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São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010


No meio do cérebro, o enigma da criatividade

Estudos do cérebro tentam decifrar a mente criativa




Mark Holm para o New York Times

O estudioso Rex Jung, no centro da Rede de Pesquisa da Mente

Por PATRICIA COHEN
Enumere em um minuto todos os usos criativos para um tijolo que conseguir imaginar.
A questão é parte de um clássico teste de criatividade, algo que os cientistas estão tentando pela
primeira vez mapear no cérebro. Eles esperam descobrir precisamente quais compostos
bioquímicos, impulsos elétricos e regiões foram acionados quando, digamos, Picasso pintou
"Guernica". Usando tomografias por ressonância magnética (MRI), os pesquisadores estão
monitorando o que ocorre no cérebro de pessoas durante tarefas criativas.
Mas as imagens dos sinais brilhando nos lóbulos frontais levaram os cientistas a reexaminar a
própria forma como a criatividade é mensurada em laboratório.
"Criatividade é meio como pornografia -você reconhece quando vê", disse Rex Jung, da Rede de
Pesquisas da Mente, em Albuquerque (EUA). Jung, professor e pesquisador- assistente do
Departamento de Neurocirurgia da Universidade do Novo México, disse que sua equipe está
fazendo a primeira pesquisa sistemática sobre a neurologia do processo criativo, incluindo sua
relação com a personalidade e a inteligência.
Como muitos pesquisadores nos últimos 30 anos, Jung se baseava numa definição comum de
criatividade: a capacidade de combinar novidade e utilidade em um contexto social particular.
No entanto, conforme o estudo da criatividade se expande para incluir a neurologia cerebral,
alguns cientistas questionam se essa definição padrão e os testes para ela ainda fazem sentido.
John Kounios, psicólogo da Universidade Drexel, de Filadélfia, argumenta que o padrão
"sobreviveu à sua utilidade".
"A criatividade é um conceito complexo, não uma coisa única", disse ele, acrescentando que os
pesquisadores do cérebro precisaram dividi-la em suas partes integrantes.
Kounios, que estuda a base neurológica do entendimento, define a criatividade como sendo a
capacidade de reestruturar a própria compreensão de uma situação de uma forma não óbvia.
Todo o mundo concorda que não existe uma mensuração única para a criatividade. Os exames de
QI, embora polêmicos, são considerados ainda um teste confiável para ao menos certo tipo de
inteligência, mas não há um equivalente quando se trata da criatividade.
O laboratório de Jung usa uma combinação de medições como equivalentes para a criatividade.
Um deles é o Questionário de Realizações da Criatividade, que convida as pessoas a relatar suas
próprias aptidões em dez campos, como artes visuais, música, escrita criativa, arquitetura, humor
e descoberta científica.
Outro é um teste de "pensamento divergente", uma medição clássica desenvolvida pelo psicólogo
J.P. Guilford. Nele, a pessoa é orientada a apresentar funções "novas e úteis" para um objeto
familiar, como um tijolo, um lápis ou uma folha de papel.
A equipe de Jung também apresenta situações estranhas. Imagine que as pessoas pudessem
mudar de sexo instantaneamente, ou que as nuvens tivessem cadarços. Quais seriam as
implicações?
Em outra avaliação, a pessoa tem de descrever o sabor do chocolate, ou escrever uma legenda
para um cartum humorístico.
As respostas são usadas para gerar o que Jung chama de "Índice Composto da Criatividade". Os
testes de Jung se baseiam naqueles criados por Robert Sternberg, um dos principais
pesquisadores da inteligência nos EUA e o homem parcialmente responsável pela definição padrão
de criatividade.
Sternberg usa testes semelhantes na Universidade Tufts, de Massachusetts, onde investiga como
as pessoas desenvolvem e dominam habilidades.
Ele explicou que sua equipe pede que as pessoas pensem no que teria acontecido, digamos, se a
negra Rosa Parks tivesse cedido seu assento a um homem branco quando aquele motorista de
ônibus de Montgomery mandou que ela se mudasse (episódio emblemático, em 1955, da luta pela
igualdade racial nos EUA), ou se Hitler tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial.
Quanto a Jung, sua pesquisa tem produzido resultados surpreendentes. Um estudo com 65
pessoas sugere que a criatividade prefere caminhos mais lentos e sinuosos que a inteligência.
No caso da inteligência, explicou Jung, "o cérebro parece ser uma super-rodovia eficiente, que o
leva do ponto A para o ponto B".
"Mas nas regiões do cérebro relacionadas à criatividade parece haver muitas estradinhas
auxiliares com desvios interessantes e pequenas vicinais sinuosas", agregou.
John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), adverte que sempre há uma lacuna entre o que ocorre no laboratório e no mundo real.
"Parece que ser criativo é ser algo para o qual não temos um teste."

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Cérebro criativo: mapeando a neurologia da criatividade

  • 1. São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010 No meio do cérebro, o enigma da criatividade Estudos do cérebro tentam decifrar a mente criativa Mark Holm para o New York Times O estudioso Rex Jung, no centro da Rede de Pesquisa da Mente Por PATRICIA COHEN Enumere em um minuto todos os usos criativos para um tijolo que conseguir imaginar. A questão é parte de um clássico teste de criatividade, algo que os cientistas estão tentando pela primeira vez mapear no cérebro. Eles esperam descobrir precisamente quais compostos bioquímicos, impulsos elétricos e regiões foram acionados quando, digamos, Picasso pintou "Guernica". Usando tomografias por ressonância magnética (MRI), os pesquisadores estão monitorando o que ocorre no cérebro de pessoas durante tarefas criativas. Mas as imagens dos sinais brilhando nos lóbulos frontais levaram os cientistas a reexaminar a própria forma como a criatividade é mensurada em laboratório. "Criatividade é meio como pornografia -você reconhece quando vê", disse Rex Jung, da Rede de Pesquisas da Mente, em Albuquerque (EUA). Jung, professor e pesquisador- assistente do Departamento de Neurocirurgia da Universidade do Novo México, disse que sua equipe está fazendo a primeira pesquisa sistemática sobre a neurologia do processo criativo, incluindo sua relação com a personalidade e a inteligência. Como muitos pesquisadores nos últimos 30 anos, Jung se baseava numa definição comum de criatividade: a capacidade de combinar novidade e utilidade em um contexto social particular. No entanto, conforme o estudo da criatividade se expande para incluir a neurologia cerebral, alguns cientistas questionam se essa definição padrão e os testes para ela ainda fazem sentido. John Kounios, psicólogo da Universidade Drexel, de Filadélfia, argumenta que o padrão "sobreviveu à sua utilidade". "A criatividade é um conceito complexo, não uma coisa única", disse ele, acrescentando que os pesquisadores do cérebro precisaram dividi-la em suas partes integrantes. Kounios, que estuda a base neurológica do entendimento, define a criatividade como sendo a capacidade de reestruturar a própria compreensão de uma situação de uma forma não óbvia. Todo o mundo concorda que não existe uma mensuração única para a criatividade. Os exames de QI, embora polêmicos, são considerados ainda um teste confiável para ao menos certo tipo de inteligência, mas não há um equivalente quando se trata da criatividade. O laboratório de Jung usa uma combinação de medições como equivalentes para a criatividade.
  • 2. Um deles é o Questionário de Realizações da Criatividade, que convida as pessoas a relatar suas próprias aptidões em dez campos, como artes visuais, música, escrita criativa, arquitetura, humor e descoberta científica. Outro é um teste de "pensamento divergente", uma medição clássica desenvolvida pelo psicólogo J.P. Guilford. Nele, a pessoa é orientada a apresentar funções "novas e úteis" para um objeto familiar, como um tijolo, um lápis ou uma folha de papel. A equipe de Jung também apresenta situações estranhas. Imagine que as pessoas pudessem mudar de sexo instantaneamente, ou que as nuvens tivessem cadarços. Quais seriam as implicações? Em outra avaliação, a pessoa tem de descrever o sabor do chocolate, ou escrever uma legenda para um cartum humorístico. As respostas são usadas para gerar o que Jung chama de "Índice Composto da Criatividade". Os testes de Jung se baseiam naqueles criados por Robert Sternberg, um dos principais pesquisadores da inteligência nos EUA e o homem parcialmente responsável pela definição padrão de criatividade. Sternberg usa testes semelhantes na Universidade Tufts, de Massachusetts, onde investiga como as pessoas desenvolvem e dominam habilidades. Ele explicou que sua equipe pede que as pessoas pensem no que teria acontecido, digamos, se a negra Rosa Parks tivesse cedido seu assento a um homem branco quando aquele motorista de ônibus de Montgomery mandou que ela se mudasse (episódio emblemático, em 1955, da luta pela igualdade racial nos EUA), ou se Hitler tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial. Quanto a Jung, sua pesquisa tem produzido resultados surpreendentes. Um estudo com 65 pessoas sugere que a criatividade prefere caminhos mais lentos e sinuosos que a inteligência. No caso da inteligência, explicou Jung, "o cérebro parece ser uma super-rodovia eficiente, que o leva do ponto A para o ponto B". "Mas nas regiões do cérebro relacionadas à criatividade parece haver muitas estradinhas auxiliares com desvios interessantes e pequenas vicinais sinuosas", agregou. John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), adverte que sempre há uma lacuna entre o que ocorre no laboratório e no mundo real. "Parece que ser criativo é ser algo para o qual não temos um teste."