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Um M´todo para Arquitetura da Informa¸˜o:
e
ca
Fenomenologia como base para o desenvolvimento de
arquiteturas da informa¸˜o aplicadas.
ca

Ismael de Moura Costa

Disserta¸ao apresentada ao Departamento
c˜
de Ciˆncia da Informa¸˜o e Documenta¸ao
e
ca
c˜
da Universidade de Bras´ como requisito
ılia
parcial para a obten¸˜o do t´
ca
ıtulo de mestre

Linha de Pesquisa: Arquitetura da Informa¸ao
c˜
Orientador: Prof. Dr. Mamede Lima-Marques

Bras´
ılia, Dezembro de 2009
Um M´todo para Arquitetura da Informa¸˜o:
e
ca
Fenomenologia como base para o desenvolvimento de
arquiteturas da informa¸˜o aplicadas.
ca

Este exemplar corresponde ao texto, em
sua vers˜o final, da disserta¸ao aprovada
a
c˜
pela banca examinadora.

Banca Examinadora:
• Prof. Dr. Mamede Lima-Marques
• Prof. Dr. Jo˜o Luiz Pereira Marciano
a
• Prof. Dr. Claudio Gottschalg Duque
3

Agradecimentos
Ao amigo e Prof. Dr. Mamede Lima-Marques, que me conduziu durante esta pesquisa
e me ensinou a escutar o mundo com a l´gica e com a ciˆncia;
o
e
Ao irm˜o Andr´ Siqueira, que com sua paciˆncia e sabedoria, me estimulou e me
a
e
e
guiou pelo caminho do conhecimento em tantas oportunidades de minha vida;
Aos professores do Departamento de Ciˆncia da Informa¸˜o da UnB, que s˜o abnee
ca
a
gados defensores da importˆncia do conhecimento cient´
a
ıfico para o desenvolvimento do
homem e por compartilhar vossas experiˆncias com todos os alunos;
e
Ao Sr. Jos´ Roberto Murillo Zamora, que nobremente permitiu a minha participa¸˜o
e
ca
nas aulas diurnas necess´rias ao cumprimento desta tarefa;
a
Aos colegas de trabalho, que tanto ajudaram na concilia¸˜o entre as responsabilidaca
des do dia-a-dia e os compromissos da academia, demonstrando indulgˆncia, coerˆncia e
e
e
respeito;
Aos colegas de academia pela alegria, reflex˜es e proposi¸˜es inovadoras fartamente
o
co
distribu´
ıdas durante os encontros em sala de aula.
A Jucilene Gomes e a Martha Ara´jo por todo apoio e alegria ofertados na secretau
ria; Aos meus queridos amigos que foram o´sis reconfortantes durante o percurso desta
a
viagem, que nunca me cobraram nada e que sempre estiveram do meu lado, mesmo que
`
distantes fisicamente; A minha esposa S´dicla Mariano, que com seu amor, dedica¸ao
e
c˜
e paciˆncia tornou essa tarefa poss´
e
ıvel; Aos meus primos, que s˜o a nova forma de ira
mandade de nossa fam´
ılia; Ao saudoso tio Saturno Wagner, que com o seu exemplo de
disciplina, alegria e reforma ´
ıntima, cativou a todos; Aos meus tios, pelo esfor¸o abnegado
c
e humilde, demonstrando a importˆncia do trabalho para a forma¸˜o ´tica de todos em
a
ca e
`
nossa fam´ A minha av´ Maria Milagre, que conduz nossas vidas com sua luz; A minha
ılia; `
o
av´ Eur´
o
ıdes Francelino, que representa a for¸a da sabedoria e da esperan¸a; Ao meu avˆ
c
c
o
Severino Balbino pelo exemplo de dignidade e pelo amor aos seus descendentes; Ao meu
avˆ Antˆnio Izidro pelo exemplo de honra, honestidade e lealdade;
o
o
`
A Ism´lia Costa, que alegremente compartilha sua existˆncia comigo, como irm˜ e
a
e
a
Agradecimentos

4

amiga;
Aos meus pais, Francisco Costa e Verˆnica Moura, que me deram a vida, me conduo
ziram pelo caminho da disciplina e do amor, sendo meus primeiros e maiores amigos;
Sobretudo a Jesus, por nos sustentar com sua luz, por nos ofertar a agua fresca de
´
seu reino nos per´
ıodos dif´
ıceis, por nos revelar a verdade e nos confortar com seu exemplo
de trabalho e f´ no Senhor da vida...
e
5

Resumo
Os meios de desenvolvimento de Arquiteturas da Informa¸ao Organizacionais s˜o
c˜
a
atualmente voltados ao n´ de abstra¸ao pr´tico, empregados em sua maioria para o
ıvel
c˜
a
desenvolvimento de aplica¸˜es web. A partir da investiga¸ao fenomenol´gica de fundaco
c˜
o
mentos epistemol´gicos, cient´
o
ıficos e pr´ticos esta disserta¸ao prop˜e um m´todo baseado
a
c˜
o
e
em quatro momentos: o Escutar, o Pensar, o Construir e o Habitar. A pesquisa analisa as
a¸oes pertinentes a cada momento deste m´todo e como seus atos se ordenam para o dec˜
e
senvolvimento de arquiteturas da informa¸ao aplicadas, aqui consideradas como estados
c˜
de uma configura¸ao espec´
c˜
ıficas de espa¸os de informa¸˜o.
c
ca
Palavras-chave: Ciˆncia da Informa¸ao, Arquitetura da Informa¸ao, Fenomenologia,
e
c˜
c˜
Hermenˆutica, M´todo, Espa¸o de Informa¸˜o.
e
e
c
ca
6

Abstract
The means of developing of Organizational Architecture of Information are currently
aimed at the practical level of abstraction, used mostly for the development of web applications. From the phenomenological investigation of the epistemological, scientific and
practical this dissertation proposes a method based on four stages: the Listen, Thinking,
the Building and the Inhabit. The research analyzes the actions relevant to every moment of this method and how these acts are ordered for the development of architecture
of information applied, considered here as states of a specific configuration information
spaces.
Keywords: Information Science, Architecture of Information, Phenomenology, Hermeneutics, Method, Information Space.
7

Sum´rio
a

Agradecimentos

p. 3

Resumo

p. 5

Abstract

p. 6

Lista de Figuras

p. 12

Lista de Figuras

p. 12

Lista de Abreviaturas

p. 15

Introdu¸˜o
ca

p. 16

1 Prepara¸˜o da Pesquisa
ca

p. 20

1.1

Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 20

1.1.1

Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 20

1.1.2

Objetivos Espec´
ıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 20

1.2

Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 21

1.3

Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 22

1.3.1

Tipo da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 22

1.3.2

Procedimento Metodol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o

p. 22

1.3.3

Ado¸ao de uma vis˜o de mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜
a

p. 23

1.3.4

Fontes de Informa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 24

1.3.5

Percurso metodol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o

p. 26
Sum´rio
a

8

I Revis˜o da Literatura
a
2 O contexto Epistemol´gico
o

27
p. 28

2.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 28

2.2

Epistemologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 29

2.2.1

Epistemologia Evolucionista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 30

2.2.2

Epistemologia Gen´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 31

2.2.3

Epistemologia Naturalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 31

2.2.4

Epistemologia P´s-positivista . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o

p. 32

2.3

O C´
ırculo de Viena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 33

2.4

O Estruturalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 35

2.5

A Fenomenologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 35

2.5.1

A Intencionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 36

2.6

Hermenˆutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 38

2.7

O Movimento da Gestalt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 40

2.8

A no¸˜o de Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ca

p. 41

3 O Contexto Cient´
ıfico

p. 43

3.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 43

3.2

Ciˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 44

3.2.1

Ciˆncia e a Realidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 45

Evolu¸˜o do racioc´
ca
ınio cient´
ıfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 47

3.3.1

Racioc´
ınio Dedutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 47

3.3.2

Racioc´
ınio Indutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 48

3.3.3

Racioc´
ınio Dial´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 49

3.3.4

Racioc´
ınio Hipot´tico-dedutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 49

3.3.5

Racioc´
ınio Fenomenol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o

p. 50

3.3
Sum´rio
a

9

3.4

Teoria e Observa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ca

p. 51

3.5

M´todo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 53

3.6

Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 55

3.7

Forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 57

3.8

Informa¸ao
c˜

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 58

3.9

Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 60

3.9.1

Sint´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a

p. 62

3.9.2

Semˆntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a

p. 63

3.9.3

Pragm´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a

p. 63

3.10 Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 64

3.11 No¸ao de espa¸o em Heidegger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜
c

p. 65

3.12 Sobre a Arquitetura da Informa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ca

p. 66

II Resultados da pesquisa
4 A constru¸˜o da proposta
ca

72
p. 73

4.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 73

4.2

Etapas da constru¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ca

p. 73

4.3

Mapa Conceitual da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 84

5 Postulados para a proposta

p. 88

5.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 88

5.2

Princ´
ıpios Epistemol´gicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o

p. 88

5.2.1

Epistemologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 88

5.2.2

Fenomenologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 88

5.2.3

Hermenˆutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 89

Princ´
ıpios Cient´
ıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 89

5.3
Sum´rio
a

10

5.3.1

Espa¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c

p. 89

5.3.2

Espa¸o de Informa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c
c˜

p. 89

5.3.3

Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 90

5.3.4

Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 90

5.3.5

Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 90

6 M´todo de arquitetura de informa¸˜o aplicada – Maia
e
ca

p. 91

6.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 91

6.2

O m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e

p. 92

6.3

O Escutar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 94

6.3.1

Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ca
c˜

p. 95

6.3.2

Procedimentos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 96

6.3.3

Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . .
co
e

p. 98

O Pensar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 99

6.4

6.4.1
6.4.2

Procedimentos

6.4.3
6.5

Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 101
ca
c˜

Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 104
co
e

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 102

O Construir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 105
6.5.1
6.5.2

Procedimentos

6.5.3
6.6

Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 106
ca
c˜

Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 108
co
e

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 107

O Habitar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 108
6.6.1
6.6.2

Procedimentos

6.6.3
6.7

Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 109
ca
c˜

Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 112
co
e

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 110

Modelo de representa¸˜o do m´todo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112
ca
e
6.7.1

Integra¸˜o de Momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112
ca
Sum´rio
a

11

6.7.2

Estados de uma arquitetura de informa¸˜o . . . . . . . . . . . . p. 114
ca

7 Exemplo de aplica¸˜o do m´todo proposto
ca
e

p. 116

7.1

Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 116
c˜

7.2

Exemplo de aplica¸ao: Arquitetura da Informa¸˜o Organizacional . . . p. 116
c˜
ca
7.2.1

Contexto organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 117

7.2.2

Experimento de Teste do Maia . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 118

7.2.3

Caracter´
ısticas do Espa¸o de Informa¸˜o inicial - (Eai1 ) . . . . . p. 118
c
ca

7.2.4

Resultados da aplica¸˜o do Maia . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 120
ca

8 Considera¸˜es Finais
co

p. 138

Referˆncias Bibliogr´ficas
e
a

p. 143

Referˆncias Bibliogr´ficas
e
a

p. 143
12

Lista de Figuras
1.1

Hierarquia de investiga¸˜es em meta-modelagem (GIGCH; PIPINO, 1986). p. 23
co

4.1

Quantidade de referˆncias pesquisadas situadas ao longo do per´
e
ıodo estipulado para a pesquisa (2000 a 2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 75

4.2

Percentual de referˆncias consultadas separadas pelos idiomas predefinidos. p. 75
e

4.3

Distribui¸˜o dos tipos de idiomas consultados ao longo do per´
ca
ıodo da
pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.4

p. 76

Distribui¸˜o das referˆncias verificadas em rela¸ao as principais fontes de
ca
e
c˜ `
informa¸˜o eletrˆnicas consultadas. Na legenda deste gr´fico a propor¸ao
ca
o
a
c˜
correspondente ` CAPES est´ relacionada ao portal de peri´dicos. . . .
a
a
o

4.5

4.6

p. 77

´
As referˆncias verificadas foram reunidas em trˆs grupos: “SITIOS
e
e
ˆ
WEB”; “ORGANIZACIONAL” e, “STATUS CIENCIA”. . . . . . . . .

p. 78

Distribui¸˜o das referˆncias consultadas, em rela¸ao a abordagem emca
e
c˜ `
pregada, ao longo do per´
ıodo estipulado. . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 78

4.7

Enquadramento das referˆncias consultadas em rela¸˜o ao M 3 . . . . . .
e
ca

p. 79

4.8

Distribui¸˜o das referˆncias consultadas ao longo do per´
ca
e
ıodo de coleta
da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.9

p. 80

Distribui¸˜o quantitativa das fontes pesquisadas no per´
ca
ıodo compreendido entre os anos de 1939 e 2009. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 81

4.10 Distribui¸ao das fontes pesquisadas no per´
c˜
ıodo separadas por tipo. . . .

p. 81

4.11 Tipos de fontes pesquisadas no per´
ıodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

p. 82

4.12 Mapa conceitual exemplo de uma contribui¸ao relevante para a pesquisa.
c˜
Neste caso s˜o apresentadas as trˆs abordagens conceituais acerca da
a
e
informa¸˜o analisadas por Capurro e Hjørland (2003). . . . . . . . . . .
ca

p. 83

4.13 Mapa conceitual representando o estado (ai0 ) da proposta do m´todo. .
e

p. 85
LISTA DE FIGURAS

13

4.14 Mapa conceitual representando o estado (ai1 ) da proposta do m´todo. .
e

p. 86

4.15 Estado (ai2 ) – Mapa conceitual representando o percurso da pesquisa a
partir do emprego dos objetivos espec´
ıficos como produtos pretendidos.
6.1

p. 87

Disposi¸˜o dos momentos de desenvolvimento de arquiteturas de inforca
ma¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c˜

p. 93

6.2

Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Escutar . . . .
c˜

p. 97

6.3

Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Pensar . . . . p. 103
c˜

6.4

Modelo de representa¸ao das linhas de trens metropolitanos da cidade
c˜
de T´kio no Jap˜o, desenhado por (WURMAN, 1997). . . . . . . . . . p. 105
o
a

6.5

Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Construir . . . p. 107
c˜

6.6

Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Habitar . . . . p. 111
c˜

6.7

Representa¸˜o gr´fica do M´todo de arquitetura de informa¸˜o
ca
a
e
ca
aplicada – Maia

6.8

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 113

Representa¸˜o gr´fica dos ciclos de evolu¸ao de estados de uma arquiteca
a
c˜
tura de informa¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 114
c˜

7.1

C´pia da Taxonomia dos servi¸os do ANS. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 123
o
c

7.2

Mapa conceitual das caracter´
ısticas gerais do ANS. . . . . . . . . . . . p. 124

7.3

Exemplo de artefato constru´ para representar o espa¸o de informa¸ao
ıdo
c
c˜
inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 125

7.4

Exemplo de resultado gerado a partir da aplica¸˜o do m´todo no espa¸o
ca
e
c
de informa¸˜o escolhido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 126
ca

7.5

Divis˜o dos sistemas da empresa cliente, representada na forma de catea
gorias separadas por coordena¸ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 128
c˜

7.6

Mapa conceitual com a evolu¸ao do planejamento do ANS, apresentando
c˜
as caracter´
ısticas dos servi¸os. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 129
c

7.7

Exemplo de um artefato alterado para representar os procedimentos de
captura de informa¸˜es para a gera¸˜o de indicadores. . . . . . . . . . . p. 130
co
ca

7.8

Exemplo de resultado gerado no final do segundo ciclo de evolu¸ao, rec˜
presentado o in´ da coleta de informa¸oes de andamento do ANS. . . p. 131
ıcio
c˜
LISTA DE FIGURAS

7.9

14

Modelo de representa¸˜o de esp´cies de indicadores. . . . . . . . . . . . p. 132
ca
e

7.10 Mapa conceitual descrevendo os tipos de indicadores que devem ser gerados para o ANS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 133
7.11 Exemplo de artefato alterado para representar a evolu¸˜o do ANS. . . . p. 134
ca
7.12 Exemplo 1 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no
co
espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135
c
ca
7.13 Exemplo 2 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no
co
espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135
c
ca
7.14 Exemplo 3 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no
co
espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 136
c
ca
7.15 Exemplo 4 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no
co
espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 136
c
ca
7.16 Exemplo 5 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no
co
espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 137
c
ca
15

Lista de Abreviaturas
AI

Arquitetura da Informa¸˜o como disciplina
ca

ai

arquitetura da informa¸˜o como a configura¸˜o da informa¸ao em um espa¸o
ca
ca
c˜
c

CI

Ciˆncia da Informa¸˜o
e
ca

M3

Meta-Modelagem de Gigch e Pipino (1986)

UnB

Universidade de Bras´
ılia.

AIO

Arquitetura da Informa¸ao Organizacional
c˜

ANS

Acordo de N´ de Servi¸o
ıvel
c

TI

Tecnologia da Informa¸ao
c˜

APF

An´lise de Ponto de Fun¸ao
a
c˜

ITIL

Information Technology Infrastructure Library

ISTQB International Software Testing Qualifications Board
QAI

Quality Assurance International

W3C

Padr˜o de interoperabilidade da World Wide Web Consortium
a
16

Introdu¸˜o
ca

“Alma, n˜o procure a vida imortal,
a
esgote antes o reino do que ´ poss´
e
ıvel”
Pindaro – poeta grego

A express˜o de Pindaro de Beozia (518 – 438 a.c.) expressa a necessidade de ser e
a
de estar na realidade. Somos habitantes da realidade, nos adaptamos e transformamos
o que est´ a nossa volta. Vista por outro prisma a aclamada express˜o “cogito ergo
a
a
sum” de Ren´ Descartes (1596 – 1650) revela a essˆncia de nossa marca na realidade.
e
e
O pensamento ´ um tra¸o de nossa passagem, e nossas a¸˜es s˜o os tijolos que usamos
e
c
co
a
para criar essa realidade. A vida ´ composta por esses tijolos. Vivendo constru´
e
ımos.
Percebendo iluminamos a realidade. Existindo transformamos o que entendemos como
real.
Os meios de ordena¸˜o dos tijolos de nossa express˜o na realidade revelam o grau de
ca
a
exatid˜o que alcan¸amos na compreens˜o do mundo que estamos ajudando a construir. A
a
c
a
religi˜o, a arte, a filosofia e a ciˆncia possuem seus pr´prios meios de entender e ordenar
a
e
o
a realidade, mas para a ciˆncia, em especial, esse meio de compreens˜o e express˜o ´
e
a
a e
um dos seus elementos mais importantes. Pode-se dizer que a busca da ciˆncia n˜o ´ a
e
a e
busca pela verdade. A ciˆncia est´ interessada no caminho. Buscamos meios precisos de
e
a
buscar. Os debates em torno da no¸˜o de m´todo s˜o os mais relevantes e acalorados
ca
e
a
de nossa hist´ria. Discutir o modo como caminhamos ´ fundamental para que a ciˆncia
o
e
e
possa acompanhar a dinˆmica da realidade.
a
Dentre os v´rios ramos cient´
a
ıficos existentes a Arquitetura da Informa¸ao – como
c˜
disciplina da Ciˆncia da Informa¸ao – surgiu como uma promissora forma de perceber
e
c˜
e manipular a informa¸˜o em suas variadas manifesta¸oes na realidade. Os princ´
ca
c˜
ıpios
epistemol´gicos da Arquitetura da Informa¸˜o s˜o propostos nas pesquisas de Siqueira
o
ca a
(2008), Lima-Marques e Macedo (2006) e Macedo (2005), mas os caminhos empregados
por essa disciplina para realizar suas investiga¸˜es ainda carecem de fundamenta¸˜o.
co
ca
Introdu¸˜o
ca

17

O argumento a ser desenvolvido nesta disserta¸ao apresenta uma proposta de m´todo
c˜
e
para a Arquitetura da Informa¸˜o, baseada na fenomenologia, permitindo o desenvolvica
mento de configura¸oes espec´
c˜
ıficas de espa¸os de informa¸ao. A observa¸ao dos elementos
c
c˜
c˜
estudados na pesquisa foram feitos com base nas vis˜es epistemol´gica, cient´
o
o
ıfica e pr´a
tica. Essa forma de escutar a realidade foi representada na estrat´gia de exposi¸ao dos
e
c˜
elementos da pesquisa.
Em primeiro lugar ser´ necess´rio caracterizar um conjunto de referenciais epistemoa
a
l´gicos e cient´
o
ıficos acerca do tema. Esta exposi¸ao estar´ apresentada na primeira parte,
c˜
a
onde ser˜o tratados os contextos epistemol´gico e cient´
a
o
ıfico respectivamente.
No cap´
ıtulo que trata do contexto epistemol´gico ser˜o caracterizados os referencio
a
ais relacionados ao processo de entendimento do conceito de epistemologia, seu hist´rico
o
evolutivo e as vertentes existentes. Em seguida a vertente do p´s-positivismo ser´ anao
a
lisada, apresentando o surgimento deste paradigma epistemol´gico e estudando um caso
o
particular de aplica¸ao do emprego desta vertente, como um exemplo de uma forma de
c˜
articula¸ao entre o pensamento e a linguagem.
c˜
As no¸oes de fenomenologia e hermenˆutica ser˜o consideradas na constru¸˜o do
c˜
e
a
ca
argumento desta pesquisa. A caracteriza¸˜o da fenomenologia como fundamento da exca
press˜o e do discurso em ciˆncia ser´ apresentado na primeira parte como um contexto
a
e
a
epistemol´gico. A no¸ao hermenˆutica ser´ empregada para caracterizar a importˆncia
o
c˜
e
a
a
da percep¸ao nos processos de codifica¸ao da realidade.
c˜
c˜
Em seguida ser˜o analisados os aspectos espaciais e temporais no fenˆmeno do coa
o
nhecimento. Em rela¸˜o aos aspectos espaciais ser˜o consideradas as caracter´
ca
a
ısticas da
“Gestalt” como fundamento de espa¸o. Em seguida ser˜o apresentadas as formas de
c
a
entendimento do termo “momento” como fundamento da no¸˜o de tempo.
ca
O terceiro cap´
ıtulo tratar´ do contexto cient´
a
ıfico do referencial a ser caraterizado.
A investiga¸ao ser´ apresentada inicialmente com uma breve reflex˜o sobre natureza da
c˜
a
a
ciˆncia e sua rela¸˜o com a realidade. Em seguida ser˜o caracterizados os aspectos evoe
ca
a
lutivos dos principais tipos de racioc´
ınio cient´
ıfico. No t´pico seguinte ser´ caracterizada
o
a
a impossibilidade de distin¸˜o entre a linguagem te´rica e a linguagem de observa¸˜o,
ca
o
ca
como partes do discurso cient´
ıfico. Pretende-se corroborar a necessidade de se considerar
a fenomenologia e a hermenˆutica no discurso da ciˆncia, sem desqualificar a importˆncia
e
e
a
dos procedimentos de valida¸ao para a defini¸ao de conhecimento cient´
c˜
c˜
ıfico.
Este cap´
ıtulo segue gerando outra frente de argumenta¸ao para caraterizar as no¸oes
c˜
c˜
Introdu¸˜o
ca

18

de m´todo e modelo. Na carateriza¸ao do m´todo ser˜o apresentadas as principais dee
c˜
e
a
fini¸oes cient´
c˜
ıficas para o termo. Na apresenta¸ao da no¸˜o de modelo ser´ analisada a
c˜
ca
a
evolu¸ao hist´rica do termo e como ele ´ empregado na atualidade.
c˜
o
e
Em seguida ser˜o feitas an´lises sobre a forma, a informa¸ao e a linguagem. No
a
a
c˜
estudo da forma ser´ caracterizado o emprego do termo na atualidade. A breve an´lise
a
a
sobre a informa¸ao pretende contextualizar o car´ter polissˆmico do termo e apresentar as
c˜
a
e
principais contribui¸oes para n´ atual de compreens˜o acerca deste fenˆmeno. Depois
c˜
ıvel
a
o
a linguagem ser´ caracterizada no seu tr´
a
ıplice aspecto.
O cap´
ıtulo do contexto cient´
ıfico seguir´ com a no¸ao de espa¸o a partir do arcabou¸o
a
c˜
c
c
conceitual da arquitetura cl´ssica e contar´ com as contribui¸oes de Martin Heidegger
a
a
c˜
para o emprego do termo de acordo com o contexto da proposta.
Este cap´
ıtulo apresentar´ ainda um hist´rico da Arquitetura da Informa¸ao e sua
a
o
c˜
contribui¸˜o para a evolu¸˜o da Ciˆncia da Informa¸˜o. Ser˜o abordados os estudos de
ca
ca
e
ca
a
Macedo (2005) e Siqueira (2008). Estes trabalhos servir˜o de base para constru¸ao da
a
c˜
proposta. Por fim ser´ anunciado o elemento que serviu de insumo para a formula¸ao
a
c˜
da hip´tese desta pesquisa e que ´ considerado como crucial para o desenvolvimento do
o
e
m´todo. Trata-se da proposta de defini¸ao de Lima-Marques (2007) para a Arquitetura
e
c˜
da Informa¸˜o. Em torno desta defini¸ao pretende-se justificar, de forma criteriosa, os
ca
c˜
fundamentos para o m´todo proposto.
e
A segunda parte da disserta¸˜o apresenta a proposta do m´todo. Em primeiro lugar
ca
e
ser´ exposto o caminho percorrido na constru¸ao da proposta, neste sentido ser˜o aprea
c˜
a
sentados os elementos investigados em cada etapa, a pesquisa preliminar que pretende
ratificar posi¸oes assumidas nas pesquisas de Macedo (2005) e as informa¸˜es geradas a
c˜
co
partir da pesquisa principal que contemplou a fundamenta¸ao te´rica e a proposta do
c˜
o
m´todo propriamente dita. O cap´
e
ıtulo inicial da segunda parte encerra com a apresenta¸ao dos resultados do exerc´ preliminar que buscou verificar a ordem das contribui¸oes
c˜
ıcio
c˜
de cada etapa para o m´todo proposto.
e
No cap´
ıtulo sobre os postulados da proposta ser˜o apresentadas os princ´
a
ıpios necess´rios para a composi¸ao proposta. Este conjunto ser´ assumido com base nos contextos
a
c˜
a
epistemol´gico e cient´
o
ıfico apresentados na primeira parte. Os postulados epistemol´gicos
o
est˜o relacionados a posi¸˜es sobre a epistemologia, a fenomenologia e a hermenˆutica.
a
co
e
J´ os princ´
a
ıpios cient´
ıficos est˜o relacionados as no¸˜es de espa¸o, espa¸o de informa¸˜o,
a
`
co
c
c
ca
modelo, momento e estado.
Introdu¸˜o
ca

19

O cap´
ıtulo seguinte apresentar´ a proposta do m´todo propriamente dita. Ser´ exa
e
a
plorado em detalhes cada componente da proposta. Cada um deles ter´ seus crit´rios
a
e
justificados em torno da proposta de defini¸˜o de Lima-Marques (2007). A estrutura
ca
de apresenta¸ao das partes est´ diretamente relacionada as vis˜es epistemol´gica, cienc˜
a
`
o
o
t´
ıfica e pr´tica. Desta forma cada etapa do m´todo possui uma fase de delimita¸ao e
a
e
c˜
caracteriza¸ao, uma fase de apresenta¸˜o dos procedimentos e uma fase de apresenta¸ao
c˜
ca
c˜
de suas contribui¸˜es para o m´todo. No pr´ximo passo ser´ proposto um modelo de
co
e
o
a
representa¸ao do m´todo. E finalmente ser˜o analisados os estados de uma arquitetura
c˜
e
a
da informa¸ao aplicada a um contexto.
c˜
A vis˜o pr´tica sobre o m´todo ´ apresentada na etapa seguinte. O objetivo desta
a
a
e
e
etapa ´ apresentar o percurso de valida¸ao do m´todo proposto em pelo menos uma
e
c˜
e
situa¸ao real. O contexto organizacional foi escolhido tendo como ponto de partida o
c˜
estudo de um Acordo de N´ de Servi¸o estabelecido entre uma empresa de consultoria e
ıvel
c
uma empresa p´blica, ambas de influˆncia nacional. Este acordo comercial ser´ encarado
u
e
a
como um espa¸o e as informa¸oes contidas nele ser˜o manipuladas de acordo com os
c
c˜
a
princ´
ıpios do m´todo proposto. O resultado desta experiˆncia ´ discutido e apresentado
e
e
e
como premissa do argumento desta pesquisa.
Finalmente a conclus˜o apresentar´ a an´lise acerca do cumprimento dos objetivos,
a
a
a
as considera¸˜es finais do autor da pesquisa e a indica¸ao de trabalhos futuros.
co
c˜
20

1

Prepara¸˜o da Pesquisa
ca

1.1

Objetivos

1.1.1

Objetivo Geral

Propor um m´todo para o desenvolvimento de ‘arquiteturas de informa¸ao’ aplicado
e
c˜
ao tratamento de informa¸ao caracter´
c˜
ıstico das organiza¸˜es.
co

1.1.2

Objetivos Espec´
ıficos

1. Caracterizar o referencial epistemol´gico apoiado na fenomenologia como necess´rio
o
a
a proposi¸˜o do m´todo;
`
ca
e
2. Justificar criteriosamente a defini¸ao de Lima-Marques (2007) como fundamento
c˜
para o m´todo proposto. Na express˜o do autor:
e
a
´
E o escutar, o construir, o habitar e o pensar a informa¸˜o como
ca
atividade de fundamento e de liga¸˜o hermenˆutica de espa¸os,
ca
e
c
desenhados ontologicamente para desenhar.

3. Validar o m´todo em pelo menos uma situa¸ao real.
e
c˜
1.2 Justificativa

1.2

21

Justificativa

A Arquitetura da Informa¸˜o (AI) demonstra uma deficiˆncia de contexto, em parte
ca
e
por causa do grande n´mero de abordagens originadas ao n´ de aplica¸ao, interessadas
u
ıvel
c˜
em resolver problemas pr´ticos. Este cen´rio gerou a necessidade de se estabelecer uma
a
a
fundamenta¸˜o epistemol´gica para basear o estudo da informa¸ao como uma estrutura
ca
o
c˜
(MACEDO, 2005). A evolu¸˜o desta abordagem ficou materializada na proposta de
ca
defini¸˜o para AI formulada por Lima-Marques (2007):
ca
´
E o escutar, o construir, o habitar e o pensar a informa¸˜o como ativica
dade de fundamento e de liga¸˜o hermenˆutica de espa¸os, desenhados
ca
e
c
ontologicamente para desenhar.

Embora o n´mero de artigos e livros dedicados a ´rea seja consider´vel, percebe-se
u
a
a
uma concentra¸ao de interesses no n´ pr´tico – tido como a constru¸ao de s´
c˜
ıvel a
c˜
ıtios na
web (ROSENFELD; MORVILLE, 2006). Segundo Fl´via Macedo (2005), ´ imperativo
a
e
consolidar a base te´rica para fundamentar as pesquisas nesta ´rea. Essa base constitui
o
a
um objetivo comum na comunidade cient´
ıfica mundial interessada no estudo da informa¸ao. Ainda em Macedo (2005), percebe-se a denomina¸ao deste fenˆmeno como um
c˜
c˜
o
clamor mundial pela fundamenta¸ao te´rica da arquitetura da informa¸˜o estabelecendo
c˜
o
ca
o seu status cient´
ıfico. A autora informa ainda que toda a ´rea cient´
a
ıfica, para ser tida
como tal, necessita de procedimentos bem determinados e componentes que delimitem
seu objeto e sua abrangˆncia.
e
Ao compartilhar seu objeto de estudo com areas como Ciˆncia da Informa¸˜o, Ciˆncia
´
e
ca
e
da Computa¸ao, Ergonomia e Usabilidade, a Arquitetura da Informa¸˜o se manifesta, no
c˜
ca
n´ cient´
ıvel
ıfico, ora empregando m´todos originados nas disciplinas que guardam rela¸ao
e
c˜
com a AI, ora desvinculada de estruturas de an´lise metodol´gica. O di´logo entre as
a
o
a
v´rias areas de estudo da informa¸˜o, embora salutar para o desenvolvimento da AI,
a
´
ca
resultou no emprego de modelos adaptados de outras areas. Considerar sua pr´pria vis˜o
´
o
a
do objeto informa¸˜o ´ crit´rio fundamental para delimitar o status cient´
ca e
e
ıfico da AI.
Observando esse cen´rio sob outro angulo ´ poss´
a
ˆ
e
ıvel perceber que as abordagens
voltadas ao n´
ıvel pr´tico, demonstram o grande potencial da AI quando aplicada ao
a
ambiente organizacional. Dotar as pr´ticas organizacionais de poder de representa¸ao e
a
c˜
transforma¸ao, pode conduzir uma organiza¸ao, apoiada pela disciplina de AI, a um novo
c˜
c˜
patamar de percep¸ao de sua pr´pria dimens˜o e de novos mecanismos de atua¸˜o em
c˜
o
a
ca
sua realidade.
1.3 Metodologia

22

O trabalho de Fl´via Macedo (2005), situou a Arquitetura da Informa¸˜o como disa
ca
ciplina cient´
ıfica no ambito da Ciˆncia da Informa¸ao e reconheceu-lhe deficiˆncias de
ˆ
e
c˜
e
ordem epistemol´gica e metodol´gica. Atendendo ao requisito de constru¸ao de uma
o
o
c˜
base epistemol´gica, o trabalho de Andr´ Siqueira (2008) definiu a l´gica e a linguagem
o
e
o
como fundamentos da Arquitetura da Informa¸ao e propˆs um conjunto de defini¸oes de
c˜
o
c˜
ordem epistemol´gica. Identificou-se a ausˆncia de um m´todo coerente com as propostas
o
e
e
de Macedo (2005) e Siqueira (2008). Da´ a justificativa para a presente disserta¸ao.
ı
c˜

1.3
1.3.1

Metodologia
Tipo da Pesquisa

Esta pesquisa est´ classificada na modalidade de pesquisa te´rica, com car´ter anaa
o
a
l´
ıtico buscando o aprimoramento de fundamentos cient´
ıficos relacionados ao estudo da
informa¸˜o. O campo de estudo ´ a pr´pria Arquitetura da Informa¸˜o.
ca
e
o
ca
Como procedimento t´cnico o estudo est´ enquadrado como uma pesquisa bibliogr´e
a
a
fica nos v´rios suportes existentes, buscando as contribui¸oes relacionadas ao problema.
a
c˜
Com rela¸ao aos objetivos espec´
c˜
ıficos esta pesquisa ´ enquadrada como explicativa, focada
e
em propor o m´todo de delimita¸˜o e organiza¸˜o de espa¸os de informa¸˜o.
e
ca
ca
c
ca

1.3.2

Procedimento Metodol´gico
o

O modelo procedimental adotado pode ser enquadrado como monogr´fico. Na cona
cep¸˜o de Lakatos e Marconi (1985) este corpo procedimental se caracteriza pelo estudo
ca
sobre um tema espec´
ıfico, com valor representativo e suficientemente rigoroso sob o ponto
de vista metodol´gico. O racioc´ adotado e aqui caracterizado como uma deriva¸˜o dos
o
ınio
ca
m´todos formais ´ o fenomenol´gico. Deve-se entender por fenomenol´gico o conjunto dos
e
e
o
o
elementos que s˜o ofertados pela realidade, podendo ser explicitados segundo o modo de
a
encontro com os fenˆmenos (HEIDEGGER, 2006). Desta forma ser´ poss´ se expressar
o
a
ıvel
em termos de estruturas fenomˆnicas. Para este autor o termo fenomenol´gico reflete os
e
o
eventos que s˜o inerentes ao modo de demonstrar e de explicar a correla¸ao entre o sujeito
a
c˜
e o objeto. Um objeto fenomˆnico deve ser investigado sob a ´tica fenomenol´gica.
e
o
o
1.3 Metodologia

1.3.3

23

Ado¸˜o de uma vis˜o de mundo
ca
a

Uma vis˜o considerada nesta pesquisa ´ a proposta da meta-modelagem (M 3 ) de Gigch
a
e
e Pipino (1986). Ela busca abordar o objeto a partir dos aspectos situados em trˆs n´
e ıveis.
S˜o eles: o n´
a
ıvel epistemol´gico (meta-modelagem), cient´
o
ıfico (modelagem) e pr´tico
a
(aplica¸˜o). A estrutura da disserta¸ao ser´ formulada considerando esses aspectos.
ca
c˜
a
A M 3 vem sendo frequentemente abordada nos trabalhos de pesquisa do programa de
p´s-gradua¸˜o do Departamento de Ciˆncia da Informa¸ao e Documenta¸˜o da Univero
ca
e
c˜
ca
sidade de Bras´ (MACEDO, 2005), (MARCIANO, 2006), (LORENS, 2007), (SILVA,
ılia
2008), (SIQUEIRA, 2008), (NASCIMENTO, 2008) e (CAVALCANTE, 2009). Sua utilidade neste tipo de pesquisa pode ser justificado pela pr´pria estrutura de abordagens
o
da meta-modelagem que se baseia em trˆs n´
e ıveis: epistemol´gico, cient´
o
ıfico e pr´tico. No
a
n´ epistemol´gico s˜o gerados os paradigmas que de alguma forma norteiam os proıvel
o
a
cedimentos cient´
ıficos. No n´ cient´
ıvel
ıfico os procedimentos s˜o fundamentados e o seu
a
valor cient´
ıfico ´ estabelecido. Como o pr´prio nome indica, neste n´ s˜o gerados os
e
o
ıvel a
modelos cient´
ıficos que servir˜o de base para a pr´tica. Finalmente o n´ pr´tico, visa
a
a
ıvel a
estabelecer aplica¸˜es pr´ticas para a solu¸ao de problemas da realidade. Cada n´ gera
co
a
c˜
ıvel
a base para n´ seguinte, caraterizando este modelo como hier´rquico, conforme figura
ıvel
a
(1.1):

Figura 1.1: Hierarquia de investiga¸oes em meta-modelagem (GIGCH; PIPINO, 1986).
c˜

Os paradigmas gerados no n´
ıvel epistemol´gico s˜o formulados a partir das ideias
o
a
1.3 Metodologia

24

filos´ficas. Tais elementos s˜o confrontados com evidˆncias produzidas nos n´
o
a
e
ıveis cient´
ıfico
e pr´tico. Em seguida os paradigmas s˜o submetidos aos problemas do n´ cient´
a
a
ıvel
ıfico
e s˜o confrontadas com as evidˆncias colhidas ao n´
a
e
ıvel pr´tico. Por fim os problemas
a
pr´ticos tentam ser solucionados com o emprego das teorias formuladas.
a
Visto em sua completude uma estrutura formada por produtos dos trˆs n´
e ıveis e que
pretende resolver um problema espec´
ıfico pode ser chamado de ‘Sistema de Investiga¸ao’.
c˜
Segundo os autores n˜o se pode usar um mesmo sistema para tratar investiga¸oes distina
c˜
tas, sem alguma forma de adapta¸ao. Cada sistema pode ainda estar focado em uma das
c˜
trˆs camadas. Sistemas de investiga¸˜o epistemol´gicos tˆm o prop´sito de gerar parae
ca
o
e
o
digmas para a ciˆncia em foco, e podem ser classificados como Sistemas de Investiga¸˜o
e
ca
Conceituais. Sistema de investiga¸ao ao n´ cient´
c˜
ıvel
ıfico deve gerar modelos cient´
ıficos,
sendo chamados de Sistemas de Investiga¸ao de Modelagem, e por fim, sistemas de invesc˜
tiga¸ao ao n´ pr´tico s˜o voltados para a solu¸ao de problemas da realidade, podendo
c˜
ıvel a
a
c˜
ser classificados como Sistemas de Investiga¸ao Emp´
c˜
ıricos. Empregando esse procedimento metodol´gico no n´ da meta-modelagem, esta pesquisa pretende empregar um
o
ıvel
Sistema de Investiga¸ao de Modelagem, situando-se na proposta de um m´todo espec´
c˜
e
ıfico
para a Arquitetura da Informa¸ao. A partir dos insumos epistemol´gicos gerados para
c˜
o
essa disciplina e analisando as possibilidades de aplica¸ao do m´todo proposto ao n´
c˜
e
ıvel
pr´tico.
a

1.3.4

Fontes de Informa¸˜o
ca

A revis˜o de literatura foi feita com base nas seguintes fontes:
a
Bibliotecas (Fonte priorit´ria):
a
• Biblioteca Central da Universidade de Bras´ (UnB);
ılia
• Biblioteca do Instituto Brasileiro de Informa¸ao em Ciˆncia e Tecnologia
c˜
e
(IBICT);
• Sistemas de Bibliotecas e Informa¸ao (SiBI/UFRJ);
c˜
Bancos de Teses (Fonte priorit´ria):
a
• Banco de Teses e Disserta¸oes da UnB (http://bce.unb.br/);
c˜
• Banco de Teses da CAPES (http://servicos.capes.gov.br/capesdw/);
• Banco de Teses e Disserta¸oes da USP (http://www.teses.usp.br/);
c˜
1.3 Metodologia

• Banco

25

de

Teses

da

UNICAMP

-

Filosofia

e

Ciˆncias
e

Humanas

(http://libdigi.unicamp.br/document/list.php?tid=28);
• Banco

de

Teses

e

Disserta¸oes
c˜

da

UFMG

(http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/);
• Biblioteca de Teses e Disserta¸oes da UFPE (http://www.bdtd.ufpe.br/);
c˜
• Biblioteca

de

Teses

e

Disserta¸oes
c˜

da

UFBA

(http://www.bibliotecadigital.ufba.br/);
• Biblioteca de Teses e Disserta¸oes da UFRN (http://bdtd.bczm.ufrn.br/);
c˜
• Teses e Disserta¸˜es da UFRGS (http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/1);
co
• Teses e Disserta¸oes da UFPR (http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/handle/1884/284);
c˜
Peri´dicos :
o
• Journal of the American Society for Information Science and Technology (JASIST);
• Ciˆncia da Informa¸ao (IBICT);
e
c˜
• DataGramaZero - Revista de Ciˆncia da Informa¸ao;
e
c˜
• Perspectivas em Ciˆncia da Informa¸˜o;
e
ca
• Information Research - an international electronic journal;
• Revista Ciencias de la Informaci´n;
o
Bases de Dados :
• ACM Digital Library - (http://portal.acm.org/portal.cfm)
• Web of Knowledge - (http://wok.mimas.ac.uk/)
• Scielo - (http://www.scielo.br/)
• OCLC - Online Computer Library Center (http://www.oclc.org/)
• SpringerLink - (http://www.springerlink.com/content/)
• E-LIS - (http://eprints.rclis.org/)
• BOCC - Biblioteca On-line de Ciˆncias da Comunica¸ao - BOCC
e
c˜
(http://www.bocc.ubi.pt/)
• Peri´dicos CAPES - (http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp)
o
• Information Architecture Institute - (http://www.iainstitute.org/)
• School of Information - (http://www.ischool.utexas.edu)
1.3 Metodologia

1.3.5

26

Percurso metodol´gico
o

Esta disserta¸˜o est´ elaborada tendo como base na vis˜o de mundo da M 3 e sua
ca
a
a
estrutura est´ dividida em duas partes: A primeira ´ o referencial epistemol´gico e ciena
e
o
t´
ıfico do tema. J´ a segunda refere-se a proposta de um m´todo para o desenvolvimento
a
`
e
de arquiteturas da informa¸ao aplicadas.
c˜
A Parte I – O Referencial Te´rico do Tema est´ dividido em:
o
a
• Contexto epistemol´gico do tema, que estabelece os elementos que servem de funo
damento para a pesquisa;
• Contexto cient´
ıfico com ˆnfase nos aspectos da Ciˆncia da Informa¸˜o e da Arquie
e
ca
tetura da Informa¸˜o, que formam o contexto da pesquisa;
ca
A Parte II – Os Resultados da pesquisa – apresenta a proposta de um m´todo de
e
desenvolvimento de arquiteturas da informa¸˜o aplicadas. Esta etapa foi dividida em:
ca
• Um conjunto de posi¸oes assumidas que servem de princ´
c˜
ıpios para a proposta do
m´todo;
e
• Apresenta¸ao dos fundamentos do m´todo e a sua proposta contendo a ordem, as
c˜
e
caracter´
ısticas e as contribui¸˜es de cada procedimento do referido m´todo; e por
co
e
fim,
• Apresenta¸ao dos resultados da aplica¸ao do m´todo proposto a pelo menos uma
c˜
c˜
e
situa¸ao real devidamente contextualizada;
c˜
A partir das evidˆncias colhidas, a pesquisa se voltou para a caracteriza¸ao, fundae
c˜
menta¸ao e valida¸˜o do m´todo proposto.
c˜
ca
e
27

Parte I
Revis˜o da Literatura
a
28

2

O contexto Epistemol´gico
o

“Com ordem e tempo ´ poss´
e
ıvel
encontrar o modo de se fazer tudo, e
fazˆ-lo bem.”
e
Pit´goras
a

2.1

Introdu¸˜o
ca

A constru¸ao de uma proposta metodol´gica exige a determina¸ao de seus contextos
c˜
o
c˜
e pressupostos. Neste cap´
ıtulo ser˜o apresentados os elementos do universo do discurso
a
a partir do qual ser˜o determinados os contextos da proposta do m´todo.
a
e
A Epistemologia tratar´ do hist´rico sobre o termo e suas vertentes utilizadas na
a
o
opini˜o de Abbagnano (2007). Destacar uma destas vertentes ´ fundamental para a caa
e
racteriza¸˜o da proposta do m´todo, pois a defini¸ao de um referencial epistemol´gico ´
ca
e
c˜
o
e
caracter´
ıstica para a cria¸˜o de um novo m´todo. O C´
ca
e
ırculo de Viena apresenta o paradigma epistemol´gico do p´s-positivismo, institu´ por este grupo de pensadores que
o
o
ıdo
se auto-denominou desta forma. O p´s-positivismo ´ uma das vertentes epistemol´gicas
o
e
o
mais debatidas da atualidade. Um estudo metodol´gico deve considerar seus aspectos. O
o
detalhamento sobre essa vertente ser´ considerado para atestar a escolha a ser feita. O
a
estruturalismo ´ apresentado como consequˆncia do emprego da abordagem epistemoe
e
l´gica do C´
o
ırculo de Viena, aplicada as ciˆncias sociais. Esse exemplo foi considerado pois
` e
apresenta uma forma da articula¸˜o entre pensamento e linguagem. A fenomenologia
ca
´ estudada pois apresenta de forma rigorosa uma descri¸ao daquilo que chamamos coe
c˜
nhecimento, “esse peculiar fenˆmeno de consciˆncia” (HESSEN, 2003) . Ao empregarmos
o
e
esse m´todo, o fenˆmeno do conhecimento apresenta-se nos seus aspectos fundamentais,
e
o
constituindo o terceiro elemento de uma tripla correla¸ao sujeito–objeto–conhecimento.
c˜
2.2 Epistemologia

29

Hermenˆutica foi considerada nesta pesquisa pois a proposta exigiu a caracetriza¸ao
e
c˜
dos referenciais relacionados ao termo “interpreta¸ao” nos processos de percep¸ao da realic˜
c˜
dade. O movimento da Gestalt foi considerado por ser caracterizado como fundamento
para a no¸˜o de espa¸o. Finalmente, A no¸˜o de momento foi considerada por ser um
ca
c
ca
fundamento para a no¸ao de tempo em rela¸ao ao sujeito que emprega a proposta de
c˜
c˜
m´todo.
e

2.2

Epistemologia

O conhecimento vem sendo estudado em v´rias ocasi˜es registradas pela hist´ria hua
o
o
mana. As primeiras propostas de distin¸ao do conhecimento em variados tipos surgiu
c˜
na Gr´cia cl´ssica. Plat˜o em sua Rep´blica usa o termo gnosis como o conhecimento
e
a
a
u
transcendente, voltado atualmente a ideia de cren¸a. Posteriormente no Filebo o ilustre
`
c
ateniense emprega o termo doxa como o conhecimento percebido, atualmente empregado para se referir ao senso comum. Os gregos empregaram ainda um terceiro tipo de
conhecimento, chamado de episteme tido como conhecimento comprovado ou v´lido.
a
Em um primeiro sentido, apresenta-se como a teoria do conhecimento, sendo tido
como um sinˆnimo de gnosiologia. Em outro ponto apresenta-se como filosofia da cio
ˆncia (ABBAGNANO, 2007). J´ na idade m´dia Tomaz de Aquino (2004) interpreta
e
a
e
o termo conhecimento (ou “episteme”) como o saber fundamentado na certeza, ou seja,
na correspondˆncia entre o ente e a raz˜o do observador. A partir deste ponto o termo
e
a
epistemologia passa a ser empregado para representar o discurso sobre o qual a ciˆncia ´
e
e
refletida.
O termo epistemologia ´ atualmente empregado para expressar a teoria do conhecie
mento. Durante algum tempo foi encarado como sinˆnimo do termo gnosiologia para o
o
emprego na filosofia. A tradi¸ao escol´stica, que passou a usar com frequˆncia o segundo
c˜
a
e
termo no sentido geral da no¸˜o de conhecimento, for¸ou uma adequa¸ao do termo episca
c
c˜
temologia. Esse movimento, de certo modo, resgatou o sentido original da express˜o.
a
Epistemologia passou a designar a teoria do conhecimento cient´
ıfico (MORA, 2001).
Para K¨che (2005), a epistemologia ´ uma area de interesse para fil´sofos e cientistas,
o
e
´
o
buscando evidenciar a forma como o conhecimento cient´
ıfico reconhece a essˆncia dos
e
objetos. O autor apresenta a distin¸ao entre dois tipos de epistem´logos. O primeiro
c˜
o
grupo pretende o estudo da natureza da ciˆncia e seus produtos, estabelecendo os limites
e
do conhecimento apresentado sob a forma de leis, teorias, explica¸˜es e modelos. O outro
co
2.2 Epistemologia

30

conjunto de estudiosos se detˆm nas quest˜es pertinentes aos procedimentos empregados
e
o
na ciˆncia, o uso das defini¸oes e dos conceitos, o uso da observa¸ao, os elementos que
e
c˜
c˜
interferem na manipula¸˜o das evidˆncias cient´
ca
e
ıficas, a fonte inspiradora das hip´teses,
o
o valor do conhecimento aprior´
ıstico, o car´ter prescritivo ou descritivo dos m´todos de
a
e
investiga¸˜o, o valor de verdade de uma hip´tese verificada experimentalmente e nos
ca
o
aspectos semˆnticos, pragm´ticos e l´gicos.
a
a
o
A epistemologia moderna, segundo Abbagnano (2007), ´ dividida em quatro frene
tes: Epistemologia Evolucionista; Epistemologia Gen´tica; Epistemologia Naturalista; e,
e
Epistemologia P´s-positivista. Uma an´lise destas vertentes ser´ feita a seguir.
o
a
a

2.2.1

Epistemologia Evolucionista

Inspirada na teoria darwiniana de evolu¸ao das esp´cies, a Epistemologia Evolucic˜
e
onista teve origem no evolucionismo filos´fico americano da segunda metade do s´culo
o
e
XIX. Entende o conhecimento como sendo similar ao processo evolutivo biol´gico. O coo
nhecimento seria submetido ao mesmo processo de sele¸ao natural de esp´cies. Na an´lise
c˜
e
a
de Abbagnano (2007), essa analogia pode ser feita de forma literal ou metaf´rica.
o
[...] “Na interpreta¸˜o literal a posi¸˜o de Darwin ´ precisamente o
ca
ca
e
modelo de crescimento do conhecimento. O conhecimento ´ fruto da
e
pr´pria evolu¸ao biol´gica humana e das mudan¸as ambientais correlao
c˜
o
c
cionadas. As ideias s˜o derivadas de uma base biol´gica humana. Algo
a
o
como interpretar o senso comum como uma posi¸˜o biol´gica, baseada
ca
o
no estado evolutivo do ser humano. No sentido metaf´rico a Epistemoo
logia Evolucionista entende o conhecimento como um elemento regido
por regras an´logas `quelas da Sele¸˜o Natural das Esp´cies. O m´a
a
ca
e
e
todo da tentativa e erro ´ frequentemente empregado na constru¸˜o de
e
ca
modelos conceituais mais aptos.”

Segundo Abbagnano (2007) as teses fundamentais deste ramo de pensamento s˜o:
a
[...] “a) os modelos cognitivos v´lidos partem sempre de modelos hia
pot´ticos. N˜o h´ garantia de validade do racioc´
e
a a
ınio no momento da
formula¸˜o hipot´tica. Uma formula¸˜o hipot´tica ´ oriunda de uma
ca
e
ca
e
e
muta¸˜o de um modelo cognitivo v´lido. A hip´tese ´ cega em rela¸˜o
ca
a
o
e
ca
ao ambiente e sobrevive somente se resistir ao confronto com a realidade.
b) as teorias cient´
ıficas s˜o sucedidas por uma esp´cie de elimina¸˜o sea
e
ca
letiva. Uma teoria ´ mais apta quando se adapta mais rapidamente `
e
a
mudan¸a de ambiente, que neste caso ´ a pr´pria ciˆncia. Os processos
c
e
o
e
de valida¸˜o e falseabilidade participam ativamente, como revolu¸˜es
ca
co
constantes no ambiente cient´
ıfico em que a teoria habita.”
2.2 Epistemologia

2.2.2

31

Epistemologia Gen´tica
e

O conhecimento apresentado nesta forma ´ a resultante n˜o s´ de um fenˆmeno,
e
a o
o
mas de uma complexa itera¸˜o de eventos, presentes tanto na realidade quanto na mente
ca
do observador. Continuando na express˜o de Abbagnano (2007) temos a Epistemologia
a
Gen´tica como:
e
“M´todo de estudo do conhecimento elaborado por J. Piaget a partir
e
dos anos 1950 (a funda¸˜o do Centro de E. Gen´tica de Genebra reca
e
monta a 1955). O problema espec´
ıfico da E. gen´tica – que n˜o se
e
a
apresenta nem como uma forma de apriorismo, pois reconhece tanto as
influˆncias externas quanto o car´ter de elabora¸˜o cont´
e
a
ca
ınua de nossas
no¸˜es, nem como uma forma de empirismo, pois admite que os objetos,
co
sendo conhecidos, tamb´m s˜o ativamente plasmados por nossa mente
e
a
– ´ o do acr´scimo dos conhecimentos, portanto da passagem por um
e
e
conhecimento menos bom ou mais pobre a um saber mais rico.”

O autor segue indicando a estrutura deste tipo de pesquisa:
“Tal estudo parte da ’hip´tese’ de paralelismo entre a organiza¸˜o l´gica
o
ca o
do conhecimento e os correspondentes processos psicol´gicos e implica
o
uma fecunda interpreta¸˜o entre l´gica, hist´ria e psicologia. Essa esca
o
o
trutura composta da E. gen´tica emerge de modo expl´
e
ıcito da caracteriza¸˜o global [...]”
ca

A Epistemologia Gen´tica prop˜e uma forma de conhecer que se baseia menos na
e
o
experiˆncia e mais na estrutura do sujeito, que considera processos estruturais de autoe
regula¸˜o, conduzindo a uma esp´cie de biogˆnese. O conhecimento neste modelo nasce
ca
e
e
de uma predisposi¸ao f´
c˜ ısica que ´ anunciada aqui como uma psicogen´tica, incorporando
e
e
elementos hist´ricos na constru¸ao de estruturas mentais baseadas na l´gica. A pr´pria l´o
c˜
o
o
o
gica do observador vai se modificando ao longo do tempo, herdando elementos estruturais
anteriormente em vigor, num modelo que ´ tanto mais rico quanto mais interdisciplinar
e
for a natureza da pesquisa (ABBAGNANO, 2007).

2.2.3

Epistemologia Naturalista

Este ramo epistemol´gico surge da cr´
o
ıtica de Williard Quine (1969) a epistemologia
`
tradicional. Em sua argumenta¸˜o, Quine divide a epistemologia cl´ssica em duas verca
a
tentes. A primeira ´ a redu¸ao conceitual, em que as defini¸˜es s˜o estabelecidas a partir
e
c˜
co
a
de referˆncias a fenˆmenos imanentes ao sujeito, n˜o necessariamente reconhecidos na
e
o
a
realidade, dando origem a termos de natureza te´rica. A segunda ´ a redu¸ao doutrinal,
o
e
c˜
onde as referˆncias v´lidas sobre a natureza s˜o obtidas com base nas valida¸˜es feitas
e
a
a
co
2.2 Epistemologia

32

a partir de experiˆncias sensoriais. A pergunta feita por Quine neste cen´rio ´: Sendo
e
a
e
a experiˆncia indissoci´vel do subjetivismo, que m´todos de deriva¸˜o podem preservar
e
a
e
ca
a essˆncia epistˆmica? Na delimita¸ao do termo em quest˜o Abbagnano (2007) cita que
e
e
c˜
a
Quine indica o sujeito humano como um ser natural, reduzindo a teoria do conhecimento
a um fenˆmeno de ciˆncia onde o sujeito e objeto est˜o na mesma esfera:
o
e
a
[...] “a epistemologia n˜o ´ externa e antecedente ` ciˆncia, mas simplesa e
a e
mente um setor da ciˆncia natural que estuda a rela¸˜o entre os seres
e
ca
humanos e ambiente, sobretudo com respeito ao problema de como os
homens chegam `s cren¸as com base nos est´
a
c
ımulos sens´
ıveis (seu unico
´
contato com o mundo externo, fonte unica de cren¸a). Essa abordagem
´
c
resolve o problema do ceticismo, pois ser´ poss´ recorrer sem circulaa
ıvel
ridade ` conceitualidade cient´
a
ıfica para explicar seu sucesso e poder˜o
a
ser descartadas as d´vidas sobre a correspondˆncia entre o pensamento
u
e
e a realidade justamente indicando os sucessos da ciˆncia.”
e

2.2.4

Epistemologia P´s-positivista
o

A ciˆncia pode ser observada sobre os mais variados enfoques. Desde a cl´ssica divis˜o
e
a
a
entre ciˆncia duras e ciˆncias sociais, at´ o debate profundo e antigo sobre a natureza do
e
e
e
m´todo cient´
e
ıfico, muitas foram as contribui¸oes para a demarca¸ao do que seja ou n˜o
c˜
c˜
a
ciˆncia. Carl Sagan (1998), em sua obra O Mundo Assombrado pelos Demˆnios, faz uma
e
o
an´lise cr´
a
ıtica sobre o papel da ciˆncia na hist´ria humana, defendendo a ideia do sucesso
e
o
do m´todo cient´
e
ıfico na produ¸ao de conhecimentos, tornando o homem ainda mais capaz
c˜
de superar os limites e transforma¸oes da natureza. Ao mesmo tempo que ele anuncia
c˜
os ˆxitos da ciˆncia, faz tamb´m uma dura cr´
e
e
e
ıtica ao recente processo de surgimento de
pseudociˆncias e de posi¸oes irracionais diante de acontecimentos de v´rios tipos, num
e
c˜
a
fenˆmeno chamado pelo autor de “analfabetismo cient´
o
ıfico”.
Os debates sobre a demarca¸ao cient´
c˜
ıfica s˜o recorrentes na hist´ria da ciˆncia. A Ina
o
e
du¸ao contra a Dedu¸ao; Subjetividade contra a Objetividade; e, P´s-modernismo contra
c˜
c˜
o
Neopositivismo e assim por diante. As s´
ınteses destes debates representaram etapas evo´
lutivas importantes no processo de constru¸˜o e renova¸˜o cient´
ca
ca
ıficas. E exatamente no
debate contra o Neopositivismo que o p´s-positivismo (ou p´s-empirismo) se apresenta,
o
o
definido por Abbagnano (2007) como:
“Express˜o com que se indica a corrente da filosofia da ciˆncia que se
a
e
afastou radicalmente da concep¸˜o neopositivista e da vis˜o popperiana
ca
a
da ciˆncia. Entre as caracter´
e
ısticas marcantes de tal Epistemologia –
2.3 O C´
ırculo de Viena

33

representada de forma emblem´tica (ainda n˜o exclusiva) por Kuhn, Laa
a
katos, e Feyerabend – encontramos: 1) consciˆncia do car´ter humano e
e
a
hist´rico-temporal da ciˆncia; 2) aten¸˜o aos aspectos concretos (e n˜o
o
e
ca
a
simplesmente l´gico-abstratos) do saber cient´
o
ıfico; 3) ideia segundo a
qual a filosofia da ciˆncia, sem a hist´ria da ciˆncia, ´ ’vazia’; 4) tene
o
e
e
dˆncia a enraizar as teorias nas estruturas conceituais mais amplas, que
e
s˜o os ’paradigmas’1 ou os ’programas de pesquisa’; 5) mentalidade hoa
l´
ıstica e rejei¸ao `s dicotomias entre a ciˆncia e metaf´
c˜ a
e
ısica, contexto
de justifica¸˜o e contexto de descoberta, linguagem te´rica e linguagem
ca
o
observacional etc; 6) Nega¸˜o de um suposto ’m´todo’ (fixo) do saber e
ca
e
de qualquer ’demarca¸˜o’ (r´
ca
ıgida) entre a ciˆncia e as outras atividades
e
humanas; 7) interpreta¸˜o ’forte’ do car´ter te´rico (theory ladeness) e
ca
a
o
da exclus˜o de uma base emp´
a
ırica neutra capaz de funcionar como crit´rio de ’verificabilidade’ ou ’falseabilidade’ das teorias; 8) propens˜o a
e
a
considerar as teorias n˜o em termos de ’verdade’, mas de ’consenso’; 9)
a
tendˆncia de insistir na ’incomensurabilidade’2 dos paradigmas; e, 10)
e
rejei¸˜o ` tradicional ideia de progresso cient´
ca a
ıfico, seja na forma positivista de acumulo de certeza, seja na forma popperiana de aproxima¸˜o
ca
gradual da verdade.”

O conceito de p´s-positivismo foi desenvolvido entre 1922 e 1936, nos trabalhos do
o
C´
ırculo de Viena.

2.3

O C´
ırculo de Viena

Para BUNGE (1980), at´ a d´cada de 30 do s´culo XX, os problemas centrais da
e
e
e
epistemologia visavam diferenciar o conhecimento cient´
ıfico do senso comum, da filosofia
e das tradi¸oes religiosas. Apenas em 1927, com o surgimento do C´
c˜
ırculo de Viena, ´ que
e
a epistemologia ganha importˆncia na investiga¸ao da essˆncia dos entes da natureza,
a
c˜
e
observados sob crit´rios cient´
e
ıficos. O mesmo autor reconhece que n˜o h´ uma significa¸ao
a a
c˜
unica e rigorosa para o termo. Suas abordagens podem transitar entre a an´lise da teoria
´
a
geral do conhecimento e a investiga¸ao das estruturas que constituem a ciˆncia.
c˜
e
O C´
ırculo de Viena para a concep¸ao cient´
c˜
ıfica do mundo foi um movimento filos´fico
o
e cient´
ıfico, n˜o acadˆmico, fundado por Moritz Schlick. O grupo se reuniu em Viena,
a
e
´
na Austria, entre os anos 1922 e 1936. Era influenciado principalmente pelo pensamento
de Mach, Dunhem e Poincar´. As reuni˜es ocorriam todas as quintas-feiras, no Instie
o
`
tuto de Matem´tica da Rua Boltzmann, tendo como membros efetivos Rudolf Carnap,
a
1 Paradigma:

assumido neste texto sob a defini¸˜o de ”constela¸˜o de cren¸as comungadas por um
ca
ca
c
grupo, ou seja um conjunto das teorias, dos valores e das t´cnicas de pesquisa de determinada comunidade
e
cient´
ıfica“ (KUHN, 2003)
2 Incomensurabilidade: Termo usado pelos epistem´logos p´s-positivistas para indicar a falta de crio
o
t´rios de confronto entre teorias cient´
e
ıficas rivais [...] (ABBAGNANO, 2007)
2.3 O C´
ırculo de Viena

34

Hans Reinchenbach, Viktor Kraft, Herbert Feigl, Ferdinand Gonseth, Friedrich Waissman, Kurt G¨del, Carl Hempel, Alfred Tarski, Charles Morris, Alfred Jules Ayer, Felix
o
Kaufmann, Ludwig Wittgenstein, Philipp Frank, Hans Hahn, Richard von Mises e Otto
Neurath. Karl Popper entrou em contato com o grupo entre os anos de 1926 e 1927,
atrav´s do seu orientador Hans Hahn e atrav´s do seu interesse pelas obras de Carnap
e
e
e Wittgenstein. Apesar do grande interesse e pela liga¸ao te´rica, Popper n˜o chegou a
c˜
o
a
fazer parte como membro efetivo daquele grupo. O C´
ırculo de Viena inaugura a ideia
de L´gica da Ciˆncia, buscando a elabora¸ao de uma linguagem comum a todas as ciˆno
e
c˜
e
cias. A filosofia neste contexto desempenha o papel de diferenciar o que ´ ou n˜o ciˆncia,
e
a e
delimitando-a e refutando a metaf´
ısica. Surge a proposta de uma nova abordagem para
o termo epistemologia, passando a ser usado pelo grupo como a teoria da ciˆncia em sua
e
essˆncia. Esta abordagem procurava estabelecer consistentemente as rela¸˜es entre os
e
co
fenˆmenos da natureza e sua representa¸˜o lingu´
o
ca
ıstica atrav´s das descri¸oes formais.
e
c˜
O objetivo inicial deste grupo foi a constru¸˜o de um modelo de investiga¸ao cient´
ca
c˜
ıfica
que considerasse a experiˆncia como parte integrante do fenˆmeno do conhecimento,
e
o
tornando a ciˆncia a base do conhecimento verdadeiro. Foi esta a motiva¸˜o que fez
e
ca
o grupo de pesquisadores se reunir entre 1922 e 1936, ficando conhecidos como O C´
ırculo
de Viena. Partindo de um modelo empirista cl´ssico, chegaram a propor uma corrente
a
de pensamento nova, denominada de Positivismo L´gico. Em um relato de um de seus
o
participantes, Ayer (1975), ocorreu em Viena, no ano de 1924 um semin´rio promovido
a
por Moritz Schlick, para investigar quais crit´rios de pesquisa seriam mais compat´
e
ıveis
com o m´todo cient´
e
ıfico. Estavam presentes Otto Neurath, Hans Hahn, Rudolf Carnap,
Friedrich Waismann, Philipp Frank, Herbert Feigl, Charles Morris, Ludwig Wittgenstein
e Karl Popper. Este encontro inaugura a ideia de l´gica da ciˆncia, buscando a elabora¸˜o
o
e
ca
de uma linguagem comum a todas as disciplinas cient´
ıficas.
Essa concep¸ao foi fortemente rebatida por Popper (1983). O autor relata que a
c˜
proposta de unificar todas as ciˆncias sob um modelo metodol´gico correto e completo
e
o
exigia uma profunda an´lise da l´gica, da linguagem e uma revis˜o do conceito de teoa
o
a
ria. Empregavam como paradigmas os estudos de l´gica de Gottlob Frege e o Tratactus
o
Logicus Filosoficus de Wittgenstein nas investiga¸oes sobre a linguagem. Na concep¸ao
c˜
c˜
do grupo cada teoria possui um potencial de verificabilidade. Dependendo do conjunto
de argumentos observados a proposi¸ao poderia ser validada ou rejeitada. A cr´
c˜
ıtica de
Popper reside na observa¸˜o de que uma teoria tamb´m apresenta um potencial de falseca
e
abilidade e que essa caracter´
ıstica deve ser considerada, Al´m disso seu argumento ganha
e
for¸a, quando em 1929 G¨del demonstra a impossibilidade de uma estrutura l´gica ser
c
o
o
2.4 O Estruturalismo

35

ao mesmo tempo correta e completa.
Embora a proposta de unifica¸ao cient´
c˜
ıfica em torno de um m´todo unico n˜o tenha
e
´
a
prevalecido, o legado epistemol´gico do grupo est´ registrado em v´rias manifesta¸˜es
o
a
a
co
cient´
ıficas do s´culo XX. Pode-se afirmar que as importantes revolu¸oes cient´
e
c˜
ıficas verificadas neste per´
ıodo apresentam algum ponto de convergˆncia com as ideias do C´
e
ırculo.

2.4

O Estruturalismo

As discuss˜es sobre linguagem e representa¸˜o repercutiram em diferentes ramos do
o
ca
conhecimento. Uma das consequˆncias das discuss˜es propostas pela filosofia anal´
e
o
ıtica do
C´
ırculo de Viena – em especial os trabalhos de Wittgenstein (1995) – colaboraram para
a origem do movimento estruturalista, com base nos trabalhos de Ferdinand Saussure.
Em ciˆncias sociais o estruturalismo representa a corrente de pensamento que busca
e
observar a sociedade como um conjunto formal de rela¸oes. Um conjunto de rela¸˜es
c˜
co
sociais e lingu´
ısticas forma a pr´pria“estrutura”. A lingu´
o
ıstica moderna foi inspirada nesta
forma de pensamento. Kronenfeld e Decker (1979) situam a origem do estruturalismo em
Saussure no seu curso de lingu´
ıstica geral de 1916. Ainda segundo Kronenfeld e Decker
(1979) as contribui¸˜es de Claude L´vi-Strauss serviram para delimitar as inter-rela¸oes
co
e
c˜
sociais como forma de express˜o desta estrutura lingu´
a
ıstica. O antrop´logo analisou tribos
o
ind´
ıgenas brasileiras e demonstrou que a l´
ıngua de um povo ´ um reflexo de sua estrutura.
e
Em outro ponto evolutivo desta corrente, no artigo de Fararo e Skvoretz (1986)
destaca-se que a express˜o do estruturalismo vai muito al´m das abordagens lingu´
a
e
ıstica
e antropol´gica. A ideia de estrutura pode ser empregada na matem´tica para revelar a
o
a
forma de objetos matem´ticos. O termo “ontologia” surge aqui para determinar a forma
a
correta de entendimento de uma estrutura e a que categoria um objeto matem´tico pera
tence. A busca pela essˆncia dos objetos matem´ticos conduziu ao entendimento de que
e
a
assim como na linguagem a estrutura fundamental da matem´tica est´ nas rela¸˜es entre
a
a
co
os objetos. S˜o as rela¸oes que determinam a estrutura.
a
c˜

2.5

A Fenomenologia

Surge a ideia de que a rela¸˜o entre sujeito e objeto ´ um fenˆmeno e deve ser caracca
e
o
terizado. Nas Investiga¸˜es L´gicas de Husserl (1970) a fenomenologia toma forma para
co
o
indicar as manifesta¸oes que se apresentam ao sujeito. Mas que pode ser independente
c˜
2.5 A Fenomenologia

36

da percep¸ao deste sujeito o que tornaria o fenˆmeno uma manifesta¸˜o em si. Husserl
c˜
o
ca
reconhece que o fenˆmeno n˜o ´ uma manifesta¸ao natural dos objetos. O fenˆmeno ´ a
o
a e
c˜
o
e
revela¸ao da essˆncia. O autor indica que essa revela¸˜o deve ser estudada por crit´rios
c˜
e
ca
e
distintos separados do estudo da mente humana e do estudo das coisas em si3 . Ele entende que a psicologia ´ a ciˆncia dos fatos da mente. Por sua vez a ontologia ´ a ciˆncia
e
e
e
e
que estuda as caracter´
ısticas dos entes do cosmo. A fenomenologia surge para considerar
´
os fatos reais, que a partir do sujeito, inserem-se no cosmo. E a corrente filos´fica que
o
estuda a forma como a essˆncia dos objetos ´ apreendida pelo sujeito.
e
e
A fenomenologia, enquanto corrente filos´fica, considera a redu¸˜o fenomenol´gica
o
ca
o
e a epoch´4 para realizar suas investiga¸oes. A fenomenologia est´ fundamentada nos
e
c˜
a
seguintes princ´
ıpios. Em primeiro lugar a consciˆncia ´ intencional. A consciˆncia transe
e
e
cende em dire¸˜o ao objeto. O sujeito pretende apreender o objeto. Este, por sua vez,
ca
se apresenta ao sujeito em sua essˆncia. O segundo princ´
e
ıpio ´ a evidˆncia intuitiva que
e
e
o objeto deixa no sujeito. A prova a partir da qual o sujeito assume a consciˆncia do
e
objeto. O terceiro elemento ´ a generaliza¸˜o da no¸ao do objeto. Um Objeto pode
e
ca
c˜
ser reconhecido em sua essˆncia e por sua categoria. Por ultimo surge o princ´
e
´
ıpio da
percep¸˜o imanente. O sujeito possui suas pr´prias experiˆncias5 .
ca
o
e

2.5.1

A Intencionalidade

Apesar de ser um termo debatido h´ muito tempo em filosofia muitos aspectos ainda
a
est˜o sendo elucidados sobre esse termo. Mora (2001, p.156) re´ne o estudo da inten¸˜o
a
u
ca
ou daquilo que ´ intencional. O autor indica a existˆncia de dois sentidos para o termo:
e
e
O primeiro se refere ao sentido l´gico e o segundo se refere ao sentido ´tico. O sentido
o
e
l´gico est´ vinculado ao ato ou efeito de tender a algo. No sentido l´gico existe uma
o
a
o
correla¸˜o com a gnosiologia. Exprime o fato de nenhum conhecimento ser poss´ se
ca
ıvel
n˜o houver uma inten¸˜o. E o ato dirigido ao conhecimento de um objeto. Na tradi¸ao
a
ca ´
c˜
escol´stica a inten¸ao surge como um modo particular de aten¸ao sobre a realidade.
a
c˜
c˜
As primeiras inten¸˜es geram conceitos precisos em rela¸˜o ao objeto apreendido. As
co
ca
segundas inten¸˜es revelam conceitos distorcidos, extremamente vinculados aos objetivos
co
do sujeito. Esse conceito evoluiu para a inten¸ao como uma realidade presente na mente.
c˜
O segundo sentido surge da fonte escol´stica. Retoma-se a abordagem que investiga o
a
3 Husserl

faz uma distin¸˜o clara entre a psicologia, a ontologia e o estudo de compreens˜o do fenˆmeno.
ca
a
o
grego que se refere a suspens˜o da cren¸a. Husserl emprega o termo para se referir a tentativa
a
c
met´dica de desconsiderar o senso comum nas investiga¸˜es fenomenol´gicas.
o
co
o
5 Dos quatro princ´
ıpios Husserlianos apenas o princ´ da consciˆncia intencional ´ amplamente aceito
ıpio
e
e
entre os fil´sofos. Um grande debate ainda existe em torno dos demais.
o
4 Termo
2.5 A Fenomenologia

37

que sejam as chamadas segundas inten¸˜es. A coisa para qual o sujeito tende n˜o ´ um
co
a e
objeto de conhecimento, mas sim um aspecto da moral do sujeito. Est´ muito vinculado
a
a ´tica formalista onde a inten¸˜o moral est´ vinculada aos princ´
` e
ca
a
ıpios quaisquer que
sejam os resultados. J´ para os n˜o formalistas ´ exatamente o resultado da inten¸ao que
a
a
e
c˜
determina o ju´ ´tico.
ızo e
Franz Brentano (1995) retoma a tradi¸ao escol´stica e estabelece a inten¸ao como
c˜
a
c˜
elemento determinante do conhecimento. Ele divide os fenˆmenos em uma vertente f´
o
ısica
e outra vertente mental. A intencionalidade ´ uma caracter´
e
ıstica prim´ria de fenˆmenos
a
o
mentais. Um fenˆmeno mental est´ vinculado a um objeto, que neste caso ´ tido como
o
a
e
o objeto intencional, mas este objeto n˜o participa do fenˆmeno em si. Brentano indica
a
o
que essa ´ a principal caracter´
e
ıstica da intencionalidade. Um exemplo disto ´ distin¸ao
e
c˜
entre a cren¸a e o desejo.
c
Por sua vez John Searle (2002) expressa, em sua teoria da intencionalidade, que ela
faz parte da filosofia da linguagem, que por sua vez ´ um ramo da filosofia da mente6 .
e
A capacidade dos atos da fala de representar objetos ´ uma extens˜o da capacidade
e
a
fundamentais do c´rebro. Ele usa os exemplos da cren¸a e do desejo como express˜es
e
c
o
intencionais imanentes. O autor analisa a intencionalidade como um estado mental e
como percep¸˜o.
ca
Na intencionalidade como um estado mental, Searle (2002) caracteriza a inten¸ao
c˜
como uma dire¸ao escolhida. Ele afirma que a intencionalidade ´ aquela propriedade de
c˜
e
muitos estados e eventos mentais pela qual estes s˜o dirigidos para objetos e estados como
a
coisas no mundo e chega a conclus˜o de que apenas alguns estados mentais s˜o intena
a
cionais. Cren¸as e desejos s˜o intencionais. J´ a ansiedade n˜o direcionada e exalta¸ao
c
a
a
a
c˜
n˜o s˜o. Esse ponto aproxima a intencionalidade da no¸ao de consciˆncia. Mas o autor
a a
c˜
e
adverte que a intencionalidade n˜o pode ser uma rela¸ao ordin´ria com qualquer outro
a
c˜
a
estado mental.
Como nossas experiˆncias perceptivas internas est˜o relacionadas com o mundo exe
a
terno? Essa ´ quest˜o que move Searle (2002) em rela¸ao a intencionalidade como um
e
a
c˜ `
elemento da percep¸ao. Em geral a percep¸ao tem rela¸˜o com os sentidos, em que a
c˜
c˜
ca
vis˜o se destaca como o sentido mais desenvolvido. O autor enfatiza que, embora a pera
cep¸˜o visual tenha como componente uma experiˆncia visual, n˜o ´ essa experiˆncia que
ca
e
a e
e
´ vista, pois se fecharmos os nossos olhos a experiˆncia visual cessa, mas a coisa vista
e
e
n˜o cessa. A coisa vai existir independente da percep¸ao. O autor entende a hip´tese de
a
c˜
o
6 Apesar

de vincular a intencionalidade ` filosofia da mente, Searle (2002) reconhece que seu conceito
a
est´ afastado da maioria das concep¸˜es modernas deste ramo da filosofia.
a
co
2.6 Hermenˆutica
e

38

que as experiˆncias da percep¸ao s˜o intrinsecamente intencionais. A percep¸˜o atende a
e
c˜ a
ca
condi¸oes de satisfa¸˜o determinadas pelo conte´do da experiˆncia exatamente no mesmo
c˜
ca
u
e
sentido que outros estados tˆm condi¸oes de satisfa¸˜o que s˜o determinadas pelo cone
c˜
ca
a
te´do dos estados mentais. O autor prop˜e a percep¸ao como uma transa¸˜o intencional
u
o
c˜
ca
e causal entre a mente e o mundo. A dire¸˜o do ajuste ´ mente-mundo. A dire¸˜o da
ca
e
ca
causa¸ao ´ mundo-mente. Estas dire¸oes s˜o independentes.
c˜ e
c˜
a
John Searle (2002) defende a integra¸˜o das no¸oes de intencionalidade como um
ca
c˜
estado mental e a intencionalidade como percep¸ao. Ele constr´i o argumento de que
c˜
o
existem experiˆncias perceptivas; estas experiˆncias tˆm intencionalidade; o conte´do
e
e
e
u
intencional possui uma forma proposicional; tais formas tˆm dire¸˜o de ajuste mentee
ca
mundo e as propriedades especificadas por seu conte´do intencional em geral n˜o s˜o
u
a a
literalmente propriedades das experiˆncias perceptivas. Searle chama as experiˆncias da
e
e
percep¸˜o de apresenta¸˜es.
ca
co
Os estados mentais, a percep¸ao, a inten¸ao e a causa s˜o aspectos de um fenˆmeno
c˜
c˜
a
o
mais amplo. Husserl emprega as no¸oes de fenˆmenos f´
c˜
o
ısicos e mentais, defendidas por
seu mestre Brentano, para lan¸ar as bases da fenomenologia.
c
A no¸˜o de reconhecimento das caracter´
ca
ısticas de um objeto ´ o ponto seguinte. O
e
´
que ´ essa essˆncia do objeto? De que forma ela se apresenta e se organiza? E composta
e
e
de outros elementos ou ´ atˆmica? Fazendo um paralelo com a intencionalidade surge um
e o
outro ponto: Como a intencionalidade afeta a percep¸˜o do objeto. A procura por essas
ca
respostas deu origem aos movimentos da filosofia hermenˆutica moderna e a proposta da
e
Gestalt.

2.6

Hermenˆutica
e

A base filos´fica inaugurada por Schleiermacher (1768 - 1834), aprimorada por Dilthey
o
(1833 - 1911), abriu espa¸o para o surgimento da teoria da interpreta¸˜o no s´culo XX.
c
ca
e
A no¸˜o de hermenˆutica est´ intimamente ligada a com a interpreta¸˜o e com a linguaca
e
a
ca
gem. Em O Ser e o Tempo Heidegger (2006) expressa que o homem est´ “mergulhado”
a
no mundo e sua existˆncia ´ delimitada e qualificada por uma esp´cie de pr´-compreens˜o
e
e
e
e
a
deste mundo. Esta no¸˜o pr´via est´ representada na linguagem do indiv´
ca
e
a
ıduo. A interpreta¸˜o ´ a dimens˜o que constitui – junto com o fenˆmeno do conhecimento – toda a
ca e
a
o
existˆncia.
e
Em sua obra fundamental Verdade e M´todo, Gadamer (2005) d´ seguimento a este
e
a
2.6 Hermenˆutica
e

39

racioc´
ınio propondo uma ontologia hermenˆutica. Trata-se de uma proposta baseada na
e
filosofia pr´tica 7 . Impulsionado pelas disputas metodol´gicas entre as ciˆncias naturais
a
o
e
modernas e as ciˆncias humanas, Gadamer (2005) passa a considerar os fatores que dee
limitam, afetam ou proporcionam as conclus˜es em um argumento cient´
o
ıfico. At´ que
e
ponto a verdade de uma conclus˜o cient´
a
ıfica pode ser afetada pela vis˜o de mundo do
a
cientista que a prop˜e? Qual ´ a natureza deste conhecimento expresso na conclus˜o?
o
e
a
Neste sentido Gadamer (2005, p.11) revela que:
“Ainda que se reconhe¸a que o ideal desse conhecimento ´ fundamenc
e
talmente diferente do gˆnero e da inten¸˜o das ciˆncias da natureza,
e
ca
e
somos tentados a caracteriz´-las, apenas privativamente, como ’ciˆna
e
cias inexatas’. Mesmo a pondera¸˜o, t˜o significativa quanto justa que,
ca a
Herman Helmholtz fez, no seu famoso discurso de 1862, sobre as ciˆncias da natureza e as ciˆncias do esp´ 8 , sua caracter´
e
e
ırito
ıstica l´gica
o
continuou sendo negativa, tirada do ideal de m´todo das ciˆncias da
e
e
natureza. Helmholtz diferenciou duas esp´cies de indu¸˜o: a indu¸˜o
e
ca
ca
l´gica e a instintivo-art´
o
ıstica. No fundo, isso significa que estava diferenciando esses dois gˆneros de proceder n˜o l´gica, mas psicologicamente.
e
a o
Ambos se servem da conclus˜o indutiva, mas o procedimento conclua
sivo das ciˆncias do esp´
e
ırito ´ um concluir inconsciente. A pr´tica da
e
a
indu¸˜o nas ciˆncias do esp´
ca
e
ırito est´ vinculada, por essa raz˜o, a condia
a
¸˜es psicol´gicas especiais. Ela exige uma esp´cie de tato, necessitando
co
o
e
para isso aptid˜es espirituais de outra esp´cie, por exemplo, riqueza de
o
e
mem´ria e reconhecimento de autoridades, enquanto que a conclus˜o
o
a
autoconsciente do cientista da natureza repousa unicamente na utiliza¸˜o da pr´pria compreens˜o. Mesmo quando se reconhece que o grande
ca
o
a
pesquisador da natureza resistiu ` tenta¸˜o de transformar sua pr´pria
a
ca
o
forma de trabalhar cientificamente numa norma de validade geral, ainda
assim ele n˜o disp˜e de nenhuma outra possibilidade l´gica de caracteria
o
o
zar o procedimento das ciˆncias do esp´
e
ırito sen˜o atrav´s do conceito da
a
e
indu¸˜o, que lhe era familiar gra¸as ` L´gica de Mill. A real exemplaca
c a o
ridade que teve para as ciˆncias do s´culo XVIII a nova mecˆnica e seu
e
e
a
triunfo, marcado pela mecˆnica celeste de Newton, continuava sendo t˜o
a
a
evidente para o pr´prio Helmholtz que n˜o lhe ocorreu indagar sobre
o
a
as pr´-condi¸˜es filos´ficas que possibilitaram o surgimento dessa nova
e
co
o
ciˆncia no s´culo XVII. Hoje sabemos qual o significado que teve, para
e
e
isso, a Escola Occamista de Paris. Para Helmholtz o ideal de m´todo
e
das ciˆncias da natureza n˜o estava necessitando de nenhuma deriva¸˜o
e
a
ca
hist´rica nem de uma restri¸˜o cognitiva e te´rica, e ´ por isso que ele,
o
ca
o
e
logicamente, n˜o podia entender de outra forma a maneira de trabalhar
a
das ciˆncias do esp´
e
ırito.”

A compreens˜o se difere do conhecimento neste ponto. O primeiro ´ o modo de
a
e
ser do sujeito expresso na forma de apreender o conhecimento, que por sua vez, assume
7 Postula

a ideia de considerar o contexto de cada racioc´
ınio sem se deixar influenciar exclusivamente
pelo objetivismo.
8 Express˜o alternativa para designar ciˆncias humanas.
a
e
2.7 O Movimento da Gestalt

40

definitivamente a sua dimens˜o fenomenol´gica. Para Gadamer (2005) compreender est´
a
o
a
mais pr´ximo da no¸ao de opini˜o decretada e reconhecida. Este ´ o ponto de forma¸˜o
o
c˜
a
e
ca
da compreens˜o. Quando a compreens˜o se torna universal, consagrada pelas tradi¸oes
a
a
c˜
humanas, surge o senso comum. Surge ent˜o a necessidade de se qualificar o que ´
a
e
compreendido, formando no ser o ju´zo. Por fim o ser aceita ou rejeita aquilo que foi
ı
compreendido de acordo com os crit´rios de gosto.
e
Gadamer (2005) parte da no¸˜o heideggeriana do “Dasein” ou “o ser no mundo”
ca
baseando a existˆncia em uma abordagem ontol´gica e fenomenol´gica. A vivˆncia do ser
e
o
o
e
no mundo ´ a base de toda a reflex˜o. Gadamer reconhece a existˆncia de uma natureza,
e
a
e
um cosmo, no qual todos os seres est˜o inseridos. A realidade ´ a maneira peculiar que
a
e
o sujeito escolhe para reconhecer o cosmo ` sua volta. O mundo ´ o conjunto de entes
a
e
do cosmo que reconhecemos e aos quais nos conectamos. A consciˆncia ´ limitada pela
e
e
no¸ao de mundo que compreendemos. A borda do nosso mundo, o nosso horizonte, ´ a
c˜
e
fronteira do nosso conhecimento (GADAMER, 2005, p.372). O aprendizado ´ o processo
e
de amplia¸ao dos horizontes, significa neste caso ver al´m, integrando o mundo conhecido
c˜
e
com um todo maior e mais preciso. Entender ´ o processo de fus˜o daquilo que define o
e
a
ser com aquilo que este incorpora de novo. Essa fus˜o ´ constante. O ser velho e o novo
a e
est˜o juntos formando o mundo a partir da continuidade desta tradi¸ao (GADAMER,
a
c˜
2005, p.375).
No entanto uma compreens˜o integral da “coisa em si” n˜o se revela poss´
a
a
ıvel, visto que
o sujeito ´ limitado pelos princ´
e
ıpios estabelecidos em seu pr´prio mundo. A compreens˜o
o
a
´ alcan¸ada com base em acordos entre o que ´ percebido e o que ´ aceito pelo sujeito.
e
c
e
e
O que o sujeito compreende ´ a resultante de uma rede coordenada de interpreta¸oes de
e
c˜
fenˆmenos.
o

2.7

O Movimento da Gestalt

A “coisa em si”, expressa no t´pico acima, possui caracter´
o
ısticas que s˜o desconhecidas
a
por parte do sujeito, mesmo assim este tem a percep¸˜o9 de completude. Uma esp´cie
ca
e
de percep¸˜o assim´trica do que est´ inscrito em sua mente e aquilo que se apresenta na
ca
e
a
natureza. O movimento da Gestalt considera exatamente essa assimetria. Neste caso o
fato fundamental da consciˆncia n˜o ´ o elemento que comp˜e a coisa, mas a sua forma
e
a e
o
total. Esta forma n˜o ´ redut´ a soma ou a combina¸ao dos elementos (ABBAGNANO,
a e
ıvel `
`
c˜
9 A este respeito ´ necess´rio destacar que a no¸˜o de percep¸˜o empregada nesta pesquisa ´, em
e
a
ca
ca
e
sentido t´cnico, uma opera¸˜o determinada do sujeito em suas rela¸˜es com a natureza que o rodeia.
e
ca
co
2.8 A no¸˜o de Momento
ca

41

2007, p.951).
Partindo de uma abordagem ontol´gica, a percep¸˜o consiste em uma opera¸ao intero
ca
c˜
pretativa dos est´
ımulos, construindo ou redefinindo significados preliminares para estes
est´
ımulos, mas considerando que a forma ´ irredut´ a partir de seus elementos. O movie
ıvel
mento da Gestalt, tal como entendemos hoje, teve sua origem na obra de Max Wertheimer
sobre a percep¸ao do movimento (1912) e tem as principais contribui¸˜es nas obras de
c˜
co
Wolfgang K¨hler (1929) e Kurt Koffka (1919). A Gestalt baseia-se, em primeiro lugar,
o
na inexistˆncia de sensa¸oes elementares, a n˜o ser como uma abstra¸˜o artificial. Em
e
c˜
a
ca
segundo lugar, n˜o existe um objeto de percep¸˜o como uma entidade isolada ou que seja
a
ca
poss´ isol´-la. O que se percebe ´ uma totalidade contida em uma totalidade. Essas
ıvel
a
e
totalidades s˜o constitu´
a
ıdas de leis espec´
ıficas de organiza¸˜o, que s˜o: proximidade, seca
a
melhan¸a, dire¸ao, boa forma, destino comum, fechamento, entre outras (ABBAGNANO,
c
c˜
2007, p.878).
Uma defini¸˜o aceita para a Gestalt, neste caso, ´ que a percep¸ao est´ vinculada a
ca
e
c˜
a
uma totalidade e que suas partes, quando consideradas separadamente, n˜o representam
a
as mesmas caracter´
ısticas: A soma das partes n˜o resulta no todo. A totalidade ou o
a
“todo” neste caso ´ semelhante a no¸ao de “coisa” de (HUSSERL, 1990). A essˆncia da
e
` c˜
e
coisa integra em si, transcendendo ` totalidade de suas manifesta¸oes (ABBAGNANO,
a
c˜
2007, p.878).

2.8

A no¸˜o de Momento
ca

O termo ´ oriundo do latim momentum. Trata-se de uma express˜o que ´ empregada
e
a
e
na atualidade de quatro modos distintos. O momento pode ser mecˆnico, temporal, l´gico
a
o
ou dial´tico. O momento mecˆnico diz respeito a a¸˜o instantˆnea de uma for¸a sobre um
e
a
ca
a
c
corpo. Refere-se a quantidade de movimento na f´
ısica. Essa no¸ao possui subdivis˜es de
c˜
o
acordo com a emprego pretendido. Neste sentido o momento mecˆnico pode ser angular,
a
linear ou el´trico. O momento mecˆnico angular ´ a resultante do produto entre o vetor
e
a
e
de quantidade de movimento e o vetor posi¸ao de uma part´
c˜
ıcula posta em movimento.
O momento mecˆnico linear ´ quantidade de movimento de uma part´
a
e
ıcula propriamente
dita, correspondendo na f´
ısica ao produto da massa da part´
ıcula por sua velocidade. J´
a
o momento mecˆnico el´trico ´ o produto da carga de uma part´
a
e
e
ıcula pela distˆncia entre
a
as cargas (ABBAGNANO, 2007, p.793).
O momento temporal ´ o mais conhecido e empregado dos tipos aqui apresentados.
e
2.8 A no¸˜o de Momento
ca

42

Corresponde a menor parte de tempo desconsiderando o per´
`
ıodo de sucess˜o. Essa ´ uma
a
e
das propriedades do tempo, segundo sua vis˜o linear. Corresponde ao senso subjetivo
a
do instante temporal. O aspecto l´gico do momento se refere ao ato de demonstrar.
o
Refere-se ao est´gio de uma demonstra¸ao (ABBAGNANO, 2007, p.793). Entende-se
a
c˜
por demonstra¸˜o uma sequˆncia finita de uma ou mais ocorrˆncias de f´rmulas, de tal
ca
e
e
o
forma, que cada f´rmula ´ uma consequˆncia imediata de f´rmulas precedentes. Neste
o
e
e
o
cen´rio cada f´rmula ´ um momento da demonstra¸˜o (BRANQUINHO, 2006, p.248).
a
o
e
ca
O sentido dial´tico do momento refere-se a uma fase de uma dial´tica. No exemplo
e
e
citado por Abbagnano (2007, p.793), um momento da realidade pode ser a possibilidade
ou a acidentalidade. A necessidade ´ composta pelos momentos da condi¸ao, da coisa
e
c˜
em si, e da atividade. J´ o “devir” dial´tico ´ composto pelo momento do “ser” e pelo
a
e
e
momento do “nada”. A no¸˜o de momento dial´tico ´ a forma de defini¸˜o do termo
ca
e
e
ca
mais comum na filosofia contemporˆnea. Vale ressaltar que o termo “devir” diz respeito a
a
todas as formas do vir a ser, do mudar-se, do acontecer, do passar, mover-se, entre outras
no¸oes correlatas (MORA, 2001).
c˜
43

3

O Contexto Cient´
ıfico

“A verdade ´ como o Sol. Ela
e
permite-nos ver tudo, mas n˜o deixa
a
que a olhemos.”
Vitor Hugo

3.1

Introdu¸˜o
ca

Vimos no cap´
ıtulo anterior uma breve apresenta¸ao do contexto epistemol´gico que
c˜
o
fundamenta a proposta do m´todo. O pr´ximo passo da estrat´gia de investiga¸ao do
e
o
e
c˜
referencial ´ a contextualiza¸ao cient´
e
c˜
ıfica dos estudos realizados. S˜o abordadas a realia
dade multidisciplinar da pesquisa em Ciˆncia da Informa¸˜o e os aspectos disciplinares
e
ca
da Arquitetura da Informa¸ao.
c˜
Completando o universo do discurso ser˜o tratados os aspectos cient´
a
ıficos relacionados
` evolu¸˜o do racioc´
a
ca
ınio cient´
ıfico, que foi colocada nesta parte como forma de
apresentar as principais formas de argumenta¸ao cient´
c˜
ıfica. A teoria e observa¸˜o
ca
foi considerada nesta pesquisa por demonstrar a impossibilidade de distin¸˜o entre a
ca
linguagem te´rica e a linguagem de observa¸ao no discurso cient´
o
c˜
ıfico, corroborando com as
no¸oes de intencionalidade e hermenˆutica na ciˆncia, sem descaracterizar a importˆncia
c˜
e
e
a
da valida¸˜o. O M´todo trata das principais defini¸oes atribu´
ca
e
c˜
ıdas ao termo. Caracterizar
a no¸˜o de m´todo em rela¸˜o ` proposta desta pesquisa ´ um dos elementos cruciais
ca
e
ca a
e
para a valida¸ao dos objetivos espec´
c˜
ıficos. A se¸ao Modelo apresenta a evolu¸ao do
c˜
c˜
termo ao longo do tempo e as formas de entendimento usadas na atualidade. Essa no¸ao
c˜
foi estudada em fun¸ao das rela¸˜es que a proposta de m´todo realiza durante a sua
c˜
co
e
execu¸˜o e na gera¸˜o dos seus resultados. A forma apresenta a evolu¸˜o do conceito de
ca
ca
ca
forma e sua express˜o na atualidade. Os procedimentos a serem propostos levaram em
a
3.2 Ciˆncia
e

44

conta a no¸˜o de forma, por esse motivo seu estudo ser´ considerado. A informa¸˜o
ca
a
ca
analisa a contextualiza¸ao do seu car´ter polissˆmico e as contribui¸˜es consideradas
c˜
a
e
co
relevantes na busca por uma defini¸˜o universal para o termo. A caracteriza¸ao do termo
ca
c˜
como um registro ´ considerado um fundamento para a proposta, por esse motivo um
e
estudo sobre a no¸˜o de informa¸ao ser´ realizado. A linguagem apresentada nas trˆs
ca
c˜
a
e
formas (sint´tica, semˆntica e pragm´tica) analisa as principais contribui¸oes para a sua
a
a
a
c˜
delimita¸ao em rela¸ao a proposta. A linguagem ´ tida como uma forma de transformar
c˜
c˜ `
e
a realidade. Esse contexto ´ relevante para a pesquisa. Um estudo sobre os trˆs aspectos
e
e
da linguagem contextualizar´ o termo em rela¸ao a proposta de m´todo. A arquitetura
a
c˜ `
e
ser´ apresentada em sua forma mais cl´ssica representando o arcabou¸o que serviu de
a
a
c
base para o surgimento das ideias atuais em torno da AI. A no¸˜o de espa¸o em
ca
c
Heidegger corresponde ao estudo que serve de base para a realiza¸˜o da proposta. Por
ca
fim, o contexto cient´
ıfico ´ analizado em rela¸˜o ` Arquitetura da Informa¸˜o expondo
e
ca a
ca
as contribui¸˜es dos estudos de Macedo (2005) e Siqueira (2008).
co

3.2

Ciˆncia
e

O conhecimento pode ser exercido de v´rias formas. A observa¸ao pode ser um dos
a
c˜
elementos participantes no fenˆmeno do conhecimento. Leonardo (2004, p.18), chamado
o
Da Vinci, anuncia como pr´logo do renascimento que o conhecimento tem sua origem nas
o
percep¸˜es. Na sua vis˜o n˜o ´ poss´ julgar a experiˆncia. N˜o ´ poss´ prometer a
co
a a e
ıvel
e
a e
ıvel
si mesmo que resultados ser˜o ou n˜o causados por nossos experimentos. A ciˆncia n˜o
a
a
e
a
se alimenta de sonhos, mas de princ´
ıpios criteriosamente determinados, passo a passo,
em uma sequˆncia v´lida e verific´vel. A ciˆncia ser´ isenta quando for a resultante da
e
a
a
e
a
experiˆncia que passar pelo julgamento dos sentidos do homem. Essa no¸ao norteou toda
e
c˜
a obra art´
ıstica do autor e influenciou fortemente a est´tica renascentista.
e
Para as religi˜es a cren¸a ´ fonte excelente do conhecimento verdadeiro. Para Agoso
c e
tinho (2004, p.334) a experiˆncia fixa o olhar onde desponta o amanhecer da verdade e
e
aquele que crˆ na divindade sabe reconhecer o valor da verdade. Em outra parte o autor
e
anuncia que somente Deus possui a verdadeira ciˆncia. Sem a cren¸a em um ser superior
e
c
n˜o se pode alcan¸ar o conhecimento verdadeiro (AGOSTINHO, 2004, p.390).
a
c
O amor pela sabedoria, busca o conhecimento empregando a especula¸ao e a tentativa
c˜
de defini¸˜o de um racioc´
ca
ınio correto e completo. A filosofia, na concep¸˜o de Chaui
ca
(1995, p.19), ´ um estado de esp´
e
ırito. O ser que ama o conhecimento ir´ procur´-lo e
a
a
´
respeit´-lo. E a express˜o do conhecimento constru´ pela atitude de indagar e conduzida
a
a
ıda
3.2 Ciˆncia
e

45

pela reflex˜o, sendo este o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo
a
interrogando-se e interagindo com a realidade.
A ciˆncia, por sua vez, mostra-se preocupada em estabelecer o conhecimento v´lido.
e
a
Mora (2001) indica que etimologicamente o voc´bulo “ciˆncia” equivale a “o saber”. Tornaa
e
se claro que essa equivalˆncia ´ simplista e n˜o expressa o contexto em que essa forma de
e
e
a
conhecimento est´ inserida. O grande problema no caso da ciˆncia ´ a dificuldade de se
a
e
e
delimitar um conceito suficientemente preciso para o termo. V´rios pesquisadores citam
a
caracter´
ısticas, classifica¸oes, designa¸˜es na tentativa de delimitar o que seja ciˆncia e
c˜
co
e
qual a sua natureza, mas uma defini¸˜o ainda n˜o foi alcan¸ada. Na defini¸ao de Mora
ca
a
c
c˜
(2001) temos:
“Parece necess´rio estabelecer qual o tipo de saber cient´
a
ıfico e distinguir
` medida que se foram organizando as chaentre a ciˆncia e a filosofia. A
e
madas ciˆncias particulares e se foi tornando mais intenso o movimento
e
de autonomia, primeiro, e de independˆncias das ciˆncias, depois, a dise
e
tin¸˜o em quest˜o tornou-se cada vez mais importante e urgente. A
ca
a
quest˜o da natureza do saber cient´
a
ıfico s´ superficialmente aqui se pode
o
tratar. Limitamo-nos a indicar que a ciˆncia ´ um modo de conhecie
e
mento que procura formular, mediante linguagens rigorosas e apropriadas — tanto quanto poss´
ıvel, com o aux´ da linguagem matem´tica —
ılio
a
leis por meio das quais se regem os fenˆmenos. Estas leis s˜o de divero
a
sas categorias. Todas tˆm, por´m, v´rios elementos em comum: serem
e
e
a
capazes de descrever s´ries de fenˆmenos; serem comprov´veis por meio
e
o
a
da observa¸˜o dos fatos e da experimenta¸˜o; serem capazes de predizer
ca
ca
— quer mediante predica¸˜o completa, quer mediante predica¸˜o esca
ca
tat´
ıstica — acontecimentos futuros. A comprova¸˜o e predica¸˜o nem
ca
ca
sempre se efetuam da mesma maneira, n˜o em cada uma das ciˆncias,
a
e
mas tamb´m em diversas esferas da mesma ciˆncia. Em grande parte,
e
e
dependem do n´ das teorias correspondentes. Em geral, pode dizer-se
ıvel
que uma teoria cient´
ıfica mais compreensiva obedece mais facilmente a
exigˆncias de natureza interna, ` estrutura da teoria — simplicidade,
e
a
harmonia, coerˆncia etc — do que uma teoria menos compreensiva. As
e
teorias de teorias (como por exemplo, a teoria da relatividade) parecem
por isso mais afastadas dos fatos ou, melhor dizendo, menos necessitadas de um grupo relativamente grande e consider´vel de fatos para
a
serem confirmadas... Em geral, considera-se que uma teoria cient´
ıfica ´
e
tanto mais perfeita quanto mais formalizada estiver.”

3.2.1

Ciˆncia e a Realidade
e

Vivemos imersos na realidade. Estamos em permanente contato com seus elementos.
Abbagnano (2007) estabelece a defini¸ao de realidade como o modo de ser das coisas
c˜
existentes fora da mente humana ou independente dela. Mas como se d´ esse contato?
a
3.2 Ciˆncia
e

46

Como a mente humana se relaciona com esses elementos? E quanto ao fato de que
n´s mesmos fazemos parte dessa realidade? Esses questionamentos est˜o diretamente
o
a
relacionados a um ponto mais elementar: A realidade ´ imut´vel ou est´ em constante
e
a
a
transforma¸ao?
c˜
A ciˆncia tenta responder a esses questionamentos como uma esp´cie de conhecimento
e
e
humano comprometido com o rigor na valida¸ao dos elementos da realidade e no debate
c˜
de como obter essas valida¸˜es e formas adequadas para represent´-las. A busca pelo
co
a
m´ximo grau de certeza da realidade. A realidade muda. A realidade evolui. Renova-se
a
constantemente em ciclos de constru¸oes e reconstru¸oes de significados.
c˜
c˜
O ponto deste t´pico situa-se na controv´rsia moderna em rela¸˜o a defini¸ao de
o
e
ca
c˜
ciˆncia. As tentativas de se estabelecer uma defini¸ao clara, unica e resistente ao tempo
e
c˜
´
para o termo ciˆncia esbarra no fato de que a ciˆncia pretende explicar da forma mais
e
e
v´lida poss´
a
ıvel a realidade. Neste caminho deve-se reconhecer uma das caracter´
ısticas
mais importantes que podemos relacionar a realidade: ela ´ dinˆmica.
`
e
a
Em Tomanik (2004, p.16) vemos uma argumenta¸ao baseada em quatro premissas
c˜
para defender a impossibilidade de uma defini¸ao plena para o termo ciˆncia. Em primeiro
c˜
e
lugar tanto no cosmo1 , quanto o mundo derivado das constru¸oes mentais do indiv´
c˜
ıduo
e do senso comum de uma cultura, est˜o em cont´
a
ınuo processo de transforma¸˜o. Em
ca
seguida o autor afirma que a pr´pria evolu¸ao das disciplinas cient´
o
c˜
ıficas e dos procedimentos tecnol´gicos contribuem para o surgimento de novas formas de pesquisa. Depois
o
ele situa a falta de unanimidade dos conhecimentos cient´
ıficos como evidˆncias da percepe
¸ao destas transforma¸˜es ou evolu¸oes. As cr´
c˜
co
c˜
ıticas aos procedimentos de investiga¸ao
c˜
empregados nas pesquisas fazem parte do processo de evolu¸˜o das teorias cient´
ca
ıficas.
Por fim a ciˆncia ´ mais uma das ferramentas empregadas pelo homem para suprir suas
e
e
necessidades e aspira¸˜es. Na medida em que esses elementos se alteram a ciˆncia se
co
e
adaptar´ a eles, pois ´ feita por seres humanos.
a
e
Mesmo existindo uma dificuldade em se definir ciˆncia, o racioc´ epistemol´gico de
e
ınio
o
que existem invariantes que sirvam para delimitar o que seja ou n˜o uma pr´tica cient´
a
a
ıfica,
ainda se mostra plaus´
ıvel. Neste sentido o objeto, o m´todo e o objetivo se apresentam
e
como elementos que se apresentam em todas as ciˆncias.
e
A proposta de Tomanik (2004), em rela¸˜o a ciˆncia, pode ser empregada de forma
ca ` e
geral e ser tomada como efetiva. Entretanto objeto, m´todo e objetivo constituem elemene
1 Entendido

nesta pesquisa como o conjunto dos organismos vivos, das estruturas f´
ısicas e dos fenˆo
menos naturais.
3.3 Evolu¸˜o do racioc´
ca
ınio cient´
ıfico

47

tos do modelo mais do que da realidade. Ao capturar a realidade a ciˆncia implicitamente
e
assume pressupostos te´ricos que lhe permitem fazer recortes da realidade. Tais recortes
o
s˜o constitu´
a
ıdos de fatos e fenˆmenos, os primeiros sendo itens da realidade e os segundos
o
sendo itens da interpreta¸ao da realidade. O papel da ciˆncia ´ aproximar, tanto quanto
c˜
e
e
poss´
ıvel, a teoria e a realidade.
A seguir ser´ apresentado o conjunto de conceitos que representam o contexto cia
ent´
ıfico para a proposta do m´todo de desenvolvimento de ‘arquiteturas de informa¸ao
e
c˜
aplicadas’ ao tratamento de informa¸˜o caracter´
ca
ıstico das organiza¸˜es.
co

3.3

Evolu¸˜o do racioc´
ca
ınio cient´
ıfico

O trabalho de Otto Neurath et al. (1970) reuniu um conjunto de expoentes em diferentes areas do conhecimento com o prop´sito de exibir os fundamentos de uma linguagem
´
o
unificada para a ciˆncia. A partir destes conceitos observou-se que cada teoria carece de
e
procedimentos precisos de valida¸ao. O caminho percorrido para se validar ou refutar
c˜
uma hip´tese ´ a defini¸ao mais elementar para o termo m´todo. Existem variantes para
o
e
c˜
e
o emprego do termo, desde o racioc´ filos´fico cl´ssico at´ o conjunto de procedimentos
ınio
o
a
e
de investiga¸˜o de um fenˆmeno. Nesta etapa foram investigadas as principais formas
ca
o
de racioc´
ınio cient´
ıfico usadas atualmente. Um dos poucos pontos de consenso em ciˆncia ´ a sua necessidade de comprova¸˜o durante o processo de investiga¸˜o dos fatos.
e
e
ca
ca
Enquanto as outras express˜es de conhecimento buscam uma verdade, sem se preocupar
o
com imprecis˜o deste termo, a ciˆncia se preocupa com a verificabilidade dos fenˆmenos
a
e
o
e sua explica¸˜o de forma clara e precisa. Para tanto se faz necess´rio estabelecer qual
ca
a
o racioc´
ınio mais adequado ao cumprimento deste objetivo. A forma como os racioc´
ınios
cient´
ıficos evolu´
ıram na tradi¸ao ocidental apresenta pontos bem definidos. Destacam-se
c˜
nesta pesquisa os seguintes tipos:

3.3.1

Racioc´
ınio Dedutivo

A busca por um racioc´
ınio unico para a valida¸ao de objetivos em ciˆncia surge
´
c˜
e
prematuramente na ciˆncia. A dedu¸ao pode ser citada como uma das formas primeiras
e
c˜
de racioc´ cient´
ınio
ıfico. Para Antˆnio Carlos Gil (1999) a dedu¸ao parte de um fenˆmeno
o
c˜
o
amplamente observado para explicar fenˆmenos particulares. Necessita reconhecer que os
o
conhecimentos mais gerais s˜o indiscut´
a
ıveis e que um aspecto particular ´ uma conclus˜o
e
a
natural das observa¸˜es feitas. O silogismo aristot´lico ´ um exemplo cl´ssico deste tipo
co
e
e
a
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Fenomenologia como base para arquitetura da informação

  • 1. Um M´todo para Arquitetura da Informa¸˜o: e ca Fenomenologia como base para o desenvolvimento de arquiteturas da informa¸˜o aplicadas. ca Ismael de Moura Costa Disserta¸ao apresentada ao Departamento c˜ de Ciˆncia da Informa¸˜o e Documenta¸ao e ca c˜ da Universidade de Bras´ como requisito ılia parcial para a obten¸˜o do t´ ca ıtulo de mestre Linha de Pesquisa: Arquitetura da Informa¸ao c˜ Orientador: Prof. Dr. Mamede Lima-Marques Bras´ ılia, Dezembro de 2009
  • 2. Um M´todo para Arquitetura da Informa¸˜o: e ca Fenomenologia como base para o desenvolvimento de arquiteturas da informa¸˜o aplicadas. ca Este exemplar corresponde ao texto, em sua vers˜o final, da disserta¸ao aprovada a c˜ pela banca examinadora. Banca Examinadora: • Prof. Dr. Mamede Lima-Marques • Prof. Dr. Jo˜o Luiz Pereira Marciano a • Prof. Dr. Claudio Gottschalg Duque
  • 3. 3 Agradecimentos Ao amigo e Prof. Dr. Mamede Lima-Marques, que me conduziu durante esta pesquisa e me ensinou a escutar o mundo com a l´gica e com a ciˆncia; o e Ao irm˜o Andr´ Siqueira, que com sua paciˆncia e sabedoria, me estimulou e me a e e guiou pelo caminho do conhecimento em tantas oportunidades de minha vida; Aos professores do Departamento de Ciˆncia da Informa¸˜o da UnB, que s˜o abnee ca a gados defensores da importˆncia do conhecimento cient´ a ıfico para o desenvolvimento do homem e por compartilhar vossas experiˆncias com todos os alunos; e Ao Sr. Jos´ Roberto Murillo Zamora, que nobremente permitiu a minha participa¸˜o e ca nas aulas diurnas necess´rias ao cumprimento desta tarefa; a Aos colegas de trabalho, que tanto ajudaram na concilia¸˜o entre as responsabilidaca des do dia-a-dia e os compromissos da academia, demonstrando indulgˆncia, coerˆncia e e e respeito; Aos colegas de academia pela alegria, reflex˜es e proposi¸˜es inovadoras fartamente o co distribu´ ıdas durante os encontros em sala de aula. A Jucilene Gomes e a Martha Ara´jo por todo apoio e alegria ofertados na secretau ria; Aos meus queridos amigos que foram o´sis reconfortantes durante o percurso desta a viagem, que nunca me cobraram nada e que sempre estiveram do meu lado, mesmo que ` distantes fisicamente; A minha esposa S´dicla Mariano, que com seu amor, dedica¸ao e c˜ e paciˆncia tornou essa tarefa poss´ e ıvel; Aos meus primos, que s˜o a nova forma de ira mandade de nossa fam´ ılia; Ao saudoso tio Saturno Wagner, que com o seu exemplo de disciplina, alegria e reforma ´ ıntima, cativou a todos; Aos meus tios, pelo esfor¸o abnegado c e humilde, demonstrando a importˆncia do trabalho para a forma¸˜o ´tica de todos em a ca e ` nossa fam´ A minha av´ Maria Milagre, que conduz nossas vidas com sua luz; A minha ılia; ` o av´ Eur´ o ıdes Francelino, que representa a for¸a da sabedoria e da esperan¸a; Ao meu avˆ c c o Severino Balbino pelo exemplo de dignidade e pelo amor aos seus descendentes; Ao meu avˆ Antˆnio Izidro pelo exemplo de honra, honestidade e lealdade; o o ` A Ism´lia Costa, que alegremente compartilha sua existˆncia comigo, como irm˜ e a e a
  • 4. Agradecimentos 4 amiga; Aos meus pais, Francisco Costa e Verˆnica Moura, que me deram a vida, me conduo ziram pelo caminho da disciplina e do amor, sendo meus primeiros e maiores amigos; Sobretudo a Jesus, por nos sustentar com sua luz, por nos ofertar a agua fresca de ´ seu reino nos per´ ıodos dif´ ıceis, por nos revelar a verdade e nos confortar com seu exemplo de trabalho e f´ no Senhor da vida... e
  • 5. 5 Resumo Os meios de desenvolvimento de Arquiteturas da Informa¸ao Organizacionais s˜o c˜ a atualmente voltados ao n´ de abstra¸ao pr´tico, empregados em sua maioria para o ıvel c˜ a desenvolvimento de aplica¸˜es web. A partir da investiga¸ao fenomenol´gica de fundaco c˜ o mentos epistemol´gicos, cient´ o ıficos e pr´ticos esta disserta¸ao prop˜e um m´todo baseado a c˜ o e em quatro momentos: o Escutar, o Pensar, o Construir e o Habitar. A pesquisa analisa as a¸oes pertinentes a cada momento deste m´todo e como seus atos se ordenam para o dec˜ e senvolvimento de arquiteturas da informa¸ao aplicadas, aqui consideradas como estados c˜ de uma configura¸ao espec´ c˜ ıficas de espa¸os de informa¸˜o. c ca Palavras-chave: Ciˆncia da Informa¸ao, Arquitetura da Informa¸ao, Fenomenologia, e c˜ c˜ Hermenˆutica, M´todo, Espa¸o de Informa¸˜o. e e c ca
  • 6. 6 Abstract The means of developing of Organizational Architecture of Information are currently aimed at the practical level of abstraction, used mostly for the development of web applications. From the phenomenological investigation of the epistemological, scientific and practical this dissertation proposes a method based on four stages: the Listen, Thinking, the Building and the Inhabit. The research analyzes the actions relevant to every moment of this method and how these acts are ordered for the development of architecture of information applied, considered here as states of a specific configuration information spaces. Keywords: Information Science, Architecture of Information, Phenomenology, Hermeneutics, Method, Information Space.
  • 7. 7 Sum´rio a Agradecimentos p. 3 Resumo p. 5 Abstract p. 6 Lista de Figuras p. 12 Lista de Figuras p. 12 Lista de Abreviaturas p. 15 Introdu¸˜o ca p. 16 1 Prepara¸˜o da Pesquisa ca p. 20 1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20 1.1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20 1.1.2 Objetivos Espec´ ıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20 1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21 1.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22 1.3.1 Tipo da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22 1.3.2 Procedimento Metodol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o p. 22 1.3.3 Ado¸ao de uma vis˜o de mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ a p. 23 1.3.4 Fontes de Informa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 24 1.3.5 Percurso metodol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o p. 26
  • 8. Sum´rio a 8 I Revis˜o da Literatura a 2 O contexto Epistemol´gico o 27 p. 28 2.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 28 2.2 Epistemologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29 2.2.1 Epistemologia Evolucionista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30 2.2.2 Epistemologia Gen´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 31 2.2.3 Epistemologia Naturalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31 2.2.4 Epistemologia P´s-positivista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o p. 32 2.3 O C´ ırculo de Viena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33 2.4 O Estruturalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35 2.5 A Fenomenologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35 2.5.1 A Intencionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36 2.6 Hermenˆutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 38 2.7 O Movimento da Gestalt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40 2.8 A no¸˜o de Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca p. 41 3 O Contexto Cient´ ıfico p. 43 3.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 43 3.2 Ciˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 44 3.2.1 Ciˆncia e a Realidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 45 Evolu¸˜o do racioc´ ca ınio cient´ ıfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47 3.3.1 Racioc´ ınio Dedutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47 3.3.2 Racioc´ ınio Indutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48 3.3.3 Racioc´ ınio Dial´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 49 3.3.4 Racioc´ ınio Hipot´tico-dedutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 49 3.3.5 Racioc´ ınio Fenomenol´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o p. 50 3.3
  • 9. Sum´rio a 9 3.4 Teoria e Observa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca p. 51 3.5 M´todo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 53 3.6 Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55 3.7 Forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 57 3.8 Informa¸ao c˜ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58 3.9 Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60 3.9.1 Sint´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a p. 62 3.9.2 Semˆntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a p. 63 3.9.3 Pragm´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a p. 63 3.10 Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 64 3.11 No¸ao de espa¸o em Heidegger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ c p. 65 3.12 Sobre a Arquitetura da Informa¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca p. 66 II Resultados da pesquisa 4 A constru¸˜o da proposta ca 72 p. 73 4.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 73 4.2 Etapas da constru¸˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca p. 73 4.3 Mapa Conceitual da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 84 5 Postulados para a proposta p. 88 5.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 88 5.2 Princ´ ıpios Epistemol´gicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o p. 88 5.2.1 Epistemologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 88 5.2.2 Fenomenologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 88 5.2.3 Hermenˆutica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 89 Princ´ ıpios Cient´ ıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 89 5.3
  • 10. Sum´rio a 10 5.3.1 Espa¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c p. 89 5.3.2 Espa¸o de Informa¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c c˜ p. 89 5.3.3 Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 90 5.3.4 Momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 90 5.3.5 Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 90 6 M´todo de arquitetura de informa¸˜o aplicada – Maia e ca p. 91 6.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 91 6.2 O m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e p. 92 6.3 O Escutar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 94 6.3.1 Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ca c˜ p. 95 6.3.2 Procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 96 6.3.3 Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . co e p. 98 O Pensar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 99 6.4 6.4.1 6.4.2 Procedimentos 6.4.3 6.5 Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 101 ca c˜ Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 104 co e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 102 O Construir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 105 6.5.1 6.5.2 Procedimentos 6.5.3 6.6 Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 106 ca c˜ Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 108 co e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 107 O Habitar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 108 6.6.1 6.6.2 Procedimentos 6.6.3 6.7 Delimita¸˜o e caracteriza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 109 ca c˜ Contribui¸˜es para o m´todo proposto . . . . . . . . . . . . . . p. 112 co e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 110 Modelo de representa¸˜o do m´todo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112 ca e 6.7.1 Integra¸˜o de Momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112 ca
  • 11. Sum´rio a 11 6.7.2 Estados de uma arquitetura de informa¸˜o . . . . . . . . . . . . p. 114 ca 7 Exemplo de aplica¸˜o do m´todo proposto ca e p. 116 7.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 116 c˜ 7.2 Exemplo de aplica¸ao: Arquitetura da Informa¸˜o Organizacional . . . p. 116 c˜ ca 7.2.1 Contexto organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 117 7.2.2 Experimento de Teste do Maia . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 118 7.2.3 Caracter´ ısticas do Espa¸o de Informa¸˜o inicial - (Eai1 ) . . . . . p. 118 c ca 7.2.4 Resultados da aplica¸˜o do Maia . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 120 ca 8 Considera¸˜es Finais co p. 138 Referˆncias Bibliogr´ficas e a p. 143 Referˆncias Bibliogr´ficas e a p. 143
  • 12. 12 Lista de Figuras 1.1 Hierarquia de investiga¸˜es em meta-modelagem (GIGCH; PIPINO, 1986). p. 23 co 4.1 Quantidade de referˆncias pesquisadas situadas ao longo do per´ e ıodo estipulado para a pesquisa (2000 a 2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 75 4.2 Percentual de referˆncias consultadas separadas pelos idiomas predefinidos. p. 75 e 4.3 Distribui¸˜o dos tipos de idiomas consultados ao longo do per´ ca ıodo da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.4 p. 76 Distribui¸˜o das referˆncias verificadas em rela¸ao as principais fontes de ca e c˜ ` informa¸˜o eletrˆnicas consultadas. Na legenda deste gr´fico a propor¸ao ca o a c˜ correspondente ` CAPES est´ relacionada ao portal de peri´dicos. . . . a a o 4.5 4.6 p. 77 ´ As referˆncias verificadas foram reunidas em trˆs grupos: “SITIOS e e ˆ WEB”; “ORGANIZACIONAL” e, “STATUS CIENCIA”. . . . . . . . . p. 78 Distribui¸˜o das referˆncias consultadas, em rela¸ao a abordagem emca e c˜ ` pregada, ao longo do per´ ıodo estipulado. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 78 4.7 Enquadramento das referˆncias consultadas em rela¸˜o ao M 3 . . . . . . e ca p. 79 4.8 Distribui¸˜o das referˆncias consultadas ao longo do per´ ca e ıodo de coleta da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.9 p. 80 Distribui¸˜o quantitativa das fontes pesquisadas no per´ ca ıodo compreendido entre os anos de 1939 e 2009. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 81 4.10 Distribui¸ao das fontes pesquisadas no per´ c˜ ıodo separadas por tipo. . . . p. 81 4.11 Tipos de fontes pesquisadas no per´ ıodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 82 4.12 Mapa conceitual exemplo de uma contribui¸ao relevante para a pesquisa. c˜ Neste caso s˜o apresentadas as trˆs abordagens conceituais acerca da a e informa¸˜o analisadas por Capurro e Hjørland (2003). . . . . . . . . . . ca p. 83 4.13 Mapa conceitual representando o estado (ai0 ) da proposta do m´todo. . e p. 85
  • 13. LISTA DE FIGURAS 13 4.14 Mapa conceitual representando o estado (ai1 ) da proposta do m´todo. . e p. 86 4.15 Estado (ai2 ) – Mapa conceitual representando o percurso da pesquisa a partir do emprego dos objetivos espec´ ıficos como produtos pretendidos. 6.1 p. 87 Disposi¸˜o dos momentos de desenvolvimento de arquiteturas de inforca ma¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c˜ p. 93 6.2 Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Escutar . . . . c˜ p. 97 6.3 Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Pensar . . . . p. 103 c˜ 6.4 Modelo de representa¸ao das linhas de trens metropolitanos da cidade c˜ de T´kio no Jap˜o, desenhado por (WURMAN, 1997). . . . . . . . . . p. 105 o a 6.5 Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Construir . . . p. 107 c˜ 6.6 Mapa conceitual de representa¸ao dos procedimentos do Habitar . . . . p. 111 c˜ 6.7 Representa¸˜o gr´fica do M´todo de arquitetura de informa¸˜o ca a e ca aplicada – Maia 6.8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 113 Representa¸˜o gr´fica dos ciclos de evolu¸ao de estados de uma arquiteca a c˜ tura de informa¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 114 c˜ 7.1 C´pia da Taxonomia dos servi¸os do ANS. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 123 o c 7.2 Mapa conceitual das caracter´ ısticas gerais do ANS. . . . . . . . . . . . p. 124 7.3 Exemplo de artefato constru´ para representar o espa¸o de informa¸ao ıdo c c˜ inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 125 7.4 Exemplo de resultado gerado a partir da aplica¸˜o do m´todo no espa¸o ca e c de informa¸˜o escolhido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 126 ca 7.5 Divis˜o dos sistemas da empresa cliente, representada na forma de catea gorias separadas por coordena¸ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 128 c˜ 7.6 Mapa conceitual com a evolu¸ao do planejamento do ANS, apresentando c˜ as caracter´ ısticas dos servi¸os. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 129 c 7.7 Exemplo de um artefato alterado para representar os procedimentos de captura de informa¸˜es para a gera¸˜o de indicadores. . . . . . . . . . . p. 130 co ca 7.8 Exemplo de resultado gerado no final do segundo ciclo de evolu¸ao, rec˜ presentado o in´ da coleta de informa¸oes de andamento do ANS. . . p. 131 ıcio c˜
  • 14. LISTA DE FIGURAS 7.9 14 Modelo de representa¸˜o de esp´cies de indicadores. . . . . . . . . . . . p. 132 ca e 7.10 Mapa conceitual descrevendo os tipos de indicadores que devem ser gerados para o ANS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 133 7.11 Exemplo de artefato alterado para representar a evolu¸˜o do ANS. . . . p. 134 ca 7.12 Exemplo 1 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no co espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135 c ca 7.13 Exemplo 2 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no co espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135 c ca 7.14 Exemplo 3 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no co espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 136 c ca 7.15 Exemplo 4 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no co espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 136 c ca 7.16 Exemplo 5 de resultado gerado a partir das informa¸˜es colhidas no co espa¸o de informa¸˜o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 137 c ca
  • 15. 15 Lista de Abreviaturas AI Arquitetura da Informa¸˜o como disciplina ca ai arquitetura da informa¸˜o como a configura¸˜o da informa¸ao em um espa¸o ca ca c˜ c CI Ciˆncia da Informa¸˜o e ca M3 Meta-Modelagem de Gigch e Pipino (1986) UnB Universidade de Bras´ ılia. AIO Arquitetura da Informa¸ao Organizacional c˜ ANS Acordo de N´ de Servi¸o ıvel c TI Tecnologia da Informa¸ao c˜ APF An´lise de Ponto de Fun¸ao a c˜ ITIL Information Technology Infrastructure Library ISTQB International Software Testing Qualifications Board QAI Quality Assurance International W3C Padr˜o de interoperabilidade da World Wide Web Consortium a
  • 16. 16 Introdu¸˜o ca “Alma, n˜o procure a vida imortal, a esgote antes o reino do que ´ poss´ e ıvel” Pindaro – poeta grego A express˜o de Pindaro de Beozia (518 – 438 a.c.) expressa a necessidade de ser e a de estar na realidade. Somos habitantes da realidade, nos adaptamos e transformamos o que est´ a nossa volta. Vista por outro prisma a aclamada express˜o “cogito ergo a a sum” de Ren´ Descartes (1596 – 1650) revela a essˆncia de nossa marca na realidade. e e O pensamento ´ um tra¸o de nossa passagem, e nossas a¸˜es s˜o os tijolos que usamos e c co a para criar essa realidade. A vida ´ composta por esses tijolos. Vivendo constru´ e ımos. Percebendo iluminamos a realidade. Existindo transformamos o que entendemos como real. Os meios de ordena¸˜o dos tijolos de nossa express˜o na realidade revelam o grau de ca a exatid˜o que alcan¸amos na compreens˜o do mundo que estamos ajudando a construir. A a c a religi˜o, a arte, a filosofia e a ciˆncia possuem seus pr´prios meios de entender e ordenar a e o a realidade, mas para a ciˆncia, em especial, esse meio de compreens˜o e express˜o ´ e a a e um dos seus elementos mais importantes. Pode-se dizer que a busca da ciˆncia n˜o ´ a e a e busca pela verdade. A ciˆncia est´ interessada no caminho. Buscamos meios precisos de e a buscar. Os debates em torno da no¸˜o de m´todo s˜o os mais relevantes e acalorados ca e a de nossa hist´ria. Discutir o modo como caminhamos ´ fundamental para que a ciˆncia o e e possa acompanhar a dinˆmica da realidade. a Dentre os v´rios ramos cient´ a ıficos existentes a Arquitetura da Informa¸ao – como c˜ disciplina da Ciˆncia da Informa¸ao – surgiu como uma promissora forma de perceber e c˜ e manipular a informa¸˜o em suas variadas manifesta¸oes na realidade. Os princ´ ca c˜ ıpios epistemol´gicos da Arquitetura da Informa¸˜o s˜o propostos nas pesquisas de Siqueira o ca a (2008), Lima-Marques e Macedo (2006) e Macedo (2005), mas os caminhos empregados por essa disciplina para realizar suas investiga¸˜es ainda carecem de fundamenta¸˜o. co ca
  • 17. Introdu¸˜o ca 17 O argumento a ser desenvolvido nesta disserta¸ao apresenta uma proposta de m´todo c˜ e para a Arquitetura da Informa¸˜o, baseada na fenomenologia, permitindo o desenvolvica mento de configura¸oes espec´ c˜ ıficas de espa¸os de informa¸ao. A observa¸ao dos elementos c c˜ c˜ estudados na pesquisa foram feitos com base nas vis˜es epistemol´gica, cient´ o o ıfica e pr´a tica. Essa forma de escutar a realidade foi representada na estrat´gia de exposi¸ao dos e c˜ elementos da pesquisa. Em primeiro lugar ser´ necess´rio caracterizar um conjunto de referenciais epistemoa a l´gicos e cient´ o ıficos acerca do tema. Esta exposi¸ao estar´ apresentada na primeira parte, c˜ a onde ser˜o tratados os contextos epistemol´gico e cient´ a o ıfico respectivamente. No cap´ ıtulo que trata do contexto epistemol´gico ser˜o caracterizados os referencio a ais relacionados ao processo de entendimento do conceito de epistemologia, seu hist´rico o evolutivo e as vertentes existentes. Em seguida a vertente do p´s-positivismo ser´ anao a lisada, apresentando o surgimento deste paradigma epistemol´gico e estudando um caso o particular de aplica¸ao do emprego desta vertente, como um exemplo de uma forma de c˜ articula¸ao entre o pensamento e a linguagem. c˜ As no¸oes de fenomenologia e hermenˆutica ser˜o consideradas na constru¸˜o do c˜ e a ca argumento desta pesquisa. A caracteriza¸˜o da fenomenologia como fundamento da exca press˜o e do discurso em ciˆncia ser´ apresentado na primeira parte como um contexto a e a epistemol´gico. A no¸ao hermenˆutica ser´ empregada para caracterizar a importˆncia o c˜ e a a da percep¸ao nos processos de codifica¸ao da realidade. c˜ c˜ Em seguida ser˜o analisados os aspectos espaciais e temporais no fenˆmeno do coa o nhecimento. Em rela¸˜o aos aspectos espaciais ser˜o consideradas as caracter´ ca a ısticas da “Gestalt” como fundamento de espa¸o. Em seguida ser˜o apresentadas as formas de c a entendimento do termo “momento” como fundamento da no¸˜o de tempo. ca O terceiro cap´ ıtulo tratar´ do contexto cient´ a ıfico do referencial a ser caraterizado. A investiga¸ao ser´ apresentada inicialmente com uma breve reflex˜o sobre natureza da c˜ a a ciˆncia e sua rela¸˜o com a realidade. Em seguida ser˜o caracterizados os aspectos evoe ca a lutivos dos principais tipos de racioc´ ınio cient´ ıfico. No t´pico seguinte ser´ caracterizada o a a impossibilidade de distin¸˜o entre a linguagem te´rica e a linguagem de observa¸˜o, ca o ca como partes do discurso cient´ ıfico. Pretende-se corroborar a necessidade de se considerar a fenomenologia e a hermenˆutica no discurso da ciˆncia, sem desqualificar a importˆncia e e a dos procedimentos de valida¸ao para a defini¸ao de conhecimento cient´ c˜ c˜ ıfico. Este cap´ ıtulo segue gerando outra frente de argumenta¸ao para caraterizar as no¸oes c˜ c˜
  • 18. Introdu¸˜o ca 18 de m´todo e modelo. Na carateriza¸ao do m´todo ser˜o apresentadas as principais dee c˜ e a fini¸oes cient´ c˜ ıficas para o termo. Na apresenta¸ao da no¸˜o de modelo ser´ analisada a c˜ ca a evolu¸ao hist´rica do termo e como ele ´ empregado na atualidade. c˜ o e Em seguida ser˜o feitas an´lises sobre a forma, a informa¸ao e a linguagem. No a a c˜ estudo da forma ser´ caracterizado o emprego do termo na atualidade. A breve an´lise a a sobre a informa¸ao pretende contextualizar o car´ter polissˆmico do termo e apresentar as c˜ a e principais contribui¸oes para n´ atual de compreens˜o acerca deste fenˆmeno. Depois c˜ ıvel a o a linguagem ser´ caracterizada no seu tr´ a ıplice aspecto. O cap´ ıtulo do contexto cient´ ıfico seguir´ com a no¸ao de espa¸o a partir do arcabou¸o a c˜ c c conceitual da arquitetura cl´ssica e contar´ com as contribui¸oes de Martin Heidegger a a c˜ para o emprego do termo de acordo com o contexto da proposta. Este cap´ ıtulo apresentar´ ainda um hist´rico da Arquitetura da Informa¸ao e sua a o c˜ contribui¸˜o para a evolu¸˜o da Ciˆncia da Informa¸˜o. Ser˜o abordados os estudos de ca ca e ca a Macedo (2005) e Siqueira (2008). Estes trabalhos servir˜o de base para constru¸ao da a c˜ proposta. Por fim ser´ anunciado o elemento que serviu de insumo para a formula¸ao a c˜ da hip´tese desta pesquisa e que ´ considerado como crucial para o desenvolvimento do o e m´todo. Trata-se da proposta de defini¸ao de Lima-Marques (2007) para a Arquitetura e c˜ da Informa¸˜o. Em torno desta defini¸ao pretende-se justificar, de forma criteriosa, os ca c˜ fundamentos para o m´todo proposto. e A segunda parte da disserta¸˜o apresenta a proposta do m´todo. Em primeiro lugar ca e ser´ exposto o caminho percorrido na constru¸ao da proposta, neste sentido ser˜o aprea c˜ a sentados os elementos investigados em cada etapa, a pesquisa preliminar que pretende ratificar posi¸oes assumidas nas pesquisas de Macedo (2005) e as informa¸˜es geradas a c˜ co partir da pesquisa principal que contemplou a fundamenta¸ao te´rica e a proposta do c˜ o m´todo propriamente dita. O cap´ e ıtulo inicial da segunda parte encerra com a apresenta¸ao dos resultados do exerc´ preliminar que buscou verificar a ordem das contribui¸oes c˜ ıcio c˜ de cada etapa para o m´todo proposto. e No cap´ ıtulo sobre os postulados da proposta ser˜o apresentadas os princ´ a ıpios necess´rios para a composi¸ao proposta. Este conjunto ser´ assumido com base nos contextos a c˜ a epistemol´gico e cient´ o ıfico apresentados na primeira parte. Os postulados epistemol´gicos o est˜o relacionados a posi¸˜es sobre a epistemologia, a fenomenologia e a hermenˆutica. a co e J´ os princ´ a ıpios cient´ ıficos est˜o relacionados as no¸˜es de espa¸o, espa¸o de informa¸˜o, a ` co c c ca modelo, momento e estado.
  • 19. Introdu¸˜o ca 19 O cap´ ıtulo seguinte apresentar´ a proposta do m´todo propriamente dita. Ser´ exa e a plorado em detalhes cada componente da proposta. Cada um deles ter´ seus crit´rios a e justificados em torno da proposta de defini¸˜o de Lima-Marques (2007). A estrutura ca de apresenta¸ao das partes est´ diretamente relacionada as vis˜es epistemol´gica, cienc˜ a ` o o t´ ıfica e pr´tica. Desta forma cada etapa do m´todo possui uma fase de delimita¸ao e a e c˜ caracteriza¸ao, uma fase de apresenta¸˜o dos procedimentos e uma fase de apresenta¸ao c˜ ca c˜ de suas contribui¸˜es para o m´todo. No pr´ximo passo ser´ proposto um modelo de co e o a representa¸ao do m´todo. E finalmente ser˜o analisados os estados de uma arquitetura c˜ e a da informa¸ao aplicada a um contexto. c˜ A vis˜o pr´tica sobre o m´todo ´ apresentada na etapa seguinte. O objetivo desta a a e e etapa ´ apresentar o percurso de valida¸ao do m´todo proposto em pelo menos uma e c˜ e situa¸ao real. O contexto organizacional foi escolhido tendo como ponto de partida o c˜ estudo de um Acordo de N´ de Servi¸o estabelecido entre uma empresa de consultoria e ıvel c uma empresa p´blica, ambas de influˆncia nacional. Este acordo comercial ser´ encarado u e a como um espa¸o e as informa¸oes contidas nele ser˜o manipuladas de acordo com os c c˜ a princ´ ıpios do m´todo proposto. O resultado desta experiˆncia ´ discutido e apresentado e e e como premissa do argumento desta pesquisa. Finalmente a conclus˜o apresentar´ a an´lise acerca do cumprimento dos objetivos, a a a as considera¸˜es finais do autor da pesquisa e a indica¸ao de trabalhos futuros. co c˜
  • 20. 20 1 Prepara¸˜o da Pesquisa ca 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo Geral Propor um m´todo para o desenvolvimento de ‘arquiteturas de informa¸ao’ aplicado e c˜ ao tratamento de informa¸ao caracter´ c˜ ıstico das organiza¸˜es. co 1.1.2 Objetivos Espec´ ıficos 1. Caracterizar o referencial epistemol´gico apoiado na fenomenologia como necess´rio o a a proposi¸˜o do m´todo; ` ca e 2. Justificar criteriosamente a defini¸ao de Lima-Marques (2007) como fundamento c˜ para o m´todo proposto. Na express˜o do autor: e a ´ E o escutar, o construir, o habitar e o pensar a informa¸˜o como ca atividade de fundamento e de liga¸˜o hermenˆutica de espa¸os, ca e c desenhados ontologicamente para desenhar. 3. Validar o m´todo em pelo menos uma situa¸ao real. e c˜
  • 21. 1.2 Justificativa 1.2 21 Justificativa A Arquitetura da Informa¸˜o (AI) demonstra uma deficiˆncia de contexto, em parte ca e por causa do grande n´mero de abordagens originadas ao n´ de aplica¸ao, interessadas u ıvel c˜ em resolver problemas pr´ticos. Este cen´rio gerou a necessidade de se estabelecer uma a a fundamenta¸˜o epistemol´gica para basear o estudo da informa¸ao como uma estrutura ca o c˜ (MACEDO, 2005). A evolu¸˜o desta abordagem ficou materializada na proposta de ca defini¸˜o para AI formulada por Lima-Marques (2007): ca ´ E o escutar, o construir, o habitar e o pensar a informa¸˜o como ativica dade de fundamento e de liga¸˜o hermenˆutica de espa¸os, desenhados ca e c ontologicamente para desenhar. Embora o n´mero de artigos e livros dedicados a ´rea seja consider´vel, percebe-se u a a uma concentra¸ao de interesses no n´ pr´tico – tido como a constru¸ao de s´ c˜ ıvel a c˜ ıtios na web (ROSENFELD; MORVILLE, 2006). Segundo Fl´via Macedo (2005), ´ imperativo a e consolidar a base te´rica para fundamentar as pesquisas nesta ´rea. Essa base constitui o a um objetivo comum na comunidade cient´ ıfica mundial interessada no estudo da informa¸ao. Ainda em Macedo (2005), percebe-se a denomina¸ao deste fenˆmeno como um c˜ c˜ o clamor mundial pela fundamenta¸ao te´rica da arquitetura da informa¸˜o estabelecendo c˜ o ca o seu status cient´ ıfico. A autora informa ainda que toda a ´rea cient´ a ıfica, para ser tida como tal, necessita de procedimentos bem determinados e componentes que delimitem seu objeto e sua abrangˆncia. e Ao compartilhar seu objeto de estudo com areas como Ciˆncia da Informa¸˜o, Ciˆncia ´ e ca e da Computa¸ao, Ergonomia e Usabilidade, a Arquitetura da Informa¸˜o se manifesta, no c˜ ca n´ cient´ ıvel ıfico, ora empregando m´todos originados nas disciplinas que guardam rela¸ao e c˜ com a AI, ora desvinculada de estruturas de an´lise metodol´gica. O di´logo entre as a o a v´rias areas de estudo da informa¸˜o, embora salutar para o desenvolvimento da AI, a ´ ca resultou no emprego de modelos adaptados de outras areas. Considerar sua pr´pria vis˜o ´ o a do objeto informa¸˜o ´ crit´rio fundamental para delimitar o status cient´ ca e e ıfico da AI. Observando esse cen´rio sob outro angulo ´ poss´ a ˆ e ıvel perceber que as abordagens voltadas ao n´ ıvel pr´tico, demonstram o grande potencial da AI quando aplicada ao a ambiente organizacional. Dotar as pr´ticas organizacionais de poder de representa¸ao e a c˜ transforma¸ao, pode conduzir uma organiza¸ao, apoiada pela disciplina de AI, a um novo c˜ c˜ patamar de percep¸ao de sua pr´pria dimens˜o e de novos mecanismos de atua¸˜o em c˜ o a ca sua realidade.
  • 22. 1.3 Metodologia 22 O trabalho de Fl´via Macedo (2005), situou a Arquitetura da Informa¸˜o como disa ca ciplina cient´ ıfica no ambito da Ciˆncia da Informa¸ao e reconheceu-lhe deficiˆncias de ˆ e c˜ e ordem epistemol´gica e metodol´gica. Atendendo ao requisito de constru¸ao de uma o o c˜ base epistemol´gica, o trabalho de Andr´ Siqueira (2008) definiu a l´gica e a linguagem o e o como fundamentos da Arquitetura da Informa¸ao e propˆs um conjunto de defini¸oes de c˜ o c˜ ordem epistemol´gica. Identificou-se a ausˆncia de um m´todo coerente com as propostas o e e de Macedo (2005) e Siqueira (2008). Da´ a justificativa para a presente disserta¸ao. ı c˜ 1.3 1.3.1 Metodologia Tipo da Pesquisa Esta pesquisa est´ classificada na modalidade de pesquisa te´rica, com car´ter anaa o a l´ ıtico buscando o aprimoramento de fundamentos cient´ ıficos relacionados ao estudo da informa¸˜o. O campo de estudo ´ a pr´pria Arquitetura da Informa¸˜o. ca e o ca Como procedimento t´cnico o estudo est´ enquadrado como uma pesquisa bibliogr´e a a fica nos v´rios suportes existentes, buscando as contribui¸oes relacionadas ao problema. a c˜ Com rela¸ao aos objetivos espec´ c˜ ıficos esta pesquisa ´ enquadrada como explicativa, focada e em propor o m´todo de delimita¸˜o e organiza¸˜o de espa¸os de informa¸˜o. e ca ca c ca 1.3.2 Procedimento Metodol´gico o O modelo procedimental adotado pode ser enquadrado como monogr´fico. Na cona cep¸˜o de Lakatos e Marconi (1985) este corpo procedimental se caracteriza pelo estudo ca sobre um tema espec´ ıfico, com valor representativo e suficientemente rigoroso sob o ponto de vista metodol´gico. O racioc´ adotado e aqui caracterizado como uma deriva¸˜o dos o ınio ca m´todos formais ´ o fenomenol´gico. Deve-se entender por fenomenol´gico o conjunto dos e e o o elementos que s˜o ofertados pela realidade, podendo ser explicitados segundo o modo de a encontro com os fenˆmenos (HEIDEGGER, 2006). Desta forma ser´ poss´ se expressar o a ıvel em termos de estruturas fenomˆnicas. Para este autor o termo fenomenol´gico reflete os e o eventos que s˜o inerentes ao modo de demonstrar e de explicar a correla¸ao entre o sujeito a c˜ e o objeto. Um objeto fenomˆnico deve ser investigado sob a ´tica fenomenol´gica. e o o
  • 23. 1.3 Metodologia 1.3.3 23 Ado¸˜o de uma vis˜o de mundo ca a Uma vis˜o considerada nesta pesquisa ´ a proposta da meta-modelagem (M 3 ) de Gigch a e e Pipino (1986). Ela busca abordar o objeto a partir dos aspectos situados em trˆs n´ e ıveis. S˜o eles: o n´ a ıvel epistemol´gico (meta-modelagem), cient´ o ıfico (modelagem) e pr´tico a (aplica¸˜o). A estrutura da disserta¸ao ser´ formulada considerando esses aspectos. ca c˜ a A M 3 vem sendo frequentemente abordada nos trabalhos de pesquisa do programa de p´s-gradua¸˜o do Departamento de Ciˆncia da Informa¸ao e Documenta¸˜o da Univero ca e c˜ ca sidade de Bras´ (MACEDO, 2005), (MARCIANO, 2006), (LORENS, 2007), (SILVA, ılia 2008), (SIQUEIRA, 2008), (NASCIMENTO, 2008) e (CAVALCANTE, 2009). Sua utilidade neste tipo de pesquisa pode ser justificado pela pr´pria estrutura de abordagens o da meta-modelagem que se baseia em trˆs n´ e ıveis: epistemol´gico, cient´ o ıfico e pr´tico. No a n´ epistemol´gico s˜o gerados os paradigmas que de alguma forma norteiam os proıvel o a cedimentos cient´ ıficos. No n´ cient´ ıvel ıfico os procedimentos s˜o fundamentados e o seu a valor cient´ ıfico ´ estabelecido. Como o pr´prio nome indica, neste n´ s˜o gerados os e o ıvel a modelos cient´ ıficos que servir˜o de base para a pr´tica. Finalmente o n´ pr´tico, visa a a ıvel a estabelecer aplica¸˜es pr´ticas para a solu¸ao de problemas da realidade. Cada n´ gera co a c˜ ıvel a base para n´ seguinte, caraterizando este modelo como hier´rquico, conforme figura ıvel a (1.1): Figura 1.1: Hierarquia de investiga¸oes em meta-modelagem (GIGCH; PIPINO, 1986). c˜ Os paradigmas gerados no n´ ıvel epistemol´gico s˜o formulados a partir das ideias o a
  • 24. 1.3 Metodologia 24 filos´ficas. Tais elementos s˜o confrontados com evidˆncias produzidas nos n´ o a e ıveis cient´ ıfico e pr´tico. Em seguida os paradigmas s˜o submetidos aos problemas do n´ cient´ a a ıvel ıfico e s˜o confrontadas com as evidˆncias colhidas ao n´ a e ıvel pr´tico. Por fim os problemas a pr´ticos tentam ser solucionados com o emprego das teorias formuladas. a Visto em sua completude uma estrutura formada por produtos dos trˆs n´ e ıveis e que pretende resolver um problema espec´ ıfico pode ser chamado de ‘Sistema de Investiga¸ao’. c˜ Segundo os autores n˜o se pode usar um mesmo sistema para tratar investiga¸oes distina c˜ tas, sem alguma forma de adapta¸ao. Cada sistema pode ainda estar focado em uma das c˜ trˆs camadas. Sistemas de investiga¸˜o epistemol´gicos tˆm o prop´sito de gerar parae ca o e o digmas para a ciˆncia em foco, e podem ser classificados como Sistemas de Investiga¸˜o e ca Conceituais. Sistema de investiga¸ao ao n´ cient´ c˜ ıvel ıfico deve gerar modelos cient´ ıficos, sendo chamados de Sistemas de Investiga¸ao de Modelagem, e por fim, sistemas de invesc˜ tiga¸ao ao n´ pr´tico s˜o voltados para a solu¸ao de problemas da realidade, podendo c˜ ıvel a a c˜ ser classificados como Sistemas de Investiga¸ao Emp´ c˜ ıricos. Empregando esse procedimento metodol´gico no n´ da meta-modelagem, esta pesquisa pretende empregar um o ıvel Sistema de Investiga¸ao de Modelagem, situando-se na proposta de um m´todo espec´ c˜ e ıfico para a Arquitetura da Informa¸ao. A partir dos insumos epistemol´gicos gerados para c˜ o essa disciplina e analisando as possibilidades de aplica¸ao do m´todo proposto ao n´ c˜ e ıvel pr´tico. a 1.3.4 Fontes de Informa¸˜o ca A revis˜o de literatura foi feita com base nas seguintes fontes: a Bibliotecas (Fonte priorit´ria): a • Biblioteca Central da Universidade de Bras´ (UnB); ılia • Biblioteca do Instituto Brasileiro de Informa¸ao em Ciˆncia e Tecnologia c˜ e (IBICT); • Sistemas de Bibliotecas e Informa¸ao (SiBI/UFRJ); c˜ Bancos de Teses (Fonte priorit´ria): a • Banco de Teses e Disserta¸oes da UnB (http://bce.unb.br/); c˜ • Banco de Teses da CAPES (http://servicos.capes.gov.br/capesdw/); • Banco de Teses e Disserta¸oes da USP (http://www.teses.usp.br/); c˜
  • 25. 1.3 Metodologia • Banco 25 de Teses da UNICAMP - Filosofia e Ciˆncias e Humanas (http://libdigi.unicamp.br/document/list.php?tid=28); • Banco de Teses e Disserta¸oes c˜ da UFMG (http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/); • Biblioteca de Teses e Disserta¸oes da UFPE (http://www.bdtd.ufpe.br/); c˜ • Biblioteca de Teses e Disserta¸oes c˜ da UFBA (http://www.bibliotecadigital.ufba.br/); • Biblioteca de Teses e Disserta¸oes da UFRN (http://bdtd.bczm.ufrn.br/); c˜ • Teses e Disserta¸˜es da UFRGS (http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/1); co • Teses e Disserta¸oes da UFPR (http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/handle/1884/284); c˜ Peri´dicos : o • Journal of the American Society for Information Science and Technology (JASIST); • Ciˆncia da Informa¸ao (IBICT); e c˜ • DataGramaZero - Revista de Ciˆncia da Informa¸ao; e c˜ • Perspectivas em Ciˆncia da Informa¸˜o; e ca • Information Research - an international electronic journal; • Revista Ciencias de la Informaci´n; o Bases de Dados : • ACM Digital Library - (http://portal.acm.org/portal.cfm) • Web of Knowledge - (http://wok.mimas.ac.uk/) • Scielo - (http://www.scielo.br/) • OCLC - Online Computer Library Center (http://www.oclc.org/) • SpringerLink - (http://www.springerlink.com/content/) • E-LIS - (http://eprints.rclis.org/) • BOCC - Biblioteca On-line de Ciˆncias da Comunica¸ao - BOCC e c˜ (http://www.bocc.ubi.pt/) • Peri´dicos CAPES - (http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp) o • Information Architecture Institute - (http://www.iainstitute.org/) • School of Information - (http://www.ischool.utexas.edu)
  • 26. 1.3 Metodologia 1.3.5 26 Percurso metodol´gico o Esta disserta¸˜o est´ elaborada tendo como base na vis˜o de mundo da M 3 e sua ca a a estrutura est´ dividida em duas partes: A primeira ´ o referencial epistemol´gico e ciena e o t´ ıfico do tema. J´ a segunda refere-se a proposta de um m´todo para o desenvolvimento a ` e de arquiteturas da informa¸ao aplicadas. c˜ A Parte I – O Referencial Te´rico do Tema est´ dividido em: o a • Contexto epistemol´gico do tema, que estabelece os elementos que servem de funo damento para a pesquisa; • Contexto cient´ ıfico com ˆnfase nos aspectos da Ciˆncia da Informa¸˜o e da Arquie e ca tetura da Informa¸˜o, que formam o contexto da pesquisa; ca A Parte II – Os Resultados da pesquisa – apresenta a proposta de um m´todo de e desenvolvimento de arquiteturas da informa¸˜o aplicadas. Esta etapa foi dividida em: ca • Um conjunto de posi¸oes assumidas que servem de princ´ c˜ ıpios para a proposta do m´todo; e • Apresenta¸ao dos fundamentos do m´todo e a sua proposta contendo a ordem, as c˜ e caracter´ ısticas e as contribui¸˜es de cada procedimento do referido m´todo; e por co e fim, • Apresenta¸ao dos resultados da aplica¸ao do m´todo proposto a pelo menos uma c˜ c˜ e situa¸ao real devidamente contextualizada; c˜ A partir das evidˆncias colhidas, a pesquisa se voltou para a caracteriza¸ao, fundae c˜ menta¸ao e valida¸˜o do m´todo proposto. c˜ ca e
  • 27. 27 Parte I Revis˜o da Literatura a
  • 28. 28 2 O contexto Epistemol´gico o “Com ordem e tempo ´ poss´ e ıvel encontrar o modo de se fazer tudo, e fazˆ-lo bem.” e Pit´goras a 2.1 Introdu¸˜o ca A constru¸ao de uma proposta metodol´gica exige a determina¸ao de seus contextos c˜ o c˜ e pressupostos. Neste cap´ ıtulo ser˜o apresentados os elementos do universo do discurso a a partir do qual ser˜o determinados os contextos da proposta do m´todo. a e A Epistemologia tratar´ do hist´rico sobre o termo e suas vertentes utilizadas na a o opini˜o de Abbagnano (2007). Destacar uma destas vertentes ´ fundamental para a caa e racteriza¸˜o da proposta do m´todo, pois a defini¸ao de um referencial epistemol´gico ´ ca e c˜ o e caracter´ ıstica para a cria¸˜o de um novo m´todo. O C´ ca e ırculo de Viena apresenta o paradigma epistemol´gico do p´s-positivismo, institu´ por este grupo de pensadores que o o ıdo se auto-denominou desta forma. O p´s-positivismo ´ uma das vertentes epistemol´gicas o e o mais debatidas da atualidade. Um estudo metodol´gico deve considerar seus aspectos. O o detalhamento sobre essa vertente ser´ considerado para atestar a escolha a ser feita. O a estruturalismo ´ apresentado como consequˆncia do emprego da abordagem epistemoe e l´gica do C´ o ırculo de Viena, aplicada as ciˆncias sociais. Esse exemplo foi considerado pois ` e apresenta uma forma da articula¸˜o entre pensamento e linguagem. A fenomenologia ca ´ estudada pois apresenta de forma rigorosa uma descri¸ao daquilo que chamamos coe c˜ nhecimento, “esse peculiar fenˆmeno de consciˆncia” (HESSEN, 2003) . Ao empregarmos o e esse m´todo, o fenˆmeno do conhecimento apresenta-se nos seus aspectos fundamentais, e o constituindo o terceiro elemento de uma tripla correla¸ao sujeito–objeto–conhecimento. c˜
  • 29. 2.2 Epistemologia 29 Hermenˆutica foi considerada nesta pesquisa pois a proposta exigiu a caracetriza¸ao e c˜ dos referenciais relacionados ao termo “interpreta¸ao” nos processos de percep¸ao da realic˜ c˜ dade. O movimento da Gestalt foi considerado por ser caracterizado como fundamento para a no¸˜o de espa¸o. Finalmente, A no¸˜o de momento foi considerada por ser um ca c ca fundamento para a no¸ao de tempo em rela¸ao ao sujeito que emprega a proposta de c˜ c˜ m´todo. e 2.2 Epistemologia O conhecimento vem sendo estudado em v´rias ocasi˜es registradas pela hist´ria hua o o mana. As primeiras propostas de distin¸ao do conhecimento em variados tipos surgiu c˜ na Gr´cia cl´ssica. Plat˜o em sua Rep´blica usa o termo gnosis como o conhecimento e a a u transcendente, voltado atualmente a ideia de cren¸a. Posteriormente no Filebo o ilustre ` c ateniense emprega o termo doxa como o conhecimento percebido, atualmente empregado para se referir ao senso comum. Os gregos empregaram ainda um terceiro tipo de conhecimento, chamado de episteme tido como conhecimento comprovado ou v´lido. a Em um primeiro sentido, apresenta-se como a teoria do conhecimento, sendo tido como um sinˆnimo de gnosiologia. Em outro ponto apresenta-se como filosofia da cio ˆncia (ABBAGNANO, 2007). J´ na idade m´dia Tomaz de Aquino (2004) interpreta e a e o termo conhecimento (ou “episteme”) como o saber fundamentado na certeza, ou seja, na correspondˆncia entre o ente e a raz˜o do observador. A partir deste ponto o termo e a epistemologia passa a ser empregado para representar o discurso sobre o qual a ciˆncia ´ e e refletida. O termo epistemologia ´ atualmente empregado para expressar a teoria do conhecie mento. Durante algum tempo foi encarado como sinˆnimo do termo gnosiologia para o o emprego na filosofia. A tradi¸ao escol´stica, que passou a usar com frequˆncia o segundo c˜ a e termo no sentido geral da no¸˜o de conhecimento, for¸ou uma adequa¸ao do termo episca c c˜ temologia. Esse movimento, de certo modo, resgatou o sentido original da express˜o. a Epistemologia passou a designar a teoria do conhecimento cient´ ıfico (MORA, 2001). Para K¨che (2005), a epistemologia ´ uma area de interesse para fil´sofos e cientistas, o e ´ o buscando evidenciar a forma como o conhecimento cient´ ıfico reconhece a essˆncia dos e objetos. O autor apresenta a distin¸ao entre dois tipos de epistem´logos. O primeiro c˜ o grupo pretende o estudo da natureza da ciˆncia e seus produtos, estabelecendo os limites e do conhecimento apresentado sob a forma de leis, teorias, explica¸˜es e modelos. O outro co
  • 30. 2.2 Epistemologia 30 conjunto de estudiosos se detˆm nas quest˜es pertinentes aos procedimentos empregados e o na ciˆncia, o uso das defini¸oes e dos conceitos, o uso da observa¸ao, os elementos que e c˜ c˜ interferem na manipula¸˜o das evidˆncias cient´ ca e ıficas, a fonte inspiradora das hip´teses, o o valor do conhecimento aprior´ ıstico, o car´ter prescritivo ou descritivo dos m´todos de a e investiga¸˜o, o valor de verdade de uma hip´tese verificada experimentalmente e nos ca o aspectos semˆnticos, pragm´ticos e l´gicos. a a o A epistemologia moderna, segundo Abbagnano (2007), ´ dividida em quatro frene tes: Epistemologia Evolucionista; Epistemologia Gen´tica; Epistemologia Naturalista; e, e Epistemologia P´s-positivista. Uma an´lise destas vertentes ser´ feita a seguir. o a a 2.2.1 Epistemologia Evolucionista Inspirada na teoria darwiniana de evolu¸ao das esp´cies, a Epistemologia Evolucic˜ e onista teve origem no evolucionismo filos´fico americano da segunda metade do s´culo o e XIX. Entende o conhecimento como sendo similar ao processo evolutivo biol´gico. O coo nhecimento seria submetido ao mesmo processo de sele¸ao natural de esp´cies. Na an´lise c˜ e a de Abbagnano (2007), essa analogia pode ser feita de forma literal ou metaf´rica. o [...] “Na interpreta¸˜o literal a posi¸˜o de Darwin ´ precisamente o ca ca e modelo de crescimento do conhecimento. O conhecimento ´ fruto da e pr´pria evolu¸ao biol´gica humana e das mudan¸as ambientais correlao c˜ o c cionadas. As ideias s˜o derivadas de uma base biol´gica humana. Algo a o como interpretar o senso comum como uma posi¸˜o biol´gica, baseada ca o no estado evolutivo do ser humano. No sentido metaf´rico a Epistemoo logia Evolucionista entende o conhecimento como um elemento regido por regras an´logas `quelas da Sele¸˜o Natural das Esp´cies. O m´a a ca e e todo da tentativa e erro ´ frequentemente empregado na constru¸˜o de e ca modelos conceituais mais aptos.” Segundo Abbagnano (2007) as teses fundamentais deste ramo de pensamento s˜o: a [...] “a) os modelos cognitivos v´lidos partem sempre de modelos hia pot´ticos. N˜o h´ garantia de validade do racioc´ e a a ınio no momento da formula¸˜o hipot´tica. Uma formula¸˜o hipot´tica ´ oriunda de uma ca e ca e e muta¸˜o de um modelo cognitivo v´lido. A hip´tese ´ cega em rela¸˜o ca a o e ca ao ambiente e sobrevive somente se resistir ao confronto com a realidade. b) as teorias cient´ ıficas s˜o sucedidas por uma esp´cie de elimina¸˜o sea e ca letiva. Uma teoria ´ mais apta quando se adapta mais rapidamente ` e a mudan¸a de ambiente, que neste caso ´ a pr´pria ciˆncia. Os processos c e o e de valida¸˜o e falseabilidade participam ativamente, como revolu¸˜es ca co constantes no ambiente cient´ ıfico em que a teoria habita.”
  • 31. 2.2 Epistemologia 2.2.2 31 Epistemologia Gen´tica e O conhecimento apresentado nesta forma ´ a resultante n˜o s´ de um fenˆmeno, e a o o mas de uma complexa itera¸˜o de eventos, presentes tanto na realidade quanto na mente ca do observador. Continuando na express˜o de Abbagnano (2007) temos a Epistemologia a Gen´tica como: e “M´todo de estudo do conhecimento elaborado por J. Piaget a partir e dos anos 1950 (a funda¸˜o do Centro de E. Gen´tica de Genebra reca e monta a 1955). O problema espec´ ıfico da E. gen´tica – que n˜o se e a apresenta nem como uma forma de apriorismo, pois reconhece tanto as influˆncias externas quanto o car´ter de elabora¸˜o cont´ e a ca ınua de nossas no¸˜es, nem como uma forma de empirismo, pois admite que os objetos, co sendo conhecidos, tamb´m s˜o ativamente plasmados por nossa mente e a – ´ o do acr´scimo dos conhecimentos, portanto da passagem por um e e conhecimento menos bom ou mais pobre a um saber mais rico.” O autor segue indicando a estrutura deste tipo de pesquisa: “Tal estudo parte da ’hip´tese’ de paralelismo entre a organiza¸˜o l´gica o ca o do conhecimento e os correspondentes processos psicol´gicos e implica o uma fecunda interpreta¸˜o entre l´gica, hist´ria e psicologia. Essa esca o o trutura composta da E. gen´tica emerge de modo expl´ e ıcito da caracteriza¸˜o global [...]” ca A Epistemologia Gen´tica prop˜e uma forma de conhecer que se baseia menos na e o experiˆncia e mais na estrutura do sujeito, que considera processos estruturais de autoe regula¸˜o, conduzindo a uma esp´cie de biogˆnese. O conhecimento neste modelo nasce ca e e de uma predisposi¸ao f´ c˜ ısica que ´ anunciada aqui como uma psicogen´tica, incorporando e e elementos hist´ricos na constru¸ao de estruturas mentais baseadas na l´gica. A pr´pria l´o c˜ o o o gica do observador vai se modificando ao longo do tempo, herdando elementos estruturais anteriormente em vigor, num modelo que ´ tanto mais rico quanto mais interdisciplinar e for a natureza da pesquisa (ABBAGNANO, 2007). 2.2.3 Epistemologia Naturalista Este ramo epistemol´gico surge da cr´ o ıtica de Williard Quine (1969) a epistemologia ` tradicional. Em sua argumenta¸˜o, Quine divide a epistemologia cl´ssica em duas verca a tentes. A primeira ´ a redu¸ao conceitual, em que as defini¸˜es s˜o estabelecidas a partir e c˜ co a de referˆncias a fenˆmenos imanentes ao sujeito, n˜o necessariamente reconhecidos na e o a realidade, dando origem a termos de natureza te´rica. A segunda ´ a redu¸ao doutrinal, o e c˜ onde as referˆncias v´lidas sobre a natureza s˜o obtidas com base nas valida¸˜es feitas e a a co
  • 32. 2.2 Epistemologia 32 a partir de experiˆncias sensoriais. A pergunta feita por Quine neste cen´rio ´: Sendo e a e a experiˆncia indissoci´vel do subjetivismo, que m´todos de deriva¸˜o podem preservar e a e ca a essˆncia epistˆmica? Na delimita¸ao do termo em quest˜o Abbagnano (2007) cita que e e c˜ a Quine indica o sujeito humano como um ser natural, reduzindo a teoria do conhecimento a um fenˆmeno de ciˆncia onde o sujeito e objeto est˜o na mesma esfera: o e a [...] “a epistemologia n˜o ´ externa e antecedente ` ciˆncia, mas simplesa e a e mente um setor da ciˆncia natural que estuda a rela¸˜o entre os seres e ca humanos e ambiente, sobretudo com respeito ao problema de como os homens chegam `s cren¸as com base nos est´ a c ımulos sens´ ıveis (seu unico ´ contato com o mundo externo, fonte unica de cren¸a). Essa abordagem ´ c resolve o problema do ceticismo, pois ser´ poss´ recorrer sem circulaa ıvel ridade ` conceitualidade cient´ a ıfica para explicar seu sucesso e poder˜o a ser descartadas as d´vidas sobre a correspondˆncia entre o pensamento u e e a realidade justamente indicando os sucessos da ciˆncia.” e 2.2.4 Epistemologia P´s-positivista o A ciˆncia pode ser observada sobre os mais variados enfoques. Desde a cl´ssica divis˜o e a a entre ciˆncia duras e ciˆncias sociais, at´ o debate profundo e antigo sobre a natureza do e e e m´todo cient´ e ıfico, muitas foram as contribui¸oes para a demarca¸ao do que seja ou n˜o c˜ c˜ a ciˆncia. Carl Sagan (1998), em sua obra O Mundo Assombrado pelos Demˆnios, faz uma e o an´lise cr´ a ıtica sobre o papel da ciˆncia na hist´ria humana, defendendo a ideia do sucesso e o do m´todo cient´ e ıfico na produ¸ao de conhecimentos, tornando o homem ainda mais capaz c˜ de superar os limites e transforma¸oes da natureza. Ao mesmo tempo que ele anuncia c˜ os ˆxitos da ciˆncia, faz tamb´m uma dura cr´ e e e ıtica ao recente processo de surgimento de pseudociˆncias e de posi¸oes irracionais diante de acontecimentos de v´rios tipos, num e c˜ a fenˆmeno chamado pelo autor de “analfabetismo cient´ o ıfico”. Os debates sobre a demarca¸ao cient´ c˜ ıfica s˜o recorrentes na hist´ria da ciˆncia. A Ina o e du¸ao contra a Dedu¸ao; Subjetividade contra a Objetividade; e, P´s-modernismo contra c˜ c˜ o Neopositivismo e assim por diante. As s´ ınteses destes debates representaram etapas evo´ lutivas importantes no processo de constru¸˜o e renova¸˜o cient´ ca ca ıficas. E exatamente no debate contra o Neopositivismo que o p´s-positivismo (ou p´s-empirismo) se apresenta, o o definido por Abbagnano (2007) como: “Express˜o com que se indica a corrente da filosofia da ciˆncia que se a e afastou radicalmente da concep¸˜o neopositivista e da vis˜o popperiana ca a da ciˆncia. Entre as caracter´ e ısticas marcantes de tal Epistemologia –
  • 33. 2.3 O C´ ırculo de Viena 33 representada de forma emblem´tica (ainda n˜o exclusiva) por Kuhn, Laa a katos, e Feyerabend – encontramos: 1) consciˆncia do car´ter humano e e a hist´rico-temporal da ciˆncia; 2) aten¸˜o aos aspectos concretos (e n˜o o e ca a simplesmente l´gico-abstratos) do saber cient´ o ıfico; 3) ideia segundo a qual a filosofia da ciˆncia, sem a hist´ria da ciˆncia, ´ ’vazia’; 4) tene o e e dˆncia a enraizar as teorias nas estruturas conceituais mais amplas, que e s˜o os ’paradigmas’1 ou os ’programas de pesquisa’; 5) mentalidade hoa l´ ıstica e rejei¸ao `s dicotomias entre a ciˆncia e metaf´ c˜ a e ısica, contexto de justifica¸˜o e contexto de descoberta, linguagem te´rica e linguagem ca o observacional etc; 6) Nega¸˜o de um suposto ’m´todo’ (fixo) do saber e ca e de qualquer ’demarca¸˜o’ (r´ ca ıgida) entre a ciˆncia e as outras atividades e humanas; 7) interpreta¸˜o ’forte’ do car´ter te´rico (theory ladeness) e ca a o da exclus˜o de uma base emp´ a ırica neutra capaz de funcionar como crit´rio de ’verificabilidade’ ou ’falseabilidade’ das teorias; 8) propens˜o a e a considerar as teorias n˜o em termos de ’verdade’, mas de ’consenso’; 9) a tendˆncia de insistir na ’incomensurabilidade’2 dos paradigmas; e, 10) e rejei¸˜o ` tradicional ideia de progresso cient´ ca a ıfico, seja na forma positivista de acumulo de certeza, seja na forma popperiana de aproxima¸˜o ca gradual da verdade.” O conceito de p´s-positivismo foi desenvolvido entre 1922 e 1936, nos trabalhos do o C´ ırculo de Viena. 2.3 O C´ ırculo de Viena Para BUNGE (1980), at´ a d´cada de 30 do s´culo XX, os problemas centrais da e e e epistemologia visavam diferenciar o conhecimento cient´ ıfico do senso comum, da filosofia e das tradi¸oes religiosas. Apenas em 1927, com o surgimento do C´ c˜ ırculo de Viena, ´ que e a epistemologia ganha importˆncia na investiga¸ao da essˆncia dos entes da natureza, a c˜ e observados sob crit´rios cient´ e ıficos. O mesmo autor reconhece que n˜o h´ uma significa¸ao a a c˜ unica e rigorosa para o termo. Suas abordagens podem transitar entre a an´lise da teoria ´ a geral do conhecimento e a investiga¸ao das estruturas que constituem a ciˆncia. c˜ e O C´ ırculo de Viena para a concep¸ao cient´ c˜ ıfica do mundo foi um movimento filos´fico o e cient´ ıfico, n˜o acadˆmico, fundado por Moritz Schlick. O grupo se reuniu em Viena, a e ´ na Austria, entre os anos 1922 e 1936. Era influenciado principalmente pelo pensamento de Mach, Dunhem e Poincar´. As reuni˜es ocorriam todas as quintas-feiras, no Instie o ` tuto de Matem´tica da Rua Boltzmann, tendo como membros efetivos Rudolf Carnap, a 1 Paradigma: assumido neste texto sob a defini¸˜o de ”constela¸˜o de cren¸as comungadas por um ca ca c grupo, ou seja um conjunto das teorias, dos valores e das t´cnicas de pesquisa de determinada comunidade e cient´ ıfica“ (KUHN, 2003) 2 Incomensurabilidade: Termo usado pelos epistem´logos p´s-positivistas para indicar a falta de crio o t´rios de confronto entre teorias cient´ e ıficas rivais [...] (ABBAGNANO, 2007)
  • 34. 2.3 O C´ ırculo de Viena 34 Hans Reinchenbach, Viktor Kraft, Herbert Feigl, Ferdinand Gonseth, Friedrich Waissman, Kurt G¨del, Carl Hempel, Alfred Tarski, Charles Morris, Alfred Jules Ayer, Felix o Kaufmann, Ludwig Wittgenstein, Philipp Frank, Hans Hahn, Richard von Mises e Otto Neurath. Karl Popper entrou em contato com o grupo entre os anos de 1926 e 1927, atrav´s do seu orientador Hans Hahn e atrav´s do seu interesse pelas obras de Carnap e e e Wittgenstein. Apesar do grande interesse e pela liga¸ao te´rica, Popper n˜o chegou a c˜ o a fazer parte como membro efetivo daquele grupo. O C´ ırculo de Viena inaugura a ideia de L´gica da Ciˆncia, buscando a elabora¸ao de uma linguagem comum a todas as ciˆno e c˜ e cias. A filosofia neste contexto desempenha o papel de diferenciar o que ´ ou n˜o ciˆncia, e a e delimitando-a e refutando a metaf´ ısica. Surge a proposta de uma nova abordagem para o termo epistemologia, passando a ser usado pelo grupo como a teoria da ciˆncia em sua e essˆncia. Esta abordagem procurava estabelecer consistentemente as rela¸˜es entre os e co fenˆmenos da natureza e sua representa¸˜o lingu´ o ca ıstica atrav´s das descri¸oes formais. e c˜ O objetivo inicial deste grupo foi a constru¸˜o de um modelo de investiga¸ao cient´ ca c˜ ıfica que considerasse a experiˆncia como parte integrante do fenˆmeno do conhecimento, e o tornando a ciˆncia a base do conhecimento verdadeiro. Foi esta a motiva¸˜o que fez e ca o grupo de pesquisadores se reunir entre 1922 e 1936, ficando conhecidos como O C´ ırculo de Viena. Partindo de um modelo empirista cl´ssico, chegaram a propor uma corrente a de pensamento nova, denominada de Positivismo L´gico. Em um relato de um de seus o participantes, Ayer (1975), ocorreu em Viena, no ano de 1924 um semin´rio promovido a por Moritz Schlick, para investigar quais crit´rios de pesquisa seriam mais compat´ e ıveis com o m´todo cient´ e ıfico. Estavam presentes Otto Neurath, Hans Hahn, Rudolf Carnap, Friedrich Waismann, Philipp Frank, Herbert Feigl, Charles Morris, Ludwig Wittgenstein e Karl Popper. Este encontro inaugura a ideia de l´gica da ciˆncia, buscando a elabora¸˜o o e ca de uma linguagem comum a todas as disciplinas cient´ ıficas. Essa concep¸ao foi fortemente rebatida por Popper (1983). O autor relata que a c˜ proposta de unificar todas as ciˆncias sob um modelo metodol´gico correto e completo e o exigia uma profunda an´lise da l´gica, da linguagem e uma revis˜o do conceito de teoa o a ria. Empregavam como paradigmas os estudos de l´gica de Gottlob Frege e o Tratactus o Logicus Filosoficus de Wittgenstein nas investiga¸oes sobre a linguagem. Na concep¸ao c˜ c˜ do grupo cada teoria possui um potencial de verificabilidade. Dependendo do conjunto de argumentos observados a proposi¸ao poderia ser validada ou rejeitada. A cr´ c˜ ıtica de Popper reside na observa¸˜o de que uma teoria tamb´m apresenta um potencial de falseca e abilidade e que essa caracter´ ıstica deve ser considerada, Al´m disso seu argumento ganha e for¸a, quando em 1929 G¨del demonstra a impossibilidade de uma estrutura l´gica ser c o o
  • 35. 2.4 O Estruturalismo 35 ao mesmo tempo correta e completa. Embora a proposta de unifica¸ao cient´ c˜ ıfica em torno de um m´todo unico n˜o tenha e ´ a prevalecido, o legado epistemol´gico do grupo est´ registrado em v´rias manifesta¸˜es o a a co cient´ ıficas do s´culo XX. Pode-se afirmar que as importantes revolu¸oes cient´ e c˜ ıficas verificadas neste per´ ıodo apresentam algum ponto de convergˆncia com as ideias do C´ e ırculo. 2.4 O Estruturalismo As discuss˜es sobre linguagem e representa¸˜o repercutiram em diferentes ramos do o ca conhecimento. Uma das consequˆncias das discuss˜es propostas pela filosofia anal´ e o ıtica do C´ ırculo de Viena – em especial os trabalhos de Wittgenstein (1995) – colaboraram para a origem do movimento estruturalista, com base nos trabalhos de Ferdinand Saussure. Em ciˆncias sociais o estruturalismo representa a corrente de pensamento que busca e observar a sociedade como um conjunto formal de rela¸oes. Um conjunto de rela¸˜es c˜ co sociais e lingu´ ısticas forma a pr´pria“estrutura”. A lingu´ o ıstica moderna foi inspirada nesta forma de pensamento. Kronenfeld e Decker (1979) situam a origem do estruturalismo em Saussure no seu curso de lingu´ ıstica geral de 1916. Ainda segundo Kronenfeld e Decker (1979) as contribui¸˜es de Claude L´vi-Strauss serviram para delimitar as inter-rela¸oes co e c˜ sociais como forma de express˜o desta estrutura lingu´ a ıstica. O antrop´logo analisou tribos o ind´ ıgenas brasileiras e demonstrou que a l´ ıngua de um povo ´ um reflexo de sua estrutura. e Em outro ponto evolutivo desta corrente, no artigo de Fararo e Skvoretz (1986) destaca-se que a express˜o do estruturalismo vai muito al´m das abordagens lingu´ a e ıstica e antropol´gica. A ideia de estrutura pode ser empregada na matem´tica para revelar a o a forma de objetos matem´ticos. O termo “ontologia” surge aqui para determinar a forma a correta de entendimento de uma estrutura e a que categoria um objeto matem´tico pera tence. A busca pela essˆncia dos objetos matem´ticos conduziu ao entendimento de que e a assim como na linguagem a estrutura fundamental da matem´tica est´ nas rela¸˜es entre a a co os objetos. S˜o as rela¸oes que determinam a estrutura. a c˜ 2.5 A Fenomenologia Surge a ideia de que a rela¸˜o entre sujeito e objeto ´ um fenˆmeno e deve ser caracca e o terizado. Nas Investiga¸˜es L´gicas de Husserl (1970) a fenomenologia toma forma para co o indicar as manifesta¸oes que se apresentam ao sujeito. Mas que pode ser independente c˜
  • 36. 2.5 A Fenomenologia 36 da percep¸ao deste sujeito o que tornaria o fenˆmeno uma manifesta¸˜o em si. Husserl c˜ o ca reconhece que o fenˆmeno n˜o ´ uma manifesta¸ao natural dos objetos. O fenˆmeno ´ a o a e c˜ o e revela¸ao da essˆncia. O autor indica que essa revela¸˜o deve ser estudada por crit´rios c˜ e ca e distintos separados do estudo da mente humana e do estudo das coisas em si3 . Ele entende que a psicologia ´ a ciˆncia dos fatos da mente. Por sua vez a ontologia ´ a ciˆncia e e e e que estuda as caracter´ ısticas dos entes do cosmo. A fenomenologia surge para considerar ´ os fatos reais, que a partir do sujeito, inserem-se no cosmo. E a corrente filos´fica que o estuda a forma como a essˆncia dos objetos ´ apreendida pelo sujeito. e e A fenomenologia, enquanto corrente filos´fica, considera a redu¸˜o fenomenol´gica o ca o e a epoch´4 para realizar suas investiga¸oes. A fenomenologia est´ fundamentada nos e c˜ a seguintes princ´ ıpios. Em primeiro lugar a consciˆncia ´ intencional. A consciˆncia transe e e cende em dire¸˜o ao objeto. O sujeito pretende apreender o objeto. Este, por sua vez, ca se apresenta ao sujeito em sua essˆncia. O segundo princ´ e ıpio ´ a evidˆncia intuitiva que e e o objeto deixa no sujeito. A prova a partir da qual o sujeito assume a consciˆncia do e objeto. O terceiro elemento ´ a generaliza¸˜o da no¸ao do objeto. Um Objeto pode e ca c˜ ser reconhecido em sua essˆncia e por sua categoria. Por ultimo surge o princ´ e ´ ıpio da percep¸˜o imanente. O sujeito possui suas pr´prias experiˆncias5 . ca o e 2.5.1 A Intencionalidade Apesar de ser um termo debatido h´ muito tempo em filosofia muitos aspectos ainda a est˜o sendo elucidados sobre esse termo. Mora (2001, p.156) re´ne o estudo da inten¸˜o a u ca ou daquilo que ´ intencional. O autor indica a existˆncia de dois sentidos para o termo: e e O primeiro se refere ao sentido l´gico e o segundo se refere ao sentido ´tico. O sentido o e l´gico est´ vinculado ao ato ou efeito de tender a algo. No sentido l´gico existe uma o a o correla¸˜o com a gnosiologia. Exprime o fato de nenhum conhecimento ser poss´ se ca ıvel n˜o houver uma inten¸˜o. E o ato dirigido ao conhecimento de um objeto. Na tradi¸ao a ca ´ c˜ escol´stica a inten¸ao surge como um modo particular de aten¸ao sobre a realidade. a c˜ c˜ As primeiras inten¸˜es geram conceitos precisos em rela¸˜o ao objeto apreendido. As co ca segundas inten¸˜es revelam conceitos distorcidos, extremamente vinculados aos objetivos co do sujeito. Esse conceito evoluiu para a inten¸ao como uma realidade presente na mente. c˜ O segundo sentido surge da fonte escol´stica. Retoma-se a abordagem que investiga o a 3 Husserl faz uma distin¸˜o clara entre a psicologia, a ontologia e o estudo de compreens˜o do fenˆmeno. ca a o grego que se refere a suspens˜o da cren¸a. Husserl emprega o termo para se referir a tentativa a c met´dica de desconsiderar o senso comum nas investiga¸˜es fenomenol´gicas. o co o 5 Dos quatro princ´ ıpios Husserlianos apenas o princ´ da consciˆncia intencional ´ amplamente aceito ıpio e e entre os fil´sofos. Um grande debate ainda existe em torno dos demais. o 4 Termo
  • 37. 2.5 A Fenomenologia 37 que sejam as chamadas segundas inten¸˜es. A coisa para qual o sujeito tende n˜o ´ um co a e objeto de conhecimento, mas sim um aspecto da moral do sujeito. Est´ muito vinculado a a ´tica formalista onde a inten¸˜o moral est´ vinculada aos princ´ ` e ca a ıpios quaisquer que sejam os resultados. J´ para os n˜o formalistas ´ exatamente o resultado da inten¸ao que a a e c˜ determina o ju´ ´tico. ızo e Franz Brentano (1995) retoma a tradi¸ao escol´stica e estabelece a inten¸ao como c˜ a c˜ elemento determinante do conhecimento. Ele divide os fenˆmenos em uma vertente f´ o ısica e outra vertente mental. A intencionalidade ´ uma caracter´ e ıstica prim´ria de fenˆmenos a o mentais. Um fenˆmeno mental est´ vinculado a um objeto, que neste caso ´ tido como o a e o objeto intencional, mas este objeto n˜o participa do fenˆmeno em si. Brentano indica a o que essa ´ a principal caracter´ e ıstica da intencionalidade. Um exemplo disto ´ distin¸ao e c˜ entre a cren¸a e o desejo. c Por sua vez John Searle (2002) expressa, em sua teoria da intencionalidade, que ela faz parte da filosofia da linguagem, que por sua vez ´ um ramo da filosofia da mente6 . e A capacidade dos atos da fala de representar objetos ´ uma extens˜o da capacidade e a fundamentais do c´rebro. Ele usa os exemplos da cren¸a e do desejo como express˜es e c o intencionais imanentes. O autor analisa a intencionalidade como um estado mental e como percep¸˜o. ca Na intencionalidade como um estado mental, Searle (2002) caracteriza a inten¸ao c˜ como uma dire¸ao escolhida. Ele afirma que a intencionalidade ´ aquela propriedade de c˜ e muitos estados e eventos mentais pela qual estes s˜o dirigidos para objetos e estados como a coisas no mundo e chega a conclus˜o de que apenas alguns estados mentais s˜o intena a cionais. Cren¸as e desejos s˜o intencionais. J´ a ansiedade n˜o direcionada e exalta¸ao c a a a c˜ n˜o s˜o. Esse ponto aproxima a intencionalidade da no¸ao de consciˆncia. Mas o autor a a c˜ e adverte que a intencionalidade n˜o pode ser uma rela¸ao ordin´ria com qualquer outro a c˜ a estado mental. Como nossas experiˆncias perceptivas internas est˜o relacionadas com o mundo exe a terno? Essa ´ quest˜o que move Searle (2002) em rela¸ao a intencionalidade como um e a c˜ ` elemento da percep¸ao. Em geral a percep¸ao tem rela¸˜o com os sentidos, em que a c˜ c˜ ca vis˜o se destaca como o sentido mais desenvolvido. O autor enfatiza que, embora a pera cep¸˜o visual tenha como componente uma experiˆncia visual, n˜o ´ essa experiˆncia que ca e a e e ´ vista, pois se fecharmos os nossos olhos a experiˆncia visual cessa, mas a coisa vista e e n˜o cessa. A coisa vai existir independente da percep¸ao. O autor entende a hip´tese de a c˜ o 6 Apesar de vincular a intencionalidade ` filosofia da mente, Searle (2002) reconhece que seu conceito a est´ afastado da maioria das concep¸˜es modernas deste ramo da filosofia. a co
  • 38. 2.6 Hermenˆutica e 38 que as experiˆncias da percep¸ao s˜o intrinsecamente intencionais. A percep¸˜o atende a e c˜ a ca condi¸oes de satisfa¸˜o determinadas pelo conte´do da experiˆncia exatamente no mesmo c˜ ca u e sentido que outros estados tˆm condi¸oes de satisfa¸˜o que s˜o determinadas pelo cone c˜ ca a te´do dos estados mentais. O autor prop˜e a percep¸ao como uma transa¸˜o intencional u o c˜ ca e causal entre a mente e o mundo. A dire¸˜o do ajuste ´ mente-mundo. A dire¸˜o da ca e ca causa¸ao ´ mundo-mente. Estas dire¸oes s˜o independentes. c˜ e c˜ a John Searle (2002) defende a integra¸˜o das no¸oes de intencionalidade como um ca c˜ estado mental e a intencionalidade como percep¸ao. Ele constr´i o argumento de que c˜ o existem experiˆncias perceptivas; estas experiˆncias tˆm intencionalidade; o conte´do e e e u intencional possui uma forma proposicional; tais formas tˆm dire¸˜o de ajuste mentee ca mundo e as propriedades especificadas por seu conte´do intencional em geral n˜o s˜o u a a literalmente propriedades das experiˆncias perceptivas. Searle chama as experiˆncias da e e percep¸˜o de apresenta¸˜es. ca co Os estados mentais, a percep¸ao, a inten¸ao e a causa s˜o aspectos de um fenˆmeno c˜ c˜ a o mais amplo. Husserl emprega as no¸oes de fenˆmenos f´ c˜ o ısicos e mentais, defendidas por seu mestre Brentano, para lan¸ar as bases da fenomenologia. c A no¸˜o de reconhecimento das caracter´ ca ısticas de um objeto ´ o ponto seguinte. O e ´ que ´ essa essˆncia do objeto? De que forma ela se apresenta e se organiza? E composta e e de outros elementos ou ´ atˆmica? Fazendo um paralelo com a intencionalidade surge um e o outro ponto: Como a intencionalidade afeta a percep¸˜o do objeto. A procura por essas ca respostas deu origem aos movimentos da filosofia hermenˆutica moderna e a proposta da e Gestalt. 2.6 Hermenˆutica e A base filos´fica inaugurada por Schleiermacher (1768 - 1834), aprimorada por Dilthey o (1833 - 1911), abriu espa¸o para o surgimento da teoria da interpreta¸˜o no s´culo XX. c ca e A no¸˜o de hermenˆutica est´ intimamente ligada a com a interpreta¸˜o e com a linguaca e a ca gem. Em O Ser e o Tempo Heidegger (2006) expressa que o homem est´ “mergulhado” a no mundo e sua existˆncia ´ delimitada e qualificada por uma esp´cie de pr´-compreens˜o e e e e a deste mundo. Esta no¸˜o pr´via est´ representada na linguagem do indiv´ ca e a ıduo. A interpreta¸˜o ´ a dimens˜o que constitui – junto com o fenˆmeno do conhecimento – toda a ca e a o existˆncia. e Em sua obra fundamental Verdade e M´todo, Gadamer (2005) d´ seguimento a este e a
  • 39. 2.6 Hermenˆutica e 39 racioc´ ınio propondo uma ontologia hermenˆutica. Trata-se de uma proposta baseada na e filosofia pr´tica 7 . Impulsionado pelas disputas metodol´gicas entre as ciˆncias naturais a o e modernas e as ciˆncias humanas, Gadamer (2005) passa a considerar os fatores que dee limitam, afetam ou proporcionam as conclus˜es em um argumento cient´ o ıfico. At´ que e ponto a verdade de uma conclus˜o cient´ a ıfica pode ser afetada pela vis˜o de mundo do a cientista que a prop˜e? Qual ´ a natureza deste conhecimento expresso na conclus˜o? o e a Neste sentido Gadamer (2005, p.11) revela que: “Ainda que se reconhe¸a que o ideal desse conhecimento ´ fundamenc e talmente diferente do gˆnero e da inten¸˜o das ciˆncias da natureza, e ca e somos tentados a caracteriz´-las, apenas privativamente, como ’ciˆna e cias inexatas’. Mesmo a pondera¸˜o, t˜o significativa quanto justa que, ca a Herman Helmholtz fez, no seu famoso discurso de 1862, sobre as ciˆncias da natureza e as ciˆncias do esp´ 8 , sua caracter´ e e ırito ıstica l´gica o continuou sendo negativa, tirada do ideal de m´todo das ciˆncias da e e natureza. Helmholtz diferenciou duas esp´cies de indu¸˜o: a indu¸˜o e ca ca l´gica e a instintivo-art´ o ıstica. No fundo, isso significa que estava diferenciando esses dois gˆneros de proceder n˜o l´gica, mas psicologicamente. e a o Ambos se servem da conclus˜o indutiva, mas o procedimento conclua sivo das ciˆncias do esp´ e ırito ´ um concluir inconsciente. A pr´tica da e a indu¸˜o nas ciˆncias do esp´ ca e ırito est´ vinculada, por essa raz˜o, a condia a ¸˜es psicol´gicas especiais. Ela exige uma esp´cie de tato, necessitando co o e para isso aptid˜es espirituais de outra esp´cie, por exemplo, riqueza de o e mem´ria e reconhecimento de autoridades, enquanto que a conclus˜o o a autoconsciente do cientista da natureza repousa unicamente na utiliza¸˜o da pr´pria compreens˜o. Mesmo quando se reconhece que o grande ca o a pesquisador da natureza resistiu ` tenta¸˜o de transformar sua pr´pria a ca o forma de trabalhar cientificamente numa norma de validade geral, ainda assim ele n˜o disp˜e de nenhuma outra possibilidade l´gica de caracteria o o zar o procedimento das ciˆncias do esp´ e ırito sen˜o atrav´s do conceito da a e indu¸˜o, que lhe era familiar gra¸as ` L´gica de Mill. A real exemplaca c a o ridade que teve para as ciˆncias do s´culo XVIII a nova mecˆnica e seu e e a triunfo, marcado pela mecˆnica celeste de Newton, continuava sendo t˜o a a evidente para o pr´prio Helmholtz que n˜o lhe ocorreu indagar sobre o a as pr´-condi¸˜es filos´ficas que possibilitaram o surgimento dessa nova e co o ciˆncia no s´culo XVII. Hoje sabemos qual o significado que teve, para e e isso, a Escola Occamista de Paris. Para Helmholtz o ideal de m´todo e das ciˆncias da natureza n˜o estava necessitando de nenhuma deriva¸˜o e a ca hist´rica nem de uma restri¸˜o cognitiva e te´rica, e ´ por isso que ele, o ca o e logicamente, n˜o podia entender de outra forma a maneira de trabalhar a das ciˆncias do esp´ e ırito.” A compreens˜o se difere do conhecimento neste ponto. O primeiro ´ o modo de a e ser do sujeito expresso na forma de apreender o conhecimento, que por sua vez, assume 7 Postula a ideia de considerar o contexto de cada racioc´ ınio sem se deixar influenciar exclusivamente pelo objetivismo. 8 Express˜o alternativa para designar ciˆncias humanas. a e
  • 40. 2.7 O Movimento da Gestalt 40 definitivamente a sua dimens˜o fenomenol´gica. Para Gadamer (2005) compreender est´ a o a mais pr´ximo da no¸ao de opini˜o decretada e reconhecida. Este ´ o ponto de forma¸˜o o c˜ a e ca da compreens˜o. Quando a compreens˜o se torna universal, consagrada pelas tradi¸oes a a c˜ humanas, surge o senso comum. Surge ent˜o a necessidade de se qualificar o que ´ a e compreendido, formando no ser o ju´zo. Por fim o ser aceita ou rejeita aquilo que foi ı compreendido de acordo com os crit´rios de gosto. e Gadamer (2005) parte da no¸˜o heideggeriana do “Dasein” ou “o ser no mundo” ca baseando a existˆncia em uma abordagem ontol´gica e fenomenol´gica. A vivˆncia do ser e o o e no mundo ´ a base de toda a reflex˜o. Gadamer reconhece a existˆncia de uma natureza, e a e um cosmo, no qual todos os seres est˜o inseridos. A realidade ´ a maneira peculiar que a e o sujeito escolhe para reconhecer o cosmo ` sua volta. O mundo ´ o conjunto de entes a e do cosmo que reconhecemos e aos quais nos conectamos. A consciˆncia ´ limitada pela e e no¸ao de mundo que compreendemos. A borda do nosso mundo, o nosso horizonte, ´ a c˜ e fronteira do nosso conhecimento (GADAMER, 2005, p.372). O aprendizado ´ o processo e de amplia¸ao dos horizontes, significa neste caso ver al´m, integrando o mundo conhecido c˜ e com um todo maior e mais preciso. Entender ´ o processo de fus˜o daquilo que define o e a ser com aquilo que este incorpora de novo. Essa fus˜o ´ constante. O ser velho e o novo a e est˜o juntos formando o mundo a partir da continuidade desta tradi¸ao (GADAMER, a c˜ 2005, p.375). No entanto uma compreens˜o integral da “coisa em si” n˜o se revela poss´ a a ıvel, visto que o sujeito ´ limitado pelos princ´ e ıpios estabelecidos em seu pr´prio mundo. A compreens˜o o a ´ alcan¸ada com base em acordos entre o que ´ percebido e o que ´ aceito pelo sujeito. e c e e O que o sujeito compreende ´ a resultante de uma rede coordenada de interpreta¸oes de e c˜ fenˆmenos. o 2.7 O Movimento da Gestalt A “coisa em si”, expressa no t´pico acima, possui caracter´ o ısticas que s˜o desconhecidas a por parte do sujeito, mesmo assim este tem a percep¸˜o9 de completude. Uma esp´cie ca e de percep¸˜o assim´trica do que est´ inscrito em sua mente e aquilo que se apresenta na ca e a natureza. O movimento da Gestalt considera exatamente essa assimetria. Neste caso o fato fundamental da consciˆncia n˜o ´ o elemento que comp˜e a coisa, mas a sua forma e a e o total. Esta forma n˜o ´ redut´ a soma ou a combina¸ao dos elementos (ABBAGNANO, a e ıvel ` ` c˜ 9 A este respeito ´ necess´rio destacar que a no¸˜o de percep¸˜o empregada nesta pesquisa ´, em e a ca ca e sentido t´cnico, uma opera¸˜o determinada do sujeito em suas rela¸˜es com a natureza que o rodeia. e ca co
  • 41. 2.8 A no¸˜o de Momento ca 41 2007, p.951). Partindo de uma abordagem ontol´gica, a percep¸˜o consiste em uma opera¸ao intero ca c˜ pretativa dos est´ ımulos, construindo ou redefinindo significados preliminares para estes est´ ımulos, mas considerando que a forma ´ irredut´ a partir de seus elementos. O movie ıvel mento da Gestalt, tal como entendemos hoje, teve sua origem na obra de Max Wertheimer sobre a percep¸ao do movimento (1912) e tem as principais contribui¸˜es nas obras de c˜ co Wolfgang K¨hler (1929) e Kurt Koffka (1919). A Gestalt baseia-se, em primeiro lugar, o na inexistˆncia de sensa¸oes elementares, a n˜o ser como uma abstra¸˜o artificial. Em e c˜ a ca segundo lugar, n˜o existe um objeto de percep¸˜o como uma entidade isolada ou que seja a ca poss´ isol´-la. O que se percebe ´ uma totalidade contida em uma totalidade. Essas ıvel a e totalidades s˜o constitu´ a ıdas de leis espec´ ıficas de organiza¸˜o, que s˜o: proximidade, seca a melhan¸a, dire¸ao, boa forma, destino comum, fechamento, entre outras (ABBAGNANO, c c˜ 2007, p.878). Uma defini¸˜o aceita para a Gestalt, neste caso, ´ que a percep¸ao est´ vinculada a ca e c˜ a uma totalidade e que suas partes, quando consideradas separadamente, n˜o representam a as mesmas caracter´ ısticas: A soma das partes n˜o resulta no todo. A totalidade ou o a “todo” neste caso ´ semelhante a no¸ao de “coisa” de (HUSSERL, 1990). A essˆncia da e ` c˜ e coisa integra em si, transcendendo ` totalidade de suas manifesta¸oes (ABBAGNANO, a c˜ 2007, p.878). 2.8 A no¸˜o de Momento ca O termo ´ oriundo do latim momentum. Trata-se de uma express˜o que ´ empregada e a e na atualidade de quatro modos distintos. O momento pode ser mecˆnico, temporal, l´gico a o ou dial´tico. O momento mecˆnico diz respeito a a¸˜o instantˆnea de uma for¸a sobre um e a ca a c corpo. Refere-se a quantidade de movimento na f´ ısica. Essa no¸ao possui subdivis˜es de c˜ o acordo com a emprego pretendido. Neste sentido o momento mecˆnico pode ser angular, a linear ou el´trico. O momento mecˆnico angular ´ a resultante do produto entre o vetor e a e de quantidade de movimento e o vetor posi¸ao de uma part´ c˜ ıcula posta em movimento. O momento mecˆnico linear ´ quantidade de movimento de uma part´ a e ıcula propriamente dita, correspondendo na f´ ısica ao produto da massa da part´ ıcula por sua velocidade. J´ a o momento mecˆnico el´trico ´ o produto da carga de uma part´ a e e ıcula pela distˆncia entre a as cargas (ABBAGNANO, 2007, p.793). O momento temporal ´ o mais conhecido e empregado dos tipos aqui apresentados. e
  • 42. 2.8 A no¸˜o de Momento ca 42 Corresponde a menor parte de tempo desconsiderando o per´ ` ıodo de sucess˜o. Essa ´ uma a e das propriedades do tempo, segundo sua vis˜o linear. Corresponde ao senso subjetivo a do instante temporal. O aspecto l´gico do momento se refere ao ato de demonstrar. o Refere-se ao est´gio de uma demonstra¸ao (ABBAGNANO, 2007, p.793). Entende-se a c˜ por demonstra¸˜o uma sequˆncia finita de uma ou mais ocorrˆncias de f´rmulas, de tal ca e e o forma, que cada f´rmula ´ uma consequˆncia imediata de f´rmulas precedentes. Neste o e e o cen´rio cada f´rmula ´ um momento da demonstra¸˜o (BRANQUINHO, 2006, p.248). a o e ca O sentido dial´tico do momento refere-se a uma fase de uma dial´tica. No exemplo e e citado por Abbagnano (2007, p.793), um momento da realidade pode ser a possibilidade ou a acidentalidade. A necessidade ´ composta pelos momentos da condi¸ao, da coisa e c˜ em si, e da atividade. J´ o “devir” dial´tico ´ composto pelo momento do “ser” e pelo a e e momento do “nada”. A no¸˜o de momento dial´tico ´ a forma de defini¸˜o do termo ca e e ca mais comum na filosofia contemporˆnea. Vale ressaltar que o termo “devir” diz respeito a a todas as formas do vir a ser, do mudar-se, do acontecer, do passar, mover-se, entre outras no¸oes correlatas (MORA, 2001). c˜
  • 43. 43 3 O Contexto Cient´ ıfico “A verdade ´ como o Sol. Ela e permite-nos ver tudo, mas n˜o deixa a que a olhemos.” Vitor Hugo 3.1 Introdu¸˜o ca Vimos no cap´ ıtulo anterior uma breve apresenta¸ao do contexto epistemol´gico que c˜ o fundamenta a proposta do m´todo. O pr´ximo passo da estrat´gia de investiga¸ao do e o e c˜ referencial ´ a contextualiza¸ao cient´ e c˜ ıfica dos estudos realizados. S˜o abordadas a realia dade multidisciplinar da pesquisa em Ciˆncia da Informa¸˜o e os aspectos disciplinares e ca da Arquitetura da Informa¸ao. c˜ Completando o universo do discurso ser˜o tratados os aspectos cient´ a ıficos relacionados ` evolu¸˜o do racioc´ a ca ınio cient´ ıfico, que foi colocada nesta parte como forma de apresentar as principais formas de argumenta¸ao cient´ c˜ ıfica. A teoria e observa¸˜o ca foi considerada nesta pesquisa por demonstrar a impossibilidade de distin¸˜o entre a ca linguagem te´rica e a linguagem de observa¸ao no discurso cient´ o c˜ ıfico, corroborando com as no¸oes de intencionalidade e hermenˆutica na ciˆncia, sem descaracterizar a importˆncia c˜ e e a da valida¸˜o. O M´todo trata das principais defini¸oes atribu´ ca e c˜ ıdas ao termo. Caracterizar a no¸˜o de m´todo em rela¸˜o ` proposta desta pesquisa ´ um dos elementos cruciais ca e ca a e para a valida¸ao dos objetivos espec´ c˜ ıficos. A se¸ao Modelo apresenta a evolu¸ao do c˜ c˜ termo ao longo do tempo e as formas de entendimento usadas na atualidade. Essa no¸ao c˜ foi estudada em fun¸ao das rela¸˜es que a proposta de m´todo realiza durante a sua c˜ co e execu¸˜o e na gera¸˜o dos seus resultados. A forma apresenta a evolu¸˜o do conceito de ca ca ca forma e sua express˜o na atualidade. Os procedimentos a serem propostos levaram em a
  • 44. 3.2 Ciˆncia e 44 conta a no¸˜o de forma, por esse motivo seu estudo ser´ considerado. A informa¸˜o ca a ca analisa a contextualiza¸ao do seu car´ter polissˆmico e as contribui¸˜es consideradas c˜ a e co relevantes na busca por uma defini¸˜o universal para o termo. A caracteriza¸ao do termo ca c˜ como um registro ´ considerado um fundamento para a proposta, por esse motivo um e estudo sobre a no¸˜o de informa¸ao ser´ realizado. A linguagem apresentada nas trˆs ca c˜ a e formas (sint´tica, semˆntica e pragm´tica) analisa as principais contribui¸oes para a sua a a a c˜ delimita¸ao em rela¸ao a proposta. A linguagem ´ tida como uma forma de transformar c˜ c˜ ` e a realidade. Esse contexto ´ relevante para a pesquisa. Um estudo sobre os trˆs aspectos e e da linguagem contextualizar´ o termo em rela¸ao a proposta de m´todo. A arquitetura a c˜ ` e ser´ apresentada em sua forma mais cl´ssica representando o arcabou¸o que serviu de a a c base para o surgimento das ideias atuais em torno da AI. A no¸˜o de espa¸o em ca c Heidegger corresponde ao estudo que serve de base para a realiza¸˜o da proposta. Por ca fim, o contexto cient´ ıfico ´ analizado em rela¸˜o ` Arquitetura da Informa¸˜o expondo e ca a ca as contribui¸˜es dos estudos de Macedo (2005) e Siqueira (2008). co 3.2 Ciˆncia e O conhecimento pode ser exercido de v´rias formas. A observa¸ao pode ser um dos a c˜ elementos participantes no fenˆmeno do conhecimento. Leonardo (2004, p.18), chamado o Da Vinci, anuncia como pr´logo do renascimento que o conhecimento tem sua origem nas o percep¸˜es. Na sua vis˜o n˜o ´ poss´ julgar a experiˆncia. N˜o ´ poss´ prometer a co a a e ıvel e a e ıvel si mesmo que resultados ser˜o ou n˜o causados por nossos experimentos. A ciˆncia n˜o a a e a se alimenta de sonhos, mas de princ´ ıpios criteriosamente determinados, passo a passo, em uma sequˆncia v´lida e verific´vel. A ciˆncia ser´ isenta quando for a resultante da e a a e a experiˆncia que passar pelo julgamento dos sentidos do homem. Essa no¸ao norteou toda e c˜ a obra art´ ıstica do autor e influenciou fortemente a est´tica renascentista. e Para as religi˜es a cren¸a ´ fonte excelente do conhecimento verdadeiro. Para Agoso c e tinho (2004, p.334) a experiˆncia fixa o olhar onde desponta o amanhecer da verdade e e aquele que crˆ na divindade sabe reconhecer o valor da verdade. Em outra parte o autor e anuncia que somente Deus possui a verdadeira ciˆncia. Sem a cren¸a em um ser superior e c n˜o se pode alcan¸ar o conhecimento verdadeiro (AGOSTINHO, 2004, p.390). a c O amor pela sabedoria, busca o conhecimento empregando a especula¸ao e a tentativa c˜ de defini¸˜o de um racioc´ ca ınio correto e completo. A filosofia, na concep¸˜o de Chaui ca (1995, p.19), ´ um estado de esp´ e ırito. O ser que ama o conhecimento ir´ procur´-lo e a a ´ respeit´-lo. E a express˜o do conhecimento constru´ pela atitude de indagar e conduzida a a ıda
  • 45. 3.2 Ciˆncia e 45 pela reflex˜o, sendo este o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo a interrogando-se e interagindo com a realidade. A ciˆncia, por sua vez, mostra-se preocupada em estabelecer o conhecimento v´lido. e a Mora (2001) indica que etimologicamente o voc´bulo “ciˆncia” equivale a “o saber”. Tornaa e se claro que essa equivalˆncia ´ simplista e n˜o expressa o contexto em que essa forma de e e a conhecimento est´ inserida. O grande problema no caso da ciˆncia ´ a dificuldade de se a e e delimitar um conceito suficientemente preciso para o termo. V´rios pesquisadores citam a caracter´ ısticas, classifica¸oes, designa¸˜es na tentativa de delimitar o que seja ciˆncia e c˜ co e qual a sua natureza, mas uma defini¸˜o ainda n˜o foi alcan¸ada. Na defini¸ao de Mora ca a c c˜ (2001) temos: “Parece necess´rio estabelecer qual o tipo de saber cient´ a ıfico e distinguir ` medida que se foram organizando as chaentre a ciˆncia e a filosofia. A e madas ciˆncias particulares e se foi tornando mais intenso o movimento e de autonomia, primeiro, e de independˆncias das ciˆncias, depois, a dise e tin¸˜o em quest˜o tornou-se cada vez mais importante e urgente. A ca a quest˜o da natureza do saber cient´ a ıfico s´ superficialmente aqui se pode o tratar. Limitamo-nos a indicar que a ciˆncia ´ um modo de conhecie e mento que procura formular, mediante linguagens rigorosas e apropriadas — tanto quanto poss´ ıvel, com o aux´ da linguagem matem´tica — ılio a leis por meio das quais se regem os fenˆmenos. Estas leis s˜o de divero a sas categorias. Todas tˆm, por´m, v´rios elementos em comum: serem e e a capazes de descrever s´ries de fenˆmenos; serem comprov´veis por meio e o a da observa¸˜o dos fatos e da experimenta¸˜o; serem capazes de predizer ca ca — quer mediante predica¸˜o completa, quer mediante predica¸˜o esca ca tat´ ıstica — acontecimentos futuros. A comprova¸˜o e predica¸˜o nem ca ca sempre se efetuam da mesma maneira, n˜o em cada uma das ciˆncias, a e mas tamb´m em diversas esferas da mesma ciˆncia. Em grande parte, e e dependem do n´ das teorias correspondentes. Em geral, pode dizer-se ıvel que uma teoria cient´ ıfica mais compreensiva obedece mais facilmente a exigˆncias de natureza interna, ` estrutura da teoria — simplicidade, e a harmonia, coerˆncia etc — do que uma teoria menos compreensiva. As e teorias de teorias (como por exemplo, a teoria da relatividade) parecem por isso mais afastadas dos fatos ou, melhor dizendo, menos necessitadas de um grupo relativamente grande e consider´vel de fatos para a serem confirmadas... Em geral, considera-se que uma teoria cient´ ıfica ´ e tanto mais perfeita quanto mais formalizada estiver.” 3.2.1 Ciˆncia e a Realidade e Vivemos imersos na realidade. Estamos em permanente contato com seus elementos. Abbagnano (2007) estabelece a defini¸ao de realidade como o modo de ser das coisas c˜ existentes fora da mente humana ou independente dela. Mas como se d´ esse contato? a
  • 46. 3.2 Ciˆncia e 46 Como a mente humana se relaciona com esses elementos? E quanto ao fato de que n´s mesmos fazemos parte dessa realidade? Esses questionamentos est˜o diretamente o a relacionados a um ponto mais elementar: A realidade ´ imut´vel ou est´ em constante e a a transforma¸ao? c˜ A ciˆncia tenta responder a esses questionamentos como uma esp´cie de conhecimento e e humano comprometido com o rigor na valida¸ao dos elementos da realidade e no debate c˜ de como obter essas valida¸˜es e formas adequadas para represent´-las. A busca pelo co a m´ximo grau de certeza da realidade. A realidade muda. A realidade evolui. Renova-se a constantemente em ciclos de constru¸oes e reconstru¸oes de significados. c˜ c˜ O ponto deste t´pico situa-se na controv´rsia moderna em rela¸˜o a defini¸ao de o e ca c˜ ciˆncia. As tentativas de se estabelecer uma defini¸ao clara, unica e resistente ao tempo e c˜ ´ para o termo ciˆncia esbarra no fato de que a ciˆncia pretende explicar da forma mais e e v´lida poss´ a ıvel a realidade. Neste caminho deve-se reconhecer uma das caracter´ ısticas mais importantes que podemos relacionar a realidade: ela ´ dinˆmica. ` e a Em Tomanik (2004, p.16) vemos uma argumenta¸ao baseada em quatro premissas c˜ para defender a impossibilidade de uma defini¸ao plena para o termo ciˆncia. Em primeiro c˜ e lugar tanto no cosmo1 , quanto o mundo derivado das constru¸oes mentais do indiv´ c˜ ıduo e do senso comum de uma cultura, est˜o em cont´ a ınuo processo de transforma¸˜o. Em ca seguida o autor afirma que a pr´pria evolu¸ao das disciplinas cient´ o c˜ ıficas e dos procedimentos tecnol´gicos contribuem para o surgimento de novas formas de pesquisa. Depois o ele situa a falta de unanimidade dos conhecimentos cient´ ıficos como evidˆncias da percepe ¸ao destas transforma¸˜es ou evolu¸oes. As cr´ c˜ co c˜ ıticas aos procedimentos de investiga¸ao c˜ empregados nas pesquisas fazem parte do processo de evolu¸˜o das teorias cient´ ca ıficas. Por fim a ciˆncia ´ mais uma das ferramentas empregadas pelo homem para suprir suas e e necessidades e aspira¸˜es. Na medida em que esses elementos se alteram a ciˆncia se co e adaptar´ a eles, pois ´ feita por seres humanos. a e Mesmo existindo uma dificuldade em se definir ciˆncia, o racioc´ epistemol´gico de e ınio o que existem invariantes que sirvam para delimitar o que seja ou n˜o uma pr´tica cient´ a a ıfica, ainda se mostra plaus´ ıvel. Neste sentido o objeto, o m´todo e o objetivo se apresentam e como elementos que se apresentam em todas as ciˆncias. e A proposta de Tomanik (2004), em rela¸˜o a ciˆncia, pode ser empregada de forma ca ` e geral e ser tomada como efetiva. Entretanto objeto, m´todo e objetivo constituem elemene 1 Entendido nesta pesquisa como o conjunto dos organismos vivos, das estruturas f´ ısicas e dos fenˆo menos naturais.
  • 47. 3.3 Evolu¸˜o do racioc´ ca ınio cient´ ıfico 47 tos do modelo mais do que da realidade. Ao capturar a realidade a ciˆncia implicitamente e assume pressupostos te´ricos que lhe permitem fazer recortes da realidade. Tais recortes o s˜o constitu´ a ıdos de fatos e fenˆmenos, os primeiros sendo itens da realidade e os segundos o sendo itens da interpreta¸ao da realidade. O papel da ciˆncia ´ aproximar, tanto quanto c˜ e e poss´ ıvel, a teoria e a realidade. A seguir ser´ apresentado o conjunto de conceitos que representam o contexto cia ent´ ıfico para a proposta do m´todo de desenvolvimento de ‘arquiteturas de informa¸ao e c˜ aplicadas’ ao tratamento de informa¸˜o caracter´ ca ıstico das organiza¸˜es. co 3.3 Evolu¸˜o do racioc´ ca ınio cient´ ıfico O trabalho de Otto Neurath et al. (1970) reuniu um conjunto de expoentes em diferentes areas do conhecimento com o prop´sito de exibir os fundamentos de uma linguagem ´ o unificada para a ciˆncia. A partir destes conceitos observou-se que cada teoria carece de e procedimentos precisos de valida¸ao. O caminho percorrido para se validar ou refutar c˜ uma hip´tese ´ a defini¸ao mais elementar para o termo m´todo. Existem variantes para o e c˜ e o emprego do termo, desde o racioc´ filos´fico cl´ssico at´ o conjunto de procedimentos ınio o a e de investiga¸˜o de um fenˆmeno. Nesta etapa foram investigadas as principais formas ca o de racioc´ ınio cient´ ıfico usadas atualmente. Um dos poucos pontos de consenso em ciˆncia ´ a sua necessidade de comprova¸˜o durante o processo de investiga¸˜o dos fatos. e e ca ca Enquanto as outras express˜es de conhecimento buscam uma verdade, sem se preocupar o com imprecis˜o deste termo, a ciˆncia se preocupa com a verificabilidade dos fenˆmenos a e o e sua explica¸˜o de forma clara e precisa. Para tanto se faz necess´rio estabelecer qual ca a o racioc´ ınio mais adequado ao cumprimento deste objetivo. A forma como os racioc´ ınios cient´ ıficos evolu´ ıram na tradi¸ao ocidental apresenta pontos bem definidos. Destacam-se c˜ nesta pesquisa os seguintes tipos: 3.3.1 Racioc´ ınio Dedutivo A busca por um racioc´ ınio unico para a valida¸ao de objetivos em ciˆncia surge ´ c˜ e prematuramente na ciˆncia. A dedu¸ao pode ser citada como uma das formas primeiras e c˜ de racioc´ cient´ ınio ıfico. Para Antˆnio Carlos Gil (1999) a dedu¸ao parte de um fenˆmeno o c˜ o amplamente observado para explicar fenˆmenos particulares. Necessita reconhecer que os o conhecimentos mais gerais s˜o indiscut´ a ıveis e que um aspecto particular ´ uma conclus˜o e a natural das observa¸˜es feitas. O silogismo aristot´lico ´ um exemplo cl´ssico deste tipo co e e a