Texto atribuído a Luiz Fernando Veríssimo. Pessoalmente ele negou, mas fica mais bela a apresentação com seu nome na autoria. A bela melodia de fundo é de Enio Moricone da trilha sonora do filme "A Missão".
3. Um deles já pode ter estado com
você, e você não o reconheceu.
A função dele era aparecer e lhe dar
a mensagem.
A sua única obrigação era recebê-lo,
mas você não soube que era ele.
4. Você se afastou, achou que era
um chato, ou um louco!
Falhou, azar.
5. Pode ter sido há
anos.
Aquele que
caminhou ao seu
lado
brevemente e disse
uma coisa estranha
e você apressou o
passo, lembra?
6. Aquele ou aquela - eles vêm de
várias formas - que sentou ao
seu lado e falou no tempo, e
era um preâmbulo para a
revelação, mas você fechou a
cara.
7. Ele pode ter
batido na sua
porta e você foi
logo dando uma
esmola, ou
dizendo que hoje
não tem nada,
ou ameaçando
chamar a polícia.
Antes era mais
fácil agora é
tarde.
Hoje ele bate na
porta e você
espia e não abre
a porta, tá
doido?
8. Se ele se aproximar de você na
rua, você correrá apavorado ou
anunciará que está armado e
que é melhor ele se afastar.
Se ele se sentar ao seu lado,
você fugirá do contágio, se ele
segurar o seu braço, você
gritará.
9. Se ele telefonar, sua secretaria
eletrônica dirá para ele deixar a
mensagem depois do bip.
E ele não dirá nada: a mensagem
é para você e não para ela.
10. E se ele conseguir alcançar você
sem que você lhe dê um pontapé,
e cumprir sua função, e der a
mensagem você não a
compreenderá.
Pedirá para ele falar mais alto, há
muito barulho.
11. “O quê?
Em que sentido?
É uma metáfora?
É um código?
Interpreta, traduz, decifra, o
quê?”
Agora é tarde.
Antes ele olharia você nos olhos
e falaria claramente.
12. E, dada a mensagem, ele
desapareceria, e o mundo seria
uma estrada para o seu coração.
Hoje você diria:
“Olha, precisamos conversar com
mais calma um dia!
Me liga!”