SUMÁRIO
Editorial
Depoimento
Artigo 01
A teoria da complexidade e das relações internacionais na Gestão do Conhecimento, Por Christianne Coelho de Souza Reinish Coelho e Nelson Luiz Rocha Silveira
Artigo 02
Conduzindo um instituto tecnológico para ser um instrumento estratégico de desenvolvimento organizacional e empresarial por Antonio Pereira Cândido e Jorge Luiz Silva Hermenegildo
Artigo 03
A aplicação da metodologia do Sense-making como diferencial competitivo nas organizações. por Carla Rosana da Veiga, Israel Honorino Nunes, Roberto Martins Silveira, Eduardo Alexandre C. de Machado, Angélica Conceição D. Miranda, Giuvania Terezinha Lehmkuhl
Artigo 04
Comunicação e Gestão do Conhecimento: O que as empresas precisam aprender para continuarem vivas. por Deborah Leite
Artigo 05
Metodologia para o desenvolvimento de taxonomias, por Elaine Restier
Resenha de Livro
por Lourdes Martins
Agenda Inernacional
Palavra da SBGC
por Heitor Pereira
Gestão do Conhecimento, Sense-making e Comunicação
1. ISSN 1981-5751
A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 11. Novembro de 2009
A aplicação da metodologia do Sense-making como
diferencial competitivo nas organizações
Metodologia para o desenvolvimento de taxonomias
Comunicação e Gestão do Conhecimento:
O que as empresas precisam aprender para continuarem vivas
A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 11. Novembro de 2009
2. SUMÁRIO
Editorial 04
Depoimento 05
Artigo 01
A teoria da complexidade e das relações internacionais
07
na Gestão do Conhecimento
Por Christianne Coelho de Souza Reinish Coelho e
Nelson Luiz Rocha Silveira
Artigo 02
Conduzindo um instituto tecnológico para ser um instrumento
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estratégico de desenvolvimento organizacional e empresarial
por Antonio Pereira Cândido
e Jorge Luiz Silva Hermenegildo
Artigo 03
A aplicação da metodologia do Sense-making como diferencial
19
competitivo nas organizações
por Carla Rosana da Veiga, Israel Honorino Nunes, Roberto Martins
Silveira, Eduardo Alexandre C. de Machado, Angélica Conceição D.
Miranda, Giuvania Terezinha Lehmkuhl
Artigo 04 26
Comunicação e Gestão do Conhecimento:
O que as empresas precisam aprender para continuarem vivas
por Deborah Leite
Artigo 05
Metodologia para o desenvolvimento de taxonomias
28
por Elaine Restier
Resenha de Livro
por Lourdes Martins
32
Agenda Inernacional 34
Palavra da SBGC
por Heitor Pereira
36
3. Expediente
EXPEDIENTE
Uma publicação da: Prof. Dr. Ricardo Roberto Behr
SBGC – Sociedade Brasileira de Prof. Dr. Roberto Pacheco
Gestão do Conhecimento Prof. Dr. Rodrigo Baroni
www.sbgc.org.br Prof. Dr. Serafim Firmo
de Souza Ferraz
Prof. Dr. Silvio Aparecido dos Santos
Integrantes Permanentes do Prof. Dr. Sonisley Machado
Conselho Científico da SBGC Prof. Dr. Walter Felix Cardoso Jr.
03
Presidente: Profª Drª Neusa
Maria Bastos F. Santos
REVISTA GC BRASIL
Prof. Dr. Alberto Sulaiman Sade Junior
Profª Drª Aline França de Abreu Editora-Chefe:
Prof. Dr. André Saito Elisabeth Gomes
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Profª Drª Raquel Balceiro Tecle conosco:
Profª Drª Resilda Rodrigues revistagcbrasil@gmail.com
4. EDITORIAL
Editorial
Ola a todos,
Voces estão acostumados a ler meus editoriais sempre com um comentário
sobre os artigos, uma citação a algum novo conceito na área, uma pequena
brincadeira temática e algumas licenças poéticas.....mas neste numero resolvi ser
bastante formal. SE quiserem saber o porque...eu não saberia dizer. Talvez por
conta de que estamos no final de ano. Mas vamos lá saber o que temos neste
numero para voces.
Começamos com um texto sobre a relação da teoria da complexidade e das relações internacionais na
Gestão do Conhecimento, de Christianne Coelho de Souza Reinish Coelho, Dra. e Nelson Luiz Rocha Silveira, ambos
da UFSC /PPEGC. Neste artigo os autores abordam como esta relação se dá para gerar informação necessária ao
desenvolvimento de políticas de gestão do conhecimento. Li o artigo e devo declarar que faz sentido esta ligação.
Aproveitem para ler e comentar sobre o que acharam enviando seu email para gcbrasil@sbgc.org.br
A seguir o texto dos Prof. Dr. Antonio Pereira Cândido e Prof. Dr. Jorge Luiz Silva Hermenegildo apresenta
a experiência do Núcleo Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica em Produção e Gestão do CEFET-SC para
04
se tornar um instrumento estratégico de desenvolvimento organizacional e empresarial. Os autores mostram que o
desenvolvimento das organizações necessita dentre outros aspectos, do concurso da cultura científica e tecnológica
para o seu desenvolvimento e consolidação. Os Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia podem contribuir
como base para o fomento desta cultura, provendo as organizações com referenciais teóricos, produções em
pesquisa aplicada e, o mais importante, ensinando, cultivando e mantendo vivo o propósito de buscar na educação
científica e tecnológica os elementos essenciais para a promoção do desenvolvimento organizacional. Considerando
a experiência do NPCT do IFET-SC, vamos ver os os elementos constitutivos desta base, e o modo como eles influem
na prática do ensino, da pesquisa e da extensão, tendo a perspectiva de compor uma forma por meio da qual estes
elementos basilares contribuirão para a sincronização entre os Centros de Ciência e Tecnologias e as organizações.
Seguindo na leitura, caso voces estejam lendo na ordem dos textos chegamos a um artigo interessantíssimo chamado:
A aplicação da metodologia do sense-making como diferencial competitivo nas organizações. Este artigo, escrito
por seis autores da EGC/UFSC. Ao longo do trabalho o leitor poderá compreender o conceito teórico do sense-
making, sua importância como instrumento de competitividade organizacional, sua origem, bem como ter uma
breve noção de sua aplicabilidade, através de um estudo de caso realizado em uma companhia italiana. Nas
considerações finais é possível observar que por estar vinculado ao mundo das idéias, a aplicabilidade do sense-
making possibilita o compartilhamento e a socialização do conhecimento. Desta forma, é viável mencionar que as
organizações que fazem uso de tal prática, além de obter um ambiente organizacional mais saudável, tendem a
apresentar estratégias diferenciadas no que se refere ao desenvolvimento de novos produtos e processos. Quem
sabe não está ai a resolução de uma serie de questões que encontramos em nossas empresas? E, por falar em
questões será que posso firmar que toda empresa, praticante de Gestão de Conhecimento, tem uma questaozinha
com o tema comunicação? Por isso o artigo de Deborah Leite foi escolhido para tratar deste assunto. O titulo é
desafiador: Comunicação e gestão do conhecimento. O que as empresas precisam aprender para continuarem vivas.
A autora afirma que “Comunicar é tornar comum uma idéia, é compartilhar conhecimento. Gerir conhecimento, de
maneira bem reducionista, é armazenar e disponibilizar informações que gerem aplicabilidade desse conhecimento.
O que estas duas áreas de saber têm em comum? E como elas podem auxiliar as empresas no grande desafio da
perpetuação de suas atividades? De antemão, digo que não tenho a pretensão de encerrar o assunto e nem muito
menos responder as questões levantadas. Minha intenção é levantar discussões e provocar a reflexão.” Que tal
ler e fazer a tal reflexão? E, finalmente, neste numero, trouxemos um artigo que trata de uma Metodologia para
o desenvolvimento de taxonomias, escrito por Elaine Restier. Todos sabem que é um assunto complexo e estudado
desde há muito tempo, mas ainda muito atual.
A autora nos aponta que encontrar o documento certo no meio da massa documental espalhada nas
redes corporativas pode ser considerado o desafio do século. Afirma ainda que por falta de organização, as
empresas exigem das ferramentas tecnológicas funcionalidades cada vez mais específicas e algoritmos de busca
avançados para encontrar a informação necessária. Um mínimo de organização produziria um efeito bem mais
eficaz que vultosos investimentos em sistemas. Neste artigo, a autora apresenta duas metodologias de taxonomia,
como formatos distintos para a organização e gestão documental corporativa, o que torna possível sua adequação
às especificidades de empresas com diferentes características. Sendo assim ela descreve duas metodologias: A
Taxonomia de navegação e a Taxonomia descritiva. Não vou dizer do que se trata para não estragar a leitura.
Ainda temos a resenha, feita por Lourdes Martins, do livro de Tom KELLEY e Jonathan LITTMAN entitulado
As 10 faces da Inovação e um alista de eventos que devem interessar a todos, com certeza. Afinal reciclar é sempre
positivo.
Termino por aqui desejando a todos um 2010 excelente.
Elisabeth Gomes
Editora-Chefe da GC Brasil
Coordenadora de Conteúdo e Publicações
da SBGC
5. ABRANGÊNCIA DA
Depoimento sobre a utilização da revista SBGC em sala de aula
Ronaldo Barbosa
graduado em engenharia e doutorando em História
e Ensino de Ciências, é docente nos cursos de pós-
graduação na Anhanguera Educacional
ronaldo.barbosa@unianhanguera.edu.br
6. Meu nome é Ronaldo Barbosa e desde 2008 tenho lidade das empresas, outro é estimular em nossos
Depoimento
utilizado as revistas da SBGC em minhas aulas na alunos o hábito da leitura, reflexão e produção
disciplina Gestão do Conhecimento nas Faculdades do conhecimento. O terceiro e principal para os
Anhanguera, onde atuo como professor. Esta objetivos da disciplina, é favorecer o entendimento
disciplina é parte dos cursos MBA em Gestão de de que a área de Gestão do Conhecimento
Pessoas, MBA em Gestão Estratégica de Negócios e contempla uma ampla gama de interesses e é
MBA em Gestão de Projetos, nível de especialização uma ferramenta indissociável da realidade das
lato-sensu. empresas em todos os setores. Cada artigo da
O uso da revista se insere no modelo de ensino revista constitui um depoimento claro de como a
e aprendizagem adotado nos cursos de pós- Gestão do Conhecimento é apresentada e tratada
graduação da Anhanguera, denominado WebQuest nas empresas e em instituições em suas muitas
(WQ). possibilidades.
O WQ consiste em um roteiro de atividades que No momento em que escrevo, temos a disci-plina
atravessa cada disciplina e onde os alunos têm rodando em uma turma do curso MBA em Gestão
uma série de passos para cumprir com o intuito de de Pessoas da unidade de Sumaré, interior de São
desenvolver uma tarefa-guia. Esse roteiro especial Paulo.
tem uma estrutura própria onde estão claramente Creio que comentar sobre a realidade do município, perfil
06
colocados a tarefa-guia, o objetivo da atividade, dos alunos e a relação com Gestão do Conhecimento
os passos e recursos a serem utilizados, a forma neste caso seja aqui relevante.
como o aluno será avaliado e ainda o que esperar Sumaré durante muito tempo figurou como um distrito
ao fim da execução do WQ. dormitório de Campinas, carregando o estigma de
Esse método possui uma série de características bas- uma área pobre e violenta. Recentemente elevou-
tante motivadoras: valoriza o trabalho em grupo, se à condição de Município, tem crescido rápido
o pensamento crítico, a criatividade, o espírito de nos últimos anos e atraído empresas importantes
autoria, além de estimular o uso de recursos oriundos como a Honda, 3M, Villares, Pirelli entre outras.
da Internet, cada vez mais necessários, daí o nome Além disso Sumaré integra o Pólo Tec Têxtil, que é o
WQ. maior conglomerado do gênero no país.
Porém, a característica mais interessante de um A busca por melhor qualificação tem motivado
WQ a meu ver, é que ele deve ser preparado pelo funcionários dessas diversas empresas a busca-
professor com antecedência e foco nos interesses rem uma pós-graduação. Temos também entre
do aluno, e que durante o transcorrer das aulas, o nossos estudantes, funcionários públicos, psicólogos
professor deve acompanhar a execução de cada e pedagogos todos em busca de recolocação ou
um dos passos previstos no roteiro. melhor posicionamento no mercado de Sumaré, em
franca expansão.
Isso está em sintonia com uma visão moderna da
educação, onde o professor mais do que expositor de Observo que os alunos inscrevem-se no site da SBGC
conteúdos, deve ser um orientador do aprendizado e baixam as revistas com avidez logo na primeira
naquilo que ele pode ter de mais significativo para os semana de aula (a disciplina ocupa 4 semanas).
estudantes. As discussões em sala de aula são dessa forma
facilitadas porque o material das revistas convida a
O WQ que criei para a disciplina Gestão do Conhe-
que se faça paralelos com experiência profissional
cimento e que venho utilizando, está diretamente
cotidiana de cada um. Um dos pilares da disciplina é
vinculado à SBGC e às revistas que ela publica.
frequentemente reforçado nos artigos: a ideia de que
No primeiro passo o aluno deve se cadastrar na a gestão do conhecimento nas empresas depende
SBGC, no segundo, baixar as revistas de GC me-nos da tecnologia do que pode parecer e de
do site, no terceiro, ler os artigos de interesse, que a maior parte do conhecimento que a empresa
selecionar dois desses artigos e então, finalmente, necessita está dentro dela mesma, de forma implícita
publicar resumos dos artigos no blog do grupo, nas pessoas.
especialmente criado para esta disciplina.
Acredito que a SBGC ao publicar e disponi-
No último dos encontros presenciais, temos a apre- bilizar o material das revistas no site com inegável
sentação do blog para a turma na forma de semi- qualidade, tem contribuído significativamente para
nário e a discussão em torno do processo de gerir promover os conceitos de Gestão do Conhecimento,
informações e conhecimento a partir de ferramentas mas vou além. Convido os editores e associados a
contemporâneas como blogs. Costumamos filmar imaginarem como esse espaço pode contribuir para
os seminários dos alunos e produzir um DVD que atingir realidades em forte evolução como a do
depois é entregue a cada uma das equipes. município de Sumaré e a de muitos outros do país.
O uso das revistas de GC da SBGC é muito interes- Faço votos de que o alcance da SBGC em 2010
sante e enriquecedor nesse processo. Por um lado cresça cada vez mais contribuindo para o debate
favorece um dos objetivos da pós-graduação, que acadêmico e o desenvolvimento profissional dos
é o de tratar os temas diretamente ligados à rea- estudantes e trabalhadores brasileiros.
7. A teoria da complexidade
e das relações internacionais
na Gestão do Conhecimento
Christianne Coelho de Souza Reinish Coelho, Dra.
Professora permanente UFSC /PPEGC Doutora em
Engenharia e Gestão do Conhecimento.
ccsrcoelho@terra.com.br
Nelson Luiz Rocha Silveira.
Bacharel em Relações Internacionais. Mestrando em
Gestão do Conhecimento UFSC/PPEGC (Programa de Pós-
Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento).
nlrs@terra.com.br
8. 1. INTRODUÇÃO esta se constitui uma nova maneira de
Artigo 01
explicar essas relações e a melhorar o
Na era do conhecimento, em que a in-
entendimento da participação dos atores,
formação e a comunicação adquirem
utilizando os vários campos de análises, como
fundamental importância, a inovação
a economia, o gerenciamento de corporações,
em todas as áreas do conhecimento
os mercados, a ecologia, a política, o realismo,
rapidamente se converte em um fator-
o pluralismo, o globalismo e o multilateralismo,
chave para o acesso a esse notável e
dentre outros.
globalizado mundo pós-moderno.
A teoria da complexidade pode ser vista como
A nova ciência, multidisciplinar, acom-
uma forma natural para a investigação das
panha esse movimento, com um olhar
propriedades e comportamentos das dinâmicas
multifacetado e projetando diversos
de sistemas não-lineares (o mundo real em que
modelos diferentes, cada um com
vivemos). Esta propriedade contrasta com os
suas vantagens e desvantagens, para
modos não naturais inventados sob o domínio
explicar os mesmos fenômenos. Essa
08
linear (oriundo da física e da matemática),
soma de olhares pode demonstrar a
formulados para provar o mundo não-linear.
possibilidade da emergência de uma
Este mundo linear que nos rodeia é baseado
meta visão aplicada e relevante aos
em cálculos, estatística, acumulados de regras e
fenômenos das relações internacionais.
de previsibilidade ímpar.
Segundo Robert R. Maxfield, nos
Enquanto o conhecimento é gerenciável ape-
recentes anos tem emergido o conhe-
nas caso os líderes abracem e apressem o
cimento científico interdisciplinar estimu-
dinamismo da criação de conhecimento. O
lado pelo pioneirismo do Instituto Santa
papel da gestão do conhecimento é o de
Fé. Os sistemas complexos consistem em
fornecedores de base para a criação de conhe-
muitas interações que permitem a auto-
cimento. A tarefa deles é fazer com que o
organização, evolução e proporciona o
conhecimento surja. Os líderes devem apoiar os
novo, o moderno. Estes passam a existir
processos que surgem com propostas visionárias
baseados nos sistemas físicos, biológicos
e um comprometimento pessoal de tempo e
e sociais. A ciência dos sistemas com-
poder. O sucesso da criação de conhecimento
plexos favorece ao descobrimento de
depende da responsabilidade, justificação,
leis que governam cada sistema, au-
apoio financeiro e cuidado do gerenciamento.
xiliam aos povos e utiliza suas idéias
formando uma teia transdisciplinar,
possibilita que o inerente conhecimento
2. A TEORIA DA COMPLEXIDADE
da humanidade consubstancie a Ges-
tão do Conhecimento. No Instituto de Santa Fé o objetivo é estudar
os diferentes pontos de vista sobre o assunto
Nas relações internacionais, os indiví-
multidisciplinaridade; inclui os significados
duos, Estados e nações passam a
da simplicidade e da complexidade, assim
serem vistos como sistemas adap-
como as formas em que a complexidade se
tativos complexos que constroem co-
eleva a partir da simplicidade fundamental,
nhecimentos de uma forma caótica.
e do comportamento dos sistemas adaptativos
(ALBERTS, CZERWINSKI, 1997). Essa
complexos em que as inovações fazem parte,
nova percepção, erigida a partir do
os complementam, e que os distinguem dos
pensamento complexo, agrega uma
sistemas não adaptativos. O termo deste
nova contribuição para o entendimento
tema na língua inglesa é denominado de
das relações, alinhando-as com os
plectics, derivado do grego plektós significando
conceitos da ciência pós-moderna.
entrelaçado ou intelectualizado, cognato com
A utilização da teoria da complexidade a forma latina complexus, originariamente
no palco das relações internacionais “integrado pelo pensamento”, onde a palavra
pode parecer surpreendente. De fato, inglesa complexity é derivada, e traduzida
9. para a língua portuguesa complexidade. Diversamente de algumas aborda-
Artigo 01
A palavra plektós é também originária da gens do planejamento social, a com-
palavra latina simplex originalmente significando plexidade está principalmente inter-
“elaborado uma só vez”, do qual tem origem ligada em problemas nos quais as
a palavra inglesa simplicity, traduzida para a preferências e até identidades dos
língua portuguesa “simplicidade ou clareza”. participantes podem desenvolver-se
O termo plectics reflete a dialética entre ambos com o tempo, em vez de situações nas
os termos o simplex e o complexus (GELL-MANN, quais os atores e suas preferências
1997). são fixos, como na teoria dos jogos;
Os plectics podem estar conectados com questões e em problemas nos quais a descen-
de segurança nacional e global, especialmente tralização é tanto promissora quanto
quando o termo security é interpretado pro- problemática, em lugar de situações em
priamente como elemento de origem mental ou que a descentralização é considerada
criado pela mente humana: o que protege o praticamente uma panacéia; como em
algumas formas de economia neoclás-
09
determinado (GELL-MANN, 1997).
sica.
Existe uma tendência para que mais entidades
complexas apareçam definidas diferentemente, Existem três processos essenciais num
cobrindo as noções mescladas de complexidade Sistema Adaptativo Complexo. Estes
e seu oposto, a simplicidade. processos-chave baseiam-se em três
elementos centrais: Variação, Inte-
Cada quantidade complexa seria um contexto- ração e Seleção. Mas a estrutura de
dependente (dependentes das situações). referência proposta por Axelrod &
A complexidade não tem uma propriedade Cohen (2000) é constituída de doze
intrínseca de uma entidade descrita, esta é conceitos básicos:
dependente de quem, do que e quando o
• Estratégia: padrão de ação condi-
contexto é descrito. É iniciada a partir da
cional que indica o que fazer em quais
medida em que inúmeras vezes o contexto é
circunstâncias;
descrito na ação ou do tamanho da mensagem
descrita no contexto. • Artefato: recurso material que tem
uma localização definida e pode
A complexidade diverge da biologia evolu-
responder às ações dos agentes;
cionária, pois a exemplo das ciências da com-
putação, faz a modelagem dos processos • Agente: um conjunto de propriedades
evolucionários, em vez da mera observação (especialmente localização) estratégias
e explicação, em indivíduos inteligentes com e capacidades para interagir com
linguagem e cultura, em lugar de plantas e artefatos e outros agentes;
animais que contam basicamente com a sua • População: um conjunto de agentes
herança genética e em diferentes avaliações de ou, em algumas situações, conjunto de
sucesso, em vez de considerar-se a habilidade estratégias;
de ter uma descendência como a única medida • Sistema: um conjunto maior, incluindo
do sucesso (GELL-MANN, 1997). uma ou mais populações de agentes e
Diversamente da ciência da computação, a possivelmente também de artefatos.
complexidade situa-se em sistemas compostos • Tipo: todos os agentes (ou estratégias)
de pessoas ou organizações, em lugar de numa população que possui algumas
programas; em sistemas com histórias longas características em comum;
e ricas, em lugar daqueles com pouca ou
nenhuma história; em sistemas nos quais os • Variedade: a diversidade de tipos
custos das tentativas necessárias à adaptação dentro de uma população ou sistema;
são medidos em termos de esforços ou mesmo • Padrão de interação: as regulari-
vidas de pessoas, em vez de ciclos de tempo de dades recorrentes do contato entre os
computador (GELL-MANN, 1997). tipos de agentes dentro do sistema;
10. • Espaço (físico): a localização no internacional é a arena onde os
Artigo 01
espaço geográfico e no tempo de atores interagem na busca de equilíbrio ou
agentes e artefatos; balanço de poder (CARR, 1964). Teoria é a
• Espaço (conceitual): a “localização” busca de significado das relações entre os atores
num conjunto de categorias estruturadas dentro de determinada linha de pensamento
de forma que agentes “próximos” (SARFATTI, 2005). Quanto maior precisão
tenderão a interagir; tem a teoria significa que ela estará ligada
à fidelidade da ação causal, mas continua
• Seleção: processos que conduzem a sendo uma tentativa de explicar o como os
um acréscimo ou decréscimo na fre- atores foram levados a tomar determinadas
qüência de vários tipos de agentes ou decisões no cenário internacional. As imagens
estratégias; são alternativas construídas levando em
• Critérios de sucesso ou medida de consideração os atores-chave envolvidos e os
desempenho: um score ( pontuação) seus posicionamentos no cenário internacional
10
usado por um agente ou designer e o momento histórico. Essas imagens foram
para atribuir crédito na seleção de construídas por precursores intelectuais e
estratégias ou agentes com sucesso perpassam por conceitos como determinismo,
relativo (ou insucesso). voluntarismo e sistema (BOBBIO, 2000).
A estrutura proposta por Axelrod e As normativas ou valores considerados
Cohen (2000) aplica-se para qualquer na teoria das relações internacionais formam
outro sistema complexo. as bases de questões empíricas criadas por
Define-se: a variação, a interação e escritores muitas vezes com formulações
a seleção como conjuntos entrelaçados divergentes como Machiavelli, Kant, Carr,
de conceitos que podem gerar ações Madison, ou Marx; formadores de imagens dos
produtivas num mundo que não pode ser discursos políticos sem os quais não teríamos
plenamente compreendido. A mesma referenciais que possibilitam as análises e a
complexidade que faz o mundo difícil construção do entendimento entre os fatos e
de entender oferece oportunidades valores (WEFFORT, 2003). O foco da análise,
e recursos para se progredir com o o entendimento do que conduziu ao fato, quais
tempo (AXELROD, 2000). os interesses envolvidos, porque os atores
conformaram-se em blocos, quais as alianças, os
A “complexidade” difere do “caos”, motivos e interesses desta formação, que moral
pois o caos lida com situações baseia o acontecimento e fizeram parte das
como a turbulência (GLEICK, 1987
mudanças políticas. A teoria da complexidade
apud AXELROD, 2000), que logo
entra neste contexto como uma nova metáfora
se tornam altamente desordenadas
para o entendimento destas relações (ALBERTS,
e incontroláveis. Por outro lado, a
CAZERWINSKI, 1997).
complexidade lida com sistemas com-
postos por muitos agentes interativos A moral constitui uma circunspeção alternativa,
(AXELROD, 2000). critério e premissas intelectuais de autores que
criaram imagens para sua construção dentro
das relações internacionais (WALTZ, 2001).
3. ANÁLISE DAS RELAÇÕES A posição relativista desse valor, a
INTERNACIONAIS moral, afirma não ser um valor universal e sim
A análise das relações internacionais um conjunto de circunstâncias, particularidades
perpassa por uma organização con- culturais e um determinado contíguo de
ceitual; o termo ator é a nação ou o circunstâncias que criam determinados crité-
governo concebido por ser elemento rios. A visão relativista é contestada pela
unitário dentro do cenário inter- visão de Kant, com o utilitarismo que leva em
nacional onde outro ator o reconheça consideração o contrato social que a base é a
como tal (SARFATI, 2005). O cenário moral. Sendo que o contrato social é uma
11. construção moral que propicia a ação e sociedade e que está contido no
Artigo 01
da justiça e a sua contenção social (DIZEREGA, nível sistema internacional (SARFATI,
2000). 2005). O analista esco-lhe o nível
Se a teoria do contrato social não pode que pode ajudar a análise inter-
ser aplicada aos atores internacionais, pois não nacional optando entre a visão macro
é a fonte da moral ou das obrigações legais quando quer perceber o todo ou a
entre os Estados, aplicadas aos indivíduos, o visão micro quando pequenos detalhes
contrato social é a fonte para a interpretação são importantes. A questão de nível
positivista das leis internacionais e o princípio da análise não deve ser confundida
pacta sunt servanda (os acordos devem ser com a análise dos atores, estes
respeitados). são os protagonistas das relações
Kenneth N. Waltz, nos idos 1950, internacionais e as análises são o
identificou e distinguiu os níveis de análise: passo a passo para compreensão das
o individuo que está contido no nível Estado relações entre eles.
11
Fonte: International Relations Theory, VIOTTI, KAUPPI, 1990.
12. Apesar da diversidade das visões físicas (flutuações longe do meio
Artigo 01
para as relações internacionais, é tornam-se pelo menos tão importantes quanto
consenso que três visões: a realista, o meio). As palavras que descrevem esses
a pluralista e a globalista, formam a eventos geralmente são: caos, complexidade,
base para o entendimento das relações não previsibilidade, etc. (SAPESTEIN, 1997).
internacionais. Essas visões possuem O papel da complexidade unida às relações
como características principais: a internacionais estabelece um leque de metáforas
segurança nacional é o tema mais do nosso mundo humano e mostram que a
import ante e o Estado é o principal estabilidade não é algo difícil de encontrar.
ator na visão realista. A múltipla Todas estas metáforas quando utilizadas
agenda com aspectos socioeconômicos com responsabilidade social e ambiental,
são mais importantes que as questões organizadas pela gestão do conhecimento
de segurança nacional e o Estado e favorecem a sustentabilidade, foco necessário
atores não estatais são importantes na a manutenção da vida como a conhecemos.
visão pluralista. Os fatores econômicos
12
são mais importantes, e o Estado, clas- A gestão do conhecimento tem sido uma área de
ses, sociedade e atores não estatais investigação interdisciplinar, durante muitos anos
operam como parte do sistema capi- e atualmente existe um foco sobre se processos
talista na visão globalista (VIOTTI, de gestão podem ser investigados como
1990). (Vide tabela 01). sistemas adaptativos e de auto-organização.
A aplicação da teoria da complexidade na
A segurança nacional é um tema cons- gestão do conhecimento parece oferecer as
tante na relação entre Estados e a soluções possíveis para este objetivo (DANN,
teoria da complexidade utiliza este BARCLAY, 2006). A Teoria da Complexidade
tema para aprimorar e minimizar esse oferece uma visão distinta e não é dependente
problema sistêmico internacional, pois de retrospecção nem é contingente.
são anárquicas as relações entre os
atores (ALBERTS, CZERWINSKI, 1997).
As relações são anárquicas, pois 4. GESTÃO DO CONHECIMENTO
inexiste um governo mundial fazendo
com que os Estados se relacionem de O gerenciamento de conhecimento se tornou
forma soberana, bem como na ação um assunto freqüentemente discutido na lite-
oposta à hierarquia, pois as entidades ratura sobre gerenciamento. Quais as condi-
soberanas, os Estados, se dedicam às ções fundamentais para a criação de conhe-
suas próprias sobrevivências e, por- cimento? Onde a criação de conhecimento está
tanto, utilizam a força para se impor localizada? É realmente possível gerenciar
perante o sistema internacional. o conhecimento assim como se faz com outros
recursos? Para direcionar essas questões
Interações entre nação-estado tradi- Nonaka e Konno (1998) introduziu o conceito
cionais, incluindo a extrema da guerra
japonês, “ba” que pode ser, grosso modo,
na teoria da complexidade, são com-
traduzido para o Inglês como sendo ”lugar”.
paradas à interação entre corpos
microscópicos na física. Relativamente Segundo Nonaka e Konno (1998) o conceito
poucas variáveis são requeridas para de ba foi originalmente proposto pelo filósofo
descrever o processo; o curso dos Japonês Kitaro Nishida , e foi posteriormente
eventos é basicamente previsível, essas desenvolvido por Shimizu. Embora o nosso
variáveis podem ser descritas como: conceito de ba seja , extensivamente traçado
ocasionais, baseadas em contingências a partir desses trabalhos, foi adaptado com o
e bifurcações (resultados de batalhas propósito de elaborar o modelo de criação de
ou de colisões específicas). Guerras conhecimento. Para aquelas pessoas que não
sub-nacionais (étnicas ou conflitos são familiarizadas com o conceito, ba pode ser
tribais, guerrilhas e insurgências) então entendida como um espaço compartilhado para
são comparadas às interações meso- o surgimento de relacionamentos. Esse espaço
13. pode ser físico (por exemplo, escritório, das relações internacionais abrem
Artigo 01
espaço de negócio disperso), virtual (por outro leque de informações a partir
exemplo, e-mail, teleconferência), mental (por das visões do realismo, pluralismo e
exemplo, experiências compartilhadas, idéias, globalismo. O conhecimento é obtido
ideais), ou qualquer combinação entre os através destas percepções entorno
citados tipos. O que diferencia ba da interação de um problema internacional ao
humana normal é o conceito de criação de utilizar estas visões. A tentativa é de
conhecimento. Ba fornece uma plataforma pa- substabelecer parâmetros que possam
ra promover um conhecimento individual e/ou diminuir o gap em relação a um
coletivo. É de uma plataforma como essa que problema futuro semelhante a fim de
uma perspectiva transcendental integra todas estabilizar ou solucionar. O tratamento
as informações necessárias. Ba também pode destas informações na produção do
ser entendido como o reconhecimento de si conhecimento é o foco da gestão do
mesmo em todos. De acordo com a teoria do conhecimento. As ações emergem deste
existencialismo, ba é um contexto que engloba tratamento no contexto da Sociedade
13
, acolhe o significado. Logo, consideramos ba do Conhecimento, à medida que
como um espaço compartilhado que serve como implicam numa nova revolução que
uma fundação para a criação de conhecimento. tenta resolver problemas cruciais
O gerenciamento do conhecimento como um do mundo moderno, ao observar e
estoque estático não considera o dinamismo compreender as interações sistêmicas
essencial da criação do conhecimento. O simples e complexas entre fatores
conhecimento gerencial emergente em ba ecológicos, econômicos, ambientais,
necessita de um tipo diferente de liderança. entre outros, com pontos comuns
O gerenciamento deve entender que para de alertas globais, como poluição,
que o conhecimento aconteça , ele deve ser saúde e fontes de energia. Esta
alimentado, apoiado , expandido e cuidado. revolução simboliza a emergência
Pensar em termos de sistemas e ecologias, pode de um novo éthos enfatizando
ajudar na criação de plataformas e culturas uma rede de relacionamentos que
onde o conhecimento pode surgir livremente. interconectados suplantem este
Os “ativistas” do conhecimento apóiam ba , se desafios, através da realização de
comprometendo com idéias , experimentos e pesquisas científicas e implantação de
companheirismo. Dessa forma, eles gerenciam inovações tecnológicas. O principal
e vivem como catalisadores da criação de foco é o estabelecimento de políticas
conhecimento e conectores de iniciativas de gestão do conhecimento para que
e previsões atuais. Juntamente com esse este compêndio informacional basilar
comprometimento, a visão dos mesmos sobre possa favorecer o desenvolvimento da
que conhecimentos criarem e como apoiar o ba sociedade do conhecimento.
que surge , é a força propulsora de todos os
membros organizacionais. Esse tipo de liderança
de conhecimento oferece um espaço definido
6. REFERÊNCIAS
no tempo para que corpo e mente caminhe AXELROD, Robert; COHEN. Harssening
junto em um ba originário, onde os processos Complexity. New York: Perseus, 2000.
de criação de conhecimento surgem. Isso cria a AXELROD, Robert. The Complexity of
agenda para um novo tipo de gerenciamento. Cooperation: Agent-Based Models of
Competition and Collaboration. New
Jersey: Princeton University, 1997.
5. CONSIDERAÇÕES GERAIS
BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da
A informação pode ser obtida de varias Política. Rio de Janeiro: Campus, 2000
formas, a teoria da complexidade abre um
leque de informações a serem alcançadas CARR, Edward Hallett. The Twenty
pela visão complexa, enquanto que as teorias Years’ Crisis 1919-1939. New York:
14. Harper, 1964. MORIN, Edgard. O pensar complexo. Rio de
Artigo 01
CERVO Amado L. BERVIAN, Pedro A. Janeiro: Garamond, 1999.
Metodologia Científica. 5. ed. São NONAKA, Ikujiro; KONO, Noboru. The concept
Paulo: Prentice Hall, 2002 of “ba”: Building a foundation for knowledge
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mundilizada. São Paulo: Boitempo, Spring 1998; 40, 3; ABI/INFORM Global , pg.
2005. 40
DANN, Zoë; BARCLAY, Ian,. Complexity RUGGIE, John Gerard. Multilateralism Matters.
Theory and Knowledge Management The Theory and Praxis of an Institutional Form.
Application. Electronic Journal of New York: Columbia, 1995.
Knowledge Management Volume 4 SAPERSTEIN,Alvin M. Complexity, Global
Issue 1 2006 (11-20). Liverpool John Politics, and National Security. In; ALBERTS, D.S.;
Moores University, UK CZERWINSKI, T.J. INSTITUTE FOR NATIONAL
14
DIZEREGA, Gus. Persuasion, Power and STRATEGIC STUDIES. Complexity, Global Politics
Polity.New York. Hampton, 2000. and National Security. Washington: National
Defense University, 1997.
GELL-MAMM, Murray. The Simple
and the Complex. In; ALBERTS, D.S.; SARFATTI, Gilberto. Teorias das Relações
CZERWINSKI, T.J. INSTITUTE FOR Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
NATIONAL STRATEGIC STUDIES. VIOTTI, Paul R; KAUPPI, Mark V. International
Complexity, Global Politics and Relations Theory:Realism, Pluralism, Globalism.
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GOWAN, Peter. A roleta global. São A Theoretical analyses. New York: Columbia,
Paulo: Record, 2003. 2001.
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Complexity: Art, Politics, and New Vols 1 e 2. 10 ed. São Paulo: Ática, 2003.
World Order. Lenox: Hard, 2006. ZOLO, Danilo. Democracy and Complexity. A
JOHNSTON, Thomas. Freud & Political Realist Approach. Pennsylvania: Pennsylvania
Thought. New York: Citadel, 1965. State University, 1992.
15. CONDUZINDO
UM INSTITUTO TECNOLÓGICO
PARA SER UM INSTRUMENTO
ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL E EMPRESARIAL:
A experiência do Núcleo Integrado de Pesquisa Científica
e Tecnológica em Produção e Gestão do CEFET-SC
Prof. Dr. Antonio Pereira Cândido
Professor do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – IFETSC
apec@ifsc.edu.br
Prof. Dr. Jorge Luiz Silva Hermenegildo
Coordenador do programa UAB
no Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Santa Catarina – IFETSC
jorge.jlsh@gmail.com
O Centro Federal de Educação Tecnológico
da Santa Catarina / CEFET-SC , assim como
outras instituições similares foi transformado
em Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Santa Catarina – IFETSC pela
Lei 11.892 em 29/12/2008.
16. de infra-estrutura adequada. Todas as etapas
Artigo 02
1. Introdução
são fundamentais. Umas são necessárias e
As mudanças ocorridas no mundo presentes no início do funcionamento do grupo,
do trabalho e das organizações, outras devem se implementar a médio e longo
baseadas no desenvolvimento tecno- prazo. Porém todas, sem exceção, repercutem
lógico e social, exigem uma mudança no processo de funcionamento do grupo de
de modelo em relação às estruturas pesquisa e na composição de suas respectivas
acadêmicas. Estas mudanças devem linhas de pesquisa.
promover o desenvolvimento e compo-
As linhas de pesquisa se organizam com a
sição de novos formatos que permitam
finalidade de sistematizar a experiência de
às instituições de ciência e tecnologia,
pesquisa, desenvolver novos projetos, pautar a
uma participação mais efetiva na
construção de uma sociedade voltada construção de novos planos de estudo, captar
para o futuro, contribuindo na formação e organizar recursos humanos institucionais
de profissionais e na construção e e técnicos. E propiciam a elaboração de
16
aplicação de soluções que permitam a investigações em grupo, integrando pesqui-
sociedade e ao cidadão conviver com sadores e outros agentes de diferentes níveis.
estas mudanças de forma harmônica, O desenvolvimento de linhas de pesquisa efe-
adaptados e com competência para tivas exige necessariamente a integração com
aceitar e encaminhar os novos desafios. situações e problemas concretos e que sejam
indicados por organizações e empresas em
Um Instituto de Educação Ciência e particular. Não é passível de ser pensada a
Tecnologia necessita assumir um pa- existência concreta de uma linha de pesquisa
pel de entidade geradora e difuso- sem um grupo de pesquisadores esteja
ra de conhecimento tecnológico. É articulado com a realidade que permeia as
fundamental o aprimoramento dos organizações, e mais concretamente, com o
processos de pesquisa e extensão para mercado e as necessidades da sociedade.
continuar atuando em consonância com
as expectativas do setor produtivo da
sociedade, no sentido de dar respostas 3. A experiência do NPCT - Núcleo de
a partir da utilização da tecnologia Pesquisa Científica e Tecnológica em
de ponta às demandas oriundas do
desafio de inovar.
Produção e Gestão
O NPCT iniciou as suas atividades em 1998,
e atualmente é integrado por dois Grupos de
2. Elementos basilares Pesquisa, o Grupo de Desenvolvimento Orga-
nizacional e Empresarial e o Grupo de Pesquisa
A formação de núcleos ou grupos
de Modelagem do Conhecimento. É formado
de pesquisa e a discussão sobre as
por profissionais na área de engenharia,
condições da produção do conheci-
administração e ciências da computação, e
mento adquirem significativa impor-
têm na sua essência a motivação de aprender,
tância, em especial para instituições
e de aperfeiçoar a prática pedagógica, e
de ensino tecnológico com as caracte-
a perspectiva de oferecer soluções para a
rísticas dos Institutos Federais de
comunidade e para as organizações.
Educação Ciência e Tecnologia que
tenham o propósito de implementar Procurando estabelecer um continuo aprimora-
ações integradas de Ensino, Pesquisa mento de suas atividades, tem como foco de
e Extensão. atuação:
A formação de um grupo de pesquisa • elaboração de modelos de domínios de
passa por várias fases que vão desde conhe-cimento;
a capacitação técnico/científica até • organização de processos e estruturas volta-
a conquista de recursos financeiros e dos para o planejamento organizacional e o
17. desenvolvimento de inovação tecnológica de não-conformidade visando o aumen-
Artigo 02
produto e processo; to da produtividade, através da
otimização dos recursos produtivos,
• promoção e sustentabilidade de um processo
humanos e financeiros.
de aprendizagem organizacional e de gestão
do conhecimento considerando a gestão de pro- d) Projeto LABTRANS – Laboratório de
jetos e processos; pesquisa da Universidade Federal de
Santa Catarina – UFSC para a Agencia
• construção e suporte de ambientes de apoio a
Nacional de Transportes Terrestres –
aprendizagem na modalidade EaD; ANTT - Metodologia de modelagem
• promoção do sincronismo entre o processo de e documentação de processos (MIP):
empreender e a sua relação com o ciclo de vida projeto concluído que teve por objetivo
das organizações; e compor uma solução de suporte aos
processos de identificação, modelagem
• desenvolvimento e consolidação do o uso de
e documentação de processos em
ambientes simulados - jogos de empresas, como
sistemas produtivos.
17
vetor de geração de competências, habilidades
e atitudes em nível individual e organizacional. e) Aplicação de Metodologia de
planejamento no Departamento Aca-
Neste sentido varias ações de pesquisa e
dêmico de Saúde e de Serviço –
extensão tem sido desenvolvidas oportunizando
DASS do Centro Federal de Educação
a criação de novos processos e produtos.
Tecnológica (em andamento). Trata-
Como resultado, além do atendimento das
se de um projeto de acordo de coo-
necessidades específicas das organizações e
peração entre o NPCT, através do
empresas envolvidas e da formação de novos
qual é oferecido aporte tecnológico
pesquisadores, tem sido gerado uma base de
para que o departamento acadêmico
conhecimento que passa a ser disseminado nas
atividades de ensino buscando o desenvolvimento realize seu planejamento de longo
de competências dos estudantes, e a mesmo prazo.
tempo criticada em seminários e ações de
avaliação do Núcleo.
4. Considerações finais
Alguns exemplos de trabalhos desenvolvidos
pelo Núcleo: Um Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia para cumprir a sua
a) Seprol Inovação – Edital FVA/CNPQ 2006 missão, necessita estabelecer medidas
– projeto concluído que teve por objetivo a concretas para mobilizar a estrutura de
a definição e sistematização de um processo ensino, pesquisa e extensão (docentes,
de desenvolvimento integrado de produtos e técnicos administrativos corpo discente
serviços adequado à realidade da empresa e comunidade em geral), no sentido de
SEPROL S.A, especificamente no que diz respei-
aperfeiçoar a prática pedagógica, e
to ao desenvolvimento e implantação de uma
visualizar a necessidade de oferecer
estrutura e metodologia para a Pesquisa e
soluções para a comunidade, organi-
Desenvolvimento Tecnológico na Empresa -
zações e para as empresas em particular.
Gestão da Inovação Tecnológica;
Assim é fundamental atentar para o
b) PDP Tijucas - Plano Diretor Parti-cipativo
atendimento dos seguintes objetivos:
do Município de Tijucas/SC, Edital CNPQ/
MCT 2006. Projeto concluído que teve por a) Construir mecanismos e estruturas
objetivo auxiliar na composição Plano Diretor internas que dê aos IFETs mobilidade
Participativo para o Município de Tijuca/SC. e agilidade para fazer frente as
c) Projeto Produza +: projeto concluído que necessidades da pesquisa, ensino e
teve por objetivo compor solução tecnológica extensão.
em parceria com Empresa de Base Tecnológica b) Estabelecer indicadores que permi-
envolvendo a entrega de uma solução composta tam avaliar o grau de interferência
por 03 módulos: produtividade, capa-citação e
18. Artigo 02
e o papel do Instituto Tecnológico na têm a proposta de buscar dar respostas efetivas
ação estratégica organizacional; a necessidade de integração do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia com
c) Criar e consolidar estrutura que
a comunidade e especialmente com o setor
favoreçam a comunicação entre os
produtivo da sociedade, no que diz respeito a
IFETs e destes com a comunidade em
organização de processos e estruturas voltados
geral.
para o desenvolvimento de novos conhecimentos
d) Criar mecanismos de compartilha- e da inovação tecnológica.
mento de experiência entre os IFETs,
O processo educativo transformador necessita
e entre IFETs e comunidade, com o
criar um novo movimento para estabelecer
objetivo de aprimoramento dos pro- condições para vencer o desafio de mudar
cessos e redefinição de estratégicas. um paradigma que apresenta uma sociedade
Neste novo movimento que vai além de geradora de tecnologia ao invés de uma socie-
outras perspectivas circunstanciais, se dade que busca apenas consumir tecnologia.
18
19. A APLICAÇÃO DA
METODOLOGIA DO
SENSE-MAKING
COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO
NAS ORGANIZAÇÕES
Carla Rosana da Veiga
Historiadora e Mestranda EGC/UFSC
Campus Universitário S/N, Trindade
veiga@icablenet.com.br
Israel Honorino Nunes
Economista e aluno especial doutorado
EGC/UFSC
Campus Universitário S/N, Trindade
israelhn@click21.com.br
Roberto Martins Silveira
Contador e aluno especial doutorado
EGC/UFSC
Campus Universitário S/N, Trindade
rmsilveira@hotmail.com
Eduardo Alexandre C. de Machado
Economista e Mestrando EGC/UFSC
Campus Universitário S/N, Trindade
eacmachado@egc.ufsc.br
Angélica Conceição D. Miranda
Bibliotecária e Doutoranda EGC/UFSC
Campus Universitário S/N, Trindade
angelicam@egc.ufsc.br
Giuvana Terezinha Lehmkuhl
Especialista - EGC/UFSC
Eletrosul Centrais Elétricas S.A
Administradora
giulehmkuhl@eletrosul.gov.br
20. 1 INTRODUÇÃO Para melhor compreensão do termo em questão
Artigo 03
a seguir serão mostrados alguns conceitos de
A necessidade de mudar para
sense-making.
adaptar-se ao novo sempre esteve
presente em nosso cotidiano. Pessoas, Weick (1995) citado por Henrique e Henrique
organizações, todos aqueles que primam (2004), diz que “sense-making refere-se clara-
por melhorar, buscam o estado ideal, ou, mente a uma atividade ou a um processo,
ao menos, uma forma de aproximação. enquanto a interpretação pode ser um processo,
Miranda (2003), expõe que com mas pode também descrever um produto”.
o avanço da ciência e tecnologia No mesmo texto de Henrique e Henrique
novos conceitos surgiram, outros fo- (2004) encontramos o dizer de Wesley (1990)
ram reformulados, e organizações pontuando como:
adotaram nova postura para manter “A formulação de estratégias empresariais
sua clientela. Assim, pode-se afirmar como um caso específico de sense-making: a
que a competitividade passou a fazer estratégia faria o papel do quadro de refe-
20
da rotina das organizações, visando rência o qual envolve a busca, a produção, a
sua sobrevivência. manipulação e a difusão de informação de tal
Cabe destacar ainda, que esse avanço forma a dar significado, propósito e direção à
tec-nológico proporcionou uma visão organização”.
diferenciada do ambiente de negócios. De acordo com as exposições acima, pode-se
Daven-port (1998), atenta para a afirmar que sob a ótica da administração o sense-
supervalorização da tecnologia, em making é uma excelente fonte de informação,
detrimento de outros valores também uma vez que apresenta uma visão real do que
importantes. Dentro da visão de compe- a empresa dispõe. Ferreira (1997) destaca o
titividade, o presente artigo aborda a
sense-making como sendo as interações entre
aplicação da metodologia do sense-
cliente/organização, já Weick (1995) como
making, como diferencial competitivo
um processo onde o resultado será um produto,
nas organizações.
algo tangível e Wesley (1990) visualiza como
um caso específico de estratégia empresarial
2
onde a busca, produção, manipulação e difusão,
CONCEITOS DE SENSE-
onde os resultados proporcionarão uma visão
MAKING privilegiada à administração da organização.
A literatura mostra que Brenda Dervin
foi a primeira autora a usar o termo
sense-making, em 1972, sob o enfoque
de como as pessoas dão sentido aos seus
mundos e como as pessoas visualizam
3 ORIGEM DO SENSE-MAKING
Analisando os conceitos teóricos sobre a
administração, percebe-se que a busca por
uma situação Dervin, (2003), enquanto
novas estratégias organizacionais voltadas
que Karl Weick usa o mesmo termo
à competitividade no ambiente de negócios
no sentido da organização definir
tem sido objeto de trabalho, principalmente, a
a idéia de que certos fenômenos (as
partir de meados do século XX.
organizações) são construídos por
relacionamentos. Do ponto de vista de Os modelos inflexíveis, burocráticos e estáticos
Weick (1979): que ditaram as estratégias organizacionais ao
“Managers construct, rearrange, single longo de muito tempo entraram em crise. A
out, and demolish many ‘objective’ antiga concepção nas palavras de Motta (2001)
features of their surroundings. When apud Zanelli; Andrade e Bastos (2004) levou
people act they unrandomize variables, à construção de novos modelos de estrutura
insert vestiges of orderliness, and organizacional que implicaram a revisão de
literally create their own constraints” princípios e crenças gerenciais.
(Weick, p243). Segundo Henrique e Henrique (2004), “... com
21. os trabalhos de Selznick (1957), March e Simon oposição à percepção desses processos
Artigo 03
(1958) e Ansoff (1965), seguidos da contribuição como eminentemente racionais. Estas
de Porter (1980-1985), foram estabelecidas escolas destacam a concepção de
a práxis prevalecente no meio empresarial, estratégias como processo dependente
determinando, por assim dizer, os caminhos de aprendizagem e da construção de
através dos quais a estratégia empresarial mapas mentais e, por conseguinte,
deveria ser concebida e formulada”. da cognição e incluem, na visão dos
Embora essa nova estrutura permanecesse autores, uma abordagem mais recente
destacando o projeto racional da estrutura interpretativa ou construtivista, através
burocrática, deixou de lado os fundamentos da qual a cognição seria empregada
baseados em hierarquia, trabalho especializado para construir estratégias como inter-
e distribuição de autoridade, passando a pretações criativas e não somente ma-
englobar novas estratégias disseminadas pear a realidade”.
por estudiosos da área da administração. De Ao considerar os conceitos de “sense-
21
acordo com Zanelli; Andrade e Bastos (2004), making” discutidos neste trabalho en-
a estrutura ideal passou a depender da contram-se fundamentos acadêmicos
adequação entre a organização e seu ambiente para justificar sua origem baseada nas
– uma adequação dependente de uma série de idéias dos pontificadores de ambas
fatores contingências, como tecnologia, pessoal, as escolas e, também para validar a
tamanho, idade, estratégia e assim por diante. citação acima.
Em detrimento da resumida abordagem sobre De acordo com Weick (1995), a apren-
as mudanças nas estratégias das organizações dizagem é resultado do conceito
elencadas nos parágrafos acima, cabe destacar de sense-making e Reissner (2005),
que o propósito em específico, deste tópico do corroborando com o autor teoriza
artigo, é identificar a origem da metodologia que sense-making é um processo de
do sense-making no espaço organizacional e, aprendizagem que conduz a uma
para tanto, se torna imprescindível relacioná-lo nova compreensão do mundo. Dod-
ao embasamento teórico da “escola cognitiva” gson, (1993), Crossan et al., (1999),
preconizada por e March e Simon (1958), apud PUC-Rio - Certificação Digital
bem como o da “escola de aprendizagem”, Nº 0014388/CA, enfatiza que os
fundamentada por Lindblom (1963), Weick conceitos de aprendizagem não só
(1973 e 1995) e Mintzberg (1978 e 1985), valorizam a tendência à mudança
que apregoavam conceitos distintos daqueles contínua nas organizações, como
em voga na administração tradicional. também podem unir diferentes níveis
de análise: individual, grupal e
Sobre as idéias defendidas pelos autores cabe,
organizacional.
a título de esclarecimento ao leitor, citar um
trecho do artigo “Concepção da Estratégia Downey e Brief (1986), apud Zanelli,
e o Processo de Sense-making: Explorando Andrade e Bastos (2004), se referem
Tendências e Integrando Conceitos”. Nele a sense-making como à tendência
Henrique e Henrique (2004), de uma forma clara dos indivíduos a produzirem um
e sucinta apresentam o enunciado conceitual das sentido para o mundo. Para tanto,
referidas Escolas, que quando analisado sob o desenvolvem explicações para ativida-
real sentido do que vem a ser o sense-making des importantes que os cercam. Os
é perceptível identificar uma analogia sobre conceitos dos autores remetem à visão
sua origem e, a aplicação da metodologia no cognitiva e pode ser ratificada pela
campo das estratégias organizacionais. Na teoria de Zanelli, Andrade e Bastos
visão dos autores, ambas as escolas: (2004), quando afirmam que os
indivíduos fazem escolhas e respondem
“Apresentam-se como associadas à percepção
às pressões de seu entorno com base
do ambiente externo como mais imprevisível
em idéias bem desenvolvidas sobre
e aos processos internos como naturais, em
22. como o mundo no qual estão imersos serem seguidas. Apenas com o entendimento
Artigo 03
operam. claro destas novas exigências de mercado, uma
A partir dos enunciados envolvendo a organização poderá tomar ações corretas e
aprendizagem e a cognição é possível eficientes para o seu crescimento. Santiago Jr
obter argumentos para embasar que (2004).
tanto a “escola de aprendizagem”, Wood Jr (2004), afirma que organizações
como a “escola cognitiva”, propiciaram de todos os tipos têm se deparado com
as bases para aplicação metodológica cenários substancialmente modificados e signi-
do sense-making nas organizações. ficativamente mais dinâmicos que os anteriores,
O próprio Senge (1990) abordou o que as têm feito buscar firmemente a
que organizações “controladoras” adaptação a esses cenários. O Autor afirma
tenderiam a se transformar em que as organizações estão gradativamente
organizações de aprendizagem – abandonando uma atitude reativa, para
learning organizations – para se assumir uma postura pró-ativa em relação às
22
adaptarem à sociedade pós-industrial. mudanças. As organizações vêem-se compelidas
Embora as escolas de aprendizagem e a criar, desenvolver, tentar novas formas de
cog-nição versem sobre metodologias agir e antecipar os movimentos do ambiente.
capazes de contribuir positivamente Antes de responder às mudanças, deve existir
nos processos organizacionais, se faz um esforço de fazer a mudança.
necessário lembrar que para uma Diante desse cenário, Henrique e Henrique
organização deixar de utilizar conceitos (2004), destaca que:
tidos como tradicionais e se tornar uma
“A formulação de estratégias vem se constituindo
organização que aprende, é essencial
um dos grandes desafios das organizações
conforme Senge (1990) apud Nonaka
modernas. O crescimento, quando não a mera
e Takeuchi (1997), um processo de
sobrevivência, tem exigido excelência em
mudança adaptativo influenciado
escolhas cada vez mais complexas em função
pela experiência passada, centrado
da incerteza e, sobretudo, da ambigüidade
no desenvolvimento ou na modificação crescentes do ambiente de negócios”.
de rotinas e apoiado pela memória
organizacional. A organização que Em conseqüência, a abordagem convencional
aprende na concepção de Senge referente à concepção e à elaboração de
(1990) apud Nonaka e Takeuchi estratégias, começa a ser questionadas no
(1997) é um lugar onde as pessoas que se refere a sua efetividade de criar
descobrem continuamente como criam valor e, emerge uma nova metodologia, com
sua realidade. E como podem modificá- destaque para a importante influência dos
la. Fica então a pergunta não é está a processos cognitivos pertinentes a seleção e a
organização voltada para a prática interpretação de dados e informações sobre o
do sense-making? ambiente.
Para CHOO (1998),
“As organizações do conhe-cimento são aquelas
4 O SENSE-MAKING NO que fazem uso estratégico da informação para
AMBIENTE ORGANIZACIONAL: atuação em três arenas distintas e imbricadas,
O novo cenário organizacional, sem a saber:
dúvida alguma, sofreu muitas alterações a) sense-making ou construção de sentido,
nos últimos anos. Estas mudanças fizeram
com que as empresas, de um modo b) criação do conhecimento, por intermédio da
aprendizagem organizacional e
geral, precisassem adequar sua forma
de atuação, no intuito de se manterem c) tomada de decisão, com base no princípio da
competitivas em seu mercado e flexíveis racionalidade”.
com as novas regras mercadológicas a Sendo que o objetivo deste artigo está foco no
23. sense-making, optou-se por analisar de forma processo. Neste contexto a prática do
Artigo 03
mais detalhada a teoria do autor acerca do sense-making proporciona um ambiente
conceito “construção do sentido”. Sobre este organizacional mais saudável.
aspecto, Choo (1998), afirma que o objetivo
Na teoria de Freud, apud Zanelli; An-
imediato do sense-making é permitir aos
drade e Bastos (2004), a saúde mental
membros da organização a construção de
é a “capacidade mental de amar e
um entendimento compartilhado do que é a
trabalhar”. Pelo amor reproduzimo-
organização e o que ela faz.
nos, pelo trabalho produzimos – pro-
Já o objetivo de longo prazo, é a garantia de duzir e reproduzir explicam a nossa
que as organizações se adaptem e, continuem existência.
a prosperar em um ambiente dinâmico através
As organizações necessitam entender
da prospecção do ambiente organizacional, em
que as mudanças nas estratégias orga-
busca de informações relevantes que as permitam
nizacionais revelam suas pressões
compreender mudanças, tendências e cenários
em todas as áreas de negócios e
23
acerca de clientes, fornecedores, concorrentes, ou
de trabalho. Conforme Santiago Jr
seja, toda a cadeia produtiva da organização. O
processo de construção do sense-making pode (2004):
ser exemplificado atra-vés do quadro 1. “As ações voltadas para a gestão
do conhecimento devem objetivar
melhorias nas mais variadas atividades
desenvolvidas pela empresa. Dentre
elas é possível destacar a melhor
administração do relacionamento com
Fonte: Choo (1998) clientes, adoção e compartilhamento
da melhores práticas...”.
Segundo Zanelli; Andrade e Bastos (2004)
apud Weick (1995):
“O processo de sense-making é consi-derado
atividade central, tanto na construção da
organização como dos ambientes com os quais
5 UMA VISÃO SOBRE O USO
DO SENSE-MAKING EM
UMA EMPRESA DE ALIMENTOS
se interage. Se sense-making significa inventar
um novo significado para algo que já ocorre
NA ITÁLIA.
nos processos de organizar, mas que ainda não Ao longo deste artigo discutiu-se a
fora nomeado, ele consiste no mecanismo que metodologia do sense-making como
gera os componentes do mundo organizacional. uma estratégia organizacional voltada
Assim, organizar pode ser visto como “fabricar a competitividade. Para melhor ilustrar
significado”. a teoria optou-se por apresentar um
O sucesso do desenvolvimento do sense- caso prático de processo de redução
making na organização está associado ao de custos em uma organização italiana,
estabelecimento de forma coordenada da baseado na metodologia de sense-
definição da cadeia produtiva, pois o sense- making e, aplicado por uma empresa
making ocorre em grupos de pessoas que estão de consultoria sediada na Itália
envolvidas em conversações, debates, interações denominada Creatctive Consulting.
de toda a ordem que se transforma nos meios O estudo de caso ocorreu em uma
pra a construção social da organização. indústria de alimentos na Itália, que
Diante das novas exigências do mercado as havia sofrido diversas operações
organizações que fazem uso da metodologia de aquisição e fusão que geraram
do sense-making focado no público interno, inúmeros escritórios, cada um com sua
vislumbram maiores possibilidades na busca cultura, políticas, e rotinas diferentes.
de solução de problemas, desenvolvimento de Na referida empresa os consultores
novos produtos, bem como aprimoramento do coletaram e analisaram dados de
24. todas as várias divisões da empresa, parceria efetiva, bem como a confi-ança nos
Artigo 03
pesquisando soluções para a redução consultores foi adquirida quando em uma
de custos. Como resultado a consultoria ocasião especial, o CEO da empresa decidiu
identificou que a economia do processo testar as embalagens utilizadas anteriormente
produtivo estaria centrada nas “emba- saltando sobre elas. As embalagens não
lagens”, caso as mesmas fossem resistiram e quebraram. Ao repetir o feito, as
melhor adaptadas e sua utilização novas embalagens resistiram e não quebraram.
aproveitadas adequadamente. Após este evento, os consultores foram legi-
timados também pelo CEO, permitindo um novo
A redução de custos focados nas
modelo mental por parte dos empregados.
embalagens ocorreu através da cons-
trução de um entendimento compar-
6
tilhado com ênfase nos seguintes pontos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• As embalagens eram caras – de-
O mundo está mudando numa velocidade
senvolvidas para o transporte de
24
alucinante. Essas transformações são reflexos
alimentos, enquanto seu uso não era
das mudanças observadas no decorrer dos
somente destinado a este fim;
tempos. A força física, tão aplicada nas antigas
• As embalagens tinham as mesmas linhas de montagem, está sendo substituída
dimensões, e não estavam adequadas pela força do intelecto, pelo mundo das idéias.
as características dos produtos;
Ao longo deste artigo foi possível perceber
• As embalagens não eram sempre que a metodologia do sense-making está
preenchidas em sua totalidade, e diretamente vinculada ao mundo das idéias,
difíceis de segurar por conta da da cognição, da aprendizagem e da gestão do
fragilidade do material com que era conhecimento.
constituída.
Mediante o grau de incerteza e ambigüidade
Os funcionários da empresa demons- em que os gestores são confrontados, não há
travam resistência por acreditar que como negligenciar a importância do sense-
as embalagens até então utilizadas making nas organizações. A prática do sense-
atendiam plenamente as necessidades making possibilita o compartilhamento do
da organização. Após a explanação conhecimento focado em estratégia de soluções
dos consultores sobre a real situação de problemas e gerenciamento de decisões
das embalagens, um choque cognitivo organizacionais. Os indivíduos participam de
foi causado, oportunizando a busca de forma mais ativa porque integram o processo.
novas idéias e soluções.
A adoção da metodologia do sense-making
Com a colaboração efetiva de todos nas organizações possibilita a criação de um
os funcionários da empresa, um novo diferencial competitivo à medida que ocorre
tipo de embalagem foi desenvolvido – o envolvimento dos relacionamentos tanto
elaborado com material mais resistente, interno como externo, propiciando a construção
com menor custo e características do sentido e, consequentemente, melhor com-
que permitissem um preenchimento preensão dos objetivos e soluções mais rápidas
e transporte mais adequado. Esta e eficazes.
25. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de Produção, Universidade Federal de Santa
Artigo 03
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26. COMUNICAÇÃO E GESTÃO
DO CONHECIMENTO
O que as empresas precisam aprender
para continuarem vivas
Comunicar é tornar comum uma idé- comum? E como elas podem auxiliar as em-
ia, é compartilhar conhecimento. presas no grande desafio da perpetuação de
Gerir conhecimento, de maneira bem suas atividades? De antemão, digo que não
reducionista, é armazenar e disponi- tenho a pretensão de encerrar o assunto e nem
bilizar informações que gerem aplica- muito menos responder as questões levantadas.
bilidade desse conhecimento. O que Minha intenção é levantar discussões e provocar
estas duas áreas de saber têm em a reflexão.
Deborah Leite
Gerente de Marketing da TW Services.
Deborah_leite@yahoo.com.br