1. O que não expressamos permanece
reprimido
Mark Nepo
Imagens:
Mandalas de flor
by Kathy Klein
2. Parece que quanto mais nos expressamos, quer dizer, quanto mais
colocamos para fora o que está em nosso interior, mais vivos estamos.
Quanto mais damos voz à nossa dor de viver, menos barreiras entre
nossa alma e o mundo.
Por outro lado, quanto mais nos reprimimos, quanto mais represamos,
e nos fechamos em nós mesmos, menores nos tornamos.
3. Quanto mais acumulamos
em nosso coração e em
nosso cotidiano, mais temos
de nos esforçar para sentir
a vida diretamente.
Tanto que nossa vida
não expressada
pode se tornar um calo
que carregamos e cuidamos,
mas nunca removemos.
A vida pode, de fato, perder sua suavidade.
Erroneamente concluímos que ela está perdendo seu sentido,
quando somos nós que não estamos sentindo mais o sabor
das emoções essenciais.
4. Por exemplo, para uma pessoa
que não percebe que está com
catarata, é o mundo que
parece escurecer, não sua
vista.
Quantas vezes achamos o
mundo menos estimulante,
inconscientes de que nosso
coração está diminuído e
sufocado por todas as coisas
que permaneceram
reprimidas?
Confesso que, por muitas razões, sempre me senti invisível
em minha família e em certos grupos.
5. Inicialmente, o problema se
originou por querer agradar a
todo custo uma mãe
centralizadora.
Isso me levou a anos de
mágoas e rejeições nunca
reveladas, que formaram um
calo no meu coração.
Sou e sempre fui uma pessoa
muito aberta e sensível, mas,
além de certo ponto,
meu íntimo não podia ser
tocado.
6. Embora esse calo tenha começado
a se desenvolver a partir
do relacionamento
com minha mãe, isso afetou o modo
como me relacionava com qualquer um.
Finalmente,
percebi que o mundo não
estava perdendo sua cor,
mas eu é que estava apagando as
cores das emoções.
7. Dizer isso agora
tão calmamente não reflete
como foi difícil,
longo e doloroso tomar
consciência desse problema.
Ele veio à tona para mim
gradualmente, à medida
que passei a reconhecer
e dar voz
à sensação de invisibilidade
que carreguei por toda a vida.
Parece que a nossa autenticidade está ligada
ao que é expresso e ao que é reprimido.
8. Assim como as flores
precisam de raízes saudáveis
para florescer,
os sentimentos somente podem expressar
sua beleza, quando estão cuidadosamente
enraizados em nós,
rompendo o solo de algum modo
e desabrochando.
É esse delicado e paradoxal
pedacinho de chão
entre a superfície e o fundo,
entre a flor e a raiz,
entre o que é libertado e o que é contido,
que continuamente determina se
estamos vivendo nossa vida, ou não.
9. Texto extraído de:
O Livro do Despertar
Mark Nepo
São Paulo
Editora Gente – 2006
Imagens:
agradecimentos a
Vera Alba pelo envio
Música;
La Puerta
Orquestra Romântica Brasileira
Formatação:
Eliana Crivellari
20/10/2012
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