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Levítico 15,25-27.
[...]Todo o leito sobre o qual ela se deitar
durante todo o tempo do seu fluxo[...] Todo o
móvel sobre o qual se assentar ficará
impuro[...] Quem a tocar também ficará
impuro.
Ela viera das terras distantes de
Cesareia de Filipe, na Decápole. Era
considerada impura, pois há doze
anos um fluxo sanguíneo não a
deixava. Recorrera a todos os métodos
possíveis, na ânsia da cura.
Ela chegou à cidade no momento em
que o Profeta de Nazaré acabava de
regressar de Gadara e saltara nas
alvejantes praias de Cafarnaum. O povo
se aglutinara ao Seu redor. Na noite
anterior, uma formidável tormenta
sacudira as águas de Genesaré. Todos
acorriam para ver o Rabi que
sobrevivera à tempestade, com Seus
discípulos.
Pelos caminhos, ela ouvira falar dAquele
homem, pela boca dos que tinham sido
abençoados por Suas mãos e haviam
recuperado a saúde.
Um cavalheiro distinto se aproxima.
É o chefe da sinagoga local.
Chama-se Jairo e roga a presença de Jesus
em sua casa, para curar sua filha. A multidão,
sempre ávida de novidades, acompanha
Jesus, Jairo e os Apóstolos.
O povo se comprime. Todos
almejam chegar mais perto. A
figura de Jesus se destaca com Sua
túnica tecida sem costura, Seu
manto quadrangular de borlas em
fios de linho. As pessoas falam,
rogam, comentam. Ele mantém a
serenidade. Seus passos são
firmes e seguem o pai
amargurado pela enfermidade da
filha.
A mulher tenta aproximar-se dEle.
O coração parece lhe saltar do
peito. Quanto almejou aquele
momento!
Contudo, agora, a voz parecia lhe
morrer na garganta.
O que dizer-Lhe?
Como falar da sua desdita,
expondo-se, em meio a tanta gente?
Ela acreditava nEle. Parecia
sentir que uma força
extraordinária se desprendia
dEle. Todo Ele era grandeza.
Almejava gritar, pedir socorro,
tocá-lO.
Isto: tocá-lO seria suficiente
para que se curasse.
Então, numa rua estreita,
enquanto a multidão se
adensava cada vez mais, ela
aproximou-se por trás,
alongou o braço esquálido e
lhe tocou as vestes com a
ponta dos dedos.
Maravilha! O sangue estancou. A
dor se foi.
Uma sensação estranha a
dominou.
Sentiu-se renovada.
Foram alguns segundos de êxtase.
Logo, a voz dEle se destacou na
multidão:
Quem me
tocou?
Os discípulos lhe dizem que
é impossível saber, pois
todos O apertam,
comprimem.
Como saber quem O tocou?
Alguém me tocou, insiste Ele,
porque senti que saiu de mim
uma virtude.
Seu segredo fora descoberto.
Ela atira aos pés dEle e confessa:
Fui eu, Senhor. Guardava a certeza que, em
tocando-Te as vestes, recuperaria a saúde.
Jesus a envolve em Seu olhar e
a sossega:
Filha, vai em
paz.
A fé te salvou.
Fica livre do teu
mal!
Lágrimas de júbilo a tomam.
Os mais próximos lhe
indagam, curiosos, desejando
saber o que aconteceu.
Ele se vai, enquanto ela
permanece ali, imóvel.
Passados alguns dias, ela voltou ao seu lar, do outro lado do mar. Os que a
haviam conhecido anteriormente, querem os detalhes da cura e ela não
se cansa de repetir seu encontro singular.
No entanto, se recuperara a saúde do corpo, perdera a paz do Espírito.
Tudo em sua intimidade lhe dizia que ela deveria retornar para ouvi-lO,
plenificar-se de Luz. Ele era o Enviado.
Despediu-se dos amigos, dos parentes e retornou. Seguiu-O por toda
parte, nas cidadezinhas próximas, na orla do mar, alimentando o Espírito
com as palavras dEle, que eram fonte de Vida.
Então, Ele foi preso. Às horas de angústia da incerteza do
destino dEle, se seguiu a cruel subida até a Colina da
Caveira. Sob o peso do madeiro que carrega,
enfraquecido por não ter Se alimentado desde a noite
anterior e pelas longas horas de flagelação, Ele cai
Ela não se contém. Burla a vigilância dos soldados e
corre-lhe ao encontro. Com uma toalha branca que
trazia, evolve-lhe a face ensanguentada e dorida.
Quando a retira, nela estava estampado o rosto dEle, tingido pelo
sangue.
Ele a olha demoradamente, naquele átimo de minuto.
Os lábios entreabertos nada dizem.
Ela ouve, porém, no imo, Sua voz, como antes:
Vai em paz! Lembrar-me-ei de ti...
Antigas tradições cristãs dizem que essa mulher se chamava
Serápia e que, a partir desse episódio, ficou conhecida como
Verônica, que quer dizer: verdadeira imagem.
Um dos Evangelhos apócrifos, Atos de Pilatos, informa que seu nome seria
Berenice.
Serápia, Verônica ou Berenice – que importa?
O que ressalta é o exemplo de gratidão que se permite
externar.
Ela acompanha o Mestre, na Sua caminhada dolorosa, rompe
o cordão de isolamento, afrontando a soldadesca, tudo para
limpar o rosto Daquele que um dia a envolvera em Seu olhar
amoroso, desejando Paz.
Ele lhe retribui o gesto, deixando impresso Seu semblante na toalha
alvinitente.
Verônica é uma das mulheres, dentre tantas, que, reconhecida pela
atenção do Mestre, O acompanha a todo lugar, bebendo da Sua
sabedoria e formando como que uma coroa humana de profunda
gratidão ao Seu redor.
Fim
01.FRANCO, Divaldo Pereira. A mulher hemorroíssa. In:___. As
primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Rio de
Janeiro: Sabedoria, 1967.
02.ROHDEN, Huberto. A hemorroíssa. In:___. Jesus Nazareno. 6.
ed. São Paulo: União Cultural. v. I, pt. 2.
03.ROPS, Daniel. Quando o canto do pássaro se cala. In:___. A vida
quotidiana na Palestina ao tempo de Jesus. Livros do Brasil. cap.
12, item IV.

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  • 1.
  • 2. Levítico 15,25-27. [...]Todo o leito sobre o qual ela se deitar durante todo o tempo do seu fluxo[...] Todo o móvel sobre o qual se assentar ficará impuro[...] Quem a tocar também ficará impuro.
  • 3. Ela viera das terras distantes de Cesareia de Filipe, na Decápole. Era considerada impura, pois há doze anos um fluxo sanguíneo não a deixava. Recorrera a todos os métodos possíveis, na ânsia da cura.
  • 4. Ela chegou à cidade no momento em que o Profeta de Nazaré acabava de regressar de Gadara e saltara nas alvejantes praias de Cafarnaum. O povo se aglutinara ao Seu redor. Na noite anterior, uma formidável tormenta sacudira as águas de Genesaré. Todos acorriam para ver o Rabi que sobrevivera à tempestade, com Seus discípulos.
  • 5. Pelos caminhos, ela ouvira falar dAquele homem, pela boca dos que tinham sido abençoados por Suas mãos e haviam recuperado a saúde.
  • 6. Um cavalheiro distinto se aproxima. É o chefe da sinagoga local. Chama-se Jairo e roga a presença de Jesus em sua casa, para curar sua filha. A multidão, sempre ávida de novidades, acompanha Jesus, Jairo e os Apóstolos.
  • 7. O povo se comprime. Todos almejam chegar mais perto. A figura de Jesus se destaca com Sua túnica tecida sem costura, Seu manto quadrangular de borlas em fios de linho. As pessoas falam, rogam, comentam. Ele mantém a serenidade. Seus passos são firmes e seguem o pai amargurado pela enfermidade da filha.
  • 8. A mulher tenta aproximar-se dEle. O coração parece lhe saltar do peito. Quanto almejou aquele momento! Contudo, agora, a voz parecia lhe morrer na garganta. O que dizer-Lhe? Como falar da sua desdita, expondo-se, em meio a tanta gente?
  • 9. Ela acreditava nEle. Parecia sentir que uma força extraordinária se desprendia dEle. Todo Ele era grandeza. Almejava gritar, pedir socorro, tocá-lO. Isto: tocá-lO seria suficiente para que se curasse.
  • 10. Então, numa rua estreita, enquanto a multidão se adensava cada vez mais, ela aproximou-se por trás, alongou o braço esquálido e lhe tocou as vestes com a ponta dos dedos.
  • 11. Maravilha! O sangue estancou. A dor se foi. Uma sensação estranha a dominou. Sentiu-se renovada. Foram alguns segundos de êxtase. Logo, a voz dEle se destacou na multidão:
  • 12. Quem me tocou? Os discípulos lhe dizem que é impossível saber, pois todos O apertam, comprimem. Como saber quem O tocou?
  • 13. Alguém me tocou, insiste Ele, porque senti que saiu de mim uma virtude. Seu segredo fora descoberto. Ela atira aos pés dEle e confessa: Fui eu, Senhor. Guardava a certeza que, em tocando-Te as vestes, recuperaria a saúde.
  • 14. Jesus a envolve em Seu olhar e a sossega: Filha, vai em paz. A fé te salvou. Fica livre do teu mal!
  • 15. Lágrimas de júbilo a tomam. Os mais próximos lhe indagam, curiosos, desejando saber o que aconteceu. Ele se vai, enquanto ela permanece ali, imóvel.
  • 16. Passados alguns dias, ela voltou ao seu lar, do outro lado do mar. Os que a haviam conhecido anteriormente, querem os detalhes da cura e ela não se cansa de repetir seu encontro singular. No entanto, se recuperara a saúde do corpo, perdera a paz do Espírito. Tudo em sua intimidade lhe dizia que ela deveria retornar para ouvi-lO, plenificar-se de Luz. Ele era o Enviado. Despediu-se dos amigos, dos parentes e retornou. Seguiu-O por toda parte, nas cidadezinhas próximas, na orla do mar, alimentando o Espírito com as palavras dEle, que eram fonte de Vida.
  • 17. Então, Ele foi preso. Às horas de angústia da incerteza do destino dEle, se seguiu a cruel subida até a Colina da Caveira. Sob o peso do madeiro que carrega, enfraquecido por não ter Se alimentado desde a noite anterior e pelas longas horas de flagelação, Ele cai Ela não se contém. Burla a vigilância dos soldados e corre-lhe ao encontro. Com uma toalha branca que trazia, evolve-lhe a face ensanguentada e dorida.
  • 18. Quando a retira, nela estava estampado o rosto dEle, tingido pelo sangue. Ele a olha demoradamente, naquele átimo de minuto. Os lábios entreabertos nada dizem. Ela ouve, porém, no imo, Sua voz, como antes: Vai em paz! Lembrar-me-ei de ti...
  • 19. Antigas tradições cristãs dizem que essa mulher se chamava Serápia e que, a partir desse episódio, ficou conhecida como Verônica, que quer dizer: verdadeira imagem. Um dos Evangelhos apócrifos, Atos de Pilatos, informa que seu nome seria Berenice.
  • 20. Serápia, Verônica ou Berenice – que importa? O que ressalta é o exemplo de gratidão que se permite externar. Ela acompanha o Mestre, na Sua caminhada dolorosa, rompe o cordão de isolamento, afrontando a soldadesca, tudo para limpar o rosto Daquele que um dia a envolvera em Seu olhar amoroso, desejando Paz.
  • 21. Ele lhe retribui o gesto, deixando impresso Seu semblante na toalha alvinitente. Verônica é uma das mulheres, dentre tantas, que, reconhecida pela atenção do Mestre, O acompanha a todo lugar, bebendo da Sua sabedoria e formando como que uma coroa humana de profunda gratidão ao Seu redor. Fim
  • 22. 01.FRANCO, Divaldo Pereira. A mulher hemorroíssa. In:___. As primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967. 02.ROHDEN, Huberto. A hemorroíssa. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. I, pt. 2. 03.ROPS, Daniel. Quando o canto do pássaro se cala. In:___. A vida quotidiana na Palestina ao tempo de Jesus. Livros do Brasil. cap. 12, item IV.

Notas do Editor

  1. Todos desejavam ouvir as peripécias daquela noite de borrasca da boca dos Apóstolos, ainda atônitos por tudo que acontecera. Jesus falara aos ventos e dera ordens à tempestade.
  2. Ela já fora tão humilhada. As marcas da problemática orgânica lhe denunciavam a enfermidade. Estava descarnada, anêmica.