O documento descreve a carreira do futebolista Arlindo dos Santos Cruz, nascido em Ilhéus, Bahia. Ele jogou por vários clubes no Rio de Janeiro, onde teve sua idade e local de nascimento alterados para que pudesse continuar como juvenil. Arlindo teve grande sucesso no México, onde se tornou ídolo nacional defendendo o América. Atualmente vive no México trabalhando como treinador de futebol juvenil.
Baile da Saudade / Loja Maçônica Segredo, Força e União de Juazeiro Ba
Pontalense no cenário internacional (salvo automaticamente)
1. PONTALENSE NO CENÁRIO INTERNACIONAL
ÍDOLO DO POVO MEXICANO
ARLINDO DOS SANTOS CRUZ
Por muito tempo, este ilheense, nascido no Pontal em 1940, ficou no
anonimato como filho desta terra, e tudo por interesses dos clubes
futebolísticos daquela época. Os dirigentes de clubes na sua maioria burlava a
lei para terem sempre os atletas, com baixa idade, para não remunerá-los
como profissionais, e assim eles permaneciam como juvenis, pelo menos por
mais uns três anos, depois de terem completado os 18 anos.
Com o nosso Arlindo, não foi diferente. No ano de 1957 vai ao Rio de Janeiro,
para ter uma vida melhor como jogador de futebol, pois aqui em Ilhéus, já tinha
mostrado todo seu potencial do time do Bangu do bairro do Pontal, e logo em
seguida no Vitória, um dos times grandes da nossa cidade.
Lá começa sua maratona de clube em clube, oferecendo seu serviço como
jogador, passou por todos os clubes do Rio de Janeiro, exceto o Flamengo,
pois era um vascaíno roxo. Mas, finalmente encontrou amparo no Botafogo,
vindo do Madureira, onde lá alteraram sua data de nascimento para 1943 e sua
cidade natal. Com isso sua idade cai para 16 anos, e te dão de quebra, como
natural de um lugar chamado Quatituba, município de Itueta, no estado do
2. Espírito Santo, que segundo ele, nunca encontrou esta cidade no mapa do
Brasil. Portando, deixava de ser baiano para ser capixaba.
E foi neste anonimato, que nós pontalenses, não tínhamos mais certeza de
nada. Em 1958 num campeonato da Imprensa, na Vila Santa Tereza, no Rio de
Janeiro, o Arlindo fez de tudo, encantando o conselheiro do Botafogo, o senhor
Cavalcante, que o contratou como juvenil.
Em 1961, ainda como juvenil é considerado o melhor jogador do Brasil. Em
1962 sobe para a categoria de profissional e joga ao lado de Didi, Jairzinho,
Amarildo, Zagalo, Nilton Santos, Gerson e Guarricha. Foi bicampeão Pan-
americano, em 1961 e 62, pela seleção brasileira e tri campeão carioca nos
anos de 61,62 e 63.
Em 1965 se transfere para o México, e lá no time do América passa ser um
ídolo nacional. Um ano depois já era campeão, sendo o vice-artilheiro do
campeonato mexicano, com 22 gols. Em 1966, na inauguração do Estádio
Asteca, que fora feita para as olimpíadas de 68 e para a Copa do Mundo de 70,
faz o gol inaugural, onde uma placa em sua homenagem está lá até hoje.
Como todo mundo sabe neste ano o Brasil consagra-se tri campeão mundial.
Em 1970 retorna ao Brasil, e volta a jogar pelo Botafogo. De 1972 a 1974
defendeu o São Cristovão e volta finalmente para o clube onde começou e
encerra sua carreira, aos 34 anos no time do Madureira.
3. Depois disso, fez um curso de
treinador, e foi prestar seus
serviços na Arábia Saudita por
três anos. Hoje mora em
definitivo no México, como
funcionário público, exercendo
a atividade de treinador de
futebol juvenil, nas escolas
públicas.
Quanto àquela história de data
de nascimento e terra natal, ao
casar-se foi obrigado a corrigir
toda documentação inventada pelos dirigentes do futebol. E agora mais do que
nunca, tem seus documentos, como filho natural do bairro do Pontal, nascido
por parteira (D. Fofô), sendo seus pais, Manoel dos Santos Cruz (falecido -
pescador de calão muito conhecido) e dona Maria Esposa Cruz (falecida).
Numa tarde, muito proveitosa tive a honra de conversar longamente com o
conterrâneo Arlindo, aqui no Pontal, onde passa férias até dia 05 de maio. Tive
a honra também de receber uma camisa do América do México, por ele
autografada, além é claro da camisa do Botafogo, que levei para ser
4. autografada por ele, pois como bom botafoguense não ia perder esta chance.
Presenteie com o livro do Pontal, recentemente lançado por nós, e lamentei
muito por não tê-lo citado no livro, pois aquela história maluca, não nos dava a
certeza, do grande ilheense que és.
Ainda meio chateado com tudo que ocorreu, pede desculpa ao povo de Ilhéus
e principalmente aos pontalenses, por não ter esclarecido isso há mais tempo,
pois estaria em jogo toda sua vida profissional. São coisas de um tempo, que
gostaríamos de apagar, mas infelizmente, o tempo não tem volta – disse ele.
José Rezende Mendonça
GALERIA DE FOTOS DO ARLINDO:
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8. Arlindo e seus familiares no Pontal – 23.04.2014
l No Pontal em 1956