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BOASPRÁTICASDEMANEJOPARAOEXTRATIVISMOSUSTENTÁVELDOBUTIÁ
BOAS PRÁTICAS
DE MANEJO PARA
O EXTRATIVISMO
SUSTENTÁVEL DO
Butia
1
BOAS PRÁTICAS
DE MANEJO PARA
O EXTRATIVISMO
SUSTENTÁVEL DO
Butia
2 3
Autores
Mercedes Rivas e Rosa Lía Barbieri
Revisão do texto
Luiza Chomenko, Gustavo Heiden, Bárbara Cosenza e
Marilaine Schaun Pelufê
Ilustração, arte e diagramação
Zoltar Design
www.zoltardesign.com.br
Fotografias
Carmen Heller Barros: página 18, Claudete Clarice Mistura:
páginas 10 e 20, Ênio E. Sosinski Jr.: página 39, Inés
Espasandín: página 16, Juan Martin Dabezies: páginas 27
(acima) e 31, Marene Machado Marchi: página 29, María
Puppo: páginas 19 e 23, Mercedes Rivas: página 35 (acima),
Paulo Lanzetta: página 27 (abaixo) e Rosa Lía Barbieri:
páginas 13, 17, 22, 28, 32 e 35 (abaixo).
Esta publicação é uma realização da Embrapa Clima Temperado
com apoio financeiro do projeto Probio II, projeto RS Biodiversi-
dade, CNPq, Capes e Fapergs.
BOAS PRÁTICAS
DE MANEJO PARA
O EXTRATIVISMO
SUSTENTÁVEL DO
Butia
Catalogação na fonte: Marilaine Schaun Pelufê
Dados Internacionais da Catalogação na
Publicação (CIP)
Embrapa Clima Temperado
Rivas, Mercedes
	 Boas práticas de manejo para o extrativismo
sustentável do butiá/Mercedes Rivas, Rosa Lía Barbieri
– Pelotas: Embrapa Clima Temperado. 2014.
	 59 p.
	 ISBN 978-85-xxxxx-xx-x
	 1.Butiaodorata.2.Arecaceae.3.Conservação.
4. Extrativismo. 5. Manejo. I. Título. II. Barbieri, Rosa
Lía.
CDD 634.4
R618f
4 5
Apresentação, 6
O Bioma Pampa, 8
Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás, 12
Usos Tradicionais e Atuais, 22
O Butiá e a Cultura, 30
Estado de Conservação dos Butiazais, 34
Boas Práticas de Manejo da Pecuária para
Regeneração do Butiazal e Conservação do
Campo Nativo, 38
Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável
(Colheita dos Frutos), 42
Receitas com o Butiá, 50
Grupos de Referência, 54
Ficha Técnica do Butiá, 56
Bibliografia, 58
6 7Apresentação
O uso e manejo sustentável da biodiversidade
representa uma estratégia inovadora para garantir
a conservação de recursos naturais e, ao mesmo
tempo, oportunizar a geração de renda em bases
ambientalmente amigáveis.
Esta publicação foi escrita para produtores rurais,
pessoas que elaboram produtos à base de butiá,
artesãos, técnicos, responsáveis pela elaboração
de políticas públicas e, de modo geral, a todos os
apreciadores dos butiazais e do butiá.
Contém informações sobre o tema, incluindo as
características do ambiente em que são encontra-
das as plantas, sua importância para as pessoas e
a natureza, e propostas de boas práticas de manejo
sustentável para sua regeneração e conservação.	
Tem o objetivo de colaborar para a conservação e
o uso sustentável dos butiazais no pampa brasilei-
ro e uruguaio, para que a geração atual e também
as futuras gerações possam continuar colhendo
butiá, gerando renda e conservando a natureza.
Clenio Nailto Pillon
Chefe-Geral
Embrapa Clima Temperado
Apresentação
Apresentação
8 9
O Bioma Pampa
O Bioma Pampa cobre o extremo Sul do Brasil, o
Uruguai, parte da Argentina e o extremo sul do
Paraguai. O clima é subtropical temperado, mar-
cado por temperaturas baixas no inverno, que
podem variar de -5 ºC a 15 ºC; e altas no verão,
podendo ultrapassar 35 ºC. Caracteriza-se pelo
predomínio dos campos nativos, mas há também
a presença de matas ciliares, matas de encosta,
formações arbustivas, butiazais, áreas úmidas de
distintas tipologias e vegetação rupestre.
O uso tradicional do Bioma Pampa está associa-
do principalmente à pecuária e agricultura. Mais
recentemente, observa-se o aumento de lavouras
com culturas de verão, como soja, milho e sorgo.
Também têm sido implantadas áreas de silvicul-
tura com espécies exóticas. O campo nativo, base
do desenvolvimento econômico relacionado à
pecuária extensiva tradicional, é composto por
uma importante diversidade de espécies de valor
forrageiro, em especial gramíneas e leguminosas.
O pampa apresenta também uma grande riqueza
de espécies nativas com outros usos, como plantas
medicinais, ornamentais e frutíferas. Associada a
essa biodiversidade, há uma diversidade sociocul-
tural resultante do processo histórico de ocupação
desse território por diferentes etnias (inicialmente
indígenas, mais tarde portugueses, espanhóis, afri-
canos, pomeranos, alemães, italianos e franceses).
Esse cenário permitiu a formação de uma cultura
gaúcha no pampa, de caráter transnacional, unin-
do o Brasil, o Uruguai e a Argentina.
O Bioma Pampa O Bioma Pampa
10 11
12 13Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
Os Butiazais, os Butiazeiros
e os Butiás
Butia é um gênero de pal-
meiras (família Arecaceae)
que ocorre na América do
Sul. Reúne em torno de 20
espécies distribuídas no
Brasil, Uruguai, Argentina
e Paraguai. Dentre essas
espécies, Butia odorata é a
que apresenta distribuição
mais ao sul, sendo nativa no
Bioma Pampa, ocorrendo so-
mente no Rio Grande do Sul
(no Brasil) e nos departa-
mentos do leste do Uruguai.
14 15
Essas palmeiras, denominadas de butiazeiros ou
butiás, formam agrupamentos naturais conheci-
dos como butiazais ou palmares, com densidades
que variam desde poucas dezenas até mais de
seiscentas plantas por hectare em alguns locais.
Os butiazais são encontrados principalmente em
regiões planas, próximos às lagunas que ocorrem
no Sul do Brasil e no sudeste do Uruguai.
O ecossistema de butiazais é reconhecido por seu
valor paisagístico, de biodiversidade e histórico-
-cultural. Compreende uma valiosa diversidade
de flora e fauna nativa associada, onde ocorrem
cadeias tróficas e fluxos de energia característicos
da comunidade. Os campos nativos associados
aos butiazais também abrigam uma diversidade de
espécies herbáceas, principalmente de gramíneas,
com reconhecido valor forrageiro. Os butiazais
são fonte de alimento para diversos animais da
fauna nativa, como graxaim, mão-pelada, gambá,
veado, ouriço, caturritas, tucanuçu e ema, alguns
dos quais atuam como dispersores das sementes de
butiá.
A preservação dos butiazais implica não apenas conservar os bu-
tiazeiros, mas também a fauna e flora que vivem associadas a esse
ecossistema.
Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
16 17
Os butiazeiros apresentam
um caule do tipo estipe, que
pode atingir até 12 metros
de altura e 60 cm de diâme-
tro. As folhas medem de 2
a 3 metros de comprimento
e são pinaticompostas, isto
é, possuem um eixo central,
denominado de ráquis, com
folíolos, denominados de
pinas, de cor verde-acinzen-
tado, e simétricas em ambos
os lados da ráquis.
18 19
As flores, femininas (pistiladas) e masculinas (es-
taminadas), distribuem-se em cachos com mais de
1 metro de comprimento, protegidas por uma lâ-
mina (espata ou canoa) esverdeada ou amarelada.
A produção de frutos inicia entre 6 e 15 anos após
a germinação das plantas. As plantas continuam
a produzir frutos ano após ano, com número vari-
ável de cachos, dependendo das condições do am-
biente e da idade da planta. É importante lembrar
que até mesmo plantas centenárias continuam a
produzir frutos.
Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
Os frutos, conhecidos como butiás, são do tipo
drupa, carnosos e comestíveis. Cada endocar-
po (caroço ou coquinho) possui em seu interior
duas a três sementes (amêndoas). Existe uma
grande variação para as características dos frutos
de diferentes plantas, principalmente em relação
a cor, tamanho e sabor. Isso se deve à forma de
reprodução dos butiazeiros, pois as flores femi-
ninas de cada planta são fecundadas pelo pólen
produzido por flores masculinas de várias outras
plantas que existem no local. Como resultado, as
plantas-filhas originadas das sementes dos frutos
de um mesmo cacho podem ser muito diferentes
se comparadas à planta-mãe, e podem produzir
frutos com características bastante distintas.
20 21
A polpa dos frutos é rica em vitamina C e carotenoides, que
são substâncias com atividade antioxidante, ou seja, atuam
na manutenção da saúde. Além disso, também apresentam
altas concentrações de potássio, o qual é importante para
regular o funcionamento do organismo.
Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
23
Usos Tradicionais e Atuais
Usos Tradicionais e Atuais
Os butiazais são impor-
tantes para as pessoas que
vivem no Bioma Pampa de-
vido ao patrimônio histórico
e cultural associado, além
do uso tradicional de seus
frutos e folhas para a elabo-
ração de produtos derivados.
Os frutos e as sementes
(amêndoas que ficam dentro
do coquinho) faziam parte
da alimentação dos indíge-
nas que habitavam o pampa.
Há evidências de que o butiá
já era consumido pelos gru-
pos humanos que habitavam
essa região há mais de 8 mil
anos. Eles produziram ins-
trumentos de pedra polida
especializados para quebrar
os coquinhos (chamados
de “quebra-coquinhos” no
Brasil e de “rompecocos” no
Uruguai) e retirar as amên-
doas. As folhas das plantas
eram utilizadas como co-
bertura de suas cabanas.
Também eram usadas para
produzir cestas, armadilhas
para caça e pesca, chapéus,
bolsas e redes.
Os currais de butiá, constru-
ídos na época colonial para
encerrar o gado, tanto no
Brasil como no Uruguai, são
mais um exemplo histórico
da diversidade de usos dessa
palmeira.
24 25Usos Tradicionais e AtuaisUsos Tradicionais e Atuais
Na primeira metade do século 20, as folhas eram usadas
para produzir uma fibra chamada de crina vegetal, utiliza-
da como enchimento de colchões e móveis estofados. Essa
fibra também era usada para fazer solados de alpargatas, ta-
petes e diversos utensílios domésticos. A produção de crina
vegetal foi uma atividade muito lucrativa até cerca de 1960,
quando deixou de ser importante devido à substituição por
fibras sintéticas.
A extração de óleo das amêndoas foi uma experiência de
exploração industrial dos butiazais na região de Castillos,
no Uruguai, que teve curta duração. A partir do processa-
mento dos coquinhos era obtido um óleo para produção de
sabões, resultando como subproduto uma "torta" proteica
que era comercializada para a alimentação de suínos.
Também existiram outros usos tradicionais, porém não
sustentáveis, de exploração econômica dos butiazais, como
a obtenção de "mel de butiá" a partir da seiva dos butia-
zeiros, o que provocava a morte da planta, e que felizmente
foram proibidas ou abandonadas.
26 Usos Tradicionais e Atuais
Historicamente, as pessoas que vivem em locais de
ocorrência de butiazais se acostumaram a utili-
zar os frutos, porém a planta é subutilizada se for
considerado seu potencial como fonte de novos
produtos.
Atualmente, produtos à base de frutos e folhas de
butiá são comercializados por pequenas agroin-
dústrias locais e grupos de extrativistas/artesãos.
Os frutos são consumidos frescos ou usados para
produzir vários tipos de alimentos (geleias, sor-
vetes, bombons, bolos e musses), bebidas (sucos,
licores e cachaça com butiá) e artesanatos. As
amêndoas também são consumidas e usadas em
diversos produtos alimentícios, principalmente
no Uruguai, como biscoitos, tortas, bombons e o
tradicional "café de coco". As sementes contêm
óleo de alta qualidade, que pode ser utilizado no
desenvolvimento de novos produtos em diferentes
setores da indústria, como alimentícia, farmacêu-
tica ou cosmética.
A fibra da polpa dos frutos, os coquinhos, as
folhas e as espatas são usados por artesãos para a
produção de cestos, bolsas, chapéus e outros obje-
tos decorativos ou utilitários.
28 29Usos Tradicionais e AtuaisUsos Tradicionais e Atuais
Devido à bela arquitetura da planta e sua resistên-
cia a baixas temperaturas, o butiá é muito culti-
vado como uma planta ornamental, utilizado no
paisagismo rural e urbano, na ornamentação de
jardins, parques, praças, ruas e avenidas. O cau-
le também pode ser utilizado como suporte para
outras plantas ornamentais (como orquídeas,
bromélias e samambaias).
Nos últimos anos percebe-se que vem ocorrendo
um aumento da valorização de produtos da bio-
diversidade regional, o que se reflete em maior
demanda por produtos dela derivados, tanto por
parte dos consumidores como do setor produtivo.
Nesse contexto, surgem novas oportunidades de
geração de renda com base em produtos tradicio-
nais e inovadores derivados do butiá.
30 31O Butiá e a Cultura
O Butiá e a Cultura
O Butiá e a Cultura
Existe um vínculo histórico e afetivo entre as
pessoas do pampa e o butiá, que se expressa não
apenas na literatura e nas artes, mas também em
nomes de lugares e em símbolos oficiais.
No Uruguai, o butiá é representado no hino e no
escudo do Departamento de Rocha.
"Si el Atlante te da sus caricias
y te aduerme el suave rumor
de palmares que evocan los siglos
bajo el palio dorado del sol;
si tus lagos semejan espejos
do se copia del cielo el color
son tus blancas ciudades los nidos
del trabajo, la paz y el honor!"
"Se o Atlântico te dá suas carícias
e te adormece o suave rumor
de palmares que evocam os séculos
sob o manto dourado do sol;
se teus lagos parecem espelhos
onde se copia do céu a cor
são tuas brancas cidades os ninhos
do trabalho, da paz e da honra!"
Escudo do Departamento de Rocha, no Uruguai.
32 33O Butiá e a Cultura O Butiá e a Cultura
É representado em vários
murais nas ruas da cida-
de de Castillos, e é motivo
de festivais locais, como a
celebração do “Festival de
Canto y Butiá”, organizado
em Castillos. No Uruguai,
existem várias canções que
citam o butiá, uma das mais
conhecidas é "Caña con
Butiá" de H. Ochoa e N.
Pereyra. No Brasil, há vários municípios gaúchos cujos
nomes estão relacionados ao butiá, como, por
exemplo, Santa Vitória do Palmar, Palmares do
Sul, Butiá e Palmeira das Missões. No município
de Santa Vitória do Palmar, o butiá faz parte do
escudo, da bandeira e do hino:
"Salve terra dos verdes palmares
Boa terra de um povo gentil (...)"
Na literatura brasileira, o escritor gaúcho João Si-
mões de Lopes Neto, relatando uma festa de casa-
mento no conto ‘Contrabandista’, da obra Contos
Gauchescos, publicada em 1912, escreveu:
“El que visita Castillos sin dudas regresará
por los frutos amarillos y la caña con butiá
bebida tradicional de la gente de estos pagos
dulzura tan regional...”
"Quem visita Castillos sem dúvida regressará
por causa dos frutos amarelos e da cachaça com butiá
bebida tradicional das pessoas desse lugar
doçura tão regional..."
“Havia na casa uma gentama convidada; da vila, vizinhos, os
padrinhos, autoridades, moçada. Havia de se dançar três dias!...
Corria o amargo e copinhos de licor de butiá.”
34 Estado de Conservação dos Butiazais
Estado de Conservação
dos Butiazais
Como a biodiversidade não
se restringe a limites políti-
cos, e a distribuição de Butia
odorata ocorre tanto no
pampa brasileiro como no
uruguaio, os dois países são
responsáveis por sua conser-
vação e uso sustentável.
No Uruguai, desde os anos
1960 não se tem observado
uma redução da área ocu-
pada pelos butiazais. Existe
uma lei nacional que impede
o corte ou dano a qualquer
palmeira nativa. A grande
preocupação está relaciona-
da com a regeneração, já que
os butiazeiros que perma-
necem já são centenários.
A ausência de regeneração
e a morte de plantas cente-
nárias traz um diagnóstico
sombrio sobre o futuro dos
butiazais uruguaios. No bu-
tiazal de Castillos a principal
causa para essa situação é o
pastejo excessivo, resultado
de uma intensidade muito
alta de carga animal (bovi-
nos e/ou ovinos), que acar-
reta o consumo das novas
mudas ou a sua destruição
pelo pisoteio. A agricultura
em larga escala, que vem
se expandindo e ocupando
novos espaços, é outro fator
que atua contra os processos
de regeneração, impedindo
diretamente a germinação e
desenvolvimento de novas
mudas. No caso do butia-
zal de San Luís, o cultivo de
arroz é a principal causa de
ausência de regeneração.
Além disso, a aplicação aé-
rea de agroquímicos sobre os
butiazais afeta a polinização
e, consequentemente, a pro-
dução de frutos e sementes.
36 37Estado de Conservação dos Butiazais Estado de Conservação dos Butiazais
Por outro lado, o cresci-
mento do volume de produ-
tos derivados do butiá nos
últimos anos e seu êxito
comercial pode representar
um novo fator de risco para
a conservação dos butiazais,
na medida em que se extra-
em todas as sementes que
poderiam originar novas
plantas.
No Brasil, a situação é mais
preocupante. Existiam ex-
tensos butiazais nas áreas
próximas ao litoral do Rio
Grande do Sul, porém, a
partir da década de 1970,
ocorreu uma devastação
muito grande devido ao
desinteresse na produção
de crina vegetal e à con-
sequente implantação de
monoculturas e expansão de
áreas urbanas. Atualmente
sobraram poucos butiazais
naturais.
Nesse cenário, a adoção de boas práticas de manejo
para a regeneração e a conservação dos butiazais
remanescentes se justifica pela evidente necessi-
dade de garantir sua existência para as gerações
futuras e a sustentabilidade do ecossistema.
Para promover a conservação dos butiazais que
ainda restam, são apresentadas a seguir recomen-
dações de boas práticas de manejo, lembrando que
o êxito na regeneração do butiazal depende em
grande parte do número de mudas novas que se
desenvolvem a partir do banco de sementes no solo
e do número de mudas disponíveis. A estratégia de
reprodução dessa palmeira está baseada na pro-
dução muito grande de sementes, para que exista
alguma possibilidade de deixar descendência.
38 Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do
Butiazal e Conservação do Campo Nativo
Boas Práticas de Manejo da
Pecuária para Regeneração do
Butiazal e Conservação do
Campo Nativo
O manejo da pecuária apresentado a seguir é
uma alternativa sustentável para a regeneração do
butiazal e a conservação do campo nativo. Está
baseado em exclusões de pastejo durante o in-
verno e em pastejo contínuo de gado com carga
média durante o resto do ano. Desta forma, as
novas mudas de butiá que se desenvolvem podem
escapar da ação do pastejo e do pisoteio dos ani-
mais pela oferta de forragem de melhor qualidade
resultante dessa prática de manejo. Além disso,
como as mudas têm capacidade de rebrote, mesmo
as que porventura tiverem sido pastejadas podem
continuar seu desenvolvimento.
40 41Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do
Butiazal e Conservação do Campo Nativo
Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do
Butiazal e Conservação do Campo Nativo
Recomendações de boas
práticas para o manejo e re-
generação do butiazal asso-
ciado à pecuária:
Selecionar uma área de 2%
a 5% do butiazal na pro-
priedade, para permitir o
desenvolvimento de novas
mudas e a regeneração do
campo nativo. De junho a
setembro, retirar totalmente
o gado dessa área. De outu-
bro a maio, permitir uma lo-
tação de 0,7 a 0,8 unidades
animais por hectare, com-
posta por categorias jovens
(terneiros, animais de sobre-
ano e vaquilhonas).
Considerando que 1 uni-
dade animal equivale a 450
kg, então 0,7 a 0,8 unidades
animais seriam 315 a 360
kg de animais (peso vivo)
por hectare. Por exemplo,
imaginando uma área de 10
hectares, isso equivaleria a:
31 a 36 terneiros de 100 kg,
ou 15 a 18 terneiros de 200
kg, ou, ainda, 10 a 12 ani-
mais com 300 kg.
Recomenda-se evitar a cria-
ção de ovelhas nas áreas de
regeneração do butiazal, pois
esses animais realizam um
pastejo rasteiro e seletivo.
Repetir este ciclo durante
pelo menos oito anos, na
área selecionada. Depois dos
oito anos, selecionar outra
área na propriedade para
iniciar um novo ciclo de
regeneração do butiazal pelo
manejo conservativo.
Este manejo permitirá o
desenvolvimento inicial das
novas mudas que germina-
rem naquele ano, além disso
permitirá que as plantas
estabelecidas nos anos ante-
riores e pastejadas pelo gado
possam rebrotar (as plantas
jovens têm a capacidade de
recuperação e rebrote). Nem
todas as mudas de butiá
serão pastejadas pelo gado
(capacidade de escape),
porque haverá uma carga
animal mais baixa na área
de manejo, e também por-
que haverá maior oferta de
forragem devido à regenera-
ção do campo nativo duran-
te o período de exclusão do
pastejo. Na primavera e no
verão as espécies de cam-
po nativo se desenvolvem
melhor e produzem maior
volume de biomassa. A
grande vantagem deste tipo
de manejo do butiazal com a
presença do gado é que uma
carga adequada de gado não
apenas permite a manuten-
ção do butiazal, como tam-
bém aumenta a presença de
espécies com valor forragei-
ro no campo nativo.
É conveniente que a área do butiazal selecionada para esse manejo
tenha uma densidade baixa (menos de 100 plantas por hectare).
Se a densidade de plantas por hectare for superior, recomenda-se
aplicar esta metodologia de regeneração nas bordas do butiazal
ou em áreas que tenham setores sem palmeiras.
42 43Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Boas Práticas para o
Extrativismo Sustentável
(Colheita dos Frutos)
Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
A seguir são apresentadas sugestões de boas prá-
ticas para as atividades extrativistas de butiá, de
modo a dar apoio às iniciativas de desenvolvimen-
to e comercialização de produtos derivados do
butiá, assegurando sustentabilidade para propostas
de criação de uma marca ou certificado de produ-
tos e processos.
As recomendações para colheita de frutos em bu-
tiazais são as seguintes:
Planejar um circuito de
colheita contemplando um
número maior de locais de
coleta e prevendo uma rota-
ção entre eles.
Evitar a colheita de todos
os frutos das palmeiras em
uma área. É importante
deixar sempre alguns frutos
em cada palmeira, para que
em cada área de extração
permaneçam frutos para
uma eventual regeneração,
favorecendo a produção de
novas mudas e a alimenta-
ção dos animais silvestres.
44 45Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Não colher frutos imaturos ou danificados, já que
estes podem servir como alimento para a fauna e
podem contribuir para a regeneração do butiazal.
Evitar a colheita de frutos em locais perto de
rodovias, onde pode haver contaminação com pro-
dutos tóxicos derivados da queima de combustível.
Também se recomenda evitar a coleta próxima a
áreas onde tenham sido aplicados produtos agríco-
las (herbicidas, inseticidas e fungicidas).
46 47Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Utilizar ferramentas apro-
priadas para o corte do
cacho de butiá, evitando
maltratar e produzir danos
na planta, prejudicando-a
ou comprometendo colhei-
tas posteriores.
Depois de extrair a polpa
dos frutos, é recomendável
devolver os coquinhos ao
campo, respeitando, quan-
do for possível, os locais de
origem dos mesmos. Desta
forma, não será alterada a
estrutura genética do bu-
tiazal. No caso de butiazais
muito densos (com mais
de 100 palmeiras adultas
por hectare), recomenda-
-se distribuir os coquinhos
nas áreas próximas, já que
as novas mudas precisam de
espaço e luz solar direta para
se desenvolver.
Para empreendimentos
(agroindústrias, pequenas
empresas, grupos de arte-
sãos) que promovem uma
colheita em maior escala,
recomenda-se manter um
registro dos locais e volumes
de colheita. Dessa forma,
ficará mais fácil planejar as
rotações das áreas de coleta.
48 49Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Boas Práticas para o Extrativismo
Sustentável (Colheita dos Frutos)
Anos de grande produção são bons para as pessoas que fazem uso
dos frutos e também para a regeneração do butiazal e conserva-
ção do ecossistema.
Os acordos ou contratos en-
tre os donos do campo onde
está o butiazal e os coletores
devem estabelecer um pla-
nejamento sustentável das
atividades extrativistas, de
acordo com as boas práticas
recomendadas.
Para garantir a disponibi-
lidade de matéria-prima
para os empreendimentos
que produzem alimentos à
base de butiá, recomenda-se
congelar a polpa dos frutos
colhidos em anos de alta
produtividade.
50 5150 Receitas com o Butiá
Receitas com o
Butiá
As receitas com butiá apresentadas a seguir são
tradicionais, criadas e mantidas por pessoas que vivem
em regiões com butiazais.
RECEITA TRADICIONAL DE LICOR DE BUTIÁ
"... escolher butiás bem maduros, colocar em garrafas de
vidro, colocar açúcar até cobrir o butiá que, com o tempo,
irá soltar um suco. Deixar por um tempo, o ideal seria dois
meses, verificar se a superfície dos butiás está coberta pelo
suco. Completar o garrafão com duas partes iguais de ca-
chaça e de calda (feita com açúcar e água). Pode ser coado
ou se pode deixar mais tempo o butiá na cachaça. É im-
portante manter a garrafa na sombra, e de vez em quando
agitar e girar para que a polpa do butiá vá se soltando".
Receita relatada por José San Martín, professor de escola rural
em Paso del Bañado, Castillos, Departamento de Rocha,
Uruguai (PROBIDES, 1995).
51Receitas com o Butiá
52 5352 Receitas com o Butiá
CAFÉ DE COCO
"As pessoas colocam um
saco ou uma lona no chão,
onde são jogados os coqui-
nhos conforme eles vão
sendo quebrados. Fica tudo
misturado, as amêndoas
com a casca do coquinho.
Então tem que escolher as
amêndoas, separá-las de
dentro das cascas. Deve-se
limpar bem e assar no forno
do fogão a lenha, até dourar.
Tem que cuidar o ponto: se
partir uma e estiver muito
marrom, já está queimada.
Depois tem que esperar que
esfrie e então, com um moe-
dor, moer. Assim fica pron-
to. Fazer o café do coquinho
não é nada difícil, mas é
complicado. Leva tempo."
Receita relatada por Blanca
Luz Sosa, produtora da Vuelta
del Palmar, Castillos, Depar-
tamento de Rocha, Uruguai
(PROBIDES, 1995).
CACHAÇA COM BUTIÁ
Escolher butiás bem madu-
ros, colocar em uma garrafa
de vidro e cobrir com cacha-
ça. Deixar curtir por pelo
menos um mês.
Receita relatada por Gustavo
Heiden, São Lourenço do Sul,
Brasil.
GELEIA DE BUTIÁ
Ingredientes
•	 1 kg de polpa de butiá
•	 800 g de açúcar cristal
•	 1 colher de sopa de vinagre branco
Modo de fazer
Colocar a polpa e o açúcar na panela, em fogo
médio, misturar bem.
Quando a polpa estiver cozida (40 minutos de-
pois de iniciar a fervura), retirar do fogo e esperar
esfriar.
Triturar no liquidificador e passar por uma penei-
ra.
Levar novamente ao fogo, sempre mexendo para
não grudar no fundo da panela.
Adicionar o vinagre (para dar consistência à ge-
leia) e continuar mexendo até a consistência dese-
jada (colocar um pouco em um prato para esfriar
e verificar o ponto).
Receita relatada por Claudete Clarice Mistura,
Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Receitas com o Butiá
54 55
Grupos de Referência
Grupos de Referência
•	 Universid de la Republica - Facultad de Agronomia
(Montevidéu)
•	 Centro Universitário de la Región Este - CURE 
(Rocha)
•	 Laboratorio Tecnológico del Uruguay - LATU
(Montevidéu)
•	 Programa de Conservación de la Biodiversidad y
Desarrollo sustentable en los Humedales del Este -
PROBIDES (Rocha)
•	 Grupo Palmar (Castillos)
•	 Caseras de India Muerta (Rocha)
•	 El Brocal (Castillos)
•	 Conservas Del Este (Castillos)
No Uruguai:
Grupos de Referência
•	 Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS)
•	 Universidade Federal de Pelotas - Faculdade de
Agronomia "Eliseu Maciel" - Programa de Pós-
Graduação em Agronomia (Pelotas, RS)
•	 Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
(Porto Alegre, RS)
•	 Fazenda São Miguel - compromisso com a
conservação do butiazal (Tapes, RS)
No Brasil:
56 57Ficha Técnica do Butiá
Ficha Técnica do Butiá
Família: Arecaceae
Nome científico*: Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick
Nomes comuns: Butiá
Características
da planta:
Porte arbóreo, crescimento lento e
contínuo, podendo atingir até 12
metros de altura e idade superior a
200 anos
Áreas de ocorrência: Pampa brasileiro e uruguaio
Uso dos frutos: Consumo in natura, geleias, sucos,
licores, sorvetes, bolos, doces, bom-
bons, molhos, artesanato
Uso das folhas: Artesanato
Uso da planta: Ornamental
Período de floração: Setembro a janeiro
Cores das flores: Amarelas, rosadas ou púrpura
Ficha Técnica do Butiá
Período de
frutificação:
A maioria das plantas frutifica de
fevereiro a abril
Cores dos frutos
maduros:
Diferentes tonalidades de amarelo,
alaranjado, avermelhado, púrpura
ou esverdeado
Número de cachos
por planta:
Pode produzir até 7 cachos por plan-
ta
Número de frutos por
cacho:
Pode produzir até 1.300 frutos por
cacho
Peso do cacho: Pode atingir 15 kg
Peso do fruto inteiro: De 7 g a 14 g
Porcentagem de polpa
por fruto:
Cerca de 70%
Sementes por fruto: De 1 a 3 (as sementes ficam dentro
do coquinho)
*Em 2010 foi publicada a correção da nomenclatura de algumas espécies
de Butia. A espécie que ocorre no Bioma Pampa, no Brasil e no Uruguai,
que até então era denominada equivocadamente de Butia capitata (Mart.)
Becc., deve ser denominada de Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick. A
denominação Butia capitata (Mart.) Becc. ficou restrita para uma espécie
que ocorre no Bioma Cerrado.
58 59Bibliografia
Bibliografia
BÜTTOW, M. V.; BARBIERI, R. L.; NEITZKE, R. S.; HEIDEN, G. Conheci-
mento tradicional associado ao uso de butiás (Butia spp., Arecaceae) no
sul do Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 4,
p. 1069-1075, 2009.
CROSSA, M. J.; BURZACO, P.; PASTORINO, N.; IRISITY, M.; GIOSCIA,
D.; AYRES, C. Caracterización fisicoquímica y nutricional del fruto Butia
capitata y de su pulpa tamizada. Innotec, Montevidéu, n. 6, p. 3- 6, 2011.
FONSECA, L. X. Caracterização de frutos de butiazeiro [Butia odorata
(Barb. Rodr.) Noblick & Lorenzi] e estabilidade de seus compostos
bioativos na elaboração e armazenamento de geleias. 2012. 68 f. Dis-
sertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas.
GEYMONAT, C.; ROCHA, N. M'botiá - Ecosistema único en el mundo.
Casa Ambiental: Castillos, 2009. 406 p.
JAURENA, M.; RIVAS, M. La pradera natural del palmar de Butia capitata
(Arecaceae) de Castillos (Rocha): Evolución con distintas alternativas de
pastoreo. INIA. Seminario de actualización técnica en manejo de campo
natural. Serie técnica, v. 151, p. 15- 20, 2005.
PROBIDES. El palmar, la palma y el butiá. Fichas didácticas Nº 4. Mon-
tevidéu: Productora Editorial. 1995. 23p.
RIVAS, M. Desafíos y alternativas para la conservación in situ de los pal-
mares de Butia capitata (Mart.) Becc. Agrociencia, Montevidéu, v. 9, n.
1 e 2, p. 161-168, 2005.
RIVAS, M.; BARILANI, A. Diversidad, potencial productivo y reproducti-
vo de los palmares de Butia capitata (Mart.) Becc. de Uruguay. Agrocien-
cia, Montevidéu, v. 8, n. 1, p. 11- 20, 2004.
RIVAS, M. Conservação e uso sustentável de palmares de Butia odorata
(Barb. Rodr.) Noblick. 2013. 102 f. Tese (Doutorado em Agronomia) -
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
SCHWARTZ, E.; FACHINELLO, J. C.; BARBIERI, R. L.; SILVA, J. B. Avalia-
ção de populações de Butia capitata de Santa Vitória do Palmar. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, n. 3, p. 736-745, 2010.
Bibliografia
60
BOAS PRÁTICAS
DE MANEJO PARA
O EXTRATIVISMO
SUSTENTÁVEL DO
Butia

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  • 2. 1 BOAS PRÁTICAS DE MANEJO PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO Butia
  • 3. 2 3 Autores Mercedes Rivas e Rosa Lía Barbieri Revisão do texto Luiza Chomenko, Gustavo Heiden, Bárbara Cosenza e Marilaine Schaun Pelufê Ilustração, arte e diagramação Zoltar Design www.zoltardesign.com.br Fotografias Carmen Heller Barros: página 18, Claudete Clarice Mistura: páginas 10 e 20, Ênio E. Sosinski Jr.: página 39, Inés Espasandín: página 16, Juan Martin Dabezies: páginas 27 (acima) e 31, Marene Machado Marchi: página 29, María Puppo: páginas 19 e 23, Mercedes Rivas: página 35 (acima), Paulo Lanzetta: página 27 (abaixo) e Rosa Lía Barbieri: páginas 13, 17, 22, 28, 32 e 35 (abaixo). Esta publicação é uma realização da Embrapa Clima Temperado com apoio financeiro do projeto Probio II, projeto RS Biodiversi- dade, CNPq, Capes e Fapergs. BOAS PRÁTICAS DE MANEJO PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO Butia Catalogação na fonte: Marilaine Schaun Pelufê Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Clima Temperado Rivas, Mercedes Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável do butiá/Mercedes Rivas, Rosa Lía Barbieri – Pelotas: Embrapa Clima Temperado. 2014. 59 p. ISBN 978-85-xxxxx-xx-x 1.Butiaodorata.2.Arecaceae.3.Conservação. 4. Extrativismo. 5. Manejo. I. Título. II. Barbieri, Rosa Lía. CDD 634.4 R618f
  • 4. 4 5 Apresentação, 6 O Bioma Pampa, 8 Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás, 12 Usos Tradicionais e Atuais, 22 O Butiá e a Cultura, 30 Estado de Conservação dos Butiazais, 34 Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do Butiazal e Conservação do Campo Nativo, 38 Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos), 42 Receitas com o Butiá, 50 Grupos de Referência, 54 Ficha Técnica do Butiá, 56 Bibliografia, 58
  • 5. 6 7Apresentação O uso e manejo sustentável da biodiversidade representa uma estratégia inovadora para garantir a conservação de recursos naturais e, ao mesmo tempo, oportunizar a geração de renda em bases ambientalmente amigáveis. Esta publicação foi escrita para produtores rurais, pessoas que elaboram produtos à base de butiá, artesãos, técnicos, responsáveis pela elaboração de políticas públicas e, de modo geral, a todos os apreciadores dos butiazais e do butiá. Contém informações sobre o tema, incluindo as características do ambiente em que são encontra- das as plantas, sua importância para as pessoas e a natureza, e propostas de boas práticas de manejo sustentável para sua regeneração e conservação. Tem o objetivo de colaborar para a conservação e o uso sustentável dos butiazais no pampa brasilei- ro e uruguaio, para que a geração atual e também as futuras gerações possam continuar colhendo butiá, gerando renda e conservando a natureza. Clenio Nailto Pillon Chefe-Geral Embrapa Clima Temperado Apresentação Apresentação
  • 6. 8 9 O Bioma Pampa O Bioma Pampa cobre o extremo Sul do Brasil, o Uruguai, parte da Argentina e o extremo sul do Paraguai. O clima é subtropical temperado, mar- cado por temperaturas baixas no inverno, que podem variar de -5 ºC a 15 ºC; e altas no verão, podendo ultrapassar 35 ºC. Caracteriza-se pelo predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, formações arbustivas, butiazais, áreas úmidas de distintas tipologias e vegetação rupestre. O uso tradicional do Bioma Pampa está associa- do principalmente à pecuária e agricultura. Mais recentemente, observa-se o aumento de lavouras com culturas de verão, como soja, milho e sorgo. Também têm sido implantadas áreas de silvicul- tura com espécies exóticas. O campo nativo, base do desenvolvimento econômico relacionado à pecuária extensiva tradicional, é composto por uma importante diversidade de espécies de valor forrageiro, em especial gramíneas e leguminosas. O pampa apresenta também uma grande riqueza de espécies nativas com outros usos, como plantas medicinais, ornamentais e frutíferas. Associada a essa biodiversidade, há uma diversidade sociocul- tural resultante do processo histórico de ocupação desse território por diferentes etnias (inicialmente indígenas, mais tarde portugueses, espanhóis, afri- canos, pomeranos, alemães, italianos e franceses). Esse cenário permitiu a formação de uma cultura gaúcha no pampa, de caráter transnacional, unin- do o Brasil, o Uruguai e a Argentina. O Bioma Pampa O Bioma Pampa
  • 8. 12 13Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Butia é um gênero de pal- meiras (família Arecaceae) que ocorre na América do Sul. Reúne em torno de 20 espécies distribuídas no Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Dentre essas espécies, Butia odorata é a que apresenta distribuição mais ao sul, sendo nativa no Bioma Pampa, ocorrendo so- mente no Rio Grande do Sul (no Brasil) e nos departa- mentos do leste do Uruguai.
  • 9. 14 15 Essas palmeiras, denominadas de butiazeiros ou butiás, formam agrupamentos naturais conheci- dos como butiazais ou palmares, com densidades que variam desde poucas dezenas até mais de seiscentas plantas por hectare em alguns locais. Os butiazais são encontrados principalmente em regiões planas, próximos às lagunas que ocorrem no Sul do Brasil e no sudeste do Uruguai. O ecossistema de butiazais é reconhecido por seu valor paisagístico, de biodiversidade e histórico- -cultural. Compreende uma valiosa diversidade de flora e fauna nativa associada, onde ocorrem cadeias tróficas e fluxos de energia característicos da comunidade. Os campos nativos associados aos butiazais também abrigam uma diversidade de espécies herbáceas, principalmente de gramíneas, com reconhecido valor forrageiro. Os butiazais são fonte de alimento para diversos animais da fauna nativa, como graxaim, mão-pelada, gambá, veado, ouriço, caturritas, tucanuçu e ema, alguns dos quais atuam como dispersores das sementes de butiá. A preservação dos butiazais implica não apenas conservar os bu- tiazeiros, mas também a fauna e flora que vivem associadas a esse ecossistema. Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
  • 10. 16 17 Os butiazeiros apresentam um caule do tipo estipe, que pode atingir até 12 metros de altura e 60 cm de diâme- tro. As folhas medem de 2 a 3 metros de comprimento e são pinaticompostas, isto é, possuem um eixo central, denominado de ráquis, com folíolos, denominados de pinas, de cor verde-acinzen- tado, e simétricas em ambos os lados da ráquis.
  • 11. 18 19 As flores, femininas (pistiladas) e masculinas (es- taminadas), distribuem-se em cachos com mais de 1 metro de comprimento, protegidas por uma lâ- mina (espata ou canoa) esverdeada ou amarelada. A produção de frutos inicia entre 6 e 15 anos após a germinação das plantas. As plantas continuam a produzir frutos ano após ano, com número vari- ável de cachos, dependendo das condições do am- biente e da idade da planta. É importante lembrar que até mesmo plantas centenárias continuam a produzir frutos. Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás Os frutos, conhecidos como butiás, são do tipo drupa, carnosos e comestíveis. Cada endocar- po (caroço ou coquinho) possui em seu interior duas a três sementes (amêndoas). Existe uma grande variação para as características dos frutos de diferentes plantas, principalmente em relação a cor, tamanho e sabor. Isso se deve à forma de reprodução dos butiazeiros, pois as flores femi- ninas de cada planta são fecundadas pelo pólen produzido por flores masculinas de várias outras plantas que existem no local. Como resultado, as plantas-filhas originadas das sementes dos frutos de um mesmo cacho podem ser muito diferentes se comparadas à planta-mãe, e podem produzir frutos com características bastante distintas.
  • 12. 20 21 A polpa dos frutos é rica em vitamina C e carotenoides, que são substâncias com atividade antioxidante, ou seja, atuam na manutenção da saúde. Além disso, também apresentam altas concentrações de potássio, o qual é importante para regular o funcionamento do organismo. Os Butiazais, os Butiazeiros e os Butiás
  • 13. 23 Usos Tradicionais e Atuais Usos Tradicionais e Atuais Os butiazais são impor- tantes para as pessoas que vivem no Bioma Pampa de- vido ao patrimônio histórico e cultural associado, além do uso tradicional de seus frutos e folhas para a elabo- ração de produtos derivados. Os frutos e as sementes (amêndoas que ficam dentro do coquinho) faziam parte da alimentação dos indíge- nas que habitavam o pampa. Há evidências de que o butiá já era consumido pelos gru- pos humanos que habitavam essa região há mais de 8 mil anos. Eles produziram ins- trumentos de pedra polida especializados para quebrar os coquinhos (chamados de “quebra-coquinhos” no Brasil e de “rompecocos” no Uruguai) e retirar as amên- doas. As folhas das plantas eram utilizadas como co- bertura de suas cabanas. Também eram usadas para produzir cestas, armadilhas para caça e pesca, chapéus, bolsas e redes. Os currais de butiá, constru- ídos na época colonial para encerrar o gado, tanto no Brasil como no Uruguai, são mais um exemplo histórico da diversidade de usos dessa palmeira.
  • 14. 24 25Usos Tradicionais e AtuaisUsos Tradicionais e Atuais Na primeira metade do século 20, as folhas eram usadas para produzir uma fibra chamada de crina vegetal, utiliza- da como enchimento de colchões e móveis estofados. Essa fibra também era usada para fazer solados de alpargatas, ta- petes e diversos utensílios domésticos. A produção de crina vegetal foi uma atividade muito lucrativa até cerca de 1960, quando deixou de ser importante devido à substituição por fibras sintéticas. A extração de óleo das amêndoas foi uma experiência de exploração industrial dos butiazais na região de Castillos, no Uruguai, que teve curta duração. A partir do processa- mento dos coquinhos era obtido um óleo para produção de sabões, resultando como subproduto uma "torta" proteica que era comercializada para a alimentação de suínos. Também existiram outros usos tradicionais, porém não sustentáveis, de exploração econômica dos butiazais, como a obtenção de "mel de butiá" a partir da seiva dos butia- zeiros, o que provocava a morte da planta, e que felizmente foram proibidas ou abandonadas.
  • 15. 26 Usos Tradicionais e Atuais Historicamente, as pessoas que vivem em locais de ocorrência de butiazais se acostumaram a utili- zar os frutos, porém a planta é subutilizada se for considerado seu potencial como fonte de novos produtos. Atualmente, produtos à base de frutos e folhas de butiá são comercializados por pequenas agroin- dústrias locais e grupos de extrativistas/artesãos. Os frutos são consumidos frescos ou usados para produzir vários tipos de alimentos (geleias, sor- vetes, bombons, bolos e musses), bebidas (sucos, licores e cachaça com butiá) e artesanatos. As amêndoas também são consumidas e usadas em diversos produtos alimentícios, principalmente no Uruguai, como biscoitos, tortas, bombons e o tradicional "café de coco". As sementes contêm óleo de alta qualidade, que pode ser utilizado no desenvolvimento de novos produtos em diferentes setores da indústria, como alimentícia, farmacêu- tica ou cosmética. A fibra da polpa dos frutos, os coquinhos, as folhas e as espatas são usados por artesãos para a produção de cestos, bolsas, chapéus e outros obje- tos decorativos ou utilitários.
  • 16. 28 29Usos Tradicionais e AtuaisUsos Tradicionais e Atuais Devido à bela arquitetura da planta e sua resistên- cia a baixas temperaturas, o butiá é muito culti- vado como uma planta ornamental, utilizado no paisagismo rural e urbano, na ornamentação de jardins, parques, praças, ruas e avenidas. O cau- le também pode ser utilizado como suporte para outras plantas ornamentais (como orquídeas, bromélias e samambaias). Nos últimos anos percebe-se que vem ocorrendo um aumento da valorização de produtos da bio- diversidade regional, o que se reflete em maior demanda por produtos dela derivados, tanto por parte dos consumidores como do setor produtivo. Nesse contexto, surgem novas oportunidades de geração de renda com base em produtos tradicio- nais e inovadores derivados do butiá.
  • 17. 30 31O Butiá e a Cultura O Butiá e a Cultura O Butiá e a Cultura Existe um vínculo histórico e afetivo entre as pessoas do pampa e o butiá, que se expressa não apenas na literatura e nas artes, mas também em nomes de lugares e em símbolos oficiais. No Uruguai, o butiá é representado no hino e no escudo do Departamento de Rocha. "Si el Atlante te da sus caricias y te aduerme el suave rumor de palmares que evocan los siglos bajo el palio dorado del sol; si tus lagos semejan espejos do se copia del cielo el color son tus blancas ciudades los nidos del trabajo, la paz y el honor!" "Se o Atlântico te dá suas carícias e te adormece o suave rumor de palmares que evocam os séculos sob o manto dourado do sol; se teus lagos parecem espelhos onde se copia do céu a cor são tuas brancas cidades os ninhos do trabalho, da paz e da honra!" Escudo do Departamento de Rocha, no Uruguai.
  • 18. 32 33O Butiá e a Cultura O Butiá e a Cultura É representado em vários murais nas ruas da cida- de de Castillos, e é motivo de festivais locais, como a celebração do “Festival de Canto y Butiá”, organizado em Castillos. No Uruguai, existem várias canções que citam o butiá, uma das mais conhecidas é "Caña con Butiá" de H. Ochoa e N. Pereyra. No Brasil, há vários municípios gaúchos cujos nomes estão relacionados ao butiá, como, por exemplo, Santa Vitória do Palmar, Palmares do Sul, Butiá e Palmeira das Missões. No município de Santa Vitória do Palmar, o butiá faz parte do escudo, da bandeira e do hino: "Salve terra dos verdes palmares Boa terra de um povo gentil (...)" Na literatura brasileira, o escritor gaúcho João Si- mões de Lopes Neto, relatando uma festa de casa- mento no conto ‘Contrabandista’, da obra Contos Gauchescos, publicada em 1912, escreveu: “El que visita Castillos sin dudas regresará por los frutos amarillos y la caña con butiá bebida tradicional de la gente de estos pagos dulzura tan regional...” "Quem visita Castillos sem dúvida regressará por causa dos frutos amarelos e da cachaça com butiá bebida tradicional das pessoas desse lugar doçura tão regional..." “Havia na casa uma gentama convidada; da vila, vizinhos, os padrinhos, autoridades, moçada. Havia de se dançar três dias!... Corria o amargo e copinhos de licor de butiá.”
  • 19. 34 Estado de Conservação dos Butiazais Estado de Conservação dos Butiazais Como a biodiversidade não se restringe a limites políti- cos, e a distribuição de Butia odorata ocorre tanto no pampa brasileiro como no uruguaio, os dois países são responsáveis por sua conser- vação e uso sustentável. No Uruguai, desde os anos 1960 não se tem observado uma redução da área ocu- pada pelos butiazais. Existe uma lei nacional que impede o corte ou dano a qualquer palmeira nativa. A grande preocupação está relaciona- da com a regeneração, já que os butiazeiros que perma- necem já são centenários. A ausência de regeneração e a morte de plantas cente- nárias traz um diagnóstico sombrio sobre o futuro dos butiazais uruguaios. No bu- tiazal de Castillos a principal causa para essa situação é o pastejo excessivo, resultado de uma intensidade muito alta de carga animal (bovi- nos e/ou ovinos), que acar- reta o consumo das novas mudas ou a sua destruição pelo pisoteio. A agricultura em larga escala, que vem se expandindo e ocupando novos espaços, é outro fator que atua contra os processos de regeneração, impedindo diretamente a germinação e desenvolvimento de novas mudas. No caso do butia- zal de San Luís, o cultivo de arroz é a principal causa de ausência de regeneração. Além disso, a aplicação aé- rea de agroquímicos sobre os butiazais afeta a polinização e, consequentemente, a pro- dução de frutos e sementes.
  • 20. 36 37Estado de Conservação dos Butiazais Estado de Conservação dos Butiazais Por outro lado, o cresci- mento do volume de produ- tos derivados do butiá nos últimos anos e seu êxito comercial pode representar um novo fator de risco para a conservação dos butiazais, na medida em que se extra- em todas as sementes que poderiam originar novas plantas. No Brasil, a situação é mais preocupante. Existiam ex- tensos butiazais nas áreas próximas ao litoral do Rio Grande do Sul, porém, a partir da década de 1970, ocorreu uma devastação muito grande devido ao desinteresse na produção de crina vegetal e à con- sequente implantação de monoculturas e expansão de áreas urbanas. Atualmente sobraram poucos butiazais naturais. Nesse cenário, a adoção de boas práticas de manejo para a regeneração e a conservação dos butiazais remanescentes se justifica pela evidente necessi- dade de garantir sua existência para as gerações futuras e a sustentabilidade do ecossistema. Para promover a conservação dos butiazais que ainda restam, são apresentadas a seguir recomen- dações de boas práticas de manejo, lembrando que o êxito na regeneração do butiazal depende em grande parte do número de mudas novas que se desenvolvem a partir do banco de sementes no solo e do número de mudas disponíveis. A estratégia de reprodução dessa palmeira está baseada na pro- dução muito grande de sementes, para que exista alguma possibilidade de deixar descendência.
  • 21. 38 Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do Butiazal e Conservação do Campo Nativo Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do Butiazal e Conservação do Campo Nativo O manejo da pecuária apresentado a seguir é uma alternativa sustentável para a regeneração do butiazal e a conservação do campo nativo. Está baseado em exclusões de pastejo durante o in- verno e em pastejo contínuo de gado com carga média durante o resto do ano. Desta forma, as novas mudas de butiá que se desenvolvem podem escapar da ação do pastejo e do pisoteio dos ani- mais pela oferta de forragem de melhor qualidade resultante dessa prática de manejo. Além disso, como as mudas têm capacidade de rebrote, mesmo as que porventura tiverem sido pastejadas podem continuar seu desenvolvimento.
  • 22. 40 41Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do Butiazal e Conservação do Campo Nativo Boas Práticas de Manejo da Pecuária para Regeneração do Butiazal e Conservação do Campo Nativo Recomendações de boas práticas para o manejo e re- generação do butiazal asso- ciado à pecuária: Selecionar uma área de 2% a 5% do butiazal na pro- priedade, para permitir o desenvolvimento de novas mudas e a regeneração do campo nativo. De junho a setembro, retirar totalmente o gado dessa área. De outu- bro a maio, permitir uma lo- tação de 0,7 a 0,8 unidades animais por hectare, com- posta por categorias jovens (terneiros, animais de sobre- ano e vaquilhonas). Considerando que 1 uni- dade animal equivale a 450 kg, então 0,7 a 0,8 unidades animais seriam 315 a 360 kg de animais (peso vivo) por hectare. Por exemplo, imaginando uma área de 10 hectares, isso equivaleria a: 31 a 36 terneiros de 100 kg, ou 15 a 18 terneiros de 200 kg, ou, ainda, 10 a 12 ani- mais com 300 kg. Recomenda-se evitar a cria- ção de ovelhas nas áreas de regeneração do butiazal, pois esses animais realizam um pastejo rasteiro e seletivo. Repetir este ciclo durante pelo menos oito anos, na área selecionada. Depois dos oito anos, selecionar outra área na propriedade para iniciar um novo ciclo de regeneração do butiazal pelo manejo conservativo. Este manejo permitirá o desenvolvimento inicial das novas mudas que germina- rem naquele ano, além disso permitirá que as plantas estabelecidas nos anos ante- riores e pastejadas pelo gado possam rebrotar (as plantas jovens têm a capacidade de recuperação e rebrote). Nem todas as mudas de butiá serão pastejadas pelo gado (capacidade de escape), porque haverá uma carga animal mais baixa na área de manejo, e também por- que haverá maior oferta de forragem devido à regenera- ção do campo nativo duran- te o período de exclusão do pastejo. Na primavera e no verão as espécies de cam- po nativo se desenvolvem melhor e produzem maior volume de biomassa. A grande vantagem deste tipo de manejo do butiazal com a presença do gado é que uma carga adequada de gado não apenas permite a manuten- ção do butiazal, como tam- bém aumenta a presença de espécies com valor forragei- ro no campo nativo. É conveniente que a área do butiazal selecionada para esse manejo tenha uma densidade baixa (menos de 100 plantas por hectare). Se a densidade de plantas por hectare for superior, recomenda-se aplicar esta metodologia de regeneração nas bordas do butiazal ou em áreas que tenham setores sem palmeiras.
  • 23. 42 43Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) A seguir são apresentadas sugestões de boas prá- ticas para as atividades extrativistas de butiá, de modo a dar apoio às iniciativas de desenvolvimen- to e comercialização de produtos derivados do butiá, assegurando sustentabilidade para propostas de criação de uma marca ou certificado de produ- tos e processos. As recomendações para colheita de frutos em bu- tiazais são as seguintes: Planejar um circuito de colheita contemplando um número maior de locais de coleta e prevendo uma rota- ção entre eles. Evitar a colheita de todos os frutos das palmeiras em uma área. É importante deixar sempre alguns frutos em cada palmeira, para que em cada área de extração permaneçam frutos para uma eventual regeneração, favorecendo a produção de novas mudas e a alimenta- ção dos animais silvestres.
  • 24. 44 45Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Não colher frutos imaturos ou danificados, já que estes podem servir como alimento para a fauna e podem contribuir para a regeneração do butiazal. Evitar a colheita de frutos em locais perto de rodovias, onde pode haver contaminação com pro- dutos tóxicos derivados da queima de combustível. Também se recomenda evitar a coleta próxima a áreas onde tenham sido aplicados produtos agríco- las (herbicidas, inseticidas e fungicidas).
  • 25. 46 47Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Utilizar ferramentas apro- priadas para o corte do cacho de butiá, evitando maltratar e produzir danos na planta, prejudicando-a ou comprometendo colhei- tas posteriores. Depois de extrair a polpa dos frutos, é recomendável devolver os coquinhos ao campo, respeitando, quan- do for possível, os locais de origem dos mesmos. Desta forma, não será alterada a estrutura genética do bu- tiazal. No caso de butiazais muito densos (com mais de 100 palmeiras adultas por hectare), recomenda- -se distribuir os coquinhos nas áreas próximas, já que as novas mudas precisam de espaço e luz solar direta para se desenvolver. Para empreendimentos (agroindústrias, pequenas empresas, grupos de arte- sãos) que promovem uma colheita em maior escala, recomenda-se manter um registro dos locais e volumes de colheita. Dessa forma, ficará mais fácil planejar as rotações das áreas de coleta.
  • 26. 48 49Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável (Colheita dos Frutos) Anos de grande produção são bons para as pessoas que fazem uso dos frutos e também para a regeneração do butiazal e conserva- ção do ecossistema. Os acordos ou contratos en- tre os donos do campo onde está o butiazal e os coletores devem estabelecer um pla- nejamento sustentável das atividades extrativistas, de acordo com as boas práticas recomendadas. Para garantir a disponibi- lidade de matéria-prima para os empreendimentos que produzem alimentos à base de butiá, recomenda-se congelar a polpa dos frutos colhidos em anos de alta produtividade.
  • 27. 50 5150 Receitas com o Butiá Receitas com o Butiá As receitas com butiá apresentadas a seguir são tradicionais, criadas e mantidas por pessoas que vivem em regiões com butiazais. RECEITA TRADICIONAL DE LICOR DE BUTIÁ "... escolher butiás bem maduros, colocar em garrafas de vidro, colocar açúcar até cobrir o butiá que, com o tempo, irá soltar um suco. Deixar por um tempo, o ideal seria dois meses, verificar se a superfície dos butiás está coberta pelo suco. Completar o garrafão com duas partes iguais de ca- chaça e de calda (feita com açúcar e água). Pode ser coado ou se pode deixar mais tempo o butiá na cachaça. É im- portante manter a garrafa na sombra, e de vez em quando agitar e girar para que a polpa do butiá vá se soltando". Receita relatada por José San Martín, professor de escola rural em Paso del Bañado, Castillos, Departamento de Rocha, Uruguai (PROBIDES, 1995). 51Receitas com o Butiá
  • 28. 52 5352 Receitas com o Butiá CAFÉ DE COCO "As pessoas colocam um saco ou uma lona no chão, onde são jogados os coqui- nhos conforme eles vão sendo quebrados. Fica tudo misturado, as amêndoas com a casca do coquinho. Então tem que escolher as amêndoas, separá-las de dentro das cascas. Deve-se limpar bem e assar no forno do fogão a lenha, até dourar. Tem que cuidar o ponto: se partir uma e estiver muito marrom, já está queimada. Depois tem que esperar que esfrie e então, com um moe- dor, moer. Assim fica pron- to. Fazer o café do coquinho não é nada difícil, mas é complicado. Leva tempo." Receita relatada por Blanca Luz Sosa, produtora da Vuelta del Palmar, Castillos, Depar- tamento de Rocha, Uruguai (PROBIDES, 1995). CACHAÇA COM BUTIÁ Escolher butiás bem madu- ros, colocar em uma garrafa de vidro e cobrir com cacha- ça. Deixar curtir por pelo menos um mês. Receita relatada por Gustavo Heiden, São Lourenço do Sul, Brasil. GELEIA DE BUTIÁ Ingredientes • 1 kg de polpa de butiá • 800 g de açúcar cristal • 1 colher de sopa de vinagre branco Modo de fazer Colocar a polpa e o açúcar na panela, em fogo médio, misturar bem. Quando a polpa estiver cozida (40 minutos de- pois de iniciar a fervura), retirar do fogo e esperar esfriar. Triturar no liquidificador e passar por uma penei- ra. Levar novamente ao fogo, sempre mexendo para não grudar no fundo da panela. Adicionar o vinagre (para dar consistência à ge- leia) e continuar mexendo até a consistência dese- jada (colocar um pouco em um prato para esfriar e verificar o ponto). Receita relatada por Claudete Clarice Mistura, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Receitas com o Butiá
  • 29. 54 55 Grupos de Referência Grupos de Referência • Universid de la Republica - Facultad de Agronomia (Montevidéu) • Centro Universitário de la Región Este - CURE (Rocha) • Laboratorio Tecnológico del Uruguay - LATU (Montevidéu) • Programa de Conservación de la Biodiversidad y Desarrollo sustentable en los Humedales del Este - PROBIDES (Rocha) • Grupo Palmar (Castillos) • Caseras de India Muerta (Rocha) • El Brocal (Castillos) • Conservas Del Este (Castillos) No Uruguai: Grupos de Referência • Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) • Universidade Federal de Pelotas - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel" - Programa de Pós- Graduação em Agronomia (Pelotas, RS) • Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, RS) • Fazenda São Miguel - compromisso com a conservação do butiazal (Tapes, RS) No Brasil:
  • 30. 56 57Ficha Técnica do Butiá Ficha Técnica do Butiá Família: Arecaceae Nome científico*: Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick Nomes comuns: Butiá Características da planta: Porte arbóreo, crescimento lento e contínuo, podendo atingir até 12 metros de altura e idade superior a 200 anos Áreas de ocorrência: Pampa brasileiro e uruguaio Uso dos frutos: Consumo in natura, geleias, sucos, licores, sorvetes, bolos, doces, bom- bons, molhos, artesanato Uso das folhas: Artesanato Uso da planta: Ornamental Período de floração: Setembro a janeiro Cores das flores: Amarelas, rosadas ou púrpura Ficha Técnica do Butiá Período de frutificação: A maioria das plantas frutifica de fevereiro a abril Cores dos frutos maduros: Diferentes tonalidades de amarelo, alaranjado, avermelhado, púrpura ou esverdeado Número de cachos por planta: Pode produzir até 7 cachos por plan- ta Número de frutos por cacho: Pode produzir até 1.300 frutos por cacho Peso do cacho: Pode atingir 15 kg Peso do fruto inteiro: De 7 g a 14 g Porcentagem de polpa por fruto: Cerca de 70% Sementes por fruto: De 1 a 3 (as sementes ficam dentro do coquinho) *Em 2010 foi publicada a correção da nomenclatura de algumas espécies de Butia. A espécie que ocorre no Bioma Pampa, no Brasil e no Uruguai, que até então era denominada equivocadamente de Butia capitata (Mart.) Becc., deve ser denominada de Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick. A denominação Butia capitata (Mart.) Becc. ficou restrita para uma espécie que ocorre no Bioma Cerrado.
  • 31. 58 59Bibliografia Bibliografia BÜTTOW, M. V.; BARBIERI, R. L.; NEITZKE, R. S.; HEIDEN, G. Conheci- mento tradicional associado ao uso de butiás (Butia spp., Arecaceae) no sul do Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 4, p. 1069-1075, 2009. CROSSA, M. J.; BURZACO, P.; PASTORINO, N.; IRISITY, M.; GIOSCIA, D.; AYRES, C. Caracterización fisicoquímica y nutricional del fruto Butia capitata y de su pulpa tamizada. Innotec, Montevidéu, n. 6, p. 3- 6, 2011. FONSECA, L. X. Caracterização de frutos de butiazeiro [Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick & Lorenzi] e estabilidade de seus compostos bioativos na elaboração e armazenamento de geleias. 2012. 68 f. Dis- sertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. GEYMONAT, C.; ROCHA, N. M'botiá - Ecosistema único en el mundo. Casa Ambiental: Castillos, 2009. 406 p. JAURENA, M.; RIVAS, M. La pradera natural del palmar de Butia capitata (Arecaceae) de Castillos (Rocha): Evolución con distintas alternativas de pastoreo. INIA. Seminario de actualización técnica en manejo de campo natural. Serie técnica, v. 151, p. 15- 20, 2005. PROBIDES. El palmar, la palma y el butiá. Fichas didácticas Nº 4. Mon- tevidéu: Productora Editorial. 1995. 23p. RIVAS, M. Desafíos y alternativas para la conservación in situ de los pal- mares de Butia capitata (Mart.) Becc. Agrociencia, Montevidéu, v. 9, n. 1 e 2, p. 161-168, 2005. RIVAS, M.; BARILANI, A. Diversidad, potencial productivo y reproducti- vo de los palmares de Butia capitata (Mart.) Becc. de Uruguay. Agrocien- cia, Montevidéu, v. 8, n. 1, p. 11- 20, 2004. RIVAS, M. Conservação e uso sustentável de palmares de Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick. 2013. 102 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. SCHWARTZ, E.; FACHINELLO, J. C.; BARBIERI, R. L.; SILVA, J. B. Avalia- ção de populações de Butia capitata de Santa Vitória do Palmar. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, n. 3, p. 736-745, 2010. Bibliografia
  • 32. 60 BOAS PRÁTICAS DE MANEJO PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO Butia