O documento descreve as regiões da coluna vertebral, traumatismo vertebro medular, lesão medular e suas consequências, choque medular e seu tratamento, disreflexia autonômica, colar cervical, treino intestinal, posicionamentos e higiene do paciente com lesão medular.
1. Traumatismo Vertebro Medular
5 Regiões:
Cervical (C1- C8)
Dorsal (D1 – D12)
Lombar (L1-L5)
Sagrada (S1 –S5)
Coccígea
TVM: Lesão na coluna Vertebral e na medula espinhal
- lesão óssea (por sustentação)
- Lesão óssea e medular
2. Traumatismo vertebro medular ou TVM
Lesão Medular
É uma lesão na medula espinhal que causa interrupção parcial ou total das
funções reflexas e voluntárias num nível abaixa da lesão
• Lesão completa – perda total da sensibilidade e do controle dos músculos abaixo da lesão
• Incompleta – presença parcial de sensibilidade ou movimentos abaixo de, ou no nível da
lesão
Consequências:
• Tetraplegia – Perda total dos movimentos e sensibilidade do tronco, membros superiores
e inferiores
• Paraplegia – Perda total dos movimentos e sensibilidade nos membros inferiores
• Espasticidade Alteração do movimento devido à perda de controle exercido pelo cérebro e
espinhal medula. Caracteriza-se pela presença de movimentos involuntários. Ocorre um
aumento do tónus muscular no momento da contracção. Pode ocorrer devido a um
movimento rápido ou por uma estimulação sensitiva (dor, alteração da temperatura
corporal, ITU, roupa apertada, obstipação, posicionamentos inadequados)
3. Choque medular
• imediatamente após traumatismo medular agudo
• pode ocorrer em lesões incompletas
• consiste na perda total da atividade reflexa autonómica abaixo da
lesão ( incluindo a perda da função motora e sensorial)
• é indicação de choque medular a ausência de controlo do esfíncter
anal e bulbocavernoso
• Pode durar dias a meses
• Há reativação do sistema nervoso abaixo do nível de lesão – dando
origem a uma atividade reflexa por desconexão dos centros
superiores
4. Choque medular
• Tratamento:
• Farmacológico ( corticoterapia – facilitação da geração do impulso nervoso da espinal medula ; reforça o fluxo sanguínea na
medula; diminui os radicais livres na membrana neural)
• Cirúrgico: estabilização e/ou descompressão da lesão ( laminectomia; fusão espinal; fixação)
• Tratamento não cirúrgico: quando a lesão é estável; Independentemente do local da lesão ( cervical ou dorso-lombar) – há
necessidade de IMOBILIZAÇÂO ( colar cervical e colete Jewett)
• Complicações:
• Cardiovasculares – hTA postural ( elevação progressiva da cabeceira da cama; de seguida plano inclinado e depois CR); uso de
meias elásticas; Diminuição da FC ( devido a diminuição do retorno venoso e alterações da dinâmica respiratória).
• Disreflexia autonoma – inicio súbito de cafaleia e HTA num doente com lesão medular acima de D6. Pode estar associado a
bradicardia, sudorese, pupilas dilatadas, alterações visuais; pilo-ereção. Os estímulos podem ser vários: dispositivos médicos;
distensão abdominal; vesical…
• TVP e Embolia Pulmonar – devido À IMOBILIDADE.
• Gastrointestinais – dilatação gástrica aguda e ileo-paralitico; fases alternadas de obstipação e diarreia antes do treino
intestinal
• Urinárias: Retenção urinária ( bexiga arreflexica) – algaliação ( assim que possível auto-esvaziamento– quando há previsão de
alta); ITU;
• Respiratórias: (paralisia dos músculos abaixo da lesão; Lesões completas acima de C4 levam à paralisia do diafragma –
necessitam de ventilação mecânica). Infecção Respiratória ( por hipoventilação, aumento das secreções brônquicas e
atelectasias devido à diminuição do reflexo da tosse)
• Sensitivas – ( por incapacidade de sentir dor, desconforto, pressão e temperatura) – Dor ( mais frequente nas lesões em nível
baixo da coluna); queimaduras e UPP
• Motoras: Rigidez articular e espasticidade ( hiperreflexia; hipertonicidade e espasmos musculares); Pé equino
• Psicológicas
5. Disreflexia Autónoma
• O que desencadeia: Qualquer estímulo incomodativo; causas mais comuns:
distensão intestinal; distensão vesical; alterações da integridade da pele;
infeções; roupa e calçado apertado; dispositivos médicos.
SINAIS:
Cefaleias
Fotofobia
Visão turva
HTA
Bradicardia ou Taquicardia
Rubor na face; pescoço ombros e
palidez abaixo da lesão
Sudorese intensa
Sabor metálico
ATUAÇÃO
- Despistar e remover estímulos (
verificar roupa, adornos e
dispositivos médicos – CVP; Algália e
saco coletor ou realizar esvaziamento
vesical; remover fecalomas; Observar
a pele; esticar roupa cama e procurar
objectos por baixo do doente)
6. Colar Cervical
• Limita o movimento, estabiliza e alinha a coluna cervical
Constituído por 2 peças:
- Anterior (em que é apoiado o queixo)
- Posterior (em que é apoiada a parte de trás
do crânio (occipital) que tem tiras laterais de
velcro para fixar as 2 peças.
7. Higiene do doente com colar cervical
• O colar cervical pode ser molhado; Deve ser realizado por 2 pessoas
• Em decúbito dorsal:
• Retirar a parte anterior do colar
• observar a pele, lavar e hidratar
• proteger o queixo com placa de poliuretano
• Lavar a parte anterior do colar com água e sabão e secar
• Recolocar e Fixar a parte anterior do colar
• Em decúbito lateral:
• Utilizar uma almofada que preencha a distancia entre o pescoço e o ombro ( para manter
o alinhamento cervical)
• Fixar a parte anterior do colar com as mãos na zona do queixo
• Abrir a parte posterior do colar
• observar a pele, lavar e hidratar
• proteger a região occipital com placa de poliuretano
• Lavar a parte posterior do colar com água e sabão e secar
• Recolocar e Fixar a parte posterior do colar
• Certificar que o colar cervical está bem colocado
8. Treino Intestinal
• Após a lesão medular:
• Movimentos mais lentos
• Alterações na sensibilidade do reto ( incapacidade para controlar os esfíncteres – intestino
neurogénico)
• Cuidados:
• Reforço hídrico
• Dieta equilibrada e rica em fibras
• Para facilitar a progressão das fezes:
• Massagem do abdómen ( no sentido dos ponteiros do relógio)
• Estimulo da região anal ( lubrificar os dedos e fazer movimentos circulares)
• Medicação mais usada:
• Emolientes ( para amolecer as fezes e bisacodilo supositório para deslocar e facilitar a saída de fezes)
• Deve ser realizado sempre à mesma hora do dia, em dias alternados ( preferencialmente de
manhã - no internamento às 7H)
• Procedimento:
• Colocar o supositório em decúbito lateral esquerdo
• Aguardar com as pernas fletidas 15 a 30 minutos. Durante o treino é normal ocorrer : sudorese; espasticidade;
cólicas e/ou sensação de desconforto abdominal.
• Se tolerar posição de sentado utilizar sanita ou cadeira higiénica
9. Posicionamentos
Decúbito Dorsal:
• Garantir que a pessoa fique centrada
na cama;
• Colocar almofadas de apoio na cabeça
e cintura escapular;
• Membros superiores: posicionados ao
longo do corpo em extensão;
antebraços em pronação e ligeira
dorsiflexão do punho
• Membros inferiores: Colocar uma
almofada na região popliteia (rolo); Se
necessário colocar uma almofada na
região aquiliana para elevar os
calcanhares; Posicionar os pés em
angulo reto com almofadas nas
plantas dos pés.
Garantir sempre o alinhamento de todos
os segmentos corporais
10. Fowler:
• Partindo do decúbito dorsal; elevar a cabeceira
da cama entre 30 a 60º
• Colocar almofadas de apoio na cabeça e cintura
escapular;
• Membros superiores: flexão do cotovelo;
antebraços em pronação e extensão do punho
• Membros inferiores: coxofemoral em flexão e
ligeira abdução; joelhos em flexão. Posicionar
os pés em angulo reto.
Posicionamentos
Garantir sempre o alinhamento de todos
os segmentos corporais
11. Decúbito Lateral:
• Garantir que a pessoa fique centrada na cama;
• Posicionar a cabeça sobre a almofada que deve ter a mesma altura que a distancia do ombro ao pescoço.
• Membros superiores: o membro superior do lado do decúbito posiciona-se com a escápulo-umeral e
ombro em flexão ( evitar a retração da escápulo-umeral). O membro superior do lado contrario – flexão
da escapulo-umeral fazendo um grau de 90º; apoiado numa almofada com pronação do antebraço.,
punho e dedos em extensão.
• Membros inferiores: Colocar uma almofada de comprimento igual ou superior à dimensão da perna do
lado para onde se vira a pessoa (posicionar o membro inferior ao decúbito sobre a almofada). A
articulação coxofemoral formam um grau de 90º.
Posicionamentos
12. Posicionamentos
Decúbito semi-dorsal:
• Posicionar a cabeça sobre a almofada
• Membros superiores: o membro superior do lado do decúbito
posiciona-se em ligeira abdução e rotação interna da escapulo-
umeral; a mão apoiada na cama com flexão do cotovelo; o
antebraço em supinação e mão em extensão apoiado na almofada.
Do lado oposto ao decúbito posiciona-se a escápulo-umeral em
ligeira abdução, e apoia-se o membro na almofada. Joelho em
ligeira flexão
• Membros inferiores: Do lado do decúbito coxo-femural e joelho em
ligeira flexão; Do lado oposto, apoiar todo o membro numa
almofada.
13. Posicionamentos
Decúbito ventral:
• Chegar o doente para a beira da cama (doente vai
virar para o lado inverso)
• Lateralizar a cabeça com ou sem almofada ( baixa)
• Se necessário colocar almofada sobre a região
abominal sobre a região mamária e escroto
• Membros superiores: posicionados em extensão e
adução ou com abdução e rotação externa de
escapulo-umeral.
• Membros inferiores: em extensão e ligeira abdução
coxo-femural; flexão do joelho, pés apoiados em
almofada para osa dedos não tocarem na cama.
14. Decúbito semi-ventral
•A cabeça posiciona-se para o decúbito ( com
ou sem almofada)
•Membros superiores: do lado do decúbito
extensão da escapulo-umeral, cotovelo, punho
e dedos em extensão apoiados na cama; Do
lado contrario ao decúbito: abdução da
escapulo-umeral, flexão do cotovelo e extensão
do punho e dedos – colocar almofada desde a
escapulo-umeral até à crista ilíaca
•Membros inferiores: do lado do decúbito
extensão da coxo-femural e joelho em contacto
com a cama; do lado contrario membro inferior
apoiado em almofada com coxo-femural a 45º,
flexão do joelho e com o pé suspenso.
Posicionamentos