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Prefácio
Se ouvirmos as vozes que se levantam hoje em nossa sociedade acabaremos crendo que o passaporte para a
felicidade humana é a permissividade sexual. Para muitas pessoas, o principio moral que rege sua vida é o daquele
adesivo de pára-brisa: “Se dá prazer, faça!"
Milhões de indivíduos estão sendo levados por essa ilusória onda da busca do prazer: ligações sexuais
passageiras, pornografia e drogas. Acredita-se que essas coisas com suas fascinantes promessas devem tornar-nos mais
felizes e saudáveis.
Mas será que o tornam?
Deus estabeleceu leis físicas - como a da gravidade, por exemplo. Mas criou também leis espirituais. Quando
violamos uma dessas leis, sofremos as conseqüências dessa violação, que são inerentes a elas. Aquilo que semearmos
isso ceifaremos. Aliás, sempre estamos colhendo mais do que semeamos, embora não estejamos conscientes disso de
imediato, já que a colheita se dá bem mais tarde. Mas o fato é que nossas paixões não dão ouvidos a nenhum tipo de
argumentação. Elas gritam dentro de nós, exigindo satisfação, seja qual for o preço a pagar.
O leitor verá que o escritor deste livro, em seu trabalho de aconselhamento, tem ouvido todo tipo de
racionalização que se pode criar para desculpar o pecado sexual. E ele já ouviu também inúmeras vezes o tão
conhecido lamento: “Sei que não devo fazer isso, mas não consigo!"
Existe uma saída para essa situação?
Pois este livro oferece uma esperança. Nossas paixões realmente são muito fortes; nossos desejos sexuais
ardem descontrolados; mas existe uma libertação quando nos submetemos a Jesus Cristo.
Esta obra nos mostra o caminho da verdadeira libertação e da vitória. A Palavra de Deus, pela operação do
Espírito Santo, pode derrubar as fortalezas da nossa imaginação. Embora os mandamentos neotestamentários possam
parecer inatingíveis. Deus nos oferece a possibilidade de fazer o que é certo. Embora as tentações estejam sempre ao
nosso redor, a idéia de nos libertarmos do domínio das paixões não é um sonho vão.
O autor aborda muitas questões que, muitas vezes, são convenientemente ignoradas pelos pastores evangélicos.
Problemas como masturbação, homossexualismo e a atividade demoníaca são tratados biblicamente e com
compaixão. Ele insta para que deixemos o passado para trás e acentua a necessidade de uma integridade emocional.
Este livro se caracteriza por suas instruções práticas a respeito das tentações e das frustrações sexuais, e expõe
a nu as sutis influências do mundo.
Tenho a satisfação de recomendar sua leitura ao público cristão em geral.
Josh Macdowell
Julian, Califórnia
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A Guerra Contra as Paixões
- Eu me converti há seis meses; mas ninguém passou essa informação aos meus hormônios!
Quase todos nós nos identificamos com este jovem de dezoito anos, nesse conflito que é tão antigo quanto a
raça humana: a luta dos impulsos sexuais contra as restrições da consciência e os ensinamentos da Bíblia. Nossas
paixões ordenam: Vai! enquanto nosso bom-senso moral diz: Não!
De um lado, os ensinos do Novo Testamento nos advertem contra a prática da promiscuidade sexual (1 Co 6.18).
E Cristo também ensinou que todo aquele que olha para outra pessoa com lascívia já cometeu adultério interiormente
(Mt 5.28). Este preceito, bem como alguns outros que Jesus estabeleceu, acham-se em conflito com os fortes desejos
sexuais que atormentam tantos de nós, principalmente os homens. Como podemos obedecer aos mandamentos de
Deus, quando nossos impulsos sexuais nos parecem tão certos, tão belos e justos?
Muitos homens que se dizem convertidos, impulsionados por uma tentação sexual compram revistas
pornográficas. Mas depois, satisfeita a lascívia, ficam tão desgostosos consigo mesmos, que queimam a publicação na
pia do banheiro. Entretanto, uma hora depois estão de volta ali, remexendo nas cinzas, com esperança de encontrar
alguma fotografia erótica que houvesse escapado às chamas. Esse é o grande dilema do erro sexual: suas vítimas
alternam sentimentos de êxtase e de mortificação.
Como enfrentar esse conflito? Alguns simplesmente cedem às pressões de seu apetite sexual. Escolhem o
atraente, mas íngreme caminho da indisciplina moral. Crendo que poderão perfeitamente parar quando quiserem, ao
longo daquele declive, começam a caminhada. Se não houver nenhuma conseqüência negativa de imediato, eles
prosseguem, desconhecendo que mais adiante os aguardam precipícios bem camuflados.
Talvez se comece com um objeto de pornografia, com excesso de carícias no namoro, ou com uma sensação de
alta sensualidade pela atração de outra pessoa, que não o cônjuge. A forma sob que se apresenta este primeiro passo
não tem muita importância. O fato é que, ao darem o passo, essas pessoas não estão mais se situando dentro das
restrições naturais dadas por Deus. Embora ainda não o saibam, estão invadindo território inimigo. É possível que só
muito tempo depois venham perceber que as restrições divinas tinham por objetivo o seu próprio bem. No momento,
porém, o cenário que se avista do outro lado da colina é por demais atraente: não há tempo para refletir sobre as
possíveis conseqüências de seus atos. Aliás, mesmo que as conseqüências fossem as piores possíveis não iriam diminuir
a embriaguez daquele instante, já que se situam num futuro remoto.
Num Escorregadio Declive
Podemos dividir em dois grupos distintos aqueles que se desviaram e caíram nesse declive escorregadio. O
primeiro é o daqueles que estão se sentindo muito bem, muito satisfeitos, e não pensam nem por um minuto em
retornar à terra firme. Cristãos ou não, eles concluíram que sabem mais do que Deus, e eles próprios irão traçar a
rota de sua vida, sem levar em conta as placas de sinalização, que preferem ignorar. Acreditam, ingenuamente, que
conseguirão neutralizar as conseqüências de suas ações - pensam que encontraram um caminho bem melhor. E
quando lhes ocorre a idéia de que podem estar errados, obstinadamente se recusam a reconhecer o fato. É melhor
viver com aquela sensação de vazio e de culpa; é melhor amargar uma bancarrota espiritual, do que reconhecer seu
erro e voltar para Deus, humildemente, pedindo seu perdão e orientação moral.
O evangelista Juan Carlos Ortiz compara o mundo a uma embarcação que está soçobrando num oceano
profundo. Quando o capitão percebe que seu navio vai afundar, diz aos passageiros:
- Vocês que estão aí na segunda classe podem passar para a primeira, sem pagar a diferença. Bebam uísque à
vontade. É tudo de graça. Se quiserem quebrar as lâmpadas e estragar os móveis, podem fazê-lo.
Os passageiros ficam impressionados com a largueza de mente do seu capitão. E por que não iriam seguir suas
sugestões? Têm liberdade para fazer tudo que quiserem, satisfazer todos os seus desejos. Num navio que está naufra-
gando, tudo é permitido.
E muitos hoje estão se satisfazendo sexualmente sem querer reconhecer que seu “navio” está afundando. A
obsessão única pelos prazeres de há muito amorteceu sua percepção espiritual. Como os genros de Ló, eles ouvem as
advertências com desprezo, e as consideram meros gracejos (Gn 19.14). Mas a verdade é que seu “navio” está mesmo
submergindo, e será Deus quem irá escrever os últimos capítulos da vida deles. O julgamento que os aguarda é
inevitável.
O outro grupo é constituído daqueles que se desviaram, caindo numa areia movediça moral, e gostariam de
voltar a gozar do perdão e libertação que Deus pode conceder-lhes. Eles caíram; tornaram-se impuros, e sua
consciência está constantemente relembrando sua condição de desobediência. Um homem seduziu a esposa de
outrem; um rapaz foi levado ao homossexualismo por um amigo; uma linda jovem de 16 anos é obrigada a confessar
aos pais que está grávida, e uma jovem senhora guarda consigo o segredo do aborto que praticou.
Todas essas pessoas têm em comum um anseio: a vontade de recomeçar. Gostariam de deixar seu passado para
trás. Agora desejam ardentemente que tivessem dado ouvidos a Deus, ao invés de confiarem em suas próprias
opiniões. E tentaram reerguer-se - e só Deus sabe como tentaram - mas acabaram caindo de novo, outras vezes. Já
estão quase a ponto de desistir da luta. Mas precisam ser estimuladas, precisam se convencer de que podem ser
libertas dessa condição de constantes fracassos. Talvez as conseqüências de seus atos nunca possam ser modificadas,
mas elas podem mudar. Ou mais precisamente, Deus pode mudá-las.
Obedecer aos Sinais de Advertência
Outros atendem à orientação das Escrituras e tencionam viver dentro dos limites traçados por Deus. Não
cometem adultério, não assistem a filmes de alta sensualidade, não procuram carinhos com a secretária. Felizmente,
essas pessoas não têm também que suportar a vergonha e a sensação de culpa que vêm associadas com o pecado
sexual. E se ainda não sabem disso, algum dia irão descobrir que escolheram o melhor caminho possível. Mas entre
esses, há alguns que se sentem frustrados e até traídos. Sentem-se como “o irmão mais velho” que ficou em casa e
ajudou o pai a cuidar da fazenda. Invejam a geração mais jovem, os que experimentaram os prazeres da
promiscuidade sexual. Em alguns momentos, gostariam de mandar às favas todas as suas precauções. Se pudessem dar
uma escapada até uma cidade grande, onde ninguém os conhecesse, iriam assistir a um filme pornográfico, comprar
alguma publicação imoral, e compensar tudo que estiveram perdendo até o momento. Talvez até pensem que a igreja
- ou Deus mesmo - não está sendo justa com ele. Foram privados de algumas alegrias da vida. Mas por enquanto
permanecem dentro dos limites de uma conduta moral aceitável, talvez devido a certos temores. Contudo, eles se
põem nas pontas dos pés, e olham para o outro lado, querendo satisfazer sua curiosidade, e imaginando como seriam
as coisas do lado de lá. Eles ainda não aprenderam que Deus não os traiu; que não precisam invejar os ímpios, e, o
que é mais importante, eles podem satisfazer-se plenamente dentro dos limites traçados. Para aqueles que são
solteiros, isso implica em abstinência sexual. A eles será negado o prazer da comunhão íntima e do amor sexual. Mas
eles verão que até mesmo isso - embora possa ser penoso - é melhor que as alternativas existentes, que são
grosseiramente supervalorizadas. E aqueles que são casados devem aprender esta mesma lição, pois a atração sexual
por outra pessoa ocorre para todos. O casamento não é uma garantia de que os desejos sexuais serão plenamente
satisfeitos.
Embora as teses da castidade para os solteiros e da fidelidade conjugal para os casados não sejam bem aceitos,
o fato é que elas não somente são certas, mas também o melhor modo de agir. Muitas pessoas aceitam isso
mentalmente, mas não o crêem de todo o coração.
Mas ainda há outros - talvez em número maior do que pensamos - que levam uma vida pura, e estão satisfeitos.
Naturalmente eles sofrem tentações - e tentações fortíssimas - mas estão certos de que Deus deseja o melhor para
eles. E eles decidiram seguir a ele obedientemente, e não ficam ansiando prazeres que lhes são vedados. Para esses,
basta a satisfação de andar com Deus e ter uma consciência pura, o que já é recompensa suficiente para sua
obediência.
E também há os que levaram um escorregão no passado, mas aceitaram o perdão de Deus. Paulo escreveu o
seguinte aos coríntios: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros,
nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Co 6.9,10.) Mas ele continua: “Tais fostes alguns de vós;
mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no
Espírito do nosso Deus.” (6.11 - grifo nosso.) Aqui está a prova de que Deus pode libertar o homem de qualquer tipo
de erro sexual. Os vícios adquiridos no passado podem ser superados, e em seu lugar bons hábitos podem ser
cultivados. Se assim não o for, teremos que questionar seriamente o poder de Deus. Mas a verdade é que milhares e
milhares de pessoas já foram libertas do domínio de suas paixões. A intensidade da batalha nunca diminui; a tentação
está sempre ali, não importa quanto tempo já estejamos andando com Deus. E, no entanto, a Bíblia diz: “E os que são
de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.” (Gl 5.24.) Promessas como essa nos
fornecem o fundamento necessário para que possamos colocar nossas paixões sob o controle do Espírito Santo.
Por que Este Livro?
Durante dois anos debati comigo mesmo a viabilidade de escrever este livro. Primeiro, isso sempre envolve
certos riscos. Um amigo meu, que promove seminários sobre relacionamento conjugal, disse-me que o assunto que ele
abordava no estudo de domingo, fosse ele qual fosse, na semana seguinte seria um problema para ele. Satanás, o
inimigo de nossas almas, quer atacar-nos exatamente naquele aspecto de nossa vida em que estamos procurando
auxiliar o povo de Deus. E eu não estou imune à tentação sexual. Paulo nos adverte do seguinte: “Aquele, pois, que
pensa estar em pé, veja que não caia.” (1 Co 10.12.) O apóstolo estava sempre preocupado com a possibilidade de
tropeçar na carreira cristã. Ao reforçar a tese da necessidade do autocontrole, ele disse: “Mas esmurro o meu corpo,
e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1 Co 9.27.)
Somente quem está morto não pode mais cair em erro sexual.
Em segundo lugar, não me considero um especialista em aconselhamento para pessoas que se achem em luta
com as paixões carnais. Já vivi o suficiente para saber que não existe uma fórmula mágica para se obter essa vitória.
Ninguém deve pensar que resolverá todos os seus problemas emocionais e sexuais com a simples leitura de um livro.
Estamos envolvidos numa batalha, e isso significa que temos de estar sempre atentos a novas estratégias, tanto de
defesa como de ataque. Se fôssemos oferecer aqui instruções superficiais para se obter essa vitória, só iríamos
provocar mais frustrações, que, por sua vez, gerariam a incredulidade e o sentimento de desesperança: “Eu sou
assim... não há mais jeito para mim.” O objetivo desta obra, portanto, é fornecer uma estratégia geral para essa
guerra, de modo que não permaneçamos escravizados às nossas paixões.
Terceiro, estou plenamente convencido de que o ensino bíblico sobre a conduta sexual é para o nosso próprio
bem. Todos nós sabemos que os prazeres sensuais apresentam promessas incrivelmente fascinantes. Nossas paixões
exigem satisfação imediata e sem restrições, sem nos dar a menor indicação de possíveis efeitos colaterais negativos.
E quem se preocupa com o que a igreja pensa, ou mesmo com o que Deus diz, naquele instante de êxtase sexual? Mas
depois, quando a poeira assenta e as conseqüências se fazem sentir; quando se considera a vergonha e a culpa
daquele ato; quando se calculam os efeitos dele para essa vida e para a outra, percebemos que o ensino de Deus é o
melhor e o mais sábio. A questão é se temos fé suficiente para agir com base nessa premissa, sem pensar, como Eva,
que “temos de experimentar e ver por nós mesmos”.
Por último, acredito que é possível nos libertarmos do domínio dos pecados sexuais. Oswald Chambers escreveu
o seguinte: “Se Jesus Cristo não pode libertar-nos do pecado, se ele não pode ajustar-nos perfeitamente a Deus,
como disse que poderia; se não pode encher-nos com seu Espírito ao ponto de não haver mais nada que nos atraia de
novo, seja no pecado, no mundo, ou na carne, então ele nos enganou.” (God's Workmanship - Feitura de Deus.) Ele
não está querendo dizer que nos tornamos “sem pecado”, mas sim que, se Cristo não pode livrar-nos, ele nos
enganou. Conheço pessoas que foram libertas de coisas como promiscuidade sexual, pornografia e homossexualismo.
Pode ser até que Cristo permita que nossas paixões nos dominem por algum tempo. É que ele deseja que
aprendamos a reconhecer nossas fraquezas e nossa incrível tendência para nos justificarmos e racionalizarmos nossas
ações. Ao final, porém, ele provará que é o libertador que diz ser.
Será que estamos sendo totalmente sinceros e deixando que Deus nos dê autodisciplina em nossas paixões?
Como Gideão, temos que aprender a distinguir o soldado despreocupado do que é seriamente dedicado. E aqui está o
teste: comece memorizando o texto de Colossenses 3.1-11: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,
buscai as cousas lá dó alto...” e não pare enquanto não souber este texto tão bem, que não precise mais recorrer aos
artifícios empregados para memorizá-lo. Aí então poderá preocupar-se mais com seu significado. Jesus disse: “Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.” (Jo 8.31,32.)
Está disposto a aceitar este desafio?
ESTUDO E APLICAÇÃO
1. Quais os fatores de nossa sociedade que contribuíram para se difundir a idéia de que o sexo deve ser
praticado sem responsabilidades e sem quaisquer compromissos?
2. João ensina que os incrédulos caminham nas trevas, ao passo que os verdadeiros discípulos de Cristo devem
andar na luz. O que ele quer dizer ao mencionar este contraste? (1 Jo 1.5-10.)
3. Relacione todas as características do mundo mencionadas em 1 João 2.15-17. Faça uma comparação entre
elas e as vantagens de se amar o Pai. (Jo 14.23; 15.8-11.)
4. Pesquisas têm revelado que, no que se refere a assistir televisão, quase não há diferença entre incrédulos e
os que se dizem nascidos de novo. Analise as implicações disso à luz de Colossenses 3.1-3.
5. De que modo podemos dar a entender sutilmente que Cristo não pode libertar-nos do poder do pecado? De
que modo podemos corrigir essa idéia errônea?
2
As Conseqüências de um
Pecado Sexual
Comecemos com Davi. Não apenas por causa de seu pecado com Bate-Seba. Nem porque sua história ocupa
tantos capítulos da Bíblia. Nem porque seu pecado seja incomum. Começo com Davi simplesmente porque ele é o
último homem que esperávamos ver metido numa complicação dessas.
Afinal, Davi
. foi o herói que matou Golias com uma pedrinha;
. foi um poeta que escreveu a maioria dos salmos;
. foi um místico que buscava a Deus fervorosamente;
. foi um rei escolhido por Deus, a respeito do qual ele disse: “um homem segundo o meu coração”.
E, no entanto, esse homem, Davi, cometeu adultério, e depois ordenou que outro fosse morto a fim de encobrir
seu pecado. Atendendo aos clamores de seus hormônios, em vez de dar ouvidos à razão, envergonhou e desgraçou a si
mesmo, sua família e seu reino.
Todos conhecem a história. O rei estava tirando uma soneca no terraço de seu palácio, à tardinha. Quando
acordou, pôs-se a caminhar por ali e “daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa”. (2 Sm
11.2.)
E quanto mais Davi olhava para ela, mais se inflamava seu apetite sexual. Seu sangue se aqueceu, enquanto
seus olhos se voltavam para aquele corpo formoso. E ele a observava ao clarão do sol poente.
Essa simples frase “daí viu” está carregada de um mundo de significado. Davi dirigiu seus olhos para aquele
belo corpo nu. Infelizmente, naquele momento, foi só isso que ele viu. E o que ele deixou de ver é altamente
revelador. Ele não levou em consideração as conseqüências - a perda prematura de quatro de seus filhos, que iriam
morrer por causa do que ele estava planejando em seu coração. Ele não previu o senso de culpa, de vergonha, não
previu a morte de um homem, nem a perda do reino. Naquele instante, essas coisas nem lhe passavam pela cabeça. O
amanhã não tinha a menor importância. Talvez ele até passasse por tudo aquilo sem ser descoberto, e ninguém
ficaria sabendo. E, além disso, se ele não convidasse Bate-Seba para passar a noite ali, ficaria sempre imaginando
como seria ela realmente; e depois se lamentaria de não haver aproveitado a maravilhosa oportunidade de desfrutar
de seus encantos sexuais. Ele começou a criar fantasia sobre a sedução de uma mulher que não conhecia. E mais:
acreditava que poderia fazê-la sentir-se mais mulher, plenamente realizada.
Analisemos o que aconteceu. Ali, naquele terraço, Davi tomou a decisão de convidar Bate-Seba para vir ao
palácio. Se fosse rejeitar a tentação, teria que fazê-lo naquele momento. É possível que ele tenha pensado: Posso ter
prazer só em admirar essa mulher por algum tempo, e depois decido se a convido para ir ao meu quarto. Pode ser
que sim e pode ser que não.
A hora certa de se rejeitar o pecado sexual é o instante em que a paixão desperta. Se dermos lugar à lascívia,
ficará mais difícil resistir à paixão. E o passar do tempo não facilita a decisão certa; pelo contrário, a cada momento
que passa é mais provável optarmos pelo pecado. Aqueles que lêem publicações pornográficas, por exemplo, já
resolveram que vão cometer adultério mental; assim sendo, já decidiram também cometer o ato de adultério. A única
coisa que não está decidida é com quem e quando.
Cedendo às Pressões do Prazer
O fato de Davi ficar contemplando Bate-Seba longamente foi idêntico a cortar as cordas do ancoradouro e sair a
navegar numa corrente cuja velocidade e força aumentavam rapidamente. Cada momento que passava tornava-se
mais e mais difícil voltar à terra firme. Mas Davi não pensava em como e quando voltaria. Estava desfrutando da
sensação de ser levado rio abaixo, pela vibração que sentia no corpo. Cedeu ao prazer do momento. Esqueceu as
perigosas corredeiras que havia mais adiante.
O passo seguinte já era de se esperar. Ele enviou mensageiros para convidá-la a vir ao palácio. Fico a imaginar
o que ele teria dito aos seus servos. Talvez ele tenha feito uma observação casual, sobre sua vontade de conhecer
melhor seus vizinhos, e queria saber quem morava duas casas abaixo do palácio; ou talvez, depois de saber que ela
era mulher de Urias, um de seus mais valentes soldados, ele pode ter lançado mão do artifício de querer entender
melhor o problema das mulheres cujos maridos se encontravam na frente de batalha. Seja qual for a desculpa que
arranjou, deu certo.
O terceiro ato foi que “ele se deitou com ela” (2 Sm 11.4). Não sabemos até onde Bate-Seba concordou com
Davi. Será que ela cedeu pelo prestígio que lhe traria o fato de ter estado no leito do rei? Será que tinha uma afeição
real por Davi? Será que amava Urias, seu marido? Nunca o saberemos.
Também nunca saberemos se Davi pensou na possibilidade de ela ficar grávida. Pode ser que ela tivesse dito a
ele que naquele período do mês não havia perigo, ou talvez pensasse que não tinha condições de ter filhos. O mais
provável é que não tenham parado muito tempo para pensar nisso - os apetites tinham que ser satisfeitos, fossem
quais fossem as conseqüências. Qualquer problema que surgisse, poderia ser contornado depois. Só o momento
presente importava.
E se Bate-Seba não tivesse engravidado? É possível que o caso deles nunca tivesse sido descoberto. Urias não
teria sido morto, e o reino de Davi permaneceria estável.
Mas será que podemos ter certeza disso? Se entendemos corretamente o que é pecado, sabemos que não
podemos escapar ao juízo de Deus - mesmo que nossas ações não sejam conhecidas pelos homens. Iremos ver que o
pecado deixa outras conseqüências próprias, escondidas, além da vergonha de uma exposição pública. Além disso,
não podemos ter certeza de que aquela ligação de Davi com Bate-Seba continuaria sendo secreta. E se Bate-Seba,
dominada pelo sentimento de culpa, contasse ao marido? Ou pode ser que ela usasse desse segredo para chantagear o
rei. É possível também que os servos que foram buscá-la já desconfiassem do que se passara entre os dois.
O que sabemos é que ela engravidou e mandou a noticia a Davi.
A Ocultação do Erro
Então o rei teve de encarar o fato de que aquele seu simples caso já não era tão simples assim. Um
relacionamento que iniciara pelo consenso de dois adultos, de repente envolvia uma terceira pessoa: uma criança
estava para nascer. Urias também estava envolvido no problema. Davi resolveu então que faria com que Urias
pensasse que a criança era dele. O rei fora posto em posição de cheque-mate. Ele perdera o primeiro jogo, mas não
perderia o campeonato.
Executa-se o Plano A. Davi pediu que Urias fosse enviado a Jerusalém a fim de informá-lo do andamento da
peleja em Rabá. Como estavam eles - ganhando ou perdendo? O rei indagaria a ele. Em seguida, mandaria o soldado
para casa, na esperança de que ele tivesse relação sexual com sua bela esposa. E o rei ainda lhe daria um presente
para ela, desejando que isso criasse uma aura de romantismo que levasse o casal para o quarto.
Mas Urias não entrou no jogo de Davi. Não sabemos que suspeitas ele pode ter tido. Será que ele pensou: “Por
que todas estas atenções e privilégios especiais?” E disse a Davi que não iria para casa, pois ficaria com sentimento de
culpa se fosse para casa alegrar-se com sua esposa, enquanto seus companheiros estavam enfrentando situações
difíceis na guerra. E firmemente recusou a oferta do rei.
A essa altura, Davi já estava desesperado. Tinha que fazer com que Urias fosse para casa, para que seu pecado
não fosse descoberto. Afinal, isso era para o bem da família real e de todo o reino.
Então surgiu o Plano B. O rei solicitou a Urias que ficasse ali mais um dia, para que os dois pudessem almoçar
juntos. E fez com que ele se embebedasse, com esperança de que, à noitinha, ele fosse para sua casa. Mas aquele
homem leal ficou com os servos de Davi e não foi visitar a esposa.
Se Urias tivesse ido para casa, e tivesse tido relações sexuais com a esposa, será que isso acertaria as coisas
para Davi? Bate-Seba teria que ser obrigada a dizer e viver uma mentira. Teria que fingir que a criança era filho do
marido, e mentir acerca de um nascimento “prematuro”. E aquela criança seria um constante lembrete do doloroso
segredo que tinha de ser guardado a custa de muitos enganos.
E Davi teria de continuar para sempre com aquela culpa de haver gerado um filho, que mais tarde poderia vir a
descobrir sua verdadeira identidade. O rei teria que guardar este segredo no coração, sabendo que sua ação teria
graves conseqüências na vida da criança. E viveria também com o temor constante de que Bate-Seba contasse a Urias.
E se ela não conseguisse suportar o peso de sua culpa? E havia também o relacionamento do rei com suas esposas -
como elas seriam afetadas pelo caso que o marido tivera?
Mas voltemos à história.
Davi passou à execução do Plano C. Era seu trunfo. Resolveu que Urias seria morto na batalha, para que Bate-
Seba pudesse tornar-se sua esposa. Entregou ao soldado uma carta dirigida a Joabe, seu comandante militar. Em
parte, ela dizia o seguinte: “Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido
e morra.” (2 Sm 11.15.)
Por que um homem bom se torna um assassino? Por que um homem bom manda matar um amigo que é tão leal,
que ele próprio é encarregado de levar a carta ao seu comandante sem abri-la? A vergonha faz com que
manipulemos as conseqüências do pecado. Desde os tempos mais antigos o homem tenta escapar ao castigo de
Deus. A mente humana é capaz de racionalizar qualquer ato que seu coração desejar praticar. Pagamos qualquer
preço para parecermos bonzinhos. A melhor coisa que Davi poderia ter feito seria reconhecer seu pecado
diretamente, apesar de toda a vergonha e humilhação que isso acarretaria. Mas, em vez disso, ele foi somando um
erro a outro, e o castigo divino aumentando proporcionalmente.
Joabe obedeceu às ordens do rei, e depois um mensageiro voltou a Davi para lhe dizer que Urias fora morto em
combate. E ele simplesmente replicou o seguinte: “Não pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada devora, assim
este como aquele.” Era como dizer tranqüilamente: “Bom, isso é da vida; um dia a gente ganha; outro, perde.”.
Como estavam funcionando as medidas de acobertamento? Bate-Seba sabia do fato, bem como Joabe; e
provavelmente os servos também o sabiam. É provável que outros também tenham ficado com suspeitas, por ocasião
do nascimento da criança. E Davi sabia, como confessou depois: “meu pecado está sempre diante de mim”.
Mas o mais importante é que Deus o sabia. Nenhum pecado fica oculto dele. E ele tomou providências para que
as tentativas de ocultamento eventualmente fossem removidas.
E nisso está a ironia de tudo: nós, seres humanos, na maioria das vezes estamos mais preocupados com o que as
pessoas sabem do que com o que Deus sabe. E, no entanto, é o divino legislador quem supervisiona pessoalmente o
castigo a ser ministrado àqueles que ferem sua autoridade. E por mais que procuremos cuidadosamente esconder
nosso pecado dos homens, ele está descoberto perante os olhos de Deus. O autor de Hebreus, com muito acerto,
escreveu o seguinte: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as cousas estão
descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4.13.)
Algumas Conclusões
Neste ponto da história de Davi já podemos chegar a algumas conclusões.
Qualquer um pode cometer um pecado sexual, tanto uma pessoa consagrada a Deus como a mais indiferente
de todas. Pastores, médicos, missionários - todos são susceptíveis de erro.
Certo professor de seminário sugeriu a seus alunos que se preparassem para uma outra profissão, além do
pastorado, pois uma boa pane deles iria futuramente abandonar o ministério, devido a pecados sexuais. Ouvi contar,
recentemente, que determinado pastor estava envolvido com a esposa de outro homem. Ele era a última pessoa que
eu pensaria que iria entrar numa situação dessas. Mas, como acontece em tantas das surpresas da vida, os últimos,
muitas vezes, são os primeiros.
Se Davi, que era um homem que amava a Deus com tanto fervor, foi capaz de cometer adultério, não devemos
espantar-nos com nossa propensão para os pecados sexuais. Embora isso não aconteça necessariamente a todo
mundo, o fato é que pode acontecer. Muitos que antes, orgulhosos de si mesmos, afirmavam: “Eu nunca faria isso”,
hoje têm que confessarem envergonhados: “Eu o fiz.”
Sempre que ouço alguém mencionar os pecados de outrem em tons de acusação, estremeço. A não ser pela
graça de Deus, todos nós somos potencialmente candidatos a cometer um pecado sexual.
Os apetites carnais têm uma força incrível. Davi, Sansão e Jezabel são exemplos do atrativo exercido pelos
desejos sexuais. Nossas paixões podem exercer sobre nós um domínio sutil e ditatorial. É possível que consigamos
controlar nossos atos, mas nossa mente, às vezes, é tomada de assalto por engodos sexuais. Se não modificarmos
nossa forma de pensar, as nossas resoluções, até mesmo as mais firmes, ruirão ao peso do desejo sexual.
Concordamos plenamente com Santo Agostinho: “Não existe nada mais forte para derrubar o espírito do homem, do
que as carícias de uma mulher.” Ele próprio só conseguiu resolver o problema de seus conflitos interiores depois que
se rendeu totalmente a Deus.
Homens respeitáveis têm abandonado mulher e filhos; pastores têm abandonado ministérios vitoriosos; e
mulheres têm deixado filhos a quem amavam profundamente, tudo por causa dos atrativos do sexo. Uma certa pessoa
disse:
- Detesto o que estou fazendo, mas não consigo ser de outro jeito. Um lado meu quer mudar de vida; o outro
não quer. Do modo como as coisas estão, resolvi fazer o que eu quero.
Acredito que em nossos dias a tentação é maior do que em décadas anteriores. Os filmes pornográficos,
imorais, inflamam as paixões carnais e corroem a resistência moral. Certa vez um garoto de onze anos encontrou uma
revista pornográfica numa gaveta de um móvel de um hotel. Olhando aquilo, ele ficou tão excitado, que seduziu a
irmã. E continuou viciado em leituras pornográficas, durante muitos anos, e mantendo a relação incestuosa. Pelo
poder de Deus, hoje esse moço se recuperou parcialmente da experiência, mas a irmã, não. Teve um casamento
infeliz, e sentimentos de revolta, amargura e depressão.
David Morley escreveu o seguinte: “O impulso sexual é tão forte, que derruba até as barreiras do bom-senso e
do raciocínio. Ele pode levar um homem a roubar, trapacear, matar, ou jogar fora toda uma riqueza ou talento, a fim
de buscar essa satisfação.” (His - Dele - Nov. 1971).
Nós possuímos apetites latentes que podem ser despertados até se tornarem uma febre. É como jogar um
fósforo aceso numa lata cheia de gasolina.
Mas apesar da força de nossos impulsos passionais, Deus nos responsabiliza por nossas ações. Ele mandou
que o profeta Natã fosse falar com Davi, e ele lhe entregou a mensagem divina sob a forma de uma parábola. Numa
cidade havia dois homens - um rico e outro pobre. O pobre tinha apenas uma ovelha. No entanto, quando chegou um
viajante à casa daquele rico, este roubou a única ovelha do pobre, e preparou-a para o banquete (2 Sm 12.1-4).
Ao ouvir esta exposição, Davi se mostrou bastante encolerizado, e disse: “Tão certo como vive o Senhor, o
homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal cousa, e porque não se
compadeceu.” (2 Sm 12.5,6.) E Natã lhe respondeu: “Tu és o homem!” (V. 7.)
Davi teve mais compaixão de uma cordeirinha, do que tivera de Urias - o que mostra mais uma vez como as
paixões distorcem nossa visão das coisas. Davi era o homem da parábola, que havia roubado a ovelha de seu vizinho. E
Deus iria castigá-lo pelo que havia feito, embora tudo tivesse começado num momento de descontrole das paixões.
Deus é Justo?
Será certo que sejamos considerados culpados por algo que realmente não tencionávamos fazer? E a
responsabilidade da mulher, Bate-Seba? Por que um homem, que servira fielmente a Deus durante vinte anos, deveria
receber um castigo severo por causa de um erro cometido num momento de desvario?
Ademais, dizem alguns, ninguém condena um cachorro pelo fato de agir como cachorro. Por que deveríamos ser
responsabilizados por um ato que nos é tão natural? Sendo seres com impulsos sexuais, por que não podemos
expressar nossa sexualidade?
Se o homem fosse um animal, como ensinam os behavioristas atualmente, então teríamos que concordar que
ele não deveria ser responsabilizado por suas ações. B.F. Skinner, que acredita, que o homem é apenas animal,
ensina que ele não tem que responder pelos seus atos - tudo que as pessoas fazem, elas simplesmente o fazem. A
nenhum ato deve ser atribuído senso de culpa.
A Bíblia apresenta uma visão bem diferente: além do corpo, ele possui também alma. E já que possui esse ele-
mento que é imaterial, não podemos pensar que ele é somente um dente da engrenagem universal, uma vítima de
forças que se encontram acima de sua capacidade de controle. É verdade que pela queda ele chegou a um nível bem
baixo, mas ainda pode tomar a deliberação de reprimir suas ações, sejam quais forem os pensamentos que povoem
sua mente. Em alguns países muçulmanos, onde a pena para o crime de estupro é crucificação, e de roubo é o corte
da mão direita, o índice de criminalidade é insignificante - o que comprova que o homem não “tem” de “fazer o que
lhe é natural”.
Apesar das indiscrições de Bate-Seba, Davi não era obrigado a cometer adultério. Ele poderia ter parado de
olhar para ela, e poderia ter resistido à idéia de convidá-la para ir ao palácio. Mas porque ele tomou a resolução de
pecar, era responsável pelo ato.
Mesmo que pensemos que nossa vontade fica como que imobilizada no momento da tentação, ainda assim
temos uma vontade livre, e somos responsabilizados por nossas ações. Essa tese de que devemos agir segundo os
impulsos do sentimento é uma das mentiras sutis ditadas pelas paixões.
Embora naturalmente inclinado para o mal, quando orientado, o homem pode se refrear e deixar de praticar
certos atos, geralmente com grande esforço, e obedecendo a objetivos superiores. Mas Deus só se satisfaz quando ele
vai além disso. O homem pode tomar a deliberação de confiar-se à misericórdia de Deus, e pedir que ele lhe de
forças para encarar suas resoluções de caráter moral. Deus está à nossa disposição, para nos socorrer nos momentos
de necessidade. As fraquezas morais deveriam ser um incentivo para nós, para buscarmos mais a cruz. Cristo morreu
para que se rompesse a força das garras do pecado em nossa vida.
Deus coloca diante de nós um padrão de conduta bastante elevado, e ao mesmo tempo nos concede a
possibilidade de sermos perdoados e moralmente livres. Santo Agostinho, ao meditar sobre essa questão de como o
homem pode tornar-se aceitável perante um Deus santo, disse o seguinte: “Ó Deus, pede o que quiseres, mas supre-
nos daquilo que pedes.” Deus não está brincando conosco. Ele espera de nós muito mais do que podemos fazer por
nossas próprias forças, mas ele está pronto a ajudar-nos a satisfazer suas exigências.
A misericórdia de Deus está à disposição daqueles que resolvem parar de procurar desculpas para sua conduta.
Se assumirmos nossa responsabilidade, mesmo quando a tentação nos pressiona a pecar, colocamo-nos numa posição
de humildade, onde Deus pode socorrer-nos até na mais profunda de nossas necessidades. Ele sabe que fomos criados
do pó. Está perfeitamente ciente de nossas fraquezas e de nossa propensão para o pecado e, no entanto, não pode
liberar-nos de nossa responsabilidade. Ele é um Deus santo.
Assim que paramos de jogar a culpa nele, e assumimos toda a responsabilidade de nossos atos, ele pode vir em
nosso auxilio. Nada de arranjar explicações; nada de culpar a outros; nada de pôr a culpa em Deus.
E Quanto a Deus?
Quando cometemos um pecado sexual, Deus é quem perde. Sempre que pecamos, nosso primeiro
pensamento é se seremos castigados ou não. Será que alguém vai ficar sabendo? Será que Deus irá castigar-nos? Será
que suportaremos o peso da culpa? E, no entanto, a primeira coisa que deveríamos fazer era pensar em Deus. Natã
relembrou a Davi como Deus tinha sido bom para com ele. “Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul,
dei-te a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teus braços, e também te dei a casa de Israel e de Judá,
e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais cousas.” (2 Sm 12.7,8.) O pecado de Davi foi um ato de
ingratidão. Sua deliberação de cometer adultério com Bate-Seba era equivalente a dizer que Deus fora negligente em
suprir suas necessidades. A provisão de Deus para ele não era boa, aceitável e perfeita. Cada pecado que cometemos
equivale a fazer uma acusação contra a bondade de Deus.
Essa atitude remonta os tempos do jardim do Éden. Adão e Eva poderiam comer o fruto de todas as árvores,
menos de uma. E o que foi que Satanás fez? Ele tapou-lhes os olhos para todos os privilégios de que dispunham, e
afirmou que, se Deus fosse bom e se estivesse levando em consideração os interesses deles, deixaria que comessem
do fruto proibido. E o primeiro pecado de nossos pais teve como base a premissa de que Deus era mau, e não benigno.
Pense em como Deus fora bom com Davi. E ele ainda tinha outros planos para o rei. “E, se isto fora pouco, teria
acrescentado tais e tais cousas.” Com um só ato lascivo, Davi, insensivelmente, esqueceu toda a bondade de Deus.
Muitas vezes, as pessoas que cometem pecados sexuais estão cercadas de privilégios e bênçãos: bons pais, uma igreja
evangélica, conhecimento da Bíblia. Mesmo tendo recebido de Deus todas essas coisas e muitas outras mais, ainda lhe
desobedecem a Palavra.
A devassidão sexual começa com a ingratidão. O primeiro passo na direção da ruína moral está registrado em
Romanos 1: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças” (v. 21);
o resto é do conhecimento geral. O pecado e a ingratidão sempre andam juntos.
Falando a respeito de um casal que teve relações sexuais antes de se casar, Roy Hession comenta o seguinte: “E
o grande perdedor nisso tudo é Deus, aquele cujo coração para com eles era bem diferente do que eles pensavam;
aquele que estava planejando para eles um beneficio muito grande, maior do que poderiam ter imaginado, mas cujos
bons desígnios eles frustraram.” (Forgotten Factors - Fatores ignorados - Christian Literature Crusade.)
Deus também perde, porque sua reputação fica maculada. E Natã continua, dizendo: “Mas, posto que com isto
deste motivo a que blasfemassem os inimigos do Senhor, também o filho que te nasceu morrerá.” (2 Sm 12.14.) Agora
os inimigos de Deus iriam dizer: “Davi é igual a nós. Ele diz que conhece a Deus, mas olhe só o que fez!"
Impressiona-me aqui o fato de que Deus não tenha tentado ocultar o pecado de Davi, impedindo assim que os
inimigos do Senhor tirassem partido da vergonha dele. Deus poderia tê-lo castigado em particular. A notícia do
acontecido poderia ter ficado limitada apenas aos muros do povo de Deus. Mas o Senhor permitiu que o fato fosse
conhecido até entre os pagãos.
Quando um filho seu peca, Deus nunca procura abafar o fato. E a reputação dele também fica manchada,
juntamente com a daquele filho. Mas nós fazemos o contrário. Tomamos todas as medidas possíveis para esconder
nosso pecado, ao passo que Deus tenta expô-lo.
Enquanto não sentirmos a extensão da tristeza que nosso pecado sexual causa em Deus, não nos disporemos a
abandoná-lo. Natã perguntou a Davi o seguinte: “Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor?” (v. 9.) É provável
que Davi não visse as coisas desse modo, mas Deus via.
José não teria resistido às investidas diárias da mulher de Potifar, se tivesse pensado apenas no que o pecado
poderia significar para as outras pessoas. E poderia ter racionalizado tudo, ao calor do momento. Afinal, ele não
merecia um pouco de prazer depois de tudo que passara com seus irmãos? E não poderia esconder tudo de Potifar,
que passava o dia todo fora? Com tal raciocínio, ele poderia concluir que o prazer sexual valia bem os riscos nele
envolvidos.
Mas o que foi que o impediu de pecar? Foi seu entendimento de que Deus se entristeceria. “Como, pois,
cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9.)
As duas pessoas envolvidas num pecado sexual sofrem as conseqüências do erro, mas o pior é que Deus também
sofre. Praticamente elas estão dizendo a ele: “Tu não tens sido bom para mim. E eu sei, melhor do que tu, o que é
bom para mim. Não me preocupo com a tua reputação.” E mesmo quando o pecado é habilidosamente camuflado,
esta mensagem está sendo dirigida a Deus. Imagine-se só o sofrimento dele!
ESTUDO E APLICAÇÃO
1. Alguém já disse: “Mente desocupada é oficina do diabo.” Vamos debater esta afirmação à luz do fato de Davi
ter ficado em Jerusalém (2 Sm 11.11).
2. Estudar o Salmo 32, e descrever a experiência vivida por Davi durante o tempo em que se recusou a
arrepender-se de seu pecado (um período de aproximadamente um ano).
3. De que maneira somos vulneráveis à tentação sexual, e o que podemos fazer para minimizá-las?
4. Pensemos em como nosso pecado afeta a Deus. Sabe citar alguns exemplos de situações em que Deus tenha
expressado profundo desgosto pelo pecado do homem?
5. Leia novamente as palavras que Natã disse a Davi (2 Sm 12.7-15). Que lembranças essas palavras trouxeram à
mente de Davi? Qual é a reação de Deus para com o pecado escondido?
3
Por que Não Posso?
As barreiras que havia contra o sexo pré-conjugal praticamente ruíram todas. O adultério em certos círculos já
é até chique.
As estatísticas informam que há cerca de 300.000 mil casos de aborto praticado por adolescentes, por ano;
250.000 filhos ilegítimos nascem anualmente, e há cálculos de que 12 milhões de jovens sofrem de doenças venéreas,
nos Estados Unidos. Além disso, há um grande número de pessoas que, de comum acordo, mantêm “romances”
extraconjugais, e que crêem que não mais é possível manter a pureza sexual em nossa avançada sociedade.
É claro que nem todas as pessoas pensam desse modo. Aqueles que não agem assim são ridicularizados e
acusados de “puritanos”. Nessas duas últimas décadas, tem sido apregoado que um individuo pode gozar dos prazeres
do sexo com diversos parceiros, sem sofrer as conseqüências, devido ao grande número de contraceptivos existentes.
A filosofia do playboy ensina que se pode passar de uma cama para outra, sem temer nenhum efeito negativo.
Ninguém fica magoado; não há problemas de rejeição, nem senso de culpa, nem doenças venéreas, nem gravidez.
Quanto maior o número de ligações amorosas, melhores as chances de uma satisfação plena e realização pessoal. E
milhões de pessoas estão acreditando nesta mentira.
Os jovens, principalmente, gostam de perguntar: “Por que é errado o sexo extraconjugal? É errado mesmo, ou é
errado porque Deus assim o determinou?” São perguntas justas. Muitas pessoas pensam que o ensino bíblico com
relação à moralidade não é racional; que temos que obedecer aos preceitos dela cegamente, sem poder perguntar
por quê? Creio que devemos obedecer aos ensinamentos da Bíblia, mesmo quando não entendemos a razão de
determinados mandamentos. Deus sabe mais do que nós e, portanto, devemos submeter-nos à sua autoridade mesmo
que de nosso ponto-de-vista as coisas pareçam diferentes. O fato é que ele tem uma visão do quadro todo; nós só
enxergamos uma parte. Se com o tempo não ficar comprovado que ele está com a razão, a eternidade o comprovará.
Existem razões fortíssimas para se preferir a castidade.
O Sexo é um Ato Espiritual
Paulo exortou a igreja de Corinto a viver em pureza sexual. “Ou não sabeis que o homem que se une à
prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.” (1 Co 6.16.) O apóstolo
está se referindo aqui à união que transcende o material - um tipo de união espiritual que só é corretamente
praticada no casamento.
Para quem acredita em amor livre, o sexo é basicamente uma união física. Quando se está com fome, come-se;
quando se está com sono, dorme-se; e quando se tem um desejo, pratica-se o sexo. Parece acertadíssimo; mas, na
verdade, isso está longe de ser verdade.
Precisamos de algumas explicações para entender isso. Os pensamentos não são meras reações químicas do
cérebro. Nossa mente é uma entidade espiritual. Da mesma forma que um pianista toca um piano para produzir
música, assim a mente se utiliza do cérebro, que por sua vez comanda os outros órgãos do corpo, através do sistema
nervoso. O cérebro é o órgão do corpo onde o físico e o espiritual interagem. Mas o espírito pode existir
independentemente do cérebro - ele é eterno.
E a conclusão? Pela maneira como fomos criados por Deus, só podemos ser plenamente realizados sexualmente
se nos unirmos ao nosso cônjuge num plano espiritual, além do plano físico. Muitas pessoas ficam emocionalmente
enfermas em conseqüência da prática do sexo extraconjugal. O que acontece é que o ato sexual pode proporcionar-
lhes satisfação física, mas sem a realização espiritual as pessoas ficam magoadas. É preciso que haja uma dedicação
total a uma só pessoa. Devido à profunda intimidade do ato sexual, ele só pode ser satisfatório se houver a certeza de
que será repetido com a mesma pessoa.
Tenho sabido de muitos casamentos que fracassam por causa da prática do sexo pré-conjugal. As mulheres
argumentam assim:
- Se ele conseguir me convencer a dormir com ele antes de casar, o que o impede de fazer o mesmo com a
secretária?
Não se pode ter satisfação plena sem confiança, e a melhor maneira de se conquistar essa confiança é só
praticar o sexo após o casamento. O que o torna significativo é o compromisso com a totalidade do ser.
O segundo ingrediente necessário a um relacionamento sexual completo é a ausência de sentimento de culpa.
Sem essa leveza de consciência, não pode haver uma entrega sem inibições, uma união psicológica das
personalidades. Sempre haverá alguma coisa lá dentro que não está satisfeita, não está certa. Li recentemente que
85% das energias psíquicas das pessoas são empregadas em suportar o peso dos complexos de culpa. Deus nos criou de
tal maneira, que quando violamos suas leis, passamos a carregar um incômodo senso de culpa.
Logicamente muitas pessoas dizem que não sofrem sentimentos de culpa. O fato é que muitas vezes eles se
manifestam sob a forma de depressão ou raiva. Geram insensibilidade e frustração. Uma pessoa explicou isso da
seguinte maneira:
- Embora eu sempre racionalizasse meus atos, por dentro estava morrendo aos poucos.
Joyce Landorf, cm seu livro Tough and Tender (Forte e terno), conta de um homem que foi procurar o marido
dela, e lhe perguntou por que a vida parecia tão inútil. O que ele disse, em parte, foi o seguinte:
"Sabe, Dick, estou do jeito que quero. Sou livre de compromissos matrimoniais. Tenho um belo
apartamento na praia, e durmo com as mulheres mais maravilhosas, uma após outra. Tenho toda
liberdade e faço o que acho certo. Contudo, alguma coisa está me incomodando muito, e não consigo
descobrir o que é. Todos os dias, quando me apronto para ir trabalhar, olho-me no espelho e penso
comigo mesmo: Como foi minha diversão sexual de ontem à noite? A garota era muito bonita. Estava tudo
ótimo na cama, com ela, e hoje de manhã, saiu sem me amolar. Mas será que a vida é só isso? E pergunto
a mim mesmo: se é esse o tipo de vida que todo homem deseja, por que estou tão deprimido? Por que
estou sentindo um frio interior, um vazio dentro de mim o tempo todo?... Sei que os outros caras acham
que seria maravilhoso ter esse tipo de liberdade, mas, sinceramente, Dick, odeio esta vida.”
O senso de culpa gera no individuo uma espécie de hesitação psicológica que o impede de entregar-se sem
reservas ao parceiro. A desconfiança e o sentimento de erro sufocam a satisfação que se possa ter num ato sexual.
Lemos em Gênesis o seguinte: “Conheceu Adão a Eva sua mulher.” (Gn 4.1 - IBB.) O verbo conhecer não é
empregado aqui com o objetivo de abrandar a linguagem, em vez da expressão “ato sexual”, camuflando um pouco o
sentido; não. Na verdade, a união sexual é a mais elevada forma de conhecimento; é a mais clara forma de se
expressar uma união psicológica e emocional.
Já os animais não possuem essa dimensão espiritual. Em conseqüência disso, o sexo, para eles, é um ato
puramente biológico. O relacionamento deles só ocorre no plano físico. Fazem algo que lhes é natural, sem se
preocuparem com questões como confiança mútua e moralidade.
A Confiança é a Base
O amor livre coloca os homens ao nível dos animais. Praticá-lo é obedecer aos desejos carnais, em tudo que
eles ordenam, sem responsabilidades pelos atos. Assim, o sexo fica reduzido a um mero prazer biológico. Judas faz
referência àqueles que são imorais, comportando-se “como brutos sem razão” (v. 10). Paulo afirma que Deus
entregou alguns a “paixões infames”. A prática errada do sexo nos torna subumanos. Ele passa a ser uma relação
puramente animalesca.
Foi por isso que certo homem casado, que se deitou com várias mulheres, chegou à seguinte conclusão: “Mulher
só presta para o sexo. Fora disso, eu não daria dois centavos por elas.” Observemos que, ao separar o biológico do
espiritual (que é o que se faz realmente quando se leva uma vida promíscua), esse homem via as mulheres apenas
como objetos para satisfazerem as suas paixões. O valor delas como pessoas era irrelevante para ele. Degradava as
mulheres, e também se degradava a si mesmo.
Um certo rapaz conversava com seu pastor, sentado ao lado da namorada, Jan, com o braço em torno do ombro
dela.
- Mas eu e San somos um, dizia. Temos união e confiança em nosso relacionamento. Por que temos de esperar a
obtenção da certidão de casamento primeiro? De qualquer modo, de que vale um pedaço de papel? O fato é que
planejamos nos casar.
A verdade é que o sexo pré-conjugal vem sempre acompanhado de sentimentos de culpa e desconfiança. Ali são
plantadas sementes que mais tarde irão dar frutos amargos. O ciúme e a depressão muitas vezes ficam enraizados no
solo da permissividade. E, além disso, as melhores racionalizações soltam o tiro pela culatra.
Susan e Mike viveram juntos vários anos, e então resolveram legalizar sua situação. Enquanto ela estava
tomando as providências para o casamento, Mike encontrou uma ex-namorada em uma festa. As chamas que estavam
abafadas voltaram a arder, e ele e Dons se apaixonaram novamente um pelo outro. Antes de se passar uma semana,
já estavam juntos na cama. Então Mike telefonou para Susan para cancelar o casamento, ou pelo menos adiá-lo, até
que ele tivesse tempo para “colocar a cabeça em ordem”.
A moça argumentou que ele lhe devia a reparação do casamento. Afinal, ela se entregara a ele durante três
anos - e isso devia valer alguma coisa. Mike não concordou. Reconhecia que prometera casar-se com ela, mas achava
que tais promessas não equivaliam a um compromisso matrimonial. Ademais, o fato de ter tido relações sexuais com
ela não o obrigava a casar-se. Pois era óbvio que, se o sexo fosse equivalente a casamento, muitos homens tinham
que ser polígamos. Não sentia nenhuma obrigação para com Susan e poderia perfeitamente casar-se com Dons.
De qualquer jeito, eles estavam num beco sem saída: se cancelassem o casamento, Susan sentiria que estava
sendo traída; se casassem, isso queria dizer que Mike estava sendo forçado a uma situação que não desejava.
Imagine-se só a frustração de um casal assim, às vésperas de seu casamento. Ao invés de estarem aguardando
ansiosamente o momento de se unirem sexualmente, apenas realizavam uma cerimônia sem significado. É como abrir
um presente cuja compra presenciamos.
Estou cansado de ouvir falar da liberdade sexual. É um tipo de vida caracterizado por promessas não cumpridas,
conversas vazias sobre o amor, carregado de sentimentos de culpa, egoísmo e amarga frustração. Por mais que
ofereça prazer físico, este não compensa os prejuízos espirituais e emocionais que acompanham tal conduta.
Warren Wiersbe diz o seguinte: “Os jovens estão ligando seus brinquedinhos de seis volts em um gerador de 220
volts, e assim queimam todos os seus fusíveis antes de terem tido oportunidade de viver.” (Be Challenged - Aceite o
Desafio - Moody Press.)
O Verdadeiro Amor Faz Sacrifícios
Em 1 Coríntios 7, Paulo aborda a questão do relacionamento sexual no casamento. Diz ele: “O marido conceda
à esposa o que lhe é devido, e também semelhantemente a esposa ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o
seu próprio corpo, e, sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio
corpo, e, sim, a mulher” (vs. 3 e 4). Notemos que o que deve vir em primeiro lugar na mente do cônjuge é o bem do
outro. O verdadeiro amor é basicamente altruísta.
Então um amor inconseqüente acha-se na posição oposta à do verdadeiro amor. Uma atração natural, em si
mesma, não é errada. Se conhecermos alguém cuja aparência e personalidade nos atraem, e cuja companhia
apreciamos, tudo bem. Mas se casarmos com esta pessoa com base apenas nesse tipo de atração, pode ser que mais
tarde encontremos outra mais atraente, mais simpática e com maior atração sexual. Um amor assim está sujeito a
variações, pois o objeto dele pode perder seu elemento atrativo. Existem alguns casamentos que se firmam baseados
na força desse amor superficial, mas são muito poucos.
O Amor é um Compromisso
O conceito de amor expresso pelo Novo Testamento é um compromisso para se buscar o que é melhor para a
outra pessoa. O entusiasmo diz: “Não agüento esperar.” Mas o amor afirma: “Pagarei o preço que for necessário para
respeitar você. Estou disposto a esperar;"
A expressão amor livre é uma contradição. Se é amor, nunca é livre. Envolve sacrifícios por parte de quem
ama. E se é livre, não é amor.
É claro que o sexo faz parte do amor conjugal, mas não é sinônimo de amor. É possível haver uma coisa sem a
outra. Muitos casais têm relações sexuais sem a menor compreensão do que seja um compromisso de amor. Por outro
lado, também é possível haver amor sem sexo. Em caso de enfermidade ou de alguma deformidade física, por
exemplo, quando o sexo se torna impossível, o amor pode suportar esse tipo de pressão.
Pelo fato de o egoísmo ser nato em nós, nossa tendência natural é querer que nossas paixões sejam satisfeitas
sem considerarmos se isso é bom ou não para nosso cônjuge. Muitas vezes um rapaz diz para a namorada: “Eu a amo";
mas talvez a sentença mais certa seria: “Amo a mim mesmo; quero você.”
Que melhor maneira poderia haver de se demonstrar amor por outrem do que renunciar ao prazer sexual, pelo
bem do outro. Afinal, a honra e a boa consciência de um homem ou de uma mulher são bens preciosos. Por que não
combinarem acerca de um tipo de conduta e se manterem fiéis ao combinado, custe o que custar?
A Culpa Tem Conseqüências Amargas
O sentimento de culpa gerado pelo pecado sexual pode levar um individuo à raiva e à violência. Recentemente,
um homem me ligou da Flórida. Lera meu livro How Te Say No to a Stubborn Habit (Como resistir a um hábito
renitente). Fizera exames que haviam revelado que era intensamente raivoso. Numa escala de um a cem, ele teria o
nível 96. Um psiquiatra lhe havia dito que era a pessoa mais irritadiça que ele já vira. O que faria com que um homem
se tornasse tão frustrado e nervoso? Tivera um lar feliz na infância; tinha sucesso no oficio de mecânico; e gozava de
um relacionamento conjugal relativamente bom.
Mas pouco depois a verdade aflorou: havia pouco tempo ele tivera experiências de homossexualismo. O senso
de culpa lhe trouxe tal sentimento de frustração, que sua vontade era agredir todo mundo e cometer suicídio. Por
quê? Porque o senso de culpa não resolvido gera autodesprezo, e o autodesprezo leva à hostilidade. É por isso que a
pornografia e a imoralidade, qualquer que seja o tipo, gera violência. Quando se dá busca num apartamento de um
criminoso, quase sempre se encontram ali objetos da mais baixa pornografia e outros artigos de perversão. Fui
informado de que muitos filmes pornográficos exibem cenas de violência bem como de sexo explícito. E o sexo visto
na tela não é um relacionamento de amor terno.
Geralmente, ao analisar um assassinato, a policia sabe dizer se ele foi cometido por maníaco sexual, devido à
fúria com que é realizado. Se a vitima apresenta muitos ferimentos de facada, em vez de uma meia dúzia deles, isso
revela que o assassino estava dominado por hostilidade e raiva.
Isso explica por que um crime de estupro não é tanto um delito sexual, mas um crime de violência. Uma pessoa
que não tem nenhuma restrição sexual sente tal ódio por si mesma, que não pensa mais em decência e auto-respeito.
Já que coloca em prática suas fantasias sexuais, por que não pode exercitar seu desejo de humilhar uma mulher? Em
uma sociedade onde a moralidade não passa de uma questão de preferência pessoal, que diferença faz um detalhe ou
outro? Numa mente e consciência poluídas, tudo é permitido (ver Tito 1.15,16).
Nos Estados Unidos, o número de maridos que espancam as mulheres está alcançando proporções epidêmicas.
Muitas delas abandonam o lar apavoradas com os imprevisíveis acessos de raiva de um marido agressivo. Os maus
tratos a crianças também estão generalizados, havendo cerca de dois milhões de menores por ano que são
espancados, torturados e que passam fome. Um relatório recente afirma que nos últimos anos os números dobraram.
Ocasionalmente, temos visto até casos de crianças que morrem, espancadas por pais impelidos pela frustração e
agressividade.
E depois há também o sadomasoquismo e incesto. Em cada dez crianças, uma talvez carregue um terrível
segredo de relações sexuais entre membros de uma família. Quase sempre elas são fruto de uma relação entre pai e
filha. Antigamente, acreditava-se que a idade média de uma filha que era molestada pelo pai era de 12 a 15 anos,
mas hoje sabe-se que crianças de até 5 a 10 anos estão sofrendo abusos sexuais. É impossível calcular os inevitáveis
temores, autodesprezo, depressão e tendências suicidas que surgirão na vida de uma criança dessas. Na cidade de San
José, Califórnia, cinco por cento das crianças das escolas primárias estão fazendo tratamento devido a abusos sexuais.
Ninguém sabe estimar o número de casos que não chegam a ser conhecidos.
A Bíblia fala claramente dessa relação que existe entre a imoralidade sexual e a consciência morta, que é capaz
de qualquer ato de crueldade. Pedro escreveu o seguinte: “Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em
imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades
superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na
presença do Senhor. Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição, falando mal
daquilo em que são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos.” (2 Pe 2.10-12.)
Um pecado nunca fica isolado. Se tolerarmos um erro em um aspecto de nossa vida, ele invadirá outra. Se nos
rebelarmos contra um dos mandamentos de Deus será mais fácil desobedecer também a outros. Ainda não se
descobriu um modo de controlar as conseqüências do pecado.
A Salvaguarda de Deus
As doenças sexualmente transmissíveis são a salvaguarda de Deus para conter a promiscuidade. O número de 18
de setembro de 1.981 do Chicago Tribune traz um longo artigo sobre as doenças venéreas - hoje denominadas
doenças sexualmente transmissíveis. Segundo o relatório ali apresentado, de cada dez mulheres nas idades de 15 a 35
anos, uma pode tornar-se estéril sem o desejar, até 1990, em conseqüência da epidemia de doenças venéreas que
hoje grassa no país. Estão ocorrendo anualmente pelo menos um milhão de casos de infecção, provocando
esterilidade feminina com cerca de 150.000 a 200.000 vítimas por ano. “Ninguém gosta de falar sobre as moléstias
sexualmente transmissíveis”, afirma o Dr. James W. Curan, chefe do departamento de pesquisa operacional da divisão
de controle de doenças venéreas da cidade de Atlanta. “As pessoas - inclusive muitos médicos - não estão percebendo
como este problema é sério. Se fosse outro tipo de doença, todos estariam alarmados, e tomariam providencias
contra ela.”
“Essas moléstias trazem consigo sérios problemas sociais e de saúde. Todos deveriam saber que elas podem
levar a graves complicações clínicas, entre as quais esterilidade e outros prejuízos para a saúde das mães e dos
filhos”, diz ele.
Anteriormente, os perigos trazidos por essas doenças eram subestimados. Mas hoje se sabe que são causadoras
de males tais como esterilidade do homem e da mulher, gravidez problemática, que pode até ameaçar a vida da
pessoa, morte de fetos e de recém-nascidos, surdez, retardamento mental, e outras perturbações crônicas
prejudiciais. Para resumir, o artigo afirma que algumas das conseqüências das mais de vinte moléstias sexualmente
transmissíveis são:
. Mais de 9.000 mulheres morrem anualmente de complicações de inflamações pélvicas;
. Os custos diretos e indiretos dessa doença sobem a $2,7 bilhões de dólares por ano. Mais de 112.000 mulheres
são hospitalizadas anualmente, para tratamento dessas moléstias;
. Em 1980, houve 858.000 casos de doença inflamatória pélvica; e 20% dessas mulheres tornaram-se estéreis;
. O número de casos de gravidez extra-uterina subiu de 19.300, em 1971, para 41.000, em 1976. A maioria
deles foi provocada por uma doença que obstrui as trompas, de modo que o ovo fertilizado não pode chegar ao útero;
. Mulheres contaminadas com clamídia podem passar os micróbios da doença para o filho, durante o parto. Isso
causa cerca de 75.000 mil casos de conjuntivite e infecção ocular, e 30.000 casos de pneumonia por ano;
. A clamídia, que é uma das principais causas de morte em países do terceiro mundo, aumenta também os
riscos de abortos e do nascimento de crianças mortas;
. Entre 300.000 e 400.000 moças adolescentes contrairão infecções pélvicas neste ano, que provocarão a
esterilidade de vinte por cento delas;
. De 10 a 15 milhões de pessoas contaminaram-se com herpes genital, uma doença que dura o resto da vida, e
que tem agravamentos periódicos, intercalados por períodos de abrandamento. As verrugas genitais afligem cerca de
500.000 pessoas a cada ano, e os parasitas genitais têm proporções epidêmicas.
Os pesquisadores, de um modo geral, encaram essas doenças como problemas de saúde, mas trata-se também
de uma questão moral. É mais um preço que a sociedade paga pela sua rebelião contra as leis estabelecidas por Deus.
O Principio da Redução de Retomo
O poeta Robert Burns escreveu o seguinte:
Mas os prazeres são como papoulas na campinas:
Arranca-se a flor, suas pétalas esfacelam-se;
Ou como flocos de neve sobre um rio:
Num momento branquejam - em seguida derretem-se para sempre.
A amarga ironia do pecado sexual é que não existe liberdade para se desfrutar dos prazeres que ele promete. A
satisfação diminui, ao mesmo tempo em que os desejos aumentam. Quando se chega a um ponto, descobre-se que
tem que ir mais adiante. Para se manter a mesma satisfação erótica será necessário buscar novos estímulos. É por isso
que, muitas vezes, uma prática sexual desregrada leva ao alcoolismo e às drogas.
A imagem do fogo é empregada para descrever o desejo frustrado. Paulo faz uma referência a homens que “se
inflamaram mutuamente em sua sensualidade” (Rm 1.27). E, literalmente, um ardente desejo que se frustra é um
pedaço do inferno. E assim como as chamas do inferno nunca se extinguem, também é a pessoa consumida pela
lascívia: “o inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem.” (Pv 27.20.)
George Gilder, em seu livro Sexual Suicide (Suicídio sexual - The New York Times Book Co.), faz a seguinte
referência à revolução sexual:
“A atividade erótica tornou-se uma busca dissoluta, disforme e destrutiva de prazeres que se
tornam cada vez mais fugidios, por meio de técnicas cada vez mais drásticas. No afã de querer sempre
orgasmos melhores e sensações mais intensas, uma sociedade frustrada se entrega a uma corrida cada
vez mais desenfreada... mas acaba sempre voltando à crescente aridez e às formas indistintas de sua
própria sexualidade.”
O inferno mesmo é constituído de desejos que nunca são satisfeitos. As chamas ardem no interior da alma, mas
nunca se extinguem. O rico da parábola não contava com nem uma gota de água para refrescar-lhe a língua (Lc
16.24). Mas sejam quais forem os tormentos externos do inferno, o fato é que os interiores serão bem piores. Aqueles
que se entregam a uma sensualidade desgovernada já conhecem essa tortura que é estar amarrado a paixões que eles
amam e detestam ao mesmo tempo.
Quem é o Dono de Seu Corpo?
Uma tentação sexual é a melhor oportunidade que temos de reafirmar nossa fidelidade a Cristo. Paulo disse:
“Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e
que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co
6.19,20.) Ele defende a idéia da pureza sexual com base na questão da propriedade. No Velho Testamento, a glória
de Deus permanecia no Santo dos Santos. Hoje o lugar da habitação de Deus é o coração daquele que nasceu de novo.
É inaceitável que um filho de Deus se una a outra pessoa, que não o seu cônjuge, num ato sexual. Seria o mesmo que
introduzir um animal no Santo dos Santos. Paulo diz que isso equivaleria a unir os membros do corpo de Cristo a uma
prostituta.
Não existe uma solução fácil para o problema da tentação sexual. Às vezes nossos desejos exigem que
sacrifiquemos valores permanentes no altar dos imediatos. É por isso que temos de render nossos direitos de posse
sobre nosso corpo. Temos que reconhecer a posse total de Cristo sobre nossa pessoa. Os prazeres pecaminosos terão
que ser substituídos por outro tipo de prazer. “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de
alegria, na tua destra delícias perpetuamente.” (SI 16.11.) Deus não nos faz essas restrições com o objetivo de privar-
nos de bens, mas para dar-nos uma satisfação maior.
ESTUDO E APLICAÇÃO
1. Vamos fazer um estudo do texto de 1 Coríntios 6.12-20, respondendo às perguntas abaixo. Talvez seja bom
utilizar um comentário bíblico.
a. Paulo apresenta três razões para pureza sexual. Cada uma delas pergunta: Não sabeis... Diga quais próprias
palavras.
b. Em sua opinião, por que a imoralidade é diferente dos outros pecados?
c. Que indicações encontramos neste texto que sugerem que Paulo considerava o ato sexual como sendo espiri-
tual, além de físico?
d. Quais as implicações dos versos 19 e 20 com relação à pureza sexual?
2. Leia Provérbios 7, e descreva em que resulta a imoralidade.
3. Decore 1 João 2.15-17. Relacione os contrastes entre os valores do mundo e o valor da vontade de Deus.
4. Analise o primeiro pecado (Gn 3). Qual foi a natureza da mentira nele empregada? Quais as analogias entre
essa tentação e a tentação sexual?
4
Está Bem, Mas...
“Não tenho nenhuma sensação de que estou errado, quando estamos juntos... Havia pensado que iria me sentir
muito culpado, mas não me sinto. Nosso relacionamento é muito satisfatório para os dois.”
Ele me olhava diretamente nos olhos. Seus dez anos de casamento tinham sido totalmente vazios. Agora, ele
encontrou uma pessoa que realmente o compreende. Ela o faz sentir-se muito homem. O marido dela era alcoólatra,
e negligenciara a família havia anos. Era um homem de cara dura, que não sabia comunicar-se. No relacionamento
deles não havia aconchego, ternura. Agora, essa mulher conheceu um homem que sabia partilhar a vida dele com ela.
Será que eles não tinham quase o direito de terem um caso? Por que um relacionamento desses seria errado?
Devido ao grande número de casamentos infelizes, não é de surpreender que tantos cônjuges conheçam outras
pessoas com quem se relacionam melhor. O entusiasmo de uma nova ligação, a sensação de valor próprio que advém
do fato de ser respeitado, e a vibração de uma relação sexual amorosa - tudo isso contribui para se ter a sensação de
que talvez não estejamos totalmente errados.
É lógico que pode ser uma relação maravilhosa. De que outra forma se poderia descrever uma ligação entre um
homem e uma mulher que se complementam perfeitamente? A esse tipo de relacionamento tem-se inclusive
creditado a preservação da sanidade emocional. Uma senhora contou-me que, se não fosse por causa de um caso que
mantinha com outro homem, ela “teria ficado louca há muito tempo”, pelo fato de seu marido ser um homem de
convivência impossível. A alegria que encontrara neste novo relacionamento era para ela como um oásis no deserto.
Supondo que esse relacionamento seja mesmo muito bom e até afetuoso, ainda assim temos que perguntar:
mas a que preço?
Uma pessoa que comete adultério está violando pelo menos cinco, ou talvez seis, dos Dez Mandamentos. O
mandamento: “Não adulterarás” (Ex 20.14) enfeixa a questão; mas ainda persiste a pergunta: “Será ele errado só
porque Deus o proibiu?” E a resposta é: sim, Se Deus é Deus, então ele tem o direito de determinar que seja errado.
Além disso, o adultério é intrinsecamente errado devido à natureza do homem e da mulher. Deus é o Criador, e foi
ele quem estabeleceu os princípios que temos de observar para podermos atingir o máximo de nosso potencial.
Quando transgredimos esses princípios, estamos pecando.
A Perspectiva Divina
A palavra adultério não designa apenas relacionamento sexual extraconjugal, mas qualquer outro tipo de
devassidão sexual. Neste único mandamento temos o ponto-de-vista divino em relação aos pecados sexuais.
Outro mandamento: “Não dirás falso testemunho” (20.16) nos traz à mente outra responsabilidade. A cerimônia
de casamento é um juramento que se faz perante Deus e outras pessoas. No adultério essa promessa é quebrada; o
adúltero está voltando atrás num compromisso que assumiu.
Vez por outra ouvimos os jovens dizerem:
- Não vamos realizar uma cerimônia de casamento, porque isso não tem sentido. Certidão de casamento é
apenas um pedaço de papel.
Concordo que a folha de papel em si mesmo não é relevante. Para falar a verdade, não sei onde está a minha
certidão de casamento, e se ela fosse necessária para salvar minha vida, acho que morreria. Mas sei que tenho uma,
e que está em algum lugar. Em si mesma, ela nada mais é que uma folha de papel, arquivada em algum lugar, mas o
importante não é o papel, e sim o que ele significa. Eu fiz um juramento que me coloca sob um compromisso para o
resto da vida. Tem a mesma função do contrato que assinei, quando comprei minha casa. Não existe nenhum outro
relacionamento onde se tem mais a ganhar e a perder do que o casamento. Nenhum outro contrato implica em riscos
mais elevados do que o casamento. Se um dos interessados desiste do acordo, os resultados são devastadores. Então
cada pessoa que entra nisso precisa ter a certeza de que o outro participante não irá dar para trás, quando a situação
começar a ficar difícil. Esta é a finalidade da cerimônia de casamento: os noivos irão fazer seu juramento na presença
de testemunhas, para que ambos possam se responsabilizar pelo compromisso que estão assumindo. O adultério
quebra esse juramento.
E um adúltero diz falso testemunho de outras formas também. Ele mente à esposa, dando explicações
enganosas para o fato de chegar tarde à casa. O profeta Isaías condena os filhos rebeldes que acrescentam “pecado
sobre pecado” (Is 30.1). Quando pecamos e depois tentamos encobrir nosso erro, estamos multiplicando a ofensa.
Deus diz: “Não dirás falso testemunho” (Ex 20.16).
Um outro mandamento diz: “Não furtarás” (v. 15). Como vimos no caso de Davi, o adultério é roubo. Tirar a
esposa de outro homem é roubar o seu bem mais valioso.
Talvez agora possamos compreender por que uma relação sexual, apesar de bela e terna, pode ser também
pecaminosa e corrupta. O relacionamento pode ser gratificante, mas o método como essa satisfação é obtida
constitui transgressão da lei de Deus. Suponhamos, por exemplo, que uma pessoa esteja com muita fome, e assalte
uma loja para furtar alimentos. Talvez ela diga: “Essa é a melhor coisa que já comi. Como pode ser errado eu comer
uma carne tão boa?” A resposta é que o alimento pode ter um bom sabor, mas esse individuo teve que violar um
mandamento para obtê-lo. O padrão que Deus coloca para nós é “Não furtarás”.
À Cobiça é Rebelião
Uma relação adulterina implica em transgressão de mais um mandamento: “Não cobiçarás”. Deus diz
especificamente: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo,
nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo.” (Ex 20.17.)
Cobiçar significa desejar algo que não nos pertence, e dessa forma estamos acusando a Deus de nos haver sonegado
alguma coisa. A cobiça constitui rebelião contra Deus.
E Deus nos dá ainda outro mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe.” (Ex 20.12.) Na maioria dos casos de
relacionamento extraconjugais, as pessoas estão desonrando a herança recebida, já que trazem vergonha para sua
família.
Mas talvez o mais importante de todos os mandamentos seja o primeiro: “Não terás outros deuses diante de
mim.” (Ex 20.3.) Sempre que colocarmos nossas paixões acima da vontade de Deus, estaremos elevando este nosso
deus acima do Senhor Deus Jeová. Estaremos afirmando que encontramos uma satisfação pessoal que nos é mais
importante do que obedecer ao nosso Criador.
Por isso, aquele que não vê erro algum em seu caso extraconjugal está enganado. Ele acha que o fato de o re-
lacionamento ser afetuoso justifica sua conduta, mas o que não percebe é que, ao agir assim, está sacudindo o dedo
contra Deus. Ao que parece, Judas gostava muito de prata. Ele traiu a Cristo por 30 moedas que talvez ele pensasse
fossem satisfazer seu amor pelo dinheiro. Era errado ele possuir um pouco mais de prata? Claro que não! Eu próprio
gostaria de ter objetos de prata. O erro foi que ele teve de trair a Cristo para obter esse dinheiro. O adultério é
errado porque, para praticá-lo, temos que nos rebelar contra Deus.
A Racionalização
Consideremos mais algumas racionalizações que são apresentadas em defesa da prática sexual ilícita.
Todos nós cometemos adultério na mente, portanto o ato em si não torna o pecado mais grave. “Eu encaro
a coisa dessa maneira: todos nós pecamos no coração. E já que o desejo é o mesmo que adulterar, que diferença faz
se eu viver com essa mulher divorciada?” Essa foi a argumentação de um homem de 35 anos, quando soubemos que
estava tendo um caso com uma comissária de vôo. E como ela era divorciada, parecia que não havia muita razão para
se preocupar com o fato, pensava ele.
Legalmente, não existe diferença entre um ato de adultério e um coração adúltero, pois as duas coisas
constituem rebelião contra Deus (Mt 5.28). Mas existem outras diferenças. No primeiro, existe o envolvimento de uma
outra pessoa, que se torna cúmplice dessa rebelião. Embora todo pecado seja cometido basicamente contra Deus
(como Davi entendeu depois), no momento em que participamos do pecado de outrem, multiplicamos nossas
transgressões. E as conseqüências de alguns pecados são mais graves que as de outros. O pensamento lascivo às vezes
pode ser perdoado sem que nosso relacionamento com outras pessoas seja afetado. Mas um ato sexual não pode ser
esquecido facilmente por causa do compromisso envolvido nele. Como o sexo é um ato espiritual, além de biológico,
a sua prática errada macula profundamente a alma. Paulo escreveu o seguinte: “Fugi da impureza! Qualquer outro
pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio
corpo.” (1 Co 6.18.)
Portanto, o pecado sexual é diferente dos outros devido à intimidade do relacionamento com outro ser
humano. Aliás, Paulo disse também o seguinte: “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só
corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.” (1 Co 6.16.) Além e acima da união de dois corpos
ocorre a união de dois espíritos e, perante Deus, é considerada uma união espiritual. Isto não quer dizer que o ato
sexual por si mesmo é o casamento. Um homem não se casa com uma prostituta ao se relacionar com ela. Mas ocorre
ali uma união espiritual, reconhecida por Deus, e que macula o corpo, a alma e a mente. Assim, aqueles que praticam
um ato sexual ilegítimo terão que sofrer sanções maiores do que os que pecam apenas na mente. Não podemos
simplesmente dizer que, se cometemos um, podemos cometer logo o outro, pois isso não é verdade.
Será que não mereço a felicidade? “Tenho direito de ser feliz... e talvez esta seja minha única oportunidade
de encontrar a felicidade. Ademais, para começar, eu não devia nunca ter-me casado com Marvin. Então, por que não
posso ter este relacionamento? Eu mereço essa felicidade.”
A Declaração de Independência dos Estados Unidos afirma que nós temos “direito à vida, à liberdade e à busca
da felicidade”, mas isso não significa que temos de buscar a felicidade a qualquer preço, e por qualquer meio, mesmo
que seja estupro e adultério. Temos o direito de buscar a felicidade apenas por meios legítimos. O direito à felicidade
por meio do adultério é puro egoísmo. Aparentemente, o cônjuge traído não tem direito à felicidade, e nem os filhos.
Não podemos buscar a felicidade por meios ilegítimos, sem que outra pessoa renuncie aos seus direitos à
felicidade. Roy Hession escreveu o seguinte acerca do adultério:
“Alguém teve de pagar o preço de perder o companheiro de sua vida; uma outra pessoa está
chorando pela noite adentro; uma outra pessoa foi furtada em sua felicidade; essa outra pessoa teve seu
lar desfeito; uma outra pessoa está solitária, lutando sozinha; algumas crianças ficaram sem o pai ou sem
a mãe. É muito fácil nos esquecermos dos terríveis males que alguém está sofrendo, enquanto nós
desfrutamos de um novo amor”(Forgotten Factors - Christian Literature Crusade).
C.S. Lewis observou que o principio da busca da felicidade pelo uso de meios imorais, “depois que entra nesse
departamento, mais cedo ou mais tarde, vaza para as outras partes de nossa vida, até ocupá-la toda. Desse modo,
estamos avançando para um estado na sociedade em que, não somente todos os homens mas, todos os seus impulsos
exigirão carta branca” (God in the Dock - Deus no banco dos réus - Eerdmans).
Será que alguém pode ser feliz sabendo que está entristecendo o Espírito Santo? E se Cristo tivesse preferido
não enfrentar a tortura da cruz na busca de sua própria felicidade? Pascal disse o seguinte, aliás, com muita
sabedoria: “A felicidade não está em nós nem fora de nós; está em Deus.”
Temos a obrigação de obedecer a Deus e de adorá-lo, mas não somos obrigados a ser felizes. “Para mim, o
direito de ser feliz não faz muito sentido, assim como não teria sentido o direito de ter um metro e oitenta de altura,
ou de ser filho de um milionário, ou de querer tempo bom, quando temos um piquenique programado” (Lewis, God in
the Dock).
Ninguém tem o direito de buscar a felicidade à custa da perda de caráter. E menos direito ainda de buscá-la de
uma forma que constitui desobediência a Deus.
E o que dizer da afirmação: “Para começar, eu nem deveria ter-me casado com Marvin?”
Será que nos esquecemos de que Deus é um especialista em cuidar de situações difíceis, apesar de nossos erros
e fracassos? Ninguém agiu pior do que Adão e Eva. Eles tinham uma ótima oportunidade de obedecer, mas a
incredulidade deles trouxe destruição a toda a raça humana. E Deus não deixou que fugissem à responsabilidade de
seu ato, mas prometeu resolver o problema deles, nas condições que se encontravam.
A solução de Deus para um pecado (um casamento errado) não é deixar-nos cometer outro pecado (arranjar
uma desculpa para rompermos os votos matrimoniais). Ele está mais preocupado em transformar-nos do que em
modificar nossas circunstâncias. Ter paciência em meio a um casamento problemático é mais honroso que procurar
sair dele. Depois que nos arrependemos do pecado, Deus usa essa experiência para desenvolver em nós a maturidade.
Alguns adotam a seguinte racionalização: pode-se pecar moderadamente, e ainda assim ficar satisfeito. “Leio
pornografia, mas nunca dormiria com outra mulher.” As pessoas pensam que são capazes de ir só até certo ponto, e
nunca ultrapassá-lo. Acreditam-se bem seguras em seu mundo particular. Aqui se enquadram também aqueles que
assistem filmes pornográficos vez por outra, ou que lêem romances sensuais. É um tipo de pessoa que peca
vicariamente. Não comete adultério, mas assiste novelas de televisão e se identifica com os personagens que o
fazem. Sente atração pelos caminhos do ímpio, mas por enquanto tem permanecido dentro dos apriscos da igreja - a
não ser em sua vida íntima particular e em sua mente.
Lembremos que, quanto mais alimentarmos nossa natureza animal, mais forte ela se tornará. Consideremos,
por exemplo, um alcoólatra que acha que pode parar de beber na hora que quiser - e muitas vezes pode mesmo. Mas
seu desejo pelo álcool está constantemente crescendo, e em pouco tempo ele não será mais capaz de negar-se uma
bebida, mesmo que o queira com todas as forças.
O mesmo acontece com a sensualidade. Pode começar com uma publicação pornográfica ou um filme
impróprio. Mas daí a pouco essas coisas já estarão levando o indivíduo à prática de atos sexuais. É como alimentarmos
um tigrezinho faminto. Agora ela ainda está sob nosso controle, mas acabará tornando-se um animal feroz.
Um jovem disse: “Achei que, se eu assistisse filmes impróprios, saciaria minha curiosidade e a esgotaria, mas
hoje estou amarrado nessas coisas.”
Cristo negou com firmeza que uma pessoa pudesse pecar e ainda ficar no controle da situação. Ele disse que
quem comete pecado é escravo dele. (Ver João 8.34.)
Já ouvi relatos sobre pessoas que se encontravam em barcos à deriva no mar e que, dominados pela sede,
insistiram em beber a água salgada, apesar de avisadas para não o fazerem. Mas ela parecia muito boa, e aqueles
náufragos achavam que lhes saciaria a sede. Não percebiam que bastaria meia xícara do líquido para aumentá-la
muito mais. Assim, eles iriam morrer antes dos outros que se controlaram, e esperaram pelo resgate. Ninguém se
satisfaz com um pouquinho de água salgada.
Quando Cromwell era primeiro ministro da Inglaterra, foi certa vez a um circo. Um domador de animais entrou
no picadeiro, estalou um chicote, e uma imensa cobra veio rastejando-se e se enroscou no corpo dele. Mas logo em
seguida, a multidão ali presente fez um silêncio profundo, pois começaram a ouvir o estalar de ossos esmagados. Daí
a pouco o domador estava morto. Ele havia treinado a serpente durante treze anos. Quando iniciara, ela tinha apenas
cerca de vinte centímetros de comprimento. Nessa ocasião, ele poderia tê-la esmagado entre o indicador e o polegar.
Mas acreditara que tinha o animal sob seu controle, e julgou-se seguro com ele. Estava totalmente enganado.
A Palavra de Deus afirma que não somos capazes de manter o pecado sob controle. Se voluntariamente lhe
cedermos espaço, ele exigirá sempre mais, até afinal nos dominar por inteiro.
Sempre que criarmos uma racionalização, devemos pedir a Deus que nos mostre o erro que há nela. Para a
carne e o diabo, o princípio básico é o engano. Na verdade, deveríamos ter medo do pecado, sabendo que, se
brincarmos com ele, poderemos ser apanhados em seus laços.
Temos ouvido o ensino de que o “temor do Senhor” significa que temos de honrar e respeitar a Deus, mas não
precisamos ter medo dele. Pois tive uma grande surpresa ao descobrir que essa tese não tem como ser provada
biblicamente. Se lermos passagens como Deuteronômio 5.13-15, veremos que ali o temor do Senhor está associado
diretamente à sua ira e ao seu castigo.
Como Deus nos disciplina? Permitindo que o pecado tenha mais e mais controle sobre nós. Ele nos dá aquilo que
desejamos, e muito mais. Quanto maior a rebeldia, maior a profundidade da escravização.
Podemos argumentar que ninguém compreende o que estamos passando. É possível que ninguém compreenda,
mas Deus entende. Embora ele nos ame muito, não muda sua atitude só porque estamos vivendo uma situação difícil.
Ele quer que abandonemos nossas racionalizações, seja qual for o preço que tenhamos de pagar.
ESTUDO E APLICAÇÃO
1. O texto de Provérbios 6.26-35 descreve o pecado de adultério. Que outros pecados se acham lado a lado com
o adultério? Quais são as conseqüências relacionadas?
2. Leia Deuteronômio 6.4-9. Por que será que Satanás está tão interessado em destruir a família? E por que o
adultério é um meio tão atraente para se alcançar este fim?
3. Leia atentamente Hebreus 13.4. O que este versículo ensina a respeito do casamento?
4. Leia Apocalipse 18.2-8. Qual é o critério pelo qual Deus julgará a meretriz Babilônia? Isso nos ensina alguma
coisa sobre o castigo eterno?
5
Vou Arriscar
“Sei que é certo manter a pureza; mas vale a pena?” indagou um rapaz. “Deus diz que é errado cometer
imoralidade, mas mesmo assim, pode ser que a pessoa que se priva esteja se furtando prazeres excepcionais por
razões de pouca importância”, argumentou ele. “Diga-me qual é a pior coisa que pode me acontecer, se eu insistir
em praticá-la.”
Ele estava pesando os prós e os contras. Ele tinha um raciocínio direto: se o preço não fosse muito elevado, não
iria levar em consideração a opinião de Deus. É verdade que teria de pagar pelos seus pecados, mas, se conseguisse
manter o controle das conseqüências, poderia conseguir se safar, pagando um preço baixo. Em todas as situações
existem possibilidades de se negociar - talvez ele conseguisse fazer isso também com relação às suas práticas sexuais.
E resolveu que iria arriscar.
Será que a desobediência vale o preço que temos de pagar por ela? E teremos sempre que pagar pelo pecado,
ou podemos simplesmente ignorar as conseqüências dele, ao fazer o que quisermos? Se os prazeres do pecado
pudessem - pelo menos uma vez- compensar os efeitos dele, Deus estaria premiando o pecado.
Estamos ficando acostumados com os cartões de crédito, que nos possibilitam comprar qualquer coisa agora e
pagar depois. O problema é que sempre temos de pagar, e, às vezes, a juros elevadíssimos. Não podemos gozar dos
prazeres sem nos tornarmos escravos seus. Alguns pecados produzem conseqüências mais graves do que outros, e o
apóstolo Paulo destaca o pecado sexual (1 Co 6.18).
O pecado é enganoso por três razões. Primeiro, ele realmente paga alguns dividendos. Vamos ser sinceros e
reconhecer um fato: o pecado traz mesmo algum prazer. Se ele não fosse tão agradável, a estrada da sensualidade
não seria tão transitada. E isso conta muito para a geração imediatista, onde o que vale é o agora.
O pecado nos engana, também, porque a maioria de suas conseqüências acha-se camuflada. Tiago escreveu
o seguinte: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tg 1.14.) A palavra “atrai”
contém a idéia de colocar-se uma isca na armadilha. Os caçadores deixam uma posta de carne fresca presa à
armadilha, e esta fica escondida na neve. O urso que passa por ali vê logo a recompensa imediata, pois a carne é
saborosa, mas as conseqüências desagradáveis estão escondidas.
O termo “seduz” é usado também quando se fala sobre colocar isca num anzol. E nesse caso também existem
as duas idéias, a da gratificação imediata e a de ocultamento. O peixe vê a promessa de algo atraente, mas não as
conseqüências. E como os ursos e os peixes ignoram os princípios da armadilha e do anzol, são apanhados. Não têm a
menor idéia de que mais adiante os aguardam sofrimento e morte.
Da mesma forma, uma pessoa pode fantasiar em cima de uma experiência sexual exótica, e até mesmo
desfrutá-la por algum tempo, desde que esteja cega para o que na realidade está acontecendo a ela e a outros, e
principalmente a Deus, que se entristece com a nossa desobediência.
O pecado é enganoso porque parece controlável. Sempre que conseguimos pecar sem sermos apanhados,
criamos uma certa confiança de que podemos controlar nossas paixões. Duas pessoas não casadas podem achar que
são capazes de interromper suas relações sexuais quando quiserem - e talvez o possam mesmo. Mas a cada vez que
ultrapassam os limites demarcados por Deus, a consciência deles fica mais cauterizada, e suas defesas mais
enfraquecidas. E apesar de se orgulharem do fato de serem tecnicamente puros, irão descobrir que há outros pecados
em sua vida que não conseguem controlar mais. Um homem de ânimo dobre é inconstante em todos os seus caminhos
(Tg 1.8).
Certo homem, que estava decidido a desafiar os céus e o inferno para obter o que desejava, argumentou: “Mas
você tem de reconhecer que Davi ficou com Bate-Seba, apesar do pecado!”
É verdade. E Sansão ficou com Dalila, e Judas com sua prata. Mas pense só no preço que tiveram de pagar!
Em Gálatas 6.7, lemos o seguinte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba: pois aquilo que o homem semear,
isso também ceifará.” Paulo está nos advertindo contra o engano, isto é, contra o fato de pensarmos que poderemos
encontrar uma escapatória qualquer na forma como Deus governa o mundo. É tolice pensar que podemos “passar a
perna” em Deus.
Colhemos o que Semeamos
Consideremos três leis de semeadura e colheita. O pecado sempre reproduz pecado. Algumas vezes reproduz
mais do mesmo tipo. Davi não consultou a Deus com relação ao casamento e acabou tendo sete esposas. Essa vida
imoral levou-o a cometer imoralidade ainda maior - roubou a mulher de outro homem e cometeu adultério. Em
questão de horas pôs a perder o que levara anos para obter.
Além disso, às vezes colhemos também outros pecados. As obras da carne vêm sempre acompanhadas. Elas
tendem a gerar outras formas de desobediência. Davi começou com adultério e terminou com morte.
Esse princípio se aplica a outras formas de pecado também. A desonestidade gera desonestidade. Quando uma
pessoa rouba e não é apanhada, tentará roubar outras vezes. E a cada vez que o pecado é cometido, suas garras se
apertam mais.
Como Deus castiga seus filhos quando pecam? Geralmente esperamos que ele mande um raio do céu. Ou talvez
pensamos que ele permitirá que soframos um acidente ou uma doença fatal. Acho que Deus muitas vezes nos dá mais
daquilo que queremos. Um ato de imoralidade conduz a outro, que por sua vez leva a outro, mas juntamente com o
prazer vem umaescravização maior.
Lembremos o que aconteceu quando os filhos de Israel clamaram a Deus no deserto pedindo carne. Estavam
insatisfeitos com o menu que tinham ali. Como os glutões hoje, estavam exigindo maior variedade de alimentos. Deus
ficou irritado com aquele desejo sensual, e disse: “Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco, nem dez, nem
ainda vinte; mas um mês inteiro, até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao
Senhor que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (Nm 11.19,20.)
O castigo para o seu pedido de carne foi muita carne. Não há dúvida de que durante algum tempo eles
gostaram daquela carne, mas pouco depois ela se tornou detestável. Aquele que cai na armadilha dos prazeres
sensuais depois descobre que está amarrado a uma coisa que agora detesta.
Uma evidencia segura de que nos arrependemos profundamente de nossos velhos pecados é o temor de cair
neles outra vez, para que Deus não nos castigue com uma escravidão ainda mais profunda. Uma pessoa que obteve
vitória sobre o alcoolismo disse-me que nunca tomaria nem mais uma dose em sua vida. Tem medo de que o circulo
vicioso da dependência do álcool comece de novo. Ela finalmente aprendeu um principio básico. Aquilo que
semeamos, isso colhemos.
Colhemos em Outra Estação
Já notou como as pessoas encaram o pecado sem seriedade? Uma das razões de haver tantos divórcios entre
aqueles que se dizem convertidos é que todos nós conhecemos pessoas que abandonaram seus cônjuges por outros, e
hoje se acham felizes e bem ajustadas. Parece que Deus já não é mais tão rigoroso como costumava ser. Talvez
algumas das conseqüências não estejam mais sobrevindo aos que pecam.
“Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está
inteiramente disposto a praticar o mal.” (Ec 8.11.) Não sei por que Deus é tão paciente com a desobediência. Ele não
acerta as contas no fim de cada mês. Ele está esperando que a semente plantada brote e amadureça. Se alguém tem
alguma dúvida em relação a Deus, é melhor lembrar que ele nunca muda. Ele odeia o pecado hoje, como sempre o
odiou.
Podemos comparar uma vida pecaminosa a um almoço tipo rodízio - pegue tudo o que quiser e pague depois.
Naturalmente as contas virão no devido tempo: o caráter do individuo fica corroído; o coração condena (1 Jo 3.21), a
alegria e a certeza da orientação divina se dissipam; relacionamentos se rompem. E tudo isso pelo prazer do pecado.
E ainda não é tudo. As conseqüências a longo prazo são uma vida destruída, sem obras que resistam ao fogo do juízo
divino. Mesmo para os nascidos de novo, os efeitos da desobediência têm preços exorbitantes, a “perder de vista”.
Quantas crianças não estão por aí confusas, magoadas, sentindo-se rejeitadas, porque a mãe foi infiel ao
marido, ou o pai é alcoólatra. Pensemos nas vidas destroçadas, nos valores errôneos, nas suspeitas e ódio que o
pecado traz em sua esteira. O tempo que temos na terra não passa de uma migalha, em comparação com a
interminável vida por vir, e, no entanto, Deus nos julgará de acordo com a maneira como vivemos esses breves anos,
e o efeito deles, para o bem ou para o mal, durará pela eternidade.
Estou convencido de que muitas pessoas terão que chegar à eternidade para afinal crerem que Deus estava
certo, e que o pecado é tão maligno quanto ele afirma. As conseqüências dele acham-se contidas na própria natureza
do pecado, e ninguém poderá livrar-se delas. Um casal não casado pode querer minimizar algumas das conseqüências
do seu erro. O controle de natalidade pode ocultar seu pecado dos olhos do mundo, mas Deus sabe dele. O Senhor nos
adverte do seguinte: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa,
alcançará misericórdia.” (Pv 28.13.)
A paciência de Deus não é absolutamente uma indicação de que o pecador não está recebendo castigo pelo
erro.
A Colheita é em Maior Quantidade do que a Semeadura
Vemos isso na história de Davi. Ele pensara que poderia manter em segredo o seu erro, mas Deus via de outra
forma os seus atos imorais. Deus disse a Davi: “tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e
perante o sol.” (2 Sm 12.12.) E mais tarde, Absalão, filho de Davi, cometeu imoralidade publicamente. Davi tinha
pensado que poderia manter o segredo, mas Deus disse que ele próprio se encarregaria de tornar público aquele seu
ato.
Davi disse a Nata que o homem que havia roubado a ovelha devia pagar quatro vezes mais. Ele não sabia que
estava falando de si próprio. E quatro de seus filhos morreram prematuramente. Primeiro, o filho de Bate-Seba
morreu. Depois, Amnon estuprou sua irmã Tamar. Em seguida, Absalão matou Amnon por causa disso. Mais tarde,
Absalão também morreu, porque queria tirar o trono de Davi. E finalmente Adonias foi morto, porque desejava
tornar-se rei. No final, Davi retornou à comunhão com Deus, mas seus filhos, não.
O pecado é como o fermento - uma pequena quantidade leveda toda a massa. As influências dele são muito
maiores do que seu tamanho ou forma; suas conseqüências são imprevisíveis. Não admira que precisemos de um
Redentor para nos retirar desse emaranhado. Se nós próprios tentarmos fazer isso, será como querer enxugar o chão,
com uma torneira jorrando água nele. Deus quer que compreendamos que o pecado é um artigo de preço
elevadíssimo. Charles G. Finney escreveu o seguinte: “O pecado é a coisa mais cara do universo. Não existe nada que
custe o preço dele. Perdoado ou não, seu custo é tremendamente alto. Quando perdoado, seu custo recai
principalmente sobre o grande substituto Redentor; não sendo perdoado, terá que recair sobre a cabeça do pecador
que o cometeu.” (Great Sermons from Master Preachers of All Ages - Grandes sermões dos maiores pregadores de
todas as épocas - Zondervan.)
E Finney disse também o seguinte: “E quantas lágrimas ele tem custado, lágrimas que se derramam como água;
e quanta dor, nas mais diversas formas, essa empreitada tem causado e custado aos homens; é, este pecado que você
guarda debaixo da língua como um doce bocado! Deus o odeia muito, quando vê o quanto ele custa, e diz: ‘Ah, não
pratique essa abominação que odeio!’” (Great Sermons.)
A idéia de que podemos pecar e arcar com os riscos envolvidos começou já no jardim do Éden. Eva pensou que
poderia satisfazer seu desejo carnal e também elevar seu status. Era um jogo justo? Ninguém nunca poderia predizer
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A Guerra Contra as Paixões: Uma Luta Eterna e suas Soluções

  • 1.
  • 2. Prefácio Se ouvirmos as vozes que se levantam hoje em nossa sociedade acabaremos crendo que o passaporte para a felicidade humana é a permissividade sexual. Para muitas pessoas, o principio moral que rege sua vida é o daquele adesivo de pára-brisa: “Se dá prazer, faça!" Milhões de indivíduos estão sendo levados por essa ilusória onda da busca do prazer: ligações sexuais passageiras, pornografia e drogas. Acredita-se que essas coisas com suas fascinantes promessas devem tornar-nos mais felizes e saudáveis. Mas será que o tornam? Deus estabeleceu leis físicas - como a da gravidade, por exemplo. Mas criou também leis espirituais. Quando violamos uma dessas leis, sofremos as conseqüências dessa violação, que são inerentes a elas. Aquilo que semearmos isso ceifaremos. Aliás, sempre estamos colhendo mais do que semeamos, embora não estejamos conscientes disso de imediato, já que a colheita se dá bem mais tarde. Mas o fato é que nossas paixões não dão ouvidos a nenhum tipo de argumentação. Elas gritam dentro de nós, exigindo satisfação, seja qual for o preço a pagar. O leitor verá que o escritor deste livro, em seu trabalho de aconselhamento, tem ouvido todo tipo de racionalização que se pode criar para desculpar o pecado sexual. E ele já ouviu também inúmeras vezes o tão conhecido lamento: “Sei que não devo fazer isso, mas não consigo!" Existe uma saída para essa situação? Pois este livro oferece uma esperança. Nossas paixões realmente são muito fortes; nossos desejos sexuais ardem descontrolados; mas existe uma libertação quando nos submetemos a Jesus Cristo. Esta obra nos mostra o caminho da verdadeira libertação e da vitória. A Palavra de Deus, pela operação do Espírito Santo, pode derrubar as fortalezas da nossa imaginação. Embora os mandamentos neotestamentários possam parecer inatingíveis. Deus nos oferece a possibilidade de fazer o que é certo. Embora as tentações estejam sempre ao nosso redor, a idéia de nos libertarmos do domínio das paixões não é um sonho vão. O autor aborda muitas questões que, muitas vezes, são convenientemente ignoradas pelos pastores evangélicos. Problemas como masturbação, homossexualismo e a atividade demoníaca são tratados biblicamente e com compaixão. Ele insta para que deixemos o passado para trás e acentua a necessidade de uma integridade emocional. Este livro se caracteriza por suas instruções práticas a respeito das tentações e das frustrações sexuais, e expõe a nu as sutis influências do mundo. Tenho a satisfação de recomendar sua leitura ao público cristão em geral. Josh Macdowell Julian, Califórnia 1 A Guerra Contra as Paixões - Eu me converti há seis meses; mas ninguém passou essa informação aos meus hormônios! Quase todos nós nos identificamos com este jovem de dezoito anos, nesse conflito que é tão antigo quanto a raça humana: a luta dos impulsos sexuais contra as restrições da consciência e os ensinamentos da Bíblia. Nossas paixões ordenam: Vai! enquanto nosso bom-senso moral diz: Não! De um lado, os ensinos do Novo Testamento nos advertem contra a prática da promiscuidade sexual (1 Co 6.18). E Cristo também ensinou que todo aquele que olha para outra pessoa com lascívia já cometeu adultério interiormente (Mt 5.28). Este preceito, bem como alguns outros que Jesus estabeleceu, acham-se em conflito com os fortes desejos sexuais que atormentam tantos de nós, principalmente os homens. Como podemos obedecer aos mandamentos de Deus, quando nossos impulsos sexuais nos parecem tão certos, tão belos e justos? Muitos homens que se dizem convertidos, impulsionados por uma tentação sexual compram revistas pornográficas. Mas depois, satisfeita a lascívia, ficam tão desgostosos consigo mesmos, que queimam a publicação na pia do banheiro. Entretanto, uma hora depois estão de volta ali, remexendo nas cinzas, com esperança de encontrar alguma fotografia erótica que houvesse escapado às chamas. Esse é o grande dilema do erro sexual: suas vítimas alternam sentimentos de êxtase e de mortificação. Como enfrentar esse conflito? Alguns simplesmente cedem às pressões de seu apetite sexual. Escolhem o atraente, mas íngreme caminho da indisciplina moral. Crendo que poderão perfeitamente parar quando quiserem, ao longo daquele declive, começam a caminhada. Se não houver nenhuma conseqüência negativa de imediato, eles prosseguem, desconhecendo que mais adiante os aguardam precipícios bem camuflados. Talvez se comece com um objeto de pornografia, com excesso de carícias no namoro, ou com uma sensação de alta sensualidade pela atração de outra pessoa, que não o cônjuge. A forma sob que se apresenta este primeiro passo não tem muita importância. O fato é que, ao darem o passo, essas pessoas não estão mais se situando dentro das restrições naturais dadas por Deus. Embora ainda não o saibam, estão invadindo território inimigo. É possível que só muito tempo depois venham perceber que as restrições divinas tinham por objetivo o seu próprio bem. No momento, porém, o cenário que se avista do outro lado da colina é por demais atraente: não há tempo para refletir sobre as possíveis conseqüências de seus atos. Aliás, mesmo que as conseqüências fossem as piores possíveis não iriam diminuir a embriaguez daquele instante, já que se situam num futuro remoto.
  • 3. Num Escorregadio Declive Podemos dividir em dois grupos distintos aqueles que se desviaram e caíram nesse declive escorregadio. O primeiro é o daqueles que estão se sentindo muito bem, muito satisfeitos, e não pensam nem por um minuto em retornar à terra firme. Cristãos ou não, eles concluíram que sabem mais do que Deus, e eles próprios irão traçar a rota de sua vida, sem levar em conta as placas de sinalização, que preferem ignorar. Acreditam, ingenuamente, que conseguirão neutralizar as conseqüências de suas ações - pensam que encontraram um caminho bem melhor. E quando lhes ocorre a idéia de que podem estar errados, obstinadamente se recusam a reconhecer o fato. É melhor viver com aquela sensação de vazio e de culpa; é melhor amargar uma bancarrota espiritual, do que reconhecer seu erro e voltar para Deus, humildemente, pedindo seu perdão e orientação moral. O evangelista Juan Carlos Ortiz compara o mundo a uma embarcação que está soçobrando num oceano profundo. Quando o capitão percebe que seu navio vai afundar, diz aos passageiros: - Vocês que estão aí na segunda classe podem passar para a primeira, sem pagar a diferença. Bebam uísque à vontade. É tudo de graça. Se quiserem quebrar as lâmpadas e estragar os móveis, podem fazê-lo. Os passageiros ficam impressionados com a largueza de mente do seu capitão. E por que não iriam seguir suas sugestões? Têm liberdade para fazer tudo que quiserem, satisfazer todos os seus desejos. Num navio que está naufra- gando, tudo é permitido. E muitos hoje estão se satisfazendo sexualmente sem querer reconhecer que seu “navio” está afundando. A obsessão única pelos prazeres de há muito amorteceu sua percepção espiritual. Como os genros de Ló, eles ouvem as advertências com desprezo, e as consideram meros gracejos (Gn 19.14). Mas a verdade é que seu “navio” está mesmo submergindo, e será Deus quem irá escrever os últimos capítulos da vida deles. O julgamento que os aguarda é inevitável. O outro grupo é constituído daqueles que se desviaram, caindo numa areia movediça moral, e gostariam de voltar a gozar do perdão e libertação que Deus pode conceder-lhes. Eles caíram; tornaram-se impuros, e sua consciência está constantemente relembrando sua condição de desobediência. Um homem seduziu a esposa de outrem; um rapaz foi levado ao homossexualismo por um amigo; uma linda jovem de 16 anos é obrigada a confessar aos pais que está grávida, e uma jovem senhora guarda consigo o segredo do aborto que praticou. Todas essas pessoas têm em comum um anseio: a vontade de recomeçar. Gostariam de deixar seu passado para trás. Agora desejam ardentemente que tivessem dado ouvidos a Deus, ao invés de confiarem em suas próprias opiniões. E tentaram reerguer-se - e só Deus sabe como tentaram - mas acabaram caindo de novo, outras vezes. Já estão quase a ponto de desistir da luta. Mas precisam ser estimuladas, precisam se convencer de que podem ser libertas dessa condição de constantes fracassos. Talvez as conseqüências de seus atos nunca possam ser modificadas, mas elas podem mudar. Ou mais precisamente, Deus pode mudá-las. Obedecer aos Sinais de Advertência Outros atendem à orientação das Escrituras e tencionam viver dentro dos limites traçados por Deus. Não cometem adultério, não assistem a filmes de alta sensualidade, não procuram carinhos com a secretária. Felizmente, essas pessoas não têm também que suportar a vergonha e a sensação de culpa que vêm associadas com o pecado sexual. E se ainda não sabem disso, algum dia irão descobrir que escolheram o melhor caminho possível. Mas entre esses, há alguns que se sentem frustrados e até traídos. Sentem-se como “o irmão mais velho” que ficou em casa e ajudou o pai a cuidar da fazenda. Invejam a geração mais jovem, os que experimentaram os prazeres da promiscuidade sexual. Em alguns momentos, gostariam de mandar às favas todas as suas precauções. Se pudessem dar uma escapada até uma cidade grande, onde ninguém os conhecesse, iriam assistir a um filme pornográfico, comprar alguma publicação imoral, e compensar tudo que estiveram perdendo até o momento. Talvez até pensem que a igreja - ou Deus mesmo - não está sendo justa com ele. Foram privados de algumas alegrias da vida. Mas por enquanto permanecem dentro dos limites de uma conduta moral aceitável, talvez devido a certos temores. Contudo, eles se põem nas pontas dos pés, e olham para o outro lado, querendo satisfazer sua curiosidade, e imaginando como seriam as coisas do lado de lá. Eles ainda não aprenderam que Deus não os traiu; que não precisam invejar os ímpios, e, o que é mais importante, eles podem satisfazer-se plenamente dentro dos limites traçados. Para aqueles que são solteiros, isso implica em abstinência sexual. A eles será negado o prazer da comunhão íntima e do amor sexual. Mas eles verão que até mesmo isso - embora possa ser penoso - é melhor que as alternativas existentes, que são grosseiramente supervalorizadas. E aqueles que são casados devem aprender esta mesma lição, pois a atração sexual por outra pessoa ocorre para todos. O casamento não é uma garantia de que os desejos sexuais serão plenamente satisfeitos. Embora as teses da castidade para os solteiros e da fidelidade conjugal para os casados não sejam bem aceitos, o fato é que elas não somente são certas, mas também o melhor modo de agir. Muitas pessoas aceitam isso mentalmente, mas não o crêem de todo o coração. Mas ainda há outros - talvez em número maior do que pensamos - que levam uma vida pura, e estão satisfeitos. Naturalmente eles sofrem tentações - e tentações fortíssimas - mas estão certos de que Deus deseja o melhor para eles. E eles decidiram seguir a ele obedientemente, e não ficam ansiando prazeres que lhes são vedados. Para esses, basta a satisfação de andar com Deus e ter uma consciência pura, o que já é recompensa suficiente para sua obediência.
  • 4. E também há os que levaram um escorregão no passado, mas aceitaram o perdão de Deus. Paulo escreveu o seguinte aos coríntios: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Co 6.9,10.) Mas ele continua: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (6.11 - grifo nosso.) Aqui está a prova de que Deus pode libertar o homem de qualquer tipo de erro sexual. Os vícios adquiridos no passado podem ser superados, e em seu lugar bons hábitos podem ser cultivados. Se assim não o for, teremos que questionar seriamente o poder de Deus. Mas a verdade é que milhares e milhares de pessoas já foram libertas do domínio de suas paixões. A intensidade da batalha nunca diminui; a tentação está sempre ali, não importa quanto tempo já estejamos andando com Deus. E, no entanto, a Bíblia diz: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.” (Gl 5.24.) Promessas como essa nos fornecem o fundamento necessário para que possamos colocar nossas paixões sob o controle do Espírito Santo. Por que Este Livro? Durante dois anos debati comigo mesmo a viabilidade de escrever este livro. Primeiro, isso sempre envolve certos riscos. Um amigo meu, que promove seminários sobre relacionamento conjugal, disse-me que o assunto que ele abordava no estudo de domingo, fosse ele qual fosse, na semana seguinte seria um problema para ele. Satanás, o inimigo de nossas almas, quer atacar-nos exatamente naquele aspecto de nossa vida em que estamos procurando auxiliar o povo de Deus. E eu não estou imune à tentação sexual. Paulo nos adverte do seguinte: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia.” (1 Co 10.12.) O apóstolo estava sempre preocupado com a possibilidade de tropeçar na carreira cristã. Ao reforçar a tese da necessidade do autocontrole, ele disse: “Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1 Co 9.27.) Somente quem está morto não pode mais cair em erro sexual. Em segundo lugar, não me considero um especialista em aconselhamento para pessoas que se achem em luta com as paixões carnais. Já vivi o suficiente para saber que não existe uma fórmula mágica para se obter essa vitória. Ninguém deve pensar que resolverá todos os seus problemas emocionais e sexuais com a simples leitura de um livro. Estamos envolvidos numa batalha, e isso significa que temos de estar sempre atentos a novas estratégias, tanto de defesa como de ataque. Se fôssemos oferecer aqui instruções superficiais para se obter essa vitória, só iríamos provocar mais frustrações, que, por sua vez, gerariam a incredulidade e o sentimento de desesperança: “Eu sou assim... não há mais jeito para mim.” O objetivo desta obra, portanto, é fornecer uma estratégia geral para essa guerra, de modo que não permaneçamos escravizados às nossas paixões. Terceiro, estou plenamente convencido de que o ensino bíblico sobre a conduta sexual é para o nosso próprio bem. Todos nós sabemos que os prazeres sensuais apresentam promessas incrivelmente fascinantes. Nossas paixões exigem satisfação imediata e sem restrições, sem nos dar a menor indicação de possíveis efeitos colaterais negativos. E quem se preocupa com o que a igreja pensa, ou mesmo com o que Deus diz, naquele instante de êxtase sexual? Mas depois, quando a poeira assenta e as conseqüências se fazem sentir; quando se considera a vergonha e a culpa daquele ato; quando se calculam os efeitos dele para essa vida e para a outra, percebemos que o ensino de Deus é o melhor e o mais sábio. A questão é se temos fé suficiente para agir com base nessa premissa, sem pensar, como Eva, que “temos de experimentar e ver por nós mesmos”. Por último, acredito que é possível nos libertarmos do domínio dos pecados sexuais. Oswald Chambers escreveu o seguinte: “Se Jesus Cristo não pode libertar-nos do pecado, se ele não pode ajustar-nos perfeitamente a Deus, como disse que poderia; se não pode encher-nos com seu Espírito ao ponto de não haver mais nada que nos atraia de novo, seja no pecado, no mundo, ou na carne, então ele nos enganou.” (God's Workmanship - Feitura de Deus.) Ele não está querendo dizer que nos tornamos “sem pecado”, mas sim que, se Cristo não pode livrar-nos, ele nos enganou. Conheço pessoas que foram libertas de coisas como promiscuidade sexual, pornografia e homossexualismo. Pode ser até que Cristo permita que nossas paixões nos dominem por algum tempo. É que ele deseja que aprendamos a reconhecer nossas fraquezas e nossa incrível tendência para nos justificarmos e racionalizarmos nossas ações. Ao final, porém, ele provará que é o libertador que diz ser. Será que estamos sendo totalmente sinceros e deixando que Deus nos dê autodisciplina em nossas paixões? Como Gideão, temos que aprender a distinguir o soldado despreocupado do que é seriamente dedicado. E aqui está o teste: comece memorizando o texto de Colossenses 3.1-11: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá dó alto...” e não pare enquanto não souber este texto tão bem, que não precise mais recorrer aos artifícios empregados para memorizá-lo. Aí então poderá preocupar-se mais com seu significado. Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.31,32.) Está disposto a aceitar este desafio? ESTUDO E APLICAÇÃO 1. Quais os fatores de nossa sociedade que contribuíram para se difundir a idéia de que o sexo deve ser praticado sem responsabilidades e sem quaisquer compromissos?
  • 5. 2. João ensina que os incrédulos caminham nas trevas, ao passo que os verdadeiros discípulos de Cristo devem andar na luz. O que ele quer dizer ao mencionar este contraste? (1 Jo 1.5-10.) 3. Relacione todas as características do mundo mencionadas em 1 João 2.15-17. Faça uma comparação entre elas e as vantagens de se amar o Pai. (Jo 14.23; 15.8-11.) 4. Pesquisas têm revelado que, no que se refere a assistir televisão, quase não há diferença entre incrédulos e os que se dizem nascidos de novo. Analise as implicações disso à luz de Colossenses 3.1-3. 5. De que modo podemos dar a entender sutilmente que Cristo não pode libertar-nos do poder do pecado? De que modo podemos corrigir essa idéia errônea? 2 As Conseqüências de um Pecado Sexual Comecemos com Davi. Não apenas por causa de seu pecado com Bate-Seba. Nem porque sua história ocupa tantos capítulos da Bíblia. Nem porque seu pecado seja incomum. Começo com Davi simplesmente porque ele é o último homem que esperávamos ver metido numa complicação dessas. Afinal, Davi . foi o herói que matou Golias com uma pedrinha; . foi um poeta que escreveu a maioria dos salmos; . foi um místico que buscava a Deus fervorosamente; . foi um rei escolhido por Deus, a respeito do qual ele disse: “um homem segundo o meu coração”. E, no entanto, esse homem, Davi, cometeu adultério, e depois ordenou que outro fosse morto a fim de encobrir seu pecado. Atendendo aos clamores de seus hormônios, em vez de dar ouvidos à razão, envergonhou e desgraçou a si mesmo, sua família e seu reino. Todos conhecem a história. O rei estava tirando uma soneca no terraço de seu palácio, à tardinha. Quando acordou, pôs-se a caminhar por ali e “daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa”. (2 Sm 11.2.) E quanto mais Davi olhava para ela, mais se inflamava seu apetite sexual. Seu sangue se aqueceu, enquanto seus olhos se voltavam para aquele corpo formoso. E ele a observava ao clarão do sol poente. Essa simples frase “daí viu” está carregada de um mundo de significado. Davi dirigiu seus olhos para aquele belo corpo nu. Infelizmente, naquele momento, foi só isso que ele viu. E o que ele deixou de ver é altamente revelador. Ele não levou em consideração as conseqüências - a perda prematura de quatro de seus filhos, que iriam morrer por causa do que ele estava planejando em seu coração. Ele não previu o senso de culpa, de vergonha, não previu a morte de um homem, nem a perda do reino. Naquele instante, essas coisas nem lhe passavam pela cabeça. O amanhã não tinha a menor importância. Talvez ele até passasse por tudo aquilo sem ser descoberto, e ninguém ficaria sabendo. E, além disso, se ele não convidasse Bate-Seba para passar a noite ali, ficaria sempre imaginando como seria ela realmente; e depois se lamentaria de não haver aproveitado a maravilhosa oportunidade de desfrutar de seus encantos sexuais. Ele começou a criar fantasia sobre a sedução de uma mulher que não conhecia. E mais: acreditava que poderia fazê-la sentir-se mais mulher, plenamente realizada. Analisemos o que aconteceu. Ali, naquele terraço, Davi tomou a decisão de convidar Bate-Seba para vir ao palácio. Se fosse rejeitar a tentação, teria que fazê-lo naquele momento. É possível que ele tenha pensado: Posso ter prazer só em admirar essa mulher por algum tempo, e depois decido se a convido para ir ao meu quarto. Pode ser que sim e pode ser que não. A hora certa de se rejeitar o pecado sexual é o instante em que a paixão desperta. Se dermos lugar à lascívia, ficará mais difícil resistir à paixão. E o passar do tempo não facilita a decisão certa; pelo contrário, a cada momento que passa é mais provável optarmos pelo pecado. Aqueles que lêem publicações pornográficas, por exemplo, já resolveram que vão cometer adultério mental; assim sendo, já decidiram também cometer o ato de adultério. A única coisa que não está decidida é com quem e quando. Cedendo às Pressões do Prazer O fato de Davi ficar contemplando Bate-Seba longamente foi idêntico a cortar as cordas do ancoradouro e sair a navegar numa corrente cuja velocidade e força aumentavam rapidamente. Cada momento que passava tornava-se mais e mais difícil voltar à terra firme. Mas Davi não pensava em como e quando voltaria. Estava desfrutando da sensação de ser levado rio abaixo, pela vibração que sentia no corpo. Cedeu ao prazer do momento. Esqueceu as perigosas corredeiras que havia mais adiante. O passo seguinte já era de se esperar. Ele enviou mensageiros para convidá-la a vir ao palácio. Fico a imaginar o que ele teria dito aos seus servos. Talvez ele tenha feito uma observação casual, sobre sua vontade de conhecer melhor seus vizinhos, e queria saber quem morava duas casas abaixo do palácio; ou talvez, depois de saber que ela
  • 6. era mulher de Urias, um de seus mais valentes soldados, ele pode ter lançado mão do artifício de querer entender melhor o problema das mulheres cujos maridos se encontravam na frente de batalha. Seja qual for a desculpa que arranjou, deu certo. O terceiro ato foi que “ele se deitou com ela” (2 Sm 11.4). Não sabemos até onde Bate-Seba concordou com Davi. Será que ela cedeu pelo prestígio que lhe traria o fato de ter estado no leito do rei? Será que tinha uma afeição real por Davi? Será que amava Urias, seu marido? Nunca o saberemos. Também nunca saberemos se Davi pensou na possibilidade de ela ficar grávida. Pode ser que ela tivesse dito a ele que naquele período do mês não havia perigo, ou talvez pensasse que não tinha condições de ter filhos. O mais provável é que não tenham parado muito tempo para pensar nisso - os apetites tinham que ser satisfeitos, fossem quais fossem as conseqüências. Qualquer problema que surgisse, poderia ser contornado depois. Só o momento presente importava. E se Bate-Seba não tivesse engravidado? É possível que o caso deles nunca tivesse sido descoberto. Urias não teria sido morto, e o reino de Davi permaneceria estável. Mas será que podemos ter certeza disso? Se entendemos corretamente o que é pecado, sabemos que não podemos escapar ao juízo de Deus - mesmo que nossas ações não sejam conhecidas pelos homens. Iremos ver que o pecado deixa outras conseqüências próprias, escondidas, além da vergonha de uma exposição pública. Além disso, não podemos ter certeza de que aquela ligação de Davi com Bate-Seba continuaria sendo secreta. E se Bate-Seba, dominada pelo sentimento de culpa, contasse ao marido? Ou pode ser que ela usasse desse segredo para chantagear o rei. É possível também que os servos que foram buscá-la já desconfiassem do que se passara entre os dois. O que sabemos é que ela engravidou e mandou a noticia a Davi. A Ocultação do Erro Então o rei teve de encarar o fato de que aquele seu simples caso já não era tão simples assim. Um relacionamento que iniciara pelo consenso de dois adultos, de repente envolvia uma terceira pessoa: uma criança estava para nascer. Urias também estava envolvido no problema. Davi resolveu então que faria com que Urias pensasse que a criança era dele. O rei fora posto em posição de cheque-mate. Ele perdera o primeiro jogo, mas não perderia o campeonato. Executa-se o Plano A. Davi pediu que Urias fosse enviado a Jerusalém a fim de informá-lo do andamento da peleja em Rabá. Como estavam eles - ganhando ou perdendo? O rei indagaria a ele. Em seguida, mandaria o soldado para casa, na esperança de que ele tivesse relação sexual com sua bela esposa. E o rei ainda lhe daria um presente para ela, desejando que isso criasse uma aura de romantismo que levasse o casal para o quarto. Mas Urias não entrou no jogo de Davi. Não sabemos que suspeitas ele pode ter tido. Será que ele pensou: “Por que todas estas atenções e privilégios especiais?” E disse a Davi que não iria para casa, pois ficaria com sentimento de culpa se fosse para casa alegrar-se com sua esposa, enquanto seus companheiros estavam enfrentando situações difíceis na guerra. E firmemente recusou a oferta do rei. A essa altura, Davi já estava desesperado. Tinha que fazer com que Urias fosse para casa, para que seu pecado não fosse descoberto. Afinal, isso era para o bem da família real e de todo o reino. Então surgiu o Plano B. O rei solicitou a Urias que ficasse ali mais um dia, para que os dois pudessem almoçar juntos. E fez com que ele se embebedasse, com esperança de que, à noitinha, ele fosse para sua casa. Mas aquele homem leal ficou com os servos de Davi e não foi visitar a esposa. Se Urias tivesse ido para casa, e tivesse tido relações sexuais com a esposa, será que isso acertaria as coisas para Davi? Bate-Seba teria que ser obrigada a dizer e viver uma mentira. Teria que fingir que a criança era filho do marido, e mentir acerca de um nascimento “prematuro”. E aquela criança seria um constante lembrete do doloroso segredo que tinha de ser guardado a custa de muitos enganos. E Davi teria de continuar para sempre com aquela culpa de haver gerado um filho, que mais tarde poderia vir a descobrir sua verdadeira identidade. O rei teria que guardar este segredo no coração, sabendo que sua ação teria graves conseqüências na vida da criança. E viveria também com o temor constante de que Bate-Seba contasse a Urias. E se ela não conseguisse suportar o peso de sua culpa? E havia também o relacionamento do rei com suas esposas - como elas seriam afetadas pelo caso que o marido tivera? Mas voltemos à história. Davi passou à execução do Plano C. Era seu trunfo. Resolveu que Urias seria morto na batalha, para que Bate- Seba pudesse tornar-se sua esposa. Entregou ao soldado uma carta dirigida a Joabe, seu comandante militar. Em parte, ela dizia o seguinte: “Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido e morra.” (2 Sm 11.15.) Por que um homem bom se torna um assassino? Por que um homem bom manda matar um amigo que é tão leal, que ele próprio é encarregado de levar a carta ao seu comandante sem abri-la? A vergonha faz com que manipulemos as conseqüências do pecado. Desde os tempos mais antigos o homem tenta escapar ao castigo de Deus. A mente humana é capaz de racionalizar qualquer ato que seu coração desejar praticar. Pagamos qualquer preço para parecermos bonzinhos. A melhor coisa que Davi poderia ter feito seria reconhecer seu pecado diretamente, apesar de toda a vergonha e humilhação que isso acarretaria. Mas, em vez disso, ele foi somando um erro a outro, e o castigo divino aumentando proporcionalmente. Joabe obedeceu às ordens do rei, e depois um mensageiro voltou a Davi para lhe dizer que Urias fora morto em combate. E ele simplesmente replicou o seguinte: “Não pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada devora, assim este como aquele.” Era como dizer tranqüilamente: “Bom, isso é da vida; um dia a gente ganha; outro, perde.”.
  • 7. Como estavam funcionando as medidas de acobertamento? Bate-Seba sabia do fato, bem como Joabe; e provavelmente os servos também o sabiam. É provável que outros também tenham ficado com suspeitas, por ocasião do nascimento da criança. E Davi sabia, como confessou depois: “meu pecado está sempre diante de mim”. Mas o mais importante é que Deus o sabia. Nenhum pecado fica oculto dele. E ele tomou providências para que as tentativas de ocultamento eventualmente fossem removidas. E nisso está a ironia de tudo: nós, seres humanos, na maioria das vezes estamos mais preocupados com o que as pessoas sabem do que com o que Deus sabe. E, no entanto, é o divino legislador quem supervisiona pessoalmente o castigo a ser ministrado àqueles que ferem sua autoridade. E por mais que procuremos cuidadosamente esconder nosso pecado dos homens, ele está descoberto perante os olhos de Deus. O autor de Hebreus, com muito acerto, escreveu o seguinte: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4.13.) Algumas Conclusões Neste ponto da história de Davi já podemos chegar a algumas conclusões. Qualquer um pode cometer um pecado sexual, tanto uma pessoa consagrada a Deus como a mais indiferente de todas. Pastores, médicos, missionários - todos são susceptíveis de erro. Certo professor de seminário sugeriu a seus alunos que se preparassem para uma outra profissão, além do pastorado, pois uma boa pane deles iria futuramente abandonar o ministério, devido a pecados sexuais. Ouvi contar, recentemente, que determinado pastor estava envolvido com a esposa de outro homem. Ele era a última pessoa que eu pensaria que iria entrar numa situação dessas. Mas, como acontece em tantas das surpresas da vida, os últimos, muitas vezes, são os primeiros. Se Davi, que era um homem que amava a Deus com tanto fervor, foi capaz de cometer adultério, não devemos espantar-nos com nossa propensão para os pecados sexuais. Embora isso não aconteça necessariamente a todo mundo, o fato é que pode acontecer. Muitos que antes, orgulhosos de si mesmos, afirmavam: “Eu nunca faria isso”, hoje têm que confessarem envergonhados: “Eu o fiz.” Sempre que ouço alguém mencionar os pecados de outrem em tons de acusação, estremeço. A não ser pela graça de Deus, todos nós somos potencialmente candidatos a cometer um pecado sexual. Os apetites carnais têm uma força incrível. Davi, Sansão e Jezabel são exemplos do atrativo exercido pelos desejos sexuais. Nossas paixões podem exercer sobre nós um domínio sutil e ditatorial. É possível que consigamos controlar nossos atos, mas nossa mente, às vezes, é tomada de assalto por engodos sexuais. Se não modificarmos nossa forma de pensar, as nossas resoluções, até mesmo as mais firmes, ruirão ao peso do desejo sexual. Concordamos plenamente com Santo Agostinho: “Não existe nada mais forte para derrubar o espírito do homem, do que as carícias de uma mulher.” Ele próprio só conseguiu resolver o problema de seus conflitos interiores depois que se rendeu totalmente a Deus. Homens respeitáveis têm abandonado mulher e filhos; pastores têm abandonado ministérios vitoriosos; e mulheres têm deixado filhos a quem amavam profundamente, tudo por causa dos atrativos do sexo. Uma certa pessoa disse: - Detesto o que estou fazendo, mas não consigo ser de outro jeito. Um lado meu quer mudar de vida; o outro não quer. Do modo como as coisas estão, resolvi fazer o que eu quero. Acredito que em nossos dias a tentação é maior do que em décadas anteriores. Os filmes pornográficos, imorais, inflamam as paixões carnais e corroem a resistência moral. Certa vez um garoto de onze anos encontrou uma revista pornográfica numa gaveta de um móvel de um hotel. Olhando aquilo, ele ficou tão excitado, que seduziu a irmã. E continuou viciado em leituras pornográficas, durante muitos anos, e mantendo a relação incestuosa. Pelo poder de Deus, hoje esse moço se recuperou parcialmente da experiência, mas a irmã, não. Teve um casamento infeliz, e sentimentos de revolta, amargura e depressão. David Morley escreveu o seguinte: “O impulso sexual é tão forte, que derruba até as barreiras do bom-senso e do raciocínio. Ele pode levar um homem a roubar, trapacear, matar, ou jogar fora toda uma riqueza ou talento, a fim de buscar essa satisfação.” (His - Dele - Nov. 1971). Nós possuímos apetites latentes que podem ser despertados até se tornarem uma febre. É como jogar um fósforo aceso numa lata cheia de gasolina. Mas apesar da força de nossos impulsos passionais, Deus nos responsabiliza por nossas ações. Ele mandou que o profeta Natã fosse falar com Davi, e ele lhe entregou a mensagem divina sob a forma de uma parábola. Numa cidade havia dois homens - um rico e outro pobre. O pobre tinha apenas uma ovelha. No entanto, quando chegou um viajante à casa daquele rico, este roubou a única ovelha do pobre, e preparou-a para o banquete (2 Sm 12.1-4). Ao ouvir esta exposição, Davi se mostrou bastante encolerizado, e disse: “Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal cousa, e porque não se compadeceu.” (2 Sm 12.5,6.) E Natã lhe respondeu: “Tu és o homem!” (V. 7.) Davi teve mais compaixão de uma cordeirinha, do que tivera de Urias - o que mostra mais uma vez como as paixões distorcem nossa visão das coisas. Davi era o homem da parábola, que havia roubado a ovelha de seu vizinho. E Deus iria castigá-lo pelo que havia feito, embora tudo tivesse começado num momento de descontrole das paixões. Deus é Justo?
  • 8. Será certo que sejamos considerados culpados por algo que realmente não tencionávamos fazer? E a responsabilidade da mulher, Bate-Seba? Por que um homem, que servira fielmente a Deus durante vinte anos, deveria receber um castigo severo por causa de um erro cometido num momento de desvario? Ademais, dizem alguns, ninguém condena um cachorro pelo fato de agir como cachorro. Por que deveríamos ser responsabilizados por um ato que nos é tão natural? Sendo seres com impulsos sexuais, por que não podemos expressar nossa sexualidade? Se o homem fosse um animal, como ensinam os behavioristas atualmente, então teríamos que concordar que ele não deveria ser responsabilizado por suas ações. B.F. Skinner, que acredita, que o homem é apenas animal, ensina que ele não tem que responder pelos seus atos - tudo que as pessoas fazem, elas simplesmente o fazem. A nenhum ato deve ser atribuído senso de culpa. A Bíblia apresenta uma visão bem diferente: além do corpo, ele possui também alma. E já que possui esse ele- mento que é imaterial, não podemos pensar que ele é somente um dente da engrenagem universal, uma vítima de forças que se encontram acima de sua capacidade de controle. É verdade que pela queda ele chegou a um nível bem baixo, mas ainda pode tomar a deliberação de reprimir suas ações, sejam quais forem os pensamentos que povoem sua mente. Em alguns países muçulmanos, onde a pena para o crime de estupro é crucificação, e de roubo é o corte da mão direita, o índice de criminalidade é insignificante - o que comprova que o homem não “tem” de “fazer o que lhe é natural”. Apesar das indiscrições de Bate-Seba, Davi não era obrigado a cometer adultério. Ele poderia ter parado de olhar para ela, e poderia ter resistido à idéia de convidá-la para ir ao palácio. Mas porque ele tomou a resolução de pecar, era responsável pelo ato. Mesmo que pensemos que nossa vontade fica como que imobilizada no momento da tentação, ainda assim temos uma vontade livre, e somos responsabilizados por nossas ações. Essa tese de que devemos agir segundo os impulsos do sentimento é uma das mentiras sutis ditadas pelas paixões. Embora naturalmente inclinado para o mal, quando orientado, o homem pode se refrear e deixar de praticar certos atos, geralmente com grande esforço, e obedecendo a objetivos superiores. Mas Deus só se satisfaz quando ele vai além disso. O homem pode tomar a deliberação de confiar-se à misericórdia de Deus, e pedir que ele lhe de forças para encarar suas resoluções de caráter moral. Deus está à nossa disposição, para nos socorrer nos momentos de necessidade. As fraquezas morais deveriam ser um incentivo para nós, para buscarmos mais a cruz. Cristo morreu para que se rompesse a força das garras do pecado em nossa vida. Deus coloca diante de nós um padrão de conduta bastante elevado, e ao mesmo tempo nos concede a possibilidade de sermos perdoados e moralmente livres. Santo Agostinho, ao meditar sobre essa questão de como o homem pode tornar-se aceitável perante um Deus santo, disse o seguinte: “Ó Deus, pede o que quiseres, mas supre- nos daquilo que pedes.” Deus não está brincando conosco. Ele espera de nós muito mais do que podemos fazer por nossas próprias forças, mas ele está pronto a ajudar-nos a satisfazer suas exigências. A misericórdia de Deus está à disposição daqueles que resolvem parar de procurar desculpas para sua conduta. Se assumirmos nossa responsabilidade, mesmo quando a tentação nos pressiona a pecar, colocamo-nos numa posição de humildade, onde Deus pode socorrer-nos até na mais profunda de nossas necessidades. Ele sabe que fomos criados do pó. Está perfeitamente ciente de nossas fraquezas e de nossa propensão para o pecado e, no entanto, não pode liberar-nos de nossa responsabilidade. Ele é um Deus santo. Assim que paramos de jogar a culpa nele, e assumimos toda a responsabilidade de nossos atos, ele pode vir em nosso auxilio. Nada de arranjar explicações; nada de culpar a outros; nada de pôr a culpa em Deus. E Quanto a Deus? Quando cometemos um pecado sexual, Deus é quem perde. Sempre que pecamos, nosso primeiro pensamento é se seremos castigados ou não. Será que alguém vai ficar sabendo? Será que Deus irá castigar-nos? Será que suportaremos o peso da culpa? E, no entanto, a primeira coisa que deveríamos fazer era pensar em Deus. Natã relembrou a Davi como Deus tinha sido bom para com ele. “Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul, dei-te a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teus braços, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais cousas.” (2 Sm 12.7,8.) O pecado de Davi foi um ato de ingratidão. Sua deliberação de cometer adultério com Bate-Seba era equivalente a dizer que Deus fora negligente em suprir suas necessidades. A provisão de Deus para ele não era boa, aceitável e perfeita. Cada pecado que cometemos equivale a fazer uma acusação contra a bondade de Deus. Essa atitude remonta os tempos do jardim do Éden. Adão e Eva poderiam comer o fruto de todas as árvores, menos de uma. E o que foi que Satanás fez? Ele tapou-lhes os olhos para todos os privilégios de que dispunham, e afirmou que, se Deus fosse bom e se estivesse levando em consideração os interesses deles, deixaria que comessem do fruto proibido. E o primeiro pecado de nossos pais teve como base a premissa de que Deus era mau, e não benigno. Pense em como Deus fora bom com Davi. E ele ainda tinha outros planos para o rei. “E, se isto fora pouco, teria acrescentado tais e tais cousas.” Com um só ato lascivo, Davi, insensivelmente, esqueceu toda a bondade de Deus. Muitas vezes, as pessoas que cometem pecados sexuais estão cercadas de privilégios e bênçãos: bons pais, uma igreja evangélica, conhecimento da Bíblia. Mesmo tendo recebido de Deus todas essas coisas e muitas outras mais, ainda lhe desobedecem a Palavra. A devassidão sexual começa com a ingratidão. O primeiro passo na direção da ruína moral está registrado em Romanos 1: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças” (v. 21); o resto é do conhecimento geral. O pecado e a ingratidão sempre andam juntos.
  • 9. Falando a respeito de um casal que teve relações sexuais antes de se casar, Roy Hession comenta o seguinte: “E o grande perdedor nisso tudo é Deus, aquele cujo coração para com eles era bem diferente do que eles pensavam; aquele que estava planejando para eles um beneficio muito grande, maior do que poderiam ter imaginado, mas cujos bons desígnios eles frustraram.” (Forgotten Factors - Fatores ignorados - Christian Literature Crusade.) Deus também perde, porque sua reputação fica maculada. E Natã continua, dizendo: “Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do Senhor, também o filho que te nasceu morrerá.” (2 Sm 12.14.) Agora os inimigos de Deus iriam dizer: “Davi é igual a nós. Ele diz que conhece a Deus, mas olhe só o que fez!" Impressiona-me aqui o fato de que Deus não tenha tentado ocultar o pecado de Davi, impedindo assim que os inimigos do Senhor tirassem partido da vergonha dele. Deus poderia tê-lo castigado em particular. A notícia do acontecido poderia ter ficado limitada apenas aos muros do povo de Deus. Mas o Senhor permitiu que o fato fosse conhecido até entre os pagãos. Quando um filho seu peca, Deus nunca procura abafar o fato. E a reputação dele também fica manchada, juntamente com a daquele filho. Mas nós fazemos o contrário. Tomamos todas as medidas possíveis para esconder nosso pecado, ao passo que Deus tenta expô-lo. Enquanto não sentirmos a extensão da tristeza que nosso pecado sexual causa em Deus, não nos disporemos a abandoná-lo. Natã perguntou a Davi o seguinte: “Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor?” (v. 9.) É provável que Davi não visse as coisas desse modo, mas Deus via. José não teria resistido às investidas diárias da mulher de Potifar, se tivesse pensado apenas no que o pecado poderia significar para as outras pessoas. E poderia ter racionalizado tudo, ao calor do momento. Afinal, ele não merecia um pouco de prazer depois de tudo que passara com seus irmãos? E não poderia esconder tudo de Potifar, que passava o dia todo fora? Com tal raciocínio, ele poderia concluir que o prazer sexual valia bem os riscos nele envolvidos. Mas o que foi que o impediu de pecar? Foi seu entendimento de que Deus se entristeceria. “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9.) As duas pessoas envolvidas num pecado sexual sofrem as conseqüências do erro, mas o pior é que Deus também sofre. Praticamente elas estão dizendo a ele: “Tu não tens sido bom para mim. E eu sei, melhor do que tu, o que é bom para mim. Não me preocupo com a tua reputação.” E mesmo quando o pecado é habilidosamente camuflado, esta mensagem está sendo dirigida a Deus. Imagine-se só o sofrimento dele! ESTUDO E APLICAÇÃO 1. Alguém já disse: “Mente desocupada é oficina do diabo.” Vamos debater esta afirmação à luz do fato de Davi ter ficado em Jerusalém (2 Sm 11.11). 2. Estudar o Salmo 32, e descrever a experiência vivida por Davi durante o tempo em que se recusou a arrepender-se de seu pecado (um período de aproximadamente um ano). 3. De que maneira somos vulneráveis à tentação sexual, e o que podemos fazer para minimizá-las? 4. Pensemos em como nosso pecado afeta a Deus. Sabe citar alguns exemplos de situações em que Deus tenha expressado profundo desgosto pelo pecado do homem? 5. Leia novamente as palavras que Natã disse a Davi (2 Sm 12.7-15). Que lembranças essas palavras trouxeram à mente de Davi? Qual é a reação de Deus para com o pecado escondido? 3 Por que Não Posso? As barreiras que havia contra o sexo pré-conjugal praticamente ruíram todas. O adultério em certos círculos já é até chique. As estatísticas informam que há cerca de 300.000 mil casos de aborto praticado por adolescentes, por ano; 250.000 filhos ilegítimos nascem anualmente, e há cálculos de que 12 milhões de jovens sofrem de doenças venéreas, nos Estados Unidos. Além disso, há um grande número de pessoas que, de comum acordo, mantêm “romances” extraconjugais, e que crêem que não mais é possível manter a pureza sexual em nossa avançada sociedade. É claro que nem todas as pessoas pensam desse modo. Aqueles que não agem assim são ridicularizados e acusados de “puritanos”. Nessas duas últimas décadas, tem sido apregoado que um individuo pode gozar dos prazeres do sexo com diversos parceiros, sem sofrer as conseqüências, devido ao grande número de contraceptivos existentes. A filosofia do playboy ensina que se pode passar de uma cama para outra, sem temer nenhum efeito negativo. Ninguém fica magoado; não há problemas de rejeição, nem senso de culpa, nem doenças venéreas, nem gravidez. Quanto maior o número de ligações amorosas, melhores as chances de uma satisfação plena e realização pessoal. E milhões de pessoas estão acreditando nesta mentira.
  • 10. Os jovens, principalmente, gostam de perguntar: “Por que é errado o sexo extraconjugal? É errado mesmo, ou é errado porque Deus assim o determinou?” São perguntas justas. Muitas pessoas pensam que o ensino bíblico com relação à moralidade não é racional; que temos que obedecer aos preceitos dela cegamente, sem poder perguntar por quê? Creio que devemos obedecer aos ensinamentos da Bíblia, mesmo quando não entendemos a razão de determinados mandamentos. Deus sabe mais do que nós e, portanto, devemos submeter-nos à sua autoridade mesmo que de nosso ponto-de-vista as coisas pareçam diferentes. O fato é que ele tem uma visão do quadro todo; nós só enxergamos uma parte. Se com o tempo não ficar comprovado que ele está com a razão, a eternidade o comprovará. Existem razões fortíssimas para se preferir a castidade. O Sexo é um Ato Espiritual Paulo exortou a igreja de Corinto a viver em pureza sexual. “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.” (1 Co 6.16.) O apóstolo está se referindo aqui à união que transcende o material - um tipo de união espiritual que só é corretamente praticada no casamento. Para quem acredita em amor livre, o sexo é basicamente uma união física. Quando se está com fome, come-se; quando se está com sono, dorme-se; e quando se tem um desejo, pratica-se o sexo. Parece acertadíssimo; mas, na verdade, isso está longe de ser verdade. Precisamos de algumas explicações para entender isso. Os pensamentos não são meras reações químicas do cérebro. Nossa mente é uma entidade espiritual. Da mesma forma que um pianista toca um piano para produzir música, assim a mente se utiliza do cérebro, que por sua vez comanda os outros órgãos do corpo, através do sistema nervoso. O cérebro é o órgão do corpo onde o físico e o espiritual interagem. Mas o espírito pode existir independentemente do cérebro - ele é eterno. E a conclusão? Pela maneira como fomos criados por Deus, só podemos ser plenamente realizados sexualmente se nos unirmos ao nosso cônjuge num plano espiritual, além do plano físico. Muitas pessoas ficam emocionalmente enfermas em conseqüência da prática do sexo extraconjugal. O que acontece é que o ato sexual pode proporcionar- lhes satisfação física, mas sem a realização espiritual as pessoas ficam magoadas. É preciso que haja uma dedicação total a uma só pessoa. Devido à profunda intimidade do ato sexual, ele só pode ser satisfatório se houver a certeza de que será repetido com a mesma pessoa. Tenho sabido de muitos casamentos que fracassam por causa da prática do sexo pré-conjugal. As mulheres argumentam assim: - Se ele conseguir me convencer a dormir com ele antes de casar, o que o impede de fazer o mesmo com a secretária? Não se pode ter satisfação plena sem confiança, e a melhor maneira de se conquistar essa confiança é só praticar o sexo após o casamento. O que o torna significativo é o compromisso com a totalidade do ser. O segundo ingrediente necessário a um relacionamento sexual completo é a ausência de sentimento de culpa. Sem essa leveza de consciência, não pode haver uma entrega sem inibições, uma união psicológica das personalidades. Sempre haverá alguma coisa lá dentro que não está satisfeita, não está certa. Li recentemente que 85% das energias psíquicas das pessoas são empregadas em suportar o peso dos complexos de culpa. Deus nos criou de tal maneira, que quando violamos suas leis, passamos a carregar um incômodo senso de culpa. Logicamente muitas pessoas dizem que não sofrem sentimentos de culpa. O fato é que muitas vezes eles se manifestam sob a forma de depressão ou raiva. Geram insensibilidade e frustração. Uma pessoa explicou isso da seguinte maneira: - Embora eu sempre racionalizasse meus atos, por dentro estava morrendo aos poucos. Joyce Landorf, cm seu livro Tough and Tender (Forte e terno), conta de um homem que foi procurar o marido dela, e lhe perguntou por que a vida parecia tão inútil. O que ele disse, em parte, foi o seguinte: "Sabe, Dick, estou do jeito que quero. Sou livre de compromissos matrimoniais. Tenho um belo apartamento na praia, e durmo com as mulheres mais maravilhosas, uma após outra. Tenho toda liberdade e faço o que acho certo. Contudo, alguma coisa está me incomodando muito, e não consigo descobrir o que é. Todos os dias, quando me apronto para ir trabalhar, olho-me no espelho e penso comigo mesmo: Como foi minha diversão sexual de ontem à noite? A garota era muito bonita. Estava tudo ótimo na cama, com ela, e hoje de manhã, saiu sem me amolar. Mas será que a vida é só isso? E pergunto a mim mesmo: se é esse o tipo de vida que todo homem deseja, por que estou tão deprimido? Por que estou sentindo um frio interior, um vazio dentro de mim o tempo todo?... Sei que os outros caras acham que seria maravilhoso ter esse tipo de liberdade, mas, sinceramente, Dick, odeio esta vida.” O senso de culpa gera no individuo uma espécie de hesitação psicológica que o impede de entregar-se sem reservas ao parceiro. A desconfiança e o sentimento de erro sufocam a satisfação que se possa ter num ato sexual. Lemos em Gênesis o seguinte: “Conheceu Adão a Eva sua mulher.” (Gn 4.1 - IBB.) O verbo conhecer não é empregado aqui com o objetivo de abrandar a linguagem, em vez da expressão “ato sexual”, camuflando um pouco o sentido; não. Na verdade, a união sexual é a mais elevada forma de conhecimento; é a mais clara forma de se expressar uma união psicológica e emocional.
  • 11. Já os animais não possuem essa dimensão espiritual. Em conseqüência disso, o sexo, para eles, é um ato puramente biológico. O relacionamento deles só ocorre no plano físico. Fazem algo que lhes é natural, sem se preocuparem com questões como confiança mútua e moralidade. A Confiança é a Base O amor livre coloca os homens ao nível dos animais. Praticá-lo é obedecer aos desejos carnais, em tudo que eles ordenam, sem responsabilidades pelos atos. Assim, o sexo fica reduzido a um mero prazer biológico. Judas faz referência àqueles que são imorais, comportando-se “como brutos sem razão” (v. 10). Paulo afirma que Deus entregou alguns a “paixões infames”. A prática errada do sexo nos torna subumanos. Ele passa a ser uma relação puramente animalesca. Foi por isso que certo homem casado, que se deitou com várias mulheres, chegou à seguinte conclusão: “Mulher só presta para o sexo. Fora disso, eu não daria dois centavos por elas.” Observemos que, ao separar o biológico do espiritual (que é o que se faz realmente quando se leva uma vida promíscua), esse homem via as mulheres apenas como objetos para satisfazerem as suas paixões. O valor delas como pessoas era irrelevante para ele. Degradava as mulheres, e também se degradava a si mesmo. Um certo rapaz conversava com seu pastor, sentado ao lado da namorada, Jan, com o braço em torno do ombro dela. - Mas eu e San somos um, dizia. Temos união e confiança em nosso relacionamento. Por que temos de esperar a obtenção da certidão de casamento primeiro? De qualquer modo, de que vale um pedaço de papel? O fato é que planejamos nos casar. A verdade é que o sexo pré-conjugal vem sempre acompanhado de sentimentos de culpa e desconfiança. Ali são plantadas sementes que mais tarde irão dar frutos amargos. O ciúme e a depressão muitas vezes ficam enraizados no solo da permissividade. E, além disso, as melhores racionalizações soltam o tiro pela culatra. Susan e Mike viveram juntos vários anos, e então resolveram legalizar sua situação. Enquanto ela estava tomando as providências para o casamento, Mike encontrou uma ex-namorada em uma festa. As chamas que estavam abafadas voltaram a arder, e ele e Dons se apaixonaram novamente um pelo outro. Antes de se passar uma semana, já estavam juntos na cama. Então Mike telefonou para Susan para cancelar o casamento, ou pelo menos adiá-lo, até que ele tivesse tempo para “colocar a cabeça em ordem”. A moça argumentou que ele lhe devia a reparação do casamento. Afinal, ela se entregara a ele durante três anos - e isso devia valer alguma coisa. Mike não concordou. Reconhecia que prometera casar-se com ela, mas achava que tais promessas não equivaliam a um compromisso matrimonial. Ademais, o fato de ter tido relações sexuais com ela não o obrigava a casar-se. Pois era óbvio que, se o sexo fosse equivalente a casamento, muitos homens tinham que ser polígamos. Não sentia nenhuma obrigação para com Susan e poderia perfeitamente casar-se com Dons. De qualquer jeito, eles estavam num beco sem saída: se cancelassem o casamento, Susan sentiria que estava sendo traída; se casassem, isso queria dizer que Mike estava sendo forçado a uma situação que não desejava. Imagine-se só a frustração de um casal assim, às vésperas de seu casamento. Ao invés de estarem aguardando ansiosamente o momento de se unirem sexualmente, apenas realizavam uma cerimônia sem significado. É como abrir um presente cuja compra presenciamos. Estou cansado de ouvir falar da liberdade sexual. É um tipo de vida caracterizado por promessas não cumpridas, conversas vazias sobre o amor, carregado de sentimentos de culpa, egoísmo e amarga frustração. Por mais que ofereça prazer físico, este não compensa os prejuízos espirituais e emocionais que acompanham tal conduta. Warren Wiersbe diz o seguinte: “Os jovens estão ligando seus brinquedinhos de seis volts em um gerador de 220 volts, e assim queimam todos os seus fusíveis antes de terem tido oportunidade de viver.” (Be Challenged - Aceite o Desafio - Moody Press.) O Verdadeiro Amor Faz Sacrifícios Em 1 Coríntios 7, Paulo aborda a questão do relacionamento sexual no casamento. Diz ele: “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também semelhantemente a esposa ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, a mulher” (vs. 3 e 4). Notemos que o que deve vir em primeiro lugar na mente do cônjuge é o bem do outro. O verdadeiro amor é basicamente altruísta. Então um amor inconseqüente acha-se na posição oposta à do verdadeiro amor. Uma atração natural, em si mesma, não é errada. Se conhecermos alguém cuja aparência e personalidade nos atraem, e cuja companhia apreciamos, tudo bem. Mas se casarmos com esta pessoa com base apenas nesse tipo de atração, pode ser que mais tarde encontremos outra mais atraente, mais simpática e com maior atração sexual. Um amor assim está sujeito a variações, pois o objeto dele pode perder seu elemento atrativo. Existem alguns casamentos que se firmam baseados na força desse amor superficial, mas são muito poucos. O Amor é um Compromisso
  • 12. O conceito de amor expresso pelo Novo Testamento é um compromisso para se buscar o que é melhor para a outra pessoa. O entusiasmo diz: “Não agüento esperar.” Mas o amor afirma: “Pagarei o preço que for necessário para respeitar você. Estou disposto a esperar;" A expressão amor livre é uma contradição. Se é amor, nunca é livre. Envolve sacrifícios por parte de quem ama. E se é livre, não é amor. É claro que o sexo faz parte do amor conjugal, mas não é sinônimo de amor. É possível haver uma coisa sem a outra. Muitos casais têm relações sexuais sem a menor compreensão do que seja um compromisso de amor. Por outro lado, também é possível haver amor sem sexo. Em caso de enfermidade ou de alguma deformidade física, por exemplo, quando o sexo se torna impossível, o amor pode suportar esse tipo de pressão. Pelo fato de o egoísmo ser nato em nós, nossa tendência natural é querer que nossas paixões sejam satisfeitas sem considerarmos se isso é bom ou não para nosso cônjuge. Muitas vezes um rapaz diz para a namorada: “Eu a amo"; mas talvez a sentença mais certa seria: “Amo a mim mesmo; quero você.” Que melhor maneira poderia haver de se demonstrar amor por outrem do que renunciar ao prazer sexual, pelo bem do outro. Afinal, a honra e a boa consciência de um homem ou de uma mulher são bens preciosos. Por que não combinarem acerca de um tipo de conduta e se manterem fiéis ao combinado, custe o que custar? A Culpa Tem Conseqüências Amargas O sentimento de culpa gerado pelo pecado sexual pode levar um individuo à raiva e à violência. Recentemente, um homem me ligou da Flórida. Lera meu livro How Te Say No to a Stubborn Habit (Como resistir a um hábito renitente). Fizera exames que haviam revelado que era intensamente raivoso. Numa escala de um a cem, ele teria o nível 96. Um psiquiatra lhe havia dito que era a pessoa mais irritadiça que ele já vira. O que faria com que um homem se tornasse tão frustrado e nervoso? Tivera um lar feliz na infância; tinha sucesso no oficio de mecânico; e gozava de um relacionamento conjugal relativamente bom. Mas pouco depois a verdade aflorou: havia pouco tempo ele tivera experiências de homossexualismo. O senso de culpa lhe trouxe tal sentimento de frustração, que sua vontade era agredir todo mundo e cometer suicídio. Por quê? Porque o senso de culpa não resolvido gera autodesprezo, e o autodesprezo leva à hostilidade. É por isso que a pornografia e a imoralidade, qualquer que seja o tipo, gera violência. Quando se dá busca num apartamento de um criminoso, quase sempre se encontram ali objetos da mais baixa pornografia e outros artigos de perversão. Fui informado de que muitos filmes pornográficos exibem cenas de violência bem como de sexo explícito. E o sexo visto na tela não é um relacionamento de amor terno. Geralmente, ao analisar um assassinato, a policia sabe dizer se ele foi cometido por maníaco sexual, devido à fúria com que é realizado. Se a vitima apresenta muitos ferimentos de facada, em vez de uma meia dúzia deles, isso revela que o assassino estava dominado por hostilidade e raiva. Isso explica por que um crime de estupro não é tanto um delito sexual, mas um crime de violência. Uma pessoa que não tem nenhuma restrição sexual sente tal ódio por si mesma, que não pensa mais em decência e auto-respeito. Já que coloca em prática suas fantasias sexuais, por que não pode exercitar seu desejo de humilhar uma mulher? Em uma sociedade onde a moralidade não passa de uma questão de preferência pessoal, que diferença faz um detalhe ou outro? Numa mente e consciência poluídas, tudo é permitido (ver Tito 1.15,16). Nos Estados Unidos, o número de maridos que espancam as mulheres está alcançando proporções epidêmicas. Muitas delas abandonam o lar apavoradas com os imprevisíveis acessos de raiva de um marido agressivo. Os maus tratos a crianças também estão generalizados, havendo cerca de dois milhões de menores por ano que são espancados, torturados e que passam fome. Um relatório recente afirma que nos últimos anos os números dobraram. Ocasionalmente, temos visto até casos de crianças que morrem, espancadas por pais impelidos pela frustração e agressividade. E depois há também o sadomasoquismo e incesto. Em cada dez crianças, uma talvez carregue um terrível segredo de relações sexuais entre membros de uma família. Quase sempre elas são fruto de uma relação entre pai e filha. Antigamente, acreditava-se que a idade média de uma filha que era molestada pelo pai era de 12 a 15 anos, mas hoje sabe-se que crianças de até 5 a 10 anos estão sofrendo abusos sexuais. É impossível calcular os inevitáveis temores, autodesprezo, depressão e tendências suicidas que surgirão na vida de uma criança dessas. Na cidade de San José, Califórnia, cinco por cento das crianças das escolas primárias estão fazendo tratamento devido a abusos sexuais. Ninguém sabe estimar o número de casos que não chegam a ser conhecidos. A Bíblia fala claramente dessa relação que existe entre a imoralidade sexual e a consciência morta, que é capaz de qualquer ato de crueldade. Pedro escreveu o seguinte: “Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do Senhor. Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição, falando mal daquilo em que são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos.” (2 Pe 2.10-12.) Um pecado nunca fica isolado. Se tolerarmos um erro em um aspecto de nossa vida, ele invadirá outra. Se nos rebelarmos contra um dos mandamentos de Deus será mais fácil desobedecer também a outros. Ainda não se descobriu um modo de controlar as conseqüências do pecado. A Salvaguarda de Deus
  • 13. As doenças sexualmente transmissíveis são a salvaguarda de Deus para conter a promiscuidade. O número de 18 de setembro de 1.981 do Chicago Tribune traz um longo artigo sobre as doenças venéreas - hoje denominadas doenças sexualmente transmissíveis. Segundo o relatório ali apresentado, de cada dez mulheres nas idades de 15 a 35 anos, uma pode tornar-se estéril sem o desejar, até 1990, em conseqüência da epidemia de doenças venéreas que hoje grassa no país. Estão ocorrendo anualmente pelo menos um milhão de casos de infecção, provocando esterilidade feminina com cerca de 150.000 a 200.000 vítimas por ano. “Ninguém gosta de falar sobre as moléstias sexualmente transmissíveis”, afirma o Dr. James W. Curan, chefe do departamento de pesquisa operacional da divisão de controle de doenças venéreas da cidade de Atlanta. “As pessoas - inclusive muitos médicos - não estão percebendo como este problema é sério. Se fosse outro tipo de doença, todos estariam alarmados, e tomariam providencias contra ela.” “Essas moléstias trazem consigo sérios problemas sociais e de saúde. Todos deveriam saber que elas podem levar a graves complicações clínicas, entre as quais esterilidade e outros prejuízos para a saúde das mães e dos filhos”, diz ele. Anteriormente, os perigos trazidos por essas doenças eram subestimados. Mas hoje se sabe que são causadoras de males tais como esterilidade do homem e da mulher, gravidez problemática, que pode até ameaçar a vida da pessoa, morte de fetos e de recém-nascidos, surdez, retardamento mental, e outras perturbações crônicas prejudiciais. Para resumir, o artigo afirma que algumas das conseqüências das mais de vinte moléstias sexualmente transmissíveis são: . Mais de 9.000 mulheres morrem anualmente de complicações de inflamações pélvicas; . Os custos diretos e indiretos dessa doença sobem a $2,7 bilhões de dólares por ano. Mais de 112.000 mulheres são hospitalizadas anualmente, para tratamento dessas moléstias; . Em 1980, houve 858.000 casos de doença inflamatória pélvica; e 20% dessas mulheres tornaram-se estéreis; . O número de casos de gravidez extra-uterina subiu de 19.300, em 1971, para 41.000, em 1976. A maioria deles foi provocada por uma doença que obstrui as trompas, de modo que o ovo fertilizado não pode chegar ao útero; . Mulheres contaminadas com clamídia podem passar os micróbios da doença para o filho, durante o parto. Isso causa cerca de 75.000 mil casos de conjuntivite e infecção ocular, e 30.000 casos de pneumonia por ano; . A clamídia, que é uma das principais causas de morte em países do terceiro mundo, aumenta também os riscos de abortos e do nascimento de crianças mortas; . Entre 300.000 e 400.000 moças adolescentes contrairão infecções pélvicas neste ano, que provocarão a esterilidade de vinte por cento delas; . De 10 a 15 milhões de pessoas contaminaram-se com herpes genital, uma doença que dura o resto da vida, e que tem agravamentos periódicos, intercalados por períodos de abrandamento. As verrugas genitais afligem cerca de 500.000 pessoas a cada ano, e os parasitas genitais têm proporções epidêmicas. Os pesquisadores, de um modo geral, encaram essas doenças como problemas de saúde, mas trata-se também de uma questão moral. É mais um preço que a sociedade paga pela sua rebelião contra as leis estabelecidas por Deus. O Principio da Redução de Retomo O poeta Robert Burns escreveu o seguinte: Mas os prazeres são como papoulas na campinas: Arranca-se a flor, suas pétalas esfacelam-se; Ou como flocos de neve sobre um rio: Num momento branquejam - em seguida derretem-se para sempre. A amarga ironia do pecado sexual é que não existe liberdade para se desfrutar dos prazeres que ele promete. A satisfação diminui, ao mesmo tempo em que os desejos aumentam. Quando se chega a um ponto, descobre-se que tem que ir mais adiante. Para se manter a mesma satisfação erótica será necessário buscar novos estímulos. É por isso que, muitas vezes, uma prática sexual desregrada leva ao alcoolismo e às drogas. A imagem do fogo é empregada para descrever o desejo frustrado. Paulo faz uma referência a homens que “se inflamaram mutuamente em sua sensualidade” (Rm 1.27). E, literalmente, um ardente desejo que se frustra é um pedaço do inferno. E assim como as chamas do inferno nunca se extinguem, também é a pessoa consumida pela lascívia: “o inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem.” (Pv 27.20.) George Gilder, em seu livro Sexual Suicide (Suicídio sexual - The New York Times Book Co.), faz a seguinte referência à revolução sexual: “A atividade erótica tornou-se uma busca dissoluta, disforme e destrutiva de prazeres que se tornam cada vez mais fugidios, por meio de técnicas cada vez mais drásticas. No afã de querer sempre orgasmos melhores e sensações mais intensas, uma sociedade frustrada se entrega a uma corrida cada vez mais desenfreada... mas acaba sempre voltando à crescente aridez e às formas indistintas de sua própria sexualidade.” O inferno mesmo é constituído de desejos que nunca são satisfeitos. As chamas ardem no interior da alma, mas nunca se extinguem. O rico da parábola não contava com nem uma gota de água para refrescar-lhe a língua (Lc 16.24). Mas sejam quais forem os tormentos externos do inferno, o fato é que os interiores serão bem piores. Aqueles
  • 14. que se entregam a uma sensualidade desgovernada já conhecem essa tortura que é estar amarrado a paixões que eles amam e detestam ao mesmo tempo. Quem é o Dono de Seu Corpo? Uma tentação sexual é a melhor oportunidade que temos de reafirmar nossa fidelidade a Cristo. Paulo disse: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6.19,20.) Ele defende a idéia da pureza sexual com base na questão da propriedade. No Velho Testamento, a glória de Deus permanecia no Santo dos Santos. Hoje o lugar da habitação de Deus é o coração daquele que nasceu de novo. É inaceitável que um filho de Deus se una a outra pessoa, que não o seu cônjuge, num ato sexual. Seria o mesmo que introduzir um animal no Santo dos Santos. Paulo diz que isso equivaleria a unir os membros do corpo de Cristo a uma prostituta. Não existe uma solução fácil para o problema da tentação sexual. Às vezes nossos desejos exigem que sacrifiquemos valores permanentes no altar dos imediatos. É por isso que temos de render nossos direitos de posse sobre nosso corpo. Temos que reconhecer a posse total de Cristo sobre nossa pessoa. Os prazeres pecaminosos terão que ser substituídos por outro tipo de prazer. “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra delícias perpetuamente.” (SI 16.11.) Deus não nos faz essas restrições com o objetivo de privar- nos de bens, mas para dar-nos uma satisfação maior. ESTUDO E APLICAÇÃO 1. Vamos fazer um estudo do texto de 1 Coríntios 6.12-20, respondendo às perguntas abaixo. Talvez seja bom utilizar um comentário bíblico. a. Paulo apresenta três razões para pureza sexual. Cada uma delas pergunta: Não sabeis... Diga quais próprias palavras. b. Em sua opinião, por que a imoralidade é diferente dos outros pecados? c. Que indicações encontramos neste texto que sugerem que Paulo considerava o ato sexual como sendo espiri- tual, além de físico? d. Quais as implicações dos versos 19 e 20 com relação à pureza sexual? 2. Leia Provérbios 7, e descreva em que resulta a imoralidade. 3. Decore 1 João 2.15-17. Relacione os contrastes entre os valores do mundo e o valor da vontade de Deus. 4. Analise o primeiro pecado (Gn 3). Qual foi a natureza da mentira nele empregada? Quais as analogias entre essa tentação e a tentação sexual? 4 Está Bem, Mas... “Não tenho nenhuma sensação de que estou errado, quando estamos juntos... Havia pensado que iria me sentir muito culpado, mas não me sinto. Nosso relacionamento é muito satisfatório para os dois.” Ele me olhava diretamente nos olhos. Seus dez anos de casamento tinham sido totalmente vazios. Agora, ele encontrou uma pessoa que realmente o compreende. Ela o faz sentir-se muito homem. O marido dela era alcoólatra, e negligenciara a família havia anos. Era um homem de cara dura, que não sabia comunicar-se. No relacionamento deles não havia aconchego, ternura. Agora, essa mulher conheceu um homem que sabia partilhar a vida dele com ela. Será que eles não tinham quase o direito de terem um caso? Por que um relacionamento desses seria errado? Devido ao grande número de casamentos infelizes, não é de surpreender que tantos cônjuges conheçam outras pessoas com quem se relacionam melhor. O entusiasmo de uma nova ligação, a sensação de valor próprio que advém do fato de ser respeitado, e a vibração de uma relação sexual amorosa - tudo isso contribui para se ter a sensação de que talvez não estejamos totalmente errados. É lógico que pode ser uma relação maravilhosa. De que outra forma se poderia descrever uma ligação entre um homem e uma mulher que se complementam perfeitamente? A esse tipo de relacionamento tem-se inclusive creditado a preservação da sanidade emocional. Uma senhora contou-me que, se não fosse por causa de um caso que mantinha com outro homem, ela “teria ficado louca há muito tempo”, pelo fato de seu marido ser um homem de convivência impossível. A alegria que encontrara neste novo relacionamento era para ela como um oásis no deserto. Supondo que esse relacionamento seja mesmo muito bom e até afetuoso, ainda assim temos que perguntar: mas a que preço? Uma pessoa que comete adultério está violando pelo menos cinco, ou talvez seis, dos Dez Mandamentos. O mandamento: “Não adulterarás” (Ex 20.14) enfeixa a questão; mas ainda persiste a pergunta: “Será ele errado só
  • 15. porque Deus o proibiu?” E a resposta é: sim, Se Deus é Deus, então ele tem o direito de determinar que seja errado. Além disso, o adultério é intrinsecamente errado devido à natureza do homem e da mulher. Deus é o Criador, e foi ele quem estabeleceu os princípios que temos de observar para podermos atingir o máximo de nosso potencial. Quando transgredimos esses princípios, estamos pecando. A Perspectiva Divina A palavra adultério não designa apenas relacionamento sexual extraconjugal, mas qualquer outro tipo de devassidão sexual. Neste único mandamento temos o ponto-de-vista divino em relação aos pecados sexuais. Outro mandamento: “Não dirás falso testemunho” (20.16) nos traz à mente outra responsabilidade. A cerimônia de casamento é um juramento que se faz perante Deus e outras pessoas. No adultério essa promessa é quebrada; o adúltero está voltando atrás num compromisso que assumiu. Vez por outra ouvimos os jovens dizerem: - Não vamos realizar uma cerimônia de casamento, porque isso não tem sentido. Certidão de casamento é apenas um pedaço de papel. Concordo que a folha de papel em si mesmo não é relevante. Para falar a verdade, não sei onde está a minha certidão de casamento, e se ela fosse necessária para salvar minha vida, acho que morreria. Mas sei que tenho uma, e que está em algum lugar. Em si mesma, ela nada mais é que uma folha de papel, arquivada em algum lugar, mas o importante não é o papel, e sim o que ele significa. Eu fiz um juramento que me coloca sob um compromisso para o resto da vida. Tem a mesma função do contrato que assinei, quando comprei minha casa. Não existe nenhum outro relacionamento onde se tem mais a ganhar e a perder do que o casamento. Nenhum outro contrato implica em riscos mais elevados do que o casamento. Se um dos interessados desiste do acordo, os resultados são devastadores. Então cada pessoa que entra nisso precisa ter a certeza de que o outro participante não irá dar para trás, quando a situação começar a ficar difícil. Esta é a finalidade da cerimônia de casamento: os noivos irão fazer seu juramento na presença de testemunhas, para que ambos possam se responsabilizar pelo compromisso que estão assumindo. O adultério quebra esse juramento. E um adúltero diz falso testemunho de outras formas também. Ele mente à esposa, dando explicações enganosas para o fato de chegar tarde à casa. O profeta Isaías condena os filhos rebeldes que acrescentam “pecado sobre pecado” (Is 30.1). Quando pecamos e depois tentamos encobrir nosso erro, estamos multiplicando a ofensa. Deus diz: “Não dirás falso testemunho” (Ex 20.16). Um outro mandamento diz: “Não furtarás” (v. 15). Como vimos no caso de Davi, o adultério é roubo. Tirar a esposa de outro homem é roubar o seu bem mais valioso. Talvez agora possamos compreender por que uma relação sexual, apesar de bela e terna, pode ser também pecaminosa e corrupta. O relacionamento pode ser gratificante, mas o método como essa satisfação é obtida constitui transgressão da lei de Deus. Suponhamos, por exemplo, que uma pessoa esteja com muita fome, e assalte uma loja para furtar alimentos. Talvez ela diga: “Essa é a melhor coisa que já comi. Como pode ser errado eu comer uma carne tão boa?” A resposta é que o alimento pode ter um bom sabor, mas esse individuo teve que violar um mandamento para obtê-lo. O padrão que Deus coloca para nós é “Não furtarás”. À Cobiça é Rebelião Uma relação adulterina implica em transgressão de mais um mandamento: “Não cobiçarás”. Deus diz especificamente: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo.” (Ex 20.17.) Cobiçar significa desejar algo que não nos pertence, e dessa forma estamos acusando a Deus de nos haver sonegado alguma coisa. A cobiça constitui rebelião contra Deus. E Deus nos dá ainda outro mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe.” (Ex 20.12.) Na maioria dos casos de relacionamento extraconjugais, as pessoas estão desonrando a herança recebida, já que trazem vergonha para sua família. Mas talvez o mais importante de todos os mandamentos seja o primeiro: “Não terás outros deuses diante de mim.” (Ex 20.3.) Sempre que colocarmos nossas paixões acima da vontade de Deus, estaremos elevando este nosso deus acima do Senhor Deus Jeová. Estaremos afirmando que encontramos uma satisfação pessoal que nos é mais importante do que obedecer ao nosso Criador. Por isso, aquele que não vê erro algum em seu caso extraconjugal está enganado. Ele acha que o fato de o re- lacionamento ser afetuoso justifica sua conduta, mas o que não percebe é que, ao agir assim, está sacudindo o dedo contra Deus. Ao que parece, Judas gostava muito de prata. Ele traiu a Cristo por 30 moedas que talvez ele pensasse fossem satisfazer seu amor pelo dinheiro. Era errado ele possuir um pouco mais de prata? Claro que não! Eu próprio gostaria de ter objetos de prata. O erro foi que ele teve de trair a Cristo para obter esse dinheiro. O adultério é errado porque, para praticá-lo, temos que nos rebelar contra Deus. A Racionalização Consideremos mais algumas racionalizações que são apresentadas em defesa da prática sexual ilícita.
  • 16. Todos nós cometemos adultério na mente, portanto o ato em si não torna o pecado mais grave. “Eu encaro a coisa dessa maneira: todos nós pecamos no coração. E já que o desejo é o mesmo que adulterar, que diferença faz se eu viver com essa mulher divorciada?” Essa foi a argumentação de um homem de 35 anos, quando soubemos que estava tendo um caso com uma comissária de vôo. E como ela era divorciada, parecia que não havia muita razão para se preocupar com o fato, pensava ele. Legalmente, não existe diferença entre um ato de adultério e um coração adúltero, pois as duas coisas constituem rebelião contra Deus (Mt 5.28). Mas existem outras diferenças. No primeiro, existe o envolvimento de uma outra pessoa, que se torna cúmplice dessa rebelião. Embora todo pecado seja cometido basicamente contra Deus (como Davi entendeu depois), no momento em que participamos do pecado de outrem, multiplicamos nossas transgressões. E as conseqüências de alguns pecados são mais graves que as de outros. O pensamento lascivo às vezes pode ser perdoado sem que nosso relacionamento com outras pessoas seja afetado. Mas um ato sexual não pode ser esquecido facilmente por causa do compromisso envolvido nele. Como o sexo é um ato espiritual, além de biológico, a sua prática errada macula profundamente a alma. Paulo escreveu o seguinte: “Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo.” (1 Co 6.18.) Portanto, o pecado sexual é diferente dos outros devido à intimidade do relacionamento com outro ser humano. Aliás, Paulo disse também o seguinte: “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.” (1 Co 6.16.) Além e acima da união de dois corpos ocorre a união de dois espíritos e, perante Deus, é considerada uma união espiritual. Isto não quer dizer que o ato sexual por si mesmo é o casamento. Um homem não se casa com uma prostituta ao se relacionar com ela. Mas ocorre ali uma união espiritual, reconhecida por Deus, e que macula o corpo, a alma e a mente. Assim, aqueles que praticam um ato sexual ilegítimo terão que sofrer sanções maiores do que os que pecam apenas na mente. Não podemos simplesmente dizer que, se cometemos um, podemos cometer logo o outro, pois isso não é verdade. Será que não mereço a felicidade? “Tenho direito de ser feliz... e talvez esta seja minha única oportunidade de encontrar a felicidade. Ademais, para começar, eu não devia nunca ter-me casado com Marvin. Então, por que não posso ter este relacionamento? Eu mereço essa felicidade.” A Declaração de Independência dos Estados Unidos afirma que nós temos “direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade”, mas isso não significa que temos de buscar a felicidade a qualquer preço, e por qualquer meio, mesmo que seja estupro e adultério. Temos o direito de buscar a felicidade apenas por meios legítimos. O direito à felicidade por meio do adultério é puro egoísmo. Aparentemente, o cônjuge traído não tem direito à felicidade, e nem os filhos. Não podemos buscar a felicidade por meios ilegítimos, sem que outra pessoa renuncie aos seus direitos à felicidade. Roy Hession escreveu o seguinte acerca do adultério: “Alguém teve de pagar o preço de perder o companheiro de sua vida; uma outra pessoa está chorando pela noite adentro; uma outra pessoa foi furtada em sua felicidade; essa outra pessoa teve seu lar desfeito; uma outra pessoa está solitária, lutando sozinha; algumas crianças ficaram sem o pai ou sem a mãe. É muito fácil nos esquecermos dos terríveis males que alguém está sofrendo, enquanto nós desfrutamos de um novo amor”(Forgotten Factors - Christian Literature Crusade). C.S. Lewis observou que o principio da busca da felicidade pelo uso de meios imorais, “depois que entra nesse departamento, mais cedo ou mais tarde, vaza para as outras partes de nossa vida, até ocupá-la toda. Desse modo, estamos avançando para um estado na sociedade em que, não somente todos os homens mas, todos os seus impulsos exigirão carta branca” (God in the Dock - Deus no banco dos réus - Eerdmans). Será que alguém pode ser feliz sabendo que está entristecendo o Espírito Santo? E se Cristo tivesse preferido não enfrentar a tortura da cruz na busca de sua própria felicidade? Pascal disse o seguinte, aliás, com muita sabedoria: “A felicidade não está em nós nem fora de nós; está em Deus.” Temos a obrigação de obedecer a Deus e de adorá-lo, mas não somos obrigados a ser felizes. “Para mim, o direito de ser feliz não faz muito sentido, assim como não teria sentido o direito de ter um metro e oitenta de altura, ou de ser filho de um milionário, ou de querer tempo bom, quando temos um piquenique programado” (Lewis, God in the Dock). Ninguém tem o direito de buscar a felicidade à custa da perda de caráter. E menos direito ainda de buscá-la de uma forma que constitui desobediência a Deus. E o que dizer da afirmação: “Para começar, eu nem deveria ter-me casado com Marvin?” Será que nos esquecemos de que Deus é um especialista em cuidar de situações difíceis, apesar de nossos erros e fracassos? Ninguém agiu pior do que Adão e Eva. Eles tinham uma ótima oportunidade de obedecer, mas a incredulidade deles trouxe destruição a toda a raça humana. E Deus não deixou que fugissem à responsabilidade de seu ato, mas prometeu resolver o problema deles, nas condições que se encontravam. A solução de Deus para um pecado (um casamento errado) não é deixar-nos cometer outro pecado (arranjar uma desculpa para rompermos os votos matrimoniais). Ele está mais preocupado em transformar-nos do que em modificar nossas circunstâncias. Ter paciência em meio a um casamento problemático é mais honroso que procurar sair dele. Depois que nos arrependemos do pecado, Deus usa essa experiência para desenvolver em nós a maturidade. Alguns adotam a seguinte racionalização: pode-se pecar moderadamente, e ainda assim ficar satisfeito. “Leio pornografia, mas nunca dormiria com outra mulher.” As pessoas pensam que são capazes de ir só até certo ponto, e nunca ultrapassá-lo. Acreditam-se bem seguras em seu mundo particular. Aqui se enquadram também aqueles que assistem filmes pornográficos vez por outra, ou que lêem romances sensuais. É um tipo de pessoa que peca
  • 17. vicariamente. Não comete adultério, mas assiste novelas de televisão e se identifica com os personagens que o fazem. Sente atração pelos caminhos do ímpio, mas por enquanto tem permanecido dentro dos apriscos da igreja - a não ser em sua vida íntima particular e em sua mente. Lembremos que, quanto mais alimentarmos nossa natureza animal, mais forte ela se tornará. Consideremos, por exemplo, um alcoólatra que acha que pode parar de beber na hora que quiser - e muitas vezes pode mesmo. Mas seu desejo pelo álcool está constantemente crescendo, e em pouco tempo ele não será mais capaz de negar-se uma bebida, mesmo que o queira com todas as forças. O mesmo acontece com a sensualidade. Pode começar com uma publicação pornográfica ou um filme impróprio. Mas daí a pouco essas coisas já estarão levando o indivíduo à prática de atos sexuais. É como alimentarmos um tigrezinho faminto. Agora ela ainda está sob nosso controle, mas acabará tornando-se um animal feroz. Um jovem disse: “Achei que, se eu assistisse filmes impróprios, saciaria minha curiosidade e a esgotaria, mas hoje estou amarrado nessas coisas.” Cristo negou com firmeza que uma pessoa pudesse pecar e ainda ficar no controle da situação. Ele disse que quem comete pecado é escravo dele. (Ver João 8.34.) Já ouvi relatos sobre pessoas que se encontravam em barcos à deriva no mar e que, dominados pela sede, insistiram em beber a água salgada, apesar de avisadas para não o fazerem. Mas ela parecia muito boa, e aqueles náufragos achavam que lhes saciaria a sede. Não percebiam que bastaria meia xícara do líquido para aumentá-la muito mais. Assim, eles iriam morrer antes dos outros que se controlaram, e esperaram pelo resgate. Ninguém se satisfaz com um pouquinho de água salgada. Quando Cromwell era primeiro ministro da Inglaterra, foi certa vez a um circo. Um domador de animais entrou no picadeiro, estalou um chicote, e uma imensa cobra veio rastejando-se e se enroscou no corpo dele. Mas logo em seguida, a multidão ali presente fez um silêncio profundo, pois começaram a ouvir o estalar de ossos esmagados. Daí a pouco o domador estava morto. Ele havia treinado a serpente durante treze anos. Quando iniciara, ela tinha apenas cerca de vinte centímetros de comprimento. Nessa ocasião, ele poderia tê-la esmagado entre o indicador e o polegar. Mas acreditara que tinha o animal sob seu controle, e julgou-se seguro com ele. Estava totalmente enganado. A Palavra de Deus afirma que não somos capazes de manter o pecado sob controle. Se voluntariamente lhe cedermos espaço, ele exigirá sempre mais, até afinal nos dominar por inteiro. Sempre que criarmos uma racionalização, devemos pedir a Deus que nos mostre o erro que há nela. Para a carne e o diabo, o princípio básico é o engano. Na verdade, deveríamos ter medo do pecado, sabendo que, se brincarmos com ele, poderemos ser apanhados em seus laços. Temos ouvido o ensino de que o “temor do Senhor” significa que temos de honrar e respeitar a Deus, mas não precisamos ter medo dele. Pois tive uma grande surpresa ao descobrir que essa tese não tem como ser provada biblicamente. Se lermos passagens como Deuteronômio 5.13-15, veremos que ali o temor do Senhor está associado diretamente à sua ira e ao seu castigo. Como Deus nos disciplina? Permitindo que o pecado tenha mais e mais controle sobre nós. Ele nos dá aquilo que desejamos, e muito mais. Quanto maior a rebeldia, maior a profundidade da escravização. Podemos argumentar que ninguém compreende o que estamos passando. É possível que ninguém compreenda, mas Deus entende. Embora ele nos ame muito, não muda sua atitude só porque estamos vivendo uma situação difícil. Ele quer que abandonemos nossas racionalizações, seja qual for o preço que tenhamos de pagar. ESTUDO E APLICAÇÃO 1. O texto de Provérbios 6.26-35 descreve o pecado de adultério. Que outros pecados se acham lado a lado com o adultério? Quais são as conseqüências relacionadas? 2. Leia Deuteronômio 6.4-9. Por que será que Satanás está tão interessado em destruir a família? E por que o adultério é um meio tão atraente para se alcançar este fim? 3. Leia atentamente Hebreus 13.4. O que este versículo ensina a respeito do casamento? 4. Leia Apocalipse 18.2-8. Qual é o critério pelo qual Deus julgará a meretriz Babilônia? Isso nos ensina alguma coisa sobre o castigo eterno? 5 Vou Arriscar “Sei que é certo manter a pureza; mas vale a pena?” indagou um rapaz. “Deus diz que é errado cometer imoralidade, mas mesmo assim, pode ser que a pessoa que se priva esteja se furtando prazeres excepcionais por razões de pouca importância”, argumentou ele. “Diga-me qual é a pior coisa que pode me acontecer, se eu insistir em praticá-la.”
  • 18. Ele estava pesando os prós e os contras. Ele tinha um raciocínio direto: se o preço não fosse muito elevado, não iria levar em consideração a opinião de Deus. É verdade que teria de pagar pelos seus pecados, mas, se conseguisse manter o controle das conseqüências, poderia conseguir se safar, pagando um preço baixo. Em todas as situações existem possibilidades de se negociar - talvez ele conseguisse fazer isso também com relação às suas práticas sexuais. E resolveu que iria arriscar. Será que a desobediência vale o preço que temos de pagar por ela? E teremos sempre que pagar pelo pecado, ou podemos simplesmente ignorar as conseqüências dele, ao fazer o que quisermos? Se os prazeres do pecado pudessem - pelo menos uma vez- compensar os efeitos dele, Deus estaria premiando o pecado. Estamos ficando acostumados com os cartões de crédito, que nos possibilitam comprar qualquer coisa agora e pagar depois. O problema é que sempre temos de pagar, e, às vezes, a juros elevadíssimos. Não podemos gozar dos prazeres sem nos tornarmos escravos seus. Alguns pecados produzem conseqüências mais graves do que outros, e o apóstolo Paulo destaca o pecado sexual (1 Co 6.18). O pecado é enganoso por três razões. Primeiro, ele realmente paga alguns dividendos. Vamos ser sinceros e reconhecer um fato: o pecado traz mesmo algum prazer. Se ele não fosse tão agradável, a estrada da sensualidade não seria tão transitada. E isso conta muito para a geração imediatista, onde o que vale é o agora. O pecado nos engana, também, porque a maioria de suas conseqüências acha-se camuflada. Tiago escreveu o seguinte: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” (Tg 1.14.) A palavra “atrai” contém a idéia de colocar-se uma isca na armadilha. Os caçadores deixam uma posta de carne fresca presa à armadilha, e esta fica escondida na neve. O urso que passa por ali vê logo a recompensa imediata, pois a carne é saborosa, mas as conseqüências desagradáveis estão escondidas. O termo “seduz” é usado também quando se fala sobre colocar isca num anzol. E nesse caso também existem as duas idéias, a da gratificação imediata e a de ocultamento. O peixe vê a promessa de algo atraente, mas não as conseqüências. E como os ursos e os peixes ignoram os princípios da armadilha e do anzol, são apanhados. Não têm a menor idéia de que mais adiante os aguardam sofrimento e morte. Da mesma forma, uma pessoa pode fantasiar em cima de uma experiência sexual exótica, e até mesmo desfrutá-la por algum tempo, desde que esteja cega para o que na realidade está acontecendo a ela e a outros, e principalmente a Deus, que se entristece com a nossa desobediência. O pecado é enganoso porque parece controlável. Sempre que conseguimos pecar sem sermos apanhados, criamos uma certa confiança de que podemos controlar nossas paixões. Duas pessoas não casadas podem achar que são capazes de interromper suas relações sexuais quando quiserem - e talvez o possam mesmo. Mas a cada vez que ultrapassam os limites demarcados por Deus, a consciência deles fica mais cauterizada, e suas defesas mais enfraquecidas. E apesar de se orgulharem do fato de serem tecnicamente puros, irão descobrir que há outros pecados em sua vida que não conseguem controlar mais. Um homem de ânimo dobre é inconstante em todos os seus caminhos (Tg 1.8). Certo homem, que estava decidido a desafiar os céus e o inferno para obter o que desejava, argumentou: “Mas você tem de reconhecer que Davi ficou com Bate-Seba, apesar do pecado!” É verdade. E Sansão ficou com Dalila, e Judas com sua prata. Mas pense só no preço que tiveram de pagar! Em Gálatas 6.7, lemos o seguinte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba: pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Paulo está nos advertindo contra o engano, isto é, contra o fato de pensarmos que poderemos encontrar uma escapatória qualquer na forma como Deus governa o mundo. É tolice pensar que podemos “passar a perna” em Deus. Colhemos o que Semeamos Consideremos três leis de semeadura e colheita. O pecado sempre reproduz pecado. Algumas vezes reproduz mais do mesmo tipo. Davi não consultou a Deus com relação ao casamento e acabou tendo sete esposas. Essa vida imoral levou-o a cometer imoralidade ainda maior - roubou a mulher de outro homem e cometeu adultério. Em questão de horas pôs a perder o que levara anos para obter. Além disso, às vezes colhemos também outros pecados. As obras da carne vêm sempre acompanhadas. Elas tendem a gerar outras formas de desobediência. Davi começou com adultério e terminou com morte. Esse princípio se aplica a outras formas de pecado também. A desonestidade gera desonestidade. Quando uma pessoa rouba e não é apanhada, tentará roubar outras vezes. E a cada vez que o pecado é cometido, suas garras se apertam mais. Como Deus castiga seus filhos quando pecam? Geralmente esperamos que ele mande um raio do céu. Ou talvez pensamos que ele permitirá que soframos um acidente ou uma doença fatal. Acho que Deus muitas vezes nos dá mais daquilo que queremos. Um ato de imoralidade conduz a outro, que por sua vez leva a outro, mas juntamente com o prazer vem umaescravização maior. Lembremos o que aconteceu quando os filhos de Israel clamaram a Deus no deserto pedindo carne. Estavam insatisfeitos com o menu que tinham ali. Como os glutões hoje, estavam exigindo maior variedade de alimentos. Deus ficou irritado com aquele desejo sensual, e disse: “Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco, nem dez, nem ainda vinte; mas um mês inteiro, até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao Senhor que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (Nm 11.19,20.) O castigo para o seu pedido de carne foi muita carne. Não há dúvida de que durante algum tempo eles gostaram daquela carne, mas pouco depois ela se tornou detestável. Aquele que cai na armadilha dos prazeres sensuais depois descobre que está amarrado a uma coisa que agora detesta.
  • 19. Uma evidencia segura de que nos arrependemos profundamente de nossos velhos pecados é o temor de cair neles outra vez, para que Deus não nos castigue com uma escravidão ainda mais profunda. Uma pessoa que obteve vitória sobre o alcoolismo disse-me que nunca tomaria nem mais uma dose em sua vida. Tem medo de que o circulo vicioso da dependência do álcool comece de novo. Ela finalmente aprendeu um principio básico. Aquilo que semeamos, isso colhemos. Colhemos em Outra Estação Já notou como as pessoas encaram o pecado sem seriedade? Uma das razões de haver tantos divórcios entre aqueles que se dizem convertidos é que todos nós conhecemos pessoas que abandonaram seus cônjuges por outros, e hoje se acham felizes e bem ajustadas. Parece que Deus já não é mais tão rigoroso como costumava ser. Talvez algumas das conseqüências não estejam mais sobrevindo aos que pecam. “Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.” (Ec 8.11.) Não sei por que Deus é tão paciente com a desobediência. Ele não acerta as contas no fim de cada mês. Ele está esperando que a semente plantada brote e amadureça. Se alguém tem alguma dúvida em relação a Deus, é melhor lembrar que ele nunca muda. Ele odeia o pecado hoje, como sempre o odiou. Podemos comparar uma vida pecaminosa a um almoço tipo rodízio - pegue tudo o que quiser e pague depois. Naturalmente as contas virão no devido tempo: o caráter do individuo fica corroído; o coração condena (1 Jo 3.21), a alegria e a certeza da orientação divina se dissipam; relacionamentos se rompem. E tudo isso pelo prazer do pecado. E ainda não é tudo. As conseqüências a longo prazo são uma vida destruída, sem obras que resistam ao fogo do juízo divino. Mesmo para os nascidos de novo, os efeitos da desobediência têm preços exorbitantes, a “perder de vista”. Quantas crianças não estão por aí confusas, magoadas, sentindo-se rejeitadas, porque a mãe foi infiel ao marido, ou o pai é alcoólatra. Pensemos nas vidas destroçadas, nos valores errôneos, nas suspeitas e ódio que o pecado traz em sua esteira. O tempo que temos na terra não passa de uma migalha, em comparação com a interminável vida por vir, e, no entanto, Deus nos julgará de acordo com a maneira como vivemos esses breves anos, e o efeito deles, para o bem ou para o mal, durará pela eternidade. Estou convencido de que muitas pessoas terão que chegar à eternidade para afinal crerem que Deus estava certo, e que o pecado é tão maligno quanto ele afirma. As conseqüências dele acham-se contidas na própria natureza do pecado, e ninguém poderá livrar-se delas. Um casal não casado pode querer minimizar algumas das conseqüências do seu erro. O controle de natalidade pode ocultar seu pecado dos olhos do mundo, mas Deus sabe dele. O Senhor nos adverte do seguinte: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28.13.) A paciência de Deus não é absolutamente uma indicação de que o pecador não está recebendo castigo pelo erro. A Colheita é em Maior Quantidade do que a Semeadura Vemos isso na história de Davi. Ele pensara que poderia manter em segredo o seu erro, mas Deus via de outra forma os seus atos imorais. Deus disse a Davi: “tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol.” (2 Sm 12.12.) E mais tarde, Absalão, filho de Davi, cometeu imoralidade publicamente. Davi tinha pensado que poderia manter o segredo, mas Deus disse que ele próprio se encarregaria de tornar público aquele seu ato. Davi disse a Nata que o homem que havia roubado a ovelha devia pagar quatro vezes mais. Ele não sabia que estava falando de si próprio. E quatro de seus filhos morreram prematuramente. Primeiro, o filho de Bate-Seba morreu. Depois, Amnon estuprou sua irmã Tamar. Em seguida, Absalão matou Amnon por causa disso. Mais tarde, Absalão também morreu, porque queria tirar o trono de Davi. E finalmente Adonias foi morto, porque desejava tornar-se rei. No final, Davi retornou à comunhão com Deus, mas seus filhos, não. O pecado é como o fermento - uma pequena quantidade leveda toda a massa. As influências dele são muito maiores do que seu tamanho ou forma; suas conseqüências são imprevisíveis. Não admira que precisemos de um Redentor para nos retirar desse emaranhado. Se nós próprios tentarmos fazer isso, será como querer enxugar o chão, com uma torneira jorrando água nele. Deus quer que compreendamos que o pecado é um artigo de preço elevadíssimo. Charles G. Finney escreveu o seguinte: “O pecado é a coisa mais cara do universo. Não existe nada que custe o preço dele. Perdoado ou não, seu custo é tremendamente alto. Quando perdoado, seu custo recai principalmente sobre o grande substituto Redentor; não sendo perdoado, terá que recair sobre a cabeça do pecador que o cometeu.” (Great Sermons from Master Preachers of All Ages - Grandes sermões dos maiores pregadores de todas as épocas - Zondervan.) E Finney disse também o seguinte: “E quantas lágrimas ele tem custado, lágrimas que se derramam como água; e quanta dor, nas mais diversas formas, essa empreitada tem causado e custado aos homens; é, este pecado que você guarda debaixo da língua como um doce bocado! Deus o odeia muito, quando vê o quanto ele custa, e diz: ‘Ah, não pratique essa abominação que odeio!’” (Great Sermons.) A idéia de que podemos pecar e arcar com os riscos envolvidos começou já no jardim do Éden. Eva pensou que poderia satisfazer seu desejo carnal e também elevar seu status. Era um jogo justo? Ninguém nunca poderia predizer