O poema é composto por oito estrofes com estrutura de dístico e refrão. A donzela expressa sua ansiedade pela ausência do amado, buscando notícias sobre ele junto à natureza e questionando sobre seu paradeiro e estado.
O documento apresenta três cantigas de amor medievais portuguesas. A primeira descreve um homem sofrendo por amor não correspondido e incapaz de vingança. A segunda critica os trovadores provençais por apenas cantarem no verão. A terceira é uma prece onde o homem suplica a Deus para ver sua amada senhora ou dar-lhe a morte.
Este poema descreve a donzela falando com as ondas do mar de Vigo, perguntando se elas viram seu amado ausente. Ela sente grande sofrimento e cuidado devido à ausência dele, expressando o desejo de que ele retorne em breve. Através de quatro coplas, a donzela demonstra seu estado emocional cada vez mais angustiado à medida que aguarda notícias do paradeiro e retorno de seu amado.
O documento fornece informações sobre a poesia trovadoresca medieval portuguesa. Apresenta três modalidades desta poesia - Cantiga de Amigo, Cantiga de Amor e Cantiga de Escárnio e Maldizer - e explica que a Cantiga de Amigo é a mais antiga. Também aborda a transição da lírica para a prosa medieval e as primeiras tentativas de prosa literária nos conventos.
A partida da frota portuguesa para a Índia sob o comando de Vasco da Gama é descrita. A preparação espiritual e material das naus em Lisboa é seguida pela procissão solene para os barcos e pelas reações emocionadas das pessoas que assistem, com lamentos das mulheres e suspiros dos homens. Vasco da Gama decide partir sem as despedidas costumeiras para evitar mais sofrimento.
A donzela espera seu amigo na Ermida de San Simion quando é surpreendida pelas ondas do mar que crescem rapidamente. Sem um barqueiro para ajudá-la, ela percebe que não poderá escapar e que morrerá afogada, ainda pensando no seu amigo.
Este documento analisa a representação da amada na lírica de Camões. O poeta retrata a mulher de duas formas: de modo realista, nas redondilhas, seguindo o modelo de Vénus; e de modo idealizado, nos sonetos, seguindo o modelo petrarquista de Laura. Camões combina estes modelos e inova ao elogiar a beleza exótica.
O poema estabelece uma comparação entre os olhos da amada e os campos verdes, projetando a imagem da amada na natureza. À medida que o poema avança, esta projeção torna-se mais evidente, com o sujeito poético a afirmar que o gado na verdade se alimenta da "graça dos olhos" da amada, e não da erva. No final, os olhos deixam de ser comparados aos campos e passam a ser eles próprios os campos verdes.
O documento apresenta três cantigas de amor medievais portuguesas. A primeira descreve um homem sofrendo por amor não correspondido e incapaz de vingança. A segunda critica os trovadores provençais por apenas cantarem no verão. A terceira é uma prece onde o homem suplica a Deus para ver sua amada senhora ou dar-lhe a morte.
Este poema descreve a donzela falando com as ondas do mar de Vigo, perguntando se elas viram seu amado ausente. Ela sente grande sofrimento e cuidado devido à ausência dele, expressando o desejo de que ele retorne em breve. Através de quatro coplas, a donzela demonstra seu estado emocional cada vez mais angustiado à medida que aguarda notícias do paradeiro e retorno de seu amado.
O documento fornece informações sobre a poesia trovadoresca medieval portuguesa. Apresenta três modalidades desta poesia - Cantiga de Amigo, Cantiga de Amor e Cantiga de Escárnio e Maldizer - e explica que a Cantiga de Amigo é a mais antiga. Também aborda a transição da lírica para a prosa medieval e as primeiras tentativas de prosa literária nos conventos.
A partida da frota portuguesa para a Índia sob o comando de Vasco da Gama é descrita. A preparação espiritual e material das naus em Lisboa é seguida pela procissão solene para os barcos e pelas reações emocionadas das pessoas que assistem, com lamentos das mulheres e suspiros dos homens. Vasco da Gama decide partir sem as despedidas costumeiras para evitar mais sofrimento.
A donzela espera seu amigo na Ermida de San Simion quando é surpreendida pelas ondas do mar que crescem rapidamente. Sem um barqueiro para ajudá-la, ela percebe que não poderá escapar e que morrerá afogada, ainda pensando no seu amigo.
Este documento analisa a representação da amada na lírica de Camões. O poeta retrata a mulher de duas formas: de modo realista, nas redondilhas, seguindo o modelo de Vénus; e de modo idealizado, nos sonetos, seguindo o modelo petrarquista de Laura. Camões combina estes modelos e inova ao elogiar a beleza exótica.
O poema estabelece uma comparação entre os olhos da amada e os campos verdes, projetando a imagem da amada na natureza. À medida que o poema avança, esta projeção torna-se mais evidente, com o sujeito poético a afirmar que o gado na verdade se alimenta da "graça dos olhos" da amada, e não da erva. No final, os olhos deixam de ser comparados aos campos e passam a ser eles próprios os campos verdes.
Este episódio descreve uma violenta tempestade enfrentada por Vasco da Gama e sua tripulação durante sua viagem para a Índia, com Vasco da Gama rezando para pedir ajuda divina, e Vênus intervindo para acalmar os ventos através das ninfas, levando à chegada segura na Índia.
O documento descreve a origem e evolução da língua portuguesa a partir do latim vulgar falado na Península Ibérica. O português emergiu como uma língua distinta a partir do século XV através da fusão do latim com os dialetos locais pré-romanos (substrato) e influências posteriores de povos como os bárbaros e árabes (superstrato). A poesia trovadoresca desempenhou um papel importante na literatura medieval portuguesa entre os séculos XII-XIV.
O poeta expressa sentimentos disfóricos sobre o dia em que nasceu através de uma maldição apocalíptica. Ele deseja que o dia nunca tenha acontecido e que, se voltar a ocorrer, seja acompanhado por fenômenos extraordinários como eclipses e monstros para que todos saibam que nele nasceu a pessoa mais desgraçada.
A cantiga descreve o diálogo entre uma donzela angustiada e as flores, onde a donzela pergunta sobre o paradeiro e estado do seu amigo. As flores tranquilizam-na, assegurando que o amigo está bem e cumprirá a promessa de se encontrar com ela. Ao longo da cantiga, a donzela expressa sua ansiedade através de frases exclamativas e do refrão "Ai Deus, e u é?".
O documento fornece informações sobre o poeta português Luís Vaz de Camões, incluindo detalhes sobre sua vida, obras e estilo poético. Apresenta exemplos de poemas de Camões que ilustram sua poesia tanto na tradição lírica quanto na corrente renascentista.
- Fernando Pessoa mergulhou em tédio e angústia existencial devido à sua constante autoanálise e dúvidas sobre sua identidade.
- A morte de seu amigo Sá-Carneiro o deprimiu ainda mais e o impediu de alcançar a felicidade.
- Insatisfeito com o presente, Pessoa ansiava por sonhos e viagens que permitissem "coisas impossíveis", refletindo sua insatisfação permanente.
A representação da mulher amada na poesia de Camões surge tanto em redondilhas quanto em sonetos. A mulher nem sempre é idealizada, podendo ser individualizada e do mundo dos sentidos. Segundo o modelo renascentista, a mulher apresenta cabelo louro, olhos azuis, pele branca e qualidades psicológicas refletidas em sua beleza exterior. A lírica camoniana recria modelos já existentes no retrato da mulher amada.
O soneto descreve as contradições do amor, alternando entre momentos de alegria e inspiração poética permitidos pela sorte, e momentos de sofrimento e falta de inspiração causados pelo próprio Amor. O poeta apela aos leitores que também sofrem por amor para que entendam a verdade contida em seus versos, cujo significado dependerá da experiência amorosa de cada um.
Este documento resume um soneto sobre a perfeição e beleza espiritual da amada. Ele descreve as características físicas e morais da amada nas primeiras 11 linhas, e como seu olhar e natureza transformaram o poeta nas últimas 3 linhas. A amada é retratada de forma ambígua, com traços físicos e psicológicos que sugerem uma sedução contida através de uma postura gentil mas hesitante.
1. O poeta resume o que irá cantar: as armas, barões e conquistas portuguesas no Oriente, assim como os reis que expandiram a fé católica e o império português.
2. Serão também cantados os reis das dinastias afonsina e de Avis que se destacaram por obras valorosas.
3. Os portugueses, "o peito ilustre Lusitano", dominaram o mar e a guerra, tendo Neptuno e Marte obedecido aos seus feitos gloriosos.
Este poema elogia a beleza e qualidades da amada do poeta, afirmando que ela é superior a todas as outras mulheres. O eu lírico roga a Deus que o deixe rever sua amada logo, pois só ela pode trazer paz ao seu coração atormentado pela saudade. A forma é uma cantiga de mestria com três estrofes de oito versos decassílabos cada, seguindo o esquema rítmico abbacca.
Este documento resume a estrutura externa e interna de "Os Lusíadas", o poema épico de Luís de Camões. Descreve que o poema contém 10 cantos com 1102 estrofes em oitava rima, e detalha a composição de cada canto. Também explica que a estrutura interna inclui uma proposição, invocação, dedicatória e narrativa, com detalhes sobre os assuntos de cada parte.
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
Este documento fornece um resumo da intertextualidade entre Os Lusíadas de Luís de Camões e A Mensagem de Fernando Pessoa. Ambas as obras celebram a história e os heróis de Portugal, embora de formas diferentes. Os Lusíadas apresenta um herói épico enquanto A Mensagem apresenta um herói mítico. Ambos os poetas expressam desencanto com o presente e apelo ao futuro de Portugal.
(E) Caracterização de Caronte como ancião mal vestido, de figura sombria e sinistra, com a função de passar as almas dos mortos nos rios que os separam do mundo dos Infernos. (G) Caronte exige aos passageiros um óbulo como pagamento. (C) Caronte é punido com um ano de banimento da morada dos mortos por permitir a entrada de Héracles ainda vivo.
A poesia trovadoresca foi cultivada por trovadores nos reinos da Península Ibérica entre os séculos XII-XIV. Os trovadores eram autores e intérpretes que introduziam composições poéticas amorosas acompanhadas de música nas cortes. A língua utilizada era o galego-português, e a poesia medieval estava associada à música e ao canto.
O documento apresenta informações sobre Luís Vaz de Camões e sua obra épica Os Lusíadas. Em três frases, resume-se:
1) Apresenta dados biográficos sobre Camões, nascido em 1524 e falecido em 1580, e características gerais do período literário renascentista português. 2) Detalha aspectos da estrutura da epopeia como a presença de mitologia greco-latina, divisão em cantos e estâncias, e os quatro planos narrativos da obra. 3) Discor
1) A cantiga descreve um grupo de moças que vão em romaria a SanSimón acompanhadas de suas mães;
2) As moças vão para se exibirem e dançarem para seus amigos, enquanto as mães rezam;
3) A cantiga contrasta a devoção superficial das moças com a sincera fé religiosa de suas mães.
Este episódio lírico dos Lusíadas baseia-se na história verídica de Inês de Castro e do infante D. Pedro. Narra a paixão de Inês e Pedro, a oposição do rei Afonso IV ao seu relacionamento e o trágico assassinato de Inês pelos algozes do rei, apesar da súplica e argumentos de defesa da vítima. O episódio termina com as considerações finais do narrador e a promessa de vingança de Pedro após subir ao trono.
Este documento resume cinco cantigas de amigo e uma cantiga de bailia em língua galego-portuguesa da Idade Média. Cada cantiga é analisada em termos de personagens, enredo, estrutura, estado de espírito do sujeito lírico e simbologia. As cantigas descrevem cenas de amor, saudade, espera, angústia e desespero vividas por donzelas em relação aos seus amados. A natureza é retratada como testemunha, confidente ou ameaça nestas narrativas lí
"Mensagem" de Fernando Pessoa: "O Infante D. Henrique"CatarinaSilva1000
O infante D. Henrique era um membro rico e poderoso da família real portuguesa que liderou a era inicial dos descobrimentos portugueses. Ele era filho do rei D. João I e teve um papel central na história de Portugal ao incentivar a exploração dos mares e terras desconhecidas.
Este episódio descreve uma violenta tempestade enfrentada por Vasco da Gama e sua tripulação durante sua viagem para a Índia, com Vasco da Gama rezando para pedir ajuda divina, e Vênus intervindo para acalmar os ventos através das ninfas, levando à chegada segura na Índia.
O documento descreve a origem e evolução da língua portuguesa a partir do latim vulgar falado na Península Ibérica. O português emergiu como uma língua distinta a partir do século XV através da fusão do latim com os dialetos locais pré-romanos (substrato) e influências posteriores de povos como os bárbaros e árabes (superstrato). A poesia trovadoresca desempenhou um papel importante na literatura medieval portuguesa entre os séculos XII-XIV.
O poeta expressa sentimentos disfóricos sobre o dia em que nasceu através de uma maldição apocalíptica. Ele deseja que o dia nunca tenha acontecido e que, se voltar a ocorrer, seja acompanhado por fenômenos extraordinários como eclipses e monstros para que todos saibam que nele nasceu a pessoa mais desgraçada.
A cantiga descreve o diálogo entre uma donzela angustiada e as flores, onde a donzela pergunta sobre o paradeiro e estado do seu amigo. As flores tranquilizam-na, assegurando que o amigo está bem e cumprirá a promessa de se encontrar com ela. Ao longo da cantiga, a donzela expressa sua ansiedade através de frases exclamativas e do refrão "Ai Deus, e u é?".
O documento fornece informações sobre o poeta português Luís Vaz de Camões, incluindo detalhes sobre sua vida, obras e estilo poético. Apresenta exemplos de poemas de Camões que ilustram sua poesia tanto na tradição lírica quanto na corrente renascentista.
- Fernando Pessoa mergulhou em tédio e angústia existencial devido à sua constante autoanálise e dúvidas sobre sua identidade.
- A morte de seu amigo Sá-Carneiro o deprimiu ainda mais e o impediu de alcançar a felicidade.
- Insatisfeito com o presente, Pessoa ansiava por sonhos e viagens que permitissem "coisas impossíveis", refletindo sua insatisfação permanente.
A representação da mulher amada na poesia de Camões surge tanto em redondilhas quanto em sonetos. A mulher nem sempre é idealizada, podendo ser individualizada e do mundo dos sentidos. Segundo o modelo renascentista, a mulher apresenta cabelo louro, olhos azuis, pele branca e qualidades psicológicas refletidas em sua beleza exterior. A lírica camoniana recria modelos já existentes no retrato da mulher amada.
O soneto descreve as contradições do amor, alternando entre momentos de alegria e inspiração poética permitidos pela sorte, e momentos de sofrimento e falta de inspiração causados pelo próprio Amor. O poeta apela aos leitores que também sofrem por amor para que entendam a verdade contida em seus versos, cujo significado dependerá da experiência amorosa de cada um.
Este documento resume um soneto sobre a perfeição e beleza espiritual da amada. Ele descreve as características físicas e morais da amada nas primeiras 11 linhas, e como seu olhar e natureza transformaram o poeta nas últimas 3 linhas. A amada é retratada de forma ambígua, com traços físicos e psicológicos que sugerem uma sedução contida através de uma postura gentil mas hesitante.
1. O poeta resume o que irá cantar: as armas, barões e conquistas portuguesas no Oriente, assim como os reis que expandiram a fé católica e o império português.
2. Serão também cantados os reis das dinastias afonsina e de Avis que se destacaram por obras valorosas.
3. Os portugueses, "o peito ilustre Lusitano", dominaram o mar e a guerra, tendo Neptuno e Marte obedecido aos seus feitos gloriosos.
Este poema elogia a beleza e qualidades da amada do poeta, afirmando que ela é superior a todas as outras mulheres. O eu lírico roga a Deus que o deixe rever sua amada logo, pois só ela pode trazer paz ao seu coração atormentado pela saudade. A forma é uma cantiga de mestria com três estrofes de oito versos decassílabos cada, seguindo o esquema rítmico abbacca.
Este documento resume a estrutura externa e interna de "Os Lusíadas", o poema épico de Luís de Camões. Descreve que o poema contém 10 cantos com 1102 estrofes em oitava rima, e detalha a composição de cada canto. Também explica que a estrutura interna inclui uma proposição, invocação, dedicatória e narrativa, com detalhes sobre os assuntos de cada parte.
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
Este documento fornece um resumo da intertextualidade entre Os Lusíadas de Luís de Camões e A Mensagem de Fernando Pessoa. Ambas as obras celebram a história e os heróis de Portugal, embora de formas diferentes. Os Lusíadas apresenta um herói épico enquanto A Mensagem apresenta um herói mítico. Ambos os poetas expressam desencanto com o presente e apelo ao futuro de Portugal.
(E) Caracterização de Caronte como ancião mal vestido, de figura sombria e sinistra, com a função de passar as almas dos mortos nos rios que os separam do mundo dos Infernos. (G) Caronte exige aos passageiros um óbulo como pagamento. (C) Caronte é punido com um ano de banimento da morada dos mortos por permitir a entrada de Héracles ainda vivo.
A poesia trovadoresca foi cultivada por trovadores nos reinos da Península Ibérica entre os séculos XII-XIV. Os trovadores eram autores e intérpretes que introduziam composições poéticas amorosas acompanhadas de música nas cortes. A língua utilizada era o galego-português, e a poesia medieval estava associada à música e ao canto.
O documento apresenta informações sobre Luís Vaz de Camões e sua obra épica Os Lusíadas. Em três frases, resume-se:
1) Apresenta dados biográficos sobre Camões, nascido em 1524 e falecido em 1580, e características gerais do período literário renascentista português. 2) Detalha aspectos da estrutura da epopeia como a presença de mitologia greco-latina, divisão em cantos e estâncias, e os quatro planos narrativos da obra. 3) Discor
1) A cantiga descreve um grupo de moças que vão em romaria a SanSimón acompanhadas de suas mães;
2) As moças vão para se exibirem e dançarem para seus amigos, enquanto as mães rezam;
3) A cantiga contrasta a devoção superficial das moças com a sincera fé religiosa de suas mães.
Este episódio lírico dos Lusíadas baseia-se na história verídica de Inês de Castro e do infante D. Pedro. Narra a paixão de Inês e Pedro, a oposição do rei Afonso IV ao seu relacionamento e o trágico assassinato de Inês pelos algozes do rei, apesar da súplica e argumentos de defesa da vítima. O episódio termina com as considerações finais do narrador e a promessa de vingança de Pedro após subir ao trono.
Este documento resume cinco cantigas de amigo e uma cantiga de bailia em língua galego-portuguesa da Idade Média. Cada cantiga é analisada em termos de personagens, enredo, estrutura, estado de espírito do sujeito lírico e simbologia. As cantigas descrevem cenas de amor, saudade, espera, angústia e desespero vividas por donzelas em relação aos seus amados. A natureza é retratada como testemunha, confidente ou ameaça nestas narrativas lí
"Mensagem" de Fernando Pessoa: "O Infante D. Henrique"CatarinaSilva1000
O infante D. Henrique era um membro rico e poderoso da família real portuguesa que liderou a era inicial dos descobrimentos portugueses. Ele era filho do rei D. João I e teve um papel central na história de Portugal ao incentivar a exploração dos mares e terras desconhecidas.
2. Cantigas de amigo
– Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
confidência amorosa
a donzela entra em contacto com
outras personagens (mãe, amigas,
irmãs) ou elementos da Natureza
(personificação das flores)
onde está?
pinheiro
[dizei-me] de sabeis notícias
combinou
são, saudável
estará convosco antes
de terminado o prazo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
3. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
confidência amorosa
a donzela entra em contacto com
outras personagens (mãe, amigas,
irmãs) ou elementos da Natureza
(personificação das flores)
relação com a Natureza
intimidade afetiva com a Natureza
onde está?
pinheiro
[dizei-me] de sabeis notícias
combinou
são, saudável
estará convosco antes
de terminado o prazo
Cantigas de amigo Codex Manesse, c. 1305
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221
4. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
confidência amorosa
a donzela entra em contacto com
outras personagens (mãe, amigas,
irmãs) ou elementos da Natureza
(personificação das flores)
“amigo”
ausente
relação com a Natureza
intimidade afetiva com a Natureza
onde está?
pinheiro
[dizei-me] de sabeis notícias
combinou
são, saudável
estará convosco antes
de terminado o prazo
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
5. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
confidência amorosa
a donzela entra em contacto com
outras personagens (mãe, amigas,
irmãs) ou elementos da Natureza
(personificação das flores)
relação com a Natureza
intimidade afetiva com a Natureza
ansiedade
crescente da
donzela
variedade do
sentimento
amoroso
“amigo”
ausente
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
6. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
confidência amorosa
a donzela entra em contacto com
outras personagens (mãe, amigas,
irmãs) ou elementos da Natureza
(personificação das flores)
religiosidade
Testemunho de
um contexto
social e cultural
relação com a Natureza
intimidade afetiva com a Natureza
ansiedade
crescente da
donzela
“amigo”
ausente
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
7. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
Caracterização formal – estrofes, métrica, rima
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
8. – Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
Caracterização formal – estrofes, métrica, rima
oito coblas ou estrofes
Cantigas de amigo
– Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
9. – Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
Caracterização formal – estrofes, métrica, rima
oito coblas ou estrofes
dístico
e
refrão
Cantigas de amigo
– Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221 Codex Manesse, c. 1305
10. – Vós/ me/ pre/gun/ta/des/ po/lo/ vo/ss’a/mi/go
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai/ flo/res,/ ai /flo/res/ do/ ver/de/ pi/no,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
dístico
e
refrão
Caracterização formal – estrofes, métrica, rima
oito coblas ou estrofes
decassílabos nos
dísticos das quatro
primeiras coblas hendecassílabos nos
dísticos das quatro
últimas coblas
pentassílabo no refrão
esquema rimático:
aaR/bbR/aaR/bbR/aaR/bbR/aaR/bbR
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221
11. – Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
Caracterização formal –
paralelismo e refrão
1.º
par
2.º
par
3.º
par
4.º
par
verso A
verso A’
verso B
verso B’
refrão
refrão
verso B
verso B
verso B’
verso B’
verso B
verso C
refrão
refrão
refrão
refrão
refrão
refrão
verso B’
verso C’
verso D
verso D’
verso E
verso E’
verso E
verso F
verso E’
verso F’
verso E
verso E
verso E’
verso E’
no par de dísticos, os versos de
cada estrofe repetem-se,
alterando-se apenas as palavras
finais, em posição de rima
o último verso de cada estrofe é
o primeiro verso da estrofe
correspondente no par seguinte
Cantigas de amigo
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 220-221
12. Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
Cantigas de amigo
13. A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
espaços medievais: a ermida
(marca de religiosidade)
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
14. circunstâncias: as donzelas vão em romaria à ermida
A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
espaços medievais: a ermida
(marca de religiosidade)
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
15. circunstâncias: as donzelas vão em romaria à ermida
A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
espaços medievais: a ermida
(marca de religiosidade)
confidente: mãe
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
16. circunstâncias: as donzelas vão em romaria à ermida
A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
espaços medievais: a ermida
(marca de religiosidade)
confidente: mãe a referência a Deus como
testemunho da religiosidade
da época
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
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17. A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
o pedido da donzela e a sua
argumentação
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
18. A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
a assertividade crescente da donzela
perante a mãe:
– primeiro pede – “rogar”;
– depois sugere – ”faredes bem”;
– finalmente informa – “venho-vo-lo dizer”.
variedade do
sentimento
amoroso
Cantigas de amigo Ermida de Nossa Senhora do Monte, Camariñas, Galiza, Espanha
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19. A/ Sam/ Ser/vand’,/ u/ o/ra/ vam/ to/das/ o/rar,/
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que/ me/ lei/xe/des/ a/lá/ ir
a/ Sam/ Ser/van/d’e,/ se/ o/ meu/ a/mi/go/ vir,/
le/da/ se/rei,/ por/ nom/ men/tir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Caracterização formal – estrofes, métrica, rima
• cantiga de refrão
• coblas singulares (estrofes com séries de
rimas diferentes)
• três estrofes com dístico e refrão de três
versos
• métrica
• coblas – dodecassílabos
• refrão – octassílabo, dodecassílabo,
octassílabo
• esquema rimático:
aaR/bbR/ccR (rima emparelhada)
• rima predominantemente pobre,
consoante
• verso agudo
Cantigas de amigo
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
20. A Sam Servand’, u ora vam todas orar,
madre velida, por Deus vim-vo-lo rogar
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois mi dizem do meu amigo ca i vem,
madre velida e senhor, faredes bem
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
Pois todas i vam de grado oraçom fazer,
madre velida, por Deus venho-vo-lo dizer
que me leixedes alá ir
a Sam Servand’e, se o meu amigo vir,
leda serei, por nom mentir.
ermida de S. Servando onde
formosa
lá
alegre
que aí
de bom grado
|3| Explicita a estratégia da donzela para
convencer a mãe, fundamentando a tua
resposta com elementos do texto.
Os protagonistas são a donzela e a mãe.
1.1. Refere outras pessoas mencionadas.
As amigas – “todas” – e o “amigo”.
|1| Identifica os protagonistas da cantiga.
A donzela argumenta que, ao pedir à mãe para a ir deixar rezar a Sam
Servando, está a ser sincera e ficará feliz – “leda” – por não lhe mentir
– “por nom mentir”, pois a sua intenção é ir ter com o seu amigo.
A mãe desempenha o papel de confidente.
|2| Menciona o papel desempenhado pela mãe.
|4| Demonstra, fundamentando com
transcrições pertinentes, a evolução do
estado de espírito da donzela.
A donzela começa por “rogar”, mas depois apela ao bom senso da mãe
– “faredes bem” – e, por fim, intensifica o seu apelo, informando a mãe
da sua intenção – “venho-vo-lo dizer”.
Cantigas de amigo
João Servando, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 585
21. Cantigas de amor
Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
22. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
intenção do trovador
em escrever à
maneira da Provença
(sul de França)
voz masculina
Cantigas de amor
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
23. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
atitude do “eu” –
vassalagem,
submissão à sua
“senhor”
Cantigas de amor
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
24. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
exaltação das
qualidades
da “senhor”
idealização e
sobrevalorização
da figura
feminina
Cantigas de amor
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
25. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
bela e formosa
honrada
bondosa
virtuosa
sociável
sensata
Cantigas de amor
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Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
26. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
retrato
hiperbolizado
da mulher –
comparação e
hipérbole
Cantigas de amor
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Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
27. Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
quererei
provençal
aí
falta, falha
disso, disto
cumprido, repleto
quis
que a fez repleta
sociável
bom senso, bom entendimento
também, igualmente
louvor
preço, valor, mérito
Porque
além disso
quando
alem disso
pois, para além do seu bem, não há mais nada
referência a
Deus
elevação do
estatuto da
figura feminina
Cantigas de amor
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28. Caracterização formal – estrofes,
métrica, rima
• três estrofes de sete versos – sétimas
• métrica irregular
• rima predominantemente rica,
consoante e toante
• verso agudo
• esquema rimático –
abbacca/abbacca/abbacca
Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
emparelhada
Cantigas de amor
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
29. Caracterização formal – estrofes,
métrica, rima
• três estrofes de sete versos – sétimas
• métrica irregular
• rima predominantemente rica,
consoante e toante
• verso agudo
• esquema rimático –
abbacca/abbacca/abbacca
Quer’eu em maneira de proençal
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar mia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a fez, que a fez sabedor
de todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sem
e des i nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit’; e por esto nom sei hoj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom há, tra’lo seu bem, al.
rima interpolada
Cantigas de amor
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, pp. 189-190
30. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
Cantigas de amor
31. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
“senhor” distante até do olhar do “eu”
Cantigas de amor
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
32. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
estado de enamoramento do “eu” e
destaque das qualidades da “senhor”
Cantigas de amor
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
33. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
código do amor cortês
• submissão do “eu” à “senhor”
• ausência da “senhor”
• coita de amor – sofrimento amoroso
motivado pela ausência da “senhor”
• elogio das qualidades da “senhor”
Cantigas de amor
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
34. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
a ausência da “senhor”
“nom podia veer / a
senhor”
“coita”
“poila vi”
“maior coita”
Cantigas de amor
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
35. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
pensava
sofrimento
enlouquecesse
nada
conseguir
tirar
assim que
Ainda que
disso
porque
nenhum
desde então
situação inicial do “eu”
• sofrimento por não ver a sua “senhor”
expectativa do “eu”
• deixar de sofrer caso visse a “senhor”
realidade
• “maior coita” quando vê a “senhor”
conclusão
• o facto de a “senhor” ser inalcançável é a
causa do sofrimento do “eu”, que se acentua
quando a vê
Cantigas de amor
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
36. Quand’eu nom podia veer
a senhor do meu coraçom
e de mi, bem cuidav’entom
que podesse coita perder
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Pero que perdia o sem
pola fremosa mia senhor,
quanta coit’havia d’amor
nom cuidava teer en rem
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
De quant’eu cuidei acabar
nulha cousa nom acabei;
ca vêde’lo que eu cuidei:
cuidei-me de coita quitar
sol que a viss’; e poila vi,
houv’eu maior coita des i.
Cantigas de amor
Caracterização formal – estrofes,
métrica, rima
• três estrofes de seis versos – sextilha
• cantiga de refrão
• métrica irregular
• rima predominantemente rica,
consoante e toante
• verso agudo
• esquema rimático –
abbaR/cddcR/effeR
• rima emparelhada e interpolada
Rui Fernandes de Santiago, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, pp. 443-444
37. Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
João Garcia de Guilhade, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 531
louvarei
vontade
assunto
louvor
embora
louca
Cantigas de escárnio
38. Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
louvarei
vontade
assunto
louvor
embora
louca
Cantigas de escárnio
A pessoa alvo de
crítica não se
identifica de
forma
inequívoca
cantiga de
escárnio
João Garcia de Guilhade, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 531
39. Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
louvarei
vontade
assunto
louvor
embora
louca
Cantigas de escárnio
caracterização da figura feminina
• feia
• velha
• louca
• presunçosa
João Garcia de Guilhade, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 531
40. Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
louvarei
vontade
assunto
louvor
embora
louca
Cantigas de escárnio
ironia do “eu”
paródia do amor cortês
João Garcia de Guilhade, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 531
41. Foi um dia Lopo jograr
a cas d’um infançom cantar;
e mandou-lh’ele por dom dar
três couces na garganta;
e fui-lh’escass’, a meu cuidar,
segundo com'el canta.
Escasso foi o infançom
em seus couces partir em dom,
ca nom deu a Lop[o], entom,
mais de três na garganta;
e mais merece o jograrom,
segundo com’el canta.
Martim Soares, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, p. 142
jogral
repartir
jogralão (aumentativo depreciativo de jogral)
e foi forreta, na minha opinião
Cantigas de maldizer
casa infanção, cavaleiro nobre
como pagamento
porque
42. Foi um dia Lopo jograr
a cas d’um infançom cantar;
e mandou-lh’ele por dom dar
três couces na garganta;
e fui-lh’escass’, a meu cuidar,
segundo com’el canta.
Escasso foi o infançom
em seus couces partir em dom,
ca nom deu a Lop[o], entom,
mais de três na garganta;
e mais merece o jograrom,
segundo com’el canta.
jogral
repartir
jogralão (aumentativo depreciativo de jogral)
e foi forreta, na minha opinião
Cantigas de maldizer
casa infanção, cavaleiro nobre
como pagamento
porque
o jogral Lopo (artista popular que
entretinha a nobreza nas suas casas)
cómico: o nobre pagou a atuação
do jogral com três coices na garganta
perspetiva do “eu”: o
pagamento foi insuficiente,
dada o péssimo desempenho
de Lopo – “segundo com’el
canta”
Martim Soares, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, p. 142
43. Foi um dia Lopo jograr
a cas d’um infançom cantar;
e mandou-lh’ele por dom dar
três couces na garganta;
e fui-lh’escass’, a meu cuidar,
segundo com'el canta.
Escasso foi o infançom
em seus couces partir em dom,
ca nom deu a Lop[o], entom,
mais de três na garganta;
e mais merece o jograrom,
segundo com’el canta.
jogral
repartir
jogralão (aumentativo depreciativo de jogral)
e foi forreta, na minha opinião
Cantigas de maldizer
casa infanção, cavaleiro nobre
como pagamento
porque
crítica de costumes –
sátira dos jograis sem talento
que vivem à custa da nobreza
espaços
medievais,
protagonistas e
circunstâncias
• as casas senhoriais
• a nobreza, o povo
• o entretenimento
Martim Soares, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 2, Lisboa, BNP, 2016, p. 142