O documento discute práticas pedagógicas da educação física no ensino fundamental II, incluindo: 1) Apresenta experiências acadêmicas e profissionais da autora; 2) Descreve uma intervenção pedagógica sobre ginástica de condicionamento físico; 3) Detalha etapas, recursos, avaliação e considerações sobre a intervenção.
Educação Física, mídia e tecnologia nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
1. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II
GISELI FREGOLENTE PATRINHANI
Professora de Educação Física da Secretaria de Educação do Estado de SP, Diretoria de ensino de
Bauru
Mestranda em Mídia e Tecnologia - PPGMiT/FAAC/UNESP/Bauru
3. GINÁSTICA DE
CONDICIONAMENTO FÍSICO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
E. E. PROF. FRANCISCO ANTUNES - 2011
Turma: 8ª série A/9º ano A, composta por 33 alunos.
4. INTRODUÇÃO
O tema escolhido para a intervenção, por estar muito
presente na cultura e realidade juvenil (BORTOLETO, 2010),
foi Ginástica de Condicionamento Físico (GCF), mais
conhecida como Ginástica de Academia.
Senti a necessidade de não somente incluir essa prática no
cotidiano dos alunos, mas também tive a preocupação de
criar nos alunos uma consciência crítica perante os fatores
que envolvem essa prática, fazendo uma interrelação com os
temas Corpo, Saúde, Beleza, Mídias e Contemporaneidade.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
A seleção do conteúdo, a GCF e sua relação com o corpo, saúde, beleza, mídias
e contemporaneidade levou em consideração alguns princípios curriculares no
trato com o conhecimento: a relevância social do conteúdo e o da
contemporaneidade do conteúdo. A ginástica, considerada um elemento da cultura
assim como outras manifestações, se faz presente nas escolas como necessária
para inserção do aluno na realidade social (COLETIVO DE AUTORES, 2009).
Os conhecimentos produzidos pelo ser humano vão sendo atualizados e re-
significados na dinâmica cotidiana de suas vidas (DAOLIO, 2004).
O papel que a educação física deve desempenhar na escola, assim como no
clube e na academia, é de mediação de um saber fazer para a consciência,
levando o sujeito à autonomia no usufruto da cultura de movimento (BETTI, 1994).
Segundo São Paulo (2010), as vivências somadas às discussões e à
compreensão das razões do fazer fornecerão aos alunos uma visão ampliada e
qualificada da cultura de movimento.
6. OBJETIVOS
oportunizar vivências e conhecimentos de diferentes
modalidades de GCF para que os alunos criem gosto
pela prática, contribuindo na ampliação de seu repertório
de movimento;
contribuir para que o aluno incorpore as práticas da GCF
em sua vida, para delas tirar o melhor proveito possível;
conduzir o aluno a uma reflexão crítica que o leve à
autonomia no usufruto da cultura de movimento.
7. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar da GCF, uma manifestação
gímnica da cultura de movimento, adotando uma postura despojada de
preconceitos ou discriminações por raízes sociais, sexuais ou culturais;
discriminar diversos tipos de GCF, identificar as principais características
do alongamento, ginástica aeróbica, ginástica localizada e ginástica em
forma de circuito, identificar as partes de uma sessão de ginástica,
reconhecer a participação na ginástica como possibilidade do se-
movimentar;
identificar os interesses e motivações envolvidos na prática da GCF,
perceber a associação promovida pelos discursos midiáticos sobre as
ginásticas de academia com a busca de padrões de beleza corporal e
parâmetros de saúde, selecionando e interpretando informações para
construir argumentação consistente e coerente.
8. METODOLOGIA, RECURSOS E
AVALIAÇÃO
Os procedimentos didáticos dessa intervenção foram: vivências
práticas de algumas categorias de GCF, vídeos e textos retirados
da internet como base para discussões em sala de aula,
contemplando o conteúdo teórico.
Os recursos utilizados foram: caixa de som com entrada de
pendrive, pendrive com músicas, um jump, um step, cinco
colchonetes, três cabos de vassoura, notebook, datashow, vídeos
sobre ginástica de academia e textos existentes na internet sobre o
tema da intervenção.
Avaliação: trabalhos individuais e em grupo e frequência,
observação e participação nas aulas.
9. ETAPAS
Etapa 01 – Apresentar diferentes tipos de ginástica de academia
Aula 01: Utilização de vídeos baixados da internet e apresentados para os alunos
utilizando o datashow na sala de aula. Pedir registros dos alunos sobre os vídeos.
Aula 02: Vivência da ginástica aeróbica.
Aula 03: Vivência de um circuito de ginástica.
Etapa 02 – Corpo, saúde, beleza, mídias e contemporaneidade
Aula 04: Levar textos extraídos da internet com assuntos referentes às ginásticas
de academia, atividade física e saúde, alimentação, busca pela beleza, para
inicialmente separar a turma em grupos para leitura e discussão com registro do
grupo e depois organizar a turma toda em círculo para discussão sobre os textos e
os argumentos dos grupos.
Aula 05: Construção pelos alunos de um relato de experiência sobre as aulas
dessa intervenção para feedback.
12. CONSIDERAÇÕES
A Ginástica de Condicionamento Físico (GCF) pode ser
incorporada nas aulas de educação física escolar, contribuindo
no seu enriquecimento, podendo utilizar-se de materiais
alternativos para superar as dificuldades encontradas na grande
maioria das escolas públicas, justificando que isso não pode ser
um fator para que esse conteúdo não seja aplicado na escola,
assim como, a postura de resistência dos alunos perante
conteúdos diversificados pode ser modificada ao longo do
processo de intervenção.
13. REFERÊNCIAS
ALTMANN, H.. Tema 3: Corpo, beleza e gênero. In: Disciplina Eixos Temáticos para o Ensino Médio:
Corpo, Saúde e Beleza; Contemporaneidade. Curso de Pós-Graduação. SÃO PAULO (Estado):
RedeFor; Campinas: Unicamp, 2011.
AMARAL, S. C. F. Tema 2: Mídia: espetáculo esportivo. In: Disciplina Eixos Temáticos para o Ensino
Médio: Mídias; Lazer e Trabalho. Curso de Pós-Graduação. SÃO PAULO (Estado): RedeFor;
Campinas: Unicamp, 2011.
BETTI, M. O que a semiótica inspira ao ensino da educação física. Discorpo, São Paulo, n. 3, p. 25 –
45, 1994.
BORTOLETO. M. A. C. Tema 5: Ginástica de condicionamento físico (Ginásticas de academia) e
Ginástica laboral. In: Disciplina Ginástica. Curso de Pós-Graduação. SÃO PAULO (Estado): RedeFor;
Campinas: Unicamp, 2010.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. 2º ed. rev. São Paulo: Cortez,
2009.
DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores associados, 2004.
SÃO PAULO (ESTADO) SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Currículo do Estado de São Paulo:
Linguagens, códigos e suas tecnologias. São Paulo: SEE, 2010.
14. EDUCAÇÃO FÍSICA, MÍDIA E
TECNOLOGIA
E. E. PROF. MORAIS PACHECO - 2016
TURMAS: 8º ANOS A e B e 9º ANOS C e D
Evento: Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
15. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Michel Foucault (2003) – relações entre o poder e o
conhecimento - uso deles como uma forma de controle
social
Vale et al (2002) – escola pública e sociedade
Paulo Freire (2000, 2005) – Pedagogia dialógica -
educação crítica através do diálogo
Mauro Betti (1998) – Educação física
Miguel Zabalza (1994, 2004) – Diários de aula
16. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“Nós estamos entrando na nova era da educação, que passa a ser
programada no sentido da descoberta, mais do que no sentido da
instrução.” (MCLUHAN, 2005, p.13)
Vivemos em uma cultura onde a produção, distribuição e recepção da
maioria dos conteúdos estão mediadas por software. (MANOVICH, 2013)
“A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que
contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à
medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento.” (JENKINS,
2009, p. 257)
“[...] já estamos vivendo em uma cultura da convergência. Já estamos
aprendendo a viver em meio aos múltiplos sistemas de mídia. As batalhas
cruciais estão sendo travadas agora. Se nos concentrarmos na tecnologia,
perderemos a batalha antes mesmo de começarmos a lutar. Precisamos
enfrentar os protocolos sociais, culturais e políticos que existem em torno
da tecnologia e definir como utilizá-los.” (JENKINS, 2009, p. 292)
17. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para Toyama (2010), a tecnologia e a democracia são
ferramentas poderosas, mas é a força humana que vai
determinar como serão os seus usos, o ponto crucial é
fazer uma boa utilização desses meios. A tecnologia é
apenas um ampliador das intenções e da capacidade
humana, não substitui a ação humana. A tecnologia
tem efeitos positivos apenas na medida em que as
pessoas estão dispostas e capazes de utilizá-la de forma
positiva.
18. OBJETIVOS
Oportunizar vivências e conhecimentos de diferentes
modalidades esportivas olímpicas e paralímpicas;
Provocar criticidade diante das mensagens
disponibilizadas, impostas pela mídia, provocando
questionamentos cotidianamente através das aulas
de educação física;
Promover ações de sensibilização para contribuir na
busca por uma educação inclusiva.
19. METODOLOGIA, RECURSOS E
AVALIAÇÃO
Pesquisas em diversos meios de comunicação,
dinâmica de grupo, trabalho individual/grupal, roda de
conversa e vivências.
Recursos materiais: computador com acesso à internet;
jornais e/ou revistas; TV; vendas (tecido); bola de futsal;
sacola plástica; papel; caneta; fita adesiva.
Avaliação: trabalho em grupo; avaliação contínua;
observação e participação das aulas; autoavaliação.
20. Cronograma – 2° semestre de 2016
Aula 01 – Explicação sobre o trabalho com base nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e pesquisa na sala de informática
Aula 02 – Acompanhamento/Discussão sobre as notícias da semana sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 e vivências
esportivas
Aula 03 - Acompanhamento/Discussão sobre as notícias da semana sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 e vivências
esportivas
Aula 04 – Acompanhamento/Discussão sobre as notícias da semana sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 e vivências
esportivas
Aula 05 – Roda de conversa (desenvolvimento das discussões, reflexões, apontamentos...)
Aula 06 - Explicação sobre o trabalho com base nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e pesquisa na sala de informática
Aula 07 - Acompanhamento/Discussão sobre as notícias da semana sobre os Jogos Paralímpicos Rio 2016 e dinâmica de
grupo (rótulos)
Aula 08 - Acompanhamento/Discussão sobre as notícias da semana sobre os Jogos Paralímpicos Rio 2016 e vivências
esportivas
Aula 09 – Vivência Paralímpica
Aula 10 – Autoavaliação
Aula 11 – Retorno das avaliações e direcionamento para trabalho no 4° bimestre (temas geradores)
Aula 12 – Roda de conversa sobre organização do evento na escola e vivências esportivas
Aula 13 – Roda de conversa sobre organização do evento na escola e vivências esportivas
Aula 14 – Roda de conversa sobre organização do evento na escola e vivências esportivas
Aula 15 – Avaliação, entrega de trabalhos finais, vivências esportivas.
Aula 16 – Evento
Aula 17 – Avaliação final
30. CONSIDERAÇÕES
As tecnologias podem ser utilizadas para aumentar o
acesso à informação, são oportunidades de ensino-
aprendizagem, facilitando a disseminação do
conhecimento.
O desafio consiste em articular os instrumentos, os
conteúdos, a realidade escolar e o entorno num
processo que tenha como finalidade a formação para
a participação e para a autonomia, considerando que
as aprendizagens vivenciadas nesse ambiente nos
influenciam e preparam para o contexto que é
econômico, social, político e ideológico.
31. CONSIDERAÇÕES
Relatando sobre um recorte específico, com base nas
Paralimpíadas Rio 2016, podemos notar que houve uma
contribuição desse trabalho para que ocorresse nos
alunos uma mudança na sua visão de mundo, não só
para com as pessoas com deficiência, mas à todas as
formas de diferenças (individuais, culturais, sociais,
étnicas, etc.), como também para se acrescentar uma
visão crítica sobre os meios de comunicação.
32. REFERÊNCIAS
AQUINO, J. G. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. In: AQUINO, J. G. (Org.).
Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p. 39-55.
BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Coleção Fazer/lazer)
BRITO, C. da S. Indisciplina na educação física: uma investigação qualitativa. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO – EDUCERE E III ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE PSICOPEDAGOGIA, 2009, Curitiba. Anais... Curitiba: PUCPR, 2009.
Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2053_1013.pdf>. Acesso em: 15 mai 2016.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 2003.
FREIRE, P; GUIMARÃES, S. Aprendendo com a própria história II. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 24. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GHIRALDELLI JUNIOR, P. Educação física progressista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física
brasileira. 6. ed. São Paulo: Loyola, 1988. (Coleção Espaço vol. 10)
GUMUCIO-DRAGON, A. Take Five: a handful of essentials for ICTs in development. In: THE ONE to watch: Radio, New ICTs
and Interactivity. Friedrich Ebert Foundation and Food and Agriculture Organization of the United Nations. Rome, 2003.
MANOVICH, L. El software toma el mando (traduzido por Everardo Reyes-Garcia). Barcelona: Editora UOC, 2013.
33. REFERÊNCIAS
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem (understanding media). São Paulo: Cultrix, 2005.
NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação física, currículo e cultura. São Paulo: Phorte, 2009.
JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
PINOCHET, L. Tecnologia da informação e comunicação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. On the horizon, MCB University Press, vol. 9. N. 5. October, 2001. Disponível
em: <http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf>.
Acesso em: 28 mai 2017.
SANTAELLA, L. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
SIEMENS, G. Connectivism: a learning theory for the digital age. elearnspace. 2004. Disponível em:
<http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>. Acesso em: 22 mar. 2017.
STRAUBHAAR , J.; LAROSE, R. Comunicação, mídia e tecnologia. São Paulo: Thonson, 2004.
TOYAMA, K. Can technology end poverty?, Boston Review, November, 2010. Disponível em:
<http://bostonreview.net/forum/can-technology-end-poverty>. Acesso em: 08 feve 2017.
VALE, J. M. F. et. al (Orgs). Escola pública e sociedade. São Paulo: E. A. Lucci, 2002.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos dos professores. Portugal: Porto, 1994.
(Coleção Ciências da Educação)
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004.
34. OBRIGADA!
gifregolente@hotmail.com
“Na medida em que, implicando em todo este
esforço de reflexão do homem sobre si e sobre o
mundo em que e com que está, o faz descobrir
que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem, mas um
modo de amar – e ajudar o mundo a ser melhor.”
(PAULO FREIRE)