Este documento é uma antologia poética organizada por Antônio Carlos Policer que reúne poemas de diversos poetas participantes do grupo "Poetas em Construção". A antologia apresenta poemas de temáticas e estilos variados que levam o leitor por uma "tormenta de sentimentos e emoções".
3. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Prefácio
A presente Antologia é fruto da rica e sensível
produção dos poetas e poetisas participantes do
grupo POETAS EM CONSTRUÇÃO. Cada um trouxe
para esta obra o que de melhor há no seu íntimo. Os
poemas aqui contidos são de temáticas e de estilos
distintos, pois assim somos. Do céu ao inferno, do
amor ao ódio, os textos nos levarão a uma tormenta
de sentimentos e de emoções.
Esperamos, pois, que o leitor se deleite com os
nossos versos por ser este trabalho fruto de muito
carinho e dedicação.
Agradeço, em especial, aos poetas e poetisas que
doaram um pedaço de si para que chegássemos a
este maravilhoso resultado!
Viva a poesia viva!
Antônio Carlos Policer
02
4. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sumário
ANTÔNIO CARLOS POLICER ------------------- 04
ADRIANO VIEIRA ----------------------------------- 10
TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS ------------------------ 17
MAXIMILIANO DA ROSA ------------------------- 23
GIRVANY DE MORAIS ---------------------------- 28
MARIA DE FÁTIMA SOUZA ---------------------- 33
JONE LACERDA SUMAILA ---------------------- 38
VINICIUS PEREIRA MARTINS ------------------- 42
ROSA DOS VENTOS ------------------------------ 47
MONIZ MUSSUNDA JOÃO ---------------------- 53
DANIELA SILVA ------------------------------------- 62
JUAN CARLOS PAMPLONA RIOS -------------- 68
LUKE TAYLOR --------------------------------------- 76
VALDEMIR HENRIQUE POLICER -------------- 82
JOSÉ AUGUSTO SANTOS SANCHES ---------- 88
POLIANA ZAMBONI DE JESUS ---------------- 93
03
5. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ANTÔNIO CARLOS
POLICER
Graduado em Letras, Policer escreve à luz da semiótica e da
semiologia. É autor do livro "(in)", administrador do grupo
"POETAS EM CONSTRUÇÃO" e o organizador desta
antologia.
Labor
Colho sozinho
(dia após dia)
fruto-poema
flor-poesia
das frondosas árvores
da hortografia.
04
6. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fazer amor
Como é que se faz amor?
O que se faz é arroz,
ovo frito, macarrão; amor, não.
No caderno da vovó
tem receita de bobó
e até de doce de jiló
(e de berinjela também)
mas de amor, garanto, não tem.
Amor não se faz na cama;
na cama, se faz xixi.
Isso, em neném, eu vivi
mas amor nunca fiz, não.
Na cama, se ronca
e se leva bronca!
05
7. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dentro dos laboratórios,
os cientistas, vários,
entre bicos de Bunsen,
tubos de ensaio
e pipeta, nunca fizeram
amor de proveta.
O amor não se fia.
Nem Glória e nem Maria
conseguem tecê-lo,
apesar do zelo ao fiar.
Engenheiro e arquiteto,
com todo conhecimento
(tijolo, concreto,
projeto, cimento)
não conseguem edificá-lo:
é impossível o intento!
E tudo vai para o ralo...
06
8. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O amor, então, desperta?
Quieto! Deixe o menino
(o arqueiro pequenino)
dormindo com seu travesseiro
de nuvem;
flecheiro míope nascido,
anjo de candura
e penugem. Anjo de travessuras, isso sim!
Amor não se faz, nasce feito;
é um dever e um direito,
não tem prefeito e nem senhor.
Amor é dado, é de graça,
é beijo de moça na praça.
O amor? Ah, o amor...
07
9. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ofício criativo
capta, súbito, o néctar
tátil
volúvel
volátil
fútil, factível, fértil
transborda/transforma/transgride
translúcido
lúdico
trans-a
derrama
a rama
a grama
que brota, bruta
abrupto líquen-líquor
08
10. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
pela palavra: procura
pega a palavra: pode
para perante: fica
-argoschronus-
(hades: há des?)
a práxis, o léxico, "fiat lux"
sintagma/paradigma
semanticamente:
Poiésis!
09
11. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ADRIANO VIEIRA
Ruído
Ouço o ecoar do silêncio
Está tudo mudo ao redor
O vento sopra sem ruído
Nem um zunido
Nem um gemido
Rio de águas calmas
Quietude da alma
Coração bradicardia
Mente vazia
Tudo em "stand by"
Em módulo talvez
Nada é definitivo
Espero um susto
10
12. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Mas não assusta
Quem espera
Desejo um soluço
Um ranger de janela
Um choro de criança
Um som de esperança
Qualquer coisa
Que me invada o ouvido
Um barulho
Uma frase sem sentido
Uma piada sem graça
Um mero ruído...
11
13. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Inquietações
Gosto da samambaia
Que nasce
No canto da parede
Não tenho nenhuma
Reflexão sobre isso
Apenas gosto
Não tenho teorias
Sobre filas de formigas
Que organizadamente fazem
t
r
i
l
h
a
s
A um destino desconhecido
Nos recantos da terra
12
14. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gosto de pensar
Na profundidade do mar
Nos seus mistérios
Mas às vezes só quero
Molhar os pés
Ao andar na areia
Apenas sentir suas ondas
Nos meus pés morrerem
Eu quero olhar pro horizonte
Sem reflexões profundas
Ser simples e raso
Como um sábio
Ser vazio
Aquietar minhas inquietações
13
15. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quero apenas
Gostar de algo
Sem nenhuma razão
Observar rumos
Sem prever destinos
Quero apenas ser sereno
Deixar de ser menino
Com tantas perguntações.
14
16. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gentilmente sutil
O orvalho da manhã
O desejo e a maçã
O cheiro da hortelã
A brisa anfitriã
A leveza da espuma
O flutuar da pluma
A fragrância que perfuma
A flor que no cabelo arruma
A pétala da rosa
Vinicius e bossa nova
A poesia e a prosa
A inocência que repousa
15
17. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O céu azul anil
O dia claro que se abriu
A correnteza do rio
O vento gentilmente sutil
Quero texturas e cenas
Que meus olhos acalmam
Quero imagens singelas
Que acalentam a minh'alma.
16
18. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS
Tainá é graduada em Letras pela UNIPAMPA BAGÉ.
Lançou recentemente, pela editora UICLAP, "TEMPO DE
POEMAS: Poemas de uma moça pensativa". Sempre diz: "Eu
sinto meus poemas e eles me sentem".
Respeito
Respeito, palavra bonita
Expire-a, respire-a
Sempre pense com amor
Pré-conceito é ultrapassado
E sensacionalista
Incorpore o conhecimento
Também traga o discernimento
Olhe, pratique, respeite!
17
19. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
À sua espera
Poderia amar-te todos os dias
Poderia esperar-te a vida inteira
Não importaria mais nada
A não ser o dia do encontro
A expulsar as saudades
Poderia amar-te para sempre
Até após a morte
Até o fim dos dias te esperarei
Esperar tua luz, teu calor
Um dia eu os tive
Um dia retornarão com força
18
20. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Poderia amar-te por mil anos
E por mais mil mais
Te amaria pelo doce e o amargo que és
Pela calmaria e o vulcão em erupção que és
Não me importaria esperar
Vale a pena ver-te mais uma vez
Ainda não esqueci como és
Ainda te amaria por mil anos.
19
21. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ansiedade
Tem um tornado
Uma tempestade dentro de mim
Não sei, uma saudade
Uma vontade
De gritar
Esse mundo não me entende
Eu me sinto assim,
Sem direção.
Só, nós meu pensamentos e devaneios
Um nó cego, não sei como desatar
No meu coração, um transbordamento de tanto sentir
Escorre pelos olhos
Tudo que meu coração não consegue segurar
No escuro, explode,
Devora.
20
22. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Não sei como sair
Temores, coração acelerado
Lágrimas, pensando em desistir,
E apavora, não estou mais em mim.
Em frente ao espelho não me reconheço,
Talvez este seja o fim,
Caindo em desespero
E talvez o fim seja a solução
Neste momento eu acho que é assim.
Sim ou não?
Que confusão,
É um sufoco,
Uma falta de ar,
Um incômodo
Que fica martelando sem parar.
21
23. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dia após dia lutando
Nadando contra a maré
Me transformando
A cada dia uma luta
Contra a tal da ansiedade.
22
24. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MAXIMILIANO DA ROSA
Maximiliano da Rosa é natural de Novo Hamburgo - RS.
Mora em Imbé - RS. É autor do livro de contos "O Land
Rover Negro e a Caixa de Drops". Em 2022 publicará "Ofertas
imperdíveis", outra coletânea de histórias curtas, pela editora
Folheando.
vem dor
vem dor: ser minha e de mais ninguém
vem: com teus olhos baços
e tuas mãos ásperas
vem ser minha,
vem me amar ao sabor da ingratidão
vem,
sou um anjo despenteado
catalogando cada matiz do esquecimento
vem dor, vem lamber minhas feridas
nesta noite fria e farta de desencantos
vem
me abraçar
sob a chuva
23
25. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
vem assinar os decretos, vem me dizer
que a vida está cansada
de ouvir os meus lamentos
venha, venha deitar aqui comigo
neste chão duro e úmido
onde nada mais cresce
a não ser preces e lamentos
24
26. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A mais bela
a mais bela das vadias
é a lucidez
uma hora está aqui
outra, já se desinteressou
e fugiu
dançando
25
27. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Escrevo
poesia é minha cachaça, minha comida,
minha dor
escrevo para ser livre e alimentar a alma
sou míope e a arte é minha lupa
estou perdido
e a poesia é o mapa me guiando na escuridão
sou cego e escrevo para enxergar a beleza no caos e
na desilusão
poesia é a minha amante, minha amiga,
minha perdição
a poesia incendeia minhas noites, adormece meus
delírios, alimenta meus demônios
escrevo
e, enquanto escrevo, permito-me desvendar segredos
26
28. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
escrevo e, ao fazê-lo, me transformo
não sou mais homem (esse ser falho, errático)
ao escrever, sou poeta
e poetas são etéreos, inocentes
quando o mundo perder sua cor, eles serão os
últimos a perceber
27
29. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
GIRVANY DE MORAIS
Girvany de Morais, 56 anos, funcionário público, é poeta e
minicontista, tendo dois livros publicados: "Um grito em cada
poema" e "Socos e Alívios".
Cotidiano
Não tomei o café,
não comi o pão,
mordi a língua,
não sujei os lábios de manteiga.
Vesti a roupa puída,
calcei o tênis rasgado,
não dei o beijo de despedida,
associei uma canção,
pensei na morte naquela manhã,
era cedo demais.
28
30. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Acendi um cigarro,
chovia,
e como Gene Kelly,
dancei na chuva,
sem guarda chuva,
que estava sem hífen.
29
31. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A morte da poesia
A poesia saiu a caminhar pela cidade e tinha chovido,
veio um carro em alta velocidade e jogou lama na
poesia,
em seguida veio um carro velho e jogou dióxido de
carbono na cara da poesia,
como vivia no mundo da lua, quase foi atropelada por
um motoqueiro que a xingou:
- saia do meio da rua, filha da puta!
veio a bicicleta, que desviou dela numa fração de
segundos,
veio o cavaleiro esporeando seu animal e quase a
pisoteou,
a moça que sonhava com seu namorado nem deu
bom dia,
o político que cumprimentava seus eleitores nem a
reconheceu - poesia não dá voto.
A louca a falar mal dos problemas da cidade a
xingava:
- vá caçar serviço, sua vagabunda!
30
32. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O policial quase a prendeu por vadiagem,
os cães lambiam-na,
o pedreiro nem dava importância, tinha paredes a
levantar,
o gari quase a varreu,
o professor, imagine, fez troça, afinal era de exatas,
o homem de negócios a odiou,
não cogitava a hipótese de perder tempo
a municipalidade pensava seriamente em decretar a
sua inutilidade pública
e varrê-la através de decreto municipal para outras
bandas.
31
33. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Cavaleiros andantes
Somos cavaleiros andantes procurando utopias,
somos fiéis escudeiros dos nossos sonhos,
espadachins de lutas visionárias,
desejos calejados, tragando a poeira
das estradas,
sonhos urdidos,
malhados nas bigornas
32
34. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MARIA DE FÁTIMA SOUZA
Maria de Fátima Souza Dias escreve desde criança e, sofrendo
influência de alguns poetas, começou a postar seu trabalho
em página homônima no facebook. Amor, saudades, alegrias,
tristezas, homenagens e temas sociais fazem parte da
composição dos seus poemas.
Adorável
És menina,
Aroma de perfume forte
Como tu!
Menina, moça, mulher,
Tudo num só frasco,
Mistura de fragrâncias
No mais perfeito vidro.
Frágil e forte,
Amor e sedução,
Carinho e cafuné,
Cheiro bom de café,
Pão quentinho,
Amor de sobremesa,
33
35. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Doce e acre,
Gosto forte de querer.
Porta entreaberta,
Porta-retrato de prata,
Nós dois na foto,
Lembranças presas,
Dois corações no retrato,
Sensível e frágil,
Forte e destemida.
Mulher querida,
Enlouquece quando andas
A serpentear teu belo porte,
Tuas loiras madeixas emolduram
um rosto de rara beleza.
Cantada em versos e prosa,
Nada te convence,
Nada te compra.
Dá seu amor a quem merece.
De cútis alva como a neve,
Sedução e desejo,
Só pra quem sabe ver,
És adorável!
34
36. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Caminhos
Que me levaram
Pra longe da vida minha,
Dos lugares onde passei,
Dos sonhos que esqueci,
Dos amores que ali deixei
Pelas curvas que percorri,
Das paisagens que admirei.
Caminhos do meu viver,
Saudades eu carreguei
Da menina que um dia fui,
Da mulher que as lutas fez,
As vitórias que conquistei,
Da distância que de ti fiz,
Nos lugares que aportei.
35
37. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Caminhos por ti voltei,
Pra terra que me pariu,
Pra aqueles que aqui deixei,
Pros sonhos que esqueci,
Pra vida que Deus me deu,
Velhos caminhos meus,
Volto pra ser feliz...
36
38. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gata, mulher e leoa
Sou a mulher gata, que não corre da luta, que vence
na guerra e na paz; espera.
Tenho sete vidas.
Se é que já não tenho matado algumas pra
sobreviver!
Pulo, salto, dou um brado de dor, ou um grito de
vitória.
Mas, quando caio, caio de pé!
A mulher que sou hoje,
A pessoa que a vida esculpiu,
Sabe exatamente o que quer vestir,
A música que quer ouvir,
O amor que quer amar,
E o homem que poderá chamar de seu!
Sou eu a mulher loba na melhor fase,
A mesma que amou, ama e está aberta ao amor de
verdade.
Sou eu leoa, forte, decidida, empoderada, completa.
Sou eu mulher que sabe o que quer!
37
39. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JONE LACERDA SUMAILA
De nacionalidade moçambicana, Jone é poeta, escritor,
músico e ativista social. É autor da obra "A Madrugada Rouba-
me O Sono". Teve primeiro contato com a literatura em 2017
e hoje, é amante dessa arte.
Sem conceito
Alguns atravessam oceanos
Em busca do verdadeiro amor
Há os que contam estrelas
Por conseguinte, definem o amor
Há quem não se contenta
Com todos conceitos dados
Ao que vive e se descontenta
Não vivem os danados
38
40. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Alguns morrem
Alguns sobrevivem
Buscando o verdadeiro conceito do amor
De nada se cuidam, e se causam dor
Não se acha o verdadeiro conceito do amor
Seja em livros ou dicionários
Porque nos livros e dicionários
Amor é um substantivo
E amar é um verbo
Conjuga-se do pretérito
Até ao infinito
Mas no real
O amor é o que não se imagina
Amor é enxergar os defeitos
E mesmo assim decidir amar cegamente.
39
41. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Aos rastos da paixão
Amei-te sem tu saberes
Sofri de amores que nunca correspondeste
Porque nunca soubeste
Que desde que vim a este mundo
Assemelho-me ao absurdo
Minha alma é centro
Dos amores não correspondidos
Meu coração é alvacento
De pensamentos perdidos
Ao rasto de paixões e devaneios
Assemelho-me aos corvos
Dia e noite luto comigo mesmo
Para parar de sentir o que tanto sinto
Tanto sinto, que não consigo parar de
sentir.
40
42. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
[...]
Alma minha, do encanto
Tão viva, tão serena
Afogo-me no teu canto
Tão ditoso que não se condena
Alma minha, alma viva
Tão contente
Meus olhos viste
E meus amores descobriste
Afagas meus olhos
Para que te vejam sem postergar
Às vezes, do postigo
Vejo-te para suavizar o mar
Alma minha, alma gentil
Amo-te cegamente
Tão contente e ardentemente
Cativas-me com teu olhar fiel.
41
43. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
VINICIUS PEREIRA
MARTINS
Vinicius Pereira Martins, nascido no Rio de Janeiro, é
graduado em Farmácia e amante do mundo da poesia.
Escreve em estilo livre e algumas formas fixas minimalistas,
como camaquianos e aldravias.
Somos um pote cheio
Somos um pote cheio
De belas vontades contidas
Reprimidas por essa
Sociedade totalmente falida
Vivendo as regras do entorno
Adaptados a esse falso jogo
Impedidos de adentrar no campo
Daquilo que nos acende o fogo
42
44. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Somos macacos de imitação
O boi seguindo a manada
Sem sequer prestar atenção
Que estamos na total contramão
A verdadeira corrente
Está nas amarras da mente
Que nos fecha e aprisiona
Para conceitos que nos prendem
A maior certeza
É que certeza não há
Liberte sua mente
Para o agora aproveitar.
43
45. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fazer amor delirante
Beija minha boca
Me faz delirar
Deixa minha língua
No teu corpo passar
Coloca teu rosto
Colado ao meu
Abraça-me com força
Este homem é so teu
Tira tua roupa
Deita em cima de mim
Que delicia que és
Quando ficas assim
Olha-me nos olhos
Dá-me teu calor
Rebola gostoso
Vem fazer amor!
44
46. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Excita-se comigo
Contigo sou destemido
Faz de mim teu abrigo
Dá-me teu gemido
Vamos até a lua
Vamos além do céu
Vêm e beija com força
Tua boca é meu mel!
45
47. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Questione tudo
Questione seus pensamentos
Coloque em xeque suas crenças
Faça do ato de duvidar
O seu estado de presença
Reflita sobre tudo
Que acontece ao seu redor
Enobreça sua vida
Absorvendo do melhor
Diga não ao "é isso, e ponto final"
Descarte a visão de túnel
Esteja aberto à visão de leque
Para ter a sabedoria do universal
E exercite ficar bem
Com o contrário a você
Pois isso é sem dúvida
O que vai te fazer crescer.
46
48. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ROSA DOS VENTOS
Nascida em Santo André, escreve desde criança. Participou
até o momento de três antologias poéticas e de duas
antologias de contos, todas já publicadas. É autora do livro
de poemas "Coração Adormecido".
Lembranças
Ouço o som do vento triste e vazio
Trazendo consigo vagas lembranças
De um passado tão longe e sombrio
Que me provoca dor e arrepio
Houve o tempo de sonhos e promessas
Que tão breve se desfizeram ao vento
Só esperanças perdidas sem alento
Daqui o que se leva são só momentos
47
49. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Em que ousamos driblar a eternidade
Mas vencidos enfim somos o nada
Do pó viemos ao pó voltamos
De que vale toda riqueza sobre a Terra
Se sob a terra somos apenas o alimento
Para os vermes que nos consomem
48
50. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Muralhas
Ergui em pedras as muralhas
Desse amor malfadado
Enfim quebrei as correntes
Que me prendiam ao passado
Deixei ao largo a inocência
Dessa tristeza ao abismo
Lancei relutante minha existência
E no meu desencanto agora
cismo
Não sou mais escrava ou amante
Sou livre não tenho mais amarras
Decidi que de hoje em diante
Serei desbravadora e as garras
Do meu próprio coração
49
51. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Agora sou dona do meu destino
Enfim meu infinito sem ilusão
Caminho só entre as muralhas
Para não mais amar sem perdão
50
52. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quando eu me for
Quando tudo
Estiver terminado
Meu corpo enfim
Deixará a vida
Quero que a minha partida
Seja apenas fato consumado
Se eu puder
Ver os que aqui ficarem
Deixo meu carinho
E o meu apelo
Não fiquem tristes
Orem por mim
51
53. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Nos momentos insones
Por meu pesadelo
Apenas quero
Que espalhem
Minhas cinzas na água
Fria e corrente
Para que me levem
Desta existência vazia
Para o outro lado
Quando eu me for
52
54. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MONIZ MUSSUNDA JOÃO
Moniz Mussunda João é estudante de Engenharia e fazedor
de poemas. De nacionalidade angolana, é autor do livro "A
vida que não vivi".
Minha consciência me culpa
É estranho sentir que estou em conflito com a minha
própria consciência.
Sentir que em meu mundo há um furacão
Um tornado
Um ciclone
Um verdadeiro campo de guerra, onde não há mais
regras nem muito menos consideração.
Onde o único desejo que predomina em meus dias é
que tudo isso tivesse um fim
Que terminasse
E que tudo não passasse de nada, um espaço vazio
53
55. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
em minha alma, e que fosse pouco menos que um
pesadelo ou talvez ainda fruto da minha imaginação.
Tornei-me consumidor das consequências dos meus
erros, por não medir meus atos, abusei
excessivamente da minha sanidade
física e mental
por conta dos meus desejos egoístas
que resultaram numa verdadeira degradação da
auto-estima e princípios, consequentemente a perda
moral e a torção de pequenas partes de mim mesmo.
Horrível mesmo é viver no contraditório
do sim e do não
Do depois e do agora
Saber o que é certo e ainda assim persistir no errado
por míseros momentos de prazer
Ficar ali em um cantinho olhando sua personalidade
se deteriorando em torno das burradas cometidas
54
56. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Entre dores e decepções
O conformismo me consome
O sofrimento traz consigo a necessidade de
superação e mudança
Porém
Não é total a minha submissão a esse pensamento
derrotista
Há ainda em mim uma força interior que me obriga a
resistir às pelejas da minha própria consciência.
55
57. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Solidão
Mil noites se abrirão
Para abraçar...
O poeta que nada em solidão
Em desespero, à busca do seu amor
Que dor! E sem valor manca, e ...
Cai sobre o mais sincero dizer da realidade.
O que as estrelas querem dizer-lhe?
Ah! Se não fosse tão prisioneiro!
Talvez pudesse ouvi-las, senti-las e quem sabe
respondê-las.
Liberdade! Grita, e com gritos engripa
Desliza! Entre bondades e maldades distintas
e que realidade poderia abraçar?
Alisando palavras bonitas para admitir que seus
sentimentos são retidos não pelo medo carcereiro,
mas pelo mais sincero olhar de liberdade.
56
58. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
De volta ao céu
Do céu
Ao seu dono
Do seu dono
Ao céu
É isso que diz o ditado
Ou talvez não, sei lá...
Não sei ao certo
Talvez seja a lei do retorno
Ou quem sabe o famoso karma
"Tudo o que deres para o universo, ele, em algum
momento, trará de volta para você"
Se isso for verdade, estou feito
Nem quero lembrar de todas as vezes que fui
humano
Dos feitos menos acertivos
Das escolhas erradas
Das imprudências
Dos corações feridos
57
59. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Das esperanças despedaçadas, epa...
Esses são outros 500
Ouço
Uma voz sussurrando
Para a minha alma
Causando calafrios
Intuição?
Talvez!
Subconsciente?
Quem sabe!
Ou talvez sejas tu
A quem todos conhecemos
Mas ninguém nunca viu
Talvez sejas tu
A quem todos sentimos e amamos
Mas ninguém nunca o tocou
58
60. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tens tentado me dizer alguma coisa, ou quem sabe
me mostrar
Mas ...
Eu não ouço nada
Não vejo nada
Nem tampouco entendo.
Estou cego e surdo
E este mundo me tornou
Lerdo
Tento mitigar a minha ignorância por conta dos meus
feitos
Mas a cada tentativa
O som da derrota faz questão de ecoar e trazer
consigo todos os traumas e verdades jamais ditas
Talvez estejas tentando me dizer que ele está melhor
aí
Que o mundo não o merecia ou talvez seja eu o
motivo da desaprovação
"eu não o merecia"
59
61. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Mas eu estou sofrendo
Foram demasiadas miragens
Expectativas demasiado elevadas
Projeções de futuro inexistente
Uma enorme reviravolta.
Parecia que ele era a peça que faltava, o encaixe
perfeito para os nossos quebra-cabeças
Todos temos sonhos
Mas naquele momento parecia que estávamos a viver
um.
Calma aí, parecia, não.
Estávamos a viver um sonho!
Com certeza
Não sei como seria o seu rosto
Nem tampouco a cor dos seus olhos
Mas...
A ideia de que nem o seu coraçãozinho voltarei a
ouvir bater está me matando por dentro
60
62. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ao menos teria algum sentido se eu tivesse ouvido o
som da sua voz
Mas nem isso eu tive.
"Quem disse que o amor precisava fazer sentido?"
Do céu
Ao seu dono
Do seu dono
Ao céu
Vou te amar para sempre
Inexistente.
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63. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
DANIELA SILVA
Daniela Silva, 38 anos , é autora do livro de poemas "Vênus
no céu de maio".
Emoção sem razão
Eu, que nunca fui perfeita
(E nunca me esforcei para ser)
Agora sinto vontade de melhorar
Quando me vejo refletida em teu olhar.
A liberdade que era eleita
A razão do meu viver
Agora não me parece tão importante.
Eu, que nunca quis me prender
Agora sinto vontade de ficar,
Estar com você a cada instante,
Dividir as contas do bar,
Rir das mesmas piadas.
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64. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ter você em minha rotina
Contar como foi o meu dia
Pedir sua opinião
Sobre a cor de camisa que vou usar
Saber dos seus sonhos, dos seus planos
Da sua vida, conhecer seus amigos e parentes...
Ouvir o que sua alma sente
Te fazer sentir alguma alegria
E outra vez te tocar,
Te beijar,
Te amar, te amar, te amar...
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65. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Perto de você
Perto de você, sou um analfabeto sentimental
Sem pensamentos, quase um animal.
Não sei parar de te olhar
Esqueço o que falar
O que fazer com as mãos
Talvez você até ouça o batimento do meu coração.
Perto de você para o tempo
Só resta esse confuso sentimento
Que não sei identificar
Como se antes daquele momento
Não existisse o passado
E depois não fosse existir mais nada.
Ali fico, no melhor momento presente
De minha tão cansativa jornada.
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66. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Esqueço quem sou eu
Observando cada detalhe seu.
Só quero permanecer olhando seu olhar.
Esqueço o medo, o cansaço, o frio.
E quando aos gritos me desperta à realidade
Volto ao meu mundo, tão vazio
Tão cheio de compromissos, de correria, vida agitada,
pessoas querendo atenção.
Volto sem querer voltar
Trazendo na mente seu olhar
E uma vontade de correr na contramão
De tudo que a sociedade tem como aceitável
Volto controlando o meu maior desejo
Tentando não lembrar você em tudo que vejo
Mas às vezes se faz inevitável
Um sorriso ao lembrar
E você me faz um analfabeto sentimental
Que só conjuga o verbo AMAR.
65
67. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O amor e a admiração
O amor só vive onde houver a admiração
Só lá faz morada o coração .
Só amamos o que admiramos
E por admirar, amo cada vez mais
E por amar, faz-se mais forte minha
admiração
Um amor carregado de ternura e paz
Incendiando o coração
Amor que não se cobra e não se espera nada
Se completa e se entende
Sem precisar de palavra falada .
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68. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Amor esse, carregado de paz
Incendiando o coração
Como um vulcão na neve
Ou ilha para o náufrago no mar
Amor que só aumenta meu admirar
Admiração que não cabe mais em mim
Transborda no meu olhar
Invade todo meu ser
Admiração, apenas por você existir
Por ser quem é, mais linda a cada sorrir.
Mais forte em cada ação.
Cada vez maior em meu coração.
67
69. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JUAN CARLOS
PAMPLONA RIOS
Juan Carlos Pamplona Rios nasceu em Medellín, Colômbia.
É dedicado ao mundo das letras e das artes plásticas desde
1983.
Viento
Ilusionistas del todo.
Creamos lodo, luego barro, luego carnbios
Y la vida que va y viene...
Oscilaciones pendulares de un mar cósmico.
Gotas de Rocío emanan del sol.
Aún la vida vale la pena.
Jazmín de noche.
Olor eterno de una silenciosa estrella que renace en
la tenacidad del cosmos de las almas.
Luego la calma...
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70. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vento
Ilusionistas totais.
Criamos lama, depois lama, depois mudamos
E a vida que vem e vai...
Oscilações do pêndulo de um mar cósmico.
As gotas de orvalho emanam do sol.
Ainda vale a pena viver.
Jasmim à noite
Perfume eterno de uma estrela silenciosa que
renasce na tenacidade do cosmos das almas.
Então calma...
69
71. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fuego
A ver si se me borran estas ganas de ponerme tu piel
sobre mi piel.
A ver si se mecen tus besos en mi boca como lo
hacías ayer.
Ssiluetas diluyendose en la playa del desvarío.
Angustioso tormento de un hombre que arde en la
llama del olvido.
Leño verde que espumarajos y humo, silente humo
que recorre los callejones, de tu amor que
apasionado venció la reja de la sinceridad.
Encendiendo este vil fuego que me quema.
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72. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Incêndio
Vamos ver se apago esse desejo de colocar sua pele
na minha pele.
Vamos ver se seus beijos balançam na minha boca
como você fez ontem.
Silhuetas se dissolvendo na praia do delírio.
Angustiante tormento de um homem que arde na
chama do esquecimento.
Madeira verde que espuma e fumega, fumaça
silenciosa que corre pelos becos, do seu amor
apaixonado que superou o portão da sinceridade.
Acendendo este fogo vil que me queima.
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73. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Reanudar
Hoy los cueros se pierden en la holgura de gusanos
que disfrutan su banquete.
Se pierden mis ojos que veían lo que otros no
pudieron.
Ya a lo lejos mis pasos se perdieron cobrando la
fiducia del camino.
Emergiendo van mis entrañas, cruel destino.
Augusta paz se siente en tu hilvanar.
Oh muerte dulce que retornas lo imperenne a la
madre de todas las verdades.
Llevas tu manto para cubrir distancias y regalar al reloj
descanso.
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74. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Me has traído a esta sepultura para darle vida a lo que
ya moría.
Que juego cruel de la muerte y de la vida.
Traes contigo en tu hoz desnuda.
Por eso ahora que me tienes digo...
Entrego al infinito mi alma febril pero desnuda.
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75. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Retomar
Hoje as peles estão perdidas na frouxidão dos vermes
que desfrutam de seu banquete.
Meus olhos estão perdidos que viram o que os outros
não puderam.
Já ao longe meus passos se perdiam recolhendo a
fidúcia da estrada.
Emergindo estão minhas entranhas, destino cruel.
Augusta paz é sentida em seu alinhavo.
Ó doce morte que devolve o perene à mãe de todas
as verdades.
Você usa seu manto para cobrir distâncias e dar
descanso ao relógio.
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76. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Você me trouxe a este túmulo para dar vida ao que já
estava morrendo.
Que jogo cruel de morte e vida.
Você traz consigo em sua foice nua.
É por isso que agora que você tem a mim eu digo...
Entrego ao infinito minha alma febril mas nua.
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77. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
LUKE TAYLOR
Alguém em superação.
Eu queria te encontrar
Seria adorável ver você
Só queria dizer "eu te amo"
Iniciar novos círculos
Mas você se foi;
Não é fácil superar.
Sinto saudades, isso dói.
Tudo é questão de saudades.
Eu começo e jogo novamente...
Se inicia tudo uma bomba:
Todo caos, prestes a explodir...
Tenho que agir.
Tenho mágoas pra guardar
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78. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Choro pra me sufocar.
Não posso dizer:
Eu encontrei você.
Mas já era.
Isso, nem em sonho
Então guardo o silêncio...
Uma droga de pensamentos...
Tudo um caos sem argumento...
Choro e lamentos.
O alto grito.
O menor suspiro.
Tudo se foi contigo.
Só me resta o sofrer...
Oh sofrer...
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79. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu me perdi
Niinguém viu.
Caindo, eu senti;
Chorei por todo o vazio!
Foi impossível excluir a dor.
Nunca fui perfeito.
Por favor.
Nem serei, nem sou.
Esqueça , exclua qualquer hipótese de me julgar
Perfeito..
Mas nunca me julgue só pelos defeitos.
Escondo minhas mágoas, ninguém as vê...
É uma dor que só eu posso ter.
É como se fosse : de um lado, um piano tocando; do
outro, eu, chorando...
Um sacrifício inteiro.
Perto de mim, tudo se desmoronando.
Tudo dói...
E ninguém vê.
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80. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Se passar tudo, o tempo está me testando...
Eu continuo aqui...
Já é o ponto pra eu me afastar.
Já é o ponto pra eu me afastar.
Tenho que me livrar...
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81. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tua linda ignorância
Eu não vou chorar desta vez,
E eu prometo...
Vou aguentar firme um dia triste;
Tenho uma estrada pra prosseguir.
Todo mundo sofre um pouco do que sinto
Isso de fato é verdade.
Dane-se ansiedade...
Mas nem 99% ... Isso jamais
Nessa vida pode ser que sim
Mas de forma diferente.
Mas eu prometo:
não irei chorar
não irei chorar
não irei chorar
Tenho que aguentar.
Dane-se esse sofrer.
Dane-se a dor, ninguém vê.
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82. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Meus sentimentos tenho que cortar...
É para me aliviar!
Necessito meditar...
Queria estar longe...
Não sei onde.
Talvez em uma ilha.
Talvez em um mar.
Só queria de uma vez por todas me encontrar...
Sumir, me isolar [...]
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83. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
VALDEMIR HENRIQUE
POLICER
Valdemir Henrique Policer é poeta, amante de flores e
leitor assíduo. Começou a compor incentivado por uma
professora do colegial. Temas cotidianos como a labuta, a
natureza e a família permeiam seus poemas.
Colocação pronominal
Escrevi no muro:
Te amo.
Porém veio a ênclise repreender-me;
Então agora:
Amo-te.
Amo-te enclítico
Eu te amo proclítico
Amar-te-ia mesoclítico.
A gramática não limitará meu amor.
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84. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Escombros
Então é isso,
Nada mais que isso,
Apenas isso,
Nada mais restou.
Tudo jaz sobre escombros.
Arcabouço desabado sobre seu próprio peso.
E sobre o túmulo do poeta
Não nascerão flores amarelas e medrosas
Mas há sentado sobre ele um anjo torto
Segurando um estandarte
Onde se lê:
A POESIA VIVE!
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85. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Desconstrução
Sobe a casa
sobre a rua morta,
o pedreiro taciturno
constrói um sonho que não é seu.
Dá ,sem atentar,
um trago no cigarro,
assenta um tijolo,
olha para o “tempo”,
será que vai chover?
Cantarola uma moda qualquer
da qual não se recorda de todo a letra
mas lembra a melodia,
assovia-a.
Olha no relógio, as horas,
dá-se conta de que perdeu o tempo de ser feliz.
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86. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O sol a pino castiga-lhe as costas,
uma gota de suor brota-lhe da testa,
corre sem pressa pela face
e galga-lhe o queixo
misturando-se a massa,
emprestando a ela o sal,
do ganho pouco,
do esforço muito,
da canseira desmesurada,
da desigualdade desnuda.
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87. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Em meio à canseira recorda-se
que nem pedreiro queria ser,
mas o era o pai,
antes dele, o avô,
a família era grande,
as bocas, tantas,
ele, o mais velho,
não houve remédio,
foi ficando na lida,
assumiu o lugar do pai,
constituiu a própria família,
e o tempo passando,
e passou tanto tempo
que quando parou pra contar
já tinha cinquenta.
Queria ser piloto de avião,
mas disso quase nem se lembra o Zé,
pede uma pinga pra rebater a canseira;
ele não é alcoólatra,
apenas amargurado.
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88. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Toma o rumo de casa;
alheio à sua canseira,
o cão quer festa.
Afaga-o com mãos grosseiras,
beija a esposa que pergunta:
- Que foi, meu amor?
Mente.
- É só canseira.
Olha as crianças a brincar,
vem um nó na garganta
e um mar aos olhos,
queria dar-lhes mais.
Na cama, à noite, exausto,
ele adormece exaurido
e sonha que pilota
um avião que decola.
Mas o sonho vai durar pouco,
Logo, logo ele acorda.
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89. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JOSÉ AUGUSTO SANTOS
SANCHES
Graduando em Psicologia, Augusto esmiúça acerca do
humano social, pensa em formas de fazer o outro pensar,
utiliza recursos visuais e atualmente produz um livro
poético.
Regalo desesperante
Constrói a cerca do que persiste.
Perante ao dado invisível
A visão translúcida mostra que nada
existe
A mente no tocante do insensível
Onde a aranha tece
Lado, outro, gira, desce
Não estarrece
As teias mentais amortece!
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90. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Pega devaneios mortais,
Transforma o vislumbre
Segurando nas ligações morais
A vida é uma constante ligação de
penumbre!
Cai-se em contradições!
Sobe acima do declínio,
Parafraseia com as desvairadas
justaposições;
Mas o declive gera fascínio.
Então a aranha lado, outro, gira,
sobe;
Descobre
Que o sol nasce em reflexos
Por movimentos convexos.
Diretrizes incertas sem movimentos
diretos.!?
89
91. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Olhar Zote
Lá vem o horizonte mostrando que o
sonho acabou
Lá vem ele dizendo que as nuances
não existem mais
A luz agradável se foi
Agora resta recorte de um poema
sem poesia
Na luz do dia
Uma estrada, ainda, sem
terminologia
Uma ponte,
Sem
horizonte…
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92. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Estalido ou contradição?
Dentro de um tumultuado
Quarto
Ressoa o túmulo no peito…
Derrocada
O estalido do perpendicular
comiserado
Um tiro no ar, alguém morre de
susto,
olhares que se cruzam, se separam,
perdem o que nunca tiveram.
A paranoia torna seres disfuncionais
em indivíduos com um propósito
falseável!
Vá e brilhe dentro da caixa!
Às vezes o destino é fatalista!
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93. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Pois ninguém está disposto a
carregar
o peso da mudança.
Só a mudança deveria ser fatalista.
Enquanto isto, nisto, os istas
adoecem.
Só a mudança deve(ria) ser…
92
94. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
POLIANA ZAMBONI DE
JESUS
Poliana ama se infiltrar em outras vidas, viajar pelas páginas
de um bom livro e escrever versos de rimas em um caderno
empoeirado no aconchego de seu quarto.
Não é meu dono
Do meu corpo
Você não é dono,
Só é prazer
Se também for do meu gosto.
E quando olho pro seu rosto
Já não consigo te reconhecer
E sei que por quem me apaixonei
Você jamais voltará a ser.
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95. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Agora a sua arrogância
Substitui a antiga elegância,
A infidelidade
Duelou com a lealdade
E venceu esse embate.
Não é meu dono
Para escolher
Com quem faço amizade,
Nem me prometa eterna
felicidade,
Fique sozinho
Com seu amor covarde.
Não é meu dono
Para minha vida ditar,
Nem continue a me ameaçar
Pois agora irei revidar,
Aprendi a nunca mais recuar
E agora será você a chorar.
94
96. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Meu eterno talvez
Se eu tivesse te abraçado
Talvez você tivesse retribuído
E hoje estaria ao meu lado.
Se eu tivesse estendido a mão
Talvez você tivesse segurado
E hoje eu moraria no seu coração.
Se eu tivesse te beijado
Talvez você tivesse gostado
E daqui alguns anos
O casamento seria marcado.
Se eu tivesse dito que de ti gostava
Talvez você tivesse falado
Que a cada dia que passava
Por mim, mais se apaixonava.
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97. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Se eu tivesse tido coragem
Talvez hoje não conheceria esta vasta solidão
E você não seria um eterno talvez
Para o meu coração.
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98. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Romântica anônima
Eu sou aquela que
Por onde passa é invisível
Mas vivo pela esperança de que
Algum dia alguém me note
E enxergue mais do que seus olhos
Podem ver.
Eu sou aquela que
Nunca recebeu uma flor
Mas sonha em ganhar um buquê de rosas
Com um cartão escrito "meu amor".
Eu sou aquela que
Ninguém olhou diferente
Com desejo ou paixão
Mas sonha encontrar alguém
Para quem possa entregar seu coração.
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99. FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu sou aquela que
Se perde em histórias de romance
Mas sonha em viver a sua própria
Na realidade.
Eu sou aquela que
Nunca provou o sabor de outros lábios
Mas sonha em ser beijada.
E enfim, digo que
Você não precisa ser
Um príncipe encantado
Para poder estar ao meu lado.
Basta me oferecer sua mão
E me ajudar a levantar
Quando eu cair,
Fazer uma piada boba
E me fazer sorrir,
Me abraçar apertado
Quando eu chorar
E eu juro que serei a garota
Que para tudo estará ao seu lado.
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