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Antologia Poética
POETAS EM
CONSTRUÇÃO
VOL. I
Antologia Poética
POETAS


EM


CONSTRUÇÃO
Org. Antônio Carlos
Policer
FEVEREIRO | 2022
VOL. I
BRASIL
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Prefácio
A presente Antologia é fruto da rica e sensível
produção dos poetas e poetisas participantes do
grupo POETAS EM CONSTRUÇÃO. Cada um trouxe
para esta obra o que de melhor há no seu íntimo. Os
poemas aqui contidos são de temáticas e de estilos
distintos, pois assim somos. Do céu ao inferno, do
amor ao ódio, os textos nos levarão a uma tormenta
de sentimentos e de emoções.
Esperamos, pois, que o leitor se deleite com os
nossos versos por ser este trabalho fruto de muito
carinho e dedicação.
Agradeço, em especial, aos poetas e poetisas que
doaram um pedaço de si para que chegássemos a
este maravilhoso resultado!
Viva a poesia viva!
Antônio Carlos Policer
02
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Sumário
ANTÔNIO CARLOS POLICER ------------------- 04
ADRIANO VIEIRA ----------------------------------- 10
TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS ------------------------ 17
MAXIMILIANO DA ROSA ------------------------- 23
GIRVANY DE MORAIS ---------------------------- 28
MARIA DE FÁTIMA SOUZA ---------------------- 33
JONE LACERDA SUMAILA ---------------------- 38
VINICIUS PEREIRA MARTINS ------------------- 42
ROSA DOS VENTOS ------------------------------ 47
MONIZ MUSSUNDA JOÃO ---------------------- 53
DANIELA SILVA ------------------------------------- 62
JUAN CARLOS PAMPLONA RIOS -------------- 68
LUKE TAYLOR --------------------------------------- 76
VALDEMIR HENRIQUE POLICER -------------- 82
JOSÉ AUGUSTO SANTOS SANCHES ---------- 88
POLIANA ZAMBONI DE JESUS ---------------- 93
03
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ANTÔNIO CARLOS
POLICER
Graduado em Letras, Policer escreve à luz da semiótica e da
semiologia. É autor do livro "(in)", administrador do grupo
"POETAS EM CONSTRUÇÃO" e o organizador desta
antologia.
Labor
Colho sozinho
(dia após dia)
fruto-poema
flor-poesia
das frondosas árvores
da hortografia.
04
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fazer amor
Como é que se faz amor?
O que se faz é arroz,
ovo frito, macarrão; amor, não.
No caderno da vovó
tem receita de bobó
e até de doce de jiló
(e de berinjela também)
mas de amor, garanto, não tem.
Amor não se faz na cama;
na cama, se faz xixi.
Isso, em neném, eu vivi
mas amor nunca fiz, não.
Na cama, se ronca
e se leva bronca!
05
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dentro dos laboratórios,
os cientistas, vários,
entre bicos de Bunsen,
tubos de ensaio
e pipeta, nunca fizeram
amor de proveta.
O amor não se fia.
Nem Glória e nem Maria
conseguem tecê-lo,
apesar do zelo ao fiar.
Engenheiro e arquiteto,
com todo conhecimento
(tijolo, concreto,
projeto, cimento)
não conseguem edificá-lo:
é impossível o intento!
E tudo vai para o ralo...
06
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O amor, então, desperta?
Quieto! Deixe o menino
(o arqueiro pequenino)
dormindo com seu travesseiro
de nuvem;
flecheiro míope nascido,
anjo de candura
e penugem. Anjo de travessuras, isso sim!
Amor não se faz, nasce feito;
é um dever e um direito,
não tem prefeito e nem senhor.
Amor é dado, é de graça,
é beijo de moça na praça.
O amor? Ah, o amor...
07
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ofício criativo
capta, súbito, o néctar
tátil
volúvel
volátil
fútil, factível, fértil
transborda/transforma/transgride
translúcido
lúdico
trans-a
derrama
a rama
a grama
que brota, bruta
abrupto líquen-líquor
08
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
pela palavra: procura
pega a palavra: pode
para perante: fica
-argoschronus-
(hades: há des?)
a práxis, o léxico, "fiat lux"
sintagma/paradigma
semanticamente:
Poiésis!
09
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ADRIANO VIEIRA
Ruído
Ouço o ecoar do silêncio
Está tudo mudo ao redor
O vento sopra sem ruído
Nem um zunido
Nem um gemido
Rio de águas calmas
Quietude da alma
Coração bradicardia
Mente vazia
Tudo em "stand by"
Em módulo talvez
Nada é definitivo
Espero um susto
10
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Mas não assusta
Quem espera
Desejo um soluço
Um ranger de janela
Um choro de criança
Um som de esperança
Qualquer coisa
Que me invada o ouvido
Um barulho
Uma frase sem sentido
Uma piada sem graça
Um mero ruído...
11
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Inquietações
Gosto da samambaia
Que nasce
No canto da parede
Não tenho nenhuma
Reflexão sobre isso
Apenas gosto
Não tenho teorias
Sobre filas de formigas
Que organizadamente fazem
t
r
i
l
h
a
s
A um destino desconhecido
Nos recantos da terra
12
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gosto de pensar
Na profundidade do mar
Nos seus mistérios
Mas às vezes só quero
Molhar os pés
Ao andar na areia
Apenas sentir suas ondas
Nos meus pés morrerem
Eu quero olhar pro horizonte
Sem reflexões profundas
Ser simples e raso
Como um sábio
Ser vazio
Aquietar minhas inquietações
13
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quero apenas
Gostar de algo
Sem nenhuma razão
Observar rumos
Sem prever destinos
Quero apenas ser sereno
Deixar de ser menino
Com tantas perguntações.
14
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gentilmente sutil
O orvalho da manhã
O desejo e a maçã
O cheiro da hortelã
A brisa anfitriã
A leveza da espuma
O flutuar da pluma
A fragrância que perfuma
A flor que no cabelo arruma
A pétala da rosa
Vinicius e bossa nova
A poesia e a prosa
A inocência que repousa
15
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O céu azul anil
O dia claro que se abriu
A correnteza do rio
O vento gentilmente sutil
Quero texturas e cenas
Que meus olhos acalmam
Quero imagens singelas
Que acalentam a minh'alma.
16
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS
Tainá é graduada em Letras pela UNIPAMPA BAGÉ.
Lançou recentemente, pela editora UICLAP, "TEMPO DE
POEMAS: Poemas de uma moça pensativa". Sempre diz: "Eu
sinto meus poemas e eles me sentem".
Respeito
Respeito, palavra bonita
Expire-a, respire-a
Sempre pense com amor
Pré-conceito é ultrapassado
E sensacionalista
Incorpore o conhecimento
Também traga o discernimento
Olhe, pratique, respeite!
17
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
À sua espera
Poderia amar-te todos os dias
Poderia esperar-te a vida inteira
Não importaria mais nada
A não ser o dia do encontro
A expulsar as saudades
Poderia amar-te para sempre
Até após a morte
Até o fim dos dias te esperarei
Esperar tua luz, teu calor
Um dia eu os tive
Um dia retornarão com força
18
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Poderia amar-te por mil anos
E por mais mil mais
Te amaria pelo doce e o amargo que és
Pela calmaria e o vulcão em erupção que és
Não me importaria esperar
Vale a pena ver-te mais uma vez
Ainda não esqueci como és
Ainda te amaria por mil anos.
19
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ansiedade
Tem um tornado
Uma tempestade dentro de mim
Não sei, uma saudade
Uma vontade
De gritar
Esse mundo não me entende
Eu me sinto assim,
Sem direção.
Só, nós meu pensamentos e devaneios
Um nó cego, não sei como desatar
No meu coração, um transbordamento de tanto sentir
Escorre pelos olhos
Tudo que meu coração não consegue segurar
No escuro, explode,
Devora.
20
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Não sei como sair
Temores, coração acelerado
Lágrimas, pensando em desistir,
E apavora, não estou mais em mim.
Em frente ao espelho não me reconheço,
Talvez este seja o fim,
Caindo em desespero
E talvez o fim seja a solução
Neste momento eu acho que é assim.
Sim ou não?
Que confusão,
É um sufoco,
Uma falta de ar,
Um incômodo
Que fica martelando sem parar.
21
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Dia após dia lutando
Nadando contra a maré
Me transformando
A cada dia uma luta
Contra a tal da ansiedade.
22
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MAXIMILIANO DA ROSA
Maximiliano da Rosa é natural de Novo Hamburgo - RS.
Mora em Imbé - RS. É autor do livro de contos "O Land
Rover Negro e a Caixa de Drops". Em 2022 publicará "Ofertas
imperdíveis", outra coletânea de histórias curtas, pela editora
Folheando.
vem dor
vem dor: ser minha e de mais ninguém
vem: com teus olhos baços
e tuas mãos ásperas
vem ser minha,
vem me amar ao sabor da ingratidão
vem,
sou um anjo despenteado
catalogando cada matiz do esquecimento
vem dor, vem lamber minhas feridas
nesta noite fria e farta de desencantos
vem
me abraçar
sob a chuva
23
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
vem assinar os decretos, vem me dizer
que a vida está cansada
de ouvir os meus lamentos
venha, venha deitar aqui comigo
neste chão duro e úmido
onde nada mais cresce
a não ser preces e lamentos
24
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A mais bela
a mais bela das vadias
é a lucidez
uma hora está aqui
outra, já se desinteressou
e fugiu
dançando
25
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Escrevo
poesia é minha cachaça, minha comida,
minha dor
escrevo para ser livre e alimentar a alma
sou míope e a arte é minha lupa
estou perdido
e a poesia é o mapa me guiando na escuridão
sou cego e escrevo para enxergar a beleza no caos e
na desilusão
poesia é a minha amante, minha amiga,
minha perdição
a poesia incendeia minhas noites, adormece meus
delírios, alimenta meus demônios
escrevo
e, enquanto escrevo, permito-me desvendar segredos
26
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
escrevo e, ao fazê-lo, me transformo
não sou mais homem (esse ser falho, errático)
ao escrever, sou poeta
e poetas são etéreos, inocentes
quando o mundo perder sua cor, eles serão os
últimos a perceber
27
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
GIRVANY DE MORAIS
Girvany de Morais, 56 anos, funcionário público, é poeta e
minicontista, tendo dois livros publicados: "Um grito em cada
poema" e "Socos e Alívios".
Cotidiano
Não tomei o café,
não comi o pão,
mordi a língua,
não sujei os lábios de manteiga.
Vesti a roupa puída,
calcei o tênis rasgado,
não dei o beijo de despedida,
associei uma canção,
pensei na morte naquela manhã,
era cedo demais.
28
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Acendi um cigarro,
chovia,
e como Gene Kelly,
dancei na chuva,
sem guarda chuva,
que estava sem hífen.
29
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
A morte da poesia
A poesia saiu a caminhar pela cidade e tinha chovido,
veio um carro em alta velocidade e jogou lama na
poesia,
em seguida veio um carro velho e jogou dióxido de
carbono na cara da poesia,
como vivia no mundo da lua, quase foi atropelada por
um motoqueiro que a xingou:
- saia do meio da rua, filha da puta!
veio a bicicleta, que desviou dela numa fração de
segundos,
veio o cavaleiro esporeando seu animal e quase a
pisoteou,
a moça que sonhava com seu namorado nem deu
bom dia,
o político que cumprimentava seus eleitores nem a
reconheceu - poesia não dá voto.
A louca a falar mal dos problemas da cidade a
xingava:
- vá caçar serviço, sua vagabunda!
30
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O policial quase a prendeu por vadiagem,
os cães lambiam-na,
o pedreiro nem dava importância, tinha paredes a
levantar,
o gari quase a varreu,
o professor, imagine, fez troça, afinal era de exatas,
o homem de negócios a odiou,
não cogitava a hipótese de perder tempo
a municipalidade pensava seriamente em decretar a
sua inutilidade pública
e varrê-la através de decreto municipal para outras
bandas.
31
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Cavaleiros andantes
Somos cavaleiros andantes procurando utopias,
somos fiéis escudeiros dos nossos sonhos,
espadachins de lutas visionárias,
desejos calejados, tragando a poeira
das estradas,
sonhos urdidos,
malhados nas bigornas
32
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MARIA DE FÁTIMA SOUZA
Maria de Fátima Souza Dias escreve desde criança e, sofrendo
influência de alguns poetas, começou a postar seu trabalho
em página homônima no facebook. Amor, saudades, alegrias,
tristezas, homenagens e temas sociais fazem parte da
composição dos seus poemas.
Adorável
És menina,
Aroma de perfume forte
Como tu!
Menina, moça, mulher,
Tudo num só frasco,
Mistura de fragrâncias
No mais perfeito vidro.
Frágil e forte,
Amor e sedução,
Carinho e cafuné,
Cheiro bom de café,
Pão quentinho,
Amor de sobremesa,
33
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Doce e acre,
Gosto forte de querer.
Porta entreaberta,
Porta-retrato de prata,
Nós dois na foto,
Lembranças presas,
Dois corações no retrato,
Sensível e frágil,
Forte e destemida.
Mulher querida,
Enlouquece quando andas
A serpentear teu belo porte,
Tuas loiras madeixas emolduram
um rosto de rara beleza.
Cantada em versos e prosa,
Nada te convence,
Nada te compra.
Dá seu amor a quem merece.
De cútis alva como a neve,
Sedução e desejo,
Só pra quem sabe ver,
És adorável!
34
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Caminhos
Que me levaram
Pra longe da vida minha,
Dos lugares onde passei,
Dos sonhos que esqueci,
Dos amores que ali deixei
Pelas curvas que percorri,
Das paisagens que admirei.
Caminhos do meu viver,
Saudades eu carreguei
Da menina que um dia fui,
Da mulher que as lutas fez,
As vitórias que conquistei,
Da distância que de ti fiz,
Nos lugares que aportei.
35
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Caminhos por ti voltei,
Pra terra que me pariu,
Pra aqueles que aqui deixei,
Pros sonhos que esqueci,
Pra vida que Deus me deu,
Velhos caminhos meus,
Volto pra ser feliz...
36
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Gata, mulher e leoa
Sou a mulher gata, que não corre da luta, que vence
na guerra e na paz; espera.
Tenho sete vidas.
Se é que já não tenho matado algumas pra
sobreviver!
Pulo, salto, dou um brado de dor, ou um grito de
vitória.
Mas, quando caio, caio de pé!
A mulher que sou hoje,
A pessoa que a vida esculpiu,
Sabe exatamente o que quer vestir,
A música que quer ouvir,
O amor que quer amar,
E o homem que poderá chamar de seu!
Sou eu a mulher loba na melhor fase,
A mesma que amou, ama e está aberta ao amor de
verdade.
Sou eu leoa, forte, decidida, empoderada, completa.
Sou eu mulher que sabe o que quer!
37
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JONE LACERDA SUMAILA
De nacionalidade moçambicana, Jone é poeta, escritor,
músico e ativista social. É autor da obra "A Madrugada Rouba-
me O Sono". Teve primeiro contato com a literatura em 2017
e hoje, é amante dessa arte.
Sem conceito
Alguns atravessam oceanos
Em busca do verdadeiro amor
Há os que contam estrelas
Por conseguinte, definem o amor
Há quem não se contenta
Com todos conceitos dados
Ao que vive e se descontenta
Não vivem os danados
38
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Alguns morrem
Alguns sobrevivem
Buscando o verdadeiro conceito do amor
De nada se cuidam, e se causam dor
Não se acha o verdadeiro conceito do amor
Seja em livros ou dicionários
Porque nos livros e dicionários
Amor é um substantivo
E amar é um verbo
Conjuga-se do pretérito
Até ao infinito
Mas no real
O amor é o que não se imagina
Amor é enxergar os defeitos
E mesmo assim decidir amar cegamente.
39
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Aos rastos da paixão
Amei-te sem tu saberes
Sofri de amores que nunca correspondeste
Porque nunca soubeste
Que desde que vim a este mundo
Assemelho-me ao absurdo
Minha alma é centro
Dos amores não correspondidos
Meu coração é alvacento
De pensamentos perdidos
Ao rasto de paixões e devaneios
Assemelho-me aos corvos
Dia e noite luto comigo mesmo
Para parar de sentir o que tanto sinto
Tanto sinto, que não consigo parar de
sentir.
40
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
[...]
Alma minha, do encanto
Tão viva, tão serena
Afogo-me no teu canto
Tão ditoso que não se condena
Alma minha, alma viva
Tão contente
Meus olhos viste
E meus amores descobriste
Afagas meus olhos
Para que te vejam sem postergar
Às vezes, do postigo
Vejo-te para suavizar o mar
Alma minha, alma gentil
Amo-te cegamente
Tão contente e ardentemente
Cativas-me com teu olhar fiel.
41
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
VINICIUS PEREIRA
MARTINS
Vinicius Pereira Martins, nascido no Rio de Janeiro, é
graduado em Farmácia e amante do mundo da poesia.
Escreve em estilo livre e algumas formas fixas minimalistas,
como camaquianos e aldravias.
Somos um pote cheio
Somos um pote cheio
De belas vontades contidas
Reprimidas por essa
Sociedade totalmente falida
Vivendo as regras do entorno
Adaptados a esse falso jogo
Impedidos de adentrar no campo
Daquilo que nos acende o fogo
42
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Somos macacos de imitação
O boi seguindo a manada
Sem sequer prestar atenção
Que estamos na total contramão
A verdadeira corrente
Está nas amarras da mente
Que nos fecha e aprisiona
Para conceitos que nos prendem
A maior certeza
É que certeza não há
Liberte sua mente
Para o agora aproveitar.
43
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fazer amor delirante
Beija minha boca
Me faz delirar
Deixa minha língua
No teu corpo passar
Coloca teu rosto
Colado ao meu
Abraça-me com força
Este homem é so teu
Tira tua roupa
Deita em cima de mim
Que delicia que és
Quando ficas assim
Olha-me nos olhos
Dá-me teu calor
Rebola gostoso
Vem fazer amor!
44
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Excita-se comigo
Contigo sou destemido
Faz de mim teu abrigo
Dá-me teu gemido
Vamos até a lua
Vamos além do céu
Vêm e beija com força
Tua boca é meu mel!
45
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Questione tudo
Questione seus pensamentos
Coloque em xeque suas crenças
Faça do ato de duvidar
O seu estado de presença
Reflita sobre tudo
Que acontece ao seu redor
Enobreça sua vida
Absorvendo do melhor
Diga não ao "é isso, e ponto final"
Descarte a visão de túnel
Esteja aberto à visão de leque
Para ter a sabedoria do universal
E exercite ficar bem
Com o contrário a você
Pois isso é sem dúvida
O que vai te fazer crescer.
46
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
ROSA DOS VENTOS
Nascida em Santo André, escreve desde criança. Participou
até o momento de três antologias poéticas e de duas
antologias de contos, todas já publicadas. É autora do livro
de poemas "Coração Adormecido".
Lembranças
Ouço o som do vento triste e vazio
Trazendo consigo vagas lembranças
De um passado tão longe e sombrio
Que me provoca dor e arrepio
Houve o tempo de sonhos e promessas
Que tão breve se desfizeram ao vento
Só esperanças perdidas sem alento
Daqui o que se leva são só momentos
47
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Em que ousamos driblar a eternidade
Mas vencidos enfim somos o nada
Do pó viemos ao pó voltamos
De que vale toda riqueza sobre a Terra
Se sob a terra somos apenas o alimento
Para os vermes que nos consomem
48
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Muralhas
Ergui em pedras as muralhas
Desse amor malfadado
Enfim quebrei as correntes
Que me prendiam ao passado
Deixei ao largo a inocência
Dessa tristeza ao abismo
Lancei relutante minha existência
E no meu desencanto agora
cismo
Não sou mais escrava ou amante
Sou livre não tenho mais amarras
Decidi que de hoje em diante
Serei desbravadora e as garras
Do meu próprio coração
49
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Agora sou dona do meu destino
Enfim meu infinito sem ilusão
Caminho só entre as muralhas
Para não mais amar sem perdão
50
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Quando eu me for
Quando tudo
Estiver terminado
Meu corpo enfim
Deixará a vida
Quero que a minha partida
Seja apenas fato consumado
Se eu puder
Ver os que aqui ficarem
Deixo meu carinho
E o meu apelo
Não fiquem tristes
Orem por mim
51
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Nos momentos insones
Por meu pesadelo
Apenas quero
Que espalhem
Minhas cinzas na água
Fria e corrente
Para que me levem
Desta existência vazia
Para o outro lado
Quando eu me for
52
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
MONIZ MUSSUNDA JOÃO
Moniz Mussunda João é estudante de Engenharia e fazedor
de poemas. De nacionalidade angolana, é autor do livro "A
vida que não vivi".
Minha consciência me culpa
É estranho sentir que estou em conflito com a minha
própria consciência.
Sentir que em meu mundo há um furacão
Um tornado
Um ciclone
Um verdadeiro campo de guerra, onde não há mais
regras nem muito menos consideração.
Onde o único desejo que predomina em meus dias é
que tudo isso tivesse um fim
Que terminasse
E que tudo não passasse de nada, um espaço vazio
53
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
em minha alma, e que fosse pouco menos que um
pesadelo ou talvez ainda fruto da minha imaginação.
Tornei-me consumidor das consequências dos meus
erros, por não medir meus atos, abusei
excessivamente da minha sanidade
física e mental
por conta dos meus desejos egoístas
que resultaram numa verdadeira degradação da
auto-estima e princípios, consequentemente a perda
moral e a torção de pequenas partes de mim mesmo.
Horrível mesmo é viver no contraditório
do sim e do não
Do depois e do agora
Saber o que é certo e ainda assim persistir no errado
por míseros momentos de prazer
Ficar ali em um cantinho olhando sua personalidade
se deteriorando em torno das burradas cometidas
54
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Entre dores e decepções
O conformismo me consome
O sofrimento traz consigo a necessidade de
superação e mudança
Porém
Não é total a minha submissão a esse pensamento
derrotista
Há ainda em mim uma força interior que me obriga a
resistir às pelejas da minha própria consciência.
55
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Solidão
Mil noites se abrirão
Para abraçar...
O poeta que nada em solidão
Em desespero, à busca do seu amor
Que dor! E sem valor manca, e ...
Cai sobre o mais sincero dizer da realidade.
O que as estrelas querem dizer-lhe?
Ah! Se não fosse tão prisioneiro!
Talvez pudesse ouvi-las, senti-las e quem sabe
respondê-las.
Liberdade! Grita, e com gritos engripa
Desliza! Entre bondades e maldades distintas
e que realidade poderia abraçar?
Alisando palavras bonitas para admitir que seus
sentimentos são retidos não pelo medo carcereiro,
mas pelo mais sincero olhar de liberdade.
56
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
De volta ao céu
Do céu
Ao seu dono
Do seu dono
Ao céu
É isso que diz o ditado
Ou talvez não, sei lá...
Não sei ao certo
Talvez seja a lei do retorno
Ou quem sabe o famoso karma
"Tudo o que deres para o universo, ele, em algum
momento, trará de volta para você"
Se isso for verdade, estou feito
Nem quero lembrar de todas as vezes que fui
humano
Dos feitos menos acertivos
Das escolhas erradas
Das imprudências
Dos corações feridos
57
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Das esperanças despedaçadas, epa...
Esses são outros 500
Ouço
Uma voz sussurrando
Para a minha alma
Causando calafrios
Intuição?
Talvez!
Subconsciente?
Quem sabe!
Ou talvez sejas tu
A quem todos conhecemos
Mas ninguém nunca viu
Talvez sejas tu
A quem todos sentimos e amamos
Mas ninguém nunca o tocou
58
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tens tentado me dizer alguma coisa, ou quem sabe
me mostrar
Mas ...
Eu não ouço nada
Não vejo nada
Nem tampouco entendo.
Estou cego e surdo
E este mundo me tornou
Lerdo
Tento mitigar a minha ignorância por conta dos meus
feitos
Mas a cada tentativa
O som da derrota faz questão de ecoar e trazer
consigo todos os traumas e verdades jamais ditas
Talvez estejas tentando me dizer que ele está melhor
aí
Que o mundo não o merecia ou talvez seja eu o
motivo da desaprovação
"eu não o merecia"
59
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Mas eu estou sofrendo
Foram demasiadas miragens
Expectativas demasiado elevadas
Projeções de futuro inexistente
Uma enorme reviravolta.
Parecia que ele era a peça que faltava, o encaixe
perfeito para os nossos quebra-cabeças
Todos temos sonhos
Mas naquele momento parecia que estávamos a viver
um.
Calma aí, parecia, não.
Estávamos a viver um sonho!
Com certeza
Não sei como seria o seu rosto
Nem tampouco a cor dos seus olhos
Mas...
A ideia de que nem o seu coraçãozinho voltarei a
ouvir bater está me matando por dentro
60
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ao menos teria algum sentido se eu tivesse ouvido o
som da sua voz
Mas nem isso eu tive.
"Quem disse que o amor precisava fazer sentido?"
Do céu
Ao seu dono
Do seu dono
Ao céu
Vou te amar para sempre
Inexistente.
61
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
DANIELA SILVA
Daniela Silva, 38 anos , é autora do livro de poemas "Vênus
no céu de maio".
Emoção sem razão
Eu, que nunca fui perfeita
(E nunca me esforcei para ser)
Agora sinto vontade de melhorar
Quando me vejo refletida em teu olhar.
A liberdade que era eleita
A razão do meu viver
Agora não me parece tão importante.
Eu, que nunca quis me prender
Agora sinto vontade de ficar,
Estar com você a cada instante,
Dividir as contas do bar,
Rir das mesmas piadas.
62
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Ter você em minha rotina
Contar como foi o meu dia
Pedir sua opinião
Sobre a cor de camisa que vou usar
Saber dos seus sonhos, dos seus planos
Da sua vida, conhecer seus amigos e parentes...
Ouvir o que sua alma sente
Te fazer sentir alguma alegria
E outra vez te tocar,
Te beijar,
Te amar, te amar, te amar...
63
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Perto de você
Perto de você, sou um analfabeto sentimental
Sem pensamentos, quase um animal.
Não sei parar de te olhar
Esqueço o que falar
O que fazer com as mãos
Talvez você até ouça o batimento do meu coração.
Perto de você para o tempo
Só resta esse confuso sentimento
Que não sei identificar
Como se antes daquele momento
Não existisse o passado
E depois não fosse existir mais nada.
Ali fico, no melhor momento presente
De minha tão cansativa jornada.
64
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Esqueço quem sou eu
Observando cada detalhe seu.
Só quero permanecer olhando seu olhar.
Esqueço o medo, o cansaço, o frio.
E quando aos gritos me desperta à realidade
Volto ao meu mundo, tão vazio
Tão cheio de compromissos, de correria, vida agitada,
pessoas querendo atenção.
Volto sem querer voltar
Trazendo na mente seu olhar
E uma vontade de correr na contramão
De tudo que a sociedade tem como aceitável
Volto controlando o meu maior desejo
Tentando não lembrar você em tudo que vejo
Mas às vezes se faz inevitável
Um sorriso ao lembrar
E você me faz um analfabeto sentimental
Que só conjuga o verbo AMAR.
65
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O amor e a admiração
O amor só vive onde houver a admiração
Só lá faz morada o coração .
Só amamos o que admiramos
E por admirar, amo cada vez mais
E por amar, faz-se mais forte minha
admiração
Um amor carregado de ternura e paz
Incendiando o coração
Amor que não se cobra e não se espera nada
Se completa e se entende
Sem precisar de palavra falada .
66
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Amor esse, carregado de paz
Incendiando o coração
Como um vulcão na neve
Ou ilha para o náufrago no mar
Amor que só aumenta meu admirar
Admiração que não cabe mais em mim
Transborda no meu olhar
Invade todo meu ser
Admiração, apenas por você existir
Por ser quem é, mais linda a cada sorrir.
Mais forte em cada ação.
Cada vez maior em meu coração.
67
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JUAN CARLOS
PAMPLONA RIOS
Juan Carlos Pamplona Rios nasceu em Medellín, Colômbia.
É dedicado ao mundo das letras e das artes plásticas desde
1983.
Viento
Ilusionistas del todo.
Creamos lodo, luego barro, luego carnbios
Y la vida que va y viene...
Oscilaciones pendulares de un mar cósmico.
Gotas de Rocío emanan del sol.
Aún la vida vale la pena.
Jazmín de noche.
Olor eterno de una silenciosa estrella que renace en
la tenacidad del cosmos de las almas.
Luego la calma...
68
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Vento
Ilusionistas totais.
Criamos lama, depois lama, depois mudamos
E a vida que vem e vai...
Oscilações do pêndulo de um mar cósmico.
As gotas de orvalho emanam do sol.
Ainda vale a pena viver.
Jasmim à noite
Perfume eterno de uma estrela silenciosa que
renasce na tenacidade do cosmos das almas.
Então calma...
69
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Fuego
A ver si se me borran estas ganas de ponerme tu piel
sobre mi piel.
A ver si se mecen tus besos en mi boca como lo
hacías ayer.
Ssiluetas diluyendose en la playa del desvarío.
Angustioso tormento de un hombre que arde en la
llama del olvido.
Leño verde que espumarajos y humo, silente humo
que recorre los callejones, de tu amor que
apasionado venció la reja de la sinceridad.
Encendiendo este vil fuego que me quema.
70
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Incêndio
Vamos ver se apago esse desejo de colocar sua pele
na minha pele.
Vamos ver se seus beijos balançam na minha boca
como você fez ontem.
Silhuetas se dissolvendo na praia do delírio.
Angustiante tormento de um homem que arde na
chama do esquecimento.
Madeira verde que espuma e fumega, fumaça
silenciosa que corre pelos becos, do seu amor
apaixonado que superou o portão da sinceridade.
Acendendo este fogo vil que me queima.
71
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Reanudar
Hoy los cueros se pierden en la holgura de gusanos
que disfrutan su banquete.
Se pierden mis ojos que veían lo que otros no
pudieron.
Ya a lo lejos mis pasos se perdieron cobrando la
fiducia del camino.
Emergiendo van mis entrañas, cruel destino.
Augusta paz se siente en tu hilvanar.
Oh muerte dulce que retornas lo imperenne a la
madre de todas las verdades.
Llevas tu manto para cubrir distancias y regalar al reloj
descanso.
72
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Me has traído a esta sepultura para darle vida a lo que
ya moría.
Que juego cruel de la muerte y de la vida.
Traes contigo en tu hoz desnuda.
Por eso ahora que me tienes digo...
Entrego al infinito mi alma febril pero desnuda.
73
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Retomar
Hoje as peles estão perdidas na frouxidão dos vermes
que desfrutam de seu banquete.
Meus olhos estão perdidos que viram o que os outros
não puderam.
Já ao longe meus passos se perdiam recolhendo a
fidúcia da estrada.
Emergindo estão minhas entranhas, destino cruel.
Augusta paz é sentida em seu alinhavo.
Ó doce morte que devolve o perene à mãe de todas
as verdades.
Você usa seu manto para cobrir distâncias e dar
descanso ao relógio.
74
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Você me trouxe a este túmulo para dar vida ao que já
estava morrendo.
Que jogo cruel de morte e vida.
Você traz consigo em sua foice nua.
É por isso que agora que você tem a mim eu digo...
Entrego ao infinito minha alma febril mas nua.
75
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
LUKE TAYLOR
Alguém em superação.
Eu queria te encontrar
Seria adorável ver você
Só queria dizer "eu te amo"
Iniciar novos círculos
Mas você se foi;
Não é fácil superar.
Sinto saudades, isso dói.
Tudo é questão de saudades.
Eu começo e jogo novamente...
Se inicia tudo uma bomba:
Todo caos, prestes a explodir...
Tenho que agir.
Tenho mágoas pra guardar
76
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Choro pra me sufocar.
Não posso dizer:
Eu encontrei você.
Mas já era.
Isso, nem em sonho
Então guardo o silêncio...
Uma droga de pensamentos...
Tudo um caos sem argumento...
Choro e lamentos.
O alto grito.
O menor suspiro.
Tudo se foi contigo.
Só me resta o sofrer...
Oh sofrer...
77
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu me perdi
Niinguém viu.
Caindo, eu senti;
Chorei por todo o vazio!
Foi impossível excluir a dor.
Nunca fui perfeito.
Por favor.
Nem serei, nem sou.
Esqueça , exclua qualquer hipótese de me julgar
Perfeito..
Mas nunca me julgue só pelos defeitos.
Escondo minhas mágoas, ninguém as vê...
É uma dor que só eu posso ter.
É como se fosse : de um lado, um piano tocando; do
outro, eu, chorando...
Um sacrifício inteiro.
Perto de mim, tudo se desmoronando.
Tudo dói...
E ninguém vê.
78
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Se passar tudo, o tempo está me testando...
Eu continuo aqui...
Já é o ponto pra eu me afastar.
Já é o ponto pra eu me afastar.
Tenho que me livrar...
79
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Tua linda ignorância
Eu não vou chorar desta vez,
E eu prometo...
Vou aguentar firme um dia triste;
Tenho uma estrada pra prosseguir.
Todo mundo sofre um pouco do que sinto
Isso de fato é verdade.
Dane-se ansiedade...
Mas nem 99% ... Isso jamais
Nessa vida pode ser que sim
Mas de forma diferente.
Mas eu prometo:
não irei chorar
não irei chorar
não irei chorar
Tenho que aguentar.
Dane-se esse sofrer.
Dane-se a dor, ninguém vê.
80
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Meus sentimentos tenho que cortar...
É para me aliviar!
Necessito meditar...
Queria estar longe...
Não sei onde.
Talvez em uma ilha.
Talvez em um mar.
Só queria de uma vez por todas me encontrar...
Sumir, me isolar [...]
81
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
VALDEMIR HENRIQUE
POLICER
Valdemir Henrique Policer é poeta, amante de flores e
leitor assíduo. Começou a compor incentivado por uma
professora do colegial. Temas cotidianos como a labuta, a
natureza e a família permeiam seus poemas.
Colocação pronominal
Escrevi no muro:
Te amo.
Porém veio a ênclise repreender-me;
Então agora:
Amo-te.
Amo-te enclítico
Eu te amo proclítico
Amar-te-ia mesoclítico.
A gramática não limitará meu amor.
82
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Escombros
Então é isso,
Nada mais que isso,
Apenas isso,
Nada mais restou.
Tudo jaz sobre escombros.
Arcabouço desabado sobre seu próprio peso.
E sobre o túmulo do poeta
Não nascerão flores amarelas e medrosas
Mas há sentado sobre ele um anjo torto
Segurando um estandarte
Onde se lê:
A POESIA VIVE!
83
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Desconstrução
Sobe a casa
sobre a rua morta,
o pedreiro taciturno
constrói um sonho que não é seu.
Dá ,sem atentar,
um trago no cigarro,
assenta um tijolo,
olha para o “tempo”,
será que vai chover?
Cantarola uma moda qualquer
da qual não se recorda de todo a letra
mas lembra a melodia,
assovia-a.
Olha no relógio, as horas,
dá-se conta de que perdeu o tempo de ser feliz.
84
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
O sol a pino castiga-lhe as costas,
uma gota de suor brota-lhe da testa,
corre sem pressa pela face
e galga-lhe o queixo
misturando-se a massa,
emprestando a ela o sal,
do ganho pouco,
do esforço muito,
da canseira desmesurada,
da desigualdade desnuda.
85
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Em meio à canseira recorda-se
que nem pedreiro queria ser,
mas o era o pai,
antes dele, o avô,
a família era grande,
as bocas, tantas,
ele, o mais velho,
não houve remédio,
foi ficando na lida,
assumiu o lugar do pai,
constituiu a própria família,
e o tempo passando,
e passou tanto tempo
que quando parou pra contar
já tinha cinquenta.
Queria ser piloto de avião,
mas disso quase nem se lembra o Zé,
pede uma pinga pra rebater a canseira;
ele não é alcoólatra,
apenas amargurado.
86
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Toma o rumo de casa;
alheio à sua canseira,
o cão quer festa.
Afaga-o com mãos grosseiras,
beija a esposa que pergunta:
- Que foi, meu amor?
Mente.
- É só canseira.
Olha as crianças a brincar,
vem um nó na garganta
e um mar aos olhos,
queria dar-lhes mais.
Na cama, à noite, exausto,
ele adormece exaurido
e sonha que pilota
um avião que decola.
Mas o sonho vai durar pouco,
Logo, logo ele acorda.
87
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
JOSÉ AUGUSTO SANTOS
SANCHES
Graduando em Psicologia, Augusto esmiúça acerca do
humano social, pensa em formas de fazer o outro pensar,
utiliza recursos visuais e atualmente produz um livro
poético.
Regalo desesperante
Constrói a cerca do que persiste.
Perante ao dado invisível
A visão translúcida mostra que nada
existe
A mente no tocante do insensível




Onde a aranha tece
Lado, outro, gira, desce
Não estarrece
As teias mentais amortece!






88
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO


Pega devaneios mortais,
Transforma o vislumbre
Segurando nas ligações morais
A vida é uma constante ligação de
penumbre!




Cai-se em contradições!
Sobe acima do declínio,
Parafraseia com as desvairadas
justaposições;
Mas o declive gera fascínio.




Então a aranha lado, outro, gira,
sobe;
Descobre
Que o sol nasce em reflexos
Por movimentos convexos.
Diretrizes incertas sem movimentos
diretos.!?




89
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Olhar Zote


Lá vem o horizonte mostrando que o
sonho acabou
Lá vem ele dizendo que as nuances
não existem mais
A luz agradável se foi


Agora resta recorte de um poema
sem poesia
Na luz do dia
Uma estrada, ainda, sem
terminologia


Uma ponte,
Sem
horizonte…








90
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Estalido ou contradição?
Dentro de um tumultuado
Quarto
Ressoa o túmulo no peito…


Derrocada
O estalido do perpendicular
comiserado
Um tiro no ar, alguém morre de
susto,
olhares que se cruzam, se separam,
perdem o que nunca tiveram.


A paranoia torna seres disfuncionais
em indivíduos com um propósito
falseável!
Vá e brilhe dentro da caixa!
Às vezes o destino é fatalista!








91
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO




Pois ninguém está disposto a
carregar
o peso da mudança.
Só a mudança deveria ser fatalista.
Enquanto isto, nisto, os istas
adoecem.
Só a mudança deve(ria) ser…













 92
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
POLIANA ZAMBONI DE
JESUS
Poliana ama se infiltrar em outras vidas, viajar pelas páginas
de um bom livro e escrever versos de rimas em um caderno
empoeirado no aconchego de seu quarto.
Não é meu dono
Do meu corpo
Você não é dono,
Só é prazer
Se também for do meu gosto.
E quando olho pro seu rosto
Já não consigo te reconhecer
E sei que por quem me apaixonei
Você jamais voltará a ser.
93
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Agora a sua arrogância
Substitui a antiga elegância,
A infidelidade
Duelou com a lealdade
E venceu esse embate.
Não é meu dono
Para escolher
Com quem faço amizade,
Nem me prometa eterna
felicidade,
Fique sozinho
Com seu amor covarde.
Não é meu dono
Para minha vida ditar,
Nem continue a me ameaçar
Pois agora irei revidar,
Aprendi a nunca mais recuar
E agora será você a chorar.
94
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Meu eterno talvez
Se eu tivesse te abraçado
Talvez você tivesse retribuído
E hoje estaria ao meu lado.
Se eu tivesse estendido a mão
Talvez você tivesse segurado
E hoje eu moraria no seu coração.
Se eu tivesse te beijado
Talvez você tivesse gostado
E daqui alguns anos
O casamento seria marcado.
Se eu tivesse dito que de ti gostava
Talvez você tivesse falado
Que a cada dia que passava
Por mim, mais se apaixonava.
95
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Se eu tivesse tido coragem
Talvez hoje não conheceria esta vasta solidão
E você não seria um eterno talvez
Para o meu coração.
96
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Romântica anônima
Eu sou aquela que
Por onde passa é invisível
Mas vivo pela esperança de que
Algum dia alguém me note
E enxergue mais do que seus olhos
Podem ver.
Eu sou aquela que
Nunca recebeu uma flor
Mas sonha em ganhar um buquê de rosas
Com um cartão escrito "meu amor".
Eu sou aquela que
Ninguém olhou diferente
Com desejo ou paixão
Mas sonha encontrar alguém
Para quem possa entregar seu coração.
97
FEVEREIRO DE 2022
POETAS EM CONSTRUÇÃO
Eu sou aquela que
Se perde em histórias de romance
Mas sonha em viver a sua própria
Na realidade.
Eu sou aquela que
Nunca provou o sabor de outros lábios
Mas sonha em ser beijada.
E enfim, digo que
Você não precisa ser
Um príncipe encantado
Para poder estar ao meu lado.
Basta me oferecer sua mão
E me ajudar a levantar
Quando eu cair,
Fazer uma piada boba
E me fazer sorrir,
Me abraçar apertado
Quando eu chorar
E eu juro que serei a garota
Que para tudo estará ao seu lado.
98
POETAS EM
CONSTRUÇÃO
BRASIL


FEVEREIRO | 2022
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  • 2. Antologia Poética POETAS EM CONSTRUÇÃO Org. Antônio Carlos Policer FEVEREIRO | 2022 VOL. I BRASIL
  • 3. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Prefácio A presente Antologia é fruto da rica e sensível produção dos poetas e poetisas participantes do grupo POETAS EM CONSTRUÇÃO. Cada um trouxe para esta obra o que de melhor há no seu íntimo. Os poemas aqui contidos são de temáticas e de estilos distintos, pois assim somos. Do céu ao inferno, do amor ao ódio, os textos nos levarão a uma tormenta de sentimentos e de emoções. Esperamos, pois, que o leitor se deleite com os nossos versos por ser este trabalho fruto de muito carinho e dedicação. Agradeço, em especial, aos poetas e poetisas que doaram um pedaço de si para que chegássemos a este maravilhoso resultado! Viva a poesia viva! Antônio Carlos Policer 02
  • 4. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Sumário ANTÔNIO CARLOS POLICER ------------------- 04 ADRIANO VIEIRA ----------------------------------- 10 TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS ------------------------ 17 MAXIMILIANO DA ROSA ------------------------- 23 GIRVANY DE MORAIS ---------------------------- 28 MARIA DE FÁTIMA SOUZA ---------------------- 33 JONE LACERDA SUMAILA ---------------------- 38 VINICIUS PEREIRA MARTINS ------------------- 42 ROSA DOS VENTOS ------------------------------ 47 MONIZ MUSSUNDA JOÃO ---------------------- 53 DANIELA SILVA ------------------------------------- 62 JUAN CARLOS PAMPLONA RIOS -------------- 68 LUKE TAYLOR --------------------------------------- 76 VALDEMIR HENRIQUE POLICER -------------- 82 JOSÉ AUGUSTO SANTOS SANCHES ---------- 88 POLIANA ZAMBONI DE JESUS ---------------- 93 03
  • 5. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO ANTÔNIO CARLOS POLICER Graduado em Letras, Policer escreve à luz da semiótica e da semiologia. É autor do livro "(in)", administrador do grupo "POETAS EM CONSTRUÇÃO" e o organizador desta antologia. Labor Colho sozinho (dia após dia) fruto-poema flor-poesia das frondosas árvores da hortografia. 04
  • 6. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Fazer amor Como é que se faz amor? O que se faz é arroz, ovo frito, macarrão; amor, não. No caderno da vovó tem receita de bobó e até de doce de jiló (e de berinjela também) mas de amor, garanto, não tem. Amor não se faz na cama; na cama, se faz xixi. Isso, em neném, eu vivi mas amor nunca fiz, não. Na cama, se ronca e se leva bronca! 05
  • 7. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Dentro dos laboratórios, os cientistas, vários, entre bicos de Bunsen, tubos de ensaio e pipeta, nunca fizeram amor de proveta. O amor não se fia. Nem Glória e nem Maria conseguem tecê-lo, apesar do zelo ao fiar. Engenheiro e arquiteto, com todo conhecimento (tijolo, concreto, projeto, cimento) não conseguem edificá-lo: é impossível o intento! E tudo vai para o ralo... 06
  • 8. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO O amor, então, desperta? Quieto! Deixe o menino (o arqueiro pequenino) dormindo com seu travesseiro de nuvem; flecheiro míope nascido, anjo de candura e penugem. Anjo de travessuras, isso sim! Amor não se faz, nasce feito; é um dever e um direito, não tem prefeito e nem senhor. Amor é dado, é de graça, é beijo de moça na praça. O amor? Ah, o amor... 07
  • 9. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Ofício criativo capta, súbito, o néctar tátil volúvel volátil fútil, factível, fértil transborda/transforma/transgride translúcido lúdico trans-a derrama a rama a grama que brota, bruta abrupto líquen-líquor 08
  • 10. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO pela palavra: procura pega a palavra: pode para perante: fica -argoschronus- (hades: há des?) a práxis, o léxico, "fiat lux" sintagma/paradigma semanticamente: Poiésis! 09
  • 11. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO ADRIANO VIEIRA Ruído Ouço o ecoar do silêncio Está tudo mudo ao redor O vento sopra sem ruído Nem um zunido Nem um gemido Rio de águas calmas Quietude da alma Coração bradicardia Mente vazia Tudo em "stand by" Em módulo talvez Nada é definitivo Espero um susto 10
  • 12. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Mas não assusta Quem espera Desejo um soluço Um ranger de janela Um choro de criança Um som de esperança Qualquer coisa Que me invada o ouvido Um barulho Uma frase sem sentido Uma piada sem graça Um mero ruído... 11
  • 13. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Inquietações Gosto da samambaia Que nasce No canto da parede Não tenho nenhuma Reflexão sobre isso Apenas gosto Não tenho teorias Sobre filas de formigas Que organizadamente fazem t r i l h a s A um destino desconhecido Nos recantos da terra 12
  • 14. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Gosto de pensar Na profundidade do mar Nos seus mistérios Mas às vezes só quero Molhar os pés Ao andar na areia Apenas sentir suas ondas Nos meus pés morrerem Eu quero olhar pro horizonte Sem reflexões profundas Ser simples e raso Como um sábio Ser vazio Aquietar minhas inquietações 13
  • 15. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Quero apenas Gostar de algo Sem nenhuma razão Observar rumos Sem prever destinos Quero apenas ser sereno Deixar de ser menino Com tantas perguntações. 14
  • 16. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Gentilmente sutil O orvalho da manhã O desejo e a maçã O cheiro da hortelã A brisa anfitriã A leveza da espuma O flutuar da pluma A fragrância que perfuma A flor que no cabelo arruma A pétala da rosa Vinicius e bossa nova A poesia e a prosa A inocência que repousa 15
  • 17. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO O céu azul anil O dia claro que se abriu A correnteza do rio O vento gentilmente sutil Quero texturas e cenas Que meus olhos acalmam Quero imagens singelas Que acalentam a minh'alma. 16
  • 18. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO TAINÁ FIGUEIRÓ LEMOS Tainá é graduada em Letras pela UNIPAMPA BAGÉ. Lançou recentemente, pela editora UICLAP, "TEMPO DE POEMAS: Poemas de uma moça pensativa". Sempre diz: "Eu sinto meus poemas e eles me sentem". Respeito Respeito, palavra bonita Expire-a, respire-a Sempre pense com amor Pré-conceito é ultrapassado E sensacionalista Incorpore o conhecimento Também traga o discernimento Olhe, pratique, respeite! 17
  • 19. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO À sua espera Poderia amar-te todos os dias Poderia esperar-te a vida inteira Não importaria mais nada A não ser o dia do encontro A expulsar as saudades Poderia amar-te para sempre Até após a morte Até o fim dos dias te esperarei Esperar tua luz, teu calor Um dia eu os tive Um dia retornarão com força 18
  • 20. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Poderia amar-te por mil anos E por mais mil mais Te amaria pelo doce e o amargo que és Pela calmaria e o vulcão em erupção que és Não me importaria esperar Vale a pena ver-te mais uma vez Ainda não esqueci como és Ainda te amaria por mil anos. 19
  • 21. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Ansiedade Tem um tornado Uma tempestade dentro de mim Não sei, uma saudade Uma vontade De gritar Esse mundo não me entende Eu me sinto assim, Sem direção. Só, nós meu pensamentos e devaneios Um nó cego, não sei como desatar No meu coração, um transbordamento de tanto sentir Escorre pelos olhos Tudo que meu coração não consegue segurar No escuro, explode, Devora. 20
  • 22. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Não sei como sair Temores, coração acelerado Lágrimas, pensando em desistir, E apavora, não estou mais em mim. Em frente ao espelho não me reconheço, Talvez este seja o fim, Caindo em desespero E talvez o fim seja a solução Neste momento eu acho que é assim. Sim ou não? Que confusão, É um sufoco, Uma falta de ar, Um incômodo Que fica martelando sem parar. 21
  • 23. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Dia após dia lutando Nadando contra a maré Me transformando A cada dia uma luta Contra a tal da ansiedade. 22
  • 24. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO MAXIMILIANO DA ROSA Maximiliano da Rosa é natural de Novo Hamburgo - RS. Mora em Imbé - RS. É autor do livro de contos "O Land Rover Negro e a Caixa de Drops". Em 2022 publicará "Ofertas imperdíveis", outra coletânea de histórias curtas, pela editora Folheando. vem dor vem dor: ser minha e de mais ninguém vem: com teus olhos baços e tuas mãos ásperas vem ser minha, vem me amar ao sabor da ingratidão vem, sou um anjo despenteado catalogando cada matiz do esquecimento vem dor, vem lamber minhas feridas nesta noite fria e farta de desencantos vem me abraçar sob a chuva 23
  • 25. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO vem assinar os decretos, vem me dizer que a vida está cansada de ouvir os meus lamentos venha, venha deitar aqui comigo neste chão duro e úmido onde nada mais cresce a não ser preces e lamentos 24
  • 26. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO A mais bela a mais bela das vadias é a lucidez uma hora está aqui outra, já se desinteressou e fugiu dançando 25
  • 27. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Escrevo poesia é minha cachaça, minha comida, minha dor escrevo para ser livre e alimentar a alma sou míope e a arte é minha lupa estou perdido e a poesia é o mapa me guiando na escuridão sou cego e escrevo para enxergar a beleza no caos e na desilusão poesia é a minha amante, minha amiga, minha perdição a poesia incendeia minhas noites, adormece meus delírios, alimenta meus demônios escrevo e, enquanto escrevo, permito-me desvendar segredos 26
  • 28. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO escrevo e, ao fazê-lo, me transformo não sou mais homem (esse ser falho, errático) ao escrever, sou poeta e poetas são etéreos, inocentes quando o mundo perder sua cor, eles serão os últimos a perceber 27
  • 29. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO GIRVANY DE MORAIS Girvany de Morais, 56 anos, funcionário público, é poeta e minicontista, tendo dois livros publicados: "Um grito em cada poema" e "Socos e Alívios". Cotidiano Não tomei o café, não comi o pão, mordi a língua, não sujei os lábios de manteiga. Vesti a roupa puída, calcei o tênis rasgado, não dei o beijo de despedida, associei uma canção, pensei na morte naquela manhã, era cedo demais. 28
  • 30. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Acendi um cigarro, chovia, e como Gene Kelly, dancei na chuva, sem guarda chuva, que estava sem hífen. 29
  • 31. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO A morte da poesia A poesia saiu a caminhar pela cidade e tinha chovido, veio um carro em alta velocidade e jogou lama na poesia, em seguida veio um carro velho e jogou dióxido de carbono na cara da poesia, como vivia no mundo da lua, quase foi atropelada por um motoqueiro que a xingou: - saia do meio da rua, filha da puta! veio a bicicleta, que desviou dela numa fração de segundos, veio o cavaleiro esporeando seu animal e quase a pisoteou, a moça que sonhava com seu namorado nem deu bom dia, o político que cumprimentava seus eleitores nem a reconheceu - poesia não dá voto. A louca a falar mal dos problemas da cidade a xingava: - vá caçar serviço, sua vagabunda! 30
  • 32. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO O policial quase a prendeu por vadiagem, os cães lambiam-na, o pedreiro nem dava importância, tinha paredes a levantar, o gari quase a varreu, o professor, imagine, fez troça, afinal era de exatas, o homem de negócios a odiou, não cogitava a hipótese de perder tempo a municipalidade pensava seriamente em decretar a sua inutilidade pública e varrê-la através de decreto municipal para outras bandas. 31
  • 33. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Cavaleiros andantes Somos cavaleiros andantes procurando utopias, somos fiéis escudeiros dos nossos sonhos, espadachins de lutas visionárias, desejos calejados, tragando a poeira das estradas, sonhos urdidos, malhados nas bigornas 32
  • 34. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO MARIA DE FÁTIMA SOUZA Maria de Fátima Souza Dias escreve desde criança e, sofrendo influência de alguns poetas, começou a postar seu trabalho em página homônima no facebook. Amor, saudades, alegrias, tristezas, homenagens e temas sociais fazem parte da composição dos seus poemas. Adorável És menina, Aroma de perfume forte Como tu! Menina, moça, mulher, Tudo num só frasco, Mistura de fragrâncias No mais perfeito vidro. Frágil e forte, Amor e sedução, Carinho e cafuné, Cheiro bom de café, Pão quentinho, Amor de sobremesa, 33
  • 35. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Doce e acre, Gosto forte de querer. Porta entreaberta, Porta-retrato de prata, Nós dois na foto, Lembranças presas, Dois corações no retrato, Sensível e frágil, Forte e destemida. Mulher querida, Enlouquece quando andas A serpentear teu belo porte, Tuas loiras madeixas emolduram um rosto de rara beleza. Cantada em versos e prosa, Nada te convence, Nada te compra. Dá seu amor a quem merece. De cútis alva como a neve, Sedução e desejo, Só pra quem sabe ver, És adorável! 34
  • 36. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Caminhos Que me levaram Pra longe da vida minha, Dos lugares onde passei, Dos sonhos que esqueci, Dos amores que ali deixei Pelas curvas que percorri, Das paisagens que admirei. Caminhos do meu viver, Saudades eu carreguei Da menina que um dia fui, Da mulher que as lutas fez, As vitórias que conquistei, Da distância que de ti fiz, Nos lugares que aportei. 35
  • 37. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Caminhos por ti voltei, Pra terra que me pariu, Pra aqueles que aqui deixei, Pros sonhos que esqueci, Pra vida que Deus me deu, Velhos caminhos meus, Volto pra ser feliz... 36
  • 38. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Gata, mulher e leoa Sou a mulher gata, que não corre da luta, que vence na guerra e na paz; espera. Tenho sete vidas. Se é que já não tenho matado algumas pra sobreviver! Pulo, salto, dou um brado de dor, ou um grito de vitória. Mas, quando caio, caio de pé! A mulher que sou hoje, A pessoa que a vida esculpiu, Sabe exatamente o que quer vestir, A música que quer ouvir, O amor que quer amar, E o homem que poderá chamar de seu! Sou eu a mulher loba na melhor fase, A mesma que amou, ama e está aberta ao amor de verdade. Sou eu leoa, forte, decidida, empoderada, completa. Sou eu mulher que sabe o que quer! 37
  • 39. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO JONE LACERDA SUMAILA De nacionalidade moçambicana, Jone é poeta, escritor, músico e ativista social. É autor da obra "A Madrugada Rouba- me O Sono". Teve primeiro contato com a literatura em 2017 e hoje, é amante dessa arte. Sem conceito Alguns atravessam oceanos Em busca do verdadeiro amor Há os que contam estrelas Por conseguinte, definem o amor Há quem não se contenta Com todos conceitos dados Ao que vive e se descontenta Não vivem os danados 38
  • 40. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Alguns morrem Alguns sobrevivem Buscando o verdadeiro conceito do amor De nada se cuidam, e se causam dor Não se acha o verdadeiro conceito do amor Seja em livros ou dicionários Porque nos livros e dicionários Amor é um substantivo E amar é um verbo Conjuga-se do pretérito Até ao infinito Mas no real O amor é o que não se imagina Amor é enxergar os defeitos E mesmo assim decidir amar cegamente. 39
  • 41. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Aos rastos da paixão Amei-te sem tu saberes Sofri de amores que nunca correspondeste Porque nunca soubeste Que desde que vim a este mundo Assemelho-me ao absurdo Minha alma é centro Dos amores não correspondidos Meu coração é alvacento De pensamentos perdidos Ao rasto de paixões e devaneios Assemelho-me aos corvos Dia e noite luto comigo mesmo Para parar de sentir o que tanto sinto Tanto sinto, que não consigo parar de sentir. 40
  • 42. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO [...] Alma minha, do encanto Tão viva, tão serena Afogo-me no teu canto Tão ditoso que não se condena Alma minha, alma viva Tão contente Meus olhos viste E meus amores descobriste Afagas meus olhos Para que te vejam sem postergar Às vezes, do postigo Vejo-te para suavizar o mar Alma minha, alma gentil Amo-te cegamente Tão contente e ardentemente Cativas-me com teu olhar fiel. 41
  • 43. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO VINICIUS PEREIRA MARTINS Vinicius Pereira Martins, nascido no Rio de Janeiro, é graduado em Farmácia e amante do mundo da poesia. Escreve em estilo livre e algumas formas fixas minimalistas, como camaquianos e aldravias. Somos um pote cheio Somos um pote cheio De belas vontades contidas Reprimidas por essa Sociedade totalmente falida Vivendo as regras do entorno Adaptados a esse falso jogo Impedidos de adentrar no campo Daquilo que nos acende o fogo 42
  • 44. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Somos macacos de imitação O boi seguindo a manada Sem sequer prestar atenção Que estamos na total contramão A verdadeira corrente Está nas amarras da mente Que nos fecha e aprisiona Para conceitos que nos prendem A maior certeza É que certeza não há Liberte sua mente Para o agora aproveitar. 43
  • 45. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Fazer amor delirante Beija minha boca Me faz delirar Deixa minha língua No teu corpo passar Coloca teu rosto Colado ao meu Abraça-me com força Este homem é so teu Tira tua roupa Deita em cima de mim Que delicia que és Quando ficas assim Olha-me nos olhos Dá-me teu calor Rebola gostoso Vem fazer amor! 44
  • 46. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Excita-se comigo Contigo sou destemido Faz de mim teu abrigo Dá-me teu gemido Vamos até a lua Vamos além do céu Vêm e beija com força Tua boca é meu mel! 45
  • 47. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Questione tudo Questione seus pensamentos Coloque em xeque suas crenças Faça do ato de duvidar O seu estado de presença Reflita sobre tudo Que acontece ao seu redor Enobreça sua vida Absorvendo do melhor Diga não ao "é isso, e ponto final" Descarte a visão de túnel Esteja aberto à visão de leque Para ter a sabedoria do universal E exercite ficar bem Com o contrário a você Pois isso é sem dúvida O que vai te fazer crescer. 46
  • 48. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO ROSA DOS VENTOS Nascida em Santo André, escreve desde criança. Participou até o momento de três antologias poéticas e de duas antologias de contos, todas já publicadas. É autora do livro de poemas "Coração Adormecido". Lembranças Ouço o som do vento triste e vazio Trazendo consigo vagas lembranças De um passado tão longe e sombrio Que me provoca dor e arrepio Houve o tempo de sonhos e promessas Que tão breve se desfizeram ao vento Só esperanças perdidas sem alento Daqui o que se leva são só momentos 47
  • 49. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Em que ousamos driblar a eternidade Mas vencidos enfim somos o nada Do pó viemos ao pó voltamos De que vale toda riqueza sobre a Terra Se sob a terra somos apenas o alimento Para os vermes que nos consomem 48
  • 50. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Muralhas Ergui em pedras as muralhas Desse amor malfadado Enfim quebrei as correntes Que me prendiam ao passado Deixei ao largo a inocência Dessa tristeza ao abismo Lancei relutante minha existência E no meu desencanto agora cismo Não sou mais escrava ou amante Sou livre não tenho mais amarras Decidi que de hoje em diante Serei desbravadora e as garras Do meu próprio coração 49
  • 51. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Agora sou dona do meu destino Enfim meu infinito sem ilusão Caminho só entre as muralhas Para não mais amar sem perdão 50
  • 52. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Quando eu me for Quando tudo Estiver terminado Meu corpo enfim Deixará a vida Quero que a minha partida Seja apenas fato consumado Se eu puder Ver os que aqui ficarem Deixo meu carinho E o meu apelo Não fiquem tristes Orem por mim 51
  • 53. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Nos momentos insones Por meu pesadelo Apenas quero Que espalhem Minhas cinzas na água Fria e corrente Para que me levem Desta existência vazia Para o outro lado Quando eu me for 52
  • 54. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO MONIZ MUSSUNDA JOÃO Moniz Mussunda João é estudante de Engenharia e fazedor de poemas. De nacionalidade angolana, é autor do livro "A vida que não vivi". Minha consciência me culpa É estranho sentir que estou em conflito com a minha própria consciência. Sentir que em meu mundo há um furacão Um tornado Um ciclone Um verdadeiro campo de guerra, onde não há mais regras nem muito menos consideração. Onde o único desejo que predomina em meus dias é que tudo isso tivesse um fim Que terminasse E que tudo não passasse de nada, um espaço vazio 53
  • 55. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO em minha alma, e que fosse pouco menos que um pesadelo ou talvez ainda fruto da minha imaginação. Tornei-me consumidor das consequências dos meus erros, por não medir meus atos, abusei excessivamente da minha sanidade física e mental por conta dos meus desejos egoístas que resultaram numa verdadeira degradação da auto-estima e princípios, consequentemente a perda moral e a torção de pequenas partes de mim mesmo. Horrível mesmo é viver no contraditório do sim e do não Do depois e do agora Saber o que é certo e ainda assim persistir no errado por míseros momentos de prazer Ficar ali em um cantinho olhando sua personalidade se deteriorando em torno das burradas cometidas 54
  • 56. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Entre dores e decepções O conformismo me consome O sofrimento traz consigo a necessidade de superação e mudança Porém Não é total a minha submissão a esse pensamento derrotista Há ainda em mim uma força interior que me obriga a resistir às pelejas da minha própria consciência. 55
  • 57. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Solidão Mil noites se abrirão Para abraçar... O poeta que nada em solidão Em desespero, à busca do seu amor Que dor! E sem valor manca, e ... Cai sobre o mais sincero dizer da realidade. O que as estrelas querem dizer-lhe? Ah! Se não fosse tão prisioneiro! Talvez pudesse ouvi-las, senti-las e quem sabe respondê-las. Liberdade! Grita, e com gritos engripa Desliza! Entre bondades e maldades distintas e que realidade poderia abraçar? Alisando palavras bonitas para admitir que seus sentimentos são retidos não pelo medo carcereiro, mas pelo mais sincero olhar de liberdade. 56
  • 58. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO De volta ao céu Do céu Ao seu dono Do seu dono Ao céu É isso que diz o ditado Ou talvez não, sei lá... Não sei ao certo Talvez seja a lei do retorno Ou quem sabe o famoso karma "Tudo o que deres para o universo, ele, em algum momento, trará de volta para você" Se isso for verdade, estou feito Nem quero lembrar de todas as vezes que fui humano Dos feitos menos acertivos Das escolhas erradas Das imprudências Dos corações feridos 57
  • 59. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Das esperanças despedaçadas, epa... Esses são outros 500 Ouço Uma voz sussurrando Para a minha alma Causando calafrios Intuição? Talvez! Subconsciente? Quem sabe! Ou talvez sejas tu A quem todos conhecemos Mas ninguém nunca viu Talvez sejas tu A quem todos sentimos e amamos Mas ninguém nunca o tocou 58
  • 60. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Tens tentado me dizer alguma coisa, ou quem sabe me mostrar Mas ... Eu não ouço nada Não vejo nada Nem tampouco entendo. Estou cego e surdo E este mundo me tornou Lerdo Tento mitigar a minha ignorância por conta dos meus feitos Mas a cada tentativa O som da derrota faz questão de ecoar e trazer consigo todos os traumas e verdades jamais ditas Talvez estejas tentando me dizer que ele está melhor aí Que o mundo não o merecia ou talvez seja eu o motivo da desaprovação "eu não o merecia" 59
  • 61. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Mas eu estou sofrendo Foram demasiadas miragens Expectativas demasiado elevadas Projeções de futuro inexistente Uma enorme reviravolta. Parecia que ele era a peça que faltava, o encaixe perfeito para os nossos quebra-cabeças Todos temos sonhos Mas naquele momento parecia que estávamos a viver um. Calma aí, parecia, não. Estávamos a viver um sonho! Com certeza Não sei como seria o seu rosto Nem tampouco a cor dos seus olhos Mas... A ideia de que nem o seu coraçãozinho voltarei a ouvir bater está me matando por dentro 60
  • 62. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Ao menos teria algum sentido se eu tivesse ouvido o som da sua voz Mas nem isso eu tive. "Quem disse que o amor precisava fazer sentido?" Do céu Ao seu dono Do seu dono Ao céu Vou te amar para sempre Inexistente. 61
  • 63. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO DANIELA SILVA Daniela Silva, 38 anos , é autora do livro de poemas "Vênus no céu de maio". Emoção sem razão Eu, que nunca fui perfeita (E nunca me esforcei para ser) Agora sinto vontade de melhorar Quando me vejo refletida em teu olhar. A liberdade que era eleita A razão do meu viver Agora não me parece tão importante. Eu, que nunca quis me prender Agora sinto vontade de ficar, Estar com você a cada instante, Dividir as contas do bar, Rir das mesmas piadas. 62
  • 64. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Ter você em minha rotina Contar como foi o meu dia Pedir sua opinião Sobre a cor de camisa que vou usar Saber dos seus sonhos, dos seus planos Da sua vida, conhecer seus amigos e parentes... Ouvir o que sua alma sente Te fazer sentir alguma alegria E outra vez te tocar, Te beijar, Te amar, te amar, te amar... 63
  • 65. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Perto de você Perto de você, sou um analfabeto sentimental Sem pensamentos, quase um animal. Não sei parar de te olhar Esqueço o que falar O que fazer com as mãos Talvez você até ouça o batimento do meu coração. Perto de você para o tempo Só resta esse confuso sentimento Que não sei identificar Como se antes daquele momento Não existisse o passado E depois não fosse existir mais nada. Ali fico, no melhor momento presente De minha tão cansativa jornada. 64
  • 66. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Esqueço quem sou eu Observando cada detalhe seu. Só quero permanecer olhando seu olhar. Esqueço o medo, o cansaço, o frio. E quando aos gritos me desperta à realidade Volto ao meu mundo, tão vazio Tão cheio de compromissos, de correria, vida agitada, pessoas querendo atenção. Volto sem querer voltar Trazendo na mente seu olhar E uma vontade de correr na contramão De tudo que a sociedade tem como aceitável Volto controlando o meu maior desejo Tentando não lembrar você em tudo que vejo Mas às vezes se faz inevitável Um sorriso ao lembrar E você me faz um analfabeto sentimental Que só conjuga o verbo AMAR. 65
  • 67. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO O amor e a admiração O amor só vive onde houver a admiração Só lá faz morada o coração . Só amamos o que admiramos E por admirar, amo cada vez mais E por amar, faz-se mais forte minha admiração Um amor carregado de ternura e paz Incendiando o coração Amor que não se cobra e não se espera nada Se completa e se entende Sem precisar de palavra falada . 66
  • 68. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Amor esse, carregado de paz Incendiando o coração Como um vulcão na neve Ou ilha para o náufrago no mar Amor que só aumenta meu admirar Admiração que não cabe mais em mim Transborda no meu olhar Invade todo meu ser Admiração, apenas por você existir Por ser quem é, mais linda a cada sorrir. Mais forte em cada ação. Cada vez maior em meu coração. 67
  • 69. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO JUAN CARLOS PAMPLONA RIOS Juan Carlos Pamplona Rios nasceu em Medellín, Colômbia. É dedicado ao mundo das letras e das artes plásticas desde 1983. Viento Ilusionistas del todo. Creamos lodo, luego barro, luego carnbios Y la vida que va y viene... Oscilaciones pendulares de un mar cósmico. Gotas de Rocío emanan del sol. Aún la vida vale la pena. Jazmín de noche. Olor eterno de una silenciosa estrella que renace en la tenacidad del cosmos de las almas. Luego la calma... 68
  • 70. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Vento Ilusionistas totais. Criamos lama, depois lama, depois mudamos E a vida que vem e vai... Oscilações do pêndulo de um mar cósmico. As gotas de orvalho emanam do sol. Ainda vale a pena viver. Jasmim à noite Perfume eterno de uma estrela silenciosa que renasce na tenacidade do cosmos das almas. Então calma... 69
  • 71. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Fuego A ver si se me borran estas ganas de ponerme tu piel sobre mi piel. A ver si se mecen tus besos en mi boca como lo hacías ayer. Ssiluetas diluyendose en la playa del desvarío. Angustioso tormento de un hombre que arde en la llama del olvido. Leño verde que espumarajos y humo, silente humo que recorre los callejones, de tu amor que apasionado venció la reja de la sinceridad. Encendiendo este vil fuego que me quema. 70
  • 72. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Incêndio Vamos ver se apago esse desejo de colocar sua pele na minha pele. Vamos ver se seus beijos balançam na minha boca como você fez ontem. Silhuetas se dissolvendo na praia do delírio. Angustiante tormento de um homem que arde na chama do esquecimento. Madeira verde que espuma e fumega, fumaça silenciosa que corre pelos becos, do seu amor apaixonado que superou o portão da sinceridade. Acendendo este fogo vil que me queima. 71
  • 73. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Reanudar Hoy los cueros se pierden en la holgura de gusanos que disfrutan su banquete. Se pierden mis ojos que veían lo que otros no pudieron. Ya a lo lejos mis pasos se perdieron cobrando la fiducia del camino. Emergiendo van mis entrañas, cruel destino. Augusta paz se siente en tu hilvanar. Oh muerte dulce que retornas lo imperenne a la madre de todas las verdades. Llevas tu manto para cubrir distancias y regalar al reloj descanso. 72
  • 74. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Me has traído a esta sepultura para darle vida a lo que ya moría. Que juego cruel de la muerte y de la vida. Traes contigo en tu hoz desnuda. Por eso ahora que me tienes digo... Entrego al infinito mi alma febril pero desnuda. 73
  • 75. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Retomar Hoje as peles estão perdidas na frouxidão dos vermes que desfrutam de seu banquete. Meus olhos estão perdidos que viram o que os outros não puderam. Já ao longe meus passos se perdiam recolhendo a fidúcia da estrada. Emergindo estão minhas entranhas, destino cruel. Augusta paz é sentida em seu alinhavo. Ó doce morte que devolve o perene à mãe de todas as verdades. Você usa seu manto para cobrir distâncias e dar descanso ao relógio. 74
  • 76. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Você me trouxe a este túmulo para dar vida ao que já estava morrendo. Que jogo cruel de morte e vida. Você traz consigo em sua foice nua. É por isso que agora que você tem a mim eu digo... Entrego ao infinito minha alma febril mas nua. 75
  • 77. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO LUKE TAYLOR Alguém em superação. Eu queria te encontrar Seria adorável ver você Só queria dizer "eu te amo" Iniciar novos círculos Mas você se foi; Não é fácil superar. Sinto saudades, isso dói. Tudo é questão de saudades. Eu começo e jogo novamente... Se inicia tudo uma bomba: Todo caos, prestes a explodir... Tenho que agir. Tenho mágoas pra guardar 76
  • 78. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Choro pra me sufocar. Não posso dizer: Eu encontrei você. Mas já era. Isso, nem em sonho Então guardo o silêncio... Uma droga de pensamentos... Tudo um caos sem argumento... Choro e lamentos. O alto grito. O menor suspiro. Tudo se foi contigo. Só me resta o sofrer... Oh sofrer... 77
  • 79. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Eu me perdi Niinguém viu. Caindo, eu senti; Chorei por todo o vazio! Foi impossível excluir a dor. Nunca fui perfeito. Por favor. Nem serei, nem sou. Esqueça , exclua qualquer hipótese de me julgar Perfeito.. Mas nunca me julgue só pelos defeitos. Escondo minhas mágoas, ninguém as vê... É uma dor que só eu posso ter. É como se fosse : de um lado, um piano tocando; do outro, eu, chorando... Um sacrifício inteiro. Perto de mim, tudo se desmoronando. Tudo dói... E ninguém vê. 78
  • 80. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Se passar tudo, o tempo está me testando... Eu continuo aqui... Já é o ponto pra eu me afastar. Já é o ponto pra eu me afastar. Tenho que me livrar... 79
  • 81. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Tua linda ignorância Eu não vou chorar desta vez, E eu prometo... Vou aguentar firme um dia triste; Tenho uma estrada pra prosseguir. Todo mundo sofre um pouco do que sinto Isso de fato é verdade. Dane-se ansiedade... Mas nem 99% ... Isso jamais Nessa vida pode ser que sim Mas de forma diferente. Mas eu prometo: não irei chorar não irei chorar não irei chorar Tenho que aguentar. Dane-se esse sofrer. Dane-se a dor, ninguém vê. 80
  • 82. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Meus sentimentos tenho que cortar... É para me aliviar! Necessito meditar... Queria estar longe... Não sei onde. Talvez em uma ilha. Talvez em um mar. Só queria de uma vez por todas me encontrar... Sumir, me isolar [...] 81
  • 83. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO VALDEMIR HENRIQUE POLICER Valdemir Henrique Policer é poeta, amante de flores e leitor assíduo. Começou a compor incentivado por uma professora do colegial. Temas cotidianos como a labuta, a natureza e a família permeiam seus poemas. Colocação pronominal Escrevi no muro: Te amo. Porém veio a ênclise repreender-me; Então agora: Amo-te. Amo-te enclítico Eu te amo proclítico Amar-te-ia mesoclítico. A gramática não limitará meu amor. 82
  • 84. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Escombros Então é isso, Nada mais que isso, Apenas isso, Nada mais restou. Tudo jaz sobre escombros. Arcabouço desabado sobre seu próprio peso. E sobre o túmulo do poeta Não nascerão flores amarelas e medrosas Mas há sentado sobre ele um anjo torto Segurando um estandarte Onde se lê: A POESIA VIVE! 83
  • 85. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Desconstrução Sobe a casa sobre a rua morta, o pedreiro taciturno constrói um sonho que não é seu. Dá ,sem atentar, um trago no cigarro, assenta um tijolo, olha para o “tempo”, será que vai chover? Cantarola uma moda qualquer da qual não se recorda de todo a letra mas lembra a melodia, assovia-a. Olha no relógio, as horas, dá-se conta de que perdeu o tempo de ser feliz. 84
  • 86. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO O sol a pino castiga-lhe as costas, uma gota de suor brota-lhe da testa, corre sem pressa pela face e galga-lhe o queixo misturando-se a massa, emprestando a ela o sal, do ganho pouco, do esforço muito, da canseira desmesurada, da desigualdade desnuda. 85
  • 87. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Em meio à canseira recorda-se que nem pedreiro queria ser, mas o era o pai, antes dele, o avô, a família era grande, as bocas, tantas, ele, o mais velho, não houve remédio, foi ficando na lida, assumiu o lugar do pai, constituiu a própria família, e o tempo passando, e passou tanto tempo que quando parou pra contar já tinha cinquenta. Queria ser piloto de avião, mas disso quase nem se lembra o Zé, pede uma pinga pra rebater a canseira; ele não é alcoólatra, apenas amargurado. 86
  • 88. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Toma o rumo de casa; alheio à sua canseira, o cão quer festa. Afaga-o com mãos grosseiras, beija a esposa que pergunta: - Que foi, meu amor? Mente. - É só canseira. Olha as crianças a brincar, vem um nó na garganta e um mar aos olhos, queria dar-lhes mais. Na cama, à noite, exausto, ele adormece exaurido e sonha que pilota um avião que decola. Mas o sonho vai durar pouco, Logo, logo ele acorda. 87
  • 89. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO JOSÉ AUGUSTO SANTOS SANCHES Graduando em Psicologia, Augusto esmiúça acerca do humano social, pensa em formas de fazer o outro pensar, utiliza recursos visuais e atualmente produz um livro poético. Regalo desesperante Constrói a cerca do que persiste. Perante ao dado invisível A visão translúcida mostra que nada existe A mente no tocante do insensível Onde a aranha tece Lado, outro, gira, desce Não estarrece As teias mentais amortece! 88
  • 90. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Pega devaneios mortais, Transforma o vislumbre Segurando nas ligações morais A vida é uma constante ligação de penumbre! Cai-se em contradições! Sobe acima do declínio, Parafraseia com as desvairadas justaposições; Mas o declive gera fascínio. Então a aranha lado, outro, gira, sobe; Descobre Que o sol nasce em reflexos Por movimentos convexos. Diretrizes incertas sem movimentos diretos.!? 89
  • 91. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Olhar Zote Lá vem o horizonte mostrando que o sonho acabou Lá vem ele dizendo que as nuances não existem mais A luz agradável se foi Agora resta recorte de um poema sem poesia Na luz do dia Uma estrada, ainda, sem terminologia Uma ponte, Sem horizonte… 90
  • 92. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Estalido ou contradição? Dentro de um tumultuado Quarto Ressoa o túmulo no peito… Derrocada O estalido do perpendicular comiserado Um tiro no ar, alguém morre de susto, olhares que se cruzam, se separam, perdem o que nunca tiveram. A paranoia torna seres disfuncionais em indivíduos com um propósito falseável! Vá e brilhe dentro da caixa! Às vezes o destino é fatalista! 91
  • 93. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Pois ninguém está disposto a carregar o peso da mudança. Só a mudança deveria ser fatalista. Enquanto isto, nisto, os istas adoecem. Só a mudança deve(ria) ser… 92
  • 94. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO POLIANA ZAMBONI DE JESUS Poliana ama se infiltrar em outras vidas, viajar pelas páginas de um bom livro e escrever versos de rimas em um caderno empoeirado no aconchego de seu quarto. Não é meu dono Do meu corpo Você não é dono, Só é prazer Se também for do meu gosto. E quando olho pro seu rosto Já não consigo te reconhecer E sei que por quem me apaixonei Você jamais voltará a ser. 93
  • 95. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Agora a sua arrogância Substitui a antiga elegância, A infidelidade Duelou com a lealdade E venceu esse embate. Não é meu dono Para escolher Com quem faço amizade, Nem me prometa eterna felicidade, Fique sozinho Com seu amor covarde. Não é meu dono Para minha vida ditar, Nem continue a me ameaçar Pois agora irei revidar, Aprendi a nunca mais recuar E agora será você a chorar. 94
  • 96. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Meu eterno talvez Se eu tivesse te abraçado Talvez você tivesse retribuído E hoje estaria ao meu lado. Se eu tivesse estendido a mão Talvez você tivesse segurado E hoje eu moraria no seu coração. Se eu tivesse te beijado Talvez você tivesse gostado E daqui alguns anos O casamento seria marcado. Se eu tivesse dito que de ti gostava Talvez você tivesse falado Que a cada dia que passava Por mim, mais se apaixonava. 95
  • 97. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Se eu tivesse tido coragem Talvez hoje não conheceria esta vasta solidão E você não seria um eterno talvez Para o meu coração. 96
  • 98. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Romântica anônima Eu sou aquela que Por onde passa é invisível Mas vivo pela esperança de que Algum dia alguém me note E enxergue mais do que seus olhos Podem ver. Eu sou aquela que Nunca recebeu uma flor Mas sonha em ganhar um buquê de rosas Com um cartão escrito "meu amor". Eu sou aquela que Ninguém olhou diferente Com desejo ou paixão Mas sonha encontrar alguém Para quem possa entregar seu coração. 97
  • 99. FEVEREIRO DE 2022 POETAS EM CONSTRUÇÃO Eu sou aquela que Se perde em histórias de romance Mas sonha em viver a sua própria Na realidade. Eu sou aquela que Nunca provou o sabor de outros lábios Mas sonha em ser beijada. E enfim, digo que Você não precisa ser Um príncipe encantado Para poder estar ao meu lado. Basta me oferecer sua mão E me ajudar a levantar Quando eu cair, Fazer uma piada boba E me fazer sorrir, Me abraçar apertado Quando eu chorar E eu juro que serei a garota Que para tudo estará ao seu lado. 98
  • 100. POETAS EM CONSTRUÇÃO BRASIL FEVEREIRO | 2022 É proibido fazer uso comercial desta obra.