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Mais umas achegas sobre a crise


A ditadura e o domínio avassalador do capital financeiro mantêm-se em toda a linha e a
ditar leis à esfera política e ao regime democrático, como se a brutalidade da crise
económica, social e financeira, gerada pelos devaneios da Banca, ganância dos
especuladores e apetite voraz dos grandes grupos económicos – que se guiam segundo
os dogmas do neoliberalismo e o endeusamento dos mercados - não devesse servir de
lição, e obrigasse à rotura de paradigma e modelo de desenvolvimento. Nada disto está
a acontecer, para mal dos povos, massa trabalhadora, micros, pequenos e médios
empresários, outros sectores e estratos sociais menos favorecidos de países periféricos
como Portugal. Volta e meia, bombardeiam-nos com as notações das chamadas
agências de rating e a reacção diária dos mercados financeiros cuja postura se assemelha
a de um bando de mafiosos, para utilizarmos as palavras do insuspeito economista
norte-americano, Paul Krugman (Nobel da Economia). A natureza especulativa e
irracional dos mercados, não obstante a viabilização do Orçamento de Estado para 2011
(acompanhada de encenação mediática entre os partidos do centrão) que aloja duras
medidas de austeridade assimétricas, porque dirigidas, sobretudo, aos estratos sociais de
baixos e médios rendimentos, é tão voraz e insaciável que o actual aperto de cinto ainda
não é suficiente, como também não pára de influenciar a subida permanente das taxas
de juro dos financiamentos externos.
A tragédia da realidade portuguesa e de outros países, está em que a linha dominante
dos governos europeus, quer sejam socialistas ou sociais-democratas (as designações
são mera semântica e na prática falamos do mesmo), ou dos génios da economia que
todos os dias nos entram em casa através das Televisões a defender idênticas posições
com ligeiras nuances (ai! o pluralismo democrático!), apontam invariavelmente para a
receita que conduziu à crise! Cegueira e masoquismo quanto baste!
A defesa insane de cortes salariais num país onde o salário mediano ronda os 700 euros,
reduções nas prestações sociais, desigualdades escandalosas nos sacrifícios infligidos,
desemprego de massas, captura pelo capital financeiro das partes ainda apetecíveis da
economia, liberalização do sistema financeiro … é a saída ortodoxa para a crise.
A defesa de cortes nos salários por parte de alguns senhores bem pensantes com
vencimentos e rendimentos ultramilionários que advogam cortes de 20/30 por cento
(!!!) sob o pretexto de assegurar a produtividade e a competitividade das empresas e
economia, é socialmente insustentável porque os salários já são baixos, e não é com
base neste factor que se ganham quotas de mercado. Foi chão que já deu uvas. A aposta
micro terá que focalizar-se, fundamentalmente, na capacidade de organização e gestão
dos empresários, na mão-de-obra qualificada, na incorporação tecnológica, na
diferenciação do produto, na especialização, nos canais de distribuição, no marketing,
no design, na inovação, na qualidade, etc. E a aposta macro terá que residir no
incremento do aparelho produtivo, na agricultura, nas pescas e numa nova política
industrial. O problema central que enfrentamos, contrariamente ao que parece ser, não é
o défice orçamental. É o elevado e crescente endividamento do país, que em boa parte
se deve ao défice permanente da Balança Comercial Portuguesa. Importamos muito
mais do que exportamos porque assistimos a uma profunda desindustrialização e uma
quebra significativa da produção agrícola e das pescas. Não é com garrote nos
rendimentos de trabalhadores e famílias, e recessão económica que a todos atinge, que
se resolve o problema dos défices neste país à beira-mar plantado.


Francisco Martins
Jornal “Terra Ruiva”, n.º 116, Novembro de 2010

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Crise económica, social e política em Portugal

  • 1. Mais umas achegas sobre a crise A ditadura e o domínio avassalador do capital financeiro mantêm-se em toda a linha e a ditar leis à esfera política e ao regime democrático, como se a brutalidade da crise económica, social e financeira, gerada pelos devaneios da Banca, ganância dos especuladores e apetite voraz dos grandes grupos económicos – que se guiam segundo os dogmas do neoliberalismo e o endeusamento dos mercados - não devesse servir de lição, e obrigasse à rotura de paradigma e modelo de desenvolvimento. Nada disto está a acontecer, para mal dos povos, massa trabalhadora, micros, pequenos e médios empresários, outros sectores e estratos sociais menos favorecidos de países periféricos como Portugal. Volta e meia, bombardeiam-nos com as notações das chamadas agências de rating e a reacção diária dos mercados financeiros cuja postura se assemelha a de um bando de mafiosos, para utilizarmos as palavras do insuspeito economista norte-americano, Paul Krugman (Nobel da Economia). A natureza especulativa e irracional dos mercados, não obstante a viabilização do Orçamento de Estado para 2011 (acompanhada de encenação mediática entre os partidos do centrão) que aloja duras medidas de austeridade assimétricas, porque dirigidas, sobretudo, aos estratos sociais de baixos e médios rendimentos, é tão voraz e insaciável que o actual aperto de cinto ainda não é suficiente, como também não pára de influenciar a subida permanente das taxas de juro dos financiamentos externos. A tragédia da realidade portuguesa e de outros países, está em que a linha dominante dos governos europeus, quer sejam socialistas ou sociais-democratas (as designações são mera semântica e na prática falamos do mesmo), ou dos génios da economia que todos os dias nos entram em casa através das Televisões a defender idênticas posições com ligeiras nuances (ai! o pluralismo democrático!), apontam invariavelmente para a receita que conduziu à crise! Cegueira e masoquismo quanto baste! A defesa insane de cortes salariais num país onde o salário mediano ronda os 700 euros, reduções nas prestações sociais, desigualdades escandalosas nos sacrifícios infligidos, desemprego de massas, captura pelo capital financeiro das partes ainda apetecíveis da economia, liberalização do sistema financeiro … é a saída ortodoxa para a crise. A defesa de cortes nos salários por parte de alguns senhores bem pensantes com vencimentos e rendimentos ultramilionários que advogam cortes de 20/30 por cento (!!!) sob o pretexto de assegurar a produtividade e a competitividade das empresas e economia, é socialmente insustentável porque os salários já são baixos, e não é com
  • 2. base neste factor que se ganham quotas de mercado. Foi chão que já deu uvas. A aposta micro terá que focalizar-se, fundamentalmente, na capacidade de organização e gestão dos empresários, na mão-de-obra qualificada, na incorporação tecnológica, na diferenciação do produto, na especialização, nos canais de distribuição, no marketing, no design, na inovação, na qualidade, etc. E a aposta macro terá que residir no incremento do aparelho produtivo, na agricultura, nas pescas e numa nova política industrial. O problema central que enfrentamos, contrariamente ao que parece ser, não é o défice orçamental. É o elevado e crescente endividamento do país, que em boa parte se deve ao défice permanente da Balança Comercial Portuguesa. Importamos muito mais do que exportamos porque assistimos a uma profunda desindustrialização e uma quebra significativa da produção agrícola e das pescas. Não é com garrote nos rendimentos de trabalhadores e famílias, e recessão económica que a todos atinge, que se resolve o problema dos défices neste país à beira-mar plantado. Francisco Martins Jornal “Terra Ruiva”, n.º 116, Novembro de 2010