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TESE
CURSO DE TREINADOR FUTEBOL
UEFA “A + ELITE JOVEM” 2015/17
TRANSIÇÃO
ATAQUE-DEFESA
vs
JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Nuno Moutinho Gomes Vieira
Nº30
Junho/Julho 2016
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
INTRODUÇÃO
Para esta tese foi escolhido como temas (1) transição Ataque – defesa vs. (2)
transição do jogador Júnior - sénior, tal fato prendesse com a noção de que
estes são momentos cruciais tanto para a harmonização e dinâmica de
processos do jogo, como também fazendo parte do processo final de formação
na transição do jovem jogador júnior para o futebol sénior profissional. Tal
como a palavra transição sugere, a mudança de um estado para outro, deve ser
um elemento que possibilite essa mesma passagem com algo natural,
harmonioso e dinâmico, respeitando sempre determinados princípios. A
preferência da escolha recair na transição ataque – defesa e não defesa –
ataque é devido a que a segunda é desde logo algo natural na compreensão e
aplicação no processo de jogo, pois o ter bola e o querer marcar é o que dá
significado ao jogo, mas o perder a bola e o momento imediato a isso é um
processo crucial e que deve ser muito pensado e trabalhado no futebol atual,
tal como a transição do jovem jogador júnior para sénior e todo o seu processo
de formação final enquanto jovem jogador de futebol. Por isso vou dar o meu
contributo da minha visão sobre os dois temas; primeiro capítulo da transição
ataque - defesa e segundo capítulo na transição de júnior - sénior.
A importância para o modelo de jogo é grande pois a ligação aos momentos
organizativos (ataque e defesa) é crucial. A sua correta ligação irá permitir uma
dinâmica que possibilita a ligação entre as fronteiras dos momentos do jogo.
Os momentos transitórios são apenas momentos (instantes) entre a equipa ter
a posse de bola e perder a posse de bola, e os mecanismos de resposta a este
momento é que vão definir a dinâmica de ligação entre os momentos. A
transição é acima de tudo mental evidenciada através da mudança de atitude.
Ao longo deste documento (tese) irei transmitir sobre a transição ataque –
defesa e antes de concluir, redigir cinco formas de operacionalizar o momento.
Palavras-chave: transição, ataque, defesa, futebol, operacionalização, exercício,
jogador, júnior, sénior, profissional, treinador, dirigentes, pais e empresários.
“ No desporto ser treinador é uma vocação que não se esgota no domínio das
habilidades específicas da organização ”...
José Oliveira, in O Libro Ser Treinador de Jorge Araújo
“ Não fui grande jogador de futebol a nível nacional, mas fui um grande jogador
de futebol em todos os clubes onde joguei, e isso para mim chegou ”…
Pedro Moutinho Vieira, 2016
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Capítulo 1
TRANSIÇÃO ATAQUE – DEFESA
Transição (latim transitio,-onis): Ato ou efeito de transitar, passagem de um
lugar, assunto, tom ou estado para outro, trajeto.
Ataque (derivação regressiva de atacar): ato de atacar, assalto, investida,
impugnação, acusação, altercação, agressão, carga, parte ou
uma equipa especialmente encarregada de atacar a baliza adversária.
Defesa (latim defensa,-ae): Ato ou efeito de defender ou defender-se,
resistência a agressão, ataque ou dano, coisa que defende, processo natural de
o organismo resistir a agressões, ato ou efeito de proibir ou interditar, parte ou
uma equipa especialmente encarregada de proteger a sua baliza, tática ou
jogada para defender.
O Modelo de Jogo de uma equipa é o referencial específico da mesma, desta
forma é através dele que podemos identificar a identidade. A transição
defensiva deve começar a ser preparada no momento de organização ofensiva,
sempre dentro dos princípios identificativos do Modelo de Jogo definido.
Mourinho (2004), refere que os momentos mais importantes no futebol atual
são os momentos de alternância na posse de bola. Para Jesualdo Ferreira
(2004), a equipa que mais rapidamente e melhor responder aos momentos em
que se ganha ou se perde a posse de bola ganhará mais vezes.
A antecipação do momento transitório defensivo é muito importante, Cruyff
referia que Deco recupera muitas bolas, não porque corra mais que o
adversário mas porque corre antes, tem a capacidade de saber se vai ou não
chegar antes e se não chega já está a desempenhar outras funções.
Para Guilherme Oliveira (2004) a transição defensiva é demonstrada através
dos comportamentos que os jogadores em coletivo devem ter, durante os
segundos, após a perca da posse de bola. Isto é de grande importância pois a
equipas podem se encontrar momentaneamente desorganizadas, fato que
poderá ser aproveitado para reconquistar a posse de bola. Em relação à
antecipação do momento Carvalhal (2001) refere que nenhuma equipa
consegue atacar bem se não estiver equilibrada para o defender no momento
da perca de bola. Assim e neste entendimento enquanto atacamos estamos a
defender, no momento organizativo ofensivo Garganta & Pinto (1998) referem
que a equipa que tem a bola deve adotar comportamentos de penetração,
cobertura ofensiva, mobilidade e espaço. Desta forma Mourinho e Cruyff
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
indicavam que as equipas devem ter um bom jogo posicional para que
determinadas posições estejam sempre ocupadas, o que possibilita deduzir que
a dinâmica posicional sirva não só para desequilíbrio mas também para a
criação de linhas de passe de segurança de forma a garantir a posse de bola,
mas para além disso permitem equilibrar a equipa defensivamente, antecipando
o momento de perca de bola.
Mourinho (2004) refere que a equipa que está em posse de bola tem de estar
preparada para o momento da perda, José Gomes (2004) indica que deve a
equipa estar preocupada como vai defender no momento em que perder a
posse de bola. Para Jesualdo Ferreira (2004) estar bem posicionado quando
tem a posse de bola é estar a defender bem, pois vai estar equilibrado para
recuperar mais rapidamente.
Guilherme Oliveira (2004), a equipa deve saber ocupar os espaços, em posse
de bola, de forma a desequilibrar ofensivamente e equilibrar defensivamente.
Indicando que três defesas é o número mínimo e fundamental para uma linha
defensiva de uma equipa enquanto em posse de bola, para além de alguns
jogadores da linha média terem funções ofensivas mas também defensivas.
Amieiro (2004) indica que esse posicionamento defensivo preparando o
momento de perca da posse da bola deve ser em função da mesma, para assim
ser possível controlar o equilíbrio defensivo, permitindo assim com este
equilíbrio defensivo uma rápida e eficaz reação à perca de bola.
Desta forma chegasse a um ponto em que se conclui que o jogo é um todo,
que não pode ser dividido em fase estanques, para Garganta (2004) o jogo é
entendido como um fluxo contínuo, que é necessário construir dado que não é
faseado. Assim a transição é um momento que deve ser ligado aos momentos
de organização ofensiva e defensiva. Devemos construir a nossa forma de jogar
(identidade) sem quebrar o jogo, trabalhando os momentos numa interligação
que se permita um construção natural e transferível para o jogo.
Para se trabalhar esta ligação deverá, segundo Guilherme (2004), existir a
construção de Modelo de Jogo com os seus princípios e subprincípios, para que
a criação de exercícios possa respeitar a identidade pretendida. O modelo de
jogo deve ser aberto, criativo e a definição e reprodução do sistema de relações
e inter-relações estabelecidas entre os diferentes elementos da equipa,
segundo Castelo (1996). O Modelo de Jogo é o responsável pela
operacionalização da forma de jogar, essa operacionalização deve ter em conta
a ideia de jogo pelo treinador, análise aos jogadores, os princípios
preconizados, o sistema tático e a estrutura funcional. Para esta
operacionalização devemos ter em conta o princípio da especificidade, onde o
Modelo de Jogo vai individualizar a forma de jogar e com isto direcionar e
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
condicionar a elaboração e execução dos exercícios, comunicação do treinador
antes, durante e após o treino para com os jogadores e entre os jogadores.
Até agora debruçamo-nos mais na antecipação do momento, mas o momento
da perca de bola é algo também crucial, uma parte das ações que o jogador
toma durante o jogo não são premeditadas, o jogador decide em função de
comportamento adquiridos, que se evidenciam de forma inconsciente. Como os
comportamentos adquiridos são resultantes de ações repetitivas ou
traumáticas, passa a ser necessário treinar em especificidade e à luz de uma
repetição sistemática, Amieiro et al. (2006), para que a aquisição de
determinados princípios possa ser evidenciada em jogo numa tomada de
decisão inconsciente. O momento da transição defensiva é um período muito
curto de tempo que só com este tipo de prática é que poderá ser potencializado
e orientado de acordo com a resposta pretendida. Mas só a repetição não
chega, devemos dotar as ações com uma finalidade que permita uma
aprendizagem dentro de um quadro global que enquadre a nossa forma de
jogar. Para Damásio (2000) as imagens mentais, que vão originar o hábito,
resultam de experiências conscientes e inconscientes que ficam gravadas e que
serão utilizadas para a tomada de decisão, perante uma situação idêntica ou
similar. A resposta vamos querer que seja sempre dentro da nossa forma de
jogar, quer em treino, quer em competição. Assim ao deixarmos de ter que
tomar determinadas decisões de forma consciente, libertamos atenção e tempo
para planear e executar outras tarefas.
Para que esta criação de tomadas de decisão inconscientes possa ser benéfica,
à luz do nosso modelo de jogo e consequentes princípios, a intervenção do
treinador antes, durante e após o treino será muito importante, pois terá como
função a criação de marcadores – somáticos, transformando se assim num
catalisador do processo. Segundo Damásio (1994) quando são tomadas
decisões e delas advêm um resultado, existe sempre uma resposta do
organismo, o que cria uma imagem no cérebro. Assim sendo as emoções e
sentimentos originam os marcadores somáticos. Fazendo com que em situações
similares uma determinada resposta seja sempre efetuada. Como o futebol é
considerado um sistema caótico mas com organização fractal, no meio daquilo
que achamos não ter organização, existem determinadas regularidades que
permitem padronizar e modelar o jogo, e é nessas regularidades e cenários
similares que vamos trabalhar a nossa identidade e forma de jogar.
Transmitimos assim ao nosso treino esta organização fractal, assim é possível
elaborar os exercícios para o nosso treino como objetos fractais já que,
independentemente da maior ou menor complexidade dos mesmos, cada um
deles é demonstrativo do todo (Amieiro et al, 2006). Como no jogo a
aleatoriedade está presente, devemos procurar a aquisição através dos
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
exercícios de treino mecanismos de resposta não-mecânicos, pois são
organizados, mas dinâmico e abertos ao envolvimento, o que vai requerer
reajustes e adaptabilidade para além da capacidade de auto-organização.
A importância da resposta no momento da transição defensiva é enorme, pois
nunca sabemos quando vamos perder a bola e onde, assim devemos trabalhar
os jogadores para que a resposta seja de acordo com a situação apresentada,
dotando este processo de capacidade de autorregeneração e autoavaliação,
possibilitando que a resposta seja sempre o mais rápido possível e o melhore
possível.
OPERACIONALIZAÇÃO
Neste ponto iremos fazer a descrição de alguns exercícios que poderão
potencializar a mudança de atitude necessária para uma correta transição
ataque – defesa. Dentro das premissas referidas anteriormente.
a) 2x1+GR
Dois jogadores saem em posse e contra um mais o guarda-redes, após o
remate ou perca de bola, o jogador que estava a defender passa a
atacar com mais um colega e o jogador que rematou ou perdeu a posse
passa a defender. Potenciando assim após perca ou remate a mudança
de atitude, pois sabe que se não defender deixará uma situação
facilitada para finalização do adversário.
Espaço: pode ser efetuado num espaço de 20 metros por 20 metros
Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador que remata ou perda de
bola, para que rapidamente se reposicione defensivamente e tente
impedir remate e recupere a posse de bola.
b) 5x3
Uma equipa tenta a posse numa metade do espaço, enquanto isso 3
jogadores tentam recuperar a bola o mais rapidamente possível, após a
recuperação o mais rapidamente possível devem tentar passar a bola
para os dois colegas que estão na outra metade do espaço passando a
posse a pertencer a essa equipa mas já na outra metade, na equipa que
perde a posse de bola os 3 jogadores mais próximos da outra metade
passa para lá e tentam recuperar a bola. Assim desta forma temos dois
tipos de comportamentos, um é após a perca de bola pressionar o
portador da bola para impedir que a bola passe para a outra metade e o
outro comportamento é dos outros jogadores que estão mais afastados
do portador da bola mas próximos da outra metade o recuo e
reorganização defensiva para voltar a recuperar a bola.
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros
Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após
perca, pressione o novo portador e que os 3 jogadores mais próximos da outra
metade devem recuar o mais rapidamente possível para uma reorganização
defensiva e recuperação o mais rapidamente possível da posse de bola.
c) (3+2 apoios) x 3
Este exercício poderá ser uma sequência do anterior mas que pode
potenciar um trabalho dos jogadores do meio campo na forma como
defendem e como fazem e definem o movimento transitório, pois agora
o adversário não irá só fazer a passagem para a outra metade através de
passes interiores mas sim já com linhas de passes exteriores.
Possibilitando assim um trabalho diferente.
Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros
Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola,
após perca, pressione o novo portador e que os outros 2 jogadores
condicionem num primeiro momento as linhas de passe exteriores, não
deixando de ter em atenção a zona interior. Caso o passe exterior saia,
devem o mais rapidamente recuar e tentar recuperar o mais
rapidamente possível a posse de bola novamente.
d) (7+7) x 7
Duas equipas de 7 jogadores cada efetuam pose de bola a dois toques,
uma outra equipa de 7 jogadores tenta recuperar a bola e no momento
em que recupera a equipa que perde a bola, passa a tentar recuperar o
mais rapidamente possível a bola, a equipa que não perdeu a posse de
bola e a que ganhou a posse passam a fazer a posse.
Espaço: pode ser efetuado num espaço de 45 metros por 45 metros
Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola,
após perca, pressione o novo portador e que os outros 6 jogadores
condicionem num primeiro momento as linhas de passe, procurando ter
superioridade numérica relativa na zona da bola, pois estão em
inferioridade numérica absoluta. Potenciando a agressividade defensiva
para provocar falhas na posse.
e) 7x7 para 7x7
Uma equipa numa metade do campo ataca a baliza, enquanto a outra
tenta a recuperação da bola, se conseguir recuperar a bola deve tentar
passar pelas portas laterais para poder atacar a baliza na outra metade
do espaço e assim atacar a baliza. A equipa que perde a posse deve
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
tentar recuperar a bola de forma a impedir a equipa de posse que passe
pelas portas laterais.
Espaço: pode ser efetuado num espaço entre áreas ou em todo o
campo.
Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após
perca, pressione o novo portador, indicar que o novo bloco defensivo não baixe
e que feche opções de passe exterior, impedindo a passagem da bola ou
jogadores nas portas laterais, para uma nova recuperação de bola.
CONCLUSÃO
Como conclusão é do conhecimento geral entre todos os treinadores de futebol
que existem vários exercícios de treino que tem como objetivo a preparação e
potenciação do jogadores para a competição e como este documento
demonstrou, as transições são momentos muito importantes num jogo de
futebol, e em especial neste caso o momento da transição ataque – defesa. Os
momentos transitórios são curtos e medeiam o ter ou não a posse de bola, a
mudança de atitude que é originada por este momento é um comportamento
individual que se quer coletivo e sempre em função da forma de jogar
pretendida.
A transição defensiva começa a ser efetuada momentos antes da recuperação
da posse da bola, através de princípios de equilíbrio defensivo enquanto em
posse, com ocupação de posições e funções de defesa para o caso de perca de
bola. A transição pressupõe uma mudança de atitude mental forte que resulte
numa ação de acordo com os princípios delineados para a situação. Essa
resposta é trabalhada através de situações colocadas em treino que permitem a
criação de imagens mentais e associação a emoções e sentimentos permitindo
assim uma tomada de decisão durante o jogo de uma forma inconsciente,
situações (exercícios) que devem ser a representação do todo embora mais
reduzido e com complexidade variável. O treinador ganha aqui destaque pois
será o catalisador que irá permitir criar comportamentos, que os jogadores
terão em jogo de acordo com os princípios definidos. Concluímos assim, que a
operacionalização deste momento do jogo é bastante importante no processo
de formação da identidade da equipa, justificando desta forma a elaboração
deste documento como a sequência do segundo capitulo a transição do jovem
jogador júnior para sénior no futebol profissional e tentar executar ou
interpretar que a “palavra“ transição esta sempre ligada a um momento que
sempre acontece numa determinada “zona ou idade” para todos os intérpretes
seja dentro do jogo ou fora do jogo.
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Capitulo 2
TRANSIÇÃO JUNIOR-SÉNIOR
Cada vez mais se fala em transição no futebol e da sua importância, e por isso
depois de falarmos no primeiro capítulo da transição ataque - defesa, vamos no
segundo capitulo falar de transição fora de campo mas não menos importante
que é a transição júnior para o futebol sénior, é infelizmente uma questão
complexa, que coloca em equação inúmeras variáveis de natureza singular do
jogador júnior a um contexto completamente diferente, quer a nível técnico-
tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao qual foi preparado,
que é a chegada ao futebol sénior profissional.
Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo
sinceramente que, muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar,
existe alguma confusão no papel dos clubes entre o desporto profissional e
amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes fazem questão de
pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para a
sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como
toda a magia estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o
exterior por alguns dirigentes de clubes de futebol profissional, porque o
objetivo principal de um clube de futebol profissional foi, é, e será formar o
maior número de jogadores para o plantel sénior.
Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser
pronunciada por dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em
zonas problemáticas e por vezes desprotegidas da nossa sociedade, um clube
amador ao formar o jovem jogador, esta indiretamente a colocar/formar
homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão inseridos este tipo de
jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar «abstraísse» de
outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade
mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido.
Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a
logica normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim
por todos os objetivos atras referenciados, porque a formação integral do
jovem não é função dos clubes, mas sim competência da família e da
sociedade.
Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre
um caso de estudo incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem
perlongado nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado
ou identificado, por todos os intervenientes na formação de jovens jogadores
de futebol em Portugal, é um problema que existe aparentemente em todos os
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
grandes clubes de formação em Portugal, mas continua sendo um tema atual
por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos dirigentes
desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade.
Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou
indiretamente dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao
futebol sénior por mais bem preparados que tenham sido pelos treinadores nas
várias fases da sua formação, quer a nível Técnico, Tático, Físico e Psicológico,
muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a ter o sucesso pretendido
no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o percurso nas
várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de
formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos
dirigentes, empresários e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos
próprios Pais.
Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol
e dessa missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do
Mundo», pois devem ser o exemplo na educação e personalidade a seguir pelo
jovem, em particular para lá do futebol, porque isso ajuda a construir um
caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela vai ser, como no
futuro na transição de júnior para sénior.
Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol,
para o bem e para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores
das suas carreiras, mas nesta euforia cai muita boa gente, que vêm no futebol
um caminho cómodo para projetar os filhos num universo dourado pelos lucros
fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador afastar-se do seu principal
objetivo que é jogar futebol.
Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho,
nem sempre é, e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o
melhor para eles mesmos, ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na
pele do filho», os pais nas últimas décadas acompanham os filhos nos treinos,
jogos e torneios e por isso na pratica tornaram-se nos «adeptos mais críticos
dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem precisa
principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um
«treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude
em nada beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para
sénior.
Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na
formação de futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma
disciplina rigorosa na qual podem emergir apenas aqueles que são
naturalmente dotados e têm a possibilidade de evoluir as suas capacidades
técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e psicológicas sobre
o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado
para potenciar um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro
lado jogadores mais ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico
tem mais probabilidades de conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir
os seus objetivos de afirmação numa equipa sénior, ou dito de outra forma,
grande percentagem do jovem jogador não consegue passar a «ultima
barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados
prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam
em desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol
sénior, como se esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras
profissões» a seguir!
O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto
com mais praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com
paixões e emoções, mas acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande
negócio de milhões para todos os intervenientes ligados diretamente ou
indiretamente á modalidade que é o futebol.
Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o
comando da FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o
futebol como as grandes multinacionais, empresários e os vários órgãos de
comunicação social como as televisões, jornais e rádios, e no meio deste
grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de futebol, que por vezes
não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e como
todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro
pretendido pela entidade empregadora, quer desportivo quer financeira e esta é
a realidade do nosso futebol de formação em Portugal e Mundial, são
preparados (treinados), para um dia poder representar a equipa sénior de
futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do «investimento» até
então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos jovens
jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar
a equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos
extrínsecos.
Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior,
permanece muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os
jovens jogadores, mas também como se forma o plantel sénior de futebol
profissional, composto por jogadores de formação nacionais, estrangeiros ou
jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta é a realidade deste
grande desporto que é o futebol!
Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os
jovens britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade
trazida pelos mesmos residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra,
assim como os estudantes portugueses que de lá regressavam, por todos estes
e outros motivos históricos ligados maioritariamente aos estrangeiros em
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Portugal, não se pode associar de forma direta ou indireta a responsabilidade
ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou adaptação do
jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para
sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a
nível quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do
século XXI de muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª
Divisão hoje 1ª Liga, «alguns de alguma qualidade duvidosa», mas não nos
podemos esquecer da chegada de outros tantos jogadores de seleções
estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol em Portugal
como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e
muitos mais.
Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também
para muitos como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na
vida, á sempre os «prós e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais
democráticas; e a nossa constituição consagra o direito ao trabalho como um
direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo 58.º CRP).
Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros
ao nosso futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso
futebol Português conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20
em 1989 e 1991; sobre o comando técnico do Professor Carlos Queiroz,
(Selecionador de Juniores) na altura.
Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a
denominada «geração de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V.
Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia, Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho,
Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes jogadores jogaram em grandes
clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a representar a
principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos
êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e
Cao, etc., para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande
feito com a conquista do Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a
ter a projeção e mediatismo no futebol sénior que a grande parte deles lhe era
apontada nos juniores, tanto nos seus clubes de formação como na principal
seleção de Portugal.
Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens
jogadores e academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa
sociedade em geral que passa por uma perlongada «crise económica e de
valores» em que os clubes se tentam adaptar ou ajustar particularmente na
composição do seu plantel sénior com a introdução de alguns jogadores
provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim, como
algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do
futebol; como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
mais empresarial, «se eu produzir qualidade logo não preciso de comprar
qualidade», para dar resposta as necessidades do futebol sénior profissional.
Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como
os clubes se organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na
transição para o futebol sénior profissional.
Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no
geral a uma clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação
praticada
por alguns clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os
outros ditos «pequenos» que fruto da rápida informação e novas tecnologias
existentes hoje em dia, que na minha modesta opinião, não passa de uma;
«Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o objetivo principal na formação
de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades individuais de cada
jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador nas
várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida
integração numa equipa sénior profissional.
Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem
jogador júnior, para os resultados imediatos nos jogos em função do adversário,
privilegiando na metodologia de treino e nos vários Microciclos exercícios
desajustados, á capacidade de execução de cada atleta, que por vezes os
mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de complexidade das
características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos
atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de
jogo do clube ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual.
O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um
clube, por vezes momentânea do atual coordenador do futebol de formação,
em que o próprio na grande parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em
detrimento das ideias e «ADN» do próprio clube e toda a sua historia, não
esquecer no entanto que as ideias do coordenador são sempre do clube onde
desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube estão sempre
presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade
seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e
modelo e sistema de jogo do clube.
Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior
para sénior?
1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o
ideal?
O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente
em duas zonas Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
campeonato vão jogar contra adversários supostamente mais limitados, que
não vão além de determinados limites quer a nível técnico-tático, física e
psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados desnivelados, onde a
equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os seus
hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o
nível competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de
menor nível de exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade
do campeonato nacional de futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida
em 3 Grupos, sendo estes o apuramento do campeão e manutenção zona norte
e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem jogador júnior vai ao limite
das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no entanto parece-
nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se
resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o
ultimo ano na formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior.
Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a
criação de equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª
Liga, foi uma boa medida adotada para aproximar diferenças existentes entre
futebol júnior para o sénior, mas outras medidas podem ser implementadas
como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub-19) dos clubes que
representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no Campeonato
Nacional Sénior, seria do especto técnico-tático, físico e psicológico como a
“verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as situações
existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais
experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos
profissionais da 2 Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver
todas as suas competências adquiridas e aproximar diferenças entre a formação
e o futebol sénior profissional.
2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa
principal?
Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação
deve, ir primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e
psicológicas dos jogadores da equipa júnior/formação que dispõe no momento,
tendo em conta as suas qualidades fisiológicas dos jogadores e depois a partir
dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo ideal para o coletivo, tendo em
conta no entanto que na formação é importante os jogadores experienciarem
os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se de
maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que
é o processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de
futebol!
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo
modelo e sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube,
pois sabemos que cada treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e
sistema de jogo, e devido a essa mesma razão sendo o futebol sénior a “maior
referência” do clube, e o cargo de treinador principal da equipa sénior devido a
sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos resultados,
deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o
futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa
(treinador equipa sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas
no futebol de formação como um todo e algo só deles nas várias equipas de
formação.
3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior?
Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do
jogador júnior no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol
sénior exige, no entanto não nos podemos desassociar que o objetivo final é a
sua melhoria qualitativa como jogador júnior para sénior e sua rápida
adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores sem olhar para a
competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência
inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua
melhoria nos resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois
treinar ideias de jogo do treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos
transmitem no treino, dentro da especificidade e a identidade da equipa e seus
jogadores, e só depois vamos idealizar o nosso modelo de jogo, “uma coisa é
jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar a jogar futebol”, a
mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de treino,
princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis.
4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação?
A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa
equipa de futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de
treino simples consoante as características da equipa e jogadores dentro das
ideias de jogo - princípios e subprincípios próprios com o nosso modelo e
sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de dificuldade no decorrer,
mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de jogo dentro
da especificidade.
No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido
emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é
tanto maior quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de
treino, ai entra o treinador parte integrante na planificação no processo
operacional de treino e seus exercícios/unidades que passa essas próprias
ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que desenvolve
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático
dentro da especificidade do coletivo e individual.
4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de
formação?
O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no
entanto sabe-se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais”
seja no treino ou competição, os grandes jogadores de futebol da atualidade
como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de mentalidade” aleada a todas outras
capacidades técnico-tática e física, no entanto concordamos que este tipo de
mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol dificilmente a
competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são
suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e
motivacionais são determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de
grande presão que diretamente atinge o jogador de formação desde o
treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco motivacional próprio do
jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou Namorada, estes
muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados ao
jovem jogador.
No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a
mentalidade e motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas
durante a época em função desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de
recursos humanos e materiais para fazer sentir na equipa de formação como
um investimento de futuro no clube e no panorama nacional.
5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação?
Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de
ex.: atletas profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de
formação, é algo lógico, já que são referências do clube e dos próprios jovens
jogadores, mas muitos deles podem ainda não ter a experiencia de treinador,
mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos esquecer que a
competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem forma
e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das
capacidades daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos
jogadores, conseguir que se empenhem sempre ao máximo das suas
capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer no treino e jogo, só assim
terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo.
Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são
jovens adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e
se emocionam, e todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas
várias faces durante o processo de transição de júnior para sénior.
TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR
Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016
Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol,
tem que existir competência na metodologia de treino, liderança e
principalmente técnicas de comunicação, porque o treinador necessita de ser
capaz de levar aqueles a quem se dirige a reconhecer essa autoridade, dentro e
fora de campo.
Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de
trabalho onde a sua competência seja demonstrada e exista confiança e
respeito mútuos, o sucesso de uns seja o sucesso de todos. Não basta portanto
adquirir conhecimento, sendo fundamental que o mesmo seja aplicado de
forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é decisivo para o
treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua
qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com
que os jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são
algumas verdades cuja aplicação ao processo final de formação, que é a
transição do jogador júnior para sénior.
Com estes dois capítulos da transição ataque - defesa e transição júnior para
sénior, como treinador de futebol quis dar apenas e só a minha opinião de dois
processos de estrema importância no futebol atual, um dentro do que é o jogo
de futebol e toda a conceptualização e organização, técnico-tática, física e
psicológica e o outro dentro do contexto de formação do jovem jogador de
futebol na sua etapa no processo final de formação que é a transição de júnior
para o futebol sénior profissional.
“ Na teoria todos nós temos algumas ideias na transição ataque - defesa e
júnior para sénior, mas na prática só com o jogo de futebol sabemos o
resultado ”…
Pedro Moutinho Vieira, Curso de Treinador UEFA A + Elite Jovem 2016

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  • 1. TESE CURSO DE TREINADOR FUTEBOL UEFA “A + ELITE JOVEM” 2015/17 TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Nuno Moutinho Gomes Vieira Nº30 Junho/Julho 2016
  • 2. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 INTRODUÇÃO Para esta tese foi escolhido como temas (1) transição Ataque – defesa vs. (2) transição do jogador Júnior - sénior, tal fato prendesse com a noção de que estes são momentos cruciais tanto para a harmonização e dinâmica de processos do jogo, como também fazendo parte do processo final de formação na transição do jovem jogador júnior para o futebol sénior profissional. Tal como a palavra transição sugere, a mudança de um estado para outro, deve ser um elemento que possibilite essa mesma passagem com algo natural, harmonioso e dinâmico, respeitando sempre determinados princípios. A preferência da escolha recair na transição ataque – defesa e não defesa – ataque é devido a que a segunda é desde logo algo natural na compreensão e aplicação no processo de jogo, pois o ter bola e o querer marcar é o que dá significado ao jogo, mas o perder a bola e o momento imediato a isso é um processo crucial e que deve ser muito pensado e trabalhado no futebol atual, tal como a transição do jovem jogador júnior para sénior e todo o seu processo de formação final enquanto jovem jogador de futebol. Por isso vou dar o meu contributo da minha visão sobre os dois temas; primeiro capítulo da transição ataque - defesa e segundo capítulo na transição de júnior - sénior. A importância para o modelo de jogo é grande pois a ligação aos momentos organizativos (ataque e defesa) é crucial. A sua correta ligação irá permitir uma dinâmica que possibilita a ligação entre as fronteiras dos momentos do jogo. Os momentos transitórios são apenas momentos (instantes) entre a equipa ter a posse de bola e perder a posse de bola, e os mecanismos de resposta a este momento é que vão definir a dinâmica de ligação entre os momentos. A transição é acima de tudo mental evidenciada através da mudança de atitude. Ao longo deste documento (tese) irei transmitir sobre a transição ataque – defesa e antes de concluir, redigir cinco formas de operacionalizar o momento. Palavras-chave: transição, ataque, defesa, futebol, operacionalização, exercício, jogador, júnior, sénior, profissional, treinador, dirigentes, pais e empresários. “ No desporto ser treinador é uma vocação que não se esgota no domínio das habilidades específicas da organização ”... José Oliveira, in O Libro Ser Treinador de Jorge Araújo “ Não fui grande jogador de futebol a nível nacional, mas fui um grande jogador de futebol em todos os clubes onde joguei, e isso para mim chegou ”… Pedro Moutinho Vieira, 2016
  • 3. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Capítulo 1 TRANSIÇÃO ATAQUE – DEFESA Transição (latim transitio,-onis): Ato ou efeito de transitar, passagem de um lugar, assunto, tom ou estado para outro, trajeto. Ataque (derivação regressiva de atacar): ato de atacar, assalto, investida, impugnação, acusação, altercação, agressão, carga, parte ou uma equipa especialmente encarregada de atacar a baliza adversária. Defesa (latim defensa,-ae): Ato ou efeito de defender ou defender-se, resistência a agressão, ataque ou dano, coisa que defende, processo natural de o organismo resistir a agressões, ato ou efeito de proibir ou interditar, parte ou uma equipa especialmente encarregada de proteger a sua baliza, tática ou jogada para defender. O Modelo de Jogo de uma equipa é o referencial específico da mesma, desta forma é através dele que podemos identificar a identidade. A transição defensiva deve começar a ser preparada no momento de organização ofensiva, sempre dentro dos princípios identificativos do Modelo de Jogo definido. Mourinho (2004), refere que os momentos mais importantes no futebol atual são os momentos de alternância na posse de bola. Para Jesualdo Ferreira (2004), a equipa que mais rapidamente e melhor responder aos momentos em que se ganha ou se perde a posse de bola ganhará mais vezes. A antecipação do momento transitório defensivo é muito importante, Cruyff referia que Deco recupera muitas bolas, não porque corra mais que o adversário mas porque corre antes, tem a capacidade de saber se vai ou não chegar antes e se não chega já está a desempenhar outras funções. Para Guilherme Oliveira (2004) a transição defensiva é demonstrada através dos comportamentos que os jogadores em coletivo devem ter, durante os segundos, após a perca da posse de bola. Isto é de grande importância pois a equipas podem se encontrar momentaneamente desorganizadas, fato que poderá ser aproveitado para reconquistar a posse de bola. Em relação à antecipação do momento Carvalhal (2001) refere que nenhuma equipa consegue atacar bem se não estiver equilibrada para o defender no momento da perca de bola. Assim e neste entendimento enquanto atacamos estamos a defender, no momento organizativo ofensivo Garganta & Pinto (1998) referem que a equipa que tem a bola deve adotar comportamentos de penetração, cobertura ofensiva, mobilidade e espaço. Desta forma Mourinho e Cruyff
  • 4. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 indicavam que as equipas devem ter um bom jogo posicional para que determinadas posições estejam sempre ocupadas, o que possibilita deduzir que a dinâmica posicional sirva não só para desequilíbrio mas também para a criação de linhas de passe de segurança de forma a garantir a posse de bola, mas para além disso permitem equilibrar a equipa defensivamente, antecipando o momento de perca de bola. Mourinho (2004) refere que a equipa que está em posse de bola tem de estar preparada para o momento da perda, José Gomes (2004) indica que deve a equipa estar preocupada como vai defender no momento em que perder a posse de bola. Para Jesualdo Ferreira (2004) estar bem posicionado quando tem a posse de bola é estar a defender bem, pois vai estar equilibrado para recuperar mais rapidamente. Guilherme Oliveira (2004), a equipa deve saber ocupar os espaços, em posse de bola, de forma a desequilibrar ofensivamente e equilibrar defensivamente. Indicando que três defesas é o número mínimo e fundamental para uma linha defensiva de uma equipa enquanto em posse de bola, para além de alguns jogadores da linha média terem funções ofensivas mas também defensivas. Amieiro (2004) indica que esse posicionamento defensivo preparando o momento de perca da posse da bola deve ser em função da mesma, para assim ser possível controlar o equilíbrio defensivo, permitindo assim com este equilíbrio defensivo uma rápida e eficaz reação à perca de bola. Desta forma chegasse a um ponto em que se conclui que o jogo é um todo, que não pode ser dividido em fase estanques, para Garganta (2004) o jogo é entendido como um fluxo contínuo, que é necessário construir dado que não é faseado. Assim a transição é um momento que deve ser ligado aos momentos de organização ofensiva e defensiva. Devemos construir a nossa forma de jogar (identidade) sem quebrar o jogo, trabalhando os momentos numa interligação que se permita um construção natural e transferível para o jogo. Para se trabalhar esta ligação deverá, segundo Guilherme (2004), existir a construção de Modelo de Jogo com os seus princípios e subprincípios, para que a criação de exercícios possa respeitar a identidade pretendida. O modelo de jogo deve ser aberto, criativo e a definição e reprodução do sistema de relações e inter-relações estabelecidas entre os diferentes elementos da equipa, segundo Castelo (1996). O Modelo de Jogo é o responsável pela operacionalização da forma de jogar, essa operacionalização deve ter em conta a ideia de jogo pelo treinador, análise aos jogadores, os princípios preconizados, o sistema tático e a estrutura funcional. Para esta operacionalização devemos ter em conta o princípio da especificidade, onde o Modelo de Jogo vai individualizar a forma de jogar e com isto direcionar e
  • 5. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 condicionar a elaboração e execução dos exercícios, comunicação do treinador antes, durante e após o treino para com os jogadores e entre os jogadores. Até agora debruçamo-nos mais na antecipação do momento, mas o momento da perca de bola é algo também crucial, uma parte das ações que o jogador toma durante o jogo não são premeditadas, o jogador decide em função de comportamento adquiridos, que se evidenciam de forma inconsciente. Como os comportamentos adquiridos são resultantes de ações repetitivas ou traumáticas, passa a ser necessário treinar em especificidade e à luz de uma repetição sistemática, Amieiro et al. (2006), para que a aquisição de determinados princípios possa ser evidenciada em jogo numa tomada de decisão inconsciente. O momento da transição defensiva é um período muito curto de tempo que só com este tipo de prática é que poderá ser potencializado e orientado de acordo com a resposta pretendida. Mas só a repetição não chega, devemos dotar as ações com uma finalidade que permita uma aprendizagem dentro de um quadro global que enquadre a nossa forma de jogar. Para Damásio (2000) as imagens mentais, que vão originar o hábito, resultam de experiências conscientes e inconscientes que ficam gravadas e que serão utilizadas para a tomada de decisão, perante uma situação idêntica ou similar. A resposta vamos querer que seja sempre dentro da nossa forma de jogar, quer em treino, quer em competição. Assim ao deixarmos de ter que tomar determinadas decisões de forma consciente, libertamos atenção e tempo para planear e executar outras tarefas. Para que esta criação de tomadas de decisão inconscientes possa ser benéfica, à luz do nosso modelo de jogo e consequentes princípios, a intervenção do treinador antes, durante e após o treino será muito importante, pois terá como função a criação de marcadores – somáticos, transformando se assim num catalisador do processo. Segundo Damásio (1994) quando são tomadas decisões e delas advêm um resultado, existe sempre uma resposta do organismo, o que cria uma imagem no cérebro. Assim sendo as emoções e sentimentos originam os marcadores somáticos. Fazendo com que em situações similares uma determinada resposta seja sempre efetuada. Como o futebol é considerado um sistema caótico mas com organização fractal, no meio daquilo que achamos não ter organização, existem determinadas regularidades que permitem padronizar e modelar o jogo, e é nessas regularidades e cenários similares que vamos trabalhar a nossa identidade e forma de jogar. Transmitimos assim ao nosso treino esta organização fractal, assim é possível elaborar os exercícios para o nosso treino como objetos fractais já que, independentemente da maior ou menor complexidade dos mesmos, cada um deles é demonstrativo do todo (Amieiro et al, 2006). Como no jogo a aleatoriedade está presente, devemos procurar a aquisição através dos
  • 6. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 exercícios de treino mecanismos de resposta não-mecânicos, pois são organizados, mas dinâmico e abertos ao envolvimento, o que vai requerer reajustes e adaptabilidade para além da capacidade de auto-organização. A importância da resposta no momento da transição defensiva é enorme, pois nunca sabemos quando vamos perder a bola e onde, assim devemos trabalhar os jogadores para que a resposta seja de acordo com a situação apresentada, dotando este processo de capacidade de autorregeneração e autoavaliação, possibilitando que a resposta seja sempre o mais rápido possível e o melhore possível. OPERACIONALIZAÇÃO Neste ponto iremos fazer a descrição de alguns exercícios que poderão potencializar a mudança de atitude necessária para uma correta transição ataque – defesa. Dentro das premissas referidas anteriormente. a) 2x1+GR Dois jogadores saem em posse e contra um mais o guarda-redes, após o remate ou perca de bola, o jogador que estava a defender passa a atacar com mais um colega e o jogador que rematou ou perdeu a posse passa a defender. Potenciando assim após perca ou remate a mudança de atitude, pois sabe que se não defender deixará uma situação facilitada para finalização do adversário. Espaço: pode ser efetuado num espaço de 20 metros por 20 metros Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador que remata ou perda de bola, para que rapidamente se reposicione defensivamente e tente impedir remate e recupere a posse de bola. b) 5x3 Uma equipa tenta a posse numa metade do espaço, enquanto isso 3 jogadores tentam recuperar a bola o mais rapidamente possível, após a recuperação o mais rapidamente possível devem tentar passar a bola para os dois colegas que estão na outra metade do espaço passando a posse a pertencer a essa equipa mas já na outra metade, na equipa que perde a posse de bola os 3 jogadores mais próximos da outra metade passa para lá e tentam recuperar a bola. Assim desta forma temos dois tipos de comportamentos, um é após a perca de bola pressionar o portador da bola para impedir que a bola passe para a outra metade e o outro comportamento é dos outros jogadores que estão mais afastados do portador da bola mas próximos da outra metade o recuo e reorganização defensiva para voltar a recuperar a bola.
  • 7. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após perca, pressione o novo portador e que os 3 jogadores mais próximos da outra metade devem recuar o mais rapidamente possível para uma reorganização defensiva e recuperação o mais rapidamente possível da posse de bola. c) (3+2 apoios) x 3 Este exercício poderá ser uma sequência do anterior mas que pode potenciar um trabalho dos jogadores do meio campo na forma como defendem e como fazem e definem o movimento transitório, pois agora o adversário não irá só fazer a passagem para a outra metade através de passes interiores mas sim já com linhas de passes exteriores. Possibilitando assim um trabalho diferente. Espaço: pode ser efetuado num espaço de 40 metros por 30 metros Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após perca, pressione o novo portador e que os outros 2 jogadores condicionem num primeiro momento as linhas de passe exteriores, não deixando de ter em atenção a zona interior. Caso o passe exterior saia, devem o mais rapidamente recuar e tentar recuperar o mais rapidamente possível a posse de bola novamente. d) (7+7) x 7 Duas equipas de 7 jogadores cada efetuam pose de bola a dois toques, uma outra equipa de 7 jogadores tenta recuperar a bola e no momento em que recupera a equipa que perde a bola, passa a tentar recuperar o mais rapidamente possível a bola, a equipa que não perdeu a posse de bola e a que ganhou a posse passam a fazer a posse. Espaço: pode ser efetuado num espaço de 45 metros por 45 metros Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após perca, pressione o novo portador e que os outros 6 jogadores condicionem num primeiro momento as linhas de passe, procurando ter superioridade numérica relativa na zona da bola, pois estão em inferioridade numérica absoluta. Potenciando a agressividade defensiva para provocar falhas na posse. e) 7x7 para 7x7 Uma equipa numa metade do campo ataca a baliza, enquanto a outra tenta a recuperação da bola, se conseguir recuperar a bola deve tentar passar pelas portas laterais para poder atacar a baliza na outra metade do espaço e assim atacar a baliza. A equipa que perde a posse deve
  • 8. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 tentar recuperar a bola de forma a impedir a equipa de posse que passe pelas portas laterais. Espaço: pode ser efetuado num espaço entre áreas ou em todo o campo. Treinador: deve emitir feedbacks para o jogador mais próximo da bola, após perca, pressione o novo portador, indicar que o novo bloco defensivo não baixe e que feche opções de passe exterior, impedindo a passagem da bola ou jogadores nas portas laterais, para uma nova recuperação de bola. CONCLUSÃO Como conclusão é do conhecimento geral entre todos os treinadores de futebol que existem vários exercícios de treino que tem como objetivo a preparação e potenciação do jogadores para a competição e como este documento demonstrou, as transições são momentos muito importantes num jogo de futebol, e em especial neste caso o momento da transição ataque – defesa. Os momentos transitórios são curtos e medeiam o ter ou não a posse de bola, a mudança de atitude que é originada por este momento é um comportamento individual que se quer coletivo e sempre em função da forma de jogar pretendida. A transição defensiva começa a ser efetuada momentos antes da recuperação da posse da bola, através de princípios de equilíbrio defensivo enquanto em posse, com ocupação de posições e funções de defesa para o caso de perca de bola. A transição pressupõe uma mudança de atitude mental forte que resulte numa ação de acordo com os princípios delineados para a situação. Essa resposta é trabalhada através de situações colocadas em treino que permitem a criação de imagens mentais e associação a emoções e sentimentos permitindo assim uma tomada de decisão durante o jogo de uma forma inconsciente, situações (exercícios) que devem ser a representação do todo embora mais reduzido e com complexidade variável. O treinador ganha aqui destaque pois será o catalisador que irá permitir criar comportamentos, que os jogadores terão em jogo de acordo com os princípios definidos. Concluímos assim, que a operacionalização deste momento do jogo é bastante importante no processo de formação da identidade da equipa, justificando desta forma a elaboração deste documento como a sequência do segundo capitulo a transição do jovem jogador júnior para sénior no futebol profissional e tentar executar ou interpretar que a “palavra“ transição esta sempre ligada a um momento que sempre acontece numa determinada “zona ou idade” para todos os intérpretes seja dentro do jogo ou fora do jogo.
  • 9. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Capitulo 2 TRANSIÇÃO JUNIOR-SÉNIOR Cada vez mais se fala em transição no futebol e da sua importância, e por isso depois de falarmos no primeiro capítulo da transição ataque - defesa, vamos no segundo capitulo falar de transição fora de campo mas não menos importante que é a transição júnior para o futebol sénior, é infelizmente uma questão complexa, que coloca em equação inúmeras variáveis de natureza singular do jogador júnior a um contexto completamente diferente, quer a nível técnico- tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao qual foi preparado, que é a chegada ao futebol sénior profissional. Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo sinceramente que, muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar, existe alguma confusão no papel dos clubes entre o desporto profissional e amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes fazem questão de pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para a sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como toda a magia estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o exterior por alguns dirigentes de clubes de futebol profissional, porque o objetivo principal de um clube de futebol profissional foi, é, e será formar o maior número de jogadores para o plantel sénior. Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser pronunciada por dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em zonas problemáticas e por vezes desprotegidas da nossa sociedade, um clube amador ao formar o jovem jogador, esta indiretamente a colocar/formar homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão inseridos este tipo de jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar «abstraísse» de outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido. Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a logica normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim por todos os objetivos atras referenciados, porque a formação integral do jovem não é função dos clubes, mas sim competência da família e da sociedade. Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre um caso de estudo incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem perlongado nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado ou identificado, por todos os intervenientes na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, é um problema que existe aparentemente em todos os
  • 10. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 grandes clubes de formação em Portugal, mas continua sendo um tema atual por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos dirigentes desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade. Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou indiretamente dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao futebol sénior por mais bem preparados que tenham sido pelos treinadores nas várias fases da sua formação, quer a nível Técnico, Tático, Físico e Psicológico, muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a ter o sucesso pretendido no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o percurso nas várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos dirigentes, empresários e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos próprios Pais. Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol e dessa missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do Mundo», pois devem ser o exemplo na educação e personalidade a seguir pelo jovem, em particular para lá do futebol, porque isso ajuda a construir um caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela vai ser, como no futuro na transição de júnior para sénior. Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol, para o bem e para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores das suas carreiras, mas nesta euforia cai muita boa gente, que vêm no futebol um caminho cómodo para projetar os filhos num universo dourado pelos lucros fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador afastar-se do seu principal objetivo que é jogar futebol. Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho, nem sempre é, e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o melhor para eles mesmos, ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na pele do filho», os pais nas últimas décadas acompanham os filhos nos treinos, jogos e torneios e por isso na pratica tornaram-se nos «adeptos mais críticos dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem precisa principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um «treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude em nada beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para sénior. Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na formação de futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma disciplina rigorosa na qual podem emergir apenas aqueles que são naturalmente dotados e têm a possibilidade de evoluir as suas capacidades técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e psicológicas sobre o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que
  • 11. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado para potenciar um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro lado jogadores mais ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico tem mais probabilidades de conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir os seus objetivos de afirmação numa equipa sénior, ou dito de outra forma, grande percentagem do jovem jogador não consegue passar a «ultima barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam em desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol sénior, como se esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras profissões» a seguir! O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto com mais praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com paixões e emoções, mas acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande negócio de milhões para todos os intervenientes ligados diretamente ou indiretamente á modalidade que é o futebol. Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o comando da FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o futebol como as grandes multinacionais, empresários e os vários órgãos de comunicação social como as televisões, jornais e rádios, e no meio deste grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de futebol, que por vezes não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e como todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro pretendido pela entidade empregadora, quer desportivo quer financeira e esta é a realidade do nosso futebol de formação em Portugal e Mundial, são preparados (treinados), para um dia poder representar a equipa sénior de futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do «investimento» até então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos jovens jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar a equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos extrínsecos. Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior, permanece muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os jovens jogadores, mas também como se forma o plantel sénior de futebol profissional, composto por jogadores de formação nacionais, estrangeiros ou jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta é a realidade deste grande desporto que é o futebol! Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os jovens britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade trazida pelos mesmos residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra, assim como os estudantes portugueses que de lá regressavam, por todos estes e outros motivos históricos ligados maioritariamente aos estrangeiros em
  • 12. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Portugal, não se pode associar de forma direta ou indireta a responsabilidade ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou adaptação do jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a nível quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do século XXI de muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª Divisão hoje 1ª Liga, «alguns de alguma qualidade duvidosa», mas não nos podemos esquecer da chegada de outros tantos jogadores de seleções estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol em Portugal como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e muitos mais. Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também para muitos como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na vida, á sempre os «prós e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais democráticas; e a nossa constituição consagra o direito ao trabalho como um direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo 58.º CRP). Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros ao nosso futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso futebol Português conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20 em 1989 e 1991; sobre o comando técnico do Professor Carlos Queiroz, (Selecionador de Juniores) na altura. Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a denominada «geração de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V. Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia, Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho, Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes jogadores jogaram em grandes clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a representar a principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e Cao, etc., para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande feito com a conquista do Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a ter a projeção e mediatismo no futebol sénior que a grande parte deles lhe era apontada nos juniores, tanto nos seus clubes de formação como na principal seleção de Portugal. Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens jogadores e academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa sociedade em geral que passa por uma perlongada «crise económica e de valores» em que os clubes se tentam adaptar ou ajustar particularmente na composição do seu plantel sénior com a introdução de alguns jogadores provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim, como algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do futebol; como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez
  • 13. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 mais empresarial, «se eu produzir qualidade logo não preciso de comprar qualidade», para dar resposta as necessidades do futebol sénior profissional. Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como os clubes se organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na transição para o futebol sénior profissional. Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no geral a uma clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação praticada por alguns clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os outros ditos «pequenos» que fruto da rápida informação e novas tecnologias existentes hoje em dia, que na minha modesta opinião, não passa de uma; «Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o objetivo principal na formação de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades individuais de cada jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador nas várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida integração numa equipa sénior profissional. Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem jogador júnior, para os resultados imediatos nos jogos em função do adversário, privilegiando na metodologia de treino e nos vários Microciclos exercícios desajustados, á capacidade de execução de cada atleta, que por vezes os mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de complexidade das características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual. O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um clube, por vezes momentânea do atual coordenador do futebol de formação, em que o próprio na grande parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em detrimento das ideias e «ADN» do próprio clube e toda a sua historia, não esquecer no entanto que as ideias do coordenador são sempre do clube onde desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube estão sempre presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube. Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior para sénior? 1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o ideal? O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente em duas zonas Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do
  • 14. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 campeonato vão jogar contra adversários supostamente mais limitados, que não vão além de determinados limites quer a nível técnico-tático, física e psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados desnivelados, onde a equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os seus hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o nível competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de menor nível de exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade do campeonato nacional de futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida em 3 Grupos, sendo estes o apuramento do campeão e manutenção zona norte e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem jogador júnior vai ao limite das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no entanto parece- nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o ultimo ano na formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior. Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a criação de equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª Liga, foi uma boa medida adotada para aproximar diferenças existentes entre futebol júnior para o sénior, mas outras medidas podem ser implementadas como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub-19) dos clubes que representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no Campeonato Nacional Sénior, seria do especto técnico-tático, físico e psicológico como a “verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as situações existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos profissionais da 2 Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver todas as suas competências adquiridas e aproximar diferenças entre a formação e o futebol sénior profissional. 2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa principal? Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação deve, ir primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e psicológicas dos jogadores da equipa júnior/formação que dispõe no momento, tendo em conta as suas qualidades fisiológicas dos jogadores e depois a partir dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo ideal para o coletivo, tendo em conta no entanto que na formação é importante os jogadores experienciarem os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se de maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que é o processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de futebol!
  • 15. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo modelo e sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube, pois sabemos que cada treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e sistema de jogo, e devido a essa mesma razão sendo o futebol sénior a “maior referência” do clube, e o cargo de treinador principal da equipa sénior devido a sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos resultados, deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa (treinador equipa sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas no futebol de formação como um todo e algo só deles nas várias equipas de formação. 3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior? Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do jogador júnior no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol sénior exige, no entanto não nos podemos desassociar que o objetivo final é a sua melhoria qualitativa como jogador júnior para sénior e sua rápida adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores sem olhar para a competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua melhoria nos resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois treinar ideias de jogo do treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos transmitem no treino, dentro da especificidade e a identidade da equipa e seus jogadores, e só depois vamos idealizar o nosso modelo de jogo, “uma coisa é jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar a jogar futebol”, a mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de treino, princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis. 4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação? A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa equipa de futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de treino simples consoante as características da equipa e jogadores dentro das ideias de jogo - princípios e subprincípios próprios com o nosso modelo e sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de dificuldade no decorrer, mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de jogo dentro da especificidade. No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é tanto maior quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de treino, ai entra o treinador parte integrante na planificação no processo operacional de treino e seus exercícios/unidades que passa essas próprias ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que desenvolve
  • 16. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático dentro da especificidade do coletivo e individual. 4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de formação? O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no entanto sabe-se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais” seja no treino ou competição, os grandes jogadores de futebol da atualidade como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de mentalidade” aleada a todas outras capacidades técnico-tática e física, no entanto concordamos que este tipo de mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol dificilmente a competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e motivacionais são determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de grande presão que diretamente atinge o jogador de formação desde o treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco motivacional próprio do jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou Namorada, estes muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados ao jovem jogador. No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a mentalidade e motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas durante a época em função desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de recursos humanos e materiais para fazer sentir na equipa de formação como um investimento de futuro no clube e no panorama nacional. 5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação? Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de ex.: atletas profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de formação, é algo lógico, já que são referências do clube e dos próprios jovens jogadores, mas muitos deles podem ainda não ter a experiencia de treinador, mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos esquecer que a competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem forma e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das capacidades daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos jogadores, conseguir que se empenhem sempre ao máximo das suas capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer no treino e jogo, só assim terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo. Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são jovens adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e se emocionam, e todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas várias faces durante o processo de transição de júnior para sénior.
  • 17. TESE – TRANSIÇÃO ATAQUE-DEFESA vs JUNIOR-SÉNIOR Pedro Moutinho Vieira Curso de Treinador de Futebol UEFA A + Elite Jovem 2016 Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol, tem que existir competência na metodologia de treino, liderança e principalmente técnicas de comunicação, porque o treinador necessita de ser capaz de levar aqueles a quem se dirige a reconhecer essa autoridade, dentro e fora de campo. Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de trabalho onde a sua competência seja demonstrada e exista confiança e respeito mútuos, o sucesso de uns seja o sucesso de todos. Não basta portanto adquirir conhecimento, sendo fundamental que o mesmo seja aplicado de forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é decisivo para o treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com que os jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são algumas verdades cuja aplicação ao processo final de formação, que é a transição do jogador júnior para sénior. Com estes dois capítulos da transição ataque - defesa e transição júnior para sénior, como treinador de futebol quis dar apenas e só a minha opinião de dois processos de estrema importância no futebol atual, um dentro do que é o jogo de futebol e toda a conceptualização e organização, técnico-tática, física e psicológica e o outro dentro do contexto de formação do jovem jogador de futebol na sua etapa no processo final de formação que é a transição de júnior para o futebol sénior profissional. “ Na teoria todos nós temos algumas ideias na transição ataque - defesa e júnior para sénior, mas na prática só com o jogo de futebol sabemos o resultado ”… Pedro Moutinho Vieira, Curso de Treinador UEFA A + Elite Jovem 2016