2. Trecho para os estudos de hoje:
“O tributo para o Templo pago por Jesus e por Pedro — 24 Quando chegaram a Cafarnaum,
os coletores da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: "O vosso mestre não
paga a didracma?" 25 Pedro respondeu: "Sim". Ao entrar em casa, Jesus antecipou-se-lhe,
dizendo: "Que te parece, Simão? De quem recebem os reis da terra tributos ou impostos? Dos
seus filhos ou dos estranhos?" 26 Como ele respondesse "Dos estranhos", Jesus lhe disse:
"Logo, os filhos estão isentos. 27 Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar e joga o
anzol. O primeiro peixe que subir, segura-o e abre-lhe a boca. Acharás aí um estáter. Pega-o e
entrega-o a eles por mim e por ti".
3. Sobre esse imposto:
● “A origem do “imposto do Templo” se prende a Moisés (Êx.30:11-13), quando
YHWH ordena que, ao serem contados os israelitas, de cada um fosse
cobrado um tributo de “meio siclo", que correspondia a vinte gueras. [...] o
imposto de meio-siclo correspondia a duas dracmas (a que chamavam
didracma). Para duas pessoas, havia necessidade de quatro dracmas, que
perfaziam um ‘státer’.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev. Sabedoria. v 3.
Rio de Janeiro: 1964, p. 107)
4. Sobre esse imposto, ainda:
● “A coleta começava: em Jerusalém no dia 25 de adar e fora da capital a 15
de adar, que era o nome do mês que precedia o de nisan, no qual era
celebrada a Páscoa. Deveria terminar a coleta e ser recolhido o resultado até
o dia l.º de nisan, na Sala do Tesouro do Templo, para ser usado com as
despesas da Páscoa. Nas regiões mais distantes o resultado da coleta devia
ser enviada a Jerusalém até 15 dias antes de Pentecostes; e as do exterior
deviam chegar até 15 dias antes da Festa dos Tabernáculos, quando afluíam
a Jerusalém os israe1itas da Diáspora. O montante era levado pelos próprios
peregrinos de confiança.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev. Sabedoria. v 3. Rio de
Janeiro: 1964, p. 107)
5. Qual era a diferença entre a dracma e o estáter?
● “O estáter equivalia a quatro dracmas, ou seja a 7.2 gramas de prata. O
denário, salário de um trabalhador por um dia, equivalia quase 4 gramas de
prata. O talento equivalia a 6.000 dracmas, ou seja, 21.600 gramas de prata.
Quanto à medida, um siclo equivalia a 12 gramas, isto é, 20 geras”
(WEGNER, Uwe. Jesus, a dívida externa e os tributos romanos. In: REIMER,
Ivoni Richter (Org). Economia no Mundo Bíblico: Enfoques sociais, históricos e
teológicos. São Leopoldo/RS: CebiSinodal, 2006.)
6. Sobre a Tributação Judaica:
O primeiro dízimo: cada judeu, maior de vinte anos de idade, era obrigado a pagar ao Templo um tributo
anual correspondente a duas dracmas, conforme previsto em Êxodo 30:13, não importando, neste caso,
em qual lugar do mundo estivesse residindo o judeu e, ao que parece, as evidências demonstram que
Jesus Cristo não pagava esse imposto.
E o segundo dízimo consistia na obrigatoriedade de gastar em Jerusalém, por ocasião das festividades,
dez por cento dos rendimentos da terra e de seus animais. O gasto deste dízimo somente poderia ser
realizado em Jerusalém, por se tratar da cidade santa e por lá estar o Templo, com todo o seu sistema
de comércio, geralmente de propriedade dos sacerdotes, que se valiam da presença maciça de judeus,
os quais davam à cidade um impulso econômico de proporções impressionantes, pois, na celebração da
páscoa, iam a Jerusalém 600.000 pessoas, dentre às quais os pais de Jesus: "(...“ todos os anos iam
seus pais a Jerusalém, à festa da páscoa” (Lc 2:41). Assim, quando Jesus Cristo afirma que destruiria o
Templo em três dias, tem-se fundamentadas fortíssimas razões para uma reação.
O Terceiro dízimo correspondia às vítimas, às primícias e ao dízimo agrícola, que, ao que parece, era
destinado aos sacerdotes.
(WEGNER, Uwe. Jesus, a dívida externa e os tributos romanos. In: REIMER, Ivoni Richter (Org). Economia no Mundo
Bíblico: Enfoques sociais, históricos e teológicos. São Leopoldo/RS: CebiSinodal, 2006.)
7. ● “[...] Pergunta-se: 1.º) como teria sido obtido que essa moeda estivesse na
boca de um peixe; 2.º) como teria Jesus tido conhecimento de que lá havia
uma moeda; e 3.º) como sabia que esse seria o primeiro peixe a morder a
isca lançada por Pedro. Logicamente, não estamos em condições de dar
resposta certa e definitiva, com cabal garantia do que houve realmente.
Apenas poderemos formular hipóteses. E a única que nos parece viáve1 e
aceitável, é a de que não havia lá nenhuma moeda: mas Jesus, por meio dos
espíritos que o rodeavam "e o serviam” (Mat. 4:11), providenciou para que,
na boca do primeiro peixe que mordesse a isca lançada por Pedro, fosse
materializada (ou para lá "transportada") a moeda. O "transporte" é coisa que
pode ser realizada, desde que haja capacidade por parte do agente.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev. Sabedoria. v 3. Rio de
Janeiro: 1964, p. 108)
8. Quem são os “estranhos” e os “filhos” para Jesus?
Os estranhos terão de rever os seus posicionamentos para não mais passarem
por encarnações provacionais e expiatórias, impostas pelas próprias condições
de atraso evolutivo, determinado pelo mal uso do livre-arbítrio. Aos filhos, não é
necessário o tributo ou a cobrança imposta porque são generosos, praticam a
caridade e caminham conforme as leis morais de Deus.
(PASTORINO, v 3, 1964)
9. Sobre o imposto:
● “O conforto material e o progresso físico também ajudam a evoluir,
proporcionando satisfação espiritual e ambiente mental para aquisição de
cultura.
Por isso devemos sujeitar-nos aos impostos que nos são solicitados pelas
autoridades, a fim de, por esse meio, compensar a hospedagem que
recebem nossos corpos durante nossa estada gratuita neste imenso e
belíssimo albergue que o Pai colocou à nossa disposição.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev. Sabedoria. v 3.
Rio de Janeiro: 1964, p. 108)
10. ● “[...] Outra lição para todos os espiritualistas. De modo geral, ao atingir certo
grau evolutivo que julgam ter, os espiritualistas começam a sentir desapego
das coisas materiais e procuram evitar quaisquer pagamentos. Acham que
tudo merecem "de graça", pois estão isentos das obrigações terrenas.
Realmente a sensação é justa. Mas para que e por que, ensina o Mestre,
escandalizar e suscitar aborrecimentos? Quem está na Terra, utilizando o
corpo físico-denso cujas células todas são tiradas do material do planeta, e
servindo-se diariamente das coisas que o cercam, deve também contribuir
para o aprimoramento e a melhoria física do ambiente em que vivem eles
mesmos e os outros irmãos seus.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev. Sabedoria. v 3. Rio de
Janeiro: 1964, p. 108)
11. ● “[...] Mas há outro ponto de vista. É a relação existente entre a
individualidade e os corpos físicos. Muitas vezes a personalidade pede
"pagamento" de tributos ao Espírito. São horas de sono para refazimento das
energias dos órgãos; são distrações para repouso dos neurônios cerebrais;
são passeios nas montanhas e no mar para revigorar o sangue com oxigênio
novo e puro; é a alimentação para sustentar as células; são períodos de
lassidão para contrabalançar as distensões musculares; são enfim tantas
pequenas exigências de nossos veículos, que PRECISAM ser atendidas.
Tudo isso pode ser comparado ao "imposto do Templo", já que, na realidade,
"nosso corpo é o templo de Deus vivo" (2Cor.6:16) e como tal tem que ser
bem cuidado. É o veículo que tomamos ao nascer e que terá que levar-nos
ao termo da viagem sem acidentes provocados por nosso descuido.”
(PASTORINO, C. T. Sabedoria do Evangelho. Rev.
Sabedoria. v 3. Rio de Janeiro: 1964, p. 108)
12. ● “[...] Existe uma modificação na utilização dos verbos entre a pergunta (v.14) e resposta (v.17).
Herodianos usam o verbo dídomi, no sentido de “dar”/”pagar” tributo a César? Entretanto, na
resposta Jesus usa o verbo apodidomi, que significa devolverer: “Devolvei (apodidomi) a César o
que pertence a César” (ASLAN, 2013, p. 101; RICHTER REIMER, 2010, p. 47 e 2012a; WEGNER,
2006, p. 126; WENGST, 1991, p. 86-88). Este verbo grego é na realidade uma palavra composta
pelo prefixo apo, que é uma preposição que nesse texto funciona com o significado de “retorno”
(ASLAN, 2013, p. 101).
[...]
“Deus não tem nada a ver com isso [...], Deus tem o direito de ‘receber de volta’ a terra que os
romanos tomaram para si, porque é a terra de Deus: ‘A terra é minha’, diz o Senhor (Levítico 25.23).
César não tem nada a ver com isso” (ASLAN, 2013, p. 101).”
(SILVA, Hamilton Castro. Jesus de Nazaré e a tributação romana: empobrecimento, endividamento
e o impacto no ambiente dos camponeses a partir de Mc 12,13-17. Dissertação de Mestrado – PUC
GO. Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião. Goiânia, 2017, pp. 111-112.
Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/3910/2/HAMILTON%20CASTRO%20DA%20SILVA.pdf
Acesso em 11 jun 2021)
13. “Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios
merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal. Maus homens, sem dúvida,
produzirão maus estadistas. Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações
desorganizadas. De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a
execução dos compromissos materiais. É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence. O aprendiz
do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas
obrigações. Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a
Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso
em trabalho e boa vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os
problemas. Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis
respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos
princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na
sua época. Há decretos iníquos? Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a
paisagem material. Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor
posição é a do equilíbrio. Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica
acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e
nós somos filhos do mesmo Deus”
(EMMANUEL – por Chico. “Pão Nosso”, Cap. 102 – ‘Nós e César’. FEB-DF, 2008, p.113)
14. “[...] Nesta passagem em que se conta como Jesus paga o tributo, ele nos lega
uma lição de fé no trabalho. Ele nos demonstra que com o trabalho honesto e
honrado de nossas mãos ou de nossa inteligência, granjearemos tudo quanto
necessitamos para nossa subsistência, e para cumprirmos lealmente nossas
obrigações e compromissos terrenos. Ao serem Pedro e Jesus solicitados para
pagarem o tributo, não tinham o dinheiro. E Pedro foi pescar. Com o trabalho de
Pedro, foi pescado um peixe que, vendido, deu-lhes a quantia de que precisavam
para o pagamento do imposto. Em sua simbologia, este trecho do Evangelho nos
recorda que por mais aflitiva que seja nossa situação financeira, o trabalho é o
recurso que o Pai nos deu para resolvermos satisfatoriamente a parte material de
nossa existência terrena.”
(ROGONATTI, ELISEU. O Evangelho dos Humildes. Ed. Pensamento. São
Paulo-SP, 2018, p. 121)
15. Há quem diga que a discórdia e a ignorância, a penúria e a carência são chagas
crônicas no corpo da Humanidade, apelando simplesmente para o auxilio de Deus,
qual se Deus estivesse escravizado aos nossos caprichos, com a obrigação de
resolver-nos os problemas, a golpe de mágica. Indubitavelmente, nada de bom se
efetua sem o auxílio de Deus, no entanto, vale destacar que o Infinito Amor age na
Terra, nas questões propriamente humanas, pela capacidade do homem, atendendo à
vontade do próprio homem. As criaturas terrestres, através de milênios, vêm
realizando as mais belas empresas da evolução com o Amparo Divino.
(EMMANUEL, “Livro da Esperança”, Cap. 61 - ‘Com o auxílio de Deus’, 2008, p.116)
16. CONVITE À TOLERÂNCIA (Joanna de Ângelis – por Divaldo Franco)
A calúnia vil se origina comumente na suspeita sórdida.
O incêndio que lavra com voracidade é fruto, às vezes, de uma fagulha
indisciplinada.
A cólera devastadora surge, não raro, da contínua irreflexão.
A seara feliz tem começo no grão.
O gesto estóico que salva vidas nasce na piedade fraternal.
A molécula, o átomo, a célula de tão insignificante aparência são, no entanto, os elementos
básicos encontrados em toda parte.
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17. CONVITE À TOLERÂNCIA (Joanna de Ângelis – por Divaldo Franco)
Também a gota de leite e o bálsamo medicamentoso, o trapo e a moeda
singela, o alfabeto e o Evangelho ofertados lentamente aos que transitam pelos
caminhos do mundo, de pequena monta, são essenciais à felicidade de todos.
A tolerância, também, aplicada indistintamente entre todos e em qualquer
lugar, é lição viva de fé e elevação, que não pode ser desdenhada.
Tolerar, no entanto, não significa conivir.
Desculpar o erro não é concordar com ele.
Entender e perdoar a ofensa, não representa ratificá-la.
Indispensável, não entrar em área de atrito, quando podes contornar o mal
aparente a favor do bem real.
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18. CONVITE À TOLERÂNCIA (Joanna de Ângelis – por Divaldo Franco)
Tolerância é caridade em começo. Exercitando-a, em regime de continuidade, defrontarás com
os excelentes resultados do bem onde estejas, com quem convivas.
Condescendência para com os direitos alheios, não produzindo choque, não escandalizando,
seguindo os mesmos caminhos de todos com atitude correta na busca dos alvos dignificantes,
é relevante testemunho de tolerância.
Jesus, o perene Instrutor, convidado a pagar o tributo, aquiesceu, elucidando: “para os não
escandalizarmos”, cumprindo, assim, com os deveres junto a César para melhor desincumbir-
se dos sublimes compromissos para com Deus.
Da obra “Convites da Vida”, de Joanna de Ângelis – por Divaldo Franco.
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