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25/04/2017 A TEORIA COGNITIVISTA DE AUSUBEL
http://www.robertexto.com/archivo3/a_teoria_ausubel.htm 1/21
A TEORIA COGNITIVISTA DE AUSUBEL    2
 
archivo del portal de recursos para estudiantes 
www.robertexto.com
ligação do origem
Cristiano Cordeiro Cruz
Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação ­ Unicamp
IMPRIMIR
 
A teoria da assimilação de David Paul Ausubel, ou teoria da aprendizagem significativa, é
uma teoria cognitivista e procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente
humana com relação ao aprendizado e à estruturação do conhecimento. Contemporâneo de
Piaget, Ausubel tem propostas que em alguns pontos se assemelham às do biólogo suíço,
mas que em outros se afastam bastante.
Diferentemente de Piaget, cujo foco principal de pesquisa não era a aprendizagem que
ocorria na sala de aula, Ausubel concentra­se principalmente nesta questão, de modo que
dos seus trabalhos percebe­se uma proposta concreta para o cotidiano acadêmico. Como
Piaget, Ausubel acredita no valor da aprendizagem por descoberta, mas volta a valorizar a
aula do tipo expositiva, que será o grande foco da sua pesquisa.
Neste sentido, o maior legado deixado por Ausubel é justamente o de técnicas e reflexões
acerca da aula do tipo “tradicional”, e do tipo de enfoque, cuidado e trabalho ideais que um
professor deveria ter neste contexto, no sentido de propiciar o melhor aprendizado possível
para seus alunos.
Nas seções seguintes explicitaremos alguns dos aspectos mais relevantes da teoria
ausubeliana que se adequam aos propósitos deste trabalho. Para tal, iniciaremos com a
apresentação do modelo cognitivo e de aprendizagem propostos por Ausubel, seguindo­se
de explicações acerca dos principais componentes internos (ao indivíduo) e externos da
aprendizagem. Após isso, trataremos das suas propostas com relação à facilitação da
aprendizagem no que concerne à preparação dos diversos materiais envolvidos na atividade
acadêmica e a técnicas envolvidas na condução das aulas (expositivas).
 
Conceitos Básicos
Segundo a teoria de Ausubel, os principais conceitos relativos à aprendizagem se articulam
esquematicamente da seguinte forma (Faria, 1989, p 7): (1)
 
Analisando cada um destes conceitos separadamente, tem­se:
 
Estrutura cognitiva
Segundo Ausubel (apud Faria, 1989, p 8), a estrutura cognitiva é o conteúdo total e
organizado de idéias de um dado indivíduo; ou, no contexto da aprendizagem de certos
assuntos, refere­se ao conteúdo e organização de suas idéias naquela área particular de
conhecimento. Ou seja, a ênfase que se dá é na aquisição, armazenamento e organização
das idéias no cérebro do indivíduo.
Para Ausubel a estrutura cognitiva de cada indivíduo é extremamente organizada e
hierarquizada, no sentido que as várias idéias se encadeiam de acordo com a relação que
se estabelece entre elas. Além disso, é nesta estrutura que se ancoram e se reordenam
novos conceitos e idéias que o indivíduo vai progressivamente internalizando, aprendendo.
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Neste ponto, é importante chamar a atenção para a diferença conceitual entre a estrutura
cognitiva definida pela teoria da atividade e esta definida por Ausubel. Se aqui se enfatiza a
aquisição, o narmazenamento e a organização de idéias, na teoria da atividade este
conceito está mais relacionado aos processos mentais superiores, que vão determinar a
forma com que o indivíduo estrutura suas atividades, e que estão na base da interação dele
com o mundo objetivo.
 
Aprendizagem
Para Ausubel, a aprendizagem consiste na “ampliação” da estrutura cognitiva, através da
incorporação de novas idéias a ela. Dependendo do tipo de relacionamento que se tem entre
as idéias já existentes nesta estrutura e as novas que se estão internalizando, pode ocorrer
um aprendizado que varia do mecânico ao significativo.
 
Aprendizagem significativa
A aprendizagem significativa tem lugar quando as novas idéias vão se relacionando de
forma não­arbitrária e substantiva com as idéias já existentes. Por “não­arbitriedade
entende­se que existe uma relação lógica e explícita entre a nova idéia e alguma(s) outra(s)
já existente(s) na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, por exemplo, entender o conceito
do termômetro só será de fato significativo para o indivíduo, se de alguma forma houver uma
clara relação entre este e o conceito de temperatura.
Além de não­arbitrária, para ser significativa, a aprendizagem precisa ser também
substantiva, ou seja, uma vez aprendido determinado conteúdo desta forma, o indivíduo
conseguirá explicá­lo com as suas próprias palavras. Assim, um mesmo conceito pode ser
expresso em linguagem sinônima e transmitir o mesmo significado (Aragão, 1976, p 21).
Como exemplo, se o aluno aprende significativamente que o cão é um mamífero, ele deverá
ser capaz de expressar isso de diversas formas, como: “o filhote de cachorro mama de sua
mãe” ou “o cachorro é um animal que, como nós, mama quando é filhote”. A
“substantividade” do aprendizado significa, então, que o aprendiz apreendeu o sentido, o
significado daquilo que se ensinou, de modo que pode expressar este significado com as
mais diversas palavras.
Para Ausubel, o objetivo maior do ensino acadêmico é que todas as idéias sejam aprendidas
de forma significativa. Isso porque é somente deste jeito que estas novas idéias serão
“armazenadas” por bastante tempo e de maneira estável. Além disso, a aprendizagem
significativa permite ao aprendiz o uso do novo conceito de forma inédita,
independentemente do contexto em que este conteúdo foi primeiramente aprendido.
O extremo oposto da aprendizagem significativa é a mecânica. Neste caso, as novas idéias
não se relacionam de forma lógica e clara com nenhuma idéia já existente na estrutura
cognitiva do sujeito, mas são “decoradas”. Desta maneira, elas são armazenadas de forma
arbitrária, o que não garante flexibilidade no seu uso, nem longevidade.
Como conseqüência dessa não flexibilidade (o aprendizado não é substantivo), o indivíduo
não é capaz de expressar o novo conteúdo com linguagem diferente daquela com que este
material foi primeiramente aprendido. De fato, ele não aprendeu o significado, o sentido do
novo material, mas tão­somente decorou a seqüência de palavras que o definia. Por conta
disso, ele será incapaz de utilizar este conhecimento em contexto diferente daquele no qual
fora primeiramente apresentado a estes conceitos/ idéias. No exemplo dado acima ­do
cachorro ser um mamífero­ o indivíduo será incapaz de fazer a relação entre o cachorro e o
ser humano, ou mesmo com o fato de que os mamíferos mamam.
É importante ressaltar que, apesar de Ausubel ter enfatizado sobremaneira a aprendizagem
significativa, ele compreendia que no processo de ensino­aprendizagem existem
circunstâncias em que a mecânica era inevitável. No ensino de História, por exemplo,
conhecer e entender os eventos que se sucederam no surgimento e desenvolvimento do
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Império Romano requer, muitas vezes, que se saiba os nomes de diversas de suas
instituições e personagens principais, o que é tipicamente um aprendizado mecânico.
 
Aprendizagem por descoberta e por recepção
Segundo a teoria ausubeliana a aprendizagem pode se processar tanto por descoberta
quanto por recepção:
• descoberta: o aluno deve aprender “sozinho”, deve descobrir algum princípio, relação, lei,...
, como pode acontecer na solução de um problema.
• recepção: recebe­se a informação pronta (como em uma aula expositiva) e o trabalho do
aluno consiste em atuar ativamente sobre esse material, a fim de relacioná­lo a idéias
relevantes disponíveis em sua estrutura cognitiva.
Contrariamente a Piaget, que enfatiza a aprendizagem por descoberta como a ideal,
Ausubel não só propõe o inverso para o contexto da sala de aula, como alerta para fato de
que ambas –aprendizagem por recepção e por descoberta– podem ser mecânicas. Isso
aconteceria, por exemplo, caso as relações entre as idéias préexistentes na estrutura
cognitiva e esta nova que se está intentando aprender não possuíssem relações lógicas e
claras para o aluno.
 
Formas de aprendizagem significativa
Uma vez existente um conjunto de idéias na estrutura cognitiva do sujeito, com as quais
novas idéias podem se articular de maneira não­arbitrária e substantiva, este relacionamento
pode acontecer de três formas diferentes: por subordinação (ou subsunção), por
superordenação e de forma combinatória. (É importante salientar que a aprendizagem
significativa acontecerá somente quando algum tipo de relação puder ser construída entre a
nova idéia que se deseja ensinar e uma ou várias idéias que já se saiba.)
 
Subordinação
Acontece quando a nova idéia é um exemplo, uma especificação de algo que já se sabe.
Mas esta relação pode acontecer segundo duas formas:
• derivativa: o que se aprende é mais um exemplo daquilo que já se sabe, não trazendo
qualquer alteração para a idéia mais geral à qual está relacionado. Assim, constitui­se
exemplo deste tipo de aprendizagem a constatação que um dad sistema mecânico real é
conservativo, associando­se ao conceito universal da conservação de energia um exemplo
específico.
• correlativa: a nova idéia que se aprende é um exemplo que alarga o sentido/ significado de
algo mais amplo que já se sabe. Assim, se à idéia que se tem de triângulo eqüilátero como
sendo aquele em que os três lados têm o mesmo tamanho, acrescentar­se a idéia de que
além dos lados, os ângulos também são iguais, haverá um alargamento do sentido de
triângulo eqüilátero que, antes deste aprendizado, não existia.
Na subordinação, a relação hierárquica que se estabelece entre o que se aprende e o que já
se sabe é do seguinte tipo: (2)
 
 
Superordenação
Ocorre quando a nova idéia que se aprende é mais geral do que uma ou um conjunto de
idéias que já se sabe. Neste caso, a relação hierárquica que se estabelece é da seguinte
forma: (3)
 
Um exemplo deste tipo de aprendizagem pode ser o caso onde, indutivamente, a partir de
vários sistemas mecânicos reais, percebe­se que em todos eles a energia se conserva, e
que isso pode ser generalizado para todos os sistemas. Ou seja, a conservação da energia
passa a ser um conceito mais amplo ao qual se relacionam todos os sistemas reais.
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Segundo Ausubel, é mais fácil para o ser humano aprender por subordinação do que por
superordenação. E isso, como se verá mais à frente, será uma constante preocupação dele
que, repetidas vezes, proporá o trabalho escolar sempre a partir dos conceitos mais amplos
(ditos mais inclusivos) em direção às especificações, às particularidades, aos conceitos mais
restritos.
 
Aprendizagem combinatória
Este tipo de aprendizagem acontece quando a nova idéia não está hierarquicamente acima
nem abaixo da idéia já existente na estrutura cognitiva à qual ela se relacionou de forma
não­arbitrária e lógica. Ou seja, esta nova idéia não é exemplo nem generalização daquilo
que se usou como âncora para ela na estrutura cognitiva do indivíduo. Esta âncora, no
entanto, é necessária para que se possa estabelecer uma aprendizagem de fato
significativa.
Um exemplo deste tipo de aprendizagem é o caso da metáfora que se faz de um sistema
elétrico com um hidráulico. Neste caso, usam­se conceitos já dominados pelo indivíduo com
relação aos sistemas de águas, para ensinar conceitos novos e que guardam alguma
relação com os antigos que serviram como âncora. Mas os sistemas elétricos não são uma
generalização nem um exemplo de sistemas hidráulicos, e viceversa.
No entanto, fica muito mais fácil para a maioria dos alunos começar a lidar com os novos
conceitos da eletricidade, a partir de conceitos com os quais já estão acostumados, relativos
à hidráulica. (Como será visto mais à frente, é imprescindível que, nestes casos, as
semelhanças e diferenças entre a idéia nova e a antiga que lhe serviu como âncora sejam
progressivamente explicitadas, a fim de que o sujeito não misture, confunda ou reduza os
conceitos relativos de uma idéia aos da outra.)
Antes de terminar esta seção, faz­se necessário atentarmos para algumas considerações
importantes.
Primeiramente, deve­se ter em mente que a proposta de Ausubel é que uma condição
necessária (mas não suficiente, como se verá mais à frente) para que se possa Ter
aprendizagem significativa, é que a nova idéia se relacione de maneira não­arbitrária e
substantiva com idéia(s) já existente(s) na estrutura cognitiva do indivíduo. No entanto, a
cadeia de relações que existe –ou que pode ser construída– não é necessariamente “plana”,
no sentido que uma idéia pode estar associada, por subordinação, superordenação e de
forma combinatória com uma ou com várias outras. E essa é exatamente uma das
preocupações de Ausubel na sua proposta pedagógica: que se estabeleçam (de forma
lógica e não­arbitrária) as mais variadas conexões possíveis entre as novas idéias que estão
sendo apresentadas, e entre elas e as idéias que o indivíduo já domina. Isso é para que não
aconteça o que ele definiu como “compartimentos incomunicáveis” de idéias relacionáveis.
Além disso, estas novas idéias, mesmo que não se tenha feito todas as pontes possíveis
com as idéias já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo, podem progressivamente ir
se interconectando umas com as outras, através do trabalho intelectual consciente do
indivíduo, que busca e estabelece estas relações (este processo receberá de Ausubel a
denominação de reconciliação integrativa). Por isso o princípio que está por trás da
percepção e explicitação destes relacionamentos também deve ser explicitado para que, da
forma como propõe a teoria da atividade, possa ser internalizado pelo aluno e possa servir
de ferramenta de mediação/ construção do seu conhecimento, mesmo que em outros
contextos que não a sala de aula. Neste sentido, como afirma Moreira & Masini (1982, pp 3­
4), é a habilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida. Ou seja, além
do trabalho “didático”, que tem uma contribuição direta para o aprendizado do aluno, o
professor também deve ajudar os alunos a aprenderem o conteúdo que se propõe e também
a forma de relacionar as idéias, sejam as que ele já tem ou aquelas com que pode se
deparar durante a sua vida.
 
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Fatores internos para a aprendizagem significativa
Até o presente momento consideramos, na explicação dos conceitos básicos da teoria de
Ausubel, a condição em que já existem, na estrutura cognitiva do sujeito, idéias que possam
servir como âncora para idéias novas. No entanto, não se teceram quaisquer considerações
sobre a existência, a clareza e a firmeza destas idéias, nem sobre a disposição do indivíduo
em aprender significativamente. Como estes fatores são relativos a cada indivíduo
particularmente, convencionou­se chamá­los de fatores internos. Além disso, segundo
propõe a teoria, eles podem ser divididos em duas classes: fatores cognitivos e fatores
afetivo­sociais.
 
Fatores cognitivos
Para a teoria ausubeliana existem três fatores relativos à estrutura cognitiva do indivíduo e
que devem ser considerados no processo ensino­aprendizagem:
1. A existência de idéia(s) âncora(s) à(s) qual(is) pode se conectar, por subordinação,
superordenação ou de forma combinatória, uma nova idéia que se deseja ensinar.
2. A extensão em que a tarefa que se deseja assimilar é discriminável das idéias que lhe
servirão de âncora. Ou seja, pode acontecer, como no caso da metáfora hidráulica para a
aprendizagem de eletricidade, de as idéias que se usam como base a partir das quais as
novas idéias serão internalizadas, e estas novas idéias, serem muito próximas para o
aprendiz, de modo que ele pode misturá­las, confundi­las ou reduzir uma a outra. Assim
sendo, não só a maneira de o professor apresentar esta comparação, como a forma com
que o aluno estabelece internamente estas relações são importantes para o aprendizado
consistente do novo conteúdo.
3. A clareza e a firmeza das idéias que servirão como âncoras determinam o nível e a
estabilidade do aprendizado da nova idéia. Caso aquilo que se utilizou como âncora não
seja suficientemente “sólido” para o aluno, pode acontecer que âncora e ancorado se
percam ou não se discriminem de forma adequada (o que geraria o problema descrito
acima: mistura, confusão ou redução de uma idéia a outra).
 
Fatores afetivo­sociais
Dentro desta categoria existem várias aspectos que foram identificados por Ausubel seus
colaboradores (Faria, 1989). No entanto, para efeito deste trabalho será tomado aquele que
nos parece mais pertinente: disposição do aluno para aprendizagem significativa. Segundo a
teoria ausubeliana, a aprendizagem é significativa quando se estabelece uma ligação não­
arbitrária e substantiva entre uma nova idéia e uma idéia de esteio ou âncora.
Esta relação, como se verá mais à frente, pode ser potencializada e explicitada quando da
preparação do material instrucional e/ou quando da apresentação da aula. No entanto,
internalizar estas relações exige do aluno vontade de fazê­lo, visto que este é um processo
ativo. Assim, mesmo que o material (ou a aula) seja potencialmente significativo para o
estudante, ele pode optar por simplesmente decorá­lo (aprendizado mecânico).
Vários fatores podem levar o estudante a este tipo de postura, desde o fato de estar
acostumado com aulas e avaliações que exigem respostas idênticas a um gabarito pouco
flexível e alheio às suas características individuais (como maturidade matemática e estilo de
redação), até o fato de não ter tempo, estímulo ou material adequado para uma
aprendizagem significativa.
 
Fatores externos para aprendizagem significativa
Nesta classe se enquadram os fatores sobre os quais os professores têm acesso e podem
manipular “livremente” de modo a propiciar as melhores condições possíveis para que os
alunos possam aprender significativamente. São denominados fatores externos, porque
estão relacionados a condições exteriores ao aluno (aula, material instrucional,...) que
caracterizam o ambiente escolar/ acadêmico, no qual ele está inserido.
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Diz­se que a aula e o material instrucional de apoio (livros, transparências, figuras,...) são
potencialmente significativos, quando, satisfeitas as condições internas (existência de idéias
de esteio firmes e de vontade de aprender), este material possibilita a aprendizagem
significativa do aluno. Para tal, condição indispensável a ser obedecida é que as novas
idéias sejam propostas de maneira não­arbitrária, fazendo­se referência lógica e clara com
idéias âncoras já presentes na estrutura cognitiva do estudante.
No processo de elaboração deste material, Ausubel propõe algumas considerações que se
forem seguidas podem, segundo ele, facilitar a aprendizagem significativa destes conteúdos
pelos alunos.
 
Facilitação pedagógica
A facilitação pedagógica consiste na manipulação da estrutura cognitiva do aluno d modo a
favorecer um aprendizado significativo. Antes de entrar neste item propriamente dito, cabe a
consideração de dois aspectos que ainda não foram tratados.
O primeiro dele diz respeito ao alargamento da definição de aprendizagem que se dera
anteriormente. Como foi definido, aprendizagem, na teoria ausubeliana, está relacionada
com o aumento da estrutura cognitiva do indivíduo através da internalização de novas idéias
e conceitos. No entanto, como afirmam Moreira & Masini (1982, p 101): aprendizagem
significativa é a aquisição de novos significados. Estes, para Ausubel, podem ser definidos
como denotativos ou conotativos.
O significado denotativo diz respeito às características “reais” relativas ao conceito/ idéia,
que não dependem da interpretação particular do indivíduo. Assim, o conceito denotativo
casa está associado a uma construção de alvenaria ou madeira, que serve para abrigar uma
ou um conjunto de pessoas,... . Por outro lado, o significado conotativo é aquele que o
indivíduo constrói de maneira particular, idiossincrática, agregando suas emoções e
sentimentos relativos àquele conceito/ idéia específico. Assim, usando­se o mesmo conceito
de casa, pode­se associar, de forma conotativa, a idéia de algo que está relacionado à
felicidade, ao prazer e à segurança da vida em família, como se pode associar também
sofrimento, tristeza e dor por parte de uma família opressora, castradora.
Adquirir um conceito, internalizar um significado, é algo “fenomenológico” 1, ou seja, algo
que envolve tanto os aspectos denotativos quanto os conotativos. Por conta disso, poder­
seia dizer que é importante levar em conta o fator idiossincrático ao pensar no levantamento
dos conceitos que constituirão os subsunçores de um novo assunto. Considerar apenas o
significado denotativo pode incorrer no risco de se deixar de lado um dos pontos
fundamentais que sustentam a teoria ausubeliana de aprendizagem significativa, isto é, que
os conceitos resultam de uma experiência e são produtos “fenomenológicos”. (...) Lidar, pois,
apenas com o aspecto denotativo é desconsiderar a experiência individual, pondo em
questão a possibilidade de realizarse a aprendizagem significativa. (Moreira & Masini, 1982,
pp 39­40)
O segundo aspecto está relacionado ao conceito de obliteração. De acordo com Ausubel,
existe uma tendência reducionista da estrutura cognitiva humana, de modo que, com o
tempo, as idéias mais específicas vão sendo progressivamente assimiladas pelas mais
gerais às quais estão ligadas, e vão sendo gradativamente esquecidas. Como afirma Aragão
(1976, p 34), este processo de redução da memória a um único conceito –que é capaz de
refletir a experiência cumulativa anterior– desprovido dos significados menos estáveis
assimilados é, para Ausubel, mais funcional na aprendizagem futura. Mas se é mais
funcional por um lado, pode trazer o perigo de perda de informações por outro...
Quando ocorre a ligação entre uma idéia nova e outra já existente na estrutur cognitiva do
indivíduo, o processo que se dá é uma interação e não uma associação. Isto acontece
porque tanto a idéia nova, quanto aquela que lhe serviu como âncora, modificam­se em
função desta ligação. Deste modo, caso a subordinação de um conceito a outro tenha sido
feita “corretamente”, mesmo que este novo alargue o sentido do antigo, a obliteração dele
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em prol do mais abrangente não significará necessariamente perda de informação. Isto
acontece porque com a interação ocorrida por ocasião da subsunção (e em decorrência das
eventuais experiências posteriores), o conceito mais inclusivo já se modificou a ponto de
abarcar o novo significado que o menos inclusivo lhe agregara.
Seja, por exemplo, o caso da aprendizagem do conceito de força nuclear por um aluno que
já possui o conceito de força bem estabelecido (Moreira & Masini, 1982, p 16). Neste caso, o
novo conceito específico (força nuclear) será assimilado pelo mais inclusivo (força).
Entretanto, considerando que esse tipo de força é de curto alcance (em contraposição aos
outros que são de longo alcance), não somente o conceito de força nuclear adquirirá
significado para o aluno, mas também o conceito geral de força que ele já tinha será
modificado e tornar­se­á mais inclusivo (i. e. seu conceito de força incluirá agora também
forças de curto alcance). Assim, caso ocorra uma futura obliteração do conceito mais
específico (força nuclear), isso não significará perda de informação para o conceito mais
geral (força), porque este já se modificara quando da subordinação do outro. Além disso,
como explica Aragão (1976, p 39), se estes [conceitos mais específicos que foram
esquecidos] forem necessários, podem ser sintetizados e reconstruídos a partir dos
elementos da experiência passada e presente.
O problema da obliteração surge quando ela significa perda de informação. Como se
explicou acima, na hora em que um conceito ou idéia se liga a outro, tanto o novo quanto o
antigo se modificam. E isso vale não somente para a aprendizagem por subordinação,
quanto à combinatória e à por superordenação. Mas a obliteração só acontece quando o
 conceito “a ser esquecido” já não é mais considerado importante pela estrutura cognitiva.
Isso pode ocorrer quando âncora e ancorado não mais se distinguem, de modo que o
conceito mais inclusivo já abarca o mais restrito, prescindindo dele (caso em que a
obliteração não traz prejuízo). Mas pode ocorrer também quando a idéia de esteio e aquela
que nela se ligou não foram diferenciadas adequadamente, de modo que ambas parecem
ser a mesma coisa (o que na verdade é só aparência), o que torna a menos inclusiva
“desnecessária”, sendo obliterada. Uma terceira possibilidade, ainda, é de o novo conteúdo
se ligar a idéias pouco estáveis da estrutura cognitiva do indivíduo. Neste caso, ou a idéia de
esteio se reduzirá àquela que se lhe ancorou, ou não conseguirá ser suficientemente
modificada a fim de englobar a essência dela, de modo que a obliteração da nova idéia
concorrerá para a perda de algumas informações que não foram assimiladas.
Como exemplo da perda por falta de diferenciação, pode­se citar o do estudo de uma
religião (p.e. budismo) a partir de outra (p.e. cristianismo), já previamente existente, e de
maneira estável, na estrutura cognitiva do aprendiz. Neste caso, se as devidas
diferenciações não forem feitas, e tomarem­se somente as analogias, pode acontecer de o
novo conteúdo ser reduzido ao antigo, por obliteração, o que significaria, necessariamente,
perda de informação, visto que ambos são bastante diferentes, apesar de possuírem
características em comum.
Com relação à perda de informação por causa da obliteração de idéias/ conceitos ligados a
âncoras pouco estáveis, um exemplo pode ser a aprendizagem das características de
alguma teoria, como esta de Ausubel. Neste caso, por mais que se tente explicitar, da forma
mais clara possível, as relações existentes entre os diversos conceitos, apontando
similaridades, diferenças e destacando sua importância, pode parecer, em um primeiro
contato, que alguns deles são desnecessários, ou são repetitivos. Neste caso, com o tempo,
estes conceitos serão esquecidos (a não ser que venham a ser re­estudados). Esta
obliteração, que acarreta perda de informação, acontece porque as idéias mais inclusivas,
às quais as mais específicas deveriam se relacionar, ainda estão instáveis, não
possibilitando um correto juízo de valor acerca dos pontos realmente importantes, nem
propiciando uma clara distinção entre os diversos conceitos abordados.
Este esquecimento gradual pode assumir, portanto, características prejudiciais para
conhecimento do indivíduo mesmo quando a aprendizagem não for puramente mecânica, e
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houver a instauração de uma ligação não­arbitrária com algo já existente na estrutura
cognitiva do sujeito. No caso da aprendizagem arbitrária, mecânica, o inexorável
esquecimento será ainda mais rápido do que no caso onde se estabelece algum tipo de
ligação com alguma idéia que o indivíduo já possua, (como atesta a experiência daqueles
que já decoraram conceitos, idéias e exercícios para a solução de uma prova, mas que,
passado pouco tempo de sua realização, já não são lembrados mais). Isto acontece porque
esta nova informação, por não se ligar a nada existente na estrutura cognitiva da pessoa,
torna­se totalmente desnecessária para ela, sendo, portanto, esquecida.
 
Considerações iniciais (recapitulação)
Como definido, aprendizagem é o processo de aquisição de significados a partir da
apresentação de significados potenciais da idéia a ser aprendida (Aragão, 1976, p 38). Para
esta aquisição, além da necessidade de existência de idéias de esteio e da vontade de o
aluno aprender significativamente (fatores internos da aprendizagem), é preciso que o
material seja potencialmente significativo, ou seja, que possa ser aprendido de forma
significativa, apresentando relações não­arbitrárias e substantivas entre as diversas idéias
que está “veiculando” e entre elas e as já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.
No entanto, neste processo, nem sempre o aluno, sozinho, conseguirá fazer as relações
necessárias (e possíveis) entre aquilo que está aprendendo e o que já sabe. Além disso, ele
nem sempre satisfará a todos os pré­requisitos necessários para a aprendizagem
significativa de um determinado material.
Por conta disso, deve haver considerações e técnicas que facilitem/ potencializem este
aprendizado, de modo que:
• Não se sobrecarregue o aluno com informações excessivamente detalhadas e
pormenorizadas, que pouco (ou em nada) contribuem para a promoção da aprendizagem
significativa da essência do conteúdo que se deseja “ensinar”.
• “Guiem” a elaboração, a sequenciação, o relacionamento e a ordem de apresentação dos
diversos materiais e da aula expositiva.
• Permitam avaliar a melhor estratégia pedagógica a se adotar em função daquilo que o
aluno já sabe (as idéias âncoras que possui) e daquilo que ele conseguiu reter de um
determinado conteúdo.
• Orientem na proposta de ensino de um novo material, preocupando­se em formar idéias de
esteio firmes e amplas, de modo a poder ancorar aquilo que se deseja ensinar, sem que
ocorram perdas oriundas, dentre outros fatores, de fenômenos como a obliteração.
Estas considerações, que dizem respeito à manipulação da estrutura cognitiva do aluno e à
adoção de técnicas que facilitem a assimilação de novos significados por ele, são
denominadas genericamente de facilitação pedagógica e serão apresentadas,
respectivamente, nos seguintes itens:
• Fatores substantivos na facilitação pedagógica.
• Princípios programáticos para a sequenciação do conteúdo de ensino.
• Avaliação.
• Organizadores prévios.
 
Fatores Substantivos na facilitação pedagógica
Estes fatores estão relacionados com a seleção dos aspectos relevantes do conteúdo a ser
trabalhado com os alunos. Neste sentido, como afirma Johnson (apud Faria, 1989, p 26), os
itens específicos de um currículo são selecionados na medida que são fundamentais e
críticos para a disciplina, explicam bem a sua estrutura e se mostram capazes de suscitar
processos de pensamento e modos de investigação que lhes são próprios. Neste sentido, é
muito válido o alerta de Moreira & Masini (1982, p 42): é importante selecionar as idéias
básicas para não sobrecarregar o aluno de informações desnecessárias, dificultando a
aquisição de uma estrutura cognitiva adequada.
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Além disso, conforme se mencionou anteriormente, Ausubel acredita que a aprendizagem
por subordinação é mais fácil para o ser humano do que a por superordenação. Em outras
palavras, ele acredita que os conceitos e idéias devem ser sempre estudados a partir dos
mais gerais para os mais específicos. Por conseguinte, o que se propõe é que se trabalhem
preferencialmente os conceitos ditos mais inclusivos, ou seja, os conceitos mais amplos aos
quais os conceitos mais restritos, quando forem trabalhados, poderão se ligar de maneira
subordinada.
Neste sentido, quando da seleção dos aspectos mais relevantes de um determinado
conteúdo, devem ser privilegiados os conceitos/ idéias mais gerais, que poderão servir como
âncora para futuras aprendizagens. Se for feito de outra forma, optando­se por conceitos
mais específicos, pode acontecer que eles não sejam potencialmente significativos para os
alunos, uma vez que estariam faltando idéias de esteio mais relevantes, que estão
justamente associadas com os conceitos mais amplos/ inclusivos.
Princípios programáticos para a sequenciação do conteúdo de ensino Uma vez selecionados
os conceitos mais importantes a serem trabalhados no curso, cabe determinar a maneira e a
seqüência em que este estudo se dará. Ausubel propõe dois princípios que podem nortear
este trabalho: diferenciação progressiva e reconciliação integrativa.
 
Diferenciação Progressiva
Este princípio consiste na formalização daquilo que já citamos algumas vezes: para Ausubel,
as idéias e os conceitos devem ser preferencialmente trabalhados em uma ordem crescente
de especificidade, dos mais gerais, para os mais específicos. Isso ele justifica através de
dois motivos:
1. É mais fácil para o ser humano compreender os aspectos diferenciados de um todo [mais
inclusivo] previamente aprendido, (...) do que formular o todo mais inclusivo a partir das suas
partes diferenciadas previamente aprendidas (Ausubel apud Faria, 1989, p 28). Ou seja,
generalizar a partir de conceitos mais específicosé mais difícil do que aprender conceitos
particulares a partir de um mais geral.
2. Este tipo de hierarquia é a que acontece na mente de cada pessoa: as idéias mais gerais/
inclusivas ocupam o topo da estrutura cognitiva, e têm subordinadas a si idéias
progressivamente mais específicas/ menos inclusivas.
Abaixo segue um breve exemplo de como Ausubel acredita estar organizada a estrutura
cognitiva humana. (4)
 
No exemplo anterior dos polígonos, associado à idéia de triângulo, ter­se­iam três
subordinações imediatas: escaleno, isósceles e eqüilátero. Usando o princípio da
diferenciação progressiva, em uma disciplina em que estes conceitos fossem abordados
pela primeira vez, dever­se­ia apresentar primeiro o de triângulo (figura com três lados) para,
em seguida, apresentar as três possibilidades (e os seus nomes) relativas a esta figura:
todos, dois ou nenhum lado igual.
Deve­se ter cuidado na análise e no uso deste conceito, para que não se caia em algo do
tipo: “como ensinar o conceito de polígonos, mas inclusivo, a pessoas que sequer conhecem
o conceito de triângulo, menos inclusivo?”.
O enfoque que estamos dando neste trabalho não lida diretamente com planejamento
curricular amplo, mas restrito a uma determinada disciplina. Neste caso, tendo­se em mente
aquilo que deve ser aprendido pelo aluno naquela matéria, a proposta de Ausubel é que as
várias idéias e conceitos pertencentes a este conteúdo sejam trabalhados a partir dos mais
gerais para os mais específicos. Desta forma, os conceitos/ idéias mais amplos funcionam
como contextualização para os mais restritos que a eles se ligarão. No entanto, a conceito
amplo como “produto final”, da forma como idealiza uma dada disciplina, só é conseguido
plenamente quando os mais específicos já estão “corretamente” ancorados a ele. Se as
idéias mais inclusivas são necessárias para contextualizar e ancorar as menos inclusivas,
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são estas que, na interação com aquelas, as vão definir e “amoldar” àquilo que elas “de fato”
são.
Como exemplo, pode­se citar o caso do estudo do capacitor em circuitos elétricos. Antes
que a equação característica deste componente (i = C.dV/dt) seja introduzida, deve­se
introduzir o conceito (mais inclusivo) de capacitor, como sendo um acumulador de cargas. A
partir daí, introduz­se a equação que relaciona carga com tensão (Q = C.V). Como a
corrente é igual à variação da carga em função do tempo, chega­se à primeira equação, que
é a mais utilizada para o caso de capacitores em circuitos elétricos. Ou seja, foi necessário,
para que a primeira equação fizesse sentido ­fosse significativa para o aluno­ apresentar o
conceito mais inclusivo ao qual ela estava ligada. Mas o conceito de capacitor só fica
plenamente definido, no contexto de circuitos elétricos, com a definição daquela equação,
com a proposição de uma idéia mais restrita.
 
Reconciliação Integrativa
Neste caso, a preocupação de Ausubel diz respeito à forma com que se relacionam as
idéias a serem apresentadas para o aluno, e como estas serão relacionadas por ele na sua
estrutura cognitiva. O foco da sua atenção está na possibilidade de que eventuais
semelhanças, diferenças e contradições não sejam devidamente trabalhadas ou elucidadas,
de modo que o estudante pode deixar de fazer algumas “conexões” interessantes, fazê­las
erroneamente ou perdê­las com o tempo. Assim, como define Faria (1989, p 30), a
reconciliação integrativa consiste, basicamente, no delineamento explícito das relações
entre idéias, de assinalar semelhanças e diferenças relevantes entre as mesmas, e de
reconciliar inconsistências reais ou aparentes.
No trabalho pedagógico a reconciliação integrativa deve acontecer em dois contextos: na
preparação do material instrucional, e no relacionamento das idéias nele contidas com a
estrutura cognitiva do aluno.
Na preparação e no uso do material instrucional, alguns cuidados devem ser tomados como,
por exemplo:
1. Evitar que o uso de palavras distintas para representar conceitos equivalentes gerem
confusão no aluno, motivando­o a aprender de forma mecânica. Usando o caso da própria
teoria ausubeliana, se os termos subsunçor 2, idéia âncora, idéia de esteio, idéia relevante,
idéia mais inclusiva, idéia mais geral e idéia mais ampla não forem devidamente
esclarecidos, pode­se acreditar que se referem a conceitos distintos quando, na verdade,
são sinônimos de uma mesma coisa.
2. Na apresentação dos vários tópicos constitutivos de um mesmo material, deve­se
explicitar eventuais relações existentes entre eles, visto que parte da aprendizagem só será
de fato conseguida caso estas relações sejam percebidas.
Neste sentido, no estudo do continente africano, trabalhar como tópicos estanques a
colonização (com divisão proposital de terras contendo tribos inimigas em uma única
colônia) e a ocorrência, hoje em dia, de vários conflitos nos países que emergiram destas
colônias é muito mais pobre, e não revelaria boa parte da dinâmica histórica por trás destes
processos, do que poderia ser conseguido caso fossem feitas as devidas relações entre
ambos os temas.
3. Evidenciar as diferenças existentes entre conceitos aparentemente semelhantes, a fim de
que eles não sejam retidos como se fossem idênticos. Assim, no estudo do surgimento do
cristianismo a partir do
judaísmo e da figura de Jesus, deve­se evidenciar que a Páscoa, celebrada em ambas as
religiões, assume significados diferentes em cada uma delas: no judaísmo relembra a
libertação do povo hebreu da escravidão no Egito; e no cristianismo relembra a ressurreição
daquele que foi seu fundador, Jesus Cristo.
Já no que diz respeito ao relacionamento das novas idéias apresentadas e aquelas já
existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, alguns cuidados seriam:
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1. Evidenciar eventuais diferenças entre as idéias já estabelecidas e aquelas que se está
aprendendo, a fim de que, caso haja alguma analogia entre elas, isso não leve os alunos a
reduzirem uma a outra ou a confundirem ambas. Este é o caso do uso da analogia entre
sistema hidráulico e circuito elétrico. Apesar de haver algumas semelhanças, os conceitos e
as características destes dois sistemas são bastante distintos, devendo, portanto, ser
explicitamente elucidados.
2. Esclarecer eventuais contradições (aparentes ou reais) entre os conceitos que estão
sendo aprendidos e aqueles que já se sabe. Caso isso não seja feito, pode acontecer de o
aluno recusar o novo aprendizado, ou de retê­lo como algo isolado do anterior. Assim, pode­
se recusar o princípio da diferenciação progressiva por se alegar (corretamente) que é
impraticável apresentar o conceito mais abrangente de polígonos antes do conceito menos
abrangente de triângulo. No entanto, se este princípio for analisado dentro do conjunto
limitado dos conceitos relativos a uma disciplina a eventual contradição desaparece. Neste
caso, chegar­se­ia à conclusão que aprender primeiro o que é triângulo pode ajudar a
aprender o que é um triângulo isósceles.
A reconciliação integrativa assume, portanto, um papel duplo no contexto da aprendizagem
significativa: por um lado, deve evidenciar as possíveis relações existentes entre as diversas
idéias que estão sendo trabalhadas (dentro de um material, ou entre estas e as que o aluno
já possui), de modo a facilitar e a catalisar a criação destas ligações na estrutura cognitiva
do aprendiz. Por outro lado, ela deve ajudar o aluno a perceber as diferenças e
particularidades, bem como elucidar eventuais contradições existentes entre os diversos
conceitos em questão. Isso é imprescindível para que não haja obliteração com perda de
informação, quando se reduziriam conceitos que possuem algo em comum (mas que
apresentam bastantes diferenças entre si) a uma mesmo coisa, ou quando não se faria uma
ligação “correta” por causa de uma contradição (real ou aparente).
Além disso, Novak (apud Moreira & Masini, 1982, pp 24­25) argumenta que, para atingir­se a
reconciliação integrativa de forma mais eficaz, deve­se organizar o ensino “descendo e
subindo” nas estruturas conceituais hierárquicas, à medida que a nova informação é
apresentada. Isto é, começa­se com os conceitos mais gerais, mas é preciso ilustrar logo de
que modo os conceitos subordinados estão a eles relacionados e então voltar, através de
exemplos, a novos significados para os conceitos de ordem mais alta na hierarquia. Como
exemplo, podemos retomar o caso da aprendizagem dos três tipos de triângulos. Neste
caso, a partir da definição de ser o triângulo uma figura com três lados, pode­se definir
aquele que tem os três lados iguais (equilátero). Daí, apresenta­se um que tem apenas um
lado diferente e que, portanto, não é equilátero, mas é um triângulo, o isósceles. Por fim,
apresenta­se o triângulo que não tem nenhum lado igual ao outro, e que, portanto, apesar de
ser um triângulo, não é o isósceles nem o equilátero, mas o escaleno.
Esquematicamente, tem­se: (5)
 
Na figura, as linhas cheias representam a diferenciação progressiva, que acontece de cima
para baixo; as linhas pontilhadas representam a reconciliação integrativa, que ocorrem de
baixo para cima. Esta reconciliação consiste em perceber que, apesar das particularidades
de cada um destes três tipos, todos eles são triângulos, de modo que o conceito mais
inclusivo é alargado, passando a incluir cada uma destas três possibilidades.
Mas além da reconciliação “vertical”, pode­se ter também a “horizontal”, como é visto no
esquema abaixo, onde as reconciliações entre âncora e ancorado foram omitidas por
questão de clareza e simplicidade da figura. (6)
 
O que se percebe, então, é que quando uma nova idéia é assimilada à estrutura cognitiva de
uma pessoa, isto é feito através do estabelecimento de relações entre ela e idéias já
existentes lá. Como esta relação modifica tanto uma quanto outra, e como a estrutura
cognitiva é uma verdadeira teia de relacionamentos entre conceitos e idéias, a inserção de
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algo novo pode provocar a modificação destes conceitos e idéias, mesmo que não esteja
diretamente ligado a eles. Ou seja, a estrutura cognitiva é algo dinâmico que está em
constante modificação em função das diversas experiências e aprendizados que cada
pessoa tem. Mas isso não é algo “automático”, ou seja, não basta uma nova idéia para
mudar toda a estrutura cognitiva de alguém. É preciso trabalho ativo deste indivíduo para
que esta mudança possa “se processar”.
 
A Avaliação
Segundo Ausubel (apud Faria, 1989, pp 47 e 48), em geral, a função da avaliação é a de
determinar o grau em que os objetivos educacionais relevantes (...) estão sendo alcançados.
Desta forma, uma vez determinados os pontos mais relevantes da disciplina, e que serão
trabalhados com os alunos, a avaliação assumiria o caráter de verificar se sua internalização
se deu a contento.
Na teoria ausubeliana, a avaliação pode assumir as seguintes potencialidades:
1. Avaliar os principais objetivos buscados para esta aprendizagem. Para tal, os mesmos
devem ser formulados de maneira clara e apresentados previamente para os alunos, de
modo que isso, por si só, já facilitaria a aprendizagem significativa pelo aprendiz, que se
concentraria no estudo dos pontos principais da disciplina (ao invés de “perder” muito tempo
com pontos secundários e menos importantes).
2. Experiência útil de aprendizagem para os alunos, uma vez que os obriga a revisar,
consolidar, esclarecer e integrar os diversos assuntos tratados.
3. Pode oferecer ao professor informações a respeito da eficácia dos materiais e dos
métodos que ele utiliza, bem como indícios sobre as possíveis causas para eventual mau
desempenho de algum(ns) aluno(s) (o que pode estar relacionado com falta de interesse ou
esforço dos mesmos, ou com problemas relativos aos matérias e técnicas instrucionais –
como a própria avaliação– utilizados).
Para se conseguir uma avaliação que meça e potencialize os aspectos significativos do
conteúdo que foi (e que será) ensinado aos alunos, Ausubel propõe alguns procedimentos
práticos, dentre os quais podem­se elencar:
1. Propor a solução de problemas (novos), em contexto diferente daquele originalmente
aprendido, e com enunciado “inédito”. Com isso, estar­se­ia testando a “substantividade” do
aprendizado, que só acontece na aprendizagem significativa.
2. Propor testes ao final de cada “módulo”, a fim de verificar a retenção dos diversos
conceitos abordados. Estes testes podem assumir ainda maior importância quando os
tópicos do curso estão seqüenciados a partir dos princípios da diferenciação progressiva
(“tópicos âncoras” anteriores àqueles que se ancorarão neles). Neste caso, o bom
desempenho na avaliação poderia servir como condição para se passar para um tópico
seguinte, de modo que se consolidassem as idéias que servirão de âncoras para os
aprendizados futuros, antes de se iniciar o estudo destes conteúdos (o que potencializaria
uma aprendizagem significativa).
3. Propor teste anterior ao início da disciplina (ou de alguns módulos específicos), a fim de
avaliar a presença de idéias âncoras necessárias para que o aluno possa aprender, de
forma significativa, o novo conteúdo que se intenta ensinar.
O item 3 introduz, então, uma outra finalidade da avaliação, além da de analisar o quanto os
alunos conseguiram aprender (significativamente) do material que foi ensinado. Esta nova
finalidade seria a de medir a posse e a estabilidade das idéias de esteio que serão
necessárias para se trabalhar os novos conteúdos do curso, e que não foram trabalhadas
nesta disciplina. Isso é muito importante, pois a aprendizagem significativa depende disso, e
idéias pouco estáveis podem conduzir a um esquecimento (obliteração) do tipo que
representa perda de informação.
 
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Organizadores Prévios
Feitas a seleção, a sequenciação e a preparação dos conteúdos mais pertinentes do curso,
e avaliando­se a posse, clareza e estabilidade das necessárias idéias de esteio para se
trabalhar significativamente este novo material, Ausubel propõe uma fase seguinte, que seria
a da preparação dos organizadores prévios, em função destes três fatores mencionados.
Segundo Faria (1989, pp 33 e 34), organizadores prévios são materiais introdutórios
destinados a facilitar a aprendizagem de tópicos específicos ou conjunto de idéias
consistentemente relacionadas entre si.
A finalidade de um organizador prévio é prover idéias de esteio, ou evidenciá­las na
estrutura cognitiva do aluno, de modo a potencializar ao estudante uma aprendizagem
significativa. Portanto, ele não deve ser confundido com introdução ou resumo, uma vez que
sua função não é (somente) fornecer uma visão geral sobre o que se vai estudar, ou apontar
os pontos principais do conteúdo em questão. A função do organizador prévio é potencializar
a criação de relações não­arbitrárias e substantivas entre os novos conceitos e as idéias que
lhes servirão de âncora na estrutura cognitiva do aluno, através da “inserção” ou da
explicitação destas idéias.
É neste sentido que Moreira & Masini (1982, pp 12­13) afirmam: a vantagem [do organizador
prévio] é permitir ao aluno o aproveitamento das características de um subsunçor, ou seja:
a) identificar o conteúdo relevante na estrutura cognitiva e explicar a relevância deste
conteúdo para a aprendizagem do novo material;
b) dar uma visão geral do material em um nível mais alto de abstração, salientando as
relações importantes;
c) prover elementos organizacionais inclusivos, que levem em consideração mais
eficientemente e ponham em melhor destaque o conteúdo específico do novo material.
 
Para tal, Ausubel distingue dois tipos de organizadores possíveis: expositivo e comparativo.
Organizador Expositivo
Este tipo surge quando as novas idéias e conceitos a serem aprendidos não possuem as
necessárias idéias mais inclusivas na estrutura cognitiva do aluno. Em outras palavras,
quando o aluno não possui familiaridade com o assunto, deve­se recorrer a este
organizador, que funcionaria, então, como ponte cognitiva entre aquilo que o estudante já
sabe e aquilo que se deseja que ele aprenda.
Seja, para ilustrar este conceito, o caso proposto por Masini (Moreira & Masini, 1982, pp 80­
81), onde se deseja estudar o núcleo das células. Para introduzir este estudo, ela faz uma
relação entre a geração dos seres vivos animais e vegetais, mostrando que
independentemente de serem eles uni ou pluricelulares, todos surgem a partir de uma única
célula que lhes é transmitida por aqueles que os geraram. Assim, não só as características
próprias da espécie, como também as especificidades de cada célula em um organismo
pluricelular devem estar mapeadas nesta primeira “célula­mãe”. Mas para que isso
aconteça, deve existir alguma coisa nas células que seja responsável por estas
transmissões... E isso é que vai servir de ponte para ele introduzir os conceitos relativos ao
núcleo celular. O que ela faz é, a partir de algo que já se sabe (os frutos da reprodução de
uma dada espécie carregam as características próprias desta espécie; e organismos
pluricelulares possuem células diferentes entre si), introduz uma nova informação (relativa
ao fato de que todo indivíduo surge originariamente a partir de uma única célula), que vai
servir de ponte para ligar o estudo do núcleo celular (que será o responsável por estas
“transmissões”) com idéias que o aluno já domina.
O organizador funciona, então, como algo que contextualizaria o aprendizado de um
determinado conteúdo, mostrando formas de ligar estas novas idéias com outras já
existentes. Além de servir como esta “ponte cognitiva”, ele pode ser altamente motivador
para os alunos, uma vez que apresenta situações concretas em que este novo conteúdo
pode se relacionar com algo constitutivo das realidades específicas deles.
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No caso do organizador expositivo, as novas idéias e conceitos que serão ensinado no curso
devem estar subordinados às –serem mais específicos do que– idéias que lhes servirão de
ponte com a estrutura cognitiva do aprendiz. Assim, aquilo que será utilizado para ligar estas
duas realidades –o que já se sabe e aquilo que se deve aprender– deve ser mais amplo,
geral e inclusivo do que todos os conceitos que serão abordados a partir daquele
organizador. E isso nos conduz a uma constatação interessante: os organizadores (mesmo
os comparativos que serão vistos a seguir) podem ser elaborados em vários níveis: na
introdução de uma disciplina, na introdução das várias partes de uma dada disciplina e/ou na
introdução dos vários assuntos relativos a cada parte de uma disciplina.
 
Organizador Comparativo
Para a situação em que já existem idéias às quais se podem ancorar os novos conceitos (e
idéias) a serem trabalhados no curso, pode­se utilizar o organizador comparativo. Neste
caso, o novo conteúdo seria primeiramente trabalhado a partir das semelhanças e
diferenças existentes entre ele e aquilo que já é sabido.
Um exemplo disso seria, na literatura, iniciar o estudo de um período literário a partir das
semelhanças e diferenças que ele guarda com o anterior. Assim, a aprendizagem
significativa sobre o arcadismo (ou neoclassicismo) pode ser facilitada através de
comparações com o barroco, seu antecessor. Além disso, utilizando­se os princípios da
reconciliação integrativa, este mesmo período literário, que supervalorizava a vida bucólica e
a necessidade de se viver intensamente, pode ser mais bem compreendido a partir do
contexto da urbanização e da revolução industrial (jornadas de trabalho extremamente
longas) por qual passava a Europa, berço deste movimento.
No entanto, deve­se tomar bastante cuidado para que as semelhanças e diferenças sejam
bem elucidadas a fim de que as idéias (âncora e nova) não se misturem, se confundam ou
que uma se reduza à outra. O organizador comparativo não tem como finalidade a
subordinação das novas idéias às já existentes na estrutura cognitiva do aluno. Na maioria
das vezes, os conceitos estão no mesmo nível hierárquico, de modo que a aprendizagem se
dá de forma combinatória. A papel assumido pelo organizador é portanto aproveitar as
possíveis analogias, evidenciando as peculiaridades, semelhanças e diferenças existentes
entre o conjunto de idéias que já se sabe e as idéias mais inclusivas relativas ao conteúdo
que se deseja ensinar. Uma vez estabelecidas as bases necessárias para a aprendizagem
significativa do novo conteúdo (idéias mais amplas/ inclusivas aprendidas significativamente
pelo aluno), ele passará a ser trabalhado através do princípio da diferenciação progressiva
em direção aos conceitos sucessivamente mais específicos.
Antes de terminar esta seção sobre os organizadores, cabe uma consideração interessante
acerca da possibilidade de ambos coexistirem em um mesmo curso. Na prática, um
organizador não exclui o outro. Seja, por exemplo, o estudo de circuitos elétricos. Como já
se ressaltou diversas vezes, este estudo pode ser iniciado através de uma analogia com
sistemas hidráulicos, o que consiste tipicamente em um organizador comparativo. No
entanto, este mesmo estudo poderia ter sido “motivado” a partir do exemplo da política do
governo de racionar energia elétrica, que é conhecida por todos os alunos. O organizador –
agora do tipo expositivo– a ser utilizado poderia ser o aumento da demanda por parte dos
consumidores, que estaria associado à impossibilidade de as usinas hidrelétricas gerarem
mais energia, porque o volume de água restante nos reservatórios delas, e que
potencialmente se converterão em energia elétrica não seria suficiente para sustentar esta
demanda até a próxima estação de chuvas, quando os reservatórios seriam “recarregados”
de água (conhecimentos que alunos deveria possuir). A partir do conceito de demanda
(relacionado à potência (= tensão x corrente)), que serviria de ponte cognitiva entre aquilo
que o aluno já sabe e o que se deseja que ele aprenda, poder­se­ia inserir os conceitos de
corrente, tensão e potência. Neste nível, a analogia com sistemas hidráulicos também
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poderia facilitar, de modo que, neste caso, o uso combinado de ambos os organizadores
potencializaria um aprendizado mais contextualizado e motivador (relativo ao organizador
explicativo), a partir de conceitos que possuem alguma familiaridade com aquilo que o aluno
já sabe (organizador comparativo).
Os organizadores prévios, tidos por muitos como a maior contribuição de Ausubel, tem um
papel muito importante com relação à obliteração, que é o progressivo esquecimento dos
conceitos/ idéias mais específicos em prol dos mais inclusivos aos quais estão ligados, que
são retidos na estrutura cognitiva. Neste caso, os organizadores funcionariam no sentido de
evidenciar os “reais” esteios dos diversos conceitos a serem “ensinados”. Além disso, teriam
o papel de prover maior estabilidade e clareza a estas idéias âncoras. Com isso, as idéias
que seriam subordinadas a outras mais amplas, estariam “ligadas corretamente” a elas, de
modo que a obliteração não agregaria perda de informação, visto que o subsunçor já estaria
suficientemente modificado, de modo a abarcar o eventual alargamento de sentido trazido
pela idéia mais específica. De outro modo, como os organizadores têm esta função de
evidenciar a discriminação entre os diversos conceitos, e como apenas as idéias mais
discrimináveis dos significados mais inclusivos estabelecidos são retidas por longo prazo
(Aragão, 1976, p 17), eles ajudariam na “consistência” e na “longevidade” das idéias
envolvidas. E isso aconteceria mesmo em relações do tipo combinatória, de modo que a
distinção entre os significados garantiria a “sobrevivência” de ambos, sem uma mistura ou
redução de um ao outro.
 
Aplicação dos diversos conceitos
Uma vez explicados os principais conceitos da teoria de Ausubel, e que se julgaram
pertinentes no contexto deste trabalho, cabe apresentar a forma como eles podem ser
utilizados na preparação do material instrucional e na preparação/ condução das aulas.
Em ambos os casos a proposta de Ausubel não difere muito: primeiramente deve­se
selecionar os aspectos mais relevantes do conteúdo em questão, em função da sua
importância para aquela disciplina e do seu poder de inclusividade (serem suficientemente
amplos para servirem de subsunçores das idéias e conceitos que serão trabalhados durante
o curso). Feito isso, deve­se sequenciar este conteúdo de forma pertinente, de modo que se
trabalhe sempre a partir dos conceitos mais amplos em direção aos conceitos mais restritos,
através da diferenciação progressiva. Além disso, todas as eventuais relações entre os
diversos conceitos a serem trabalhados devem ser explicitadas a contento de modo a se
facilitar a reconciliação integrativa. Determinada a seqüência e estabelecida as relações
entre os diversos conceitos, estar­se­á de posse das idéias mais inclusivas deste conteúdo,
me que devem ser primeiramente internalizadas pelo aluno. Esta internalização é
potencializada, então, através do uso dos organizadores prévios, a partir daquilo que o aluno
já sabe. Feito isso, as idéias e os conceitos subseqüentes devem ser trabalhados na ordem
que se estipulou anteriormente, e as necessárias reconciliações integrativas entre estes
novos conceitos e aqueles que já se dominam devem ser realizadas adequadamente, da
mesma forma como a avaliação sobre a retenção/ aprendizagem pelos alunos dos diversos
conteúdos trabalhados.
Um outro aspecto que ainda não foi tratado diretamente (mas que pode ser deduzido a partir
do que já foi apresentado) diz respeito à questão da “adequação da aula e do material
instrucional à realidade dos alunos”. Segundo Ausubel (apud Moreira & Masini, 1982, p 88),
o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já
sabe. Determine isso e ensine­o de acordo. Neste ponto, é inevitável a comparação deste
pensamento de Ausubel com o conceito de zona do desenvolvimento proximal enunciado
por Vygotsky. Em ambos os casos, apesar de os conceitos possuírem algumas
particularidades, o que se quer dizer, no contexto acadêmico, é a mesma coisa: se o que se
deseja é potencializar um aprendizado verdadeiro, o professor deve partir, em suas aulas e
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no material instrucional que utiliza, daquilo que o aluno já sabe (e não daquilo que ele
deveria saber), fazendo uso de meios, linguagem e métodos significativos para estes
aprendizes.
Mas além destas considerações gerais, nas duas próximas seções explicitaremos algumas
questões particulares relativas a cada um dos contextos específicos.
 
Preparação do material instrucional
Com relação ao material que será utilizado como base do curso (normalmente relativo a
livros ou apostilas), nem sempre é possível ao próprio professor elaborá­lo. Assim, caso se
adotem materiais que não respeitem os princípios estipulados por Ausubel, o professor pode
recorrer a guias de estudos, onde seria proposta uma seqüência que melhor satisfizesse ao
princípio da diferenciação progressiva. Nestes roteiros podem também ser evidenciadas as
relações, por vezes indiretas, existentes entre os diversos conceitos, de modo a
potencializar a reconciliação integrativa.
 
Mapas Conceituais
No sentido de se tornarem evidentes as relações hierárquicas existentes entre os diversos
conceitos relativos a um determinado conteúdo, pode ser útil a utilização de mapas
conceituais. Segundo Moreira & Masini (1982, p 45), num sentido amplo, mapas conceituais
são apenas diagramas indicando relações entre conceitos (...). Mais especificamente, no
entanto, eles podem ser vistos como diagramas hierárquicos que procuram refletir a
organização conceitual de uma disciplina ou parte de uma disciplina. Por conta disso, estas
representações podem ajudar a entender o relacionamento entre os vários conceitos
envolvidos, permitindo­se ter uma visão holística do conteúdo como um todo.
Um exemplo de mapa conceitual pode ser visto a seguir: (7)
 
Um cuidado a se tomar é o de não considerar um dado mapa conceitual como o único
conjunto de relações possíveis entre um dado conjunto de conceitos. Isto porque, como
afirma Moreira & Masini (1982, p 46), mapas conceituais traçados por diferentes
especialistas numa mesma área provavelmente refletirão pequenas diferenças em
entendimento e interpretação das relações entre os conceitos­chave dessa área. O ponto
importante é que um mapa conceitual deve ser visto como “um mapa conceitual” e não como
“o mapa conceitual” de um dado conjunto de conceitos. Ou seja, qualquer mapa conceitual
deve ser visto como apenas uma das possíveis representações de uma certa estrutura
conceitual.
Outra consideração diz respeito ao compromisso que se deve ter, na elaboração de um
mapa conceitual, entre ser claro e completo. Isso porque nem sempre apresentar todas as
possíveis relações (que significarão linhas interligando conceitos) vai facilitar o melhor
entendimento daquele conteúdo. Podem existir casos em que o mapa é tão complexo e
complicado, que o seu entendimento torna­se um obstáculo para compreender as relações
que ele tenta evidenciar.
Quanto ao melhor momento de se apresentar um mapa conceitual, parece­nos que é
quando o aluno já possui alguma familiaridade com os diversos conceitos envolvidos, de
modo que, a partir da explicação do professor, as relações evidenciadas entre eles podem
fazer­lhes sentido. Poder­se­ia utilizá­los também como material introdutório do curso/
tópico, mas isso possivelmente se daria em detrimento do real entendimento por parte dos
alunos. Além disso, por ser um construto de natureza idiossincrática (visto que duas pessoas
possivelmente traçarão mapas conceituais que não são idênticos), o entendimento destas
representações gráficas não dispensa a explicação do professor, daquele que a montou.
Isso tudo pode ser sintetizado na sentença de Moreira & Masini (1982, p 50): os conceitos e
linhas ligados num mapa conceitual não terão significado algum, a menos que sejam
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explicados pelo professor e que os estudantes tenham, pelo menos, alguma familiaridade
com a matéria de ensino.
A utilidade e a aplicação de mapas conceituais pode ser bastante vasta. Um exemplo,
diferente do seu uso por parte do professor para ajudar no entendimento de determinado
conteúdo, seria a requisição, aos alunos, de um mapa conceitual relativo a um determinado
tópico (ou à disciplina inteira). Neste caso, esta atividade poderia servir como fator a motivar/
incentivar a reestruturação cognitiva dos estudantes, que teriam que explicitar as relações
que julgam pertinentes entre os conceitos relevantes daquele material. Talvez na elaboração
destes mapas eles consigam estabelecer reconciliações integrativas (e perceber a
subordinação) entre os diversos conceitos, de modo a eliminar eventuais inconsistências e
abarcar tudo o que lhes parece importante. Uma vantagem desta forma de uso seria a
possibilidade de os alunos construírem os mapas de acordo com as suas estruturas
cognitivas, e não recebê­lo pronto segundo a estrutura de outra pessoa, o que poderia inibir
a habilidade dos alunos construírem suas próprias hierarquias conceituais (Moreira & Masini,
1982).
 
Condução das aulas
Em sua teoria, Ausubel trata mais detidamente da aprendizagem significativa por recepção,
do tipo que pode ser potencializada em uma aula expositiva preparada para tal, em
detrimento da por descoberta. Neste contexto, além das considerações já apresentadas no
início deste item, cabe destacar mais algumas, que serão tratadas a seguir.
Segundo Ausubel, o problema principal da aprendizagem consiste na aquisição de um corpo
organizado de conhecimentos e na estabilização de idéias inter­relacionadas que constituem
a estrutura da disciplina (Moreira & Masini, 1982, p 41). Desta forma, um dos maiores
trabalhos do professor consiste, então, em auxiliar o aluno a assimilar a estrutura das
disciplinas e a reorganizar sua própria estrutura cognitiva, mediante a aquisição de novos
significados que podem gerar conceitos e princípios (idem).
Por isso, não basta ter­se um material ou uma aula potencialmente significativa, se o
aprendiz não possui determinadas idéias que servirão de âncora para a aprendizagem do
novo conteúdo (segundo a estratégia dos organizadores prévios), e/ou se ele não apresenta
real interesse em aprender significativamente, ele pode aprender mecanicamente.
A questão do interesse não é de tão fácil “manipulação”, estando relacionada a fatores
sócio­culturais e idiossincráticos específicos de cada aluno, além da “atração” exercida pela
própria disciplina (em função do gosto do aprendiz pelo material a ser trabalhado), que pode
ser manipulada pelo professor. No entanto, a posse ou não das idéias de esteio sobre as
quais vai se apoiar todo o trabalho acadêmico é algo que se pode medir/ verificar. Assim,
além da análise do currículo prévio dos alunos (que indicaria a presença dos pré­requisitos
necessários), pode ser bastante útil a realização de um pré­teste, onde a presença destes
conceitos básicos, bem como sua estabilidade e clareza para o aluno, seria verificada. Caso
os estudantes não possuam alguns dos pré­requisitos necessários, e/ou o possuam de
forma instável, pode ser preciso que o professor inicie o trabalho a partir destes conceitos
deficitários para que, uma vez com eles estabelecidos de forma estável e clara na estrutura
cognitiva dos estudantes, ele possa proceder ao “ensino” do conteúdo daquela disciplina
propriamente dito.
Além destes fatores, Faria (1989, pp 44­46) propõe outros três: manutenção da atenção dos
alunos na aula; habilidade de comunicação do professor; e verificação sobre a correta
assimilação, por parte dos alunos, dos conceitos abordados pelo professor. Isso tudo exige
algumas técnicas do professor, que estão relacionadas com o seu jeito de ser. No entanto,
algumas dicas podem ser úteis, como: modificar ritmos de apresentação e tonalidade de
voz; tentar elaborar a fala de forma clara e com volume suficiente para que todos os alunos
possam escutar; fazer perguntas ou incentivar a partilha de reflexões sobre os conceitos que
foram ou estão sendo estudados.
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Preparando um curso
A partir da teoria de Ausubel, Faria (1989) propõe uma seqüência de sete etapas na
preparação de um curso:
1. Seleção dos resultados de aprendizagem:
Nesta primeira fase, sugere­se que, em função da ementa recomendada para o curso, sejam
selecionados os resultados de aprendizagem pretendidos para a disciplina a ser ministrada.
Nesta seleção, devem ser privilegiados os itens curriculares relacionados aos conceitos mais
inclusivos, ou seja, aqueles aos quais serão ligados mais conceitos importantes da disciplina
e do curso que o aluno está fazendo. Além disso, devem ser selecionados também os
conceitos sucessivamente mais específicos, relacionados aos mais amplos já escolhidos,
até um dado nível de profundidade que seja adequado aos
alunos aos quais esta disciplina estará direcionada. Esta etapa está relacionada com os
fatores substantivos da facilitação pedagógica.
2. Sequenciação do conteúdo curricular:
Uma vez selecionados (1a. etapa), os itens curriculares devem ser seqüenciados, de modo
que os mais inclusivos sejam trabalhados antes dos mais específicos, para quem servirão de
esteio. Além disso, dentro de um mesmo item curricular, estes princípios da diferenciação
progressiva também devem ser respeitados, de modo a se conseguir potencializar uma
aprendizagem significativa.
3. Reconciliação integrativa:
Consiste na aplicação deste princípio, já explicado anteriormente, ao material e à aula que
serão preparados. E isso não somente com relação aos conceitos que serão trabalhados no
curso, como na reconciliação integrativa entre eles e aqueles que os alunos já dominam, de
modo a se esclarecerem as semelhanças e diferenças existentes, e a se trabalharem
eventuais contradições (reais e aparentes).
4. Verificação dos pré­requisitos:
Uma vez determinados, seqüenciados e estruturados os itens curriculares que se julgaram
mais importantes, cabe determinar quais serão os pré­requisitos necessários que os alunos
devem respeitar a fim de poderem de fato efetuar uma aprendizagem significativa deste
novo material. Caso o professor tenha dúvidas sobre o domínio destes conceitos por parte
dos alunos, pode ser bastante útil a aplicação de um préteste.
Assim, verificando­se que boa parte dos alunos não atende aos pré­requisitos necessários
para realizar este curso, poderá ser conveniente tornar estes pré­requisitos objetivos
instrucionais, integrando­as à parte preliminar do curso.
Caso o curso seja montado segundo o esquema ausubeliano, pretende­se que as unidades
anteriores provejam os requisitos necessários para a aprendizagem significativa das
subseqüentes. Desta forma, as avaliações podem controlar a progressão dos alunos de uma
unidade para a outra. No entanto, caso sejam necessários conceitos/ idéias que não foram
trabalhados nos tópicos anteriores, mas que se julga que já foram aprendidos pelos
estudantes em alguma disciplina passada, esta avaliação sobre a retenção de um conteúdo
estudado no curso não substitui o préteste explicado acima.
5. Avaliação da aprendizagem:
Uma vez determinados os objetivos gerais do curso e os itens curriculares mais importantes,
a avaliação só faz sentido se focalizar estes pontos, e se o fizer privilegiando a
aprendizagem substantiva, não a literal. Por isso, propõem­se, na montagem de uma
avaliação: a inclusão de solução de problemas; a avaliação de um aprendizado (mais
recente) que requeira o conhecimento de um material mais antigo; a
inclusão de itens relativos a unidades estudadas a mais longo prazo.
6. Organizadores prévios:
Os organizadores prévios devem ser montados em função dos pré­requisitos que se
julgaram necessários e da sequenciação do curso, de modo a proverem os meios
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necessários a fim de que os novos conceitos a serem trabalhados nos diversos itens
curriculares possam se relacionar de forma não­arbitrária e substantiva com conceitos
previamente existentes na estrutura cognitiva do aluno.
Para tal, como se explicou, pode­se valer de um organizador comparativo ou de um
expositivo, sendo que, para cada unidade, a primeira tarefa do professor nesta sexta etapa é
distinção entre qual dos dois tipos utilizar.
7. Estratégia e recursos instrucionais para a promoção de aprendizagem significativa:
Estão relacionadas com estratégias relativas ao uso de materiais instrucionais com guias de
estudo e à apresentação de aulas expositivas. No primeiro caso, se o próprio professor
elaborar o material, deve fazê­lo, como já explicado, a partir dos princípios da diferenciação
progressiva e da reconciliação integrativa. Mas se o professor utilizar materiais já prontos
(elaborados por outras pessoas, como livros texto), pode ser útil a preparação de um guia de
estudo, onde se tente respeitar estes dois princípios fundamentais na teoria de Ausubel.
No caso da aula expositiva, os cuidados são os mesmos já apresentados anteriormente,
referindo­se à satisfação, por parte dos alunos, dos pré­requisitos necessários para a
aprendizagem significativa do que se deseja ensinar; à preparação da preleção em
consonância com os princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa; o
trabalho dos conteúdos de acordo com o que o aluno sabe e de forma significativa para ele
(linguagem, metodologia, exemplos,... que tenham a ver com a sua realidade); e ao cuidado
com fatores relativos à manutenção da atenção do aluno e à habilidade do professor em se
comunicar (fazer­se entender) bem.
Resumindo
Acreditamos que a breve explanação que se fez com relação à teoria de aprendizagem de
David Ausubel tenha sido suficientemente clara e profunda para o fim que buscamos com o
seu uso no contexto deste trabalho. Como, no entanto, foram envolvidos diversos conceitos,
relações e princípios que podem ser novos para o leitor, pensamos em prover um mapa
conceitual da teoria, explicitando (e explicando) as diversas relações que julgamos
essenciais para o seu bom entendimento, mas respeitando aquele compromisso entre ser
completo e ser claro. (8)
 
Analisando o mapa conceitual e explicitando/ explicando suas relações, temos: O processo
de aprendizagem, segundo Ausubel definiu, seria a “assimilação” pela estrutura  cognitiva do
indivíduo (que é constituída pelas idéias, conceitos e pelas relações entre eles) de novos
significados. Nesta internalização de idéias e conceitos novos, pode acontecer uma de duas
coisas: o aluno aprender significativamente ou de forma mecânica. Para que o aluno
aprenda significativamente, é preciso que ele possua vontade de aprender e tenha idéias de
esteio na sua estrutura cognitiva, às quais as novas idéias poderiam ser ligadas de forma
não­arbitrária e substantiva. Estes seriam os fatores internos (ao indivíduo). Mas para que
isso possa acontecer no contexto escolar, é preciso que o material seja
potencialmente significativo, de modo que o aluno possa estabelecer estas ligações com as
suas idéias de esteio. Estes seriam os fatores externos.
Ambas, aprendizagem significativa ou mecânica, podem acontecer tanto quando o material é
aprendido por recepção (aula expositiva) quanto por descoberta (solução de um problema
“sem assistência”, indução,...). No entanto, será somente o aprendizado significativo que
potencializará o uso daquilo que foi aprendido de forma diferente daquela que se aprendeu
(é substantivo). Além disso, o aprendizado mecânico, tende a ser esquecido em muito
menos tempo do que o significativo, visto que, em se relacionado de forma arbitrária, ele não
representa um significado novo para o aprendiz, mas uma informação desnecessária, que
rapidamente é obliterada pela estrutura cognitiva.
Na aprendizagem significativa, é necessariamente estabelecida uma relação entre o novo
conteúdo e aquele que já se sabia. A isso Ausubel denomina de formas de aprendizagem
significativa, sendo definidas três categorias possíveis:
25/04/2017 A TEORIA COGNITIVISTA DE AUSUBEL
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• Subordinação: quando o novo conteúdo é uma especificação, uma particularidade, de algo
mais geral que já se sabe. Neste caso, aquilo que vai ser aprendido pode ser um mero
exemplo que em nada alarga o entendimento daquilo que lhe serviu como âncora,
constituindo, então, em subordinação derivativa.
Quando, no entanto, aquilo que se aprende é um exemplo que alarga o seu subsunçor, a
aprendizagem é dita subordinada correlativa. Nos dois casos de subordinação, o novo
conteúdo é hierarquicamente inferior àquilo que lhe serviu de esteio.
• Superordenação: ocorre quando o que se aprende é mais geral do que as idéias que lhe
serviram como âncora, de modo que na hierarquia da estrutura cognitiva, estará posicionado
acima destas idéias/ conceitos.
• Correlativa: acontece quando o novo conteúdo não é mais específico nem mais amplo do
que aquilo que lhe serviu de esteio. Neste caso, as idéias guardam entre si um mesmo nível
hierárquico, não estando nenhuma subordinada à outra.
Ausubel não se preocupa com a aprendizagem significativa por descoberta, dando ênfase
muito grande na por recepção. Neste caso, ele propõe alguns princípios e métodos que
podem facilitá­la:
• Seleção dos itens curriculares relevantes: corresponde à escolha dos itens curriculares
mais inclusivos e importantes para o bom entendimento do conteúdo que se deseja ensinar.
Esta escolha deve ser feita em função daquilo que o aluno deve aprender da disciplina e em
função do contexto específico que se tem (tipo e formação dos alunos).
• Diferenciação progressiva: equivale ao princípio segundo o qual os conteúdos devem ser
apresentados, sempre, a partir dos conceitos/ idéias mais amplos para os mais específicos.
Desta forma, uma vez escolhidos os itens curriculares mrelevantes, deve­se sequenciá­los
de modo que os mais gerais sejam trabalhados antes dos mais específicos, dos quais
servirão como subsunçores.
• Reconciliação integrativa: no processo de montagem da aula e do material instrucional, e
no trabalho de “ensiná­los” para os alunos, é preciso que se tenha o cuidado para se
efetuarem todas as relações necessárias entre as idéias que se deseja que os alunos
aprendam, e entre elas e as idéias que eles já possuem. Neste sentido, deve­se evidenciar
semelhanças e diferenças entre conceitos e idéias, bem como ajudar os alunos na solução/
entendimento de eventuais contradições (reais ou aparentes).
• Avaliação: assume dois papéis na facilitação pedagógica: avaliar se os alunos possuem os
pré­requisitos necessários para a aprendizagem significativa de um novo conteúdo; e avaliar
se um novo conteúdo ensinado durante o curso foi internalizado adequadamente. Além
disso, pode ajudar o professor no entendimento de eventuais insucessos de seus alunos,
bem como pode servir de
guia/ motivação para o estudo dos estudantes.
• Organizador prévio: é um material introdutório: que vai servir como ponte cognitiva entre
aquilo que já se sabe e algo novo, que se deseja ensinar, mas com o qual não se tem
familiaridade (organizador explicativo); ou que vai se utilizar de idéias já existentes na
estrutura cognitiva do aluno, de modo que o novo conteúdo é inicialmente trabalhado a partir
das diferenças e semelhanças que possui com
relação àquilo que já se sabe (organizador comparativo). Em ambos os casos, o organizador
serve para que se possam estabelecer de maneira significativa, na estrutura cognitiva do
aluno, as idéias mais gerais relativas ao conteúdo que se deseja ensinar, a partir das quais
as mais específicas serão trabalhadas (segundo os princípios da diferenciação progressiva e
da reconciliação integrativa).
 
Notas
1 Fenomenológico = experiência “sentida” que a pessoa tem frente a um fenômeno (que tem
significado para a pessoa; inclui os aspectos conotativos e denotativos). (baseado em
Moreira & Masini, 1982, p 104)
25/04/2017 A TEORIA COGNITIVISTA DE AUSUBEL
http://www.robertexto.com/archivo3/a_teoria_ausubel.htm 21/21
2 Uma idéia âncora é denominada subsunçor de uma nova idéia, quando esta nova idéia
além de se ligar à primeira de forma significativa, o faz por subordinação. Assim, este termo
não é um perfeito sinônimo dos outros apresentados.
 
Referências Bibliográficas
ARAGÃO, R. M. R., Teoria da Aprendizagem Significativa de David P. Ausubel. Tese de
Doutoramento, Campinas, 1976.
FARIA, W. de. Aprendizagem e planejamento de ensino. São Paulo, Ática, 1989.
MOREIRA, M. A. & Masini, E. F. S., Aprendizagem Significativa – a teoria de David Ausubel.
São Paulo, Moraes, 1982.
 
BIBLIOGRAFIA
AUSUBEL, D., NOVAK, J., & HANESIAN, H. Educational Psychology: A Cognitive View (2nd
Ed.). New York: Holt, Rinehart & Winston, 1978.
AUSUBEL, D. The Psychology of Meaningful Verbal Learning. New York: Grune & Stratton,
1963.
AUSUBEL, D. In defense of advance organizers: A reply to the critics. Review of Educational
Research, 48, 251­257, 1978.
BRAATHEN, Per Christian. A Case Study of Prior Knowledge, Learning approach and
conceptual change in Introductory College Chemistry Tutorial Program. Madison, University
of Wisconsin, 1987.
PEDUZZI, L. O. Q. Algumas fases ou estágios na resolução de problemas­ Sobre a
resolução de problemas no ensino da física. Caderno Catarinense de Ensino de Física,
Volume 4, Número 3, Pág. 229 a 253, Dez/1997
MASON, C. (1992). Concept mapping: a tool to develop reflective science instruction.
Science Education, 76 (1), 51­63.
MOREIRA, Marco Antônio. Guia de estudos individual. In: _________ Ação docente na
Universidade. Porto Alegre, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 1985.
Pag 116 a 135
MOREIRA, Marco Antônio. Uma Abordagem Cognitivista ao Ensino da Física. Porto Alegre,
Ed. da Universidade, UFRGS, 1983
NOVAK, J.D., & Gowin, D.B. (1984). Learning how to learn. New York, N.Y.: Cambridge
University Press. (traduzido em Português pela Plátano,1999)
SZTAJN, Paola. Resolução de problemas, formação de conceitos matemáticos e outras
janelas que esse abrem. Educação em Revista, Belo Horizonte, edição 20 a 25 de dez/94 a
jun/97, pag 109­122, 1997.
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