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HADITHI
NJOO
primeira coletânea de afrohistórias (e outros escritos)
organização:
Odé Amorim
Projeto OFICINATIVA
março 2013
_____________________________
Projeto OFICINATIVA
Caixa Postal 73
Ribeirão Pires, SP
CEP 09400 970
projetooficinativa@hotmail.com
www.oficinativa.blogspot.com.br
____________________________
Aos poucos vamos conseguindo publicar
e compartilhar os muitos materiais que
temos por aqui. O grande e sincero
desejo é que o Festival Internacional de
AfroContação de Histórias HADITHI
NJOO se espalhe e sensibilize a tod@s
para que valorizemos ainda mais a
comunicação interpessoal, as tradições
orais e os valores civilizatórios que
vieram do continente berço do mundo e
que hoje estão em quase todos os cantos
do planeta.
A partir daqui, a ideia é lançar uma série
de coletâneas com contos, lendas,
provérbios, orikis, odús, poesias e outros
tantos escritos afro e disponibilizar esse
conteúdo livremente para que seja
utilizado de inúmeras maneiras. E para
que a proposta do festival (FESTA!!!)
definitivamente nos convença que
precisamos celebrar a vida...
AfroAbraços
Odé Amorim
materiais consultados:
- livro Poesía anónima africana (tomo II), Rogelio Martinez Furé
- livro Eté Utú (Cuentos de tradición oral), Agnés Agboton
- livro El árbol de la palabra, Maritxell Seuba
- livro Cuentos y leyendas populares africanos
A árvore da palavra.............................................4
Por que o sol e a lua não saem juntos..............5
A história dos 3 surdos........................................7
Seetetelané.............................................................9
Provérbios............................................................11
Imagens dessa edição:
Exposição GRAFFRICA
na Casa África
(Las Palmas de Gran Canaria);
obras do grafiteiro Black-T (Córdoba).
Registros de JULHO 2012
A árvore
da palavra
Era uma vez, num lugar distante, uma árvore estranha plantada no
meio de um prado verde penteado pelo vento. Seus galhos,
grandes e retorcidos, pareciam raízes que invadiam o céu.
Durante o dia parecia uma árvore comum. Mas quando chegava a
noite, quando o sol tirava seu contorno do céu e a lua começava a
se esboçar, de seus galhos surgia um suave murmúrio.
Cada uma de suas folhas, que tinham bocas, contava uma história
única que o vento logo espalhava por toda a savana.
Essa árvore conhecia todas as palavras, inclusive as que não
foram pronunciadas pelos humanos. Conhecia todos os contos,
inclusive aqueles que nunca foram explicados. Conhecia todas as
lendas, inclusive aquelas que pertencem a povos que perderam a
memória. Falava todas as línguas, inclusive as que falam os
animais. Era a árvore da palavra.
A árvore da palavra fascinava tanto os humanos como os animais
da savana. Todos se reuniam debaixo de sua sombra e
compartilhavam tempo e sentimento. Alguns pediam conselhos
sobre um assunto que preocupava. Outros só sentavam para
dialogar inquietudes. Os mais sonhadores confessavam seus
desejos mais profundos. E os aventureiros falavam de viagens e
histórias...
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 4 #
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 5 #
Por que o sol e a lua
não saem juntos
Esse conto voa e retorna a tempos passados, bem longínquos quando Hue (o
sol) e Sun (a lua) eram amigos. Amigos sinceros que sempre estavam juntos.
Fossem onde fossem, quando aparecia um o outro sempre acompanhava. Se a
lua queria sair ia buscar o sol. E se era o sol que queria sair ia buscar a lua.
Hue e Sun eram inseparáveis. Mas certo dia Sun, a lua, foi visitar Hue, o sol,
para contar uma ideia que estava virando sua cabeça há algumas semanas. E
lhe disse:
- Concorda comigo que temos muitos filhos, não é verdade?
- Verdade, são muitíssmos.
- E eles nos dão muito trabalho, sempre estão brigando, nunca quietos, são
muito atrevidos e, além de tudo, é bastante duro dar comida a todos.
- Sim, tem razão. Mas por que me expõe tudo isso agora?
- Bom, ia propor que esta noite, aproveitemos que estarão dormindo, lhes
agarremos e lhes atiremos ao mar. Deste modo, pelo menos, podemos
descansar um pouco e estar em paz.
- Deseja realmente isso?
O sol se mostrou pensativo. A ideia não o convencia por completo. Mas
passadas algumas horas, disse finalmente à amiga lua:
- Você é minha amiga e não lhe posso negar nada. Assim que anoitecer e eu
veja que estão dormindo, pegarei todos e lançarei ao mar.
- E eu farei o mesmo.
Ficaram juntos até que o dia começou a declinar e foram aparecendo as
sombras. Quando se fez completa noite, o sol deu o jantar aos numerosos filhos
e lhes colocou para dormir. Ficou espreitando e quando notou que já dormiam,
embalados por sono doce e profundo, se dispõe a cumprir sua parte. Foi buscar
um enorme saco no qual coubessem todos os filhos e foi recolhendo um a um.
Logo conseguiu um suporte para transportar aquele peso até o destino. Quando
chegou às margens do mar, esvaziou devagar o conteúdo saco. Os filhos
seguiam em profundo sonho e a medida que os infelizes iam caindo na água,
se transformavam imediatamente em pequenos peixes.
Hue regressou a sua casa. Faltava bastante para que amanhecesse ainda, a
noite reinava. Foi então que o sol, que começava a sentir falta dos filhos,
levantou os olhos ao céu e viu como brilhavam na escuridão milhares de
minúsculas luzes.
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 6 #
- Ah, ah! O que aconteceu aqui? O que veem meus olhos?
Muito surpreso, foi correndo até a casa de sua vizinha a lua para lhe fazer a
mesma pergunta.
- São meus filhos, respondeu Sun.
- Como que são seus filhos? Então o que tanto brilha no alto são seus filhos?
Essas jóias reluzentes são seus filhos? Então não lançou eles ao mar como
tínhamos combinado? Então mentiu, me enganou?
A lua começou a rir muito e quando recuperou o fôlego respondeu:
- Sim, meu querido sol. Eu estava com ciúme da beleza de seus filhos, de seu
brilho, de sua perfeição, de seu fulgor. Principalmente quando olhavam os meus
com suas peles escurecidas e pouco brilho. Por isso quis que lhes matasse
com suas próprias mãos e então propus o pacto.
A lua continuou zombando do sol. Desesperado o astro chorou, chorou e
chorou. Regressou logo a sua casa, fugindo das risadas da lua e seguiu
chorando de pena por sacrificar com as próprias mãos suas crias.
Decidiu então se afastar para sempre de sua cruel amiga, rompendo a amizade
que lhes unia.
Por essa razão, há muitos e muitos séculos, os homens de um tal povoado
africano chamam os peixes de huevi – filhos de Hue – que nadam por rios e
lagoas, fazendo sulcos nas águas, às vezes fugindo dos pescadores, e a lua
segue desfrutando dos sunvi – os filhos de Sun – as estrelas.
Por vezes, um deles mete o nariz na casa do outro e então podemos vê-los
juntos em feroz combate, o que provoca os eclipses. Esses momentos são
chamados de hwele-sun – o sol agarrado a lua – que fazem lembrar as antigas
confusões da dupla. Quando isso ocorre, os homens saem às ruas fazendo
ruídos com instrumentos, ferramentas, panelas, para que Hue e Sun de novo se
separem.
E, a partir de hoje, quando comerem peixes não deixem de dedicar um breve
pensamento ao astro do dia cujos filhos, sacrificados, são seu alimento.
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 7 #
A história
dos 3 surdos
Essa é a história de uma mulher que era surda, tão tão surda que não ouvia
nadinha. Todas as manhãs colocava o filho nas costas e ia trabalhar no campo.
Tinha um imenso campo de painço.
Uma manhã, enquanto trabalhava tranquilamente apareceu um homem. Um
homem que também era surdo, tão tão surdo que não ouvia nadinha. Esse
homem buscava suas ovelhas e perguntou à mulher:
- Senhora, não terá visto umas ovelhas por aqui? Sumiram mas as suas
pegadas me trouxeram até aqui. Uma delas está ferida. Se me ajudar a
encontrá-las, posso lhe dar esta ferida e sempre pode servir para algo.
A mulher, que não havia ouvido nada, pensou que o homem perguntava onde
acabava seu campo e respondeu:
- Meu campo acaba ali embaixo.
O homem que também não tinha ouvido nada acreditou que a senhora estava
indicando a direção por onde havia escapado suas ovelhas e foi para lá. Por
coincidência, encontrou os animais pastando tranquilamente atrás de uns
arbustos. Muito contente, retornou até onde estava a mulher para lhe dar a
ovelha ferida como havia prometido. Contudo, como a mulher não ouvia nada,
imaginou que o homem estava a acusando de ter machucado sua ovelha. Ficou
irritada e disse:
- Senhor, eu não fiz nada com sua ovelha. Vá pedir explicações a outro.
O homem, quando viu a irritação da mulher, pensou que ela não queria a ovelha
ferida e sim uma saudável e mais gorda. E também irritado replicou:
- Senhora, essa é a ovelha que lhe havia prometido. Não vou dar nenhuma
outra.
E os dois foram ficando mais e mais nervosos até o ponto que chegaram aos
tribunais.
Naquele tempo, na África, os tribunais aconteciam na praça central dos
povoados, à sombra de uma grande árvore: a árvore da palavra. E o juiz era o
chefe da comunidade rodeado de pessoas conhecidas como notáveis. Perante o
juiz e os notáveis, a mulher e o homem expuseram a situação:
- Senhor juiz – começou a mulher – esse senhor se apresentou a mim enquanto
eu trabalhava e perguntou onde terminava o meu campo. Eu mostrei e segui
trabalhando. Depois, ele voltou com uma ovelha ferida e me acusou como
culpada pelo dano. Por isso estou aqui, senhor juiz.
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 8 #
Quando chegou sua vez, o
homem explicou a situação:
- Estava buscando minhas
ovelhas extraviadas e suas
pegadas me levaram ao
campo dessa senhora. Disse
a ela que se me ajudasse a
encontrá-las, lhe daria uma e
especifiquei bem que seria a
que estava ferida. Acreditam
que daria a ela uma ovelha
mais gorda? Por isso estou
aqui, senhor juiz.
O fato é que o juiz era mais
surdo que uma parede e não
tinha ouvido nada. Quando
viu o menino nas costas da
mãe pensou que se tratava
de uma pequena disputa
caseira. Então dirigiu-se ao
homem:
- Senhor, essa criança é seu
filho. Veja como é parecido.
É um mal marido e um mal
pai. E você senhora, não
deveria vir na frente de todos
falar sobre esses pequenos
problemas. Retornem a sua
casa e espero que se
reconciliem em breve.
Ao ouvir essa sentença,
todos romperam em
gargalhadas. E a risada
contagiou o juiz. E a mulher
e o homem, mesmo sem ter
ouvido nadinha de nada, ao
ver todos rindo, também
começaram a rir.
E aqui me pergunto: qual dos
3 era mais surdo?
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 9 #
Seetetelané
Era uma vez um homem pobre, tão pobre que carecia de família e se alimentava
apenas de ratos silvestres, cujas peles se transformavam em calção curto que ia
até os joelhos e era sua única vestimenta.
Certo dia que saiu para caçar roedores, logo tropeço num ovo de avestruz. Levou-
o para sua casa e o colocou num ninho. Novamente saiu e quando regressou,
com fome e cansado pela dura jornada – já que só havia conseguido caçar 2
miseráveis ratos – encontrou a mesa arrumada e, sobre ela, um apetitoso bolo de
farinha de painço e carne de cordeiro. Assombrado, exclamou:
- Casei-me sem saber? Esta comida, sem dúvida nenhuma, é obra de uma
mulher. E onde está essa cozinheira?
Naquele momento, se abriu o ovo de avestruz que havia recolhido e saiu dele
uma donzela belíssima.
- Meu nome é Seetetelané, dizia ela com a voz doce, e permanecerei ao seu lado
até que, num instante de embriaguez, me chame filha do ovo de avestruz. Se o
fizer, sumirei e não voltará a me ver nunca.
O caçador de ratões selvagens prometeu não mais se embriagar em sua vida e,
durante vários dias, desfrutou de uma existência maravilhosa em companhia de
sua bela esposa, que lhe narrava contos fantásticos e cozinhava pratos especiais.
Um dia vendo, que ele estava aborrecido, a jovem disse:
- Gostaria de se transformar no chefe da aldeia e ter súditos, animais e serviçais?
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 10 #
- Seria capaz de me proporcionar isso? Perguntou ele sem acreditar muito.
Seetetelané sorrio. Em um segundo, deu um pontapé no solo e a terra se abriu,
surgindo uma caravana de súditos com camelos, cavalos, mulas, carneiros e
cabras, assim como grande número de homens e mulheres que, de imediato,
começaram a aclamar o caçador de ratos, gritando com muita energia:
- Viva nosso chefe! Viva nosso chefe!
O homem beliscava as bochechas para se convencer de que não era um sonho.
Seetetelané, sorrindo, fez com que se olhasse no reflexo das águas de um riacho
e então ele se deu conta que estava jovem e formoso e que seu calção de pele de
roedores havia se transformando num riquissímo vestido de pele de chacal de
pelos largos e que protegia muito.
Quando voltaram à palhoça, esta havia se
transformando numa casa de pedra e madeira
com 4 cômodos e seu quarto estava cheio de
peles de pantera, zebra, chacal e leão.
O caçador de ratos estava a ponto de desmaiar
ao ver tanta riqueza. Durante 2 semanas se
portou como um verdadeiro chefe, fazendo
justiça entre os seus e dando exemplos de
sabedoria. Ensinando a todos a trabalhar a
terra, a caçar e a erguer casas de troncos e
folhas. Mas uma noite, foi feita uma festa para
celebrar o nascimento de um menino e o esposo
de Seetetelané não conseguiu controlar a
tentação e acabou bebendo.
Depois de haver tragado 4 copos de milho
fermentado, os olhos enturvaram, a língua se
soltou e assim começou a insultar os pais de
família que estavam na reunião.
Seetetelané, decepcionada, quis que ele
recobrasse a razão. Mas ele lhe deu um
empurrão e disse com voz pastosa de bêbado:
- Saia da minha frente, miserável filha de um ovo de avestruz!
Aquela noite, o bêbado sentiu frio. Se levantou para buscar uma pele de chacal e
não encontrou nenhuma. Saiu a porta para chamar um súdito e percebeu que
retornara a sua antiga habitação, totalmente só e vestido com seu calção de pele
de ratos selvagens.
O bem estar desfrutado durante aquelas semanas fez dele um homem menos
resistente a temperaturas rigorosas. Também bastante preguiçoso. Morreu poucos
dias depois de fome e de frio, mais sozinho que um doente contagioso,
praguejando até o último suspiro sua fraqueza em não resistir à tentação da
embriaguez, aquela que causou a sua desgraça.
Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO
# 11 #
Provérbios
"Quando não se tem anciãos, o povo está estragado"
Iorubá, Nigéria
"A noite fechada se torna clara, a profunda lagoa é sondável,
a vala se preenche, mas o mal realizado é irreparável'
Malgache, Madagascar
"Um mentiroso frequentemente tem de mudar de lugar"
Congo
"Ponha sua mão sobre seu coração:
ele falará e você compreenderá"
Cabila, Argélia
"Vale mais uma pequena habilidade que muita força"
Ambárico, Etiópia
"Mais vale passar a noite irritado por uma ofensa,
que se arrependendo por uma vingança“
Tuareg, Saara
“Os pais
que não contam
contos a seus filhos
vão ficar carecas...“
"Hadithi Njoo" significa
"história vem" ou "que
venha a história". É uma
expressão em suaíle
(swahili / kiswahili)
utilizada no leste africano
- Quênia, Uganda,
Tanzânia, Congo - por
contadores tradicionais
quando iniciam suas
intervenções: hadithi,
hadithi, hadithi njoo!
(história, história,
eles dizem,
que venha a história,
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_____________________________
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Primeira coletânea de afrohistórias

  • 1. HADITHI NJOO primeira coletânea de afrohistórias (e outros escritos) organização: Odé Amorim Projeto OFICINATIVA março 2013
  • 2. _____________________________ Projeto OFICINATIVA Caixa Postal 73 Ribeirão Pires, SP CEP 09400 970 projetooficinativa@hotmail.com www.oficinativa.blogspot.com.br ____________________________ Aos poucos vamos conseguindo publicar e compartilhar os muitos materiais que temos por aqui. O grande e sincero desejo é que o Festival Internacional de AfroContação de Histórias HADITHI NJOO se espalhe e sensibilize a tod@s para que valorizemos ainda mais a comunicação interpessoal, as tradições orais e os valores civilizatórios que vieram do continente berço do mundo e que hoje estão em quase todos os cantos do planeta. A partir daqui, a ideia é lançar uma série de coletâneas com contos, lendas, provérbios, orikis, odús, poesias e outros tantos escritos afro e disponibilizar esse conteúdo livremente para que seja utilizado de inúmeras maneiras. E para que a proposta do festival (FESTA!!!) definitivamente nos convença que precisamos celebrar a vida... AfroAbraços Odé Amorim
  • 3. materiais consultados: - livro Poesía anónima africana (tomo II), Rogelio Martinez Furé - livro Eté Utú (Cuentos de tradición oral), Agnés Agboton - livro El árbol de la palabra, Maritxell Seuba - livro Cuentos y leyendas populares africanos A árvore da palavra.............................................4 Por que o sol e a lua não saem juntos..............5 A história dos 3 surdos........................................7 Seetetelané.............................................................9 Provérbios............................................................11 Imagens dessa edição: Exposição GRAFFRICA na Casa África (Las Palmas de Gran Canaria); obras do grafiteiro Black-T (Córdoba). Registros de JULHO 2012
  • 4. A árvore da palavra Era uma vez, num lugar distante, uma árvore estranha plantada no meio de um prado verde penteado pelo vento. Seus galhos, grandes e retorcidos, pareciam raízes que invadiam o céu. Durante o dia parecia uma árvore comum. Mas quando chegava a noite, quando o sol tirava seu contorno do céu e a lua começava a se esboçar, de seus galhos surgia um suave murmúrio. Cada uma de suas folhas, que tinham bocas, contava uma história única que o vento logo espalhava por toda a savana. Essa árvore conhecia todas as palavras, inclusive as que não foram pronunciadas pelos humanos. Conhecia todos os contos, inclusive aqueles que nunca foram explicados. Conhecia todas as lendas, inclusive aquelas que pertencem a povos que perderam a memória. Falava todas as línguas, inclusive as que falam os animais. Era a árvore da palavra. A árvore da palavra fascinava tanto os humanos como os animais da savana. Todos se reuniam debaixo de sua sombra e compartilhavam tempo e sentimento. Alguns pediam conselhos sobre um assunto que preocupava. Outros só sentavam para dialogar inquietudes. Os mais sonhadores confessavam seus desejos mais profundos. E os aventureiros falavam de viagens e histórias... Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 4 #
  • 5. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 5 # Por que o sol e a lua não saem juntos Esse conto voa e retorna a tempos passados, bem longínquos quando Hue (o sol) e Sun (a lua) eram amigos. Amigos sinceros que sempre estavam juntos. Fossem onde fossem, quando aparecia um o outro sempre acompanhava. Se a lua queria sair ia buscar o sol. E se era o sol que queria sair ia buscar a lua. Hue e Sun eram inseparáveis. Mas certo dia Sun, a lua, foi visitar Hue, o sol, para contar uma ideia que estava virando sua cabeça há algumas semanas. E lhe disse: - Concorda comigo que temos muitos filhos, não é verdade? - Verdade, são muitíssmos. - E eles nos dão muito trabalho, sempre estão brigando, nunca quietos, são muito atrevidos e, além de tudo, é bastante duro dar comida a todos. - Sim, tem razão. Mas por que me expõe tudo isso agora? - Bom, ia propor que esta noite, aproveitemos que estarão dormindo, lhes agarremos e lhes atiremos ao mar. Deste modo, pelo menos, podemos descansar um pouco e estar em paz. - Deseja realmente isso? O sol se mostrou pensativo. A ideia não o convencia por completo. Mas passadas algumas horas, disse finalmente à amiga lua: - Você é minha amiga e não lhe posso negar nada. Assim que anoitecer e eu veja que estão dormindo, pegarei todos e lançarei ao mar. - E eu farei o mesmo. Ficaram juntos até que o dia começou a declinar e foram aparecendo as sombras. Quando se fez completa noite, o sol deu o jantar aos numerosos filhos e lhes colocou para dormir. Ficou espreitando e quando notou que já dormiam, embalados por sono doce e profundo, se dispõe a cumprir sua parte. Foi buscar um enorme saco no qual coubessem todos os filhos e foi recolhendo um a um. Logo conseguiu um suporte para transportar aquele peso até o destino. Quando chegou às margens do mar, esvaziou devagar o conteúdo saco. Os filhos seguiam em profundo sonho e a medida que os infelizes iam caindo na água, se transformavam imediatamente em pequenos peixes. Hue regressou a sua casa. Faltava bastante para que amanhecesse ainda, a noite reinava. Foi então que o sol, que começava a sentir falta dos filhos, levantou os olhos ao céu e viu como brilhavam na escuridão milhares de minúsculas luzes.
  • 6. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 6 # - Ah, ah! O que aconteceu aqui? O que veem meus olhos? Muito surpreso, foi correndo até a casa de sua vizinha a lua para lhe fazer a mesma pergunta. - São meus filhos, respondeu Sun. - Como que são seus filhos? Então o que tanto brilha no alto são seus filhos? Essas jóias reluzentes são seus filhos? Então não lançou eles ao mar como tínhamos combinado? Então mentiu, me enganou? A lua começou a rir muito e quando recuperou o fôlego respondeu: - Sim, meu querido sol. Eu estava com ciúme da beleza de seus filhos, de seu brilho, de sua perfeição, de seu fulgor. Principalmente quando olhavam os meus com suas peles escurecidas e pouco brilho. Por isso quis que lhes matasse com suas próprias mãos e então propus o pacto. A lua continuou zombando do sol. Desesperado o astro chorou, chorou e chorou. Regressou logo a sua casa, fugindo das risadas da lua e seguiu chorando de pena por sacrificar com as próprias mãos suas crias. Decidiu então se afastar para sempre de sua cruel amiga, rompendo a amizade que lhes unia. Por essa razão, há muitos e muitos séculos, os homens de um tal povoado africano chamam os peixes de huevi – filhos de Hue – que nadam por rios e lagoas, fazendo sulcos nas águas, às vezes fugindo dos pescadores, e a lua segue desfrutando dos sunvi – os filhos de Sun – as estrelas. Por vezes, um deles mete o nariz na casa do outro e então podemos vê-los juntos em feroz combate, o que provoca os eclipses. Esses momentos são chamados de hwele-sun – o sol agarrado a lua – que fazem lembrar as antigas confusões da dupla. Quando isso ocorre, os homens saem às ruas fazendo ruídos com instrumentos, ferramentas, panelas, para que Hue e Sun de novo se separem. E, a partir de hoje, quando comerem peixes não deixem de dedicar um breve pensamento ao astro do dia cujos filhos, sacrificados, são seu alimento.
  • 7. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 7 # A história dos 3 surdos Essa é a história de uma mulher que era surda, tão tão surda que não ouvia nadinha. Todas as manhãs colocava o filho nas costas e ia trabalhar no campo. Tinha um imenso campo de painço. Uma manhã, enquanto trabalhava tranquilamente apareceu um homem. Um homem que também era surdo, tão tão surdo que não ouvia nadinha. Esse homem buscava suas ovelhas e perguntou à mulher: - Senhora, não terá visto umas ovelhas por aqui? Sumiram mas as suas pegadas me trouxeram até aqui. Uma delas está ferida. Se me ajudar a encontrá-las, posso lhe dar esta ferida e sempre pode servir para algo. A mulher, que não havia ouvido nada, pensou que o homem perguntava onde acabava seu campo e respondeu: - Meu campo acaba ali embaixo. O homem que também não tinha ouvido nada acreditou que a senhora estava indicando a direção por onde havia escapado suas ovelhas e foi para lá. Por coincidência, encontrou os animais pastando tranquilamente atrás de uns arbustos. Muito contente, retornou até onde estava a mulher para lhe dar a ovelha ferida como havia prometido. Contudo, como a mulher não ouvia nada, imaginou que o homem estava a acusando de ter machucado sua ovelha. Ficou irritada e disse: - Senhor, eu não fiz nada com sua ovelha. Vá pedir explicações a outro. O homem, quando viu a irritação da mulher, pensou que ela não queria a ovelha ferida e sim uma saudável e mais gorda. E também irritado replicou: - Senhora, essa é a ovelha que lhe havia prometido. Não vou dar nenhuma outra. E os dois foram ficando mais e mais nervosos até o ponto que chegaram aos tribunais. Naquele tempo, na África, os tribunais aconteciam na praça central dos povoados, à sombra de uma grande árvore: a árvore da palavra. E o juiz era o chefe da comunidade rodeado de pessoas conhecidas como notáveis. Perante o juiz e os notáveis, a mulher e o homem expuseram a situação: - Senhor juiz – começou a mulher – esse senhor se apresentou a mim enquanto eu trabalhava e perguntou onde terminava o meu campo. Eu mostrei e segui trabalhando. Depois, ele voltou com uma ovelha ferida e me acusou como culpada pelo dano. Por isso estou aqui, senhor juiz.
  • 8. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 8 # Quando chegou sua vez, o homem explicou a situação: - Estava buscando minhas ovelhas extraviadas e suas pegadas me levaram ao campo dessa senhora. Disse a ela que se me ajudasse a encontrá-las, lhe daria uma e especifiquei bem que seria a que estava ferida. Acreditam que daria a ela uma ovelha mais gorda? Por isso estou aqui, senhor juiz. O fato é que o juiz era mais surdo que uma parede e não tinha ouvido nada. Quando viu o menino nas costas da mãe pensou que se tratava de uma pequena disputa caseira. Então dirigiu-se ao homem: - Senhor, essa criança é seu filho. Veja como é parecido. É um mal marido e um mal pai. E você senhora, não deveria vir na frente de todos falar sobre esses pequenos problemas. Retornem a sua casa e espero que se reconciliem em breve. Ao ouvir essa sentença, todos romperam em gargalhadas. E a risada contagiou o juiz. E a mulher e o homem, mesmo sem ter ouvido nadinha de nada, ao ver todos rindo, também começaram a rir. E aqui me pergunto: qual dos 3 era mais surdo?
  • 9. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 9 # Seetetelané Era uma vez um homem pobre, tão pobre que carecia de família e se alimentava apenas de ratos silvestres, cujas peles se transformavam em calção curto que ia até os joelhos e era sua única vestimenta. Certo dia que saiu para caçar roedores, logo tropeço num ovo de avestruz. Levou- o para sua casa e o colocou num ninho. Novamente saiu e quando regressou, com fome e cansado pela dura jornada – já que só havia conseguido caçar 2 miseráveis ratos – encontrou a mesa arrumada e, sobre ela, um apetitoso bolo de farinha de painço e carne de cordeiro. Assombrado, exclamou: - Casei-me sem saber? Esta comida, sem dúvida nenhuma, é obra de uma mulher. E onde está essa cozinheira? Naquele momento, se abriu o ovo de avestruz que havia recolhido e saiu dele uma donzela belíssima. - Meu nome é Seetetelané, dizia ela com a voz doce, e permanecerei ao seu lado até que, num instante de embriaguez, me chame filha do ovo de avestruz. Se o fizer, sumirei e não voltará a me ver nunca. O caçador de ratões selvagens prometeu não mais se embriagar em sua vida e, durante vários dias, desfrutou de uma existência maravilhosa em companhia de sua bela esposa, que lhe narrava contos fantásticos e cozinhava pratos especiais. Um dia vendo, que ele estava aborrecido, a jovem disse: - Gostaria de se transformar no chefe da aldeia e ter súditos, animais e serviçais?
  • 10. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 10 # - Seria capaz de me proporcionar isso? Perguntou ele sem acreditar muito. Seetetelané sorrio. Em um segundo, deu um pontapé no solo e a terra se abriu, surgindo uma caravana de súditos com camelos, cavalos, mulas, carneiros e cabras, assim como grande número de homens e mulheres que, de imediato, começaram a aclamar o caçador de ratos, gritando com muita energia: - Viva nosso chefe! Viva nosso chefe! O homem beliscava as bochechas para se convencer de que não era um sonho. Seetetelané, sorrindo, fez com que se olhasse no reflexo das águas de um riacho e então ele se deu conta que estava jovem e formoso e que seu calção de pele de roedores havia se transformando num riquissímo vestido de pele de chacal de pelos largos e que protegia muito. Quando voltaram à palhoça, esta havia se transformando numa casa de pedra e madeira com 4 cômodos e seu quarto estava cheio de peles de pantera, zebra, chacal e leão. O caçador de ratos estava a ponto de desmaiar ao ver tanta riqueza. Durante 2 semanas se portou como um verdadeiro chefe, fazendo justiça entre os seus e dando exemplos de sabedoria. Ensinando a todos a trabalhar a terra, a caçar e a erguer casas de troncos e folhas. Mas uma noite, foi feita uma festa para celebrar o nascimento de um menino e o esposo de Seetetelané não conseguiu controlar a tentação e acabou bebendo. Depois de haver tragado 4 copos de milho fermentado, os olhos enturvaram, a língua se soltou e assim começou a insultar os pais de família que estavam na reunião. Seetetelané, decepcionada, quis que ele recobrasse a razão. Mas ele lhe deu um empurrão e disse com voz pastosa de bêbado: - Saia da minha frente, miserável filha de um ovo de avestruz! Aquela noite, o bêbado sentiu frio. Se levantou para buscar uma pele de chacal e não encontrou nenhuma. Saiu a porta para chamar um súdito e percebeu que retornara a sua antiga habitação, totalmente só e vestido com seu calção de pele de ratos selvagens. O bem estar desfrutado durante aquelas semanas fez dele um homem menos resistente a temperaturas rigorosas. Também bastante preguiçoso. Morreu poucos dias depois de fome e de frio, mais sozinho que um doente contagioso, praguejando até o último suspiro sua fraqueza em não resistir à tentação da embriaguez, aquela que causou a sua desgraça.
  • 11. Coletânea de AfroHistórias HADITHI NJOO # 11 # Provérbios "Quando não se tem anciãos, o povo está estragado" Iorubá, Nigéria "A noite fechada se torna clara, a profunda lagoa é sondável, a vala se preenche, mas o mal realizado é irreparável' Malgache, Madagascar "Um mentiroso frequentemente tem de mudar de lugar" Congo "Ponha sua mão sobre seu coração: ele falará e você compreenderá" Cabila, Argélia "Vale mais uma pequena habilidade que muita força" Ambárico, Etiópia "Mais vale passar a noite irritado por uma ofensa, que se arrependendo por uma vingança“ Tuareg, Saara
  • 12. “Os pais que não contam contos a seus filhos vão ficar carecas...“ "Hadithi Njoo" significa "história vem" ou "que venha a história". É uma expressão em suaíle (swahili / kiswahili) utilizada no leste africano - Quênia, Uganda, Tanzânia, Congo - por contadores tradicionais quando iniciam suas intervenções: hadithi, hadithi, hadithi njoo! (história, história, eles dizem, que venha a história, responde o público). _____________________________ www.festivalhadithinjoo. blogspot.com.br ____________________________