SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
Análise morfométrica do estádio evolutivo de sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Rio Côa
                                                                                                                                                                      Marco Jorge, Catarina Ramos
                                                                                                                                                     Centro de Estudos Geográficos / IGOT, Universidade de Lisboa, Portugal


                                                                                                                                                                                             marco.jorge6@gmail.com




                                                                                             RESUMO                                                                                                                                                                                                                     ÁREA DE ESTUDO

                                                                                                                                                                                                                                                Localização da bacia Hidrográfica do Rio Côa (delimitada pela linha branca)                                                                    Perfis longitudinais
 Neste trabalho analisa‐se o estádio evolu�vo do relevo e da rede de drenagem de 25 sub‐bacias da bacia hidrográfica do rio Côa, e a sua relação com a
 neotectónica. Estudaram‐se os factores condicionantes do integral hipsométrica de 25 sub‐bacias de drenagem, uma análise geomorfométrica geral
 (Evans, 1972, p. 18) a par�r da qual se discute a variação espacial dos factores e dos “es�mulos” morfogené�cos responsáveis pelos principais contrastes,
 e onde são perguntas de par�da: qual a relação entre o relevo da rede de drenagem e a hipsometria das sub‐bacias? Existe uma “estrutura espacial” nos
 valores da Integral Hipsométrica?

 Para cada uma das 25 bacias calcularam‐se 29 variáveis, referentes: ao relevo das bacias de drenagem e dos perfis longitudinais (PL) dos seus cursos de
 água principais; à morfometria da rede de drenagem; à dimensão das bacias e dos PL; e à forma (planimétrica) e à localização absoluta das bacias.
 Consideraram‐se diferentes grupos principais de variáveis, permi�ndo discu�r a relação entre a dinâmica do nível de base e as caracterís�cas dos PL, de
 diferentes prismas: do ponto de vista do “(des)ajuste geral” , do encaixe fluvial e do declive, e da forma do PL. A relação da Integral Hipsométrica com                                                                                                                                                                                                                                           Hipsometria
 aquele grupo de variáveis fornece a base para a análise do papel da morfogénese fluvial no estádio evolu�vo das bacias. Sabe‐se, a priori, a direcção da
 correlação entre alguns pares de variáveis e a existência de uma elevada mul�colinearidade; do ponto de vista esta�s�co, estar‐se‐ia perante um modelo
 redundante. Porém, em termos geomorfológicos não importa apenas a variação rela�va de valores na série de unidades de análise, mas também a
 posição (na série de valores obtenível para determinada variável expressa em escala dimensional) do intervalo de valores em que aquela variação se
 verifica.

 Diferentes escalas espaciais dos indicadores (todo o curso de água vs apenas troço inicial ou terminal) foram pensadas para tentar traduzir a morfogénese                                                                                                                                                                                                                                                  x

 a escalas temporais dis�ntas. A relação do encaixe fluvial médio de todo o curso de água com a Integral Hipsométrica é especialmente relevante para a
 interpretação da dinâmica do nível de base pois, uma vez que ele tenderá a ser maior onde a capacidade de ajuste do cursos de água principal, a
 magnitude e a idade da descida rela�va do nível de base forem superiores, a relação com a Integral Hipsométrica tenderá, provavelmente, a ser nega�va
 onde o nível de base esteja estabilizado e posi�va onde o nível de base registe ou tenha registado recentemente uma descida rela�va de magnitude
 superior à capacidade de ajuste da rede hidrográfica.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                            1 : falha ; 2 : cavalgamento




                                                                                                                                                        Descrição das variáveis u�lizadas e principais notas metodológicas. C.a. – curso                                                                                                         MATRIZ DE CORRELAÇÃO
                                                 DELIMITAÇÃO DAS SUB‐BACIAS                                                                              de água; PL – perfil longitudinal; RD – Rede de drenagem. * Parâmetros que
                                                                                                                                                                                  traduzem o encaixe fluvial
         U�lizou‐se a informação al�métrica do modelo digital de super�cie SRTM (acrónimo de Shu�le Radar Topographic Mission) 3
         segundos‐de‐arco que, após reprojectada adquiriu uma resolução espacial de 82 metros.

         Efectou‐se uma delimitação automá�ca das sub‐bacias com recurso a uma rede de drenagem extraída automa�camente com
         limiar de fluxo acumulado de 10k células, que resultou em 25 unidades (em baixo). A escolha recaiu por estas unidades de análise,
         pois a iteração com o limiar de fluxo acumulado revelou que o valor de 10k células era o que estabelecia o melhor compromisso
         entre o número e a dimensão das bacias ob�das. Este método de extracção das bacias tem limitações importantes ligadas
         essencialmente ao facto de, em algumas bacias, a secção de referência não corresponder à foz do c.a. principal.

         Para cada uma das 25 bacias calcularam‐se 29 variáveis, referentes: ao relevo das bacias de drenagem e dos PL dos seus c.a
         principais; à morfometria da rede de drenagem; à dimensão das bacias e dos PL; e à forma (planimétrica) e à localização absoluta
         das bacias.




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  O número de factores construídos foi definido subjec�vamente, tendo por base as relações
                                                                                                                                                                                                                                                                                Resultado de uma análise factorial principal (comunalidades, rotação
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 apresentadas. A proporção de variância explicada por cada um dos factores varia entre os 28%
                                                                                                                                                                                                                                                                               varimax): variáveis com loadings > 0,7, variância explicada e proporção           factor 1 e os 9% do factor 4. Os factores resultantes organizam sistema�camente as relações da
                                                                                                                                                                                                                                                                                       de variância explicada rela�vamente à variância total.                    matriz de correlação. O factor que explica maior porção de variância agrupa, no essencial, um
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 conjunto de variáveis que, de um modo ou de outro, depende da localização rela�va na bacia.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 O factor 2, respeita ao estádio evolu�vo do terreno, como traduzido pela morfologia da rede
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 de drenagem e pela hipsometria adimensional das bacias . O factor 3 agrupa 2 variáveis da qual
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 depende a hipsometria adimensional. Já o desvio D possui a correlação mais elevada com
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 aquelas duas variáveis em virtude de amplitude al�métrica da bacia (r = 0,83) depender
           Esquerda : Localização das 25 sub-bacias delimitadas automaticamente. Direita : Integral hipsométrica das                                                                                                                                                                                                                                             fortemente da amplitude al�métrica do PL, principalmente da al�tude da foz; quanto mais
           sub-bacias e integral da curva do perfis longitudinais dos cursos de água mais longos das sub-bacias.                                                                                                                                                                                                                                                  declivoso o PL no seu troço terminal maiores tenderão a ser os dois parâmetros. O factor 4
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 pode ser interpretado como a expressão esta�s�ca da "interdependência escalar" existente
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 entre a área e a forma das bacias, e entre o comprimento e o declive dos cursos de água.




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Caracterís�cas das sub‐bacias (algumas das variáveis do quadro)


                                                     REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE ALGUMAS VARIÁVEIS E METODOLOGIAS DE CÁLCULO
                                                                                                                                                                            Exemplos de perfis longitudinais com escala horizontal logarítmica. Os números no interior do
                                           Perfil longitudinal dos c.a. principais das 25 sub‐bacias, classificados por quebras naturais na série de
                                                                                                                                                                              perfilindicam o desvio D em metros. Gráfico construído seguindo exemplo de Larue, 2008.
                                                               valores das integrais das curvas dos perfis longitudinais.




                                                                                                                                                                                                                                               (y = 1 ‐ e ‐Ax)




                                                                                                                                                                                       2
                                                                                                                                                                                     R = 0.97




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Médias dos clusters ob�dos com análise K‐means. Esquerda : Clusters construídos com os 4 factores
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         ob�dos na análise factorial. B) Clusters construídos com as variáveis 7, 14, 16 e 19 .




                                                                                                                                                               Índice SL dos perfis longitudinais do sector montante da bacia do Côa. Notar os valores elevados nos sectores
                                                                                                                                                                         terminais de alguns cursos de água, indicando convexidades pronunciadas dos talvegues.




                                                                                                                                                                                                                                                                                               Foram efectuadas duas análises de Clusters K‐means com as 25 sub‐bacias, uma com os scores das bacias para os factores apresentados em
                                                                                                                                                                                                                                                                                               cima; e outra somente com as variáveis iden�ficadas pelo factor 2 (estádio evolu�vo), à excepção da Integral Hipsométrica, um parâmetro
                                                                                                                                                                                                                                                                                               dependente, e da assimetria da al�tude, por ser equivalente à integral do perfil longitudinal. A análise K‐means com os scores dos 4 factores
                                                                                                                                                                                                                                                                                               fornece dados com reduzido significado geomorfológico. No que respeita à análise com as variáveis do estádio evolu�vo da rede de
                                                                                                                                                                                                                                                                                               drenagem, a distribuição das médias consubstancia de modo óbvio a corrrelação entre as variáveis.
CONCLUSÕES
Na bacia do Côa, o estádio evolu�vo da hipsometria adimensional das sub‐bacias de drenagem é determinado essencialmente pelo estádio evolu�vo (integral) do perfis longitudinais (PL) dos cursos de água principais (mais longos) que as
drenam. Quanto maior a integral dos PL, quanto mais a sua forma se afasta da do perfil de equilíbrio, maior tende a ser o volume de terreno da bacia que se localiza acima do nível de base. Esta relação tem de ser entendida à luz do carácter
plano e extenso dos interflúvios e da “juventude” geral da rede hidrográfica. A forte dependência que a hipsometria adimensional das bacias apresenta rela�vamente às caracterís�cas dos PL dos cursos de água principais está relacionada                                                                 AGRADECIMENTOS :
com a reduzida variabilidade al�métrica do terreno da bacia do Côa e, consequentemente, com a dependência que a rugosidade topográfica apresenta rela�vamente à morfometria dos vales, parâmetro geomorfométrico que influi
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Agradecemos à comissão das Bolsas de Investigação Fundação Amadeu Dias / Universidade de Lisboa pelo importante
directamente na integral da curva hipsométrica.                                                                                                                                                                                                                                                          estímulo ao desenvolvimento do projecto de investigação no decurso do 3º ano da Licenciatura em Geografia, ano lectivo
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         2008 / 2009. O autor principal agradece à Profª Doutora Ana Ramos Pereira por o ter incentivado a candidatar-se às bolsas
A interacção entre a variação espacial da taxa e/ou duração do levantamento tectónico, da capacidade de ajuste da rede hidrográfica, da influência das rupturas de declive regressivas (desequilíbrio do PL rela�vamente ao nível de base) na                                                              Fundação Amadeu Dias / Universidade de Lisboa.
morfologia dos PL, e o condicionamento da litologia em vários aspectos (por ex., na erodibilidade do terreno e na génese de rupturas de declive de equilíbrio), são os factores mais importantes para explicar a variação espacial da morfometria
dos PL. Pensa‐se que a diversidade espacial da magnitude da descida rela�va do nível de base e da erosividade dos cursos de água é a causa principal da inexistência de uma relação linear entre o encaixe fluvial e a Integral Hipsométrica.                                                             BIBLIOGRAFIA :
Dependendo das unidades de análise consideradas, o aumento do encaixe fluvial tanto se associa ao aumento como à diminuição da integral do PL.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Demoulin A (1998) Testing the tectonic significance of some parameters of longitudinal river profiles: the case of the Ardenne (Belgium, NW
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Europe (1998). Geomorphology, 24: 189-208.
Em igualdade dos restantes factores, a relação entre o potencial morfogené�co (capacidade de ajuste) de determinada bacia e da bacia para a qual drena o curso de água principal daquela é o factor principal para perceber a variação espacial                                                          Evans I (1972) General geomorphometry, derivatives of altitude, and descriptive statistics. In Chorley R (ed.) Spatial Analysis in Geomorphology.
do estádio evolu�vo do PL. Num raciocínio simples, idealizando duas bacias com caracterís�cas bio�sicas exactamente iguais, com a mesma incapacidade para contrariar o desajuste promovido pela descida rela�va do nível de base, o                                                                      London, Methuen:17-90.
aumento do desajuste num determinado intervalo de tempo será maior naquela cujo rio principal drena para o curso de água que se encaixa mais rapidamente no terreno. Esta relação pode ser extremamente relevante para explicar as                                                                       Ferreira A B (1978) Planaltos e Montanhas do Norte da Beira. Centro de Estudos Geográficos, Lisboa.
diferenças do estádio evolu�vo das bacias em contextos geomorfológicos cons�tuídos por planaltos pouco degradados e com um regime tectónico espacialmente pouco diverso.                                                                                                                                 Goldrick G, Bishop P (2007) Regional analysis of bedrock stream long profiles: evaluation of Hack’s SL form, and formulation and assessment of
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         an alternative (the DS form). Earth Surf. Process. Landforms, 32: 649-671
A localização rela�va das unidades de análise na unidade geomorfológica maior (bacia hidrográfica) pode explicar, mais do que qualquer outra caracterís�ca, o estádio evolu�vo. Mas, a própria influência rela�va dos factores que determinam                                                              Larue J (2008) Effects of tectonics and lithology on long profiles of 16 rivers of the southern Central Massif border between the Aude and the Orb
a importância da localização variam com o contexto evolu�vo da bacia hidrográfica. Atente‐se, por exemplo, às modificações morfométricas que a regressão das rupturas de declive de desequilíbrio despoleta nos PL, ou mesmo à variação                                                                    (France). Geomorphology, 93: 343-367.
longitudinal da capacidade de entalhe dos cursos de água para qual drena o curso de água em análise.                                                                                                                                                                                                     Ribeiro M L (2001) Notícia Explicativa da Carta Geológica Simplificada do Parque Arqueológico do Vale do Côa, 71 p., Parque Arqueológico do
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Vale do Côa, Vila Nova de Foz Côa.

 O alinhamento de relevos da Marofa é uma peça importante no mosaico geomorfométrico da bacia do Côa. Ele separa, de modo grosseiro, dois domínios geomorfológicos diferenciáveis do ponto de vista da al�metria e da preservação dos                                                                    Segura F et al.(2007) Morphometric indices as indicators of tectonic, fluvial and karst processes in calcareous drainage basins, South Menorca
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Island, Spain. Earth Surf. Process. Landforms, 32: 1928-1946.
aplanamentos. Especificamente, as diferenças al�métricas entre os níveis aplanados a montante (excluindo o sector SW da bacia) e a jusante da Marofa parecem não dever‐se somente ao balançamento da Meseta para NW. Existe uma
transição demasiado brusca que parece sugerir que a o afloramento ordovícico teve/tem um papel na génese das diferenças.                                                                                                                                                                                  Troiani F, Della Seta M, The use of the Stream Length–Gradient index in morphotectonic analysis of small catchments: A case study from Central
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Italy, Geomorphology (2008), doi:10.1016/j.geomorph.2007.06.020

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concreto
Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concretoGalerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concreto
Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concretoJupira Silva
 
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...Maria Teresa Mendes
 
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...Felipe Souza Cruz
 
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...Eugênio Viana
 
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...Bruno Pina
 
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGREARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGREPLANORS
 
Laudo geotecnico iccila_set_2012
Laudo geotecnico iccila_set_2012Laudo geotecnico iccila_set_2012
Laudo geotecnico iccila_set_2012Beatriz Bauer Bauer
 
Baciahidrografica2007 (1)
Baciahidrografica2007 (1)Baciahidrografica2007 (1)
Baciahidrografica2007 (1)Karmem Batista
 
Características geométricas
Características geométricasCaracterísticas geométricas
Características geométricascarlossono
 
Apostila de mec solos ba ii
Apostila de mec solos ba iiApostila de mec solos ba ii
Apostila de mec solos ba iiislenrocha
 

Mais procurados (19)

Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concreto
Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concretoGalerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concreto
Galerias de drenagem de águas pluviais com tubos de concreto
 
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...
www.dec.estt.ipt.pt_encontro_palestras_Artigo.5 - Ponte Vasco da Gama - Manut...
 
17/03 - tarde_Mesa 2 - Marx Leandro Naves
17/03 - tarde_Mesa 2 - Marx Leandro Naves17/03 - tarde_Mesa 2 - Marx Leandro Naves
17/03 - tarde_Mesa 2 - Marx Leandro Naves
 
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...
Estudo de Caso de Projeto de Fundações e Contenções para Implantação de Eleva...
 
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...
Estudo de caso de uma seção canalizada da bacia do córrego botafogo na cidade...
 
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...
Matos et al.2010 sistemas de falhas de afloramentos do triásico superior na r...
 
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGREARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
 
Laudo geotecnico iccila_set_2012
Laudo geotecnico iccila_set_2012Laudo geotecnico iccila_set_2012
Laudo geotecnico iccila_set_2012
 
Apostila curso-hec-ras
Apostila curso-hec-rasApostila curso-hec-ras
Apostila curso-hec-ras
 
Análise reservatório poço
Análise reservatório   poçoAnálise reservatório   poço
Análise reservatório poço
 
RESERVATÓRIOS
RESERVATÓRIOSRESERVATÓRIOS
RESERVATÓRIOS
 
Litoral Exercícios
Litoral ExercíciosLitoral Exercícios
Litoral Exercícios
 
Baciahidrografica2007 (1)
Baciahidrografica2007 (1)Baciahidrografica2007 (1)
Baciahidrografica2007 (1)
 
350 1078-1-pb
350 1078-1-pb350 1078-1-pb
350 1078-1-pb
 
Drenagem Superficial
Drenagem SuperficialDrenagem Superficial
Drenagem Superficial
 
08
0808
08
 
reservatórios
 reservatórios  reservatórios
reservatórios
 
Características geométricas
Características geométricasCaracterísticas geométricas
Características geométricas
 
Apostila de mec solos ba ii
Apostila de mec solos ba iiApostila de mec solos ba ii
Apostila de mec solos ba ii
 

Destaque

Paisagens geológicas
Paisagens geológicasPaisagens geológicas
Paisagens geológicasRosabella9
 
Guía balanceo de ecuaciones químicas ii
Guía   balanceo de ecuaciones químicas iiGuía   balanceo de ecuaciones químicas ii
Guía balanceo de ecuaciones químicas iiGiuliana Tinoco
 
Calda bordalesa
Calda bordalesaCalda bordalesa
Calda bordalesamvezzone
 
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilo
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São CamiloFatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilo
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilofatecjundiai
 
Pl 041 2015 altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008
Pl 041 2015   altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008Pl 041 2015   altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008
Pl 041 2015 altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008Claudio Figueiredo
 
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantilABRACC
 
Nu Artístico (Documento Complementar)
Nu Artístico (Documento Complementar)Nu Artístico (Documento Complementar)
Nu Artístico (Documento Complementar)Daniela Elias
 
20cap iv.4.3 cbr_in_situ
20cap iv.4.3 cbr_in_situ20cap iv.4.3 cbr_in_situ
20cap iv.4.3 cbr_in_situsanaron
 
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicación
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicaciónUnidad 1 tema 1 teoría de la comunicación
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicaciónComunicologia
 
Actividad de Aprendizaje 3
Actividad de Aprendizaje 3Actividad de Aprendizaje 3
Actividad de Aprendizaje 3SolisDiazMM
 
Informe final del proyecto produciendo aprendo
Informe final del proyecto produciendo aprendoInforme final del proyecto produciendo aprendo
Informe final del proyecto produciendo aprendodavinsonbmx
 
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)Las 8 regiones del Perú. (Concurso)
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)Maju Ruiz
 
Planificação. comérco
Planificação. comércoPlanificação. comérco
Planificação. comércoMariaMatos96
 

Destaque (20)

Benceno
BencenoBenceno
Benceno
 
Manuela ribeiro
Manuela ribeiroManuela ribeiro
Manuela ribeiro
 
Paisagens geológicas
Paisagens geológicasPaisagens geológicas
Paisagens geológicas
 
Guía balanceo de ecuaciones químicas ii
Guía   balanceo de ecuaciones químicas iiGuía   balanceo de ecuaciones químicas ii
Guía balanceo de ecuaciones químicas ii
 
Forcas maiores
Forcas maioresForcas maiores
Forcas maiores
 
Convite umap
Convite umapConvite umap
Convite umap
 
Calda bordalesa
Calda bordalesaCalda bordalesa
Calda bordalesa
 
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilo
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São CamiloFatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilo
Fatec Jundiaí participa da Feira de Profissões no bairro São Camilo
 
Pl 041 2015 altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008
Pl 041 2015   altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008Pl 041 2015   altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008
Pl 041 2015 altera lei municipal nº 4.670-2008, de 03 de julho de 2008
 
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil
23 de no v. dia nacional de combate ao câncer infantil
 
Oros
OrosOros
Oros
 
Faetecgab2015
Faetecgab2015Faetecgab2015
Faetecgab2015
 
Nu Artístico (Documento Complementar)
Nu Artístico (Documento Complementar)Nu Artístico (Documento Complementar)
Nu Artístico (Documento Complementar)
 
20cap iv.4.3 cbr_in_situ
20cap iv.4.3 cbr_in_situ20cap iv.4.3 cbr_in_situ
20cap iv.4.3 cbr_in_situ
 
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicación
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicaciónUnidad 1 tema 1 teoría de la comunicación
Unidad 1 tema 1 teoría de la comunicación
 
Los celulares
Los  celularesLos  celulares
Los celulares
 
Actividad de Aprendizaje 3
Actividad de Aprendizaje 3Actividad de Aprendizaje 3
Actividad de Aprendizaje 3
 
Informe final del proyecto produciendo aprendo
Informe final del proyecto produciendo aprendoInforme final del proyecto produciendo aprendo
Informe final del proyecto produciendo aprendo
 
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)Las 8 regiones del Perú. (Concurso)
Las 8 regiones del Perú. (Concurso)
 
Planificação. comérco
Planificação. comércoPlanificação. comérco
Planificação. comérco
 

Semelhante a Análise morfométrica de sub-bacias da Bacia do Rio Côa

Apostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasApostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasjl1957
 
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdfCaracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdfLeidiana Alves
 
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições Danilo Max
 
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MG
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MGMODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MG
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MGGabriella Ribeiro
 
A2 094 Augm Ambiente 2009
A2 094   Augm Ambiente 2009A2 094   Augm Ambiente 2009
A2 094 Augm Ambiente 2009guest445a26
 
2 bacia hidrografica
2 bacia hidrografica2 bacia hidrografica
2 bacia hidrograficaRK RK
 
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesequipeagroplus
 
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaApresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaequipeagroplus
 
Introdução a Drenagem de Pluviais
Introdução a Drenagem de PluviaisIntrodução a Drenagem de Pluviais
Introdução a Drenagem de Pluviaisleosoares
 
Cap13 Hidrometria
Cap13 HidrometriaCap13 Hidrometria
Cap13 HidrometriaGrazi Ruas
 
Bacia hidrografica
Bacia hidrograficaBacia hidrografica
Bacia hidrograficaPessoal
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs5009
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs1011
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs50091
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs1013
 

Semelhante a Análise morfométrica de sub-bacias da Bacia do Rio Côa (18)

Apostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasApostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficas
 
15
1515
15
 
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdfCaracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf
Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf
 
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições
Apostila de Hidrologia (Profa. Ticiana Studart) - Capítulo 2: Definições
 
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MG
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MGMODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MG
MODELAMENTO HIDROGEOLÓGICO REGIONAL EM LEAPFROG/FEFLOW DA REGIÃO DE VAZANTE, MG
 
A2 094 Augm Ambiente 2009
A2 094   Augm Ambiente 2009A2 094   Augm Ambiente 2009
A2 094 Augm Ambiente 2009
 
2006 rojas-fonini
2006 rojas-fonini2006 rojas-fonini
2006 rojas-fonini
 
2 bacia hidrografica
2 bacia hidrografica2 bacia hidrografica
2 bacia hidrografica
 
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
 
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaApresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
 
Introdução a Drenagem de Pluviais
Introdução a Drenagem de PluviaisIntrodução a Drenagem de Pluviais
Introdução a Drenagem de Pluviais
 
Hidrologia 3
Hidrologia 3Hidrologia 3
Hidrologia 3
 
Cap13 Hidrometria
Cap13 HidrometriaCap13 Hidrometria
Cap13 Hidrometria
 
Bacia hidrografica
Bacia hidrograficaBacia hidrografica
Bacia hidrografica
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 

Análise morfométrica de sub-bacias da Bacia do Rio Côa

  • 1. Análise morfométrica do estádio evolutivo de sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Rio Côa Marco Jorge, Catarina Ramos Centro de Estudos Geográficos / IGOT, Universidade de Lisboa, Portugal marco.jorge6@gmail.com RESUMO ÁREA DE ESTUDO Localização da bacia Hidrográfica do Rio Côa (delimitada pela linha branca) Perfis longitudinais Neste trabalho analisa‐se o estádio evolu�vo do relevo e da rede de drenagem de 25 sub‐bacias da bacia hidrográfica do rio Côa, e a sua relação com a neotectónica. Estudaram‐se os factores condicionantes do integral hipsométrica de 25 sub‐bacias de drenagem, uma análise geomorfométrica geral (Evans, 1972, p. 18) a par�r da qual se discute a variação espacial dos factores e dos “es�mulos” morfogené�cos responsáveis pelos principais contrastes, e onde são perguntas de par�da: qual a relação entre o relevo da rede de drenagem e a hipsometria das sub‐bacias? Existe uma “estrutura espacial” nos valores da Integral Hipsométrica? Para cada uma das 25 bacias calcularam‐se 29 variáveis, referentes: ao relevo das bacias de drenagem e dos perfis longitudinais (PL) dos seus cursos de água principais; à morfometria da rede de drenagem; à dimensão das bacias e dos PL; e à forma (planimétrica) e à localização absoluta das bacias. Consideraram‐se diferentes grupos principais de variáveis, permi�ndo discu�r a relação entre a dinâmica do nível de base e as caracterís�cas dos PL, de diferentes prismas: do ponto de vista do “(des)ajuste geral” , do encaixe fluvial e do declive, e da forma do PL. A relação da Integral Hipsométrica com Hipsometria aquele grupo de variáveis fornece a base para a análise do papel da morfogénese fluvial no estádio evolu�vo das bacias. Sabe‐se, a priori, a direcção da correlação entre alguns pares de variáveis e a existência de uma elevada mul�colinearidade; do ponto de vista esta�s�co, estar‐se‐ia perante um modelo redundante. Porém, em termos geomorfológicos não importa apenas a variação rela�va de valores na série de unidades de análise, mas também a posição (na série de valores obtenível para determinada variável expressa em escala dimensional) do intervalo de valores em que aquela variação se verifica. Diferentes escalas espaciais dos indicadores (todo o curso de água vs apenas troço inicial ou terminal) foram pensadas para tentar traduzir a morfogénese x a escalas temporais dis�ntas. A relação do encaixe fluvial médio de todo o curso de água com a Integral Hipsométrica é especialmente relevante para a interpretação da dinâmica do nível de base pois, uma vez que ele tenderá a ser maior onde a capacidade de ajuste do cursos de água principal, a magnitude e a idade da descida rela�va do nível de base forem superiores, a relação com a Integral Hipsométrica tenderá, provavelmente, a ser nega�va onde o nível de base esteja estabilizado e posi�va onde o nível de base registe ou tenha registado recentemente uma descida rela�va de magnitude superior à capacidade de ajuste da rede hidrográfica. 1 : falha ; 2 : cavalgamento Descrição das variáveis u�lizadas e principais notas metodológicas. C.a. – curso MATRIZ DE CORRELAÇÃO DELIMITAÇÃO DAS SUB‐BACIAS de água; PL – perfil longitudinal; RD – Rede de drenagem. * Parâmetros que traduzem o encaixe fluvial U�lizou‐se a informação al�métrica do modelo digital de super�cie SRTM (acrónimo de Shu�le Radar Topographic Mission) 3 segundos‐de‐arco que, após reprojectada adquiriu uma resolução espacial de 82 metros. Efectou‐se uma delimitação automá�ca das sub‐bacias com recurso a uma rede de drenagem extraída automa�camente com limiar de fluxo acumulado de 10k células, que resultou em 25 unidades (em baixo). A escolha recaiu por estas unidades de análise, pois a iteração com o limiar de fluxo acumulado revelou que o valor de 10k células era o que estabelecia o melhor compromisso entre o número e a dimensão das bacias ob�das. Este método de extracção das bacias tem limitações importantes ligadas essencialmente ao facto de, em algumas bacias, a secção de referência não corresponder à foz do c.a. principal. Para cada uma das 25 bacias calcularam‐se 29 variáveis, referentes: ao relevo das bacias de drenagem e dos PL dos seus c.a principais; à morfometria da rede de drenagem; à dimensão das bacias e dos PL; e à forma (planimétrica) e à localização absoluta das bacias. O número de factores construídos foi definido subjec�vamente, tendo por base as relações Resultado de uma análise factorial principal (comunalidades, rotação apresentadas. A proporção de variância explicada por cada um dos factores varia entre os 28% varimax): variáveis com loadings > 0,7, variância explicada e proporção factor 1 e os 9% do factor 4. Os factores resultantes organizam sistema�camente as relações da de variância explicada rela�vamente à variância total. matriz de correlação. O factor que explica maior porção de variância agrupa, no essencial, um conjunto de variáveis que, de um modo ou de outro, depende da localização rela�va na bacia. O factor 2, respeita ao estádio evolu�vo do terreno, como traduzido pela morfologia da rede de drenagem e pela hipsometria adimensional das bacias . O factor 3 agrupa 2 variáveis da qual depende a hipsometria adimensional. Já o desvio D possui a correlação mais elevada com aquelas duas variáveis em virtude de amplitude al�métrica da bacia (r = 0,83) depender Esquerda : Localização das 25 sub-bacias delimitadas automaticamente. Direita : Integral hipsométrica das fortemente da amplitude al�métrica do PL, principalmente da al�tude da foz; quanto mais sub-bacias e integral da curva do perfis longitudinais dos cursos de água mais longos das sub-bacias. declivoso o PL no seu troço terminal maiores tenderão a ser os dois parâmetros. O factor 4 pode ser interpretado como a expressão esta�s�ca da "interdependência escalar" existente entre a área e a forma das bacias, e entre o comprimento e o declive dos cursos de água. Caracterís�cas das sub‐bacias (algumas das variáveis do quadro) REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE ALGUMAS VARIÁVEIS E METODOLOGIAS DE CÁLCULO Exemplos de perfis longitudinais com escala horizontal logarítmica. Os números no interior do Perfil longitudinal dos c.a. principais das 25 sub‐bacias, classificados por quebras naturais na série de perfilindicam o desvio D em metros. Gráfico construído seguindo exemplo de Larue, 2008. valores das integrais das curvas dos perfis longitudinais. (y = 1 ‐ e ‐Ax) 2 R = 0.97 Médias dos clusters ob�dos com análise K‐means. Esquerda : Clusters construídos com os 4 factores ob�dos na análise factorial. B) Clusters construídos com as variáveis 7, 14, 16 e 19 . Índice SL dos perfis longitudinais do sector montante da bacia do Côa. Notar os valores elevados nos sectores terminais de alguns cursos de água, indicando convexidades pronunciadas dos talvegues. Foram efectuadas duas análises de Clusters K‐means com as 25 sub‐bacias, uma com os scores das bacias para os factores apresentados em cima; e outra somente com as variáveis iden�ficadas pelo factor 2 (estádio evolu�vo), à excepção da Integral Hipsométrica, um parâmetro dependente, e da assimetria da al�tude, por ser equivalente à integral do perfil longitudinal. A análise K‐means com os scores dos 4 factores fornece dados com reduzido significado geomorfológico. No que respeita à análise com as variáveis do estádio evolu�vo da rede de drenagem, a distribuição das médias consubstancia de modo óbvio a corrrelação entre as variáveis. CONCLUSÕES Na bacia do Côa, o estádio evolu�vo da hipsometria adimensional das sub‐bacias de drenagem é determinado essencialmente pelo estádio evolu�vo (integral) do perfis longitudinais (PL) dos cursos de água principais (mais longos) que as drenam. Quanto maior a integral dos PL, quanto mais a sua forma se afasta da do perfil de equilíbrio, maior tende a ser o volume de terreno da bacia que se localiza acima do nível de base. Esta relação tem de ser entendida à luz do carácter plano e extenso dos interflúvios e da “juventude” geral da rede hidrográfica. A forte dependência que a hipsometria adimensional das bacias apresenta rela�vamente às caracterís�cas dos PL dos cursos de água principais está relacionada AGRADECIMENTOS : com a reduzida variabilidade al�métrica do terreno da bacia do Côa e, consequentemente, com a dependência que a rugosidade topográfica apresenta rela�vamente à morfometria dos vales, parâmetro geomorfométrico que influi Agradecemos à comissão das Bolsas de Investigação Fundação Amadeu Dias / Universidade de Lisboa pelo importante directamente na integral da curva hipsométrica. estímulo ao desenvolvimento do projecto de investigação no decurso do 3º ano da Licenciatura em Geografia, ano lectivo 2008 / 2009. O autor principal agradece à Profª Doutora Ana Ramos Pereira por o ter incentivado a candidatar-se às bolsas A interacção entre a variação espacial da taxa e/ou duração do levantamento tectónico, da capacidade de ajuste da rede hidrográfica, da influência das rupturas de declive regressivas (desequilíbrio do PL rela�vamente ao nível de base) na Fundação Amadeu Dias / Universidade de Lisboa. morfologia dos PL, e o condicionamento da litologia em vários aspectos (por ex., na erodibilidade do terreno e na génese de rupturas de declive de equilíbrio), são os factores mais importantes para explicar a variação espacial da morfometria dos PL. Pensa‐se que a diversidade espacial da magnitude da descida rela�va do nível de base e da erosividade dos cursos de água é a causa principal da inexistência de uma relação linear entre o encaixe fluvial e a Integral Hipsométrica. BIBLIOGRAFIA : Dependendo das unidades de análise consideradas, o aumento do encaixe fluvial tanto se associa ao aumento como à diminuição da integral do PL. Demoulin A (1998) Testing the tectonic significance of some parameters of longitudinal river profiles: the case of the Ardenne (Belgium, NW Europe (1998). Geomorphology, 24: 189-208. Em igualdade dos restantes factores, a relação entre o potencial morfogené�co (capacidade de ajuste) de determinada bacia e da bacia para a qual drena o curso de água principal daquela é o factor principal para perceber a variação espacial Evans I (1972) General geomorphometry, derivatives of altitude, and descriptive statistics. In Chorley R (ed.) Spatial Analysis in Geomorphology. do estádio evolu�vo do PL. Num raciocínio simples, idealizando duas bacias com caracterís�cas bio�sicas exactamente iguais, com a mesma incapacidade para contrariar o desajuste promovido pela descida rela�va do nível de base, o London, Methuen:17-90. aumento do desajuste num determinado intervalo de tempo será maior naquela cujo rio principal drena para o curso de água que se encaixa mais rapidamente no terreno. Esta relação pode ser extremamente relevante para explicar as Ferreira A B (1978) Planaltos e Montanhas do Norte da Beira. Centro de Estudos Geográficos, Lisboa. diferenças do estádio evolu�vo das bacias em contextos geomorfológicos cons�tuídos por planaltos pouco degradados e com um regime tectónico espacialmente pouco diverso. Goldrick G, Bishop P (2007) Regional analysis of bedrock stream long profiles: evaluation of Hack’s SL form, and formulation and assessment of an alternative (the DS form). Earth Surf. Process. Landforms, 32: 649-671 A localização rela�va das unidades de análise na unidade geomorfológica maior (bacia hidrográfica) pode explicar, mais do que qualquer outra caracterís�ca, o estádio evolu�vo. Mas, a própria influência rela�va dos factores que determinam Larue J (2008) Effects of tectonics and lithology on long profiles of 16 rivers of the southern Central Massif border between the Aude and the Orb a importância da localização variam com o contexto evolu�vo da bacia hidrográfica. Atente‐se, por exemplo, às modificações morfométricas que a regressão das rupturas de declive de desequilíbrio despoleta nos PL, ou mesmo à variação (France). Geomorphology, 93: 343-367. longitudinal da capacidade de entalhe dos cursos de água para qual drena o curso de água em análise. Ribeiro M L (2001) Notícia Explicativa da Carta Geológica Simplificada do Parque Arqueológico do Vale do Côa, 71 p., Parque Arqueológico do Vale do Côa, Vila Nova de Foz Côa. O alinhamento de relevos da Marofa é uma peça importante no mosaico geomorfométrico da bacia do Côa. Ele separa, de modo grosseiro, dois domínios geomorfológicos diferenciáveis do ponto de vista da al�metria e da preservação dos Segura F et al.(2007) Morphometric indices as indicators of tectonic, fluvial and karst processes in calcareous drainage basins, South Menorca Island, Spain. Earth Surf. Process. Landforms, 32: 1928-1946. aplanamentos. Especificamente, as diferenças al�métricas entre os níveis aplanados a montante (excluindo o sector SW da bacia) e a jusante da Marofa parecem não dever‐se somente ao balançamento da Meseta para NW. Existe uma transição demasiado brusca que parece sugerir que a o afloramento ordovícico teve/tem um papel na génese das diferenças. Troiani F, Della Seta M, The use of the Stream Length–Gradient index in morphotectonic analysis of small catchments: A case study from Central Italy, Geomorphology (2008), doi:10.1016/j.geomorph.2007.06.020