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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CAMPUS DE PARAUAPEBAS
NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS
Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare)
na COOCRIJAPAN - Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal
Mato-Grossense, Cáceres-MT
PARAUAPEBAS
2017
NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS
Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare)
na COOCRIJAPAN - Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal
Mato-Grossense, Cáceres-MT
PARAUAPEBAS
2017
Relatório de Estágio Supervisionado
Obrigatório apresentado ao departamento de
Zootecnia da Universidade Federal Rural da
Amazônia, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia.
Orientador (a):
Profª. Drª. Marília Danyelle Nunes Rodrigues
NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS
Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare) na
COOCRIJAPAN- Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal
Mato-Grossense, Cáceres-MT
Relatório de Estágio Supervisionado Obrigatório apresentado ao departamento de Zootecnia
da Universidade Federal Rural da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Zootecnia.
________________________________________
Data da Aprovação
Banca Examinadora
________________________________________ Orientadora
Profª. Drª Marília Danyelle Nunes Rodrigues
Universidade Federal Rural Da Amazônia
________________________________________ Membro 1
Prof. Dr Luis Rennan Sampaio Oliveira
Universidade Federal Rural Da Amazônia
___________________________________________ Membro 2
Profª. Drª Daiane de Cinque Mariano
Universidade Federal Rural Da Amazônia
________________________________________ Membro 3
Prof. Dr Drausio Honorio Morais
Universidade Federal Rural Da Amazônia
“Somos todos primatas, exceto o jacaré, que é jacaré mesmo”.
(Alpho Gordon Ramsay, Coocrijapan)
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Marco Inaugural da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal,
COOCRIJAPAN.......................................................................................................................10
Figura 02 – Localização geográfica da sede da Cooperativa de Criadores de Jacaré do
Pantanal, COOCRIJAPAN.......................................................................................................10
Figura 03 – Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN,
2017...........................................................................................................................................11
Figura 04 – Setor Administrativo e de vendas da Cooperativa de Criadores de Jacaré do
Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................11
Figura 05 – Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos,
COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................12
Figura 06 – Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C)
Sala de processamento de alimentos, COOCRIJAPAN,
2017...........................................................................................................................................12
Figura 07 – FRIJAPAN, Frigorífico da Coocrijapan. A) Entrada das salas de tratamento de
peles, abate e desossa; B) Setor Frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017.......................................13
Figura 08 – Filhotes da Coocrijapan. A) Filhotes sobre monomotor utilizado na transferência
desses animais da fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida, COOCRIJAPAN,
Cáceres, MT, Safra 2017...........................................................................................................14
Figura 09 – Filhotes Safra 2017. A) Observação de filhotes após a alimentação; B) Filhote
com 30 dias, COOCRIJAPAN, 2017........................................................................................15
Figura 10 – Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. A) Animais em recria amontoados;
B) Animais em recria dispersos, COOCRIJAPAN, 2017.........................................................15
Figura 11 – Prática de limpeza das baias anti-stress. A) Limpeza diária das baias; B) Limpeza
mensal destinada à retirada de lodo das baias, COOCRIJAPAN, 2017...................................16
Figura 12 – Manejo alimentar. A) Fornecimento de dieta; B) Consumo de alimento em baia
com controle por tamanho; C) Consumo de alimento em baia separada por idade,
COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................16
Figura 13 – Vísceras bovinas congeladas fracionadas em pedações menores,
COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................17
Figura 14 – Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas,
prontas para a mistura; B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de
mistura em betoneira das vísceras, ração e suplemento mineral, COOCRIJAPAN, 2017.......17
Figura 15 – Seleção dos animais a serem encaminhados ao galpão pré-abate. A) Contenção
do animal; B) Amarração do focinho; C) Sexagem dos animais para a divisão dos pedidos e
ordem de abates no frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................18
Figura 16 – Manejo pré-abate dos animais. A) Entrada do galpão de preparo para o abate; B)
Interior do Galpão; C) Pesagem dos animais para o romaneio; D) Jacarés após o banho em
cloro; E) Lavagem dos jacarés; F) Jacaré limpo, a ser encaminhado à sala de abate,
COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................19
Figura 17 – Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN,
2017...........................................................................................................................................20
Figura 18 – Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção de
jacarés; B) Insensibilizador adaptado para atordoamento de Jacarés; C) Atordoamento de
jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................20
Figura 19 – Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor
das vértebras cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de
finalização da sangria, COOCRIJAPAN, 2017........................................................................21
Figura 20 – Operações de pendura, higienização, oclusão de reto e riscos de pele. A) Animais
após a lavagem; B) Oclusão prévia do reto com algodão embebido de iodo; C) Risco da pele,
corte Horn Back; D) Esterilizador de facas; E) Cubas de esterilização de ganchos para
pendura; F) Biofor®, COOCRIJAPAN, 2017..........................................................................22
Figura 21. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada
de pele de jacaré-do-pantanal; B) Retirada da pele, COOCRIJAPAN, 2017...........................23
Figura 22. Retirada das íscas de jacaré. A) Retirada dos masseteres de jacaré-do-pantanal; B)
Íscas de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017....................................................................................23
Figura 23. Processo de retirada de vísceras de jacaré. A) Retirada das vísceras e gordura da
carcaça; B) Vísceras de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................24
Figura 24. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças de
Jacaré; C) Armazenamento em câmara de resfriamento, COOCRIJAPAN, 2017...................24
Figura 25. Realização dos cortes de carne de jacaré. A) Trabalhos na sala de desossa; B)
Retirada do corte nobre de filé de cauda de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017............................25
Figura 26. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B)
Localização dos cortes, COOCRIJAPAN, 2017.......................................................................25
Figura 27. Pesagem e rotulagem dos cortes de jacaré. A) Pesagem e rotulagem específica dos
cortes; B) Selagem manual das embalagens contendo carne de jacaré, COOCRIJAPAN,
2017...........................................................................................................................................26
Figura 28. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de
congelamento; B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e
armazenamento, COOCRIJAPAN............................................................................................27
Figura 29. Escoamento da produção. A) Expedição; B) Carne de jacaré da Coocrijapan
comercializada em conceituado supermercado do Município de Cuiabá, MT.........................27
Figura 30. Tratamento prévio de peles. A) Sala de tratamento prévio de peles; B) Raspagem
da pele “crua” de Jacaré, COOCRIJAPAN..............................................................................28
Figura 31. Processo de tratamento de peles. A) Peles empilhadas salgadas; B) Peles salgadas
secando, COOCRIJAPAN, 2017..............................................................................................28
Figura 32. Peles e couro de jacaré-do-pantanal. A) Cortes de pele de jacaré, Jelly (crua) e
Horn Back (curtida); B) Atual estoque de peles curtidas (couro) de jacaré-do-pantanal,
COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................29
Figura 33. Peles curadas de jacaré, a serem encaminhadas à exportação. A) Dimensionamento
do número de peles a ser transportadas em contêineres para exportação (transporte de navio);
B) Peles devidamente curadas e lacradas (IBAMA), com destino a Leon, México.................30
Figura 34 – Peles curtidas, das mais variadas cores, curtidas por marca famosa, na Itália......30
SUMÁRIO
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO..................................................................................8
1.1 Dados do discente..........................................................................................................8
1.2 Dados da empresa..........................................................................................................8
2 INTRODUÇÃO.............................................................................................................9
3 COOPERATIVA DE CRIADORES DE JACARÉ DO PANTANAL,
COOCRIJAPAN.....................................................................................................................10
3.1 Composição da Cooperativa.......................................................................................11
3.2 Instalações....................................................................................................................12
4. ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES..........................................................14
4.1 Práticas de manejo na criação....................................................................................14
4.1.1 Processamento de alimento para os animais.................................................................17
4.2 Manejo Pré-Abate.......................................................................................................18
4.3 Abate.............................................................................................................................20
4.4 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal......................................................26
4.5 Aproveitamento de peles.............................................................................................29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................33
8
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1.1 IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO
NOME: Natalia Bianca Caires Medeiros
N° DE MAT.: 2014014709
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CURSO DE GRADUAÇÃO: Zootecnia
TURMA: 2014
FUNÇÃO: Estagiária em produção animal e boas práticas de fabricação de carne.
PERÍODO DE ESTÁGIO: 01/05/2017 a 16/06/2017
1.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
EMPRESA: Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, Ltda.
ENDEREÇO: Avenida Tannery, Quadra Industrial 2/1, Sn.
BAIRRO: Setor Industrial
CIDADE: Cáceres - MT
CEP: 78.200-000
CNPJ: 36.966.380/0001-60
FONE: (65) 3224-2222
EMAIL: coocrijapan@coocrijapan.com.br
9
2. INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva brasileira de criação de jacarés em cativeiro apresentou
crescimento gradual a partir da portaria 126/1990 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a qual regulamenta a utilização de jacaré do
Pantanal (Caiman yacare) em sistemas de criação com finalidade comercial (AZEVEDO,
2007; PIRAN, 2010).
Conforme Souza et al. (2014), o Brasil apresenta-se como país detentor de condições
favoráveis à exploração de forma consciente e sustentável de crocodilianos nativos, a qual já
ocorre por meio de criatórios licenciados, comprometidos em manter a biodiversidade,
contribuindo de certa forma para a conservação além de proporcionar mais uma opção de
fonte proteica de origem animal.
No entanto, sistemas intensivos de produção de jacaré para o Pantanal Mato-Grossense
não são perspectivas ou sequer idealizados, devido à condição limitante da região, a qual
apresenta instabilidade ambiental, e dificuldades de escoamento da produção, favorecendo a
produção extensiva e semi-extensiva (COUTINHO & CAMPOS, 2006).
No Centro-Oeste brasileiro, na década de 90, produtores rurais interessados em
produzir jacaré do pantanal, conquistaram licenças junto ao IBAMA, que garantiram o
estabelecimento de criadores comerciais (MOURÃO, 2000).
A COOCRIJAPAN, Cooperativa de Criadores de jacaré-do-pantanal, localizada no
Município de Cáceres, no Mato Grosso, atua no ramo da produção em cativeiro de jacaré no
sistema semi-intensivo (Ranching), onde os ovos dos animais são coletados nas propriedades
dos cooperados, transportados até a sede com a finalidade de criação e abate (PIRAN, 2010).
A cooperativa é considerada o empreendimento mais organizado da cadeia de produção de
jacaré do pantanal, por dominar absolutamente todos os elos da cadeia produtiva, inclusive de
frigorífico com registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), responsável pelo abate dos
animais, destinados à comercialização de pele e carne (PIRAN, 2010).
O jacaré-do-pantanal se trata de uma espécie com grande potencial econômico,
ressaltando a importância da promoção de conhecimentos mais consolidados, que possam vir
a facilitar no manejo e consequente exploração comercial (ALVES, 2014).
Devido ao crescimento gradual da produção em cativeiro de espécies silvestres de
interesse comercial, como é o caso do jacaré do Pantanal, o objetivo deste relatório baseia-se
em retratar as atividades desempenhadas no âmbito de manejo e processamento de carnes, em
um dos maiores criatório-frigoríficos de crocodilianos do mundo, e o primeiro com Serviço de
Inspeção Federal - SIF do Brasil, a COOCRIJAPAN.
10
3. COOPERATIVA DE CRIADORES DE JACARÉ DO PANTANAL, COOCRIJAPAN
A Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal Ltda, foi fundada em 1991 (Figura
01), por um grupo de fazendeiros do pantanal, preocupados com a conservação do meio
ambiente e com o intuito de preservar o jacaré (Caiman yacare), bem como criar uma fonte de
renda alternativa, de forma a aproveitar racionalmente um recurso natural e sustentável.
Figura 01. Marco Inaugural da Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN.
A COOCRIJAPAN localiza-se na Avenida Tannery, S/n°, Quadra Industrial, no Bairro
Setor Industrial, CEP: 78.200-000, no Município de Cáceres, MT, Coordenadas geográficas:
DATUM SIRGAS2000 - W: 57°42’08,90’’ - S: 16°07’32,50’’ (Figura 02).
Figura 02. Localização geográfica da sede da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN.
11
O setor de criação, frigorífico e administrativo da Coocrijapan possui área de 12
hectares, que ao longo dos seus 26 anos de existência vêm investindo em infraestrutura,
equipamentos, pesquisas e inovação no que se refere à criação e abate de Jacarés (Figura 03).
Figura 03. Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.
3.1 Composição da Cooperativa
A COOCRIJAPAN conta atualmente com 22 cooperados e conta com um quadro de
33 colaboradores (Figura 04), possui o primeiro frigorífico com abate aéreo da América
Latina e o primeiro do Brasil com S.I.F - Serviço de Inspeção Federal sob o número 2452,
com uma capacidade de produção instalada de aproximadamente 80.000 animais ano-1.
Figura 04. Setor Administrativo e de vendas da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal,
COOCRIJAPAN, 2017.
12
3.2 Instalações
A área da criação contém 07 galpões cobertos com telhas de amianto, vitrôs e porta,
onde destes, 06 galpões são destinados à criação, e 01 para preparo ao abate. Tais galpões
cobertos contam com 42 tanques de superfície (animais de 60 dias até um ano) e 22
sobrepostos (até 60 dias de vida) (Figura 05).
Figura 05. Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos, COOCRIJAPAN, 2017.
Além destas, a criação possui e utiliza 26 baias redondas anti-stress, com diâmetro de
50m, pé direito de 60cm, e teto coberto por sombrite 70%, que se estende até à altura média
do pé direito em dias de frio (durante o inverno). Dentre as instalações, ocorre a utilização de
02 áreas com recinto aberto para o bem estar animal, destinado aos animais com problemas de
locomoção e 01 sala de processamento do alimento a ser fornecido aos animais (Figura 06).
A B
13
Figura 06. Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C) Sala de
processamento de alimentos, COOCRIJAPAN, 2017.
Quanto ao setor frigorífico, o mesmo conta com sala de abate, sala de tratamento prévio
de peles e sala de desossa, a qual possui câmara de resfriamento, setor de pesagem e
embalagem, túnel de congelamento e sala refrigerada para o armazenamento das caixas
contendo as embalagens. O FRIJAPAN (Frigorífico da Coocrijapan) possui capacidade de
abate diário de até 300 animais por dia (Figura 07).
Figura 07. FRIJAPAN, Frigorífico da Coocrijapan. A) Entrada das salas de tratamento de peles, abate e desossa;
B) Setor Frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017.
B C
A B
A
14
4. ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES
Diversas foram às atividades acompanhadas, dentre elas ressalta-se o manejo de filhotes
em fase de cria, animais em recria e engorda-terminação. Dentre as práticas de manejo
destaca-se a limpeza e assepsia regular de baias, tratamento de lesões, divisão em baias por
tamanho (biometria visual mensal) e sexo (baias de machos e de fêmeas) e alimentação.
Quanto às atividades referentes ao abate, foi possível acompanhar minunciosamente o
manejo pré-abate dos animais (24 - 48h), o abate humanitário propriamente dito, e as boas
práticas de processamento de carne de Jacaré do Pantanal. Quanto às peles de jacaré, foi
possível colaborar com o processamento prévio, tratamento das peles e encaminhamento à
exportação, para curtume especializado no México.
4.1 Práticas de manejo na criação
A criação, divide-se em 03 fases: cria dos filhotes (até 60 dias), animais em recria (61
dias a 1 ano) e engorda-terminação (1 a 2 anos).
Após a coleta e eclosão dos ovos nas fazendas pantaneiras (13 fazendas), os animais são
encaminhados até à sede da Coocrijapan em monomotor, impreterivelmente nos primeiros
dias de vida, em voos com duração máxima de 3 horas. Ao chegar ao criatório, são
transferidos para baias sobrepostas localizadas no galpão de número 01, e lá, são alimentados
exclusivamente com vísceras bovinas finamente moídas. A limpeza das baias dos filhotes
ocorre apenas 01 vez ao dia, com o intuito de evitar o estresse, que se encontram geralmente
em fase de cria no período do inverno, onde em dias mais frios, o consumo de alimentos
desses animais fica reduzido, possuindo pouca reserva corporal e que, conforme os tratadores
trata-se de uma das fases de maior preocupação devido à elevada mortalidade (Figura 08).
Figura 08. Filhotes da Coocrijapan. A) Filhote sobre monomotor utilizado na transferência desses animais da
fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida, COOCRIJAPAN, Cáceres, MT, Safra 2017.
A B
15
Após o consumo de todo o alimento, cerca de 6 horas após o fornecimento, as baias
sobrepostas são limpas, e durante o processo, verificamos o estado da região do vazio dos
animais (abdômen) para verificar se todos de fato tiveram a oportunidade de consumir o
alimento (Figura 09). Os animais permanecem alojados em mini baias de 1m x 1,5m em lotes
de 60 animais em média e são alimentados com cerca de 1kg baia -1 de filhotes dia -1.
Figura 09. Filhotes safra 2017. A) Observação de filhotes após a alimentação; B) Filhote com 30 dias,
COOCRIJAPAN, 2017.
Quanto aos animais em recria (Figura 10), estes são alojados em baias sob as baias de
cria, as quais são higienizadas uma vez ao dia, e alimentados a cada 02 dias, com densidade
média de um animal/0,25m², consumindo cerca de 0,400 kg animal-1.
Figura 10. Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. A) Animais em recria amontoados; B) Jacaré albino
(Bento), mascote da Coocrijapan, às vésperas de negociação de venda, COOCRIJAPAN, 2017.
A B
A B
16
Os animais com mais de 1 ano, são transferidos para as baias redondas anti-stress,
devido à importância e necessidade em manter maior cuidado com os animais nesta fase, visto
seus comportamentos estereotipados constantes, indicadores de stress. A limpeza comum das
baias ocorre diariamente, de segunda a sábado, geralmente todas as manhãs, realizada por 02
funcionários trajados de avental plástico, botas de plástico, luvas, vassoura e rodo/baia.
Entretanto, a cada 30 dias é retirado o lodo do piso por meio de uma lavadora de pressão, sem
o uso de produtos químicos (Figura 11).
Figura 11. Prática de limpeza das baias anti-stress. A) Limpeza diária das baias; B) Limpeza mensal destinada à
retirada de lodo das baias, COOCRIJAPAN, 2017.
Os animais em fase de engorda são alimentados pela tarde a cada 02 dias (Figura 12).
Figura 12. Manejo alimentar. A) Fornecimento de dieta; B) Consumo de alimento em baia com controle por
tamanho; C) Consumo de alimento em baia separada por idade, COOCRIJAPAN, 2017.
A B
B C
A
17
Os animais mutilados, devido a prática de canibalismo, são transferidos para os galpões,
em baias menores próximas a recria, para o devido tratamento à base de permanganato de
potássio, e pequenas intervenções cirúrgicas.
4.1.1 Processamento de alimento para os animais
Devido ao hábito carnívoro dos crocodilianos, na COOCRIJAPAN são fornecidas
vísceras bovinas, provenientes de um abatedouro localizado no Município de Cuiabá, o qual
fornece semanalmente 01 tonelada de vísceras congeladas, que serão cortadas em frações
menores (Figura 13), passíveis de serem moídas, e misturadas a suplemento mineral e ração
de peixe carnívoro com cerca de 50% de PB, por meio de mistura em equipamento betoneira.
Fornecidos apenas para animais em fase de engorda/terminação, a cada 02 dias. Para filhotes
e animais em recria são fornecidas exclusivamente vísceras bovinas (Figura 14).
Figura 13. Vísceras bovinas congeladas fracionadas em pedações menores, COOCRIJAPAN, 2017.
18
Figura 14. Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas, prontas para a mistura;
B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de mistura em betoneira das vísceras, ração e
suplemento mineral, COOCRIJAPAN, 2017.
4.2 Manejo Pré-Abate
O manejo pré-abate consiste na prática de selecionar e transferir das baias redondas ao
galpão de preparo ao abate com cerca de 48 horas de antecedência, os animais que serão
abatidos posteriormente (Figura 15). Essa seleção irá depender dos pedidos encaminhados do
setor de vendas para a administração da criação. Caso os pedidos sejam referentes a algum
corte específico, como o filé de cauda, serão selecionados machos maiores, caso seja coxa
desossada, serão selecionadas fêmeas maiores, pedidos específicos de animais inteiros para
eventos de churrasco prefere-se animais com cerca de 1 ano e 8 meses, e dependendo do
comprimento do couro solicitado, pode-se abater animais mais jovens ou mais velhos.
CBA
19
Figura 15. Seleção dos animais a serem encaminhados ao galpão pré-abate. A) Contenção do animal; B)
Amarração do focinho; C) Sexagem dos animais para a divisão dos pedidos e ordem de abates no frigorífico,
COOCRIJAPAN, 2017.
Os animais são transferidos em tambores plásticos adaptados com rodas até ao galpão
de preparo ao abate, são pesados em grupos de 10 animais, para que possa ser realizado o
romaneio, e após esta etapa, são colocados em tanques azulejados para o jejum de 48 horas,
assim como o tratamento com água clorada (5ppm) às 12h00 min AM do dia anterior ao
abate, até as 07h00min AM do dia destinado ao abate do referido lote, onde os animais irão
passar pelo processo de lavagem e esfrega e encaminhados à sala de abate (Figura 16).
A B C
20
Figura 16. Manejo pré-abate dos animais. A) Entrada do galpão de preparo para o abate; B) Interior do galpão;
C) Pesagem dos animais para o romaneio; D) Jacarés após o banho em cloro; E) Lavagem dos jacarés; F) Jacaré
limpo, a ser encaminhado à sala de abate, COOCRIJAPAN, 2017.
4.3 Abate
Os animais são transferidos finalmente de 10 em 10 animais à área interna da sala de
abate, por meio de uma janela de comunicação entre o meio externo e interno à instalação,
desaguando no tanque de recepção, previamente preparado com água clorada (máx. 0,5ppm) e
solução desinfetante a base de iodo (Biofor®) (Figura 17).
A B
C D
D)
E F
21
Figura 17. Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN, 2017.
Os animais são retirados do tanque, apoiados em uma mesa própria adaptada com uma
focinheira que minimiza o stress e evita que o animal tenha movimentos bruscos, onde é
realizado o processo de insensibilização de forma rápida, humanitária e eficaz, por meio de
uma pistola pneumática modelo Zilka, desenvolvida pela Embrapa Pantanal (Figura 18).
Figura 18. Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção de jacarés; B)
Insensibilizador adaptado para atordoamento de jacarés; C) Atordoamento de jacaré-do-pantanal,
COOCRIJAPAN, 2017.
Desenvolvida especialmente para a prática de abate humanitário de jacarés, a pistola
Zilka causa respostas de sensibilidade nos jacarés baseadas em um rápido estado de
inconsciência e incapacidade de respostas a estímulos externos, garantindo a inconsciência até
a sangria. Pode ser usada também para abate de outros animais criados em cativeiro (ovinos e
caprinos) ou animais oriundos de manejo na natureza (CAMPOS, COUTINHO &
OLIVEIRA, 2005).
A B C
22
Após sofrer uma contusão cerebral devido o atordoamento, o animal é alocado em
uma mesa suporte, onde é realizado o corte no fim da nuca, deixando expostas as vertebras
cervicais, onde será realizada a desmedulização, que consiste em cessar os movimentos dos
animais, e posteriormente o animal será içado para que o restante de sangue seja drenado,
momento o qual o animal definitivamente é abatido (Figura 19).
Figura 19. Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor das vértebras
cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de finalização da sangria,
COOCRIJAPAN, 2017.
O próximo passo é a lavagem do animal, aplicação de ácido cítrico (borrifado), e
oclusão do reto com algodão embebido de solução antisséptica à base de iodo (Biofor®), para
que seja realizado o risco da pele (Figura 20), a depender do corte de couro solicitado
previamente, o qual pode ser o corte Belly, caracterizado por destacar a pele ventral do
animal, e Horn Back, o qual evidencia a pele dorsal.
A B C
23
Figura 20. Operações de pendura, higienização, oclusão de reto e riscos de pele. A) Animais após a lavagem; B)
Oclusão prévia do reto com algodão embebido de iodo; C) Risco da pele, corte tipo Horn Back; D) Esterilizador
de facas; E) Cubas de esterilização de ganchos para pendura; F) Biofor®, COOCRIJAPAN, 2017.
Conforme a normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento de n°
914, de 12 de setembro de 2014, durante o abate, deve-se dispor de dispositivos dentro da
instalação, para a higienização de utensílios e equipamentos utilizados no processo, que
promovam a sanitização com água renovável à temperatura mínima de 82,2º C (oitenta e dois
inteiros e dois décimos de graus Celsius) ou o emprego de substâncias saneantes, de forma
que contemple todas as operações. Além disso, facas, chairas e demais utensílios utilizados
devem ser higienizados em intervalos regulares estabelecidos nos programas de autocontrole
da empresa durante os procedimentos da seção. Ainda, nas operações de oclusão de reto, os
instrumentos e facas utilizados devem ser higienizados a cada operação (MAPA, 2014).
Após o risco, as patas são destacadas da carcaça, e o restante segue na linha aérea. Em
um próximo setor, a pele é completamente retirada da carcaça, devido à importância dessa
fase, deve-se um controle preciso da atividade, necessitando de severas observações, onde a
A B C
D E F
24
mão do colaborador que toca na pele para apoiar, não deve ser a mesma que toca no músculo
do animal, evitando a contaminação da carcaça por bactérias, inclusive a Salmonella spp.
Após a retirada, as peles são destinadas à área suja de peles, por meio de uma janela de
comunicação dentro da instalação, onde ocorre a raspagem de restícios de músculo na pele.
Figura 21. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada de pele de jacaré-
do-pantanal; B) Retirada da pele, COOCRIJAPAN, 2017.
A próxima etapa é a retirada das íscas, músculos dos masseteres, parte interna da cabeça
do jacaré, a qual é removida da carcaça, e destinada ao setor de tratamento para artesanatos
(Figura 22).
Figura 22. Retirada das íscas de jacaré. A) Retirada dos masseteres de jacaré-do-pantanal; B) Íscas de jacaré,
COOCRIJAPAN, 2017.
A B
A B
25
Posteriormente ocorre a oclusão do reto e esôfago, para que seja realizada a
evisceração e retirada específica de gordura visceral (Figura 23) e do baço da carcaça, os
quais são armazenados para serem exportados para a indústria farmacêutica do México e do
Japão respectivamente. Após esse processo, ocorre a lavagem e inspeção da carcaça, e
encaminhamento para a área limpa de processamento, onde será realizado a pesagem da
carcaça, e armazenamento em câmara de resfriamento algumas horas (cerca de 4 horas) antes
do processamento (1-5°C) (Figura 24).
Figura 23. Processo de retirada de vísceras de jacaré. A) Retirada das vísceras e gordura da carcaça; B) Vísceras
de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017.
Figura 24. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças de jacaré; C)
Armazenamento em câmara de resfriamento, COOCRIJAPAN, 2017.
A
A B C
B
26
4.4 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal
O processamento da carne e embalagem ocorre no período da tarde, todos os dias em
que se tem o abate de animais (Figura 25), em sala climatizada com temperatura inferior a 10
°C. Tal processamento consiste na desossa específica e divisão em cortes comerciais de carne
de jacaré-do-pantanal (Figura 26).
Figura 25. Realização dos cortes de carne de jacaré. A) Trabalhos na sala de desossa; B) Retirada do corte nobre
de filé de cauda de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017.
Figura 26. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B) Localização dos
cortes, COOCRIJAPAN, 2017.
A B
A
B
27
Assim que desossados, os cortes de jacaré, e os animais separados para serem
comercializados inteiros são encaminhados à sala de embalagem, onde será realizada a
separação em cortes (visto que cada corte possui um rótulo e um valor), pesagem, embalo e
selagem das embalagens devidamente rotuladas.
Figura 27. Pesagem e rotulagem dos cortes de jacaré. A) Cortes de jacaré-do pantanal; B) Ajuste dos cortes nas
embalagens; C) Pesagem e rotulagem específica dos cortes; D) Selagem manual das embalagens contendo carne
de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017.
A B
C D
28
Uma vez embaladas, os pacotes são colocados em caixas, e encaminhados ao túnel de
congelamento rápido, onde as carnes deverão atingir -25°C em até 24 horas. Enquanto isso,
caixas de papelão (embalagens secundárias) são montadas em uma sala anexa, e assim que
retiradas do túnel de congelamento, as embalagens primárias são transferidas para caixas de
papelão (16 embalagens/caixa), contendo o peso total por cortes e o lote devidamente
identificados, encaminhadas ao túnel de resfriamento e armazenamento com temperatura
média inferior à -18°C, permanecendo lá até a expedição (Figura 28).
Figura 28. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de congelamento;
B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e armazenamento, COOCRIJAPAN.
Conforme a Normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA)
N° 914, de 12 de setembro de 2014, produtos congelados devem ser mantidos à temperatura
máxima de -12°C em túneis de congelamento, e não devem ser expedidos produtos
congelados em temperaturas maiores que -12°C (MAPA, 2014).
A expedição é realizada diariamente, a depender do cronograma de entregas da
empresa, e dos clientes que costumam buscar in loco, aproveitando para fazer uma visitação
pela cooperativa (Figura 29).
A B
C
29
Figura 29. Escoamento da produção. A) Expedição; B) Carne de Jacaré da Coocrijapan comercializada em
conceituado Supermercado do Município de Cuiabá, MT.
4.5 Aproveitamento de peles
Uma vez retiradas, as peles são encaminhadas à sala de peles, para a retirada das
placas ósseas e raspagem dos resíduos (Figura 30), que dificultam a secagem em sal (pele
curada). Em cada pele, são perdidos em média 130 g de resíduos.
Figura 30. Tratamento prévio de peles. A) Sala de tratamento prévio de peles; B) Raspagem da pele “crua” de
jacaré, COOCRIJAPAN.
Uma vez com poucos resíduos, as peles são transferidas para o galpão de tratamento de
peles, com produto fungicida e bactericida, onde irão sofrer sucessivas exposições ao sal, para
evitar que ocorra a putrefação da pele, a qual irá sofrer um processo conhecido por
desidratação, a qual impede o crescimento bacteriano e atividade enzimática. Inicialmente as
peles são salgadas em pilha, por sal comum (cloreto de sódio) em substituição a solução de sal
de cromo, antigamente utilizada, adotando mais uma vez, uma política ecologicamente
correta, em temperatura ambiente por volta dos 17°C (Figura 31). Após a secagem, a pele
recebe o lacre da SEMMA (nacional) ou do IBAMA (internacional).
A B
A B
30
Figura 31. Processo de tratamento de peles. A) Peles empilhadas salgadas; B) Peles salgadas secando,
COOCRIJAPAN, 2017.
De acordo com a instrução normativa do Ibama Nº 07/2015, de 30 de Abril de 2015,
partes, produtos e subprodutos de crocodilianos provenientes do manejo realizado sob
qualquer sistema com fins comerciais, a serem alienados ou beneficiados, deverão estar
marcados individualmente com sistema de controle e marcação (lacre), desde que aprovado
pelo Ibama e a venda deverá ser acompanhada de Nota Fiscal fornecida pelo criadouro,
indústria de beneficiamento ou estabelecimento comercial (IBAMA, 2015).
A produção resulta num quantitativo de aproximadamente 80.000 peles/ano,
apresentando-se em dois tipos de cortes de peles: Horn Back e Belly (Figura 32), variando
entre 25 a 50 cm de largura abdominal, podendo ser vendidas processadas (curtida) as quais
restaram no estoque, do antigo consórcio com o curtume Tannery (Cáceres, MT) ou Curadas,
nível mínimo de tratamento para que seja legal a exportação de peles de crocodilianos, a qual
a cooperativa se preocupa regularmente em encaminhar seus produtos à exportação desta
maneira (Figura 33).
A B
31
Figura 32. Peles e couro de jacaré-do-pantanal. A) Cortes de pele de jacaré, Jelly (crua) e Horn Back (curtida);
B) Atual estoque de peles curtidas, COOCRIJAPAN, 2017.
Figura 33. Peles curadas de jacaré, a serem encaminhadas à exportação. A) Dimensionamento do número de
peles a ser transportadas em contêineres para exportação (transporte de navio); B) Peles devidamente curadas e
lacradas (IBAMA), com destino a Leon, México.
A B
A B
32
Ainda conforme a instrução normativa do Ibama Nº 07/2015, de 30 de Abril de 2015, a
exportação de peles das espécies de crocodilianos não poderá ser feita em bruto ou salgada,
sendo que o nível mínimo de curtimento admitido para a exportação será o de pele curada.
As peles do Caiman yacare criados na COOCRIJAPAN são comercializáveis em todo
mundo (Figura 34), fiscalizadas e regulamentadas pela CITES (Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção).
Figura 34. Peles curtidas (couro de jacaré), das mais variadas cores, curtidas por marca famosa, na Itália.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a vida é feita de etapas, e acredito que a oportunidade de ter estagiado
no maior empreendimento comercial de jacarés do Brasil, foi uma das maiores etapas que
pude concluir na vida, consistiu na realização de um grande e antigo sonho, no qual pude
adquirir conhecimentos tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal.
Foi possível inferir a relevância de um profissional Zootecnista na criação de jacarés,
responsável por auxiliar em práticas de manejo nutricional e no bem-estar dos animais, fatores
importantes na sustentabilidade produtiva, e que ainda encontra-se em déficit na referida
Cooperativa, devido a ausência de boas práticas de manejo na criação. A chance de conviver
diariamente com esses animais fantásticos me proporcionou concluir que a jacaricultura me
oferece plenitude e realização pessoal, devido tal potencialidade e incipiência dessa atividade
.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A.C. Descrição morfológica do sistema respiratório e do coração do jacaré-do-
pantanal (Caiman yacare, DAUDIN 1802) proveniente de zoocriatório. 2014. 78 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Universidade Federal de Lavras. Lavras,
MG, 2014.
AZEVEDO, I.C. Análise sensorial e composição centesimal de carne de Jacaré-do-papo-
amarelo (Caiman latirostris) em conserva. 2007. 76 f. Dissertação (Mestrado em Higiene
Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) - Universidade
Federal Fluminense. Niterói, RJ, 2007.
CAMPOS, Z; COUTINHO, M.E.; OLIVEIRA, T.M. Abate Humanitário de Crocodilianos.
Circular Técnica, Embrapa Pantanal, n°59, Ed. 01. Corumbá, MS, 2005.
COUTINHO, M.; CAMPOS, Z. Sistema de Criação e Recria de Jacaré, Caiman crocodilus
yacare, no Pantanal. Comunicado Técnico Embrapa (53), Embrapa Pantanal, 2006.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
Portaria N° 126, de 13 de Fevereiro de 1990.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
Instrução Normativa IBAMA N° 7, 30 de abril de 2015, uso e manejo de fauna silvestre
em cativeiro.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Portaria N° 914, de 12 de
Setembro de 2014.
MOURÃO, G.M. Utilização econômica da Fauna silvestre no Brasil: O exemplo do
Jacaré-do-Pantanal. Artigo de divulgação na mídia, Embrapa Pantanal. 1-4 p. 2000.
PIRAN, C. Propostas para a gestão da qualidade e da segurança do alimento da unidade
processadora de carne de jacaré da Coocrijapan. 2010. 155 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP, 2010.
SOUZA, B.C.S.; SANTOS, G.A.; CAMPOS, R.M.L.C. Carne de jacaré - Revisão de
literatura. Revista Eletrônica Nutritime, Artigo 277, v. 11, n. 06. 3742-3754p. 2014.
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Criação de jacarés na COOCRIJAPAN

  • 1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS DE PARAUAPEBAS NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare) na COOCRIJAPAN - Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal Mato-Grossense, Cáceres-MT PARAUAPEBAS 2017
  • 2. NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare) na COOCRIJAPAN - Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal Mato-Grossense, Cáceres-MT PARAUAPEBAS 2017 Relatório de Estágio Supervisionado Obrigatório apresentado ao departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia. Orientador (a): Profª. Drª. Marília Danyelle Nunes Rodrigues
  • 3. NATALIA BIANCA CAIRES MEDEIROS Acompanhamento em sistema ranching de criação e manejo de Jacaré (Caiman yacare) na COOCRIJAPAN- Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, no Pantanal Mato-Grossense, Cáceres-MT Relatório de Estágio Supervisionado Obrigatório apresentado ao departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia. ________________________________________ Data da Aprovação Banca Examinadora ________________________________________ Orientadora Profª. Drª Marília Danyelle Nunes Rodrigues Universidade Federal Rural Da Amazônia ________________________________________ Membro 1 Prof. Dr Luis Rennan Sampaio Oliveira Universidade Federal Rural Da Amazônia ___________________________________________ Membro 2 Profª. Drª Daiane de Cinque Mariano Universidade Federal Rural Da Amazônia ________________________________________ Membro 3 Prof. Dr Drausio Honorio Morais Universidade Federal Rural Da Amazônia
  • 4. “Somos todos primatas, exceto o jacaré, que é jacaré mesmo”. (Alpho Gordon Ramsay, Coocrijapan)
  • 5. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Marco Inaugural da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN.......................................................................................................................10 Figura 02 – Localização geográfica da sede da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN.......................................................................................................10 Figura 03 – Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................................................................................................11 Figura 04 – Setor Administrativo e de vendas da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................11 Figura 05 – Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................12 Figura 06 – Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C) Sala de processamento de alimentos, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................................................................................................12 Figura 07 – FRIJAPAN, Frigorífico da Coocrijapan. A) Entrada das salas de tratamento de peles, abate e desossa; B) Setor Frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017.......................................13 Figura 08 – Filhotes da Coocrijapan. A) Filhotes sobre monomotor utilizado na transferência desses animais da fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida, COOCRIJAPAN, Cáceres, MT, Safra 2017...........................................................................................................14 Figura 09 – Filhotes Safra 2017. A) Observação de filhotes após a alimentação; B) Filhote com 30 dias, COOCRIJAPAN, 2017........................................................................................15 Figura 10 – Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. A) Animais em recria amontoados; B) Animais em recria dispersos, COOCRIJAPAN, 2017.........................................................15 Figura 11 – Prática de limpeza das baias anti-stress. A) Limpeza diária das baias; B) Limpeza mensal destinada à retirada de lodo das baias, COOCRIJAPAN, 2017...................................16 Figura 12 – Manejo alimentar. A) Fornecimento de dieta; B) Consumo de alimento em baia com controle por tamanho; C) Consumo de alimento em baia separada por idade, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................16 Figura 13 – Vísceras bovinas congeladas fracionadas em pedações menores, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................17 Figura 14 – Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas, prontas para a mistura; B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de mistura em betoneira das vísceras, ração e suplemento mineral, COOCRIJAPAN, 2017.......17
  • 6. Figura 15 – Seleção dos animais a serem encaminhados ao galpão pré-abate. A) Contenção do animal; B) Amarração do focinho; C) Sexagem dos animais para a divisão dos pedidos e ordem de abates no frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................18 Figura 16 – Manejo pré-abate dos animais. A) Entrada do galpão de preparo para o abate; B) Interior do Galpão; C) Pesagem dos animais para o romaneio; D) Jacarés após o banho em cloro; E) Lavagem dos jacarés; F) Jacaré limpo, a ser encaminhado à sala de abate, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................19 Figura 17 – Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................................................................................................20 Figura 18 – Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção de jacarés; B) Insensibilizador adaptado para atordoamento de Jacarés; C) Atordoamento de jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................20 Figura 19 – Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor das vértebras cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de finalização da sangria, COOCRIJAPAN, 2017........................................................................21 Figura 20 – Operações de pendura, higienização, oclusão de reto e riscos de pele. A) Animais após a lavagem; B) Oclusão prévia do reto com algodão embebido de iodo; C) Risco da pele, corte Horn Back; D) Esterilizador de facas; E) Cubas de esterilização de ganchos para pendura; F) Biofor®, COOCRIJAPAN, 2017..........................................................................22 Figura 21. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada de pele de jacaré-do-pantanal; B) Retirada da pele, COOCRIJAPAN, 2017...........................23 Figura 22. Retirada das íscas de jacaré. A) Retirada dos masseteres de jacaré-do-pantanal; B) Íscas de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017....................................................................................23 Figura 23. Processo de retirada de vísceras de jacaré. A) Retirada das vísceras e gordura da carcaça; B) Vísceras de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................24 Figura 24. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças de Jacaré; C) Armazenamento em câmara de resfriamento, COOCRIJAPAN, 2017...................24 Figura 25. Realização dos cortes de carne de jacaré. A) Trabalhos na sala de desossa; B) Retirada do corte nobre de filé de cauda de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017............................25 Figura 26. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B) Localização dos cortes, COOCRIJAPAN, 2017.......................................................................25 Figura 27. Pesagem e rotulagem dos cortes de jacaré. A) Pesagem e rotulagem específica dos cortes; B) Selagem manual das embalagens contendo carne de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017...........................................................................................................................................26
  • 7. Figura 28. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de congelamento; B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e armazenamento, COOCRIJAPAN............................................................................................27 Figura 29. Escoamento da produção. A) Expedição; B) Carne de jacaré da Coocrijapan comercializada em conceituado supermercado do Município de Cuiabá, MT.........................27 Figura 30. Tratamento prévio de peles. A) Sala de tratamento prévio de peles; B) Raspagem da pele “crua” de Jacaré, COOCRIJAPAN..............................................................................28 Figura 31. Processo de tratamento de peles. A) Peles empilhadas salgadas; B) Peles salgadas secando, COOCRIJAPAN, 2017..............................................................................................28 Figura 32. Peles e couro de jacaré-do-pantanal. A) Cortes de pele de jacaré, Jelly (crua) e Horn Back (curtida); B) Atual estoque de peles curtidas (couro) de jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.............................................................................................................29 Figura 33. Peles curadas de jacaré, a serem encaminhadas à exportação. A) Dimensionamento do número de peles a ser transportadas em contêineres para exportação (transporte de navio); B) Peles devidamente curadas e lacradas (IBAMA), com destino a Leon, México.................30 Figura 34 – Peles curtidas, das mais variadas cores, curtidas por marca famosa, na Itália......30
  • 8. SUMÁRIO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO..................................................................................8 1.1 Dados do discente..........................................................................................................8 1.2 Dados da empresa..........................................................................................................8 2 INTRODUÇÃO.............................................................................................................9 3 COOPERATIVA DE CRIADORES DE JACARÉ DO PANTANAL, COOCRIJAPAN.....................................................................................................................10 3.1 Composição da Cooperativa.......................................................................................11 3.2 Instalações....................................................................................................................12 4. ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES..........................................................14 4.1 Práticas de manejo na criação....................................................................................14 4.1.1 Processamento de alimento para os animais.................................................................17 4.2 Manejo Pré-Abate.......................................................................................................18 4.3 Abate.............................................................................................................................20 4.4 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal......................................................26 4.5 Aproveitamento de peles.............................................................................................29 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................33
  • 9. 8 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1.1 IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO NOME: Natalia Bianca Caires Medeiros N° DE MAT.: 2014014709 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CURSO DE GRADUAÇÃO: Zootecnia TURMA: 2014 FUNÇÃO: Estagiária em produção animal e boas práticas de fabricação de carne. PERÍODO DE ESTÁGIO: 01/05/2017 a 16/06/2017 1.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA EMPRESA: Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, Ltda. ENDEREÇO: Avenida Tannery, Quadra Industrial 2/1, Sn. BAIRRO: Setor Industrial CIDADE: Cáceres - MT CEP: 78.200-000 CNPJ: 36.966.380/0001-60 FONE: (65) 3224-2222 EMAIL: coocrijapan@coocrijapan.com.br
  • 10. 9 2. INTRODUÇÃO A cadeia produtiva brasileira de criação de jacarés em cativeiro apresentou crescimento gradual a partir da portaria 126/1990 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a qual regulamenta a utilização de jacaré do Pantanal (Caiman yacare) em sistemas de criação com finalidade comercial (AZEVEDO, 2007; PIRAN, 2010). Conforme Souza et al. (2014), o Brasil apresenta-se como país detentor de condições favoráveis à exploração de forma consciente e sustentável de crocodilianos nativos, a qual já ocorre por meio de criatórios licenciados, comprometidos em manter a biodiversidade, contribuindo de certa forma para a conservação além de proporcionar mais uma opção de fonte proteica de origem animal. No entanto, sistemas intensivos de produção de jacaré para o Pantanal Mato-Grossense não são perspectivas ou sequer idealizados, devido à condição limitante da região, a qual apresenta instabilidade ambiental, e dificuldades de escoamento da produção, favorecendo a produção extensiva e semi-extensiva (COUTINHO & CAMPOS, 2006). No Centro-Oeste brasileiro, na década de 90, produtores rurais interessados em produzir jacaré do pantanal, conquistaram licenças junto ao IBAMA, que garantiram o estabelecimento de criadores comerciais (MOURÃO, 2000). A COOCRIJAPAN, Cooperativa de Criadores de jacaré-do-pantanal, localizada no Município de Cáceres, no Mato Grosso, atua no ramo da produção em cativeiro de jacaré no sistema semi-intensivo (Ranching), onde os ovos dos animais são coletados nas propriedades dos cooperados, transportados até a sede com a finalidade de criação e abate (PIRAN, 2010). A cooperativa é considerada o empreendimento mais organizado da cadeia de produção de jacaré do pantanal, por dominar absolutamente todos os elos da cadeia produtiva, inclusive de frigorífico com registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), responsável pelo abate dos animais, destinados à comercialização de pele e carne (PIRAN, 2010). O jacaré-do-pantanal se trata de uma espécie com grande potencial econômico, ressaltando a importância da promoção de conhecimentos mais consolidados, que possam vir a facilitar no manejo e consequente exploração comercial (ALVES, 2014). Devido ao crescimento gradual da produção em cativeiro de espécies silvestres de interesse comercial, como é o caso do jacaré do Pantanal, o objetivo deste relatório baseia-se em retratar as atividades desempenhadas no âmbito de manejo e processamento de carnes, em um dos maiores criatório-frigoríficos de crocodilianos do mundo, e o primeiro com Serviço de Inspeção Federal - SIF do Brasil, a COOCRIJAPAN.
  • 11. 10 3. COOPERATIVA DE CRIADORES DE JACARÉ DO PANTANAL, COOCRIJAPAN A Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal Ltda, foi fundada em 1991 (Figura 01), por um grupo de fazendeiros do pantanal, preocupados com a conservação do meio ambiente e com o intuito de preservar o jacaré (Caiman yacare), bem como criar uma fonte de renda alternativa, de forma a aproveitar racionalmente um recurso natural e sustentável. Figura 01. Marco Inaugural da Cooperativa dos Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN. A COOCRIJAPAN localiza-se na Avenida Tannery, S/n°, Quadra Industrial, no Bairro Setor Industrial, CEP: 78.200-000, no Município de Cáceres, MT, Coordenadas geográficas: DATUM SIRGAS2000 - W: 57°42’08,90’’ - S: 16°07’32,50’’ (Figura 02). Figura 02. Localização geográfica da sede da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN.
  • 12. 11 O setor de criação, frigorífico e administrativo da Coocrijapan possui área de 12 hectares, que ao longo dos seus 26 anos de existência vêm investindo em infraestrutura, equipamentos, pesquisas e inovação no que se refere à criação e abate de Jacarés (Figura 03). Figura 03. Vista aérea da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017. 3.1 Composição da Cooperativa A COOCRIJAPAN conta atualmente com 22 cooperados e conta com um quadro de 33 colaboradores (Figura 04), possui o primeiro frigorífico com abate aéreo da América Latina e o primeiro do Brasil com S.I.F - Serviço de Inspeção Federal sob o número 2452, com uma capacidade de produção instalada de aproximadamente 80.000 animais ano-1. Figura 04. Setor Administrativo e de vendas da Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal, COOCRIJAPAN, 2017.
  • 13. 12 3.2 Instalações A área da criação contém 07 galpões cobertos com telhas de amianto, vitrôs e porta, onde destes, 06 galpões são destinados à criação, e 01 para preparo ao abate. Tais galpões cobertos contam com 42 tanques de superfície (animais de 60 dias até um ano) e 22 sobrepostos (até 60 dias de vida) (Figura 05). Figura 05. Tanques internos. A) Tanques de superfície; B) Tanques sobrepostos, COOCRIJAPAN, 2017. Além destas, a criação possui e utiliza 26 baias redondas anti-stress, com diâmetro de 50m, pé direito de 60cm, e teto coberto por sombrite 70%, que se estende até à altura média do pé direito em dias de frio (durante o inverno). Dentre as instalações, ocorre a utilização de 02 áreas com recinto aberto para o bem estar animal, destinado aos animais com problemas de locomoção e 01 sala de processamento do alimento a ser fornecido aos animais (Figura 06). A B
  • 14. 13 Figura 06. Baias, recinto e sala de processamento. A) Baias anti-stress; B) Recinto aberto; C) Sala de processamento de alimentos, COOCRIJAPAN, 2017. Quanto ao setor frigorífico, o mesmo conta com sala de abate, sala de tratamento prévio de peles e sala de desossa, a qual possui câmara de resfriamento, setor de pesagem e embalagem, túnel de congelamento e sala refrigerada para o armazenamento das caixas contendo as embalagens. O FRIJAPAN (Frigorífico da Coocrijapan) possui capacidade de abate diário de até 300 animais por dia (Figura 07). Figura 07. FRIJAPAN, Frigorífico da Coocrijapan. A) Entrada das salas de tratamento de peles, abate e desossa; B) Setor Frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017. B C A B A
  • 15. 14 4. ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES Diversas foram às atividades acompanhadas, dentre elas ressalta-se o manejo de filhotes em fase de cria, animais em recria e engorda-terminação. Dentre as práticas de manejo destaca-se a limpeza e assepsia regular de baias, tratamento de lesões, divisão em baias por tamanho (biometria visual mensal) e sexo (baias de machos e de fêmeas) e alimentação. Quanto às atividades referentes ao abate, foi possível acompanhar minunciosamente o manejo pré-abate dos animais (24 - 48h), o abate humanitário propriamente dito, e as boas práticas de processamento de carne de Jacaré do Pantanal. Quanto às peles de jacaré, foi possível colaborar com o processamento prévio, tratamento das peles e encaminhamento à exportação, para curtume especializado no México. 4.1 Práticas de manejo na criação A criação, divide-se em 03 fases: cria dos filhotes (até 60 dias), animais em recria (61 dias a 1 ano) e engorda-terminação (1 a 2 anos). Após a coleta e eclosão dos ovos nas fazendas pantaneiras (13 fazendas), os animais são encaminhados até à sede da Coocrijapan em monomotor, impreterivelmente nos primeiros dias de vida, em voos com duração máxima de 3 horas. Ao chegar ao criatório, são transferidos para baias sobrepostas localizadas no galpão de número 01, e lá, são alimentados exclusivamente com vísceras bovinas finamente moídas. A limpeza das baias dos filhotes ocorre apenas 01 vez ao dia, com o intuito de evitar o estresse, que se encontram geralmente em fase de cria no período do inverno, onde em dias mais frios, o consumo de alimentos desses animais fica reduzido, possuindo pouca reserva corporal e que, conforme os tratadores trata-se de uma das fases de maior preocupação devido à elevada mortalidade (Figura 08). Figura 08. Filhotes da Coocrijapan. A) Filhote sobre monomotor utilizado na transferência desses animais da fazenda ao criatório; B) Filhotes com 28 dias de vida, COOCRIJAPAN, Cáceres, MT, Safra 2017. A B
  • 16. 15 Após o consumo de todo o alimento, cerca de 6 horas após o fornecimento, as baias sobrepostas são limpas, e durante o processo, verificamos o estado da região do vazio dos animais (abdômen) para verificar se todos de fato tiveram a oportunidade de consumir o alimento (Figura 09). Os animais permanecem alojados em mini baias de 1m x 1,5m em lotes de 60 animais em média e são alimentados com cerca de 1kg baia -1 de filhotes dia -1. Figura 09. Filhotes safra 2017. A) Observação de filhotes após a alimentação; B) Filhote com 30 dias, COOCRIJAPAN, 2017. Quanto aos animais em recria (Figura 10), estes são alojados em baias sob as baias de cria, as quais são higienizadas uma vez ao dia, e alimentados a cada 02 dias, com densidade média de um animal/0,25m², consumindo cerca de 0,400 kg animal-1. Figura 10. Animais em fase de recria, Safra 2015-2016. A) Animais em recria amontoados; B) Jacaré albino (Bento), mascote da Coocrijapan, às vésperas de negociação de venda, COOCRIJAPAN, 2017. A B A B
  • 17. 16 Os animais com mais de 1 ano, são transferidos para as baias redondas anti-stress, devido à importância e necessidade em manter maior cuidado com os animais nesta fase, visto seus comportamentos estereotipados constantes, indicadores de stress. A limpeza comum das baias ocorre diariamente, de segunda a sábado, geralmente todas as manhãs, realizada por 02 funcionários trajados de avental plástico, botas de plástico, luvas, vassoura e rodo/baia. Entretanto, a cada 30 dias é retirado o lodo do piso por meio de uma lavadora de pressão, sem o uso de produtos químicos (Figura 11). Figura 11. Prática de limpeza das baias anti-stress. A) Limpeza diária das baias; B) Limpeza mensal destinada à retirada de lodo das baias, COOCRIJAPAN, 2017. Os animais em fase de engorda são alimentados pela tarde a cada 02 dias (Figura 12). Figura 12. Manejo alimentar. A) Fornecimento de dieta; B) Consumo de alimento em baia com controle por tamanho; C) Consumo de alimento em baia separada por idade, COOCRIJAPAN, 2017. A B B C A
  • 18. 17 Os animais mutilados, devido a prática de canibalismo, são transferidos para os galpões, em baias menores próximas a recria, para o devido tratamento à base de permanganato de potássio, e pequenas intervenções cirúrgicas. 4.1.1 Processamento de alimento para os animais Devido ao hábito carnívoro dos crocodilianos, na COOCRIJAPAN são fornecidas vísceras bovinas, provenientes de um abatedouro localizado no Município de Cuiabá, o qual fornece semanalmente 01 tonelada de vísceras congeladas, que serão cortadas em frações menores (Figura 13), passíveis de serem moídas, e misturadas a suplemento mineral e ração de peixe carnívoro com cerca de 50% de PB, por meio de mistura em equipamento betoneira. Fornecidos apenas para animais em fase de engorda/terminação, a cada 02 dias. Para filhotes e animais em recria são fornecidas exclusivamente vísceras bovinas (Figura 14). Figura 13. Vísceras bovinas congeladas fracionadas em pedações menores, COOCRIJAPAN, 2017.
  • 19. 18 Figura 14. Alimentos fornecidos aos Jacarés da COOCRIJAPAN. A) Vísceras moídas, prontas para a mistura; B) Ração para peixe, 50%PB; C) Suplemento Mineral; D) Processo de mistura em betoneira das vísceras, ração e suplemento mineral, COOCRIJAPAN, 2017. 4.2 Manejo Pré-Abate O manejo pré-abate consiste na prática de selecionar e transferir das baias redondas ao galpão de preparo ao abate com cerca de 48 horas de antecedência, os animais que serão abatidos posteriormente (Figura 15). Essa seleção irá depender dos pedidos encaminhados do setor de vendas para a administração da criação. Caso os pedidos sejam referentes a algum corte específico, como o filé de cauda, serão selecionados machos maiores, caso seja coxa desossada, serão selecionadas fêmeas maiores, pedidos específicos de animais inteiros para eventos de churrasco prefere-se animais com cerca de 1 ano e 8 meses, e dependendo do comprimento do couro solicitado, pode-se abater animais mais jovens ou mais velhos. CBA
  • 20. 19 Figura 15. Seleção dos animais a serem encaminhados ao galpão pré-abate. A) Contenção do animal; B) Amarração do focinho; C) Sexagem dos animais para a divisão dos pedidos e ordem de abates no frigorífico, COOCRIJAPAN, 2017. Os animais são transferidos em tambores plásticos adaptados com rodas até ao galpão de preparo ao abate, são pesados em grupos de 10 animais, para que possa ser realizado o romaneio, e após esta etapa, são colocados em tanques azulejados para o jejum de 48 horas, assim como o tratamento com água clorada (5ppm) às 12h00 min AM do dia anterior ao abate, até as 07h00min AM do dia destinado ao abate do referido lote, onde os animais irão passar pelo processo de lavagem e esfrega e encaminhados à sala de abate (Figura 16). A B C
  • 21. 20 Figura 16. Manejo pré-abate dos animais. A) Entrada do galpão de preparo para o abate; B) Interior do galpão; C) Pesagem dos animais para o romaneio; D) Jacarés após o banho em cloro; E) Lavagem dos jacarés; F) Jacaré limpo, a ser encaminhado à sala de abate, COOCRIJAPAN, 2017. 4.3 Abate Os animais são transferidos finalmente de 10 em 10 animais à área interna da sala de abate, por meio de uma janela de comunicação entre o meio externo e interno à instalação, desaguando no tanque de recepção, previamente preparado com água clorada (máx. 0,5ppm) e solução desinfetante a base de iodo (Biofor®) (Figura 17). A B C D D) E F
  • 22. 21 Figura 17. Animais imersos em cloro e iodo, no tanque de recepção, COOCRIJAPAN, 2017. Os animais são retirados do tanque, apoiados em uma mesa própria adaptada com uma focinheira que minimiza o stress e evita que o animal tenha movimentos bruscos, onde é realizado o processo de insensibilização de forma rápida, humanitária e eficaz, por meio de uma pistola pneumática modelo Zilka, desenvolvida pela Embrapa Pantanal (Figura 18). Figura 18. Atordoamento de jacarés-do-pantanal. A) Focinheira adaptada para contenção de jacarés; B) Insensibilizador adaptado para atordoamento de jacarés; C) Atordoamento de jacaré-do-pantanal, COOCRIJAPAN, 2017. Desenvolvida especialmente para a prática de abate humanitário de jacarés, a pistola Zilka causa respostas de sensibilidade nos jacarés baseadas em um rápido estado de inconsciência e incapacidade de respostas a estímulos externos, garantindo a inconsciência até a sangria. Pode ser usada também para abate de outros animais criados em cativeiro (ovinos e caprinos) ou animais oriundos de manejo na natureza (CAMPOS, COUTINHO & OLIVEIRA, 2005). A B C
  • 23. 22 Após sofrer uma contusão cerebral devido o atordoamento, o animal é alocado em uma mesa suporte, onde é realizado o corte no fim da nuca, deixando expostas as vertebras cervicais, onde será realizada a desmedulização, que consiste em cessar os movimentos dos animais, e posteriormente o animal será içado para que o restante de sangue seja drenado, momento o qual o animal definitivamente é abatido (Figura 19). Figura 19. Processo de desmedulização e sangria de jacarés-do-pantanal. A) Corte expositor das vértebras cervicais; B) Processo de desmedulização; C) Animais içados, em processo de finalização da sangria, COOCRIJAPAN, 2017. O próximo passo é a lavagem do animal, aplicação de ácido cítrico (borrifado), e oclusão do reto com algodão embebido de solução antisséptica à base de iodo (Biofor®), para que seja realizado o risco da pele (Figura 20), a depender do corte de couro solicitado previamente, o qual pode ser o corte Belly, caracterizado por destacar a pele ventral do animal, e Horn Back, o qual evidencia a pele dorsal. A B C
  • 24. 23 Figura 20. Operações de pendura, higienização, oclusão de reto e riscos de pele. A) Animais após a lavagem; B) Oclusão prévia do reto com algodão embebido de iodo; C) Risco da pele, corte tipo Horn Back; D) Esterilizador de facas; E) Cubas de esterilização de ganchos para pendura; F) Biofor®, COOCRIJAPAN, 2017. Conforme a normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento de n° 914, de 12 de setembro de 2014, durante o abate, deve-se dispor de dispositivos dentro da instalação, para a higienização de utensílios e equipamentos utilizados no processo, que promovam a sanitização com água renovável à temperatura mínima de 82,2º C (oitenta e dois inteiros e dois décimos de graus Celsius) ou o emprego de substâncias saneantes, de forma que contemple todas as operações. Além disso, facas, chairas e demais utensílios utilizados devem ser higienizados em intervalos regulares estabelecidos nos programas de autocontrole da empresa durante os procedimentos da seção. Ainda, nas operações de oclusão de reto, os instrumentos e facas utilizados devem ser higienizados a cada operação (MAPA, 2014). Após o risco, as patas são destacadas da carcaça, e o restante segue na linha aérea. Em um próximo setor, a pele é completamente retirada da carcaça, devido à importância dessa fase, deve-se um controle preciso da atividade, necessitando de severas observações, onde a A B C D E F
  • 25. 24 mão do colaborador que toca na pele para apoiar, não deve ser a mesma que toca no músculo do animal, evitando a contaminação da carcaça por bactérias, inclusive a Salmonella spp. Após a retirada, as peles são destinadas à área suja de peles, por meio de uma janela de comunicação dentro da instalação, onde ocorre a raspagem de restícios de músculo na pele. Figura 21. Retirada das peles das carcaças de jacaré. A) Observação das práticas de retirada de pele de jacaré- do-pantanal; B) Retirada da pele, COOCRIJAPAN, 2017. A próxima etapa é a retirada das íscas, músculos dos masseteres, parte interna da cabeça do jacaré, a qual é removida da carcaça, e destinada ao setor de tratamento para artesanatos (Figura 22). Figura 22. Retirada das íscas de jacaré. A) Retirada dos masseteres de jacaré-do-pantanal; B) Íscas de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017. A B A B
  • 26. 25 Posteriormente ocorre a oclusão do reto e esôfago, para que seja realizada a evisceração e retirada específica de gordura visceral (Figura 23) e do baço da carcaça, os quais são armazenados para serem exportados para a indústria farmacêutica do México e do Japão respectivamente. Após esse processo, ocorre a lavagem e inspeção da carcaça, e encaminhamento para a área limpa de processamento, onde será realizado a pesagem da carcaça, e armazenamento em câmara de resfriamento algumas horas (cerca de 4 horas) antes do processamento (1-5°C) (Figura 24). Figura 23. Processo de retirada de vísceras de jacaré. A) Retirada das vísceras e gordura da carcaça; B) Vísceras de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017. Figura 24. Pesagem de carcaça e armazenamento. A) e B) Pesagem e pendura das carcaças de jacaré; C) Armazenamento em câmara de resfriamento, COOCRIJAPAN, 2017. A A B C B
  • 27. 26 4.4 Processamento da Carne de Jacaré do Pantanal O processamento da carne e embalagem ocorre no período da tarde, todos os dias em que se tem o abate de animais (Figura 25), em sala climatizada com temperatura inferior a 10 °C. Tal processamento consiste na desossa específica e divisão em cortes comerciais de carne de jacaré-do-pantanal (Figura 26). Figura 25. Realização dos cortes de carne de jacaré. A) Trabalhos na sala de desossa; B) Retirada do corte nobre de filé de cauda de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017. Figura 26. Cortes de jacaré e localização dos mesmos. A) Cortes Funcionais de jacaré; B) Localização dos cortes, COOCRIJAPAN, 2017. A B A B
  • 28. 27 Assim que desossados, os cortes de jacaré, e os animais separados para serem comercializados inteiros são encaminhados à sala de embalagem, onde será realizada a separação em cortes (visto que cada corte possui um rótulo e um valor), pesagem, embalo e selagem das embalagens devidamente rotuladas. Figura 27. Pesagem e rotulagem dos cortes de jacaré. A) Cortes de jacaré-do pantanal; B) Ajuste dos cortes nas embalagens; C) Pesagem e rotulagem específica dos cortes; D) Selagem manual das embalagens contendo carne de jacaré, COOCRIJAPAN, 2017. A B C D
  • 29. 28 Uma vez embaladas, os pacotes são colocados em caixas, e encaminhados ao túnel de congelamento rápido, onde as carnes deverão atingir -25°C em até 24 horas. Enquanto isso, caixas de papelão (embalagens secundárias) são montadas em uma sala anexa, e assim que retiradas do túnel de congelamento, as embalagens primárias são transferidas para caixas de papelão (16 embalagens/caixa), contendo o peso total por cortes e o lote devidamente identificados, encaminhadas ao túnel de resfriamento e armazenamento com temperatura média inferior à -18°C, permanecendo lá até a expedição (Figura 28). Figura 28. Embalagens primárias e secundárias. A) Embalagens primárias no túnel de congelamento; B) Armazenamento de embalagens secundárias; C) Túnel de resfriamento e armazenamento, COOCRIJAPAN. Conforme a Normativa do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA) N° 914, de 12 de setembro de 2014, produtos congelados devem ser mantidos à temperatura máxima de -12°C em túneis de congelamento, e não devem ser expedidos produtos congelados em temperaturas maiores que -12°C (MAPA, 2014). A expedição é realizada diariamente, a depender do cronograma de entregas da empresa, e dos clientes que costumam buscar in loco, aproveitando para fazer uma visitação pela cooperativa (Figura 29). A B C
  • 30. 29 Figura 29. Escoamento da produção. A) Expedição; B) Carne de Jacaré da Coocrijapan comercializada em conceituado Supermercado do Município de Cuiabá, MT. 4.5 Aproveitamento de peles Uma vez retiradas, as peles são encaminhadas à sala de peles, para a retirada das placas ósseas e raspagem dos resíduos (Figura 30), que dificultam a secagem em sal (pele curada). Em cada pele, são perdidos em média 130 g de resíduos. Figura 30. Tratamento prévio de peles. A) Sala de tratamento prévio de peles; B) Raspagem da pele “crua” de jacaré, COOCRIJAPAN. Uma vez com poucos resíduos, as peles são transferidas para o galpão de tratamento de peles, com produto fungicida e bactericida, onde irão sofrer sucessivas exposições ao sal, para evitar que ocorra a putrefação da pele, a qual irá sofrer um processo conhecido por desidratação, a qual impede o crescimento bacteriano e atividade enzimática. Inicialmente as peles são salgadas em pilha, por sal comum (cloreto de sódio) em substituição a solução de sal de cromo, antigamente utilizada, adotando mais uma vez, uma política ecologicamente correta, em temperatura ambiente por volta dos 17°C (Figura 31). Após a secagem, a pele recebe o lacre da SEMMA (nacional) ou do IBAMA (internacional). A B A B
  • 31. 30 Figura 31. Processo de tratamento de peles. A) Peles empilhadas salgadas; B) Peles salgadas secando, COOCRIJAPAN, 2017. De acordo com a instrução normativa do Ibama Nº 07/2015, de 30 de Abril de 2015, partes, produtos e subprodutos de crocodilianos provenientes do manejo realizado sob qualquer sistema com fins comerciais, a serem alienados ou beneficiados, deverão estar marcados individualmente com sistema de controle e marcação (lacre), desde que aprovado pelo Ibama e a venda deverá ser acompanhada de Nota Fiscal fornecida pelo criadouro, indústria de beneficiamento ou estabelecimento comercial (IBAMA, 2015). A produção resulta num quantitativo de aproximadamente 80.000 peles/ano, apresentando-se em dois tipos de cortes de peles: Horn Back e Belly (Figura 32), variando entre 25 a 50 cm de largura abdominal, podendo ser vendidas processadas (curtida) as quais restaram no estoque, do antigo consórcio com o curtume Tannery (Cáceres, MT) ou Curadas, nível mínimo de tratamento para que seja legal a exportação de peles de crocodilianos, a qual a cooperativa se preocupa regularmente em encaminhar seus produtos à exportação desta maneira (Figura 33). A B
  • 32. 31 Figura 32. Peles e couro de jacaré-do-pantanal. A) Cortes de pele de jacaré, Jelly (crua) e Horn Back (curtida); B) Atual estoque de peles curtidas, COOCRIJAPAN, 2017. Figura 33. Peles curadas de jacaré, a serem encaminhadas à exportação. A) Dimensionamento do número de peles a ser transportadas em contêineres para exportação (transporte de navio); B) Peles devidamente curadas e lacradas (IBAMA), com destino a Leon, México. A B A B
  • 33. 32 Ainda conforme a instrução normativa do Ibama Nº 07/2015, de 30 de Abril de 2015, a exportação de peles das espécies de crocodilianos não poderá ser feita em bruto ou salgada, sendo que o nível mínimo de curtimento admitido para a exportação será o de pele curada. As peles do Caiman yacare criados na COOCRIJAPAN são comercializáveis em todo mundo (Figura 34), fiscalizadas e regulamentadas pela CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção). Figura 34. Peles curtidas (couro de jacaré), das mais variadas cores, curtidas por marca famosa, na Itália. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a vida é feita de etapas, e acredito que a oportunidade de ter estagiado no maior empreendimento comercial de jacarés do Brasil, foi uma das maiores etapas que pude concluir na vida, consistiu na realização de um grande e antigo sonho, no qual pude adquirir conhecimentos tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal. Foi possível inferir a relevância de um profissional Zootecnista na criação de jacarés, responsável por auxiliar em práticas de manejo nutricional e no bem-estar dos animais, fatores importantes na sustentabilidade produtiva, e que ainda encontra-se em déficit na referida Cooperativa, devido a ausência de boas práticas de manejo na criação. A chance de conviver diariamente com esses animais fantásticos me proporcionou concluir que a jacaricultura me oferece plenitude e realização pessoal, devido tal potencialidade e incipiência dessa atividade .
  • 34. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A.C. Descrição morfológica do sistema respiratório e do coração do jacaré-do- pantanal (Caiman yacare, DAUDIN 1802) proveniente de zoocriatório. 2014. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG, 2014. AZEVEDO, I.C. Análise sensorial e composição centesimal de carne de Jacaré-do-papo- amarelo (Caiman latirostris) em conserva. 2007. 76 f. Dissertação (Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, 2007. CAMPOS, Z; COUTINHO, M.E.; OLIVEIRA, T.M. Abate Humanitário de Crocodilianos. Circular Técnica, Embrapa Pantanal, n°59, Ed. 01. Corumbá, MS, 2005. COUTINHO, M.; CAMPOS, Z. Sistema de Criação e Recria de Jacaré, Caiman crocodilus yacare, no Pantanal. Comunicado Técnico Embrapa (53), Embrapa Pantanal, 2006. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Portaria N° 126, de 13 de Fevereiro de 1990. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Instrução Normativa IBAMA N° 7, 30 de abril de 2015, uso e manejo de fauna silvestre em cativeiro. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Portaria N° 914, de 12 de Setembro de 2014. MOURÃO, G.M. Utilização econômica da Fauna silvestre no Brasil: O exemplo do Jacaré-do-Pantanal. Artigo de divulgação na mídia, Embrapa Pantanal. 1-4 p. 2000. PIRAN, C. Propostas para a gestão da qualidade e da segurança do alimento da unidade processadora de carne de jacaré da Coocrijapan. 2010. 155 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP, 2010. SOUZA, B.C.S.; SANTOS, G.A.; CAMPOS, R.M.L.C. Carne de jacaré - Revisão de literatura. Revista Eletrônica Nutritime, Artigo 277, v. 11, n. 06. 3742-3754p. 2014.
  • 35. 34