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Butia catarinensis
Informações para
a conservação da
Mata Atlântica e da
sociodiversidade cultural
Programa de Educação Ambiental da
SCPar Porto de Imbituba
Projeto Costa Butiá.
ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá				 Agosto.2019
2
SCPAR PORTO DE IMBITUBA S/A – EMPREENDEDOR
Avenida Presidente Vargas, 100, Centro Imbituba – SC
Cep 88780 – 000 – www.portodeimbituba.com.br
Jamazi Alfredo Ziegler: Diretor-Presidente
Camila Martinez Menes: Analista Portuário - Meio Ambiente - Revisão
Camila Kuminek de Amorim: Analista Portuário – Oceanógrafa - Revisão
Géssica da Silva – Analista Portuário – Comunicação Social - Revisão
ACQUAPLAN TECNOLOGIA E CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA
www.grupoacquaplan.net
Fernando Luiz Diehl: Oceanógrafo
Emilio Dolichney: Oceanógrafo
Josiane Roveder: Bióloga e Revisão
Giseli Aguiar de Oliveira Fernandes: Oceanógrafa, Coordenadora do Projeto e Textos
Tomaz Brentano: Engenheiro Ambiental e Revisão
Oswaldo Ribeiro Jr.: Jornalista Responsável (SC 04525-JP)
Rodrigo Jair da Silva: Biólogo e Ilustrações
Claudio Guerra: Direção de Arte e Projeto Gráfico (www.chilicom.net)
Fotos: @cabelebribeiro @leo.roldao @larasilvb @vitor.ffernandes
Informações para a conservação da Mata
Atlântica e da sociodiversidade cultural
Butia catarinensis
3
Butia catarinensis
3
1. Projeto Costa Butiá 4
2. A espécie Butia catarinensis 5
3. O butiazeiro 6
4. Manejo e conservação 7
5. Usos atuais e tradicionais 8
6. O artesanato com a palha de butiá 9
7. Ameaças e sustentabilidade 10
8. Referências bibliográficas 11
SUMÁRIO
1. Projeto Costa Butiá 4
1. Projeto Costa Butiá 4
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
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Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
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Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
Butia catarinensis
3. O butiazeiro 6
3. O butiazeiro 6
4. Manejo e conservação 7
4. Manejo e conservação 7
5. Usos atuais e tradicionais 8
5. Usos atuais e tradicionais 8
6. O artesanato com a palha de butiá 9
6. O artesanato com a palha de butiá 9
7. Ameaças e sustentabilidade 10
7. Ameaças e sustentabilidade 10
8. Referências bibliográficas 11
8. Referências bibliográficas 11
8. Referências bibliográficas 11
8. Referências bibliográficas 11
8. Referências bibliográficas 11
8. Referências bibliográficas 11
ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019
4
1. ProjetoCostaButiá
O Projeto Costa Butiá faz parte do Programa de Educação
Ambiental (PEA) da SCPar Porto de Imbituba, empresa
pública estadual que administra o Porto de Imbituba. Foi
iniciado em 2018 e é executado pela empresa Acquaplan
Tecnologia e Consultoria Ambiental. Busca resgatar a
sabedoria tradicional do modo de saber fazer artesanato
com a palha do butiá (Butia catarinensis), objetivando va-
lorizar a cultura, incentivar práticas conservacionistas da
Mata Atlântica e complementar a renda da comunidade
local com artigos sustentáveis.
Em diagnóstico inicial, realizado pelo PEA, identificou-se
o potencial cultural e a importância ecológica do butiá,
espécie endêmica da restinga centro-sul catarinense e
norte rio-grandense, ameaçada de extinção no Estado de
Santa Catarina e criticamente ameaçada no Rio Grande
do Sul. Na época, foi encontrada apenas uma moradora
de Imbituba que ainda sabia fazer o tradicional chapéu
de palha de butiá. A partir desta artesã, foram realizados
cursos e capacitações para multiplicar esse conheci-
mento. Os cursos permitiram a releitura do tradicional
trançado produzido a partir da palha de butiá, bem como
a criação de peças modernas, com possibilidade de co-
mercialização e geração de renda.
Outras ações também estão sendo desenvolvidas pelo
Projeto Costa Butiá, uma delas é a divulgação e a sensibi-
lização da população para a conservação da espécie-al-
vo. Por isso, esta cartilha foi produzida com o propósito
de trazer informações sobre a espécie Butia catarinensis
e sua intrínseca relação com a cultura local, além de re-
comendações de boas práticas para a extração correta e
sustentável das folhas e frutos.
Apesar do butiá ser uma palmeira rústica, que pode viver
mais de 200 anos¹, tolerar fortes ventos, queimadas e o
intenso frio do inverno, os butiazeiros não estão conse-
guindo suportar a pressão do crescimento urbano no lito-
ral catarinense. Espera-se que essa publicação contribua
para novas iniciativas em favor do butiá e dos butiazais.
Que as pessoas optem pelo plantio da espécie na orna-
mentação do seu jardim, desfrutem com mais intensida-
de do sabor dos butiás, pratiquem o manejo e a extração
correta das folhas e frutos e, ainda, valorizem o complexo
processo de produção artesanal com palha de butiá.
5
Butia catarinensis
5
O butiazeiro é uma palmeira endêmica do litoral sul do
Brasil, ocorre entre Garuva – SC e Osório – RS, em área
de restinga e associada ao Bioma Mata Atlântica 2,3,4,6
.
Boa parte dos exemplares está no território catarinense,
por isso que a planta recebeu o nome “catarinensis”2,3
.
Existem diversas espécies de butiá no sul do Brasil,
como, por exemplo, o Butia eriosphata (butiá-da-ser-
ra) no Planalto Serrano, o Butia odorata comum no Rio
Grande do Sul, no Bioma Pampa4.
Conhecido popularmente como butiá-da-praia ou butia-
zeiro, o Butia catarinensis ocorre principalmente em so-
los arenosos a altitudes de 3 a 30 metros acima do nível
do mar5. A planta pode crescer em campos litorâneos,
dunas ou em meio à densa vegetação arbustiva de res-
tinga. Quando crescem sobre as dunas, os butiás con-
tribuem com a fixação da areia. Forma, muitas vezes,
pequenos agrupamentos chamados butiazais, como
ocorre na região dos Areais da Ribanceira, em Imbitu-
ba. Nos ecossistemas de butiazais encontramos uma
valiosa diversidade de flora e fauna, com espécies que
se alimentam diretamente de seus frutos e ajudam a
espalhar as sementes responsáveis por novas mudas4.
2. Aespécie
Fontes:ELIASetal.,2018;EMBRAPA,2017;FOGAÇA,2014;FZBRS,2016.
ÁreadeDistribuição
ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019
6
3.OButiazeiro
Butiazeiros são palmeiras da família Arecaceae1
.
Sol, umidade e
calor favorecem o
desenvolvimento
Folhas
compostas
com 1 a 2 m
Broto ou olho
Floração de julho
a fevereiro
A abelha é
o principal
polinizador
Altura total
3 a 5 m
Altura
do tronco
1 a 2 m
Plantas com idade entre 6 e 15
anos produzem seus primeiros
cachos de butiá e seguem
produzindo por mais de 100 anos. 1
³
Alimento para anta,
graxaim, mão-pelada,
preá, cutias, aves,
entre outros animais.
A fauna contribui
para a dispersão das
sementes.
Coloração variada de
amarelo a avermelhado.
Frutos entre
outubro e maio.
Frutos possuem
propriedades antioxidantes,
fibras, pró-vitamina A,
vitamina C, potássio, cálcio,
manganês e ferro.
Assista ao vídeo “Butiazeiro,
flores, frutos e abelhas”
escaneando este QR-CODE
7
Butia catarinensis
7
A partir de 1970, grandes áreas de butiazais foram destruídas pela urbanização e ocupação desordenada no litoral. Atual-
mente, a espécie Butia catarinensis encontra-se na Lista de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Estado de Santa
Catarina, categoria “Em Perigo” (EN)7. Conhecer o ecossistema butiazal é importante para realizar seu manejo de forma
correta e estabelecer normativas que o protejam e regulem seu uso sustentável. Em Laguna, a espécie foi instituída como
árvore representativa do Município, através da Lei Nº 1121/2005, que proíbe o corte e a queimada, sob pena de multa8. O
Governo do Rio Grande do Sul regulamentou o manejo do Butia catarinensis através da Portaria SEMA Nº 46, de 14 de julho
de 2014, que dispõe regras para a colheita de folhas e frutos9.
Recomendaçõesparacoletadasfolhas:
Estágiodedesenvolvimento
doButiacatarinensis.
Recomendaçõesparacoletadosfrutos:
• Apenas em indivíduos do tipo “imaturo” e “adulto 1”;
• Folhas entre 80 e 120 centímetros;
• Deverão ser deixadas na planta as três (3) folhas mais
novas (brotos);
• Evitar coletar no período de floração e frutificação,
principalmente entre outubro e maio.
• Evitar a colheita de todos os frutos das palmeiras na
mesma área;
• Deixar alguns frutos para a regeneração da espécie e
alimentação da fauna;
• Após extração da polpa, devolver as sementes, se
possível, na mesma área;
• Não realizar queimadas.
Fonte:Boaspráticasdemanejodobutiá(Butiacatarinensis)ebutiazais.Embrapa¹0.
AdaptadodeSampaio,2011¹¹
4. ManejoeConservação
ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019
8 ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019
8
Atualmente, a coleta do fruto do butiá é considerada a ativi-
dade de extração vegetal mais significativa nos municípios
de Imbituba, Laguna e Jaguaruna¹². Os frutos são consumi-
dos frescos ou utilizados para produzir alimentos (geleias,
sorvetes, picolés, bolos) e bebidas (licor, cerveja, cachaça,
suco). A amêndoa pode ser aproveitada como alimento ou
na produção de azeite¹. A palmeira também pode ser usada
como planta ornamental em jardins ou para cercamento de
terrenos.
Pouco antes do período da industrialização, na década
de 1950, as folhas eram usadas na confecção de chapéus
e enchimento de colchão (crina vegetal). Por isso, a planta
carrega profundas interligações com a cultura e história das
pessoas que vivem e convivem com o ecossistema dos bu-
tiazais.
O artesanato com a palha do butiá pode ser visto como um
bem cultural imaterial presente na região de Imbituba há
mais de um século, transmitida de geração em geração. Atu-
almente, poucas pessoas, a maioria de idade avançada, ain-
da detêm o conhecimento de trançar a palha do butiá, pois
o processo é complexo e antes do Projeto Costa Butiá não
havia um bom retorno financeiro.
5. Usosatuaisetradicionais
9
Butia catarinensis
O elemento básico e tradicional para a confecção do artesanato
com a palha do butiá é a trança. A costura da mesma dá origem
ao chapéu. No século passado, as mulheres trançavam chapéus
para os seus familiares se protegerem do sol nos trabalhos da roça.
Alguns chapéus eram vendidos para complementar a renda. Acom-
panhe o passo a passo para fazer o chapéu:
6.Oartesanatotradicional
comapalhadeButiá
6.Oartesanatotradicional
comapalhadeButiá
9
1) Colher as folhas grandes e
saudáveis e secar durante 3
dias no sol. Não pode pegar
chuva ou sereno.
2) Estalar, ou seja, passar
as costas da faca na palha
para amaciar. Retirar o talo
do meio e dividir em 4 palhas
mais estreitas.
3) Amarrar 17 palhas para
iniciar a trança. Uma palha
passa por baixo de outras
duas e depois por cima de
outras duas palhas. E assim
por diante.
4) A trança está pronta para
fazer o chapéu quando atingir
4 a 5 braças (5 metros).
5) Dobra-se a trança sobre
ela mesma para dar início à
costura com linha e agulha.
6) O início do chapéu é fixado
com pregos no molde de
madeira para dar o formato e
tamanho. Então inicia-se a
costura da trança seguindo o
formato do molde.
7) Para as abas, segue-se a
costura unindo as laterais da
trança.
8) Ao final, a peça pode ser
customizada. O chapéu pro-
duzido tem boa durabilidade
e pode ser customizado da
forma como a pessoa preferir!
Assista ao
vídeo tutorial
escaneando este
QR-CODE
ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá				 Agosto.2019
10
Ao longo dos anos, as áreas ocupadas pelos butiazais e butia-
zeiros têm sofrido com o impacto gerado pela expansão urba-
na, industrial e agropecuária, além das queimadas. Butiazais
extensos são cada vez mais raros, assim como a regeneração
de suas populações.
Apesar da importância cultural e ambiental da espécie, pouco
conhecimento é difundido no que diz respeito a ser uma espé-
cie endêmica e sua ameaça de extinção. Assim, para a conser-
vação dos butiazais, recomenda-se a sensibilização da socie-
dade para o cuidado com esse frágil ecossistema, implantação
de boas práticas e do manejo sustentável, além da instituição
de normativas para proteger a espécie e de um plano de recupe-
ração dos butiazais nas suas regiões de ocorrência.
Investimentos em pesquisas para aprimorar a técnica do trans-
plante e a produção de mudas em viveiros poderiam trazer
resultados significativos na recuperação desses importantes
ecossistemas, em consonância com a conservação da Mata
Atlântica.
7.AmeaçaseSustentabilidade
11
Butia catarinensis
11
1 - Ministério do Meio Ambiente –MMA. Espécies Nativas da Flora
Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial. Plantas para o Fu-
turo - Região Sul. Brasília, DF, 2011.
2 - FOGAÇA, I.B. Etnoecologia de Butia catarinensis em Laguna, Santa
Catarina. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 2014.
3 - Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 2016.
4 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. Con-
servação, Repovoamento e Usos dos Ecossistemas de Butiazais no
Rio Grande do Sul, 2017.
5 - BESSEL, M.O. Análise de aspectos fenológicos de uma população
de Butia catarinensis em Florianópolis, SC. Trabalho de Conclusão de
curso. Universidade Federal de Santa Catarina, 2018.
6 - ELIAS, G.A.; BORTOLUZZI, R.L.C.; SOARES, K.P.; SANTOS, R.
Palmeiras (Arecaceae) em Santa Catarina, sul do Brasil. Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Museu de Ciências Naturais.
Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, 73(2):1-107, 31 de agosto de
2018.
7 - BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Estadual
de Meio Ambiente de Santa Catarina (CONSEMA). Resolução CON-
SEMA Nº 51, de 05 de dezembro de 2014. Reconhece a Lista Oficial
das Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Estado de Santa
Catarina e dá outras providências.
8.ReferênciasBibliográficas
8 - LAGUNA. Lei Municipal Nº 1.121, de 30 novembro de 2005. Ins-
titui a árvore butiá como árvore representativa do meio ambiente
do município de Laguna e dá outras providências.
9 - BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Secretaria do
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA). Portaria SEMA
Nº 46, de 14 de julho de 2014. Dispõe sobre as normas para regu-
larização da colheita de folhas e frutos do Butia catarinensis (bu-
tiá-da-praia).
10 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA.
SOSINSKI, Ê. Boas práticas de manejo do butiá e butiazais (Butia
catarinensis), 2014.
11 - SAMPAIO, L.K.A. Etnobotânica e Estrutura Populacional do
Butia catarinensis na comunidade dos Areais da Ribanceira de Im-
bituba. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina, 2011.
12 - GANDOLFO, E.S.; SCHERER, A.W. Levantamento e Caracteri-
zação das Atividades de Extrativismo Vegetal na Área de Prote-
ção Ambiental da Baleia Franca. Resumo Expandido. Seminário
de Pesquisa, Extensão e Inovação do Instituto Federal de Santa
Catarina - Garopaba, 2014.
13 - ROSA, L.; CASTELLANI, T. T.; REIS A. Biologia Reprodutiva de
Butia capitata (Martius) Beccari var. odorata (Palmae) na Restinga
do Município de Laguna, SC. Revista Brasileira de Botânica, São
Paulo, v. 21, n. 3, 1998.
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  • 1. Butia catarinensis Informações para a conservação da Mata Atlântica e da sociodiversidade cultural Programa de Educação Ambiental da SCPar Porto de Imbituba Projeto Costa Butiá.
  • 2. ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 2 SCPAR PORTO DE IMBITUBA S/A – EMPREENDEDOR Avenida Presidente Vargas, 100, Centro Imbituba – SC Cep 88780 – 000 – www.portodeimbituba.com.br Jamazi Alfredo Ziegler: Diretor-Presidente Camila Martinez Menes: Analista Portuário - Meio Ambiente - Revisão Camila Kuminek de Amorim: Analista Portuário – Oceanógrafa - Revisão Géssica da Silva – Analista Portuário – Comunicação Social - Revisão ACQUAPLAN TECNOLOGIA E CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA www.grupoacquaplan.net Fernando Luiz Diehl: Oceanógrafo Emilio Dolichney: Oceanógrafo Josiane Roveder: Bióloga e Revisão Giseli Aguiar de Oliveira Fernandes: Oceanógrafa, Coordenadora do Projeto e Textos Tomaz Brentano: Engenheiro Ambiental e Revisão Oswaldo Ribeiro Jr.: Jornalista Responsável (SC 04525-JP) Rodrigo Jair da Silva: Biólogo e Ilustrações Claudio Guerra: Direção de Arte e Projeto Gráfico (www.chilicom.net) Fotos: @cabelebribeiro @leo.roldao @larasilvb @vitor.ffernandes Informações para a conservação da Mata Atlântica e da sociodiversidade cultural Butia catarinensis
  • 3. 3 Butia catarinensis 3 1. Projeto Costa Butiá 4 2. A espécie Butia catarinensis 5 3. O butiazeiro 6 4. Manejo e conservação 7 5. Usos atuais e tradicionais 8 6. O artesanato com a palha de butiá 9 7. Ameaças e sustentabilidade 10 8. Referências bibliográficas 11 SUMÁRIO 1. Projeto Costa Butiá 4 1. Projeto Costa Butiá 4 Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis Butia catarinensis 3. O butiazeiro 6 3. O butiazeiro 6 4. Manejo e conservação 7 4. Manejo e conservação 7 5. Usos atuais e tradicionais 8 5. Usos atuais e tradicionais 8 6. O artesanato com a palha de butiá 9 6. O artesanato com a palha de butiá 9 7. Ameaças e sustentabilidade 10 7. Ameaças e sustentabilidade 10 8. Referências bibliográficas 11 8. Referências bibliográficas 11 8. Referências bibliográficas 11 8. Referências bibliográficas 11 8. Referências bibliográficas 11 8. Referências bibliográficas 11
  • 4. ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 4 1. ProjetoCostaButiá O Projeto Costa Butiá faz parte do Programa de Educação Ambiental (PEA) da SCPar Porto de Imbituba, empresa pública estadual que administra o Porto de Imbituba. Foi iniciado em 2018 e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental. Busca resgatar a sabedoria tradicional do modo de saber fazer artesanato com a palha do butiá (Butia catarinensis), objetivando va- lorizar a cultura, incentivar práticas conservacionistas da Mata Atlântica e complementar a renda da comunidade local com artigos sustentáveis. Em diagnóstico inicial, realizado pelo PEA, identificou-se o potencial cultural e a importância ecológica do butiá, espécie endêmica da restinga centro-sul catarinense e norte rio-grandense, ameaçada de extinção no Estado de Santa Catarina e criticamente ameaçada no Rio Grande do Sul. Na época, foi encontrada apenas uma moradora de Imbituba que ainda sabia fazer o tradicional chapéu de palha de butiá. A partir desta artesã, foram realizados cursos e capacitações para multiplicar esse conheci- mento. Os cursos permitiram a releitura do tradicional trançado produzido a partir da palha de butiá, bem como a criação de peças modernas, com possibilidade de co- mercialização e geração de renda. Outras ações também estão sendo desenvolvidas pelo Projeto Costa Butiá, uma delas é a divulgação e a sensibi- lização da população para a conservação da espécie-al- vo. Por isso, esta cartilha foi produzida com o propósito de trazer informações sobre a espécie Butia catarinensis e sua intrínseca relação com a cultura local, além de re- comendações de boas práticas para a extração correta e sustentável das folhas e frutos. Apesar do butiá ser uma palmeira rústica, que pode viver mais de 200 anos¹, tolerar fortes ventos, queimadas e o intenso frio do inverno, os butiazeiros não estão conse- guindo suportar a pressão do crescimento urbano no lito- ral catarinense. Espera-se que essa publicação contribua para novas iniciativas em favor do butiá e dos butiazais. Que as pessoas optem pelo plantio da espécie na orna- mentação do seu jardim, desfrutem com mais intensida- de do sabor dos butiás, pratiquem o manejo e a extração correta das folhas e frutos e, ainda, valorizem o complexo processo de produção artesanal com palha de butiá.
  • 5. 5 Butia catarinensis 5 O butiazeiro é uma palmeira endêmica do litoral sul do Brasil, ocorre entre Garuva – SC e Osório – RS, em área de restinga e associada ao Bioma Mata Atlântica 2,3,4,6 . Boa parte dos exemplares está no território catarinense, por isso que a planta recebeu o nome “catarinensis”2,3 . Existem diversas espécies de butiá no sul do Brasil, como, por exemplo, o Butia eriosphata (butiá-da-ser- ra) no Planalto Serrano, o Butia odorata comum no Rio Grande do Sul, no Bioma Pampa4. Conhecido popularmente como butiá-da-praia ou butia- zeiro, o Butia catarinensis ocorre principalmente em so- los arenosos a altitudes de 3 a 30 metros acima do nível do mar5. A planta pode crescer em campos litorâneos, dunas ou em meio à densa vegetação arbustiva de res- tinga. Quando crescem sobre as dunas, os butiás con- tribuem com a fixação da areia. Forma, muitas vezes, pequenos agrupamentos chamados butiazais, como ocorre na região dos Areais da Ribanceira, em Imbitu- ba. Nos ecossistemas de butiazais encontramos uma valiosa diversidade de flora e fauna, com espécies que se alimentam diretamente de seus frutos e ajudam a espalhar as sementes responsáveis por novas mudas4. 2. Aespécie Fontes:ELIASetal.,2018;EMBRAPA,2017;FOGAÇA,2014;FZBRS,2016. ÁreadeDistribuição
  • 6. ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 6 3.OButiazeiro Butiazeiros são palmeiras da família Arecaceae1 . Sol, umidade e calor favorecem o desenvolvimento Folhas compostas com 1 a 2 m Broto ou olho Floração de julho a fevereiro A abelha é o principal polinizador Altura total 3 a 5 m Altura do tronco 1 a 2 m Plantas com idade entre 6 e 15 anos produzem seus primeiros cachos de butiá e seguem produzindo por mais de 100 anos. 1 ³ Alimento para anta, graxaim, mão-pelada, preá, cutias, aves, entre outros animais. A fauna contribui para a dispersão das sementes. Coloração variada de amarelo a avermelhado. Frutos entre outubro e maio. Frutos possuem propriedades antioxidantes, fibras, pró-vitamina A, vitamina C, potássio, cálcio, manganês e ferro. Assista ao vídeo “Butiazeiro, flores, frutos e abelhas” escaneando este QR-CODE
  • 7. 7 Butia catarinensis 7 A partir de 1970, grandes áreas de butiazais foram destruídas pela urbanização e ocupação desordenada no litoral. Atual- mente, a espécie Butia catarinensis encontra-se na Lista de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Estado de Santa Catarina, categoria “Em Perigo” (EN)7. Conhecer o ecossistema butiazal é importante para realizar seu manejo de forma correta e estabelecer normativas que o protejam e regulem seu uso sustentável. Em Laguna, a espécie foi instituída como árvore representativa do Município, através da Lei Nº 1121/2005, que proíbe o corte e a queimada, sob pena de multa8. O Governo do Rio Grande do Sul regulamentou o manejo do Butia catarinensis através da Portaria SEMA Nº 46, de 14 de julho de 2014, que dispõe regras para a colheita de folhas e frutos9. Recomendaçõesparacoletadasfolhas: Estágiodedesenvolvimento doButiacatarinensis. Recomendaçõesparacoletadosfrutos: • Apenas em indivíduos do tipo “imaturo” e “adulto 1”; • Folhas entre 80 e 120 centímetros; • Deverão ser deixadas na planta as três (3) folhas mais novas (brotos); • Evitar coletar no período de floração e frutificação, principalmente entre outubro e maio. • Evitar a colheita de todos os frutos das palmeiras na mesma área; • Deixar alguns frutos para a regeneração da espécie e alimentação da fauna; • Após extração da polpa, devolver as sementes, se possível, na mesma área; • Não realizar queimadas. Fonte:Boaspráticasdemanejodobutiá(Butiacatarinensis)ebutiazais.Embrapa¹0. AdaptadodeSampaio,2011¹¹ 4. ManejoeConservação
  • 8. ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 8 ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 8 Atualmente, a coleta do fruto do butiá é considerada a ativi- dade de extração vegetal mais significativa nos municípios de Imbituba, Laguna e Jaguaruna¹². Os frutos são consumi- dos frescos ou utilizados para produzir alimentos (geleias, sorvetes, picolés, bolos) e bebidas (licor, cerveja, cachaça, suco). A amêndoa pode ser aproveitada como alimento ou na produção de azeite¹. A palmeira também pode ser usada como planta ornamental em jardins ou para cercamento de terrenos. Pouco antes do período da industrialização, na década de 1950, as folhas eram usadas na confecção de chapéus e enchimento de colchão (crina vegetal). Por isso, a planta carrega profundas interligações com a cultura e história das pessoas que vivem e convivem com o ecossistema dos bu- tiazais. O artesanato com a palha do butiá pode ser visto como um bem cultural imaterial presente na região de Imbituba há mais de um século, transmitida de geração em geração. Atu- almente, poucas pessoas, a maioria de idade avançada, ain- da detêm o conhecimento de trançar a palha do butiá, pois o processo é complexo e antes do Projeto Costa Butiá não havia um bom retorno financeiro. 5. Usosatuaisetradicionais
  • 9. 9 Butia catarinensis O elemento básico e tradicional para a confecção do artesanato com a palha do butiá é a trança. A costura da mesma dá origem ao chapéu. No século passado, as mulheres trançavam chapéus para os seus familiares se protegerem do sol nos trabalhos da roça. Alguns chapéus eram vendidos para complementar a renda. Acom- panhe o passo a passo para fazer o chapéu: 6.Oartesanatotradicional comapalhadeButiá 6.Oartesanatotradicional comapalhadeButiá 9 1) Colher as folhas grandes e saudáveis e secar durante 3 dias no sol. Não pode pegar chuva ou sereno. 2) Estalar, ou seja, passar as costas da faca na palha para amaciar. Retirar o talo do meio e dividir em 4 palhas mais estreitas. 3) Amarrar 17 palhas para iniciar a trança. Uma palha passa por baixo de outras duas e depois por cima de outras duas palhas. E assim por diante. 4) A trança está pronta para fazer o chapéu quando atingir 4 a 5 braças (5 metros). 5) Dobra-se a trança sobre ela mesma para dar início à costura com linha e agulha. 6) O início do chapéu é fixado com pregos no molde de madeira para dar o formato e tamanho. Então inicia-se a costura da trança seguindo o formato do molde. 7) Para as abas, segue-se a costura unindo as laterais da trança. 8) Ao final, a peça pode ser customizada. O chapéu pro- duzido tem boa durabilidade e pode ser customizado da forma como a pessoa preferir! Assista ao vídeo tutorial escaneando este QR-CODE
  • 10. ProgramadeEducaçãoAmbientaldaSCParPortodeImbituba • ProjetoCostaButiá Agosto.2019 10 Ao longo dos anos, as áreas ocupadas pelos butiazais e butia- zeiros têm sofrido com o impacto gerado pela expansão urba- na, industrial e agropecuária, além das queimadas. Butiazais extensos são cada vez mais raros, assim como a regeneração de suas populações. Apesar da importância cultural e ambiental da espécie, pouco conhecimento é difundido no que diz respeito a ser uma espé- cie endêmica e sua ameaça de extinção. Assim, para a conser- vação dos butiazais, recomenda-se a sensibilização da socie- dade para o cuidado com esse frágil ecossistema, implantação de boas práticas e do manejo sustentável, além da instituição de normativas para proteger a espécie e de um plano de recupe- ração dos butiazais nas suas regiões de ocorrência. Investimentos em pesquisas para aprimorar a técnica do trans- plante e a produção de mudas em viveiros poderiam trazer resultados significativos na recuperação desses importantes ecossistemas, em consonância com a conservação da Mata Atlântica. 7.AmeaçaseSustentabilidade
  • 11. 11 Butia catarinensis 11 1 - Ministério do Meio Ambiente –MMA. Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial. Plantas para o Fu- turo - Região Sul. Brasília, DF, 2011. 2 - FOGAÇA, I.B. Etnoecologia de Butia catarinensis em Laguna, Santa Catarina. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014. 3 - Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 2016. 4 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. Con- servação, Repovoamento e Usos dos Ecossistemas de Butiazais no Rio Grande do Sul, 2017. 5 - BESSEL, M.O. Análise de aspectos fenológicos de uma população de Butia catarinensis em Florianópolis, SC. Trabalho de Conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. 6 - ELIAS, G.A.; BORTOLUZZI, R.L.C.; SOARES, K.P.; SANTOS, R. Palmeiras (Arecaceae) em Santa Catarina, sul do Brasil. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Museu de Ciências Naturais. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, 73(2):1-107, 31 de agosto de 2018. 7 - BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina (CONSEMA). Resolução CON- SEMA Nº 51, de 05 de dezembro de 2014. Reconhece a Lista Oficial das Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Estado de Santa Catarina e dá outras providências. 8.ReferênciasBibliográficas 8 - LAGUNA. Lei Municipal Nº 1.121, de 30 novembro de 2005. Ins- titui a árvore butiá como árvore representativa do meio ambiente do município de Laguna e dá outras providências. 9 - BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA). Portaria SEMA Nº 46, de 14 de julho de 2014. Dispõe sobre as normas para regu- larização da colheita de folhas e frutos do Butia catarinensis (bu- tiá-da-praia). 10 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. SOSINSKI, Ê. Boas práticas de manejo do butiá e butiazais (Butia catarinensis), 2014. 11 - SAMPAIO, L.K.A. Etnobotânica e Estrutura Populacional do Butia catarinensis na comunidade dos Areais da Ribanceira de Im- bituba. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2011. 12 - GANDOLFO, E.S.; SCHERER, A.W. Levantamento e Caracteri- zação das Atividades de Extrativismo Vegetal na Área de Prote- ção Ambiental da Baleia Franca. Resumo Expandido. Seminário de Pesquisa, Extensão e Inovação do Instituto Federal de Santa Catarina - Garopaba, 2014. 13 - ROSA, L.; CASTELLANI, T. T.; REIS A. Biologia Reprodutiva de Butia capitata (Martius) Beccari var. odorata (Palmae) na Restinga do Município de Laguna, SC. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 21, n. 3, 1998.