Eleições 2010: Como comunicar com os eleitores da geração do hiperespaço
1. Eleições 2010
Odisseia no “HIPER - espaço”
iPHONE: Fonte Hallaserk
“A população Cabo-verdiana é muito jovem, e cada vez com mais acesso ao
hiperespaço (Internet), seja através de computadores ou de telemóveis. Também os
menos jovens têm abraçado estes novos meios de comunicação: como é que os eleitores
de 2010 vão ser convencidos? ”
Mamã espera! Estou no Hi5!
Eis parte do diálogo entre mãe e filha (os nomes são fictícios) que presenciei há poucos
dias.
Mãe: Jessica! Vamos temos que ir embora.
Jessica: Mamã espera, que quero meter as fotos do meu aniversário no Hi5.
2. Mãe: Mas menina, estás aí hà uma hora e meia e ainda não colocas te aquelas fotos?
(diz a mãe chateada).
Jessica: Mas mamã, estava a ler as mensagens dos meus amigos (justifica-se a filha).
Aproximando-se do ecrã do computador a mãe diz:
Mãe: Jessica (diz a mãe mesmo chateada), faz duas horas que estás aí. Primeiro, era a
ver as mensagens no Hi5 dos teus trezentos amigos, depois tinhas que meter as tuas
fotos do aniversário, depois é o Márcio que apareceu no MSN, agora estás com o
Hotmail aberto. O que é que estás a fazer com o telemóvel também?
Jessica: Mas mamã (quase suplica a filha) enquanto carrego as fotos, estou dando uma
espreitadela no meu Hotmail, e queria mandar um SMS à Suely para comentar sobre a
sua foto no Hi5.
E continua o diálogo entre mãe filha …
Internet é sobre as pessoas
Quem tem um adolescente em casa, ou tem familiar ou amigo que tenha pode
reconhecer partes deste diálogo como um “dejá vu”.
A percepção que a Internet seja sobre conteúdos de páginas de jornais, blogs e Web
sites é falsa. O que empurra mesmo a Internet são as ferramentas que permitem às
pessoas em interagir umas com as outras, como as comunidades virtuais (Hi5),
ferramentas de comunicação instantâneas (MSN) e assíncronas (email).
Não são somente os jovens a navegar ou a usar espaços virtuais como o Hi5 ou
Myspace; mesmo aqueles com mais de 25 anos estão neste mundo virtual, consultando e
mandando email também (isto é, a comunicar).
Cada vez mais, assume maior significado a quantidade de tempo e motivação dedicada
ao hiperespaço (Internet) pelos cabo-verdianos.
E não me refiro somente aos adolescentes que estarão em idade de voto em 2010, mas,
também estudantes universitários (e ex também), empregados que passam todo o tempo
no trabalho com o computador sintonizado no Messenger ou Orkut para além do Hi5 a
comunicar.
Como comunicarão os eleitores de 2010?
Qual vai ser o meio de comunicação privilegiado para ouvir o que pensa e convencer
esta geração do hiperespaço?
A televisão, o meio de comunicação social mais manipulador dos nossos tempos, usada
com muita frequência pela classe política, agora com o dilatar das TVs privadas e
3. parabólicas, vai ser difícil manter a atenção dos espectadores (basta mudar o canal com
o telecomando).
A TV, Rádio e Jornais (Mass-media clássicos), têm cada vez mais dificuldades em
chamar a atenção, principalmente nesta geração que não quer, passivamente, ver
somente aquilo que os outros produzem.
Esta nova geração produz o seu conteúdo (escrevendo e comentando nos blogs, por
exemplo), interage no Messenger – MSN - publica as fotos da sua máquina digital ou
telemóvel no Hi5, e passa cada vez menos tempo à frente da TV (a não ser que esteja a
jogar).
A rádio, provavelmente o meio de comunicação social mais efectivo em termos de
cobertura populacional, também sofre dos desafios das TVs (cada vez temos mais
rádios).
Os jornais, cada um com a sua linha editorial e de tiragem limitada sofrem de um
handicap em relação a esses meios de comunicação, pois não é imediato.
Enquanto que uma notícia pode ser posta na Internet, ou transmitida na TV ou na Rádio
no momento em que acontece, o jornal tem que ir para a tipografia e depois ser
distribuído.
Com isso não se quer dizer que a rádio, TV e jornais irão desaparecer, mas temos que
ter consciência que todos esses meios estão a ser influenciados pela Internet.
O Futuro da Comunicação Social
Fonte: http://www.istockphoto.com
4. No outro dia enquanto ouvia o noticiário desportivo na rádio, e, lendo a página da “A
bola” na Internet, dei-me conta que o jornalista estava a ler o texto do site da “ A bola”.
Alguns críticos acham que a Internet em Cabo Verde – segundo os dados estatísticos
quantitativos de cobertura da população não seja relevante para pensar na sua influência
na nossa sociedade, mas, eu não estou de acordo, e apresento um exemplo real:
Quando estávamos à espera dos resultados definitivos das últimas autárquicas na Praia,
encontrando-me num café da Achada Santo António chega, agitada, uma Senhora a
perguntar a alguns amigos seus, que estavam na mesa ao lado se tinham ouvido a rádio:
“Disseram que o Filú já deu a reviravolta ao resultado”. É verdade? (pergunta
apreensivamente a eleitora de Ulisses).
Em poucos minutos Cabo Verde esteve ao corrente de uma interpretação de resultados
que surpreendeu, e que começou na Internet e como lume em fio de pólvora, espalhou-
se para todos (mesmo a maioria que não tem acesso á Internet).
Poucos minutos mais tarde, recebo uma chamada no telemóvel, de alguém que não tem
Internet a perguntar-me se podia confirmar a notícia da “semana-online. Fui ao site e
respondi ao telefonema com um SMS confirmando a notícia.
Para além disso, os aparelhos de telemóvel estão tão avançados hoje em dia que temos
cada vez mais pessoas com telemóveis que fazem fotos, servem como rádio ou
plataforma de acesso a Internet, e até transmissão de canais TV nalguns países como a
Korea do Sul.
Dado que no telemóvel (único meio que está sempre connosco) podemos ver TV, ir na
Internet escutar a rádio e telefonar ou mandar mensagens, é de se prever que este será
um meio de comunicação importante na odisseia de 2010.
Mas, como pode ser usado este meio para convencer os Cabo-verdianos? Isto são outros
quinhentos…
Nuno Levy
Email: info@nunolevy.org
Mobile Cabo Verde 2.0 (www.telecomCV.net)