A história da Bahiagás, Companhia de Gás da Bahia, empresa distribuidora de gás canalizado, começou efetivamente a partir de 1988 quando, no exercício do cargo de Coordenador de Energia do Estado da Bahia (Subsecretário de Energia) tomamos a iniciativa de desenvolver estudos e projetos visando sua implantação levando em conta o que estabelece a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 25, que considera que a exploração de gás natural deveria ser realizada através de concessão à empresa estatal estadual de distribuição. Neste sentido, constituímos uma equipe composta pelos engenheiros Fernando Magalhães Filho, Robert Gros Jr. E Carlos Pacheco de Figueiredo que sob nossa coordenação desenvolveram o projeto de constituição da Bahiagás. A trajetória de sucesso da Bahiagás até o presente momento demonstra que estávamos certos ao promover os estudos e implementar o projeto desta empresa em 1988. Viva a Bahiagás.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
A história da bahiagás empreendimento vitorioso na bahia desde sua formulação até o momento atual
1. A HISTÓRIA DA BAHIAGÁS, EMPREENDIMENTO VITORIOSO NA BAHIA,
DESDE SUA FORMULAÇÃO ATÉ O MOMENTO ATUAL
Fernando Alcoforado*
A história da Bahiagás, Companhia de Gás da Bahia, empresa distribuidora de gás
canalizado, começou efetivamente a partir de 1988 quando, no exercício do cargo de
Coordenador de Energia do Estado da Bahia (Subsecretário de Energia) tomamos a
iniciativa de desenvolver estudos e projetos visando sua implantação levando em conta
o que estabelece a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 25, que considera que a
exploração de gás natural deveria ser realizada através de concessão à empresa estatal
estadual de distribuição. Neste sentido, constituímos uma equipe composta pelos
engenheiros Fernando Magalhães Filho, Robert Gros Jr. E Carlos Pacheco de
Figueiredo que sob nossa coordenação desenvolveram o projeto de constituição da
Bahiagás.
Nossa ideia inicial era fazer a Bahiagás subsidiária da Coelba- Companhia de
Eletricidade da Bahia que não foi levada avante devido a oposição da então diretoria
desta empresa. Nosso propósito era transformar a Coelba em empresa energética que
atuaria não apenas na distribuição de energia elétrica. Considerando o fato de o governo
do Estado da Bahia não dispor dos recursos necessários à implantação da Bahiagás,
formulamos, então, o modelo acionário que contemplaria a participação do governo da
Bahia com 51% das ações ordinárias e a participação da Petrobras com 49% restante.
Foram realizadas várias tentativas de entendimento entre o governo da Bahia e a
Petrobras que foram frustradas evidenciando o desinteresse desta empresa em participar
do empreendimento.
Diante deste fato, formulamos um modelo acionário tripartite para a Bahiagás que
contaria com 51% das ações ordinárias pertencentes ao governo da Bahia e os 49%
restantes seriam divididos em partes iguais entre duas empresas privadas, uma nacional,
e a outra estrangeira. Este modelo foi inspirado no modelo tripartite adotado para a
implantação do Polo Petroquímico de Camaçari. Com este modelo, o governo da Bahia
exerceria a condição de acionista majoritário do empreendimento e passaria a contar
com recursos de acionistas privados para implantar a Bahiagás.
Em seguida, foram realizadas consultas a várias empresas privadas nacionais e
estrangeiras em operação no Brasil sobre o interesse em participar acionariamente da
Bahiagás. Dessas consultas, apenas 2 empresas demonstraram interesse em participar do
empreendimento: a OAS, empresa privada brasileira, e a SHELL, empresa de capital
estrangeiro. Para haver a participação das empresas privadas na Bahiagás, foi elaborado
um acordo de acionistas que estabelecia que as principais decisões da empresa deveriam
ser realizadas com base no consenso entre os acionistas. Baseado no acordo de
acionistas, a Bahiagás foi criada através da Lei 5.555 de 13 de dezembro de 1989
durante o governo Nilo Coelho e constituída em 26 de fevereiro de 1991 no governo
Antonio Carlos Magalhães.
A Bahiagás precisava contar com a concordância da Petrobras em fornecer o gás natural
para iniciar suas operações. A relutância da Petrobras em fornecer o gás natural residia
no fato de a SHELL ser um dos acionistas da empresa. Esta relutância foi vencida com a
entrada da Petrobras no lugar da SHELL. Só assim foi possível o início da operação da
2. Bahiagás que ocorreu efetivamente a partir de 1994 com o atendimento a 11 clientes
industriais (oriundos de contratos firmados pela Petrobras) e uma rede de gasodutos
com 53 quilômetros de extensão.
De acordo com dados da Bahiagás, a companhia já supera a marca de 60 mil clientes em
21 municípios consumindo gás natural em todo o Estado da Bahia. A meta para 2020 é
de 82 mil usuários ligados à sua rede, nos segmentos industrial, comercial, residencial e
automotivo. A rede de gasodutos já conta com 840 quilômetros de extensão e a previsão
para 2020 é de 1.430 quilômetros de rede construída. Os investimentos da Bahiagás
também aumentam a cada ano. Foram mais de R$ 319 milhões nos últimos oito anos e a
meta é investir mais R$ 670 milhões até 2020.
As perspectivas para o futuro continuam promissoras e os projetos e investimentos da
Companhia, voltados para a interiorização dos serviços, a massificação e diversificação
do uso do gás natural, ampliam ainda mais estas expectativas. A Bahiagás tem se
mantido como a maior distribuidora de gás natural do Norte-Nordeste e já é a quarta
maior concessionária do País no segmento. A Companhia é também a 1ª colocada na
Bahia e a 2ª melhor do Norte-Nordeste em margens de vendas e riqueza criada por
empregados no setor de energia.
Segundo a Bahiagás, os indicadores de crescimento são a resposta da adoção de práticas
arrojadas de gestão, visando o aperfeiçoamento dos procedimentos internos e externos,
e do alicerce em valores como inovação e compromisso com os resultados. Cada passo
trilhado pela Bahigás ao longo destes 23 anos de operação vai ao encontro do grande
objetivo da Companhia: distribuir gás natural na Bahia, atendendo com qualidade aos
diversos segmentos de mercado, com segurança, rentabilidade e responsabilidade
socioambiental. O resultado não pode ser diferente: contribuição efetiva para o
desenvolvimento do estado e satisfação dos clientes, acionistas e colaboradores.
É importante observar que a decisão tomada pelos governos Waldir Pires e Nilo Coelho,
quando exercemos a Coordenação de Energia do Estado da Bahia, de iniciar os estudos
visando a implantação da Bahiagás tomou por base o fato de a Bahia ser uma grande
produtora de gás natural detentora de reservas da ordem de 24 bilhões de m³ de gás,
localizadas próximas dos centros de abastecimento. Com o aproveitamento do gás
proveniente do Campo de Manati, a produção de gás natural na Bahia mais que
duplicou, dando confiabilidade ao sistema de abastecimento.
No início de suas operações, a partir do governo Antonio Carlos Magalhães em 1991, a
Bahiagás atendeu empresas do Polo Petroquímico da Camaçari e Centro Industrial de
Aratu. Hoje, a Bahiagás já diversificou sua carteira de clientes, distribuindo o gás
natural para empresas dos municípios de Catu, Alagoinhas, do Litoral Norte da Bahia,
Região Metropolitana, Recôncavo Baiano, Feira de Santana e regiões Sul e Extremo-Sul
da Bahia. Seu principal mercado de atuação é o setor industrial, seguido do automotivo
e comercial. Salvador já recebe o gás natural desde 2004, quando a Bahiagás iniciou o
atendimento aos domicílios baianos.
Segundo dados da Bahiagás, a companhia prevê investir R$ 735 milhões nos próximos
cinco anos com a expansão em 77,2% da sua malha de gasodutos. Até 2019, a
companha planeja alcançar os 1,4 mil km a partir da implantação de novos 610 km. O
principal projeto é o gasoduto Sudoeste. Ele terá 300 km de extensão e ligará os
municípios de Ipiaú e Brumado cujo valor do empreendimento corresponde a R$ 430
3. milhões. O investimento será destinado, também, à interligação de novos clientes até
2020. No período, dos 232 mil consumidores residenciais da Região Metropolitana de
Salvador, a companhia prevê que cerca de 82 mil passem a utilizar o fornecimento do
gás natural. São esperados, também, mais 700 clientes comerciais e 65 industriais em
todo o Estado da Bahia.
A perspectiva de crescimento levará a Bahia a possuir uma média de consumo anual de
cerca de 4 milhões m³/dia, segundo estimativa da Bahiagás. Atualmente, o maior
consumo do gás natural fica com o segmento industrial, com média anual de 3,4
milhões de m³/dia. Grande parte do produto é destinado ao Polo de Camaçari
(responsável por 66% das vendas totais da concessionária), Centro Industrial de Aratu e
unidades fabris na Feira de Santana, Alagoinhas, Eunápolis, Mucuri e Itabuna. De
acordo com os últimos dados de consumo da Abegás (Associação Brasileira das
Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), apenas em novembro a Bahia foi
responsável por 4.029 milhões de m³/dia. Desses, 1.992 milhão de m³/dia vieram da
classe industrial. O estado foi o segundo de maior consumo do Nordeste, perdendo
apenas para o Maranhão (4.334 milhões de m³/dia). O jornal A Tarde de 7/10/2017,
informa que o gás natural chega a 50 mil imóveis em Salvador. Ressalte-se que, graças
a seu excelente desempenho, a Bahiagás já foi premiada como a melhor concessionária
na gestão do gás natural do Brasil.
A história da Bahiagás até o presente momento demonstra que estávamos certos ao
promover os estudos e implementar o projeto desta empresa em 1988. Viva a Bahiagás.
*Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação e da Academia Brasileira Rotária
de Letras – Seção da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é
autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova
(Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São
Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX
e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of
the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do
Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social
(Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016) e A Invenção de um novo
Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017).