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ALUNO: WEBER SILVA CHAGAS
Seminário Teológico Servo de Cristo
Curso: Doutorado em Ministério
Teologia da Missão
A esquecida relevância da devoção na compreensão
e aplicação dos conceitos de missão
São Paulo, Março 2013
Não há como alcançarmos unanimidade ao nos aventurarmos a escrever sobre
qualquer tema, seja ele qual for. Vivemos não somente a era da informação como
também a da opinião. É visto como nobre ter idéias próprias e a norma quase sempre
é divergir. Pensar com a “própria” cabeça, mesmo que não acrescente nada além do
que já existe, invoca uma originalidade imaginária, quase sempre acompanhada de
uma forte dose de arrogância. Nesse contexto, encontramos crianças discutindo com
os pais sobre a melhor maneira de educar filhos e adolescentes que deixaram de lado a
famigerada forma de “rebeldia teen”, marcada por caras emburradas e bate-bocas,
para expressá-la de outra maneira: emitindo opiniões. Assim, todos têm uma opinião
para dar, a despeito da sensatez ou qualquer outro quesito que indique relevância, da
criança ao idoso-antenado; do adolescente pós-graduado em Google ao adulto que se
sente oprimido se não tiver algo a dizer baseado na última pesquisa de qualquer
universidade americana, o que querem mesmo é opinar. Essa tendência coloca a
relevância no campo das novidades e nos obriga a ouvir freqüentemente enormes
tolices, tudo em nome da opinião. O maior ônus desse comportamento são os rótulos
gerados: retrógrado; ultrapassado; fora do tempo... Infelizmente, a teologia não é um
território protegido dessa sede por originalidade, mesmo que em nome da tal se mexa
em marcos irremovíveis da fé.
Não pretendo ser original nesse artigo. Ainda me encanta os caminhos antigos.
Além disso, não me amedronta respeitá-los, mesmo sob as ameaças dos paradigmas
pós-modernos do pensamento, dos ismos que eles representam (pluralismo,
materialismo, relativismo e narcisismo)1
e das suas possíveis influências sobre a
maneira de se fazer teologia ou modelar o pensamento cristão desse tempo. Mesmo
porque, nem todo pensamento que traz a chancela teológica ou que é produzido por
teólogos pode ser chamado de cristão. Como bem disse Harry Blamires em a Mente
Cristã: ...nossos bispos e clérigos, às vezes, estão tão famintos de teologia que
aceitam um pensamento aguçado, porém secular, sobre assuntos cristãos. Os
estudiosos, entre eles professores, bispos e deaõs, produzem muitos livros que
revelam grande conhecimento de História e de línguas2
. E mais, continua Blamires: A
mente cristã sucumbiu diante das tendências seculares com um grau de fraqueza e
falta de caráter que não tem igual na história do Cristianismo [...]. Como ser
pensante o cristão moderno tem sucumbido diante da secularização.
Certamente, toda essa incurável tendência à secularização no exercício do
pensamento, acaba por produzir linhas variadas de idéias que passam longe de uma
tábua de referências cristãs, causando lentamente uma desertificação da igreja, e
inibindo tanto o surgimento quanto o desenvolvimento de pensadores que transitem
pelo Reino de Deus despertando reflexões relevantes e provocando diálogos
motivadores sobre os mais variados temas da agenda divina.
Mesmo sabendo que “o pensador cristão” é um artigo de luxo3
na sociedade
ocidental, assim como é difícil encontrar uma fruta de qualidade perdida no meio das
xepas de fim de feira, imagino que vale a pena ser confundido com um tomate podre
por alguém faminto que o levará para casa. Ortega y Gasset observaram: Pensar é
exagerar, quer você queira, quer não. Se você prefere não exagerar, precisa
permanecer calado, ou melhor, você precisa paralisar seu intelecto e encontrar
algum modo de se tornar um idiota4
. Portanto, se você entender que eu fui exagerado
nas minhas defesas ou observações, considere que é para não parecer que paralisei a
minha própria consciência. Vou tentar seguir o conselho do apóstolo Pedro: Se
alguém fala, fale segundo os oráculos de Deus5
. Nesse sentido, vou procurar ser o
mais bíblico possível, extraindo desse compromisso observações e provocações.
Que desafio! Pensar e falar parecem estar conectados um ao outro, todavia,
ouvimos sempre de alguém que “falou sem pensar” - enquanto eu luto na maior parte
do tempo para pensar sem falar. Acredito que é exatamente isso que o apóstolo Pedro
quis dizer com o “falar de acordo com os oráculos de Deus”: verbalizar o pensamento
sob uma sagrada inspiração divina. Em linguagem bem coloquial: se não tivermos
algo que seja realmente relevante e inspirado para dizer, devemos ficar de boca bem
fechada.
Francesc Torralba cita Ludwig Wittgenstein em seu diário filosófico, que
obedecendo a norma culta da academia, e levando a sério a exortação de Pedro,
afirma: Que sei sobre Deus e sobre a finalidade da vida? Sei que este mundo existe.
Que estou situado nele como meu olho está no campo visual. Que existe nele algo
problemático que chamamos seu sentido. Que a vida é o mundo. Que minha vontade
penetra o mundo. Que minha vontade é boa ou má. Que o bem e o mal dependem,
portanto, de algum sentido do mundo (...) pensar no sentido da vida é orar6
.
Orar ajuda a pensar e modela o falar. Orar ajuda a perceber os mistérios
indefiníveis à nossa volta. Orar é a melhor maneira de modelar o pensamento dentro
das fronteiras cristãs e proteger-se da necessidade de emitir opinião. Talvez isto
ficasse melhor dito se estendêssemos a idéia para o amplo campo da devoção e da
piedade, acrescentando à oração, o exame cuidadoso das Escrituras e uma demorada
meditação em algumas de suas afirmações, que dado o seu tamanho e riquezas,
demoraríamos a vida inteira para explorar apenas uma pequena extensão da sua
exposição. É o caso do tema: missão.
O ELO PERDIDO DA MISSÃO
Sob qualquer aspecto da teologia, pensar acompanhado é bem melhor do que
pensar sozinho. Sinceramente, tenho tentado pensar acompanhado de inúmeros e
célebres missiólogos, e movido pelo profundo desejo de servir aos propósitos eternos
de Deus junto ao seu povo, cavo aqui e ali nesse rico canteiro. E como aprendo!
Como sou encorajado a pensar sob ênfases ainda encobertas ao meu conhecimento!
Poderia fazer uma lista de nomes bem conhecidos, cristãos piedosos que vêm
mentoriando o meu coração, ajudando-me a edificar toda uma expressão a respeito da
missão da Igreja. Humildemente, no entanto, sinto falta de um capítulo especial em
cada uma de suas produções e abordagens, algumas indispensáveis ao estudo
acadêmico. Esta sensação se repete livro após livro, obra após obra. Sinto falta de
uma análise sobre a importância da devoção no cumprimento da missão. E não é
apenas na esfera da academia que estamos nos esquecendo desse “detalhe”, na da
igreja local também.
Se a missio Dei é o parâmetro fundamental para os esforços de comunicação
oral e vivencial do Evangelho de Cristo; se o que se crê é que cada crente regenerado
está comissionado e encarregado de servir aos propósitos eternos de Deus junto aos
homens, devoção deveria ser o tema para o primeiro capítulo de toda e qualquer obra
no campo da missiologia. Pois, se a missão é de Deus, então ela não pode ser feita
apenas na força e determinação da compreensão pessoal, do planejamento ou com a
ajuda de qualquer outra ferramenta que carregue a marca da falibilidade humana.
Jesus falou sério quando disse: Sem mim nada podeis fazer. Mas, não me surpreende
que a devoção não seja um tema relevante para uma maioria, que mesmo sem notar,
pensa e escreve sob a tutela da secularização, me dando a clara sensação de um certo
desprezo aos oráculos de Deus. John Stott, num arroubo ou quem sabe até num
desabafo a respeito dessa incurável tendência ao secularismo, nesse caso em
particular, na área da pregação, disse: Mas se os seres humanos estão de fato cegos,
espiritual e moralmente, surdos, mudos, mancos e até mortos e, ainda, prisioneiros de
Satanás, é extremamente ridículo supor que, por conta própria e com nossa pregação
meramente humana, poderemos alcançar ou resgatar pessoas em condições
lastimável.7
Outra possível razão quanto ao esquecimento da íntima relação entre devoção
e missão, é o medo de se estar ressuscitando uma espiritualidade medieval, que dada a
tendência mencionada anteriormente, é considerada ultrapassada, e que para alguns,
equivocadamente, sugere uma relação entre devocionalidade e ócio. Portanto, como a
seara é grande e há muito trabalho a ser feito, acabam por achar que uma ênfase
devocional que apele à oração, ao jejum, meditação e contemplação, poderia criar um
exército de super soldados de braços cruzados.
Esse não é um exaustivo trabalho sobre a incompreensível tensão entre missão
e devoção. Todavia, basta um olhar nas Escrituras e na história, ainda que desatento,
para sermos não somente convencidos da necessidade de rasgarmos o coração diante
do Deus que comissiona, mas também sermos quebrantados e libertos da incurável
mania de acharmos que temos algo a contribuir para o enorme trabalho na seara do
perfeito agricultor.
Jesus, o missionário por excelência, ensinou que diante dos desafios impostos
pela própria seara, deveríamos orar ao Senhor dela. Isto porque, os desafios que
envolvem a missão não tocam questões naturais, mas sobrenaturais. Não é como se
estivéssemos a avaliar currículos ou fazer cálculos estimados. Tudo que toca a vida
não é mecânico nem previsível. Parece que jamais vamos vencer o paradigma
iluminista de enxergar tudo como se fosse uma máquina. Vida, fé, salvação, são
apenas alguns dos elementos integrados à missão e todos estão na esfera do mistério,
do insondável, do imprognosticável e imprevisível. Nesse território temos que entrar
de joelhos.
Os argumentos endossantes do esquecimento indesculpável da dependência da
oração, apelam para a urgência: “Há muito que se fazer e poucos com quem se possa
contar”. “Gente faminta de toda espécie de alimento (natural e espiritual) não pode
esperar”. Este inegável apelo ao ativismo programável, parece ser resultado de outro
paradigma, o da produção, que também já deveria ter ficado arrumado na estante da
história, depois que Mc Gravan e suas teorias pragmáticas sobre crescimento de
igreja8
perderam força e relevância, especialmente para uma época em que as pessoas
querem enxergar na igreja, gente capaz de expor e viver com visível piedade os
mistérios de Deus. A busca é por devocionalidade profunda e não por sistemas que
formatem a Igreja como um conglomerado empresarial e reduzam a missão a uma
breve declaração de propósito. O modelo pastoral-missionário na Bíblia é Cristo e não
um dos executivos de wall street ou da Avenida Paulista.
A oração e o exame cuidadoso das Escrituras (o único documento divinamente
inspirado para o exercício da missão), diante dos modelos sedutores do mundo
corporativo, passaram a ser consideradas como práticas fora de lugar no
desenvolvimento histórico das ações missionárias; uma espécie de prática destoante
da moda, que na cabeça de alguns, fica muito bem condicionada ao paradigma
medieval de missão. Só nos esquecemos que ninguém é afetado pela mensagem
cristã, seja ao nível da proclamação ou da ação, se o Espírito Santo não convencer. A
defesa de qualquer causa coerente com o Evangelho, como: a defesa dos fracos; o
socorro às minorias oprimidas; ou a denúncia de qualquer sistema social opressivo,
estão também sob o comando do Espírito, e o mover do Espírito é incontrolável e
“implanejável”, porque como bem disse Jesus: o Espírito sopra onde quer. Com isso
não estou sugerindo que abandonemos a construção de planos e estratégias, mas que
tenhamos a sensatez de não colocarmos nossa confiança neles. Na verdade, seria bom
que o planejamento fosse feito de Bíblia aberta e mãos espalmadas.
Este aspecto sobrenatural da missão, deveria nos estimular a depender mais de
atos da fé, expressos na solidão secreta dos nossos aposentos, do que da refinada
organização que insiste em trancar a sobrenaturalidade que envolve a
operacionalidade missionária, do lado de fora das considerações teológicas, tratando a
devoção como uma espécie de elemento fanatizante.
Podemos interpretar missão motivados por diferentes olhares, mas não
podemos achar que conseguiremos saborear o fruto divino sem uma expressa e
consagrada devoção. Pois, a seara é bem maior do que imaginamos, e apenas o
Senhor da seara domina o seu modus operandis.
Henri Nowen diagnosticou muito bem as tendências humanas na nossa
sociedade (a grande seara) e mostrou as dimensões do nosso desafio, afirmando que
ela parece cada vez mais cheia de pessoas temerosas, defensivas e agressivas,
agarrando-se ansiosamente às suas propriedades, inclinadas a olhar ao redor com
suspeitas, sempre à espera de que um inimigo apareça e cause algum dano. Mesmo
assim, essa é nossa vocação: converter o hostis em hospes, o inimigo em convidado,
e criar o espaço livre e sem medo, no qual a irmandade pode formar-se e ser
experimentada em sua plenitude9
. Nesse ambiente, qualquer aproximação é
interpretada como invasão, e os cristãos, vistos como uma grande ameaça. Sejamos
humildes para reconhecermos que Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham
os que a edificam10
. Precisamos desesperadamente de uma revisão operacional das
ações missionárias, sob a pena de cooperarmos mais para o recrudescimento das
resistências ao Evangelho do que com a sua proclamação.
O que nos leva a crer que poderemos vencer a relutância do outro com boa
intenção e um bem desenvolvido plano de ação? A missão precisará sempre contar
com o fator sobrenatural, e este sempre surgiu quando os seus comissionados
clamaram por ajuda e intervenção, ou seja, incluíram “ingenuamente” a oração no
roteiro das ações missionárias. Mesmo que consideremos que o grande objetivo da
missão não seja a conversão do outro e que inclua outros detalhes, como: diálogo
interreligioso, ação político-governamental, participação em comissões de mediação
de conflitos, defesa dos direitos humanos ou iniciativas de proteção do meio-
ambiente, qualquer um que não cair de joelhos cometerá o mais fundamental de todos
os erros.
Eu não estou levantando a suspeita de que gente engajada “profissionalmente”
na missão não ora, estuda e medita nas Escrituras. O que estou ressaltando é que toda
teologia da missão que não considerar a devoção, por mais relevante que seja o
diálogo que se faça com outras ciências - como a psicologia, a sociologia e as diversas
ciências sociais -, sem devoção o diálogo será sempre infrutífero e incompleto. Pois,
passará a idéia de que a hostilidade do mundo à Cristo e aos seus ensinos, pode ser
enfrentada com argumentos inteligentes, ações caritativas ou uma boa leitura histórica
da evolução (ou seria involução?) dos processos interpretativos da missão.
EXTREMOS IMPRÓPRIOS
A história da criação em Genesis 1 e 2, deixa claramente revelada a imagem
do Deus que faz. É Ele quem atua e intervém. Foi assim em meio ao ato gracioso de
trazer unidade e ordem ao caos inicial. A cena que antecede à de Deus atuando
através dos seus atos criadores no Gênesis, foi escrita por João no seu primeiro
capítulo, ao descrever a divindade como uma comunidade de ação, afirmando que no
princípio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus11
. Esta coerente
apresentação de Jesus inserida na história da criação, apresenta-nos o Senhor como
aquele que faz. Ele está em missão, e todos aqueles gerados por seu ato redentor na
cruz, também fazem parte dessa comunidade missionária, a comunidade do “verbo”,
eleita e vocacionada para colher a seara madura.
Essa vocação é tão forte e evidente, que as vezes confundimos os papéis: ao
invés de submetermo-nos ao Deus que faz, queremos fazer apesar dele. Tal tendência
pode nos colocar num extremo muito perigoso: o de acharmos que missão é uma
tarefa de controle e operação da comunidade. Vamos definitivamente entender uma
coisa: é sempre Deus quem faz. Qualquer outra abordagem e interpretação é temerosa
e passível de correção.
A postura para com a oração e os atos devocionais secretos no exercício da
missão, tem a ver como se enxerga essa questão bíblica. Os que acreditam que missão
é uma cadeira que envolve apenas o estudo do comportamento religioso na história,
farão uma linha cronológica e estudarão as tendências, comportamentos e posturas
para com a ação missionária dentro de um determinado período de tempo; os que a
vêem como a percepção da operação divina na busca pelo homem em todo lugar,
independentemente de raça ou qualquer outro parâmetro, e os redimidos por Cristo
como seus cooperadores, estes dependerão mais da oração e da devocionalidade. Mas,
o perigo dos extremos está sempre presente: seja na ênfase absoluta no planejamento
e na reflexão que deságua numa fria operação de conquista religiosa; ou na total
ausência de ação para com uma humanidade moribunda, ignorando o vale de
profunda dor no qual ela se encontra, para se refugiar numa espécie de devoção
escapista, sugerindo que nada precisa ser feito a não ser orar. Sinceramente, nem uma
coisa nem outra.
Adoraria poder enxergar uma sincera dependência de Deus e ouvir sobre a
lembrança de que a primeira coisa a se fazer, seja lá como for que entendamos a
missão da Igreja, é orar ao invés do usual e popular “deixa-com-a-gente”. Tenho
dialogado informalmente com um grande número de colegas que já me declararam
terem medo de que as necessidades sejam desprezadas e substituídas pela passividade
de um gênero de oração que paralisa. Eu não me refiro a isso. Refiro-me a voltarmos
e avaliarmos a maneira, mesmo rudimentar, dos apóstolos cumprirem o mandato
divino. Consultar e examinar as origens poderia nos ajudar a encontrar o norte.
O NASCEDOURO DA AÇÃO MISSIONÁRIA APOSTÓLICA
Quando Jesus foi assunto aos céus, a única certeza que os crentes tinham era
de que deveriam fazer discípulos de todas as nações. Fundamentalmente, ensinar era
preciso, e o modelo de Jesus era: proclamando com a boca e a vida, pregando e
atuando para a Glória de Deus. Nessa altura, ninguém sabia nada, nem tinha um plano
mirabolante para cobrir o mundo com o Evangelho. Tiveram que aguardar e orar. A
resposta veio pelas vias da perseguição, do sangue derramado dos primeiros mártires
e da dispersão de uma boa parcela da comunidade de Jerusalém (At 8:1-8). Assim, da
forma menos previsível, deu-se o primeiro impulso missionário da era cristã. O sinal
foi a intolerância e a violência. Estaria Deus utilizando hoje da mesma estratégia? Se
sim, quais seriam os sinais orientadores presentes na sociedade? A Igreja está atenta
para os diferentes comportamentos e diferentes reações do mundo para com a
mensagem da cruz? Não creio que sim, nem creio que os apóstolos conseguiram
avaliar missão sob este ponto de vista. Mesmo assim, eles reagiram.
O Evangelho chega em Antioquia, é ali onde pela primeira vez os discípulos
são chamados de “cristãos”12
. Formou-se uma igreja de judeus helenistas convertidos:
gente desintoxicada da idéia judaica de que as nações deveriam vir à Israel para
contemplar a glória de Deus; gente que estava acostumada a ir, e agora tinham como
motivo a ordem de Jesus. Nasce a primeira igreja missionária com judeus
discriminados, judeus que eram considerados de “segunda classe”, talvez para mostrar
que Deus ainda continua a escolher as coisas fracas e a propor caminhos improváveis.
Lucas nos informa em Atos 13, que ali formou-se uma notável liderança,
composta de pessoas cujos dons eram reconhecidos. Profetas e mestres destacavam-se
entre os demais. Estes responsáveis líderes reuniam-se para orar e jejuar,
demonstrando possuir uma sensibilidade incomum. Parecia ser uma prática regular, o
que deveria funcionar para nós como um paradigma inflexível da missão. Foi nessa
incubadora aquecida pela devoção que os primeiros missionários da era apostólica
foram gerados, homens que mais tarde seriam rotulados em Tessalônica como: estes
que abalaram o mundo13
. Pode parecer ingenuidade infantil, mas eu creio na
eficiência do processo devocional desenvolvido em Antioquia e estabelecido pelos
apóstolos na proto-comunidade em Jerusalém, quando ordenaram os primeiros
diáconos, com o fim de dedicarem-se à oração e ao ministério da Palavra14
. Eu creio
nesse processo simples e é disso que sinto falta nos relevantes trabalhos acadêmicos
da teologia de missão: oração.
Sinceramente, não sei de onde vem o medo de abraçar as vias práticas da fé e
definitivamente rendermo-nos ao caráter sobrenatural da missão. Será porque soa
anti-intelectual? Será porque parece ser simples demais? Seja porque for, o fato é que
temos mergulhado numa aridez preocupante, e tudo que traz o rótulo “missionário”
vem se transformado em esforço individual ao invés de comunitário. Não seria
oportuno juntarmos aos nossos bem preparados gráficos e estudos antropológicos, um
pouco mais de oração e observação? O mundo muda e mudará, mas consideremos que
as necessidades humanas são as mesmas e que pessoas continuam a sofrer pelas
mesmas razões desde sempre.
A DEPENDÊNCIA SOBRENATURAL DOS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS
Olhando o livro de Atos, o único documento histórico inspirado para
compreendermos a operação apostólica na missão, temos a nítida impressão de que
ninguém sabia ao certo o que fazer. Sob a comissão de sair pelo mundo fazendo
discípulos de todas as nações, seria natural vê-los com um cajado nas mãos e um par
de sandálias nos pés, prontos para seguir, no entanto, até a primeira viagem de Paulo,
não havia qualquer tentativa de organização para cumprir a ordem de Jesus. Parece-
me que a resolução dos apóstolos em Atos 6:3, 4, foi mais uma reação do que uma
tentativa consciente de prover a comunidade de alguma organização. Mas, é inegável
que tomaram a decisão de ordenar diáconos, para que pudessem consagrar-se à oração
e ao ministério da palavra (At 6:4). Esta defesa da devoção deveria funcionar para nós
como um paradigma inviolável da missão, mesmo porque, a decisão de defender tal
propósito de consagração, resultou num crescimento da palavra de Deus, numa
multiplicação do número dos discípulos, incluindo entre estes os menos prováveis
como os sacerdotes (At 6:7).
Esta decisão apostólica de priorizar a devoção, abriu caminho para os
desdobramentos que sucederam, inclusive para que o Evangelho se deslocasse do eixo
sul para o norte de Israel, chegando em Samaria, sob a instrumentalidade de um dos
diáconos ordenados naquele primeiro grupo de supostos líderes locais em Jerusalém,
Filipe (Atos 8:4-8). Sugiro que pensem que a devoção apostólica foi usada por Deus
tanto para proteger a primeira comunidade quanto para expandi-la. Deveríamos olhar
para esse fato como uma verdadeira manifestação da graça divina entre homens
inexperientes e pouco preparados para criarem um plano missionário eficiente.
Mesmo assim, não me parece que eles tenham cometido um erro ou que tenham
exagerado na dose. Eles nos mostraram que quando não sabemos ao certo o que fazer,
o que é a regra na maior parte do tempo, devemos reunir os que têm o poder de
decisão e orarmos.
Falando a aproximadamente 600 clérigos em Londres, em 1979 – disse John
Stott em Eu creio na pregação – Billy Graham disse que se voltasse à estaca zero no
ministério faria duas mudanças. Os ouvintes pareciam assustados. O que ele queria
dizer? Primeiro, continuou, estudaria três vezes mais do que fizera. Aceitaria menos
convites para pregar. “Preguei demais”, disse ele, “e estudei insuficientemente”. A
segunda mudança é que dedicaria mais tempo à oração15
. Estou certo de que uma
coisa é ouvir isto de mim, um ilustre desconhecido que jamais reclamou do seu
anonimato e que já vai adentrado em três décadas de operação pastoral, outra coisa é
ouvir isto do maior evangelista do século XX. Entretanto, não me parece que ele
tenha dito nada de incomum. Grande parte dos que estão empenhados em cumprir a
missão, sentem-se devedores no âmbito da devoção. Há pouca ou nenhuma
mobilização consciente, quer da igreja ou dos pastores, semelhante aquela que os
apóstolos tiveram, para protegerem o tempo de oração e exame cuidadoso da Palavra.
Todos parecem ter um bom plano. Em linguagem bem simples e direta, sobram
palavras, idéias, opiniões e cafeína em qualquer reunião de qualquer junta
missionária, ao passo que falta um tom sábio e humilde que sugira as vias da devoção.
O resultado é o aumento da irrelevância, seja lá a definição de missão que cada um
carrega consigo.
Tenho ouvido uma infinidade de teorias que tentam apontar as causas dessa
postura irrelevante da Igreja para o cumprimento da suprema ordem de ser sal da
terra. Entre as mais relevantes estão: as que apontam para a crise de integridade pela
qual passa a liderança cristã; as que ressaltam a ausência de compaixão pelos
excluídos; e as que enfatizam a surdez da igreja aos gemidos atordoantes dos
esquecidos. Mas, não seria tudo isso resultado de uma pregação, ou que seja de uma
operação eclesial, que não torna Deus conhecido? Pois, ausência de integridade, de
compaixão e de sensibilidade missional, são frutos de um abandono das vias
devocionais, da prática cristã de encontrar-se secretamente com o Pai. A verdade é
que estamos pagando muito caro por estas posturas pouco inteligentes.
Mike Breen, um britânico que vive nos EUA, onde lidera o 3DM, um
movimento de discipulado bíblico, em artigo intitulado Obituary for the American
Church [Obituário da igreja americana], publicado na revista americana Mission
Frontiers e mencionado na revista Ultimato (Março-Abril / 2013), revela que os
cânceres que comem a relevância da igreja naquele país são: a sede de pastores por
tornarem-se célebres; o desejo desenfreado por consumo religioso e a competição
entre igrejas. Se mal pergunte, esses sonhos vazios e posturas carnais são alimentados
por quê? Não é por um mundo sem Deus, vazio e distante da Verdade? Mas, por que
uma Igreja atrela seu vagão a uma composição reconhecidamente decaída? Por que a
sedução mundana e pragmática exerce tamanho fascínio sobre aqueles que
supostamente foram alcançados pela louca mensagem da cruz, que por si mesma
argumenta contra a sede de poder, o consumismo e a competição?
Ainda não vimos tudo que o pragmatismo religioso e a total ausência de
devoção pode causar à Igreja. Mas, toda esta desorientação para com a missão e este
violento desfiguramento do Cristianismo, deveriam ser o bastante para voltarmos a
ocupar o espaço vazio dos nossos quartos secretos. Enxergaríamos com mais nitidez
os sinais presentes na nossa geração, ocuparíamos espaços, passaríamos a ouvir os
gemidos dos fracos e anunciaríamos o Evangelho com maior sensibilidade, se
déssemos à devoção o mesmo valor que os apóstolos. Para os que pensam que tudo é
missão, nada fariam, nem mesmo servir às mesas, sem oração; para os que acreditam
que a missão resume-se à proclamação, não ousariam sequer abrir a Bíblia quanto
mais subir ao púlpito sem suplicar a graça divina antes de cada oportunidade.
Como disse no início, não tive, como ainda continuo não tendo, a pretensão de
ser original. Sei que apontar para a devoção como sendo a porta de entrada para o
exercício vocacional de todo e qualquer ministério, parece ser irrelevante, mas em
tempos de esquecimento espiritual, ameaças secularizantes e agressividade liberal, faz
bem voltar ao início. Mesmo porque, como já dizia os nossas avós: precaução e canja
de galinha não fazem mal a ninguém.
Bibliografia
1. Stott, JOHN – O discípulo Radical – 2011, Viçosa, MG, Ed. Ultimato
2. BLAMIRES, Harry – A mente Cristã – 2006, São Paulo – SP, SHEDD PUBLICAÇÕES
3. BLAMIRES, Harry – A mente Cristã – 2006, São Paulo – SP, SHEDD PUBLICAÇÕES
4. TORRALBA, Francesc – Inteligência Espiritual – 2012, Petrópolis – RJ, Editora Vozes
5. 1 Pedro 4:11
6. TORRALBA, Francesc – Inteligência Espiritual – 2012, Petrópolis-RJ, Editora Vozes
7. STOTT, John – Eu creio na pregação – 2003, São Paulo-SP, Editora Vida
8. McGravan – Principal personagem de um movimento que ficou conhecido como CRESCIMENTO
DE IGREJAS, cujos trabalhos foram desenvolvidos no Fuller Theological Seminary, e que foram
divulgados pelos escritos do Dr. Peter Wagner. Longe de ser uma unanimidade o Movimento de
Crescimento das Igrejas tem sido duramente criticado por seu pragmatismo, ou seja, os fins justificam
os meios na busca pelos resultados. Fonte: www.lideranca.org
9. NOWEN, Henri – Crescer, os três movimentos da vida espiritual – 2011, São Paulo-SP, Paulinas
10. Salmos 127:1
11. João 1:1-3
12. Atos 11:26
13. Atos Atos 17:6
14. Atos 6:3, 4
15. STOTT, John – Eu creio na pregação – 2003, São Paulo-SP, Editora Vida

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A esquecida relevância da devoção na compreensão e aplicação dos conceitos de missão

  • 1. ALUNO: WEBER SILVA CHAGAS Seminário Teológico Servo de Cristo Curso: Doutorado em Ministério Teologia da Missão A esquecida relevância da devoção na compreensão e aplicação dos conceitos de missão São Paulo, Março 2013
  • 2. Não há como alcançarmos unanimidade ao nos aventurarmos a escrever sobre qualquer tema, seja ele qual for. Vivemos não somente a era da informação como também a da opinião. É visto como nobre ter idéias próprias e a norma quase sempre é divergir. Pensar com a “própria” cabeça, mesmo que não acrescente nada além do que já existe, invoca uma originalidade imaginária, quase sempre acompanhada de uma forte dose de arrogância. Nesse contexto, encontramos crianças discutindo com os pais sobre a melhor maneira de educar filhos e adolescentes que deixaram de lado a famigerada forma de “rebeldia teen”, marcada por caras emburradas e bate-bocas, para expressá-la de outra maneira: emitindo opiniões. Assim, todos têm uma opinião para dar, a despeito da sensatez ou qualquer outro quesito que indique relevância, da criança ao idoso-antenado; do adolescente pós-graduado em Google ao adulto que se sente oprimido se não tiver algo a dizer baseado na última pesquisa de qualquer universidade americana, o que querem mesmo é opinar. Essa tendência coloca a relevância no campo das novidades e nos obriga a ouvir freqüentemente enormes tolices, tudo em nome da opinião. O maior ônus desse comportamento são os rótulos gerados: retrógrado; ultrapassado; fora do tempo... Infelizmente, a teologia não é um território protegido dessa sede por originalidade, mesmo que em nome da tal se mexa em marcos irremovíveis da fé. Não pretendo ser original nesse artigo. Ainda me encanta os caminhos antigos. Além disso, não me amedronta respeitá-los, mesmo sob as ameaças dos paradigmas pós-modernos do pensamento, dos ismos que eles representam (pluralismo, materialismo, relativismo e narcisismo)1 e das suas possíveis influências sobre a maneira de se fazer teologia ou modelar o pensamento cristão desse tempo. Mesmo porque, nem todo pensamento que traz a chancela teológica ou que é produzido por teólogos pode ser chamado de cristão. Como bem disse Harry Blamires em a Mente
  • 3. Cristã: ...nossos bispos e clérigos, às vezes, estão tão famintos de teologia que aceitam um pensamento aguçado, porém secular, sobre assuntos cristãos. Os estudiosos, entre eles professores, bispos e deaõs, produzem muitos livros que revelam grande conhecimento de História e de línguas2 . E mais, continua Blamires: A mente cristã sucumbiu diante das tendências seculares com um grau de fraqueza e falta de caráter que não tem igual na história do Cristianismo [...]. Como ser pensante o cristão moderno tem sucumbido diante da secularização. Certamente, toda essa incurável tendência à secularização no exercício do pensamento, acaba por produzir linhas variadas de idéias que passam longe de uma tábua de referências cristãs, causando lentamente uma desertificação da igreja, e inibindo tanto o surgimento quanto o desenvolvimento de pensadores que transitem pelo Reino de Deus despertando reflexões relevantes e provocando diálogos motivadores sobre os mais variados temas da agenda divina. Mesmo sabendo que “o pensador cristão” é um artigo de luxo3 na sociedade ocidental, assim como é difícil encontrar uma fruta de qualidade perdida no meio das xepas de fim de feira, imagino que vale a pena ser confundido com um tomate podre por alguém faminto que o levará para casa. Ortega y Gasset observaram: Pensar é exagerar, quer você queira, quer não. Se você prefere não exagerar, precisa permanecer calado, ou melhor, você precisa paralisar seu intelecto e encontrar algum modo de se tornar um idiota4 . Portanto, se você entender que eu fui exagerado nas minhas defesas ou observações, considere que é para não parecer que paralisei a minha própria consciência. Vou tentar seguir o conselho do apóstolo Pedro: Se alguém fala, fale segundo os oráculos de Deus5 . Nesse sentido, vou procurar ser o mais bíblico possível, extraindo desse compromisso observações e provocações.
  • 4. Que desafio! Pensar e falar parecem estar conectados um ao outro, todavia, ouvimos sempre de alguém que “falou sem pensar” - enquanto eu luto na maior parte do tempo para pensar sem falar. Acredito que é exatamente isso que o apóstolo Pedro quis dizer com o “falar de acordo com os oráculos de Deus”: verbalizar o pensamento sob uma sagrada inspiração divina. Em linguagem bem coloquial: se não tivermos algo que seja realmente relevante e inspirado para dizer, devemos ficar de boca bem fechada. Francesc Torralba cita Ludwig Wittgenstein em seu diário filosófico, que obedecendo a norma culta da academia, e levando a sério a exortação de Pedro, afirma: Que sei sobre Deus e sobre a finalidade da vida? Sei que este mundo existe. Que estou situado nele como meu olho está no campo visual. Que existe nele algo problemático que chamamos seu sentido. Que a vida é o mundo. Que minha vontade penetra o mundo. Que minha vontade é boa ou má. Que o bem e o mal dependem, portanto, de algum sentido do mundo (...) pensar no sentido da vida é orar6 . Orar ajuda a pensar e modela o falar. Orar ajuda a perceber os mistérios indefiníveis à nossa volta. Orar é a melhor maneira de modelar o pensamento dentro das fronteiras cristãs e proteger-se da necessidade de emitir opinião. Talvez isto ficasse melhor dito se estendêssemos a idéia para o amplo campo da devoção e da piedade, acrescentando à oração, o exame cuidadoso das Escrituras e uma demorada meditação em algumas de suas afirmações, que dado o seu tamanho e riquezas, demoraríamos a vida inteira para explorar apenas uma pequena extensão da sua exposição. É o caso do tema: missão. O ELO PERDIDO DA MISSÃO
  • 5. Sob qualquer aspecto da teologia, pensar acompanhado é bem melhor do que pensar sozinho. Sinceramente, tenho tentado pensar acompanhado de inúmeros e célebres missiólogos, e movido pelo profundo desejo de servir aos propósitos eternos de Deus junto ao seu povo, cavo aqui e ali nesse rico canteiro. E como aprendo! Como sou encorajado a pensar sob ênfases ainda encobertas ao meu conhecimento! Poderia fazer uma lista de nomes bem conhecidos, cristãos piedosos que vêm mentoriando o meu coração, ajudando-me a edificar toda uma expressão a respeito da missão da Igreja. Humildemente, no entanto, sinto falta de um capítulo especial em cada uma de suas produções e abordagens, algumas indispensáveis ao estudo acadêmico. Esta sensação se repete livro após livro, obra após obra. Sinto falta de uma análise sobre a importância da devoção no cumprimento da missão. E não é apenas na esfera da academia que estamos nos esquecendo desse “detalhe”, na da igreja local também. Se a missio Dei é o parâmetro fundamental para os esforços de comunicação oral e vivencial do Evangelho de Cristo; se o que se crê é que cada crente regenerado está comissionado e encarregado de servir aos propósitos eternos de Deus junto aos homens, devoção deveria ser o tema para o primeiro capítulo de toda e qualquer obra no campo da missiologia. Pois, se a missão é de Deus, então ela não pode ser feita apenas na força e determinação da compreensão pessoal, do planejamento ou com a ajuda de qualquer outra ferramenta que carregue a marca da falibilidade humana. Jesus falou sério quando disse: Sem mim nada podeis fazer. Mas, não me surpreende que a devoção não seja um tema relevante para uma maioria, que mesmo sem notar, pensa e escreve sob a tutela da secularização, me dando a clara sensação de um certo desprezo aos oráculos de Deus. John Stott, num arroubo ou quem sabe até num desabafo a respeito dessa incurável tendência ao secularismo, nesse caso em
  • 6. particular, na área da pregação, disse: Mas se os seres humanos estão de fato cegos, espiritual e moralmente, surdos, mudos, mancos e até mortos e, ainda, prisioneiros de Satanás, é extremamente ridículo supor que, por conta própria e com nossa pregação meramente humana, poderemos alcançar ou resgatar pessoas em condições lastimável.7 Outra possível razão quanto ao esquecimento da íntima relação entre devoção e missão, é o medo de se estar ressuscitando uma espiritualidade medieval, que dada a tendência mencionada anteriormente, é considerada ultrapassada, e que para alguns, equivocadamente, sugere uma relação entre devocionalidade e ócio. Portanto, como a seara é grande e há muito trabalho a ser feito, acabam por achar que uma ênfase devocional que apele à oração, ao jejum, meditação e contemplação, poderia criar um exército de super soldados de braços cruzados. Esse não é um exaustivo trabalho sobre a incompreensível tensão entre missão e devoção. Todavia, basta um olhar nas Escrituras e na história, ainda que desatento, para sermos não somente convencidos da necessidade de rasgarmos o coração diante do Deus que comissiona, mas também sermos quebrantados e libertos da incurável mania de acharmos que temos algo a contribuir para o enorme trabalho na seara do perfeito agricultor. Jesus, o missionário por excelência, ensinou que diante dos desafios impostos pela própria seara, deveríamos orar ao Senhor dela. Isto porque, os desafios que envolvem a missão não tocam questões naturais, mas sobrenaturais. Não é como se estivéssemos a avaliar currículos ou fazer cálculos estimados. Tudo que toca a vida não é mecânico nem previsível. Parece que jamais vamos vencer o paradigma iluminista de enxergar tudo como se fosse uma máquina. Vida, fé, salvação, são apenas alguns dos elementos integrados à missão e todos estão na esfera do mistério,
  • 7. do insondável, do imprognosticável e imprevisível. Nesse território temos que entrar de joelhos. Os argumentos endossantes do esquecimento indesculpável da dependência da oração, apelam para a urgência: “Há muito que se fazer e poucos com quem se possa contar”. “Gente faminta de toda espécie de alimento (natural e espiritual) não pode esperar”. Este inegável apelo ao ativismo programável, parece ser resultado de outro paradigma, o da produção, que também já deveria ter ficado arrumado na estante da história, depois que Mc Gravan e suas teorias pragmáticas sobre crescimento de igreja8 perderam força e relevância, especialmente para uma época em que as pessoas querem enxergar na igreja, gente capaz de expor e viver com visível piedade os mistérios de Deus. A busca é por devocionalidade profunda e não por sistemas que formatem a Igreja como um conglomerado empresarial e reduzam a missão a uma breve declaração de propósito. O modelo pastoral-missionário na Bíblia é Cristo e não um dos executivos de wall street ou da Avenida Paulista. A oração e o exame cuidadoso das Escrituras (o único documento divinamente inspirado para o exercício da missão), diante dos modelos sedutores do mundo corporativo, passaram a ser consideradas como práticas fora de lugar no desenvolvimento histórico das ações missionárias; uma espécie de prática destoante da moda, que na cabeça de alguns, fica muito bem condicionada ao paradigma medieval de missão. Só nos esquecemos que ninguém é afetado pela mensagem cristã, seja ao nível da proclamação ou da ação, se o Espírito Santo não convencer. A defesa de qualquer causa coerente com o Evangelho, como: a defesa dos fracos; o socorro às minorias oprimidas; ou a denúncia de qualquer sistema social opressivo, estão também sob o comando do Espírito, e o mover do Espírito é incontrolável e “implanejável”, porque como bem disse Jesus: o Espírito sopra onde quer. Com isso
  • 8. não estou sugerindo que abandonemos a construção de planos e estratégias, mas que tenhamos a sensatez de não colocarmos nossa confiança neles. Na verdade, seria bom que o planejamento fosse feito de Bíblia aberta e mãos espalmadas. Este aspecto sobrenatural da missão, deveria nos estimular a depender mais de atos da fé, expressos na solidão secreta dos nossos aposentos, do que da refinada organização que insiste em trancar a sobrenaturalidade que envolve a operacionalidade missionária, do lado de fora das considerações teológicas, tratando a devoção como uma espécie de elemento fanatizante. Podemos interpretar missão motivados por diferentes olhares, mas não podemos achar que conseguiremos saborear o fruto divino sem uma expressa e consagrada devoção. Pois, a seara é bem maior do que imaginamos, e apenas o Senhor da seara domina o seu modus operandis. Henri Nowen diagnosticou muito bem as tendências humanas na nossa sociedade (a grande seara) e mostrou as dimensões do nosso desafio, afirmando que ela parece cada vez mais cheia de pessoas temerosas, defensivas e agressivas, agarrando-se ansiosamente às suas propriedades, inclinadas a olhar ao redor com suspeitas, sempre à espera de que um inimigo apareça e cause algum dano. Mesmo assim, essa é nossa vocação: converter o hostis em hospes, o inimigo em convidado, e criar o espaço livre e sem medo, no qual a irmandade pode formar-se e ser experimentada em sua plenitude9 . Nesse ambiente, qualquer aproximação é interpretada como invasão, e os cristãos, vistos como uma grande ameaça. Sejamos humildes para reconhecermos que Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam10 . Precisamos desesperadamente de uma revisão operacional das ações missionárias, sob a pena de cooperarmos mais para o recrudescimento das resistências ao Evangelho do que com a sua proclamação.
  • 9. O que nos leva a crer que poderemos vencer a relutância do outro com boa intenção e um bem desenvolvido plano de ação? A missão precisará sempre contar com o fator sobrenatural, e este sempre surgiu quando os seus comissionados clamaram por ajuda e intervenção, ou seja, incluíram “ingenuamente” a oração no roteiro das ações missionárias. Mesmo que consideremos que o grande objetivo da missão não seja a conversão do outro e que inclua outros detalhes, como: diálogo interreligioso, ação político-governamental, participação em comissões de mediação de conflitos, defesa dos direitos humanos ou iniciativas de proteção do meio- ambiente, qualquer um que não cair de joelhos cometerá o mais fundamental de todos os erros. Eu não estou levantando a suspeita de que gente engajada “profissionalmente” na missão não ora, estuda e medita nas Escrituras. O que estou ressaltando é que toda teologia da missão que não considerar a devoção, por mais relevante que seja o diálogo que se faça com outras ciências - como a psicologia, a sociologia e as diversas ciências sociais -, sem devoção o diálogo será sempre infrutífero e incompleto. Pois, passará a idéia de que a hostilidade do mundo à Cristo e aos seus ensinos, pode ser enfrentada com argumentos inteligentes, ações caritativas ou uma boa leitura histórica da evolução (ou seria involução?) dos processos interpretativos da missão. EXTREMOS IMPRÓPRIOS A história da criação em Genesis 1 e 2, deixa claramente revelada a imagem do Deus que faz. É Ele quem atua e intervém. Foi assim em meio ao ato gracioso de trazer unidade e ordem ao caos inicial. A cena que antecede à de Deus atuando através dos seus atos criadores no Gênesis, foi escrita por João no seu primeiro capítulo, ao descrever a divindade como uma comunidade de ação, afirmando que no
  • 10. princípio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus11 . Esta coerente apresentação de Jesus inserida na história da criação, apresenta-nos o Senhor como aquele que faz. Ele está em missão, e todos aqueles gerados por seu ato redentor na cruz, também fazem parte dessa comunidade missionária, a comunidade do “verbo”, eleita e vocacionada para colher a seara madura. Essa vocação é tão forte e evidente, que as vezes confundimos os papéis: ao invés de submetermo-nos ao Deus que faz, queremos fazer apesar dele. Tal tendência pode nos colocar num extremo muito perigoso: o de acharmos que missão é uma tarefa de controle e operação da comunidade. Vamos definitivamente entender uma coisa: é sempre Deus quem faz. Qualquer outra abordagem e interpretação é temerosa e passível de correção. A postura para com a oração e os atos devocionais secretos no exercício da missão, tem a ver como se enxerga essa questão bíblica. Os que acreditam que missão é uma cadeira que envolve apenas o estudo do comportamento religioso na história, farão uma linha cronológica e estudarão as tendências, comportamentos e posturas para com a ação missionária dentro de um determinado período de tempo; os que a vêem como a percepção da operação divina na busca pelo homem em todo lugar, independentemente de raça ou qualquer outro parâmetro, e os redimidos por Cristo como seus cooperadores, estes dependerão mais da oração e da devocionalidade. Mas, o perigo dos extremos está sempre presente: seja na ênfase absoluta no planejamento e na reflexão que deságua numa fria operação de conquista religiosa; ou na total ausência de ação para com uma humanidade moribunda, ignorando o vale de profunda dor no qual ela se encontra, para se refugiar numa espécie de devoção escapista, sugerindo que nada precisa ser feito a não ser orar. Sinceramente, nem uma coisa nem outra.
  • 11. Adoraria poder enxergar uma sincera dependência de Deus e ouvir sobre a lembrança de que a primeira coisa a se fazer, seja lá como for que entendamos a missão da Igreja, é orar ao invés do usual e popular “deixa-com-a-gente”. Tenho dialogado informalmente com um grande número de colegas que já me declararam terem medo de que as necessidades sejam desprezadas e substituídas pela passividade de um gênero de oração que paralisa. Eu não me refiro a isso. Refiro-me a voltarmos e avaliarmos a maneira, mesmo rudimentar, dos apóstolos cumprirem o mandato divino. Consultar e examinar as origens poderia nos ajudar a encontrar o norte. O NASCEDOURO DA AÇÃO MISSIONÁRIA APOSTÓLICA Quando Jesus foi assunto aos céus, a única certeza que os crentes tinham era de que deveriam fazer discípulos de todas as nações. Fundamentalmente, ensinar era preciso, e o modelo de Jesus era: proclamando com a boca e a vida, pregando e atuando para a Glória de Deus. Nessa altura, ninguém sabia nada, nem tinha um plano mirabolante para cobrir o mundo com o Evangelho. Tiveram que aguardar e orar. A resposta veio pelas vias da perseguição, do sangue derramado dos primeiros mártires e da dispersão de uma boa parcela da comunidade de Jerusalém (At 8:1-8). Assim, da forma menos previsível, deu-se o primeiro impulso missionário da era cristã. O sinal foi a intolerância e a violência. Estaria Deus utilizando hoje da mesma estratégia? Se sim, quais seriam os sinais orientadores presentes na sociedade? A Igreja está atenta para os diferentes comportamentos e diferentes reações do mundo para com a mensagem da cruz? Não creio que sim, nem creio que os apóstolos conseguiram avaliar missão sob este ponto de vista. Mesmo assim, eles reagiram. O Evangelho chega em Antioquia, é ali onde pela primeira vez os discípulos são chamados de “cristãos”12 . Formou-se uma igreja de judeus helenistas convertidos:
  • 12. gente desintoxicada da idéia judaica de que as nações deveriam vir à Israel para contemplar a glória de Deus; gente que estava acostumada a ir, e agora tinham como motivo a ordem de Jesus. Nasce a primeira igreja missionária com judeus discriminados, judeus que eram considerados de “segunda classe”, talvez para mostrar que Deus ainda continua a escolher as coisas fracas e a propor caminhos improváveis. Lucas nos informa em Atos 13, que ali formou-se uma notável liderança, composta de pessoas cujos dons eram reconhecidos. Profetas e mestres destacavam-se entre os demais. Estes responsáveis líderes reuniam-se para orar e jejuar, demonstrando possuir uma sensibilidade incomum. Parecia ser uma prática regular, o que deveria funcionar para nós como um paradigma inflexível da missão. Foi nessa incubadora aquecida pela devoção que os primeiros missionários da era apostólica foram gerados, homens que mais tarde seriam rotulados em Tessalônica como: estes que abalaram o mundo13 . Pode parecer ingenuidade infantil, mas eu creio na eficiência do processo devocional desenvolvido em Antioquia e estabelecido pelos apóstolos na proto-comunidade em Jerusalém, quando ordenaram os primeiros diáconos, com o fim de dedicarem-se à oração e ao ministério da Palavra14 . Eu creio nesse processo simples e é disso que sinto falta nos relevantes trabalhos acadêmicos da teologia de missão: oração. Sinceramente, não sei de onde vem o medo de abraçar as vias práticas da fé e definitivamente rendermo-nos ao caráter sobrenatural da missão. Será porque soa anti-intelectual? Será porque parece ser simples demais? Seja porque for, o fato é que temos mergulhado numa aridez preocupante, e tudo que traz o rótulo “missionário” vem se transformado em esforço individual ao invés de comunitário. Não seria oportuno juntarmos aos nossos bem preparados gráficos e estudos antropológicos, um pouco mais de oração e observação? O mundo muda e mudará, mas consideremos que
  • 13. as necessidades humanas são as mesmas e que pessoas continuam a sofrer pelas mesmas razões desde sempre. A DEPENDÊNCIA SOBRENATURAL DOS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS Olhando o livro de Atos, o único documento histórico inspirado para compreendermos a operação apostólica na missão, temos a nítida impressão de que ninguém sabia ao certo o que fazer. Sob a comissão de sair pelo mundo fazendo discípulos de todas as nações, seria natural vê-los com um cajado nas mãos e um par de sandálias nos pés, prontos para seguir, no entanto, até a primeira viagem de Paulo, não havia qualquer tentativa de organização para cumprir a ordem de Jesus. Parece- me que a resolução dos apóstolos em Atos 6:3, 4, foi mais uma reação do que uma tentativa consciente de prover a comunidade de alguma organização. Mas, é inegável que tomaram a decisão de ordenar diáconos, para que pudessem consagrar-se à oração e ao ministério da palavra (At 6:4). Esta defesa da devoção deveria funcionar para nós como um paradigma inviolável da missão, mesmo porque, a decisão de defender tal propósito de consagração, resultou num crescimento da palavra de Deus, numa multiplicação do número dos discípulos, incluindo entre estes os menos prováveis como os sacerdotes (At 6:7). Esta decisão apostólica de priorizar a devoção, abriu caminho para os desdobramentos que sucederam, inclusive para que o Evangelho se deslocasse do eixo sul para o norte de Israel, chegando em Samaria, sob a instrumentalidade de um dos diáconos ordenados naquele primeiro grupo de supostos líderes locais em Jerusalém, Filipe (Atos 8:4-8). Sugiro que pensem que a devoção apostólica foi usada por Deus tanto para proteger a primeira comunidade quanto para expandi-la. Deveríamos olhar para esse fato como uma verdadeira manifestação da graça divina entre homens
  • 14. inexperientes e pouco preparados para criarem um plano missionário eficiente. Mesmo assim, não me parece que eles tenham cometido um erro ou que tenham exagerado na dose. Eles nos mostraram que quando não sabemos ao certo o que fazer, o que é a regra na maior parte do tempo, devemos reunir os que têm o poder de decisão e orarmos. Falando a aproximadamente 600 clérigos em Londres, em 1979 – disse John Stott em Eu creio na pregação – Billy Graham disse que se voltasse à estaca zero no ministério faria duas mudanças. Os ouvintes pareciam assustados. O que ele queria dizer? Primeiro, continuou, estudaria três vezes mais do que fizera. Aceitaria menos convites para pregar. “Preguei demais”, disse ele, “e estudei insuficientemente”. A segunda mudança é que dedicaria mais tempo à oração15 . Estou certo de que uma coisa é ouvir isto de mim, um ilustre desconhecido que jamais reclamou do seu anonimato e que já vai adentrado em três décadas de operação pastoral, outra coisa é ouvir isto do maior evangelista do século XX. Entretanto, não me parece que ele tenha dito nada de incomum. Grande parte dos que estão empenhados em cumprir a missão, sentem-se devedores no âmbito da devoção. Há pouca ou nenhuma mobilização consciente, quer da igreja ou dos pastores, semelhante aquela que os apóstolos tiveram, para protegerem o tempo de oração e exame cuidadoso da Palavra. Todos parecem ter um bom plano. Em linguagem bem simples e direta, sobram palavras, idéias, opiniões e cafeína em qualquer reunião de qualquer junta missionária, ao passo que falta um tom sábio e humilde que sugira as vias da devoção. O resultado é o aumento da irrelevância, seja lá a definição de missão que cada um carrega consigo. Tenho ouvido uma infinidade de teorias que tentam apontar as causas dessa postura irrelevante da Igreja para o cumprimento da suprema ordem de ser sal da
  • 15. terra. Entre as mais relevantes estão: as que apontam para a crise de integridade pela qual passa a liderança cristã; as que ressaltam a ausência de compaixão pelos excluídos; e as que enfatizam a surdez da igreja aos gemidos atordoantes dos esquecidos. Mas, não seria tudo isso resultado de uma pregação, ou que seja de uma operação eclesial, que não torna Deus conhecido? Pois, ausência de integridade, de compaixão e de sensibilidade missional, são frutos de um abandono das vias devocionais, da prática cristã de encontrar-se secretamente com o Pai. A verdade é que estamos pagando muito caro por estas posturas pouco inteligentes. Mike Breen, um britânico que vive nos EUA, onde lidera o 3DM, um movimento de discipulado bíblico, em artigo intitulado Obituary for the American Church [Obituário da igreja americana], publicado na revista americana Mission Frontiers e mencionado na revista Ultimato (Março-Abril / 2013), revela que os cânceres que comem a relevância da igreja naquele país são: a sede de pastores por tornarem-se célebres; o desejo desenfreado por consumo religioso e a competição entre igrejas. Se mal pergunte, esses sonhos vazios e posturas carnais são alimentados por quê? Não é por um mundo sem Deus, vazio e distante da Verdade? Mas, por que uma Igreja atrela seu vagão a uma composição reconhecidamente decaída? Por que a sedução mundana e pragmática exerce tamanho fascínio sobre aqueles que supostamente foram alcançados pela louca mensagem da cruz, que por si mesma argumenta contra a sede de poder, o consumismo e a competição? Ainda não vimos tudo que o pragmatismo religioso e a total ausência de devoção pode causar à Igreja. Mas, toda esta desorientação para com a missão e este violento desfiguramento do Cristianismo, deveriam ser o bastante para voltarmos a ocupar o espaço vazio dos nossos quartos secretos. Enxergaríamos com mais nitidez os sinais presentes na nossa geração, ocuparíamos espaços, passaríamos a ouvir os
  • 16. gemidos dos fracos e anunciaríamos o Evangelho com maior sensibilidade, se déssemos à devoção o mesmo valor que os apóstolos. Para os que pensam que tudo é missão, nada fariam, nem mesmo servir às mesas, sem oração; para os que acreditam que a missão resume-se à proclamação, não ousariam sequer abrir a Bíblia quanto mais subir ao púlpito sem suplicar a graça divina antes de cada oportunidade. Como disse no início, não tive, como ainda continuo não tendo, a pretensão de ser original. Sei que apontar para a devoção como sendo a porta de entrada para o exercício vocacional de todo e qualquer ministério, parece ser irrelevante, mas em tempos de esquecimento espiritual, ameaças secularizantes e agressividade liberal, faz bem voltar ao início. Mesmo porque, como já dizia os nossas avós: precaução e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
  • 17. Bibliografia 1. Stott, JOHN – O discípulo Radical – 2011, Viçosa, MG, Ed. Ultimato 2. BLAMIRES, Harry – A mente Cristã – 2006, São Paulo – SP, SHEDD PUBLICAÇÕES 3. BLAMIRES, Harry – A mente Cristã – 2006, São Paulo – SP, SHEDD PUBLICAÇÕES 4. TORRALBA, Francesc – Inteligência Espiritual – 2012, Petrópolis – RJ, Editora Vozes 5. 1 Pedro 4:11 6. TORRALBA, Francesc – Inteligência Espiritual – 2012, Petrópolis-RJ, Editora Vozes 7. STOTT, John – Eu creio na pregação – 2003, São Paulo-SP, Editora Vida 8. McGravan – Principal personagem de um movimento que ficou conhecido como CRESCIMENTO DE IGREJAS, cujos trabalhos foram desenvolvidos no Fuller Theological Seminary, e que foram divulgados pelos escritos do Dr. Peter Wagner. Longe de ser uma unanimidade o Movimento de Crescimento das Igrejas tem sido duramente criticado por seu pragmatismo, ou seja, os fins justificam os meios na busca pelos resultados. Fonte: www.lideranca.org 9. NOWEN, Henri – Crescer, os três movimentos da vida espiritual – 2011, São Paulo-SP, Paulinas 10. Salmos 127:1 11. João 1:1-3 12. Atos 11:26 13. Atos Atos 17:6 14. Atos 6:3, 4 15. STOTT, John – Eu creio na pregação – 2003, São Paulo-SP, Editora Vida