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Sobre o pedido de intervenção externa e a resposta do PCP
Quinta 7 de Abril de 2011



Contra a ingerência e o desastre
Por uma política patriótica e de esquerda


O PCP expressa a sua firme condenação à formalização pelo
Governo do pedido de accionamento do Fundo Europeu de
Estabilização Financeira – mecanismo associado ao FMI.
Uma decisão, absolutamente contrária aos interesses dos
trabalhadores, do povo e de Portugal, que é inseparável das
pressões que nos últimos tempos têm sido exercidas sobre o
povo português e uma resultante directa das orientações daqueles que, de facto, mandam no
país – a banca e os principais grupos económicos e financeiros – associados ao grande
capital estrangeiro. Uma decisão que revelou que a banca manda e os partidos da
política de direita obedecem. Uma decisão que demonstrou, uma vez mais, que PS, PSD e
CDS – submetidos que estão às imposições da União Europeia – mais não são do que a
expressão política dos interesses do poder económico, verdadeiros executantes da política
de saque dos recursos nacionais.
Ao contrário da campanha ideológica que tem vindo a ser erguida, visando a justificação
desta iniciativa, o PCP reafirma que o recurso a este mecanismo é, não uma “ajuda”,
mas uma ameaça que, a ser concretizada, se transformará numa nova agressão aos direitos
de quem trabalha e numa nova e mais grave amputação da soberania nacional. À
semelhança daquilo que já se verificou noutros países, que recorreram a a uma intervenção
financeira externa da União Europeia e do FMI, o seu accionamento arrastará consigo o
agravamento do desemprego, da pobreza e da exploração, reflectindo-se em mais recessão
económica, em mais endividamento externo, sem resolver os problemas da especulação e
dos juros da dívida pública que, hipocritamente, dizem querer conter.
O PCP reafirma que esta intervenção não é necessária, nem seria necessária, se no país
houvesse uma política e uma atitude patriótica do Governo PS, assim como daqueles - PSD,
CDS e Presidente da República – que a seu lado têm arrastado o país, por via dos PEC's e
dos Orçamentos do Estado, para a actual situação de desastre nacional.
Havia e há alternativa ao rumo da política de direita, ao processo de integração
capitalista na União Europeia e a esta nova ingerência na vida do país. Tal como o PCP
defendeu o que seria necessário e urgente face ao agravamento insustentável e ilegítimo
da dívida pública seria: a renegociação imediata da dívida pública envolvendo prazos,
juros e montantes a pagar; a intervenção junto de outros países que também estão sob a
mira da especulação do capital para uma acção convergente junto da UE; uma política
orientada para o crescimento económico e para a defesa da produção nacional; a
diversificação das fontes de financiamento e das relações comerciais; a renegociação das
chamadas Parcerias Publico Privadas.
Este anúncio, concretizado num momento em que foi devolvida a palavra aos portugueses
para por via das eleições, se poderem pronunciar por uma ruptura pelo actual rumo da vida
nacional constitui uma decisão tão mais ilegítima quanto amarra o país nos próximos anos
ao retrocesso social e ao declínio económico.
Recusando a intervenção financeira externa que o Governo ontem anunciou, o PCP usará
todos os meios ao seu alcance para a combater. Neste sentido, anunciamos a convocação
de uma grande acção de indignação e protesto, um comício a realizar no próximo
Sábado dia 9, pelas 17h30 na Rua Augusta em Lisboa, sob o lema: “Contra a
ingerência e o desastre. Por uma política patriótica e de esquerda”. Contando com a
participação de muitos comunistas, o PCP apela a todos os patriotas e democratas que se
sentem agredidos por esta política de injustiças e declínio nacional para que participem
nesta acção, afirmando a exigência de um outro rumo para o país.
O PCP considera ainda que o próximo dia 5 de Junho – data das próximas eleições
legislativas - constituirá uma oportunidade para os trabalhadores e o povo, com o seu apoio
e o seu voto à CDU condenarem todos aqueles que amarram o país a esta política e a esta
decisão, e darem força à exigência de uma ruptura e uma mudança, de uma política e de um
governo patriótico e de esquerda.

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