A parábola narra a história de um homem ferido no caminho de Jerusalém para Jericó que é ajudado por um samaritano e não por um sacerdote ou levita. Ela ensina sobre a importância de amar o próximo e ajudar quem precisa.
Lição 12 - A Crucificação mais Impactante do Mundo
O Bom Samaritano e o Amor ao Próximo
1. A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
A Parábola do Bom Samaritano é uma parábola de Jesus registrada exclusivamente no
Evangelho de Lucas (Lucas 10:25-37). O significado da Parábola do Bom Samaritano
fala sobre a prática do amor e o cuidado ao próximo.
Na parábola Jesus fala sobre um homem que descia de Jerusalém a Jericó. No caminho
ele acabou caindo nas mãos de ladrões. Os ladrões roubaram tudo o que o homem
tinha, e ainda lhe feriram muito. Então o homem ficou abandonado e gravemente ferido,
caído na estrada.
Depois disso descia pelo mesmo caminho um sacerdote. Quando o sacerdote viu o
homem ferido, logo passou direto pelo lado oposto. Da mesma forma um levita também
descia pelo mesmo lugar, e também passou longe do homem ferido. Mas em seguida
descia por ali também um samaritano. Ao ver o homem ferido, o samaritano se
compadeceu dele.
O samaritano tratou dos ferimentos daquele homem com óleo e vinho. Depois ele
colocou-lhe sobre seu próprio animal e levou-o para uma hospedaria a fim de cuidar
dele. No dia seguinte, antes de partir, o samaritano deu dois denários ao dono da
hospedaria para que ele continuasse cuidando do homem ferido. O samaritano ainda
disse que se houvesse qualquer outro gasto, o dono da hospedaria deveria colocar em
sua conta que ele acertaria quando voltasse.
Quando Jesus contou a Parábola do Bom Samaritano?
Jesus contou a Parábola do Bom Samaritano ao ser questionado por um homem que
era doutor da Lei. Isso significa que aquele homem era um estudioso das Escrituras do
Antigo Testamento. Primeiro o doutor da Lei perguntou a Jesus acerca do que ele
deveria fazer para herdar a vida eterna. Lucas deixa claro que ele não fez essa pergunta
por ignorância, mas porque ele queria testar Jesus.
Jesus reagiu à pergunta do estudioso com outra pergunta: “O que está escrito na Lei?”
(Lucas 10:26). Com isso Jesus indicou que Ele não estava ensinando uma nova
doutrina. Na verdade Ele estava apontando para os princípios básicos da Lei de Deus.
O doutor da Lei respondeu a pergunta de Jesus recorrendo a Deuteronômio 6:5 e
Levítico 19:18, resumindo o mandamento divino da seguinte forma: “Amarás o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27).
2. Então Jesus disse ao doutor da Lei que ele havia respondido corretamente. Bastava
então fazer isto e ele obteria a vida eterna. A resposta de Jesus se harmoniza com o
ensino bíblico de que a Lei é santa, e que a obediência perfeita a ela resulta a vida
eterna (cf. Romanos 7:12; Gálatas 3:12). O problema é que enquanto o Lei é espiritual o
homem é carnal, e vendido ao pecado (Romanos 7:14).
O estudioso, ao invés de reconhecer sua condição de incapacidade diante da Lei de
Deus e clamar por misericórdia por não ser capaz de cumpri-la com perfeição, tentou se
justificar. Para tanto, ele fez mais uma pergunta: “Quem é o meu próximo?” (Lucas
10:29). Com essa pergunta o doutor da Lei basicamente estava afirmando que se ele
não cumpria a Lei com perfeição, era porque ela não lhe parecia tão clara;
especialmente com relação ao amor devido ao próximo. Foi nesse momento que Jesus
introduziu a Parábola do Bom Samaritano.
Personagens da Parábola do Bom Samaritano
Na Parábola do Bom Samaritano são mencionadas cinco personagens principais (com
exceção dos ladrões). São elas: o homem que foi assaltado; o sacerdote; o levita; o
samaritano; e o dono da hospedagem. Obviamente dentre todas essas pessoas, o bom
samaritano é a figura central.
Jesus não diz nada acerca do homem que foi assaltado. Ele é uma figura anônima. Não
se sabe sua ocupação, sua condição social, sua nacionalidade e nem o objetivo de sua
viagem. Tudo o que se sabe é que ele foi cercado pelos ladrões que o deixaram quase
morto.
O sacerdote e o levita que desciam pelo caminho, muito provavelmente estavam indo
para suas casas. Em Jericó moravam muitos sacerdotes e levitas. Depois que eles
terminavam suas ocupações no serviço religioso no Templo, eles partiam de Jerusalém
para Jericó.
Os sacerdotes eram os ministros da adoração em Israel. Eles desempenhavam várias
funções como intermediários entre Deus e os homens. Os levitas, por sua vez, eram os
seus auxiliares dos sacerdotes.
O samaritano é descrito por Jesus como aquele que fez o que deveria ser feito. Na
mentalidade de um judeu, isso não era algo comum. Os samaritanos não eram um povo
simpático aos judeus, e vice e versa. A antipatia entre samaritanos e judeus remontava
os tempos do Antigo Testamento.
3. Os judeus consideravam os samaritanos como um povo mestiço. Eles tinham erguido
seu próprio Templo no monte Gerizim e seguiam como Escritura somente o Pentateuco.
Flávio Josefo diz que certa vez os samaritanos profanaram a área do Templo para
impedir que os judeus comemorassem a Páscoa. Nas Sinagogas judaicas os
samaritanos eram amaldiçoados; inclusive, os judeus pediam a Deus que excluísse os
samaritanos da vida futura.
A explicação da Parábola do Bom Samaritano
Na Parábola do Bom Samaritano Jesus utilizou uma cena muito real em sua época: uma
viagem de Jerusalém a Jerico. A distância entre Jerusalém e Jericó é de
aproximadamente 27 quilômetros. Porém esse percurso apresenta um declive
acentuado de cerca de 1200 metros. Isso significa que a estrada que liga Jerusalém a
Jericó passa por terrenos acidentados e montanhosos.
No tempo de Jesus, era considerado perigoso viajar por esse caminho. Havia muitos
rochedos e buracos, e os criminosos se aproveitavam das dificuldades geográficas do
local para fugirem e se esconderem. Quando um bando de ladrões atacava uma pessoa,
dificilmente ela conseguia escapar. Foi isso o que aconteceu com o homem da parábola.
Quando a figura do sacerdote desponta na parábola, inicialmente parece ser uma
indicação de esperança. Naturalmente esperava-se que um homem considerado santo
ajudasse o coitado que estava ferido. Mas ele passou direto! Preferiu seguir pelo lado
oposto da estada. Para ele, quanto mais longe melhor.
Não havia nenhuma justificativa para o comportamento daquele homem. É verdade que
a Lei lhe proibia de tocar num cadáver. Se isso acontecesse ele se tornaria
cerimonialmente impuro. Mas o homem não estava morto. Além disso, o sacerdote não
estava indo para o Templo, mas para casa. Quando o levita aparece na parábola, ele
também não prova ser melhor que o sacerdote.
Ambos tinham falhado em cumprir um dos requisitos mais imperativos e fundamentais
da Lei de Deus (cf. Miqueias 6:8). Eles não demonstraram amor e misericórdia para com
os necessitados. Deus havia ordenado que os israelitas fossem misericordiosos até
mesmo para com os estrangeiros e inimigos (cf. Êxodo 23:4,5; Levítico 19:34; 2 Reis
6:8-23).
Por fim, Jesus introduz a figura do samaritano. Naquele contexto, na visão judaica, um
samaritano naquela cena seria a consumação da desesperança. Não era raro que
alguns deles retribuíssem ódio por ódio (cf. Lucas 9:53). Mas foi justamente o
4. samaritano que demonstrou compaixão. Ele viu um ser humano em dificuldade e o
ajudou.
Interpretação errada da Parábola do Bom Samaritano
A Parábola do Bom Samaritano tem sido alvo de diversas interpretações fantasiosas
desde os primeiros séculos do Cristianismo. Interpretações alegóricas acabam
distanciando essa parábola de seu verdadeiro significado.
Uma interpretação muito antiga atribuída a Orígenes, ou pelo menos replicada por ele,
diz que o homem que desceu de Jerusalém para Jericó representa Adão. Jerusalém
representa o paraíso, e Jericó o mundo. Os ladrões representam as forças malignas. O
fato de ele ter sido assaltado é uma referência à Queda do Homem. O sacerdote e o
levita representam o sacrifício, a Lei e os profetas que não podem salvar o homem.
Então o bom samaritano representa Jesus. Ele põe vinho e azeite no ferimento do
homem assaltado. O azeite representa o conforto e o vinho uma indicação do sangue de
Jesus derramado na cruz.
Quando na parábola o bom samaritano levanta o homem caído, essa interpretação diz
que isso é uma figura do novo nascimento. O animal que carrega o homem também é
uma referência ao evangelista (ou ao Corpo de Cristo). A hospedaria representa a Igreja,
e o hospedeiro representa o pastor. Alguns intérpretes ainda dizem que essa antiga
interpretação sugere que as duas moedas deixadas pelo bom samaritano representam
os dois sacramentos, Ceia e Batismo. Da mesma forma, a promessa do bom samaritano
dizendo que voltaria, representa a promessa da segunda vinda de Cristo.
Vários dos líderes do Cristianismo dos primeiros séculos defenderam interpretações
semelhantes. Até mesmo Agostinho, grande pensador e estudioso das Escrituras,
também adotou uma interpretação parecida. Sem dúvida esse tipo de interpretação
descreve corretamente a história da redenção. Mas o problema é que essas
interpretações alegóricas ignoram o contexto e desprezam o verdadeiro propósito de
Jesus ao contar a Parábola do Bom Samaritano.