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A expansão marítima portuguesa
O início da expansão portuguesa
No início do séc. XV Portugal era um reino pobre mas independente. Era
preciso procurar ouro, prata e cereais que faltavam no reino. E como não
podiam alargar o seu território para território castelhano, restava o caminho do
mar.
Os grupos que se interessaram pela procura de novos territórios foram:
•
A burguesia que procurava riqueza e novos mercados;
•
O clero que queria converter outros povos ao cristianismo;
•
A nobreza que desejava aumentar os seus títulos;
•
O povo que procurava melhorar as condições de vida.
Em 1415, D. João I, acompanhado pelos seus dois filhos D. Duarte, D.
Pedro e D. Henrique partiu de Lisboa em direcção ao norte de África e
conquistou Ceuta. A conquista de Ceuta marca o início da expansão
portuguesa. Mas esta conquista não resolveu a situação do reino porque os
Mouros desviaram as rotas depois da conquista de Ceuta. Tornava-se então
necessário descobrir o local de origem dos produtos que os Mouros
comercializavam.

Uma aventura incomparável
No séc. XV os mercadores e aventureiros tinham criado inúmeras lendas
acerca do mundo desconhecido. Dizia-se que quem navegasse para sul ao
longo da costa africana seria engolido pelo mar tenebroso e que nessa zona
grandes ondas e monstros marinhos afundavam os barcos que lhe fizessem
frente. Também segundo a lenda, em terras desconhecidas viviam seres
maravilhosos e fantásticos ou animais estranhos e homens monstruosos de um
só olho que atacavam quem se aproximasse deles.
Todas estas lendas enchiam de medo os navegadores e tornaram os
Descobrimentos Portugueses numa aventura incomparável.

De Portugal à serra Leoa
Três anos depois da conquista de Ceuta já os portugueses navegavam
para sul. A tarefa de organizar essas viagens coube ao Infante D. Henrique. Ele
foi o responsável pelos Descobrimentos portugueses durante os reinados do
seu pai (D. João I), do seu irmão (D. Duarte) e parte do reinado do seu
sobrinho (D. Afonso V). Nomeado mestre da Ordem de Cristo (em 1420) julgase que terá utilizado os rendimentos dessa ordem e os seus próprios para
armar navios e pagar aos marinheiros.
Quando em 1460 o infante D. Henrique morreu, já os navegadores
portugueses tinham chegado à Serra Leoa.
As viagens dos portugueses contribuíram para acabar com muitas
lendas e superstições quanto aos mares, aos povos e às terras longínquas. Por
exemplo, aquilo que se pensava ser acção de monstros fantásticos não era
mais do que a acção dos ventos contrários e correntes marítimas.
ANO
ACONTECIMENTOS
1419
1427

São descobertas as ilhas de Porto Santo e Madeira por João
Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira
É descoberto o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves

1434

Gil Eanes dobra o Cabo Bojador

1436

Afonso Baldaia chega à Pedra de Galé e ao Rio de Ouro

1443

Nuno Tristão chega ao golfo de Arguim.
Infante D. Henrique instala-se no Algarve e daí passa a controlar
as actividades marítimas
Possível descoberta do arquipélago de Cabo Verde por Diogo
Gomes e Cadamosto.
Pedro Cintra chega à Serra Leoa

1456
1460

Técnicas de navegação
A dificuldade de navegar junto à costa e a necessidade de atravessar
correntes marítimas contrárias mostrou aos marinheiros que os navios que
costumavam usar (barca, barinel e galé) não eram os mais apropriados para
navegar no mar alto. Por isso, ainda no tempo de D. Afonso Henrique passou a
usar-se a Caravela.
A caravela era um navio inovador com velas triangulares que se podiam
manobrar de um lado para o outro do mastro. Isto permitia-lhe “bolinar”, isto é,
navegar com ventos contrários.
Quando navegavam no alto mar, orientavam-se pelos astros (Estrela
Polar e Sol), utilizando por isso instrumentos próprios como: Qadrante,
astrolábio e balestilha.
Com as indicações que os navegadores traziam desenhavam-se cartas
náuticas. Com estas cartas, os navegadores já saberiam qual a melhor
direcção a seguir em viagens futuras.
Paralelamente às viagens marítimas desenvolviam-se a cartografia, a
astronomia e a matemática.

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A expansão marítima portuguesa

  • 1. A expansão marítima portuguesa O início da expansão portuguesa No início do séc. XV Portugal era um reino pobre mas independente. Era preciso procurar ouro, prata e cereais que faltavam no reino. E como não podiam alargar o seu território para território castelhano, restava o caminho do mar. Os grupos que se interessaram pela procura de novos territórios foram: • A burguesia que procurava riqueza e novos mercados; • O clero que queria converter outros povos ao cristianismo; • A nobreza que desejava aumentar os seus títulos; • O povo que procurava melhorar as condições de vida. Em 1415, D. João I, acompanhado pelos seus dois filhos D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique partiu de Lisboa em direcção ao norte de África e conquistou Ceuta. A conquista de Ceuta marca o início da expansão portuguesa. Mas esta conquista não resolveu a situação do reino porque os Mouros desviaram as rotas depois da conquista de Ceuta. Tornava-se então necessário descobrir o local de origem dos produtos que os Mouros comercializavam. Uma aventura incomparável No séc. XV os mercadores e aventureiros tinham criado inúmeras lendas acerca do mundo desconhecido. Dizia-se que quem navegasse para sul ao longo da costa africana seria engolido pelo mar tenebroso e que nessa zona grandes ondas e monstros marinhos afundavam os barcos que lhe fizessem frente. Também segundo a lenda, em terras desconhecidas viviam seres maravilhosos e fantásticos ou animais estranhos e homens monstruosos de um só olho que atacavam quem se aproximasse deles. Todas estas lendas enchiam de medo os navegadores e tornaram os Descobrimentos Portugueses numa aventura incomparável. De Portugal à serra Leoa Três anos depois da conquista de Ceuta já os portugueses navegavam para sul. A tarefa de organizar essas viagens coube ao Infante D. Henrique. Ele foi o responsável pelos Descobrimentos portugueses durante os reinados do seu pai (D. João I), do seu irmão (D. Duarte) e parte do reinado do seu sobrinho (D. Afonso V). Nomeado mestre da Ordem de Cristo (em 1420) julgase que terá utilizado os rendimentos dessa ordem e os seus próprios para armar navios e pagar aos marinheiros. Quando em 1460 o infante D. Henrique morreu, já os navegadores portugueses tinham chegado à Serra Leoa. As viagens dos portugueses contribuíram para acabar com muitas lendas e superstições quanto aos mares, aos povos e às terras longínquas. Por
  • 2. exemplo, aquilo que se pensava ser acção de monstros fantásticos não era mais do que a acção dos ventos contrários e correntes marítimas. ANO ACONTECIMENTOS 1419 1427 São descobertas as ilhas de Porto Santo e Madeira por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira É descoberto o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves 1434 Gil Eanes dobra o Cabo Bojador 1436 Afonso Baldaia chega à Pedra de Galé e ao Rio de Ouro 1443 Nuno Tristão chega ao golfo de Arguim. Infante D. Henrique instala-se no Algarve e daí passa a controlar as actividades marítimas Possível descoberta do arquipélago de Cabo Verde por Diogo Gomes e Cadamosto. Pedro Cintra chega à Serra Leoa 1456 1460 Técnicas de navegação A dificuldade de navegar junto à costa e a necessidade de atravessar correntes marítimas contrárias mostrou aos marinheiros que os navios que costumavam usar (barca, barinel e galé) não eram os mais apropriados para navegar no mar alto. Por isso, ainda no tempo de D. Afonso Henrique passou a usar-se a Caravela. A caravela era um navio inovador com velas triangulares que se podiam manobrar de um lado para o outro do mastro. Isto permitia-lhe “bolinar”, isto é, navegar com ventos contrários. Quando navegavam no alto mar, orientavam-se pelos astros (Estrela Polar e Sol), utilizando por isso instrumentos próprios como: Qadrante, astrolábio e balestilha. Com as indicações que os navegadores traziam desenhavam-se cartas náuticas. Com estas cartas, os navegadores já saberiam qual a melhor direcção a seguir em viagens futuras. Paralelamente às viagens marítimas desenvolviam-se a cartografia, a astronomia e a matemática.