SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 23 - Número 1 - 1º Semestre 2023
SOBREPOSIÇÃO DE GERAÇÕES AFETANDO ESTABILIDADE E OCORRÊNCIA DE
CAOS EM POPULAÇÕES BIOLÓGICAS
Heury Ferr
RESUMO
Artigos recentes demonstram que dinâmica caótica é prevalente em diversos grupos de organismos,
ao contrário do que se pensava antes a despeito da raridade de caos em séries temporais reais de
populações biológicas. Uma das ferramentas teóricas mais utilizadas para modelagem de sistemas
ecológicos são os modelos populacionais discretos, construídos geralmente com o pressuposto de
não sobreposição de gerações. Neste trabalho construímos um novo modelo, a partir do modelo
clássico de Ricker, e testamos a hipótese de que sobreposição de gerações afeta drasticamente a
dinâmica do modelo. Nossos resultados mostram que sobreposição de gerações afeta de modo
notório a dinâmica do modelo, alterando a faixa de valores de crescimento para os quais dinâmica
caótica ocorreria, alterando a topologia dos diagramas de bifurcação e afetando também a
intensidade dos expoentes de Lyapunov associados a taxa de crescimento, afetando assim o
horizonte de previsibilidade do sistema. Concluímos que a adição do componente sobreposição a
construção de modelos populacionais pode contribuir para melhor entendimento e manejo de
populações reais.
Palavras-chave: Caos, Ecologia, Populações, Dinâmica caótica, Modelos matemáticos,
Sobreposição de gerações.
OVERLAP OF GENERATIONS AFFECTING STABILITY AND OCCURRENCE OF
CHAOS IN BIOLOGICAL POPULATIONS
ABSTRACT
Recent papers demonstrate that chaotic dynamics is prevalent in several groups of organisms,
contrary to what was previously thought, despite the rarity of chaos in real time series of biological
populations. One of the most used theoretical tools for modeling ecological systems are discrete
population models, usually constructed with the assumption of non-overlapping generations. In this
work we build a new model, based on the classic Ricker model, and we test the hypothesis that
overlapping generations drastically affects the dynamics of the model. Our results show that
overlapping generations significantly affects the dynamics of the model, changing the range of
growth values for which chaotic dynamics would occur, changing the topology of the bifurcation
diagrams and also affecting the intensity of the lyapunov exponents associated with the rate of
growth, thus affecting the forecast horizon of the system. We conclude that the addition of the
overlapping component to the construction of population models can contribute to a better
understanding and management of real populations.
Keywords: Chaos, Ecology, Populations, Chaotic dynamics, Mathematical models, Overlapping
generations.
113
INTRODUÇÃO
O descobrimento de dinâmica caótica em
modelos ecológicos nos anos 1970 impulsionou
uma extensiva procura por caos em séries
temporais ecológicas até meados da década de
1990. Depois disto o interesse da comunidade
científica no tema praticamente desapareceu, e
isso ocorreu principalmente devido ao fato de
muitos trabalhos indicarem extrema raridade de
caos em séries temporais coletadas em campo
(Rogers et al., 2023). Para se ter uma ideia, em
2007 uma análise de 634 séries temporais
ecológicas (candidatas a dinâmica caótica),
mostrou que apenas 1 delas apresentava
dinâmica caótica (Sibly et al., 2007). Em face de
tais estimativas, se poderia pensar em uma
probabilidade (na definição frequentista) de
1/634, ou seja, uma probabilidade de 0,0001 de
se ter caos em populações biológicas.
Conclusões assim, aparentemente razoáveis face
ao que se sabia, contribuíram para que o tema
ficasse esquecido, e quase como que resolvido
na literatura ecológica durante vários anos.
Acreditava-se que somente sobre condições
biológicas quase irreais é que caos poderia
ocorrer em sistemas naturais (Hill, 2022).
O cenário foi lentamente mudando a
partir de novos dados experimentais e
refinamento das técnicas analíticas de séries
temporais para sistemas não lineares. A partir de
2001 alguns estudos experimentais começaram
a apontar para dinâmica caótica em populações
de insetos cultivados em laboratório (Desharnais
et al., 2001), em comunidades experimentais de
protistas (Becks et al., 2005), em longos
experimentos com microcosmos planctônicos
(Benincà et al., 2008), em padrões de sucessão
de organismos bentônicos em rochas (Benincà
et al., 2015), e até mesmo no padrão de
movimentação de moluscos (Reynolds et al.,
2016).
Dados experimentais não representam
situais reais de campo, já que sempre controlam
diversos fatores, no entanto, se tanto a teoria
quanto experimentos bem desenhados e
conduzidos indicavam caos, por que então a
notável raridade em séries temporais reais?
Estudos recentes demonstram que essa aparente
raridade se dava por conta de limitações dos
métodos analíticos e pela má qualidade das
séries temporais que se dispunham na época
(Hill, 2022; Rogers et al., 2022). E o cenário é
radicalmente distinto em comparação ao que se
acreditava. As estimativas mais conservadoras
com métodos recentes, como Jacobiano,
quantificação de recorrência e entropia de
permutação, aplicados em séries sem vazios
temporais e utilizando um banco de dados
global (Prendergast, 2010), indicam caos em
aproximadamente 30% das séries temporais, e
quando se restringe a atenção a grupos
planctônicos, os resultados apontam para
prevalência de caos em torno de 81% em séries
fitoplânctônicas e 77% em grupos
zooplânctônicos (Rogers et al., 2022). Mesmo
em grupos com gerações longas e taxa de
reprodução pequena, como aves e mamíferos, se
tem caos em 16% das séries temporais, e em
insetos esse número é de 41% (Rogers et al.,
2022). Essas descobertas reacenderam o
interesse e debate sobre o tema dinâmica caótica
em sistemas ecológicos (Hill, 2022). E uma vez
que sistemas caóticos podem ser controlados
com ínfimas perturbações, e que caos afeta o
horizonte de previsibilidade, tal tema tem
considerável relevância para diversos problemas
práticos de manejo de populações e
comunidades biológicas, como pragas de insetos
e blooms algais (Desharnais et al., 2001; Gao et
al., 2009; Huppert et al., 2005; Sha et al., 2021).
Uma das ferramentas mais utilizadas
para investigação de dinâmica caótica em
ecologia são os modelos matemáticos
populacionais, tanto em formato discreto,
quanto contínuo (Munch et al., 2023). Como
dois exemplos largamente utilizados temos o
modelo logístico discreto (May, 1976; Sugihara
& May, 1992), e o modelo de Ricker (Hughes &
Braverman, 2023). Embora com dinâmica
extensivamente estudada e explorada, um
aspecto demasiadamente simplificador de
muitos destes modelos é a sua construção com
base no pressuposto de ausência de
sobreposição de gerações, o que implica que na
geração seguinte, a população é composta de
indivíduos totalmente diferentes em comparação
com a geração anterior. Isso significa assumir a
morte de todos os indivíduos de uma geração,
dando lugar a geração seguinte.
Embora modelos sejam por definição
uma simplificação da realidade, e ignorar
sobreposição pareça uma simplificação
necessária e sem grandes consequências,
propomos neste artigo um novo modelo, criado
a partir do modelo de Ricker, adicionando o
efeito da sobreposição de gerações, e testamos a
hipótese de que a sobreposição de gerações
altera drasticamente a dinâmica dos modelos
populacionais, afetando assim, nossa capacidade
de entendimento e previsão de populações reais.
MATERIAL E MÉTODOS
O Modelo
O modelo proposto no presente trabalho é o
seguinte:
𝑁𝑡+1 = 𝑠𝑁𝑡 + 𝑒𝑟(1−
𝑁𝑡
𝐾
)
(1)
onde, N é o tamanho da população num dado
momento t, 0<s<1 é o grau de sobreposição de
gerações, isto é, a proporção de indivíduos da
geração anterior que comporão a nova geração.
Quando s assume valor 0, o modelo se torna o
modelo clássico de Ricker, e quando s tem valor
igual a 1, há máxima sobreposição, isto é, todos
os indivíduos da geração anterior sobrevivem a
próxima geração. O parâmetro e representa o
número de Euler, r a taxa intrínseca de
crescimento da população, e K a capacidade de
suporte do ambiente.
Análise estatística e simulações
As simulações foram conduzidas em
programa próprio escrito em linguagem Python
3.11.3. Os gráficos foram produzidos através do
pacote Matplotlib, e do programa inkscape 1.0.2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em todas as simulações fixamos a
capacidade de suporte em 100, ou seja, K=100
para todas as simulações. Inicialmente
simulamos o cenário clássico com sobreposição
0 entre as gerações, e em seguida adicionamos
graus de sobreposição gradativas. Para 0% de
sobreposição temos o clássico modelo de
Ricker, com estabilização na capacidade de
suporte para baixos valores de r, e surgimento
de caos em r=2.693 (Figura 1). Para 1% de
sobreposição, já notamos uma diferença, caos
surge para um valor mais elevado de r, r=2.762,
e surge uma região de estabilidade mais larga
entre os valores r=3.146 e r=3.364, o diagrama
de bifurcação tem estrutura topológica distinta
(Figura 2). Para 8% de sobreposição, caos
aparece m em r= 5.098 (Figura 3), e com 40%
de sobreposição, vemos caos surgindo para
r=4.346, e com uma região de estabilidade entre
os valores r=5.354 e r=5.787 Figura 4). A
medida que o grau de sobreposição vai
aumentando, vamos tendo diagramas com
topologias bem distintas, e dinâmica caótica se
inicia em valores cada vez maiores, até se
atingir estabilidade mesmo para valores muito
elevados de crescimento (Figura 5 a Figura 8).
Figura 1. Ausência de sobreposição de gerações (s=0). Para valores pequenos de r a população se
estabiliza na capacidade de suporte, em seguida segue uma rota de bifurcação contínua até o estado
de dinâmica caótica.
Figura 2. 1% de sobreposição de geração (s=0.01). Notamos que caos se inicia para valores mais
elevados de r, e que há uma faixa de estabilidade bem acentuada entre os valores 3,0 e 3,5.
Figura 3. Aqui temos 8% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores ainda
mais elevados de r, e que a oscilação periódica predomina na maior parte dos valores de taxa de
crescimento.
Figura 4. Aqui temos 40% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores
ainda mais elevados de r, e que surge uma faixa extensa de estabilidade entre os valores 5 e 6.
Figura 5. 50% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores r menores que 5,
e que surge uma faixa extensa de estabilidade entre os valores 6 e 6.5.
Figura 6. Aqui temos 60% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores r
maiores que 6, e com faixas de estabilidade muito estreitas.
Figura 7. 80% de sobreposição. A maior parte dos valores de r se mostra estável, com uma faixa
estreita de dinâmica caótica.
Figura 8. 95% de sobreposição. Estabilidade com r variando numa faixa de 0 a 20.
Teoricamente seria esperado que a
adição de sobreposição de gerações criasse um
aumento de não linearidade recursivo no
sistema (Clark and Luis, 2020), levando assim a
maior propensão a instabilidade, e fazendo com
que caos ocorresse em taxas de crescimento
menores. O que ocorre é algo curioso, a
tendência geral é que o limite para início da
dinâmica caótica vai sendo afastado para
valores mais elevados de r a medida que a
sobreposição aumenta, há uma promoção de
maior estabilidade. Isso vai de encontro a lógica
geral dos modelos sem sobreposição, que é: a
medida que aumenta o valor de r, aumenta a
instabilidade do sistema (May, 1976; Sibly et
al., 2007).
Outro fato interessante, é que a
topologia dos diagramas de bifurcação é distinta
para diferentes graus de sobreposição, temos
desde diagramas contendo largas regiões de
estabilidade entre regiões caóticas (Figura 5), a
diagramas contendo caos apenas em um
extremo de valores para a taxa de crescimento
(Figura 7). Para uma sobreposição de 90%
(Figura 8), a população é estável, mesmo em
valores muito elevados de crescimento, o que
diretamente de encontro ao que se pensa a
partir de modelos clássicos: elevadas taxas,
implicando em instabilidade inerente (Hommes
et al., 1994; May, 1976).
Vale destacar ainda o fato de que o
expoente de Lyapunov também tem um padrão
oscilante de intensidade, em valor absoluto o
mesmo apresenta valores menores para
sobreposição acima de 30% (Figura 9 e Figura
10), implicando em menor sensibilidade as
condições iniciais, o que significa que o
horizonte de previsibilidade é maior
(Medvinsky et al., 2015).
Figura 9. Valor de r onde se inicia dinâmica caótica, e respectivo expoente de Lyapunov para
diferentes valores de sobreposição de gerações para o modelo descrito em (1).
Figura 10. Comparação dos valores de expoente de Lyapunov via algoritmo de monte-carlo para
diferentes graus de sobreposição. Há diferenças estatísticas significativas (p=0.0318). Com mais de
30% de sobreposição de gerações, os valores de expoentes de Lyapunov são consideravelmente
menores, indicando maior horizonte de previsibilidade.
CONCLUSÃO
Os resultados nos permitem concluir que
desprezar sobreposição de gerações, ou mesmo
considerá-la apenas como um pequeno ruído em
populações reais pode implicar em previsões
incorretas, uma vez que sobreposição afeta
consideravelmente a dinâmica populacional.
Sua não consideração pode levar a um
entendimento errôneo da dinâmica
populacional, e a possíveis tomadas de decisões
inadequadas para manejo de populações
propensas a dinâmica caótica. Assim, é
recomendável a adição do componente
sobreposição de gerações na construção de
modelos biológicos que busquem entendimento
e previsão de dinâmica em situações reais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKS, L., HILKER, F. M., MALCHOW, H.,
JÜRGENS, K., AND ARNDT, H. (2005).
Experimental demonstration of chaos in a
microbial food web. Nature 435, 1226-1229.
BENINCÀ, E., BALLANTINE, B., ELLNER,
S. P., AND HUISMAN, J. (2015). Species
fluctuations sustained by a cyclic succession at
the edge of chaos. Proceedings of the National
Academy of Sciences 112, 6389-6394.
BENINCÀ, E., HUISMAN, J., HEERKLOSS,
R., JÖHNK, K. D., BRANCO, P., VAN NES,
E. H., SCHEFFER, M., AND ELLNER, S. P.
(2008). Chaos in a long-term experiment with a
plankton community. Nature 451, 822-825.
CLARK, T. J., AND LUIS, A. D. (2020).
Nonlinear population dynamics are ubiquitous
in animals. Nature Ecology & Evolution 4, 75-
81.
DESHARNAIS, R. A., COSTANTINO, R. F.,
CUSHING, J. M., HENSON, S. M., AND
DENNIS, B. (2001). Chaos and population
control of insect outbreaks. Ecology Letters 4,
229-235.
GAO, M., SHI, H., AND LI, Z. (2009). Chaos
in a seasonally and periodically forced
phytoplankton–zooplankton system. Nonlinear
Analysis: Real World Applications 10, 1643-
1650.
HILL, H. M. (2022). Ecology is more chaotic
than previously thought. Physics Today 75, 14-
16.
HOMMES, C. H., VAN STRIEN, S. J., AND
DE VILDER, R. G. (1994). Chaotic Dynamics
in a Two-Dimensional Overlapping Generation
Model: A Numerical Investigation. In
"Predictability and Nonlinear Modelling in
Natural Sciences and Economics" (J. Grasman
and G. van Straten, eds.), pp. 621-632. Springer
Netherlands, Dordrecht.
HUGHES, M., AND BRAVERMAN, E.
(2023). Ricker Discrete Dynamical Model with
Randomized Perturbations.
Huppert, A., Blasius, B., Olinky, R., and Stone,
L. (2005). A model for seasonal phytoplankton
blooms. J Theor Biol 236, 276-90.
MAY, R. M. (1976). Simple mathematical
models with very complicated dynamics. Nature
261, 459-467.
MEDVINSKY, A. B., ADAMOVICH, B. V.,
CHAKRABORTY, A., LUKYANOVA, E. V.,
MIKHEYEVA, T. M., NURIEVA, N. I.,
RADCHIKOVA, N. P., RUSAKOV, A. V.,
AND ZHUKOVA, T. V. (2015). Chaos far
away from the edge of chaos: A recurrence
quantification analysis of plankton time series.
Ecological Complexity 23, 61-67.
MUNCH, S. B., ROGERS, T. L., AND
SUGIHARA, G. (2023). Recent developments
in empirical dynamic modelling. Methods in
Ecology and Evolution 14, 732-745.
PRENDERGAST, J., BAZELEY-WHITE, E.,
SMITH, O., LAWTON, J. & INCHAUSTI, P.
(2010). The Global Population Dynamics
Database. Knowledge Network for
Biocomplexity.
REYNOLDS, A. M., BARTUMEUS, F.,
KÖLZSCH, A., AND VAN DE KOPPEL, J.
(2016). Signatures of chaos in animal search
patterns. Scientific Reports 6, 23492.
ROGERS, T. L., JOHNSON, B. J., AND
MUNCH, S. B. (2022). Chaos is not rare in
natural ecosystems. Nature Ecology &
Evolution 6, 1105-1111.
ROGERS, T. L., MUNCH, S. B.,
MATSUZAKI, S.-I. S., AND SYMONS, C. C.
(2023). Intermittent instability is widespread in
plankton communities. Ecology Letters 26, 470-
481.
SHA, J., XIONG, H., LI, C., LU, Z., ZHANG,
J., ZHONG, H., ZHANG, W., AND YAN, B.
(2021). Harmful algal blooms and their eco-
environmental indication. Chemosphere 274,
129912
.
SIBLY, R., BARKER, D., HONE, J., AND
PAGEL, M. (2007). On the stability of
populations of mammals, birds, fish and insects.
Ecology letters 10, 970-6.
______________________________________
Dr. Heury Ferr: Doutorado com modelagem
matemática de populações no Programa de
Ecologia e Evolução da Universidade Federal
de Goiás (Conceito Capes 7). Bioestatístico,
tendo por especialidade métodos uni e
multivariados de análises de dados em áreas de
ciências biológicas, ciências econômicas,
ciências da saúde e ciências sociais. Atua como
consultor particular em análise estatística de
dados para empresas privadas, pesquisadores e
Institutos de pesquisa do Brasil e no Exterior
(França, China, Canadá e Portugal). Consultor e
Pesquisador do Yalo Consultoria.
E-mail: heuryferr@gmail.com
123

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Artigo_Bioterra_V23_N1_10

Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...
Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...
Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...Vitor Vieira Vasconcelos
 
Fatores e processos
Fatores e processosFatores e processos
Fatores e processosunesp
 
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Jorge Moreira
 
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos ed03 art09-evandro
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos   ed03 art09-evandroBases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos   ed03 art09-evandro
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos ed03 art09-evandroEvandro Sanguinetto
 
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆencia
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆenciaSistemas complexos, criticalidade e leis de potˆencia
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆenciaFernando Silva
 
Modelagem
Modelagem Modelagem
Modelagem unesp
 
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaArtigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaThiago Ávila Medeiros
 
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdf
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdfestudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdf
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdfAglis Delgado
 
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdfMisslenePereira1
 
Enem2009 ciencias da_natureza
Enem2009 ciencias da_naturezaEnem2009 ciencias da_natureza
Enem2009 ciencias da_naturezaquimicadacla
 
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09BIOLOGO TOTAL
 
Ciencias da natureza
Ciencias da naturezaCiencias da natureza
Ciencias da naturezarafael
 
Simu enem inep 2009 cn e suas tecnologias
Simu enem   inep 2009 cn e suas tecnologiasSimu enem   inep 2009 cn e suas tecnologias
Simu enem inep 2009 cn e suas tecnologiastioivys
 

Semelhante a Artigo_Bioterra_V23_N1_10 (20)

Geossistemas e Geodiversidade
Geossistemas e GeodiversidadeGeossistemas e Geodiversidade
Geossistemas e Geodiversidade
 
Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...
Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...
Relações entre espécies e características ambientais - Prática de modelagem d...
 
Fatores e processos
Fatores e processosFatores e processos
Fatores e processos
 
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...
 
Aula06
Aula06Aula06
Aula06
 
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos ed03 art09-evandro
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos   ed03 art09-evandroBases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos   ed03 art09-evandro
Bases conceituais para projetos sustentáveis e biofílicos ed03 art09-evandro
 
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆencia
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆenciaSistemas complexos, criticalidade e leis de potˆencia
Sistemas complexos, criticalidade e leis de potˆencia
 
O uso de_modelos_em_ecologia_de_paisagen
O uso de_modelos_em_ecologia_de_paisagenO uso de_modelos_em_ecologia_de_paisagen
O uso de_modelos_em_ecologia_de_paisagen
 
Monografia jamisson
Monografia jamissonMonografia jamisson
Monografia jamisson
 
Modelagem
Modelagem Modelagem
Modelagem
 
Sistemas complexos
Sistemas complexosSistemas complexos
Sistemas complexos
 
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografiaArtigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
Artigo - Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia
 
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdf
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdfestudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdf
estudoemcasa - cn 8 ano volume 2.pdf
 
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
402-Texto do artigo-784-794-10-20200407.pdf
 
Sistemas ecol
Sistemas ecolSistemas ecol
Sistemas ecol
 
7 escala
7 escala7 escala
7 escala
 
Enem2009 ciencias da_natureza
Enem2009 ciencias da_naturezaEnem2009 ciencias da_natureza
Enem2009 ciencias da_natureza
 
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09
Simulado Enem 2009 CiêNcias Da Natureza 30 07 09
 
Ciencias da natureza
Ciencias da naturezaCiencias da natureza
Ciencias da natureza
 
Simu enem inep 2009 cn e suas tecnologias
Simu enem   inep 2009 cn e suas tecnologiasSimu enem   inep 2009 cn e suas tecnologias
Simu enem inep 2009 cn e suas tecnologias
 

Mais de Universidade Federal de Sergipe - UFS

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...Universidade Federal de Sergipe - UFS
 

Mais de Universidade Federal de Sergipe - UFS (20)

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
 

Artigo_Bioterra_V23_N1_10

  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 23 - Número 1 - 1º Semestre 2023 SOBREPOSIÇÃO DE GERAÇÕES AFETANDO ESTABILIDADE E OCORRÊNCIA DE CAOS EM POPULAÇÕES BIOLÓGICAS Heury Ferr RESUMO Artigos recentes demonstram que dinâmica caótica é prevalente em diversos grupos de organismos, ao contrário do que se pensava antes a despeito da raridade de caos em séries temporais reais de populações biológicas. Uma das ferramentas teóricas mais utilizadas para modelagem de sistemas ecológicos são os modelos populacionais discretos, construídos geralmente com o pressuposto de não sobreposição de gerações. Neste trabalho construímos um novo modelo, a partir do modelo clássico de Ricker, e testamos a hipótese de que sobreposição de gerações afeta drasticamente a dinâmica do modelo. Nossos resultados mostram que sobreposição de gerações afeta de modo notório a dinâmica do modelo, alterando a faixa de valores de crescimento para os quais dinâmica caótica ocorreria, alterando a topologia dos diagramas de bifurcação e afetando também a intensidade dos expoentes de Lyapunov associados a taxa de crescimento, afetando assim o horizonte de previsibilidade do sistema. Concluímos que a adição do componente sobreposição a construção de modelos populacionais pode contribuir para melhor entendimento e manejo de populações reais. Palavras-chave: Caos, Ecologia, Populações, Dinâmica caótica, Modelos matemáticos, Sobreposição de gerações. OVERLAP OF GENERATIONS AFFECTING STABILITY AND OCCURRENCE OF CHAOS IN BIOLOGICAL POPULATIONS ABSTRACT Recent papers demonstrate that chaotic dynamics is prevalent in several groups of organisms, contrary to what was previously thought, despite the rarity of chaos in real time series of biological populations. One of the most used theoretical tools for modeling ecological systems are discrete population models, usually constructed with the assumption of non-overlapping generations. In this work we build a new model, based on the classic Ricker model, and we test the hypothesis that overlapping generations drastically affects the dynamics of the model. Our results show that overlapping generations significantly affects the dynamics of the model, changing the range of growth values for which chaotic dynamics would occur, changing the topology of the bifurcation diagrams and also affecting the intensity of the lyapunov exponents associated with the rate of growth, thus affecting the forecast horizon of the system. We conclude that the addition of the overlapping component to the construction of population models can contribute to a better understanding and management of real populations. Keywords: Chaos, Ecology, Populations, Chaotic dynamics, Mathematical models, Overlapping generations. 113
  • 2. INTRODUÇÃO O descobrimento de dinâmica caótica em modelos ecológicos nos anos 1970 impulsionou uma extensiva procura por caos em séries temporais ecológicas até meados da década de 1990. Depois disto o interesse da comunidade científica no tema praticamente desapareceu, e isso ocorreu principalmente devido ao fato de muitos trabalhos indicarem extrema raridade de caos em séries temporais coletadas em campo (Rogers et al., 2023). Para se ter uma ideia, em 2007 uma análise de 634 séries temporais ecológicas (candidatas a dinâmica caótica), mostrou que apenas 1 delas apresentava dinâmica caótica (Sibly et al., 2007). Em face de tais estimativas, se poderia pensar em uma probabilidade (na definição frequentista) de 1/634, ou seja, uma probabilidade de 0,0001 de se ter caos em populações biológicas. Conclusões assim, aparentemente razoáveis face ao que se sabia, contribuíram para que o tema ficasse esquecido, e quase como que resolvido na literatura ecológica durante vários anos. Acreditava-se que somente sobre condições biológicas quase irreais é que caos poderia ocorrer em sistemas naturais (Hill, 2022). O cenário foi lentamente mudando a partir de novos dados experimentais e refinamento das técnicas analíticas de séries temporais para sistemas não lineares. A partir de 2001 alguns estudos experimentais começaram a apontar para dinâmica caótica em populações de insetos cultivados em laboratório (Desharnais et al., 2001), em comunidades experimentais de protistas (Becks et al., 2005), em longos experimentos com microcosmos planctônicos (Benincà et al., 2008), em padrões de sucessão de organismos bentônicos em rochas (Benincà et al., 2015), e até mesmo no padrão de movimentação de moluscos (Reynolds et al., 2016). Dados experimentais não representam situais reais de campo, já que sempre controlam diversos fatores, no entanto, se tanto a teoria quanto experimentos bem desenhados e conduzidos indicavam caos, por que então a notável raridade em séries temporais reais? Estudos recentes demonstram que essa aparente raridade se dava por conta de limitações dos métodos analíticos e pela má qualidade das séries temporais que se dispunham na época (Hill, 2022; Rogers et al., 2022). E o cenário é radicalmente distinto em comparação ao que se acreditava. As estimativas mais conservadoras com métodos recentes, como Jacobiano, quantificação de recorrência e entropia de permutação, aplicados em séries sem vazios temporais e utilizando um banco de dados global (Prendergast, 2010), indicam caos em aproximadamente 30% das séries temporais, e quando se restringe a atenção a grupos planctônicos, os resultados apontam para prevalência de caos em torno de 81% em séries fitoplânctônicas e 77% em grupos zooplânctônicos (Rogers et al., 2022). Mesmo em grupos com gerações longas e taxa de reprodução pequena, como aves e mamíferos, se tem caos em 16% das séries temporais, e em insetos esse número é de 41% (Rogers et al., 2022). Essas descobertas reacenderam o interesse e debate sobre o tema dinâmica caótica em sistemas ecológicos (Hill, 2022). E uma vez que sistemas caóticos podem ser controlados com ínfimas perturbações, e que caos afeta o horizonte de previsibilidade, tal tema tem considerável relevância para diversos problemas práticos de manejo de populações e comunidades biológicas, como pragas de insetos e blooms algais (Desharnais et al., 2001; Gao et al., 2009; Huppert et al., 2005; Sha et al., 2021). Uma das ferramentas mais utilizadas para investigação de dinâmica caótica em ecologia são os modelos matemáticos populacionais, tanto em formato discreto, quanto contínuo (Munch et al., 2023). Como dois exemplos largamente utilizados temos o modelo logístico discreto (May, 1976; Sugihara & May, 1992), e o modelo de Ricker (Hughes & Braverman, 2023). Embora com dinâmica extensivamente estudada e explorada, um aspecto demasiadamente simplificador de muitos destes modelos é a sua construção com base no pressuposto de ausência de sobreposição de gerações, o que implica que na geração seguinte, a população é composta de
  • 3. indivíduos totalmente diferentes em comparação com a geração anterior. Isso significa assumir a morte de todos os indivíduos de uma geração, dando lugar a geração seguinte. Embora modelos sejam por definição uma simplificação da realidade, e ignorar sobreposição pareça uma simplificação necessária e sem grandes consequências, propomos neste artigo um novo modelo, criado a partir do modelo de Ricker, adicionando o efeito da sobreposição de gerações, e testamos a hipótese de que a sobreposição de gerações altera drasticamente a dinâmica dos modelos populacionais, afetando assim, nossa capacidade de entendimento e previsão de populações reais. MATERIAL E MÉTODOS O Modelo O modelo proposto no presente trabalho é o seguinte: 𝑁𝑡+1 = 𝑠𝑁𝑡 + 𝑒𝑟(1− 𝑁𝑡 𝐾 ) (1) onde, N é o tamanho da população num dado momento t, 0<s<1 é o grau de sobreposição de gerações, isto é, a proporção de indivíduos da geração anterior que comporão a nova geração. Quando s assume valor 0, o modelo se torna o modelo clássico de Ricker, e quando s tem valor igual a 1, há máxima sobreposição, isto é, todos os indivíduos da geração anterior sobrevivem a próxima geração. O parâmetro e representa o número de Euler, r a taxa intrínseca de crescimento da população, e K a capacidade de suporte do ambiente. Análise estatística e simulações As simulações foram conduzidas em programa próprio escrito em linguagem Python 3.11.3. Os gráficos foram produzidos através do pacote Matplotlib, e do programa inkscape 1.0.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todas as simulações fixamos a capacidade de suporte em 100, ou seja, K=100 para todas as simulações. Inicialmente simulamos o cenário clássico com sobreposição 0 entre as gerações, e em seguida adicionamos graus de sobreposição gradativas. Para 0% de sobreposição temos o clássico modelo de Ricker, com estabilização na capacidade de suporte para baixos valores de r, e surgimento de caos em r=2.693 (Figura 1). Para 1% de sobreposição, já notamos uma diferença, caos surge para um valor mais elevado de r, r=2.762, e surge uma região de estabilidade mais larga entre os valores r=3.146 e r=3.364, o diagrama de bifurcação tem estrutura topológica distinta (Figura 2). Para 8% de sobreposição, caos aparece m em r= 5.098 (Figura 3), e com 40% de sobreposição, vemos caos surgindo para r=4.346, e com uma região de estabilidade entre os valores r=5.354 e r=5.787 Figura 4). A medida que o grau de sobreposição vai aumentando, vamos tendo diagramas com topologias bem distintas, e dinâmica caótica se inicia em valores cada vez maiores, até se atingir estabilidade mesmo para valores muito elevados de crescimento (Figura 5 a Figura 8).
  • 4. Figura 1. Ausência de sobreposição de gerações (s=0). Para valores pequenos de r a população se estabiliza na capacidade de suporte, em seguida segue uma rota de bifurcação contínua até o estado de dinâmica caótica. Figura 2. 1% de sobreposição de geração (s=0.01). Notamos que caos se inicia para valores mais elevados de r, e que há uma faixa de estabilidade bem acentuada entre os valores 3,0 e 3,5.
  • 5. Figura 3. Aqui temos 8% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores ainda mais elevados de r, e que a oscilação periódica predomina na maior parte dos valores de taxa de crescimento. Figura 4. Aqui temos 40% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores ainda mais elevados de r, e que surge uma faixa extensa de estabilidade entre os valores 5 e 6.
  • 6. Figura 5. 50% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores r menores que 5, e que surge uma faixa extensa de estabilidade entre os valores 6 e 6.5. Figura 6. Aqui temos 60% de sobreposição de gerações. Notamos que caos surge para valores r maiores que 6, e com faixas de estabilidade muito estreitas.
  • 7. Figura 7. 80% de sobreposição. A maior parte dos valores de r se mostra estável, com uma faixa estreita de dinâmica caótica. Figura 8. 95% de sobreposição. Estabilidade com r variando numa faixa de 0 a 20.
  • 8. Teoricamente seria esperado que a adição de sobreposição de gerações criasse um aumento de não linearidade recursivo no sistema (Clark and Luis, 2020), levando assim a maior propensão a instabilidade, e fazendo com que caos ocorresse em taxas de crescimento menores. O que ocorre é algo curioso, a tendência geral é que o limite para início da dinâmica caótica vai sendo afastado para valores mais elevados de r a medida que a sobreposição aumenta, há uma promoção de maior estabilidade. Isso vai de encontro a lógica geral dos modelos sem sobreposição, que é: a medida que aumenta o valor de r, aumenta a instabilidade do sistema (May, 1976; Sibly et al., 2007). Outro fato interessante, é que a topologia dos diagramas de bifurcação é distinta para diferentes graus de sobreposição, temos desde diagramas contendo largas regiões de estabilidade entre regiões caóticas (Figura 5), a diagramas contendo caos apenas em um extremo de valores para a taxa de crescimento (Figura 7). Para uma sobreposição de 90% (Figura 8), a população é estável, mesmo em valores muito elevados de crescimento, o que diretamente de encontro ao que se pensa a partir de modelos clássicos: elevadas taxas, implicando em instabilidade inerente (Hommes et al., 1994; May, 1976). Vale destacar ainda o fato de que o expoente de Lyapunov também tem um padrão oscilante de intensidade, em valor absoluto o mesmo apresenta valores menores para sobreposição acima de 30% (Figura 9 e Figura 10), implicando em menor sensibilidade as condições iniciais, o que significa que o horizonte de previsibilidade é maior (Medvinsky et al., 2015). Figura 9. Valor de r onde se inicia dinâmica caótica, e respectivo expoente de Lyapunov para diferentes valores de sobreposição de gerações para o modelo descrito em (1).
  • 9. Figura 10. Comparação dos valores de expoente de Lyapunov via algoritmo de monte-carlo para diferentes graus de sobreposição. Há diferenças estatísticas significativas (p=0.0318). Com mais de 30% de sobreposição de gerações, os valores de expoentes de Lyapunov são consideravelmente menores, indicando maior horizonte de previsibilidade. CONCLUSÃO Os resultados nos permitem concluir que desprezar sobreposição de gerações, ou mesmo considerá-la apenas como um pequeno ruído em populações reais pode implicar em previsões incorretas, uma vez que sobreposição afeta consideravelmente a dinâmica populacional. Sua não consideração pode levar a um entendimento errôneo da dinâmica populacional, e a possíveis tomadas de decisões inadequadas para manejo de populações propensas a dinâmica caótica. Assim, é recomendável a adição do componente sobreposição de gerações na construção de modelos biológicos que busquem entendimento e previsão de dinâmica em situações reais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKS, L., HILKER, F. M., MALCHOW, H., JÜRGENS, K., AND ARNDT, H. (2005). Experimental demonstration of chaos in a microbial food web. Nature 435, 1226-1229. BENINCÀ, E., BALLANTINE, B., ELLNER, S. P., AND HUISMAN, J. (2015). Species fluctuations sustained by a cyclic succession at the edge of chaos. Proceedings of the National Academy of Sciences 112, 6389-6394. BENINCÀ, E., HUISMAN, J., HEERKLOSS, R., JÖHNK, K. D., BRANCO, P., VAN NES, E. H., SCHEFFER, M., AND ELLNER, S. P. (2008). Chaos in a long-term experiment with a plankton community. Nature 451, 822-825.
  • 10. CLARK, T. J., AND LUIS, A. D. (2020). Nonlinear population dynamics are ubiquitous in animals. Nature Ecology & Evolution 4, 75- 81. DESHARNAIS, R. A., COSTANTINO, R. F., CUSHING, J. M., HENSON, S. M., AND DENNIS, B. (2001). Chaos and population control of insect outbreaks. Ecology Letters 4, 229-235. GAO, M., SHI, H., AND LI, Z. (2009). Chaos in a seasonally and periodically forced phytoplankton–zooplankton system. Nonlinear Analysis: Real World Applications 10, 1643- 1650. HILL, H. M. (2022). Ecology is more chaotic than previously thought. Physics Today 75, 14- 16. HOMMES, C. H., VAN STRIEN, S. J., AND DE VILDER, R. G. (1994). Chaotic Dynamics in a Two-Dimensional Overlapping Generation Model: A Numerical Investigation. In "Predictability and Nonlinear Modelling in Natural Sciences and Economics" (J. Grasman and G. van Straten, eds.), pp. 621-632. Springer Netherlands, Dordrecht. HUGHES, M., AND BRAVERMAN, E. (2023). Ricker Discrete Dynamical Model with Randomized Perturbations. Huppert, A., Blasius, B., Olinky, R., and Stone, L. (2005). A model for seasonal phytoplankton blooms. J Theor Biol 236, 276-90. MAY, R. M. (1976). Simple mathematical models with very complicated dynamics. Nature 261, 459-467. MEDVINSKY, A. B., ADAMOVICH, B. V., CHAKRABORTY, A., LUKYANOVA, E. V., MIKHEYEVA, T. M., NURIEVA, N. I., RADCHIKOVA, N. P., RUSAKOV, A. V., AND ZHUKOVA, T. V. (2015). Chaos far away from the edge of chaos: A recurrence quantification analysis of plankton time series. Ecological Complexity 23, 61-67. MUNCH, S. B., ROGERS, T. L., AND SUGIHARA, G. (2023). Recent developments in empirical dynamic modelling. Methods in Ecology and Evolution 14, 732-745. PRENDERGAST, J., BAZELEY-WHITE, E., SMITH, O., LAWTON, J. & INCHAUSTI, P. (2010). The Global Population Dynamics Database. Knowledge Network for Biocomplexity. REYNOLDS, A. M., BARTUMEUS, F., KÖLZSCH, A., AND VAN DE KOPPEL, J. (2016). Signatures of chaos in animal search patterns. Scientific Reports 6, 23492. ROGERS, T. L., JOHNSON, B. J., AND MUNCH, S. B. (2022). Chaos is not rare in natural ecosystems. Nature Ecology & Evolution 6, 1105-1111. ROGERS, T. L., MUNCH, S. B., MATSUZAKI, S.-I. S., AND SYMONS, C. C. (2023). Intermittent instability is widespread in plankton communities. Ecology Letters 26, 470- 481. SHA, J., XIONG, H., LI, C., LU, Z., ZHANG, J., ZHONG, H., ZHANG, W., AND YAN, B. (2021). Harmful algal blooms and their eco- environmental indication. Chemosphere 274, 129912 . SIBLY, R., BARKER, D., HONE, J., AND PAGEL, M. (2007). On the stability of populations of mammals, birds, fish and insects. Ecology letters 10, 970-6.
  • 11. ______________________________________ Dr. Heury Ferr: Doutorado com modelagem matemática de populações no Programa de Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás (Conceito Capes 7). Bioestatístico, tendo por especialidade métodos uni e multivariados de análises de dados em áreas de ciências biológicas, ciências econômicas, ciências da saúde e ciências sociais. Atua como consultor particular em análise estatística de dados para empresas privadas, pesquisadores e Institutos de pesquisa do Brasil e no Exterior (França, China, Canadá e Portugal). Consultor e Pesquisador do Yalo Consultoria. E-mail: heuryferr@gmail.com 123