blog
1) O documento apresenta o Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia de Aids e outras DST, que tem como objetivo central reduzir a vulnerabilidade das mulheres a essas doenças.
2) A epidemia de aids se tornou uma realidade para as mulheres desde os anos 1980, porém as respostas de saúde pública foram inicialmente insuficientes e negligenciaram fatores de desigualdade de gênero.
3) Atualmente, as mulheres representam metade das pessoas vivendo com HIV em todo o
Artigo: Vulnerabilidade a transmissão sexual do vírus da imunodeficiência humana (HIV): representações sociais de universitários indígenas do Instituto Insikiran de formação superior indígena
O documento discute as desigualdades raciais no Brasil, especialmente no sistema de saúde pública SUS. Aponta que negros e mulheres negras enfrentam maior vulnerabilidade social, programática e individual, com piores indicadores de saúde como mortalidade infantil e materna. Além disso, o racismo no Brasil é frequentemente invisível, mas os negros enfrentam maior pobreza e barreiras de acesso a serviços de saúde e oportunidades.
A violência contra as mulheres é problema de todos e todas. Os profissionais de saúde tem um importante papel na atenção, cuidado, prevenção e enfrentamento desse tipo de violência que atinge a vida de milhares de mulheres e meninas todos os dias.
É necessário promover espaços para que os profissionais de saúde possam trocar experiências e percepções, além de sensibilização e de capacitação continuada, desenvolvimento de processos de auto avaliação individual e da equipe, considerando os limites e potencialidades de cada um.
Material de 06 de março de 2018.
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.
Disponível em: http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/
Fácil acesso. Diferentes recursos. As melhores evidências. Um olhar multidisciplinar.
Este estudo comparou o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre idosos homossexuais e heterossexuais no Brasil. Os resultados mostraram que os idosos homossexuais tinham maior probabilidade de abuso de substâncias, embora mais pesquisas sejam necessárias. O estudo sugere que fatores sociais como estigma e apoio podem influenciar os hábitos de uso de drogas entre idosos da comunidade LGBT.
Cláudia Regina Ribeiro: Masculinidades, Paternidades e FormaçãoElos da Saúde
O documento discute o currículo do curso de medicina da UFF, com foco na disciplina Trabalho de Campo Supervisionado 1 (TCS 1). O TCS 1 leva alunos do primeiro ano a diversos campos de prática para compreender a influência cultural no adoecimento. O documento também descreve o trabalho de campo em saúde e masculinidades, abordando temas como paternidade, violência e doenças masculinas.
Este documento apresenta uma revisão integrativa sobre acidentes domésticos na infância. Ele descreve os objetivos do estudo, que incluem rastrear publicações sobre o tema e buscar evidências sobre os principais acidentes e formas de prevenção. A metodologia envolveu uma pesquisa em três bases de dados usando descritores como "crianças", "acidentes" e "domésticos". Os resultados encontraram 26 estudos, dos quais 12 foram incluídos após análise. Os achados são caracterizados e discutidos, ag
Este documento discute determinantes sociais de saúde mental. Apresenta dados sobre a alta prevalência de transtornos mentais comuns no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Descreve um estudo de coorte com funcionários públicos no Rio de Janeiro que investigou a associação entre estressores de vida, apoio social, violência e condições de trabalho com transtornos mentais. Os achados sugerem que esses fatores sociais influenciam o desenvolvimento e manutenção de problemas de saúde mental.
Este documento discute as ações de promoção de saúde e prevenção de riscos para crianças e adolescentes. A violência sexual representa a maioria dos atendimentos em saúde para adolescentes. A família é o local onde ocorre metade das violências. Os artigos analisados concluíram que as ações de prevenção devem ter a família como alvo e trabalhar de forma interdisciplinar, destacando a importância da notificação.
SUS e Política Nacional da Saúde integral da População Negra – PNSIPNRegina M F Gomes
Que no final desta leitura você seja capaz de Identificar a PNSIPN e os fundamentos do SUS, nas seu cotidiano, fortalecendo as politicas de promoção da equidade e direitos dos usuários
O documento discute a violência sexual contra crianças e adolescentes na perspectiva de profissionais do CREAS. Apresenta os impactos da violência sexual e o papel do CREAS no atendimento de vítimas. Realizou entrevistas com profissionais do CREAS que apontaram o atendimento como qualificado, mas ainda insuficiente para enfrentar a violência, e a rede de proteção como desarticulada e difícil.
Seminario sobre Abuso sexual contra crianças e adolescentesAna Patrícia
Esse seminário refere-se ao tema sobre abuso sexual contra crianças e adolescentes, é um apanhado de informações da literatura em questão, e nele abordo sobre a dinâmica do abuso sexual infantojuvenil, os órgãos de proteção, a rede integral de proteção e sobre como funciona uma rede de proteção.
O documento estima que os impactos econômicos globais da violência contra crianças podem chegar a US$ 7 trilhões anualmente. Os custos globais do trabalho infantil perigoso são de aproximadamente US$ 97 bilhões por ano. A pesquisa mostra que a prevenção da violência contra crianças é mais benéfica do que os custos de resposta, mas os gastos governamentais em prevenção permanecem baixos.
O documento descreve um estudo sobre o conhecimento de jovens de 12 a 15 anos sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST) em Nhamundá, Amazonas. Os resultados mostraram que 70% dos alunos não tinham conhecimento sobre prevenção de IST e apontaram a falta de diálogo com os pais como a principal razão. Conclui-se que a maioria dos alunos carece de conhecimentos básicos sobre prevenção de IST.
Este artigo discute (1) a cultura e indústria do medo no Brasil através da relação entre juventude e violência segundo a mídia, (2) como a incerteza do futuro e violência social excluem os jovens aumentando a cultura do medo, (3) e como os altos investimentos na indústria privada de segurança fortalecem essa cultura do medo.
O documento discute o impacto da violência na saúde de crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta dados sobre mortalidade e morbidade por causas externas como acidentes e violências nestas faixas etárias. Destaca que as violências sexuais são a principal causa de atendimentos nos serviços de referência e que as residências são os locais mais comuns onde ocorrem. Defende políticas públicas de prevenção, notificação, proteção e atendimento às vítimas de violência.
O documento discute a Política Nacional de Juventude no Brasil, abordando sua trajetória, desafios e programas existentes. Apresenta dados sobre a situação da juventude brasileira, como alto desemprego e violência, e destaca a necessidade de políticas públicas que considerem a diversidade dos jovens. Resume a evolução da política no país e aponta desafios como consolidá-la de forma a beneficiar melhor os diferentes grupos de jovens.
Este artigo discute a Política Nacional de Juventude no Brasil, resumindo sua trajetória, desafios atuais e a situação dos jovens brasileiros. A juventude brasileira enfrenta altas taxas de desemprego, violência e exclusão social. Apesar dos avanços, a política nacional para os jovens ainda precisa ser aprimorada para enfrentar os graves problemas desta parcela da população.
A palavra violência tem raízes no Latim VIOLENTIA,
“veemência, impetuosidade”, de VIOLENTUS,
“o que age pela força” e provavelmente
relacionada a VIOLARE, “tratar com brutalidade,
desonrar, ultrajar”. Depreende-se assim, a escolha
do termo para designar ações brutais entre os
humanos.
No Relatório Mundial sobre Violência e Saúde
em Bruxelas, outubro de 2002, a OMS decretou a violência como um dos cinco problemas de saúde pública mundial.
...
Excelente publicação da SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria
Prof. Marcus Renato de Carvalho
1) A violência é a principal causa de mortalidade entre crianças e adolescentes no Brasil, especialmente violência sexual e física. 2) Dados do Ministério da Saúde mostram que a maioria dos casos de violência contra crianças e adolescentes ocorre dentro de casa. 3) É papel do setor de saúde, em parceria com outros setores, implementar políticas para prevenir a violência e tratar vítimas por meio de uma rede de atenção integral à saúde.
O documento discute a violência nas escolas brasileiras e medidas de gestão para combatê-la. Apresenta o problema da violência escolar e fatores que contribuem para ela, como desigualdade social. Também destaca a importância dos gestores escolares no combate e prevenção à violência, além de iniciativas como o programa "Abrindo Espaços" da UNESCO para oferecer alternativas aos jovens.
1. O documento discute o abuso sexual contra crianças e adolescentes e seus impactos sociais.
2. O abuso sexual pode ter consequências graves para a vida social de crianças e adolescentes, como danos psicológicos.
3. Organizações como o CREAS fornecem serviços importantes para proteger crianças vítimas de abuso sexual e lidar com seus impactos.
Plano de ação para o enfrentamento da violencia contra o idosoivone guedes borges
O documento apresenta um plano de ação para o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa com o objetivo de promover ações que levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso. O plano será executado em dois anos e define conceitos-chave como pessoa idosa e as diferentes formas de violência contra esse grupo, incluindo abuso físico, psicológico, sexual, abandono, negligência e abuso financeiro. Ele também apresenta um diagnóstico da situação dos idosos no Brasil e diretrizes de ação para implementar o plano.
1. A violência intrafamiliar contra crianças é um problema de saúde pública que pode afetar seu desenvolvimento físico e mental.
2. Os profissionais de enfermagem e serviço social desempenham um papel importante na identificação e apoio a vítimas de violência doméstica.
3. É essencial que esses profissionais estejam atentos aos sinais de violência e saibam notificar corretamente os casos suspeitos.
1) A violência é um problema de saúde pública que causa danos físicos e mentais e diminui a qualidade de vida. 2) A adolescência é a fase da vida com maior risco de mortes violentas, especialmente entre meninos nas grandes cidades. 3) A violência está relacionada a fatores estruturais como a desigualdade social e exclusão.
A violência é uma das maiores causas de hospitalização e morte da população. é importante relembrar que vitimas utiliza serviços de saúde, enquanto aproximadamente 60% dos casos poderiam ser evitados, através de mais investimentos na educação e nos projetos de qualidade de vida.
As 3 frases são:
O documento discute fatores de risco para ideação suicida entre adolescentes brasileiros, incluindo problemas de saúde mental, contexto social problemático e falta de apoio. Ele revisa literatura sobre o assunto para melhor entender e prevenir o suicídio nesta faixa etária.
Apresentação RNBE - Fórum de Debates - PL 7672gabileaoskt
O documento discute a proibição do uso de castigos corporais e tratamentos cruéis contra crianças. Ele apresenta o Projeto de Lei No 7672/2010, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer o direito de não serem submetidas a castigos físicos. O projeto define castigos corporais e tratamentos cruéis, estabelece medidas protetivas e responsabilidades dos governos em promover esta causa.
O documento discute as juventudes e a educação no Brasil. Aborda temas como as diferentes definições de juventude, as desigualdades enfrentadas por grupos juvenis, e o papel da escola em promover a igualdade. Também analisa movimentos estudantis e políticas públicas para a juventude.
Situações de violência e atendimento em Saúde PúblicaRosemar Prota
O documento discute violência como um problema de saúde pública segundo a OMS. Apresenta vários tipos de violência e suas consequências, como aumento da mortalidade. Defende abordagens intersetoriais e redes integradas de atendimento às vítimas, com foco na prevenção e no atendimento multidisciplinar.
Prevenção/tratamento de Intercorrências na estética minimamente invasivaClarissaNiederuaer
Prevenção e tratamento das Intercorrências mais comuns em procedimentos estéticos minimamente invasivos.
Aqui você encontrará sugestões de condutas em intercorrências com base na literatura científica.
Descubra os segredos do emagrecimento sustentável: Dicas práticas e estratégi...Lenilson Souza
Resumo: Você já tentou de tudo para emagrecer, mas nada parece funcionar? Você
não está sozinho. Perder peso pode ser uma jornada frustrante e desafiadora,
especialmente com tantas informações conflitantes por aí. Talvez você esteja se
perguntando se existe um método realmente eficaz e sustentável para alcançar
seus objetivos de saúde. A boa notícia é que, sim, há! Neste artigo, vamos explorar
estratégias comprovadas que realmente funcionam. Desde a importância de uma
alimentação balanceada e exercícios físicos eficazes, até a relação entre sono,
hidratação e controle do estresse com o emagrecimento, vamos desmistificar os
mitos e fornecer dicas práticas que você pode começar a aplicar hoje mesmo.
Então, se prepare para transformar sua abordagem e finalmente ver os resultados
que você merece!
1. 1103
A violência urbana contra crianças e
adolescentes em Belo Horizonte: uma história
contada através dos traumas maxilofaciais
| 1
Carlos José de Paula Silva, 2
Efigênia Ferreira e Ferreira, 3
Liliam Pacheco
Pinto de Paula, 4
Marcelo Drummond Naves, 5
Andreia Maria Duarte Vargas,
6
Patricia Maria Pereira Araujo Zarzar |
1
Doutorando em Saúde Coletiva
da Escola de Odontologia da
Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Mestre em
Saúde Coletiva pela UFMG.
Especialista em Saúde Coletiva
pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF). Endereço
eletrônico: case.odo@gmail.com
2
Doutora em Epidemiologia.
Professora do Departamento de
Odontologia Social e Preventiva,
Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG. Endereço
eletrônico: efigenia@gmail.com
3
Psicóloga, mestre em
Ciências da Informação pela
UFMG. Endereço eletrônico:
liampacheco@hotmail.com
4
Doutor em Estomatologia.
Professor do Departamento
de Clinica, Patologia e Cirurgia
odontológica, Faculdade de
Odontologia da UFMG. Endereço
eletrônico: madruna@uol.com.br
5
Professora da UFMG, Faculdade
de Odontologia, Departamento
de Odontologia Social e
Preventiva. Endereço eletrônico:
vargasnt@task.com.br
6
Professora da UFMG, Faculdade
de Odontologia, Departamento
de Odontologia Social e
Preventiva. Endereço eletrônico:
patyzarzar@hotmail.com
Recebido em: 03/08/2010.
Aprovado em: 01/06/2011.
Resumo: Os traumas maxilofaciais decorrentes da
violência contra crianças e adolescentes impactam suas
vidas, física e psiquicamente, pelas deformidades que podem
provocar e pela exposição da lesão na face das vítimas.
O objetivo deste trabalho é identificar a prevalência dos
traumas maxilofaciais em crianças e adolescentes decorrentes
da violência urbana em Belo Horizonte- Brasil. O estudo foi
conduzido no Hospital Municipal Odilon Behrens, único
hospital municipal de referência nesse tipo de atendimento
em Belo Horizonte. Coletaram-se os registros de vítimas
atendidas de janeiro a dezembro de 2007. O principal
evento de violência sofrido entre crianças e adolescentes foi
agressão física, 44,2% e 64,7%, respectivamente. Entre
as crianças, o tipo de trauma mais comum foi o trauma
dentoalveolar (53,8%), e entre os adolescentes, trauma de
tecidos moles (47,5%). O maior número de ocorrências se
deu no período noturno: crianças (84,6%) e adolescentes
(74,8%). O gênero mais vitimado foi o masculino, crianças
(63,5%) e adolescentes (68,3%). Estratégias apropriadas
para identificação do evento de violência e do agressor são
necessários para que melhor sejam planejados mecanismos
de proteção da criança e do adolescente, uma vez que a
violência sofrida por crianças e adolescentes no Brasil,
considerando a complexidade dessa fase da vida, assume
um quadro sombrio, desconstruindo o desenvolvimento, a
sociabilidade e comprometendo a visão das vítimas sobre si
mesmas e sobre o mundo que as cercam.
Palavras-chave: trauma maxilofacial; violência; crianças;
adolescentes.
2. |CarlosJosédePaulaSilvaetal.|
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Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
Introdução
A violência é analisada antropologicamente como um filtro que possibilita
esclarecer certos aspectos do mundo social, por denotar as características do grupo
social e revelar seus significados no contexto das relações sociais. É considerada,
portanto, um fenômeno social (GULLO, 1998).
A violência é um fenômeno que permite variadas conceituações. Sendo a
violência urbana uma forma particular desse fenômeno, ela é o resultado da
relação dos habitantes com o espaço urbano e de suas relações sociais (RIBEIRO;
CHAVEIRO, 2007). Essa violência se deriva da organização desse espaço e surge
como resultado dos conflitos e problemas urbanos (PINHEIRO; ALMEIDA,
2003). Ela modifica o cotidiano dos habitantes das cidades; subverte e desvirtua
a função destas; drena seus recursos e ceifa vidas (PAVIANI; FERREIRA;
BARRETO, 2005). Esses autores a consideram um fenômeno social decorrente
das características subjetivas individuais da vítima e do agressor, bem como
dos processos macrossociais que se articulam e se interagem dinamicamente.
Trata-se de uma “interação” entre indivíduos situados em uma dada estrutura
social, ocupando papéis sociais e orientados por valores que definem e modelam
as possibilidades dessa interação. A violência urbana tornou-se constante no
cotidiano dos brasileiros, produzindo um grande número de vítimas e sequelas
físicas e emocionais, constituindo-se em um problema de saúde pública.
Os traumas maxilofaciais decorrentes da violência contra crianças e
adolescentesimpactamsuasvidas,físicaepsiquicamente,pelasdeformidadesque
podem provocar e pela exposição da lesão na face das vítimas. Especificamente,
os casos de trauma maxilofacial em crianças e adolescentes têm exigido maior
atenção, principalmente em função do aumento dos episódios de violência
doméstica, que, na grande maioria, não chegam ao conhecimento das
autoridades policiais e de saúde (RIBEIRO & GOES, 2006). Essa violência
pode ser considerada como toda ação ou omissão realizada por indivíduos,
grupos, classes ou nações que ocasionem danos físicos, emocionais, morais e
espirituais a si próprios ou aos outros (BRASIL, 2001).
Para crianças e adolescentes a violência pode ser representada por toda ação
ou omissão capaz de provocar lesões, danos ou transtornos ao desenvolvimento
integral, envolvendo eventos com uma relação assimétrica e desigual de poder
manifestada pela força física, poder econômico ou político (ASSIS; DESLANDES;
3. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1105SANTOS,2005).Avitimizaçãodecriançaseadolescentesporacidenteseviolências
é classificada como “causas externas” segundo a CID 10 - Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (OMS, 1995). Em
Belo Horizonte, especificamente, a taxa de mortalidade por causas externas em
2000, para crianças de 1 a 9 anos, chegou a 12,9 por 100.000 habitantes. Para os
adolescentes de 10 a 14 anos, 20,0 por 100.000; e na faixa etária de 15 a 19 anos
chegou à taxa de 82,0 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2005).
Esses números demonstram a gravidade do quadro da violência contra
crianças e adolescentes nas grandes cidades brasileiras. Entretanto, os números
apontados refletem apenas os casos com desfecho fatal. A infância é uma fase
da vida extremamente delicada e requer grandes investimentos afetivos e de
suporte social. Os cuidados prestados à criança influenciarão sua possibilidade
de sobrevivência e de qualidade de vida, e servirão como um espelho de valores
no qual ela irá se mirar para formar suas ideias sobre si e sobre o mundo
(DESLANDES; ASSIS; SANTOS, 2005; WINNICOTT, 1987). A adolescência
é vista em diversas culturas e épocas como importante momento de domínio das
regras e dos valores da vida social, de ganho da autonomia, de maturação física
e psíquica e de gradativa incorporação de papéis sociais do mundo adulto e,
enquanto continuidade da infância, normalmente seu desfecho e vivência surge
como consequência de experiências vividas nessa fase que a antecede.
Crianças e adolescentes têm acumulado tipos diferentes de violência em suas
histórias de vida, o que potencializa ainda mais a vivência negativa dessa violência
e faz com que estes passem a desejar estar do outro lado do contexto: de vítimas a
agressores. Dessa forma, a violência contra crianças e adolescentes em suas várias
formas de manifestação e complexidade reafirma a importância da abordagem
do tema para a saúde coletiva, bem como de não negligenciá-lo, sob pena de
estarmos comprometendo a formação das gerações futuras e a construção de um
país mais justo e seguro.
Esteenfoquefoidadoconsiderandoaexistênciadepoucosestudosqueabordem
os sinais de violência na face de crianças e adolescentes e pela repercussão dessa
violência seja pela implicação social dos traumas considerando idade das vítimas
e seja pelo significado simbólico da face. Assim, o presente estudo objetivou,
através dos casos de trauma maxilofacial, analisar os eventos de violência contra
crianças e adolescentes.
4. |CarlosJosédePaulaSilvaetal.|
1106
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
Metodologia
O presente estudo1
foi desenvolvido na cidade de Belo Horizonte-MG. Em 2007,
ano de referência da pesquisa, a cidade apresentava uma população total de
2.412.937 de habitantes, com economia baseada no comércio e serviços, e um
IDH igual a 0,839. Foi escolhido para esta pesquisa o Hospital Municipal Odilon
Behrens (HMOB), por ser um hospital especializado nesse tipo de atendimento.
Foi efetuada uma análise retrospectiva de todos os atendimentos realizados
no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do HMOB. As
informações foram coletadas nos livros de registro dos plantões diurno e
noturno. Foram incluídos no estudo todos os casos registrados no período de
janeiro a dezembro de 2007. Foram classificadas como crianças, os indivíduos
até 11 anos de idade e como adolescentes os indivíduos com idade entre 12 a 18
anos (BRASIL, 1990). Os eventos de violência urbana foram classificados em:
acidentes automobilísticos (AAT), acidentes motociclísticos (AMT), agressão
física (AGF), agressão por arma de fogo (AAF) e atropelamento (ATP).
Consideraram-se como variável dependente os eventos de violência, e como
variáveis independentes, o tipo de trauma, data, período do dia, idade e gênero da
vítima. Foram consideradas como fraturas simples (FS) aquelas que apresentaram
apenas um traço de fratura, e fraturas múltiplas (FM) as que apresentaram dois
ou mais traços (MONTOVANI; CAMPOS; GOMES, et al., 2006).
Os traumas de tecido mole (TTM) foram os que apresentaram como
características as lacerações, cortes, abrasões com perda de substância
(MANGANELLO- SOUZA, 2006). Os traumas dentoalveolares (TDA) foram
os ocorridos nos dentes e tecidos de sustentação (ANDREASEN, 1984). Os
traumas cranioencefálicos (TCE) são caracterizados pelo comprometimento
neurológico (RIBAS, 2006).
As análises envolveram estatísticas descritivas, análise bivariada, teste qui-
quadrado de Pearson, exato de Fisher, com nível de significância p< 0,05.
Para identificação das variáveis associadas, utilizou-se o valor residual ajustado
(z>1,96). O software utilizado foi o SPSS versão 17.0. A pesquisa foi aprovada
pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e
do Hospital Municipal Odilon Behrens, com o registro nº ETIC 352/08.
5. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1107Resultados
No período compreendido entre janeiro a dezembro de 2007, foram atendidos
no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, do Hospital
Municipal Odilon Behrens, 191 casos que se referiam à violência contra crianças
e adolescentes. Os adolescentes foram vítimas em 139 eventos de violência
(72,8%), e as crianças, em 52 casos (27,2%). Em relação ao gênero, foi observado
que, entre as crianças, prevaleceu o masculino, com 33 casos, (63,5%) sobre
o feminino com 19 casos (36,5%). Entre os adolescentes, 95 casos (68,3%)
ocorreram no gênero masculino e 44 casos (31,7%) no feminino.
Na distribuição dos eventos de violência observou-se a predominância de
AGF, com 23 casos (44,2%) e 90 casos (64,7%), em crianças e adolescentes
respectivamente. Entre as crianças, tem-se ainda o ATP como segunda maior
causa de trauma, com 18 casos (34,6%). Já nos adolescentes, os AAT, com 30
casos (21,6%). Ocorreu também um caso de AAF (0,7%) entre os adolescentes.
Considerando os tipos de trauma, nas crianças, o principal tipo foi o TDA
com 28 casos (53,8%), seguido por TTM com 20 casos (38,5%). Entre os
adolescentes, o TTM prevaleceu com 66 casos (47,5%), seguido por FS, com
35 casos (25,2%). Entre os adolescentes ocorreram também dois casos de TCE
(1,4 %) (Ttabela 1).
Com relação à distribuição dos traumas maxilofaciais sofridos por crianças e
adolescentessegundoosperíodosdodia,osresultadosmostramumapredominância
dos traumas no período noturno. Nesse período, ocorreram 44 casos (84,6%) em
crianças e 104 casos em adolescentes. No período diurno as ocorrências foram de
oito casos (15,4%) em crianças e 35 casos (25,2%) em adolescentes.
A análise bivariada revelou existir diferença estatisticamente significativa entre
crianças e adolescentes e os eventos de violência. As crianças estavam associadas
aos atropelamentos (p<0,001) e os adolescentes à agressão física (p<0,001).
Foi verificada também diferença estatisticamente significativa entre os grupos
e os tipos de trauma, nos quais as crianças estavam associadas aos traumas
dentoalveolares (p<0,001) e os adolescentes às fraturas simples (p<0,001).
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Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
TABELA 1: Relação entre crianças e adolescentes quanto aos eventos de violência,
tipo de trauma, gênero e período do dia
Crianças Adolescentes
Valor p
n(%) R.aj. n(%) R.aj.
Etiologia
<0,001**
Ac.automobilístico 9(17,3) -0,7 30(21,6) 0,7
Ac. motociclístico 2(3,8) -1,4 14(10,1) 1,4
Agressão física 23(44,2) -2,6 90(64,7) 2,6*
Atropelamento 18(34,6) 6,1* 4(2,9) -6,1
Arma de fogo 0(00,0) -0,6 1(0,7) 0,6
Total 52(100,0) 139(100,0)
Trauma
<0,001**
Tecidos moles 20(38,5) -1,1 66(47,5) 1,1
Fratura múltipla 0(00,0) -1,4 5(3,6) 1,4
Fratura simples 4(7,7) -2,7 35(25,2) 2,7*
Dentoalveolar 28(53,8) 4,2* 31(22,3) -4,2
Cranioencefálico 0(00,0) -0,9 2(1,4) 0,9
Total 52(100,0) 139(100,0)
Gênero
0,604***
Masculino 33(63,5) -0,6 95(68,3) 0,6
Feminino 19(36,5) 0,6 44(31,7) -0,6
Total 52(100,0) 139(100,0)
Período
0,176***
Diurno 8(15,4) -1,4 35(25,2) 1,4
Noturno 44(84,6) 1,4 104(74,8) -1,4
Total 52(100,0) 139(100,0)
* valor residual ajustado > 1,96.
** valor p referente ao teste exato de Fisher.
*** valor p referente ao teste qui-quadrado de Pearson.
7. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1109Discussão
As características epidemiológicas dos eventos de violência podem variar
dependendo dos aspectos demográficos, localização geográfica, aspectos culturais
e condições socioeconômicas da população estudada (BAMJEE et al., 1996). Os
dados exibidos mostram uma predominância dos adolescentes sobre as crianças:
139e52casosrespectivamente.Emoutrosestudos,independentementedosfatores
etiológicos encontrados, essa tendência também foi percebida (CHRCANOVIC
et al., 2004; MONTOVANI et al., 2006; SARMENTO; CAMPOS; SANTOS,
2007; MENEZES et al., 2007). A exposição aos traumas maxilofaciais apresenta
como característica aumento gradual até 18 anos de idade, podendo apresentar
pequenas variações de estudo para estudo. Nesses estudos verifica-se uma
informação importante, pois se percebe que, à medida que houve passagem da
infância para a adolescência, a frequência dos eventos de violência e dos traumas
aumentou. Dessa forma, o envolvimento dos adultos com a violência, seja como
vítima ou agressor, fato apontado e discutido amplamente na literatura, pode
significar um resultado trágico de todas as experiências vivenciadas na infância
e adolescência. Segundo Paula et al. (2008), o fato de crianças e adolescentes
presenciarem algum tipo de violência é fator de risco para doença mental. Para
as crianças, especificamente, considerando a violência doméstica, esse risco é três
vezes maior quando comparada à violência urbana.
Ademais a exposição frequente à violência na infância pode levar a uma
adaptação negativa, causando internalização de problemas como ansiedade,
depressão e baixa auto-estima (SALZINGER et al., 2008). Nesse sentido,
a violência pode ter efeitos diferentes em idades diferentes, e pode também
comprometer a habilidade das vítimas no enfrentamento de desafios durante
a vida, afetando o desenvolvimento da criança do ponto de vista emocional
(MARGOLIN; GORDIS, 2000). Conclusão semelhante foi apontada por
Browne e Winkelman (2007) e Lange et al. (2004): os autores citaram que os
traumas na infância estavam intimamente relacionados ao desajuste psicológico
tardio e aos conflitos em relacionamentos na idade adulta.
No tocante ao gênero, percebem-se nitidamente diferenças no que diz respeito
à vitimização de crianças e adolescentes. As meninas, talvez por serem mais
protegidas, e por apresentarem comportamento menos agressivo, foram menos
8. |CarlosJosédePaulaSilvaetal.|
1110
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
vitimadas.Osmeninos,nosdoisgrupos,forammaioriaentreasvítimas,sugerindo
que estes estão mais expostos aos fatores de risco para os traumas maxilofaciais.
Essa condição é revivida na maioridade, em que o gênero masculino predomina
como vítima e agressor (MONTOVANI et al., 2006; BAMJEE et al., 1996;
CHRCANOVIC et al., 2004; SARMENTO; CAMPOS; SANTOS, 2007;
MENEZES, et al., 2007; MACEDO et al., 2008; GONDOLA et al., 2006;
PORTOLAN; TORRIANI, 2005; FALCÃO; SEGUNDO; SILVEIRA, 2005).
O estudo revela o predomínio da agressão física tanto entre as crianças quanto
entre os adolescentes, com 23 casos (44,2%) e 90 casos (64,7%) respectivamente.
A violência contra crianças e adolescentes é culturalmente aceita em muitos
países, e essa agressão é vista com o propósito disciplinar (LIZUKA et al., 1995).
Em relação às crianças, foi visto um alto índice de vitimização por ATP, com
(34,6%), sendo a segunda causa de traumas para esse grupo. Isso pode remeter
ao descuido com a criança, seja quando acompanhada por um adulto, ou por
deixá-la sob seus próprios cuidados. Entre os adolescentes, observou-se como
segunda causa de trauma os acidentes com AAT (21,6%), o que pode sugerir
que o adolescente, nesses casos, se encontrava acompanhado por adultos que
o expuseram a esse tipo de violência, visto que ainda não apresentava idade
que possibilitasse ser ele o condutor do veículo ou, no extremo, o adolescente
conduzia um veículo sem habilitação.
Informação importante foi a ocorrência do evento de violência decorrente de
AAF (um caso) entre os adolescentes, considerando o poder destrutivo dessas
armas. Esse dado entre adolescentes pode sugerir tanto a exposição da vítima a
esse tipo de violência como a sua participação no ato da violência. Nesse sentido, a
arma de fogo afirma o caráter inequívoco da intencionalidade de matar. Erickson
et al. (2006) concluíram, em estudo desenvolvido em quatro grandes centros
urbanos, Toronto, Amsterdam, Montreal e Filadélfia, que o risco de perpetração ou
vitimização por violência era alto nessas cidades justamente pela utilização de arma
de fogo, principalmente relacionadas com a ação de gangues de adolescentes. Os
autores citam ainda que esse tipo de violência tem-se estendido além das fronteiras
e culturas. O trauma maxilofacial provocado por arma de fogo obedece a uma
escala crescente de severidade quando se observa a idade da vítima: as crianças
são geralmente acometidas de trauma de tecidos moles, enquanto os adolescentes
enfrentam desordens mais severas do complexo facial (GASSNER et al., 2003).
9. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1111A questão da violência infantil tem sido abordada e tratada por leis desde
1948, com a instituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU,
1948), artigos 3 e 5; de 1959, com a elaboração da Declaração Universal dos
Direitos da Criança (DUDC, 1959) princípio 9º; de 1990, pela Convenção sobre
os Direitos da Criança (BRASIL, 1990) (arts. 19.1 e 2, 9, 34, 35, 36, e, 39); e
ainda desde a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) (art. 226). Em
1990, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que passa a vê-los
como sujeitos de direitos, pessoas em condições peculiares de desenvolvimento,
que requerem proteção e prioridade absoluta no nível das políticas públicas. O
ECA oferece estratégias para garantir os direitos da criança e do adolescente,
e propõe medidas de intervenção em relação à família agressora, protegendo a
vítima e estabelecendo a necessidade de prevenção do fenômeno.
Após a criação do ECA, a notificação da violência, ou sua suspeita, passou a
ser obrigatória. No entanto, essa ainda não é a realidade da sociedade brasileira,
seja por medo de envolvimento, seja por proteção do membro agressor, ou por
medo de represálias. Outros fatores encobrem a realidade da violência contra
crianças e adolescentes: ausência de percepção de algumas formas de violência,
culturalmente aceitas, ausência da denúncia da violência doméstica pela família
(disfarce dos casos, nos quais a lesão da criança ou adolescente é, via de regra,
referida a tombos, brigas, acidentes, entre outros). Esses fatores possibilitam o
pacto do silêncio, a tolerância social e a impunidade.
Rodrigues (1999), em estudo sobre crianças e adolescentes atendidos no
Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, ressalta que as equipes
assistenciais não se ocupam das causas da violência contra a criança, e que
ocorrem somente conversas isoladas buscando entender o que realmente se
passou com ela. O autor ressalta que não foram tomadas medidas formais
com relação à violência sofrida pela criança: apenas a assistência social tenta
protegê-la afastando-a do agressor ou indicando um adulto protetor dentro
da residência onde reside. Ressalta ainda que houve deficiência no registro
específico da identificação das situações de violência, e a dificuldade de acesso
aos prontuários. O desconhecimento do ECA foi um fator que contribuiu
para o não envolvimento dos profissionais. O autor conclui que, na realidade
do hospital estudado, a desarticulação entre os profissionais envolvidos no
atendimento às vítimas de violência culminou na dificuldade de identificação
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1112
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
das situações de violência - pela ausência de análise sob múltiplo enfoque - e
na limitação do atendimento, pela inexistência de um trabalho interdisciplinar.
Fato também verificado no presente estudo, pois os livros de registro
consultados apresentavam informações apenas relativas ao período do dia,
à idade da vítima, ao seu gênero, ao tipo de trauma, à etiologia, aos sinais
e sintomas, ao procedimento realizado e à data do atendimento. No Brasil,
parece não haver a compreensão por parte dos profissionais sobre a necessidade
de construção e tratamento de informações com objetivos epidemiológicos.
Ocorrem apenas os registros quantitativos da rotina de atendimentos. Não
foram identificados registros sobre o agressor, sobre a relação do agressor
com a vítima, sobre local onde a violência ocorreu, etc. Dados estes que
poderiam ser úteis na associação entre os traumas e a violência contra crianças
e adolescentes. No âmbito desse trabalho, quanto ao conhecimento ou não do
ECA, nada se pode afirmar, pois isso não foi questionado aos profissionais.
Mas uma inferência pode ser feita: o hospital encontra-se próximo a uma favela
ou “aglomerado”, como são conhecidas em Belo Horizonte, fato que pode
contribuir para o não envolvimento dos profissionais, que poderiam temer
pela própria segurança. O que tem ficado cada vez mais claro é que muitas
vezes no Brasil a violência contra crianças e adolescentes é tratada como algo
privado, recebendo relativa atenção apenas nos casos em que a vítima consegue
clamar por auxílio (DESLANDES, S.F.; ASSIS, S.G.; SANTOS, N.C, 2005).
Uma situação interessante ocorreu nas conversas informais estabelecidas com
os profissionais durante a coleta dos dados. Eles relataram que, muitas vezes,
percebiam que os acompanhantes (sejam familiares ou não) foram os agressores
das vítimas, mas não assumiam esse lugar para o profissional.
No estudo, observando os resultados da distribuição das vítimas quanto aos
tipos de trauma encontrados, concluiu-se que, entre as crianças, os TDA, foram
maioria com 28 casos (53,8%), seguidos pelos casos de TTM: 20 casos (38,5%).
Os adolescentes sofreram em maioria TTM, com 66 casos (47,5%), seguidos pelos
FS: 35 casos (25,26%). Os traumas de tecidos moles são reconhecidos como mais
frequentes em estudos internacionais (BAMJEE, et al., 1996; RAHMAN et al.,
2007; PRIGOZEN et al., 2006). Independentemente da gravidade ou não dos
eventos de violência sofridos, ressalta-se o impacto na experiência de vida e no
desenvolvimento emocional das vítimas, e pior, muitas situações dificilmente se
11. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1113transformam em números, como nos casos de abuso sexual, que podem permanecer
ocultos dentro de uma pseudoproteção ou omissão do núcleo familiar.
Considerando os tipos de traumas sofridos por crianças e adolescentes no
estudo, pode-se levantar a hipótese de que os adolescentes podem ser, nesses casos,
tanto as vítimas como os próprios agressores. Não há a possibilidade de afirmação
pelo fato de os prontuários não contemplarem informações sobre o agressor e o
motivo da violência, o que pode ser apontado como um possível viés do presente
estudo. Outra hipótese é de que a violência pode estar ocorrendo em casa, no
interior das residências. Um aspecto muito relatado pelos profissionais do hospital
onde foram coletadas as informações desse estudo foi o de que muitas vítimas
buscaram atendimento, acompanhados por seus responsáveis. Estes relatavam
que a criança ou o adolescente teria sofrido queda da própria altura. Contudo, ao
se avaliar a extensão das lesões percebia-se que eram desproporcionais, como no
caso das fraturas. Entretanto, não existem mecanismos no serviço para identificar
a veracidade do que é informado pelos responsáveis. Por isso, os profissionais
devem estar atentos para as características das lesões quando as etiologias não
são devidamente identificadas, deve-se observar a possibilidade da existência de
lesões em diferentes estágios de cura, o que pode significar exposição frequente a
eventos de violência (FENTON; BOUQUOT; UNKEL, 2000).
Quando comparados crianças e adolescentes, percebe-se que os adolescentes
apresentaramumpadrãomaisimportantequantoàabrangênciadetiposdetrauma
e de eventos de violência, podendo concluir que esse grupo está mais exposto ao
risco e a um aumento na prevalência dos traumas maxilofaciais, o que pode ser
demonstrado pelos casos de TCE e AAF encontrados exclusivamente entre os
adolescentes. Quanto mais o adolescente for exposto a trajetórias de violência e
agressão física, maior a possibilidade de se envolver em atos delinquentes mais
sérios e comportamento agressivo (NAGIN; TREMBLAY, 2003; VILHENA;
MAIA, 2002), o que pode ser um alerta para o desenvolvimento de políticas.
Estas devem assegurar o desenvolvimento do adolescente em um ambiente que
lhe proporcione segurança e condições de investimento em aspectos positivos da
vida, que lhe renderão possibilidades de construir uma trajetória mais digna para
si e menos danosa para a sociedade.
Os TDA e TTM podem resultar em complicações estéticas e funcionais
afetando física e emocionalmente as vítimas, e isso pode ser potencializado
12. |CarlosJosédePaulaSilvaetal.|
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Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
quando o trauma ocorre nos dentes anteriores (ARAÚJO; VALERA, 1999).
As crianças apresentam uma cicatrização mais rápida dos tecidos, enquanto
nos adolescentes o surgimento de cicatrizações hipertróficas é frequente
(MODOLIN et al., 2006). Esse tipo de cicatrização tecidual resulta da
proliferação exagerada dos tecidos, podendo levar a um comprometimento
estético importante influenciando diretamente na auto-estima das vítimas.
Não foi encontrada no estudo uma grande frequência de fraturas na face de
crianças. Conclusão semelhante foi apontada em outros estudos (ADEKEYE,
1980; ZACHARIADES; PAPAVASSILIOU; KOUMOURA, 1990).
A análise dos dados quanto ao período do dia, mostra que os dois grupos
foram vítimas predominantemente no período noturno. Pode-se supor que as
crianças e os adolescentes do estudo tenham sido agredidos em seus próprios lares
ou foram envolvidos em situações que os expuseram à violência nesse período do
dia. Pode-se considerar que crianças, geralmente, se encontram em casa nesse
período do dia. O fato de terem ocorrido 44 casos (84,6%) de violência a crianças
no período noturno nos leva a pensar na possibilidade destas terem sofrido o
trauma posteriormente à chegada dos pais em casa, o que se configuraria como
violência doméstica, lembrando que, quanto ao evento de violência prevaleceu a
agressão física (44,2%). Ademais, o período noturno coincide muitas vezes com
o horário em que muitos homens chegam alcoolizados a suas residências e usam
de violência contra filhos, esposas ou companheiras (STRON, 1992).
No entanto, não se pode afirmar que a realidade exposta pelos dados se refere
à displicência da família ou à sua agressão contra a criança e o adolescente, pois
o prontuário do hospital não contém informações específicas e essenciais para
essa conclusão, levando à possibilidade de subnotificações. A ocorrência dessas
subnotificações, somada à ausência de dados, comuns em estudos sobre violência,
pode ser apontada como limitação do estudo. Outra limitação é o possível viés de
informação, pois pode haver uma sub-revelação do ocorrido. Isso pode esconder o
fato de que os traumas maxilofaciais em crianças e adolescentes, muitas vezes, são
fruto de violência doméstica. A situação de vulnerabilidade, muitas vezes vivida
pelos pais, leva as crianças e jovens a serem vítimas e agressores em potencial,
vindo futuramente a ocuparem os lugares dos pais na rede de geração e expansão
da violência na sociedade. Essa ideia é compartilhada por outros autores como
Adorno, Lima e Bordini (1999), Cyrulnik (2007) e Ridley (2000). Winnicott
13. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [ 3 ]: 1103-1120, 2011
AviolênciaurbanacontracriançaseadolescentesemBeloHorizonte:umahistóriacontadaatravésdostraumasmaxilofaciais
1115(1987, p.257) afirma que tudo que leva as pessoas aos tribunais (ou hospícios,
tanto importa para o caso) tem o seu equivalente normal na infância, na relação
entre a criança e seu próprio lar. Segundo o autor, caso ocorra a preocupação
materna primária e o pai assuma seu lugar em dar suporte emocional para a mãe,
será criada uma atmosfera de cuidado e proteção à criança que contribuirá para
seu desenvolvimento sadio. Caso contrário, a criança desenvolverá um falso self e
poderá repetir os comportamentos disfuncionais dos pais.
Percebem-se necessários, a partir dos fatos apresentados, uma mudança na
estruturação dos prontuários e um trabalho de conscientização dos profissionais
para que estudos posteriores a este possam traçar um quadro mais fiel da
realidade da violência sofrida por crianças e adolescentes nas cidades brasileiras.
É, portanto, relevante trazer para o espaço de discussão, nas ciências da saúde, as
condições motivadoras dessa violência.
Conclusões
Em conclusão, o predomínio dos casos de agressão física como evento de violência
contra crianças e adolescentes encontrados neste estudo são coincidentes com os
de outros estudos. O perfil da vítima para agressão física também é compatível,
atingindo, em sua maioria, jovens do sexo masculino.Os casos de atropelamento
entre as crianças, apontados no estudo como significativos, bem como a forma mais
prevalente do tipo de trauma, são dados que merecem atenção quanto ao cuidado
dispensado a estas pelos seus cuidadores. Estratégias apropriadas para identificação
dos eventos de violência e a identificação do agressor são necessárias para que
melhor sejam planejados mecanismos de proteção a crianças e adolescentes.
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Nota
1
Este artigo é resultado do trabalho de dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Odonto-
logia da UFMG.
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The urban violence against children and
adolescents in Belo Horizonte: a story told
through the maxillofacial traumas
The maxillofacial traumas resulting from violence against
children and adolescents have physical and psychical impact
on their lives, because of the deformities and the injuries
on their faces. This study aims to identify the prevalence of
maxillofacial traumas in children and adolescents caused
by urban violence in Belo Horizonte, Brazil. The study
was conducted at Hospital Municipal Odilon Behrens,
the primary reference hospital in this type of care in
Belo Horizonte. We collected records of victims attended
between January and December 2007. Among children and
adolescents, the most recurring violence event was physical
aggression, 44,2% and 64.7% respectively. Among children,
the most common type was the dental-alveolar trauma
(53.8%), while among adolescents, soft tissues trauma
(47.5%). The highest number of occurrences was at night,
for both children (84.6%) and adolescents (74.8%). The
most victimized gender was masculine, children (63.5%),
and adolescents (68.3%). Appropriate strategies to indentify
violent events, as well as the aggressor himself, are necessary
for planning better protection mechanisms for children
and adolescents, since the violence suffered by this group
in Brazil, considering the complexity of this stage of life,
takes a gloomy picture, deconstructing their development,
sociability, and undermining the victims’ perspective about
themselves and the world around them.
Key words: maxillofacial traumas, violence, children,
adolescents.
Abstract