O valor de mercado da Petrobras encolheu em US$ 200 bilhões desde o início do governo Dilma Rousseff. Em 31 de dezembro de 2010, um dia antes da posse de Dilma Rousseff, a empresa valia US$ 228,211 bilhões. Ao final do pregão de 22/01/2016, o valor de mercado da Petrobras era de US$ 28,032 bilhões, isto é, uma queda de quase 90%. O ano de 2015 terminou com a empresa endividada em R$ 522 bilhões. Este é o resultado de 12 anos de incompetência gerencial e corrupção da gestão petista que transformou a Petrobras de modelo de eficiência empresarial em um abrigo de larápios segundo a Operação Lava-Jato. Os resultados desastrosos da Petrobras resultaram não apenas da má gestão e das decisões equivocadas de seus dirigentes nos investimentos realizados como, por exemplo, a aquisição das refinarias de Pasadena nos Estados Unidos e de Okinawa no Japão e a construção da refinaria Abreu e Lima no Brasil, mas também da corrupção. A Petrobras chega à pior situação de sua história ao se transformar na petroleira mais endividada do planeta.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
A petrobras tem futuro comprometido
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A PETROBRAS TEM FUTURO COMPROMETIDO
Fernando Alcoforado*
O valor de mercado da Petrobras encolheu em US$ 200 bilhões desde o início do
governo Dilma Rousseff. Em 31 de dezembro de 2010, um dia antes da posse de
Dilma Rousseff, a empresa valia US$ 228,211 bilhões. Ao final do pregão de
22/01/2016, o valor de mercado da Petrobras era de US$ 28,032 bilhões, isto é,
uma queda de quase 90%. O ano de 2015 terminou com a empresa endividada em R$
522 bilhões. Este é o resultado de 12 anos de incompetência gerencial e corrupção da
gestão petista que transformou a Petrobras de modelo de eficiência empresarial em um
abrigo de larápios segundo a Operação Lava-Jato. Os resultados desastrosos da
Petrobras resultaram não apenas da má gestão e das decisões equivocadas de seus
dirigentes nos investimentos realizados como, por exemplo, a aquisição das refinarias
de Pasadena nos Estados Unidos e de Okinawa no Japão e a construção da refinaria
Abreu e Lima no Brasil, mas também da corrupção. A Petrobras chega à pior situação
de sua história ao se transformar na petroleira mais endividada do planeta.
A divulgação do balanço da Petrobras referente a 2014, devidamente auditado
comprova que o assalto praticado pelo aparelhamento da empresa pelos governos
petistas não foi apenas de R$ 6,2 bilhões contabilizados no balanço como perdas
patrimoniais em função do superfaturamento de contratos firmados entre a companhia e
o “clube de empreiteiras”, fonte que irrigou bolsos de altos funcionários e campanhas do
PT, alguns partidos aliados dos governos petistas e políticos diretamente. A Petrobras
informou que outros R$ 44,6 bilhões de prejuízos resultaram também da postergação
dos projetos do Comperj (polo petroquímico em Itaboraí, RJ) e da Refinaria Abreu e
Lima (PE), causados, entre diversos motivos, por “problemas na cadeia de fornecedores
oriundos das investigações da Operação Lava-Jato”. (Ver o artigo O verdadeiro custo
da corrupção na Petrobras disponível no website <http://oglobo.globo.com/opiniao/o-
verdadeiro-custo-da-corrupcao-na-petrobras-16090829#ixzz3y6VM7I9a>).
Com mais de 70% de sua dívida em moeda estrangeira, a Petrobras está extremamente
vulnerável à variação cambial a ela bastante desfavorável. Com o aumento da dívida,
cresce a alavancagem da empresa, isto é, o tamanho dos débitos em comparação com o
tamanho da companhia. Analistas olham para indicadores de alavancagem para estimar
a capacidade de uma empresa pagar suas dívidas. Segundo cálculos do Centro Brasileiro
de Infraestrutura (CBIE), com a alta do dólar, um desses indicadores, a relação entre o
endividamento líquido e o patrimônio, chegaria a 58%. A Petrobras define como 35% o
patamar aceitável para esse índice. Isto significa dizer que a Petrobras ultrapassou dos
limites de alavancagem.
Além de estar extremamente endividada, a Petrobras está sendo ameaçada pela
redução de sua receita com as exportações de óleo bruto e com a venda de
derivados de petróleo como nafta e querosene de aviação devido à queda no preço
do barril de petróleo no mercado internacional. A redução de sua receita torna
ainda mais duvidosa a realização dos investimentos em novos projetos de
exploração e produção da Petrobras. Também afugenta os investidores com dúvidas
sobre uma possível capitalização da empresa, a eficácia dos cortes de investimentos
e da venda de ativos já anunciada pela empresa. Estas incertezas somam-se ao
escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato e aos processos judiciais
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em andamento nos Estados Unidos que podem resultar no pagamento de
indenização bilionária aos acionistas norte-americanos da empresa.
A reação dos mercados financeiros a tudo isto foi imediata. O preço das ações da
Petrobras voltou ao nível de 1999 nas bolsas de valores. Desde o final de 2010, a
Petrobras perdeu 90% do valor de mercado. Esse desempenho tirou a estatal da lista de
500 maiores empresas de capital aberto do mundo, elaborado pela Bloomberg. Piorando
a catastrófica situação em que se encontra a Petrobras, a agência Moody’s rebaixou em
24 de fevereiro de 2015 todas as notas de crédito da empresa, incluindo a da dívida em
moeda estrangeira. Assim, a Petrobras perdeu o grau de investimento. O rebaixamento
da Petrobras pela Moody’s para o grau especulativo é uma sinalização forte para o
mercado da deterioração financeira da empresa e do aumento do risco de atrasos ou não
pagamentos de sua dívida.
Os resultados práticos da perda do grau de investimento são o aumento do custo
incorrido pela Petrobras para emitir novos títulos de capitalização, porquanto os
credores exigirão maiores juros para comprar esses títulos e a redução da quantidade de
potenciais credores, devido aos regulamentos de diversos fundos de investimentos, que
vedam a aquisição ou manutenção de títulos de empresas com grau especulativo. Estas
são duas consequências absolutamente inoportunas neste momento em que a Petrobras
carrega uma das maiores dívidas empresariais do mundo e executa um plano de
investimentos que exige recursos além de sua capacidade de geração de receita. Toda
esta situação coloca em xeque o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras, para o
período de 2014 a 2018, que prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões
majoritariamente na área de Exploração e Produção, cuja meta principal é atingir a
produção de 3,2 milhões de barris por dia de petróleo e líquido de gás natural em 2018.
O rebaixamento do rating da Petrobras pela agência Moody’s traz dificuldades para a
Petrobras uma vez que a empresa previa captação de recursos externos, pois a geração
de recursos próprios não é suficiente para garantir seus planos de investimento. Isto
significa dizer que a Petrobras não terá capacidade financeira para arcar com as
obrigações que lhe impõe o regime de partilha do pré-sal que prevê sua participação em
no mínimo 30% dos investimentos. Para completar a situação catastrófica da Petrobras,
ela se defronta com a possibilidade de inviabilização econômica de sua produção de
petróleo. Isto se deve ao fato de a Petrobras ter um custo médio de produção de US$ 31
por barril, enquanto o preço do barril no mercado internacional se encontra abaixo de
US$ 30 e tende para US$ 20. O custo médio de produção da Petrobras de US$ 31 por
barril é obtido considerando o custo de produção de petróleo que é da ordem de US$ 28
por barril somado ao custo de refino que é da ordem de US$ 3 por barril.
Esta difícil situação em que se encontra a Petrobras coloca na ordem do dia a
necessidade de repensar a exploração do Pré-sal. Há dois grandes problemas da
Petrobras em relação ao Pré-sal: O primeiro é o de sua viabilidade econômica que fica
comprometida em um cenário de baixa dos preços do petróleo no mercado
internacional, já que a extração das reservas do pré-sal é tecnologicamente complexa e
cara. O segundo resulta do fato de que as denúncias de corrupção e a situação
administrativa da empresa dificultarão a captação de recursos para o financiamento dos
projetos. Segundo a Petrobras, o Pré-sal seria viável com o preço internacional do barril
do petróleo cotado a US$ 45. Considerando o fato do preço atual do barril de petróleo
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no mercado internacional se encontrar abaixo de US30 com tendência a cair para
US$20, a exploração do pré-sal fica economicamente inviável.
Em face desta situação, a Petrobras teria que adotar uma das duas alternativas descritas
a seguir: 1) vender ativos como já está ocorrendo com a venda da refinaria de Okinawa
no Japão e da Transpetro e de sua participação na Braskem e se capitalizar atraindo
recursos oriundos do setor privado com a consequente redução da participação do
governo federal no capital da empresa; e, 2) capitalizar a empresa com recursos do
governo federal. Na alternativa 1, a Petrobras caminharia na direção de sua privatização
e/ou desnacionalização seja com a transferência para o setor privado de parte de seus
ativos e o aumento da participação de recursos privados no capital da empresa e, na
alternativa 2, a Petrobras continuaria estatal com o aumento da participação do governo
federal no capital da empresa.
Dessas alternativas, o mais provável é que prevaleça a alternativa 1 porque o governo
federal, acionista majoritário da empresa, pouco pode fazer para salvá-la da bancarrota,
porquanto está também em situação pré-falimentar e sem capacidade de reverter o
quadro atual da economia brasileira com o comando do País em mãos incompetentes.
Diante de toda esta situação, a tendência é a Petrobras ser privatizada e
desnacionalizada com a privatização de grande parte de seus ativos e o aumento da
participação privada no capital da empresa para se safar da grave situação financeira em
que se encontra. Este é o resultado da gestão temerária e incompetente do País e da
Petrobras nos últimos 12 anos de gestão petista. A privatização e a desnacionalização da
Petrobras só não acontecerão se o povo brasileiro lutar para reverter esta tendência.
* Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no Brasil-
Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).