1. EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIA DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES
Tema 1: Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais,
regionais e intercontinentais
Sub-tema 1: Transformações econômicas, diversidade populacional e colonização portuguesa no Brasil
Tópico 7: Expansão econômica européia e descobrimentos marítimos nos séculos XV e XVI
Habilidades:
Porque ensinar
Esta proposta visa promover a integração entre a expansão e os descobrimentos para com as colonizações portuguesa e
espanhola, e a diversidade populacional existente nas terras “descobertas” enfatizando ainda as transformações econômicas
ocorridas em todo o continente europeu. A concepção de diversidade populacional como propulsora das características coloniais
lusitana e hispânica permitirá o estudo deste processo histórico, conduzindo educador e educando à compreensão deste processo
continuo que suscita inúmeros debates ainda nos dias atuais.
Condições prévias para ensinar
Para que a temática cogitada seja trabalhada de forma a despertar o interesse dos educandos, é necessário que estes tenham
apreendido como se deu o crescimento das cidades européias que haviam crescido tanto em número de habitantes quanto em
importância econômica e a rejeição destas populações ao domínio feudal, principalmente por parte dos comerciantes que eram
obrigados a pagar altíssimas taxas para poder adentrar no território destes senhores, bem como o modo através do qual o Rei se
impôs novamente como autoridade política.
Outro fator importante a ser ressaltado é o conceito de expansão visto de maneira mais simples, conforme o proposto pelos mini-
dicionários escolares aos quais os alunos têm acesso e assim suscitar o início de uma discussão mais latente.
O que ensinar
O conceito de expansão econômica européia deve ser percebido em sua representação, para isso, faz-se necessário atentar para
a relação estabelecida entre consolidação do capitalismo comercial e a busca de riquezas (sejam estas minerais ou tropicais),
bem como associar a estes fatores a autonomia real em detrimento à nobreza (a última figura era desprovida pelo menos em
Portugal, pioneiro nas grandes navegações, de quaisquer tipos de privilégio ou autonomia).
Neste ínterim, o que significava a expansão das fronteiras continentais para o além-mar? O que significava para a sociedade da
época a abertura comercial? O que estava por trás de todo aquele investimento? Como foi se desenvolvendo o espírito
aventureiro que permeava todas aqueles paises antes de se lançarem a estas longas e temerosas viagens é um outro aspecto a
ser discutido.
Para que este assunto possa ser problematizado da maneira proposta, é indispensável perceber o intento tendo como plano de
fundo, as características políticas do período, sobretudo as portuguesas visto que o pioneirismo daquele país permitiu que outros
Estados se lançassem à ampliação de suas fronteiras. Deverá também salientar o progresso cientifico, principalmente relativo à
localização espacial.
A formação do Estado Moderno de Portugal em 1385, promoveu a submissão ainda maior da nobreza ao poder do Rei e a junção
dos interesses do último à burguesia mercantil. Com isso, iniciou-se a Expansão Marítima e porque não comercial européia com a
conquista de Celta, em 1415, pelos portugueses e depois expandindo-se pelo continente africano, sul-americano e asiático com
enorme rapidez até o ano de 1557. Aquele país apesar de arrecadar inúmeros impostos e taxas pois monopolizava os portos que
representavam uma parada obrigatória para todos os navios que cruzassem o Mediterrâneo ou rumavam para o mar do Norte,
buscava a ampliação de seu poderio econômico através da busca de novos caminhos que contribuíssem para a aquisição de
mercadorias direto da fonte, e a solução mas viável seria a via marítima, uma vez que as caravanas árabes especializadas em
especiarias e produtos de luxo produzidos pelos orientais já cobravam um preço bastante elevado sobre o que era comercializado.
A via marítima havia passado por uma importante modernização tendo em vista o uso da bússola e do astrolábio que
possibilitavam um navegar mais seguro e as caravelas representavam para a época o que havia de técnica mais elevada.
Contudo, inúmeras eram as crendices e lendas que permeavam o imaginário daqueles que se lançavam às aventuras e como bem
nos lembra Godinho ”Descobrir insere-se num círculo cultural onde ainda nada se sabe do que se vai encontrar (achar); mesmo
sabendo o que se procura (buscar), ignora-se no entanto o traçado do caminho que aí conduzirá.”. Outro fato a ser mencionado é
a imensa dificuldade em se recrutar marinheiros dispostos a enfrentar todos os temores e se lançar rumo ao desconhecido (muitos
destes eram pegos a força ou então tinham suas condenações revogadas). Aqueles que conseguiam retornar, passavam a ter
prestígio e eram vistos com bons olhos.
As primeiras viagens tinham como objetivos descobrir riquezas e conquistar novas terras para serem exploradas, traziam consigo
a descrição detalhada das regiões e povos destas localidades recém-conquistadas além de promover a expansão do cristianismo.
2. Como ensinar
• Exponha aos alunos o impacto deste tema para a sociedade européia dos séculos XV e XVI. Mostre através de relatos
da época o que significou para os europeus aquelas descobertas, detalhando as características econômicas daqueles
países e em especial as de Portugal (Estado pioneiro no intento). Preocupe-se em atrair a atenção do aluno para com o
tema trabalhado e durante a exposição, busque a interação dos mesmos através de pequenos questionamentos que lhe
mostrarão se houve ou não interesse e assimilação.
• Estes questionamentos podem ser feitos desta maneira: Qual a característica principal que possibilitou a Portugal se
lançar antes dos demais países europeus nas descobertas do além-mar? Quais as principais superstições ou crendices
que permeavam aquela sociedade acerca do que existia no oceano? Em busca de que os europeus se lançaram nestas
“aventuras”? Qual o papel do cristianismo neste intento?
• As turmas com as quais está se trabalhando devem ter se interessado por algum assunto da temática apresentada e é
importante explorar as que mais suscitam curiosidade, como a questão do imaginário, da pirataria e também a figura do
mercador. A proposta para estes é a utilização de fragmentos textuais que explicitem cada uma das curiosidades
apresentadas pelas turmas. Por exemplo:
Imaginário dos viajantes:
“Nos começos da história medieval portuguesa, quando no século XII, o novo reino peninsular se afirmava como o mais
ocidental das fronteiras da cristandade rural contra o Islão urbano e mercantil, o mar conceptualizava-se como caos e
desordem, definindo os seres que o habitavam, as tragédias marítimas que nele ocorriam e os povos que por ele
circulavam, um antimundo cuja constante ameaça permitia valorizar e reforçar a sacralizada coesão do espaço cristão” .
Pirataria:
“O pirata, seja qual for a época considerada, o teatro de operações escolhido ou o butim alcançado, era um bandido
voraz. Ele atacava outro navio no mar, se possível ricamente carregado, que pilhava depois de eliminar a tripulação,
vencida pela abordagem e morta, porque não havia quartel. Nessa característica, o pirata se parecia com os ladrões de
estrada, que assaltavam carruagens e diligencias em terra. Em outros casos, o bucanero desembarcava numa terra
ocupada, transformando, então, a imagem clássica do pirata dos mares em outra, a de bárbaro ou de barba-ruiva.”
O trabalho dos mercadores:
“A dignidade e ofício de mercador são grandes sobre muitos aspectos (...). E, em primeiro lugar, em razão do bem
comum, porque o progresso do bem-estar público é um objectivo muito honroso, segundo, o bem-estar e a prosperidade
dos Estados repousam, em larga medida, nos mercadores; referimo-nos sempre, evidentemente, não aos mercadores
pequenos e vulgares mas aos gloriosos mercadores cujo elogio é o assunto do meu livro (...). Graças ao comércio (...), os
países estéreis são providos de alimentos, de gêneros e de numerosos e curiosos produtos importados de outros
lugares (...) os mercadores trazem também em abundância as moedas, as jóias, o ouro, a prata e toda espécie de metais
(...). O trabalho dos mercadores é orientado com vista à salvação da humanidade.”
Após a leitura de cada fragmento, pedir aos alunos que, com o auxílio de um dicionário, identifiquem os nomes e/ou
termos desconhecidos. Logo após questione os mesmos à turma e veja se a assimilação de tais conceitos se deu de
maneira correta. Passe a questionar aspectos dos mesmos trechos para que os educandos tenham a oportunidade de
demonstrar suas aptidões e caso perdurem dúvidas, auxilie para que as mesmas sejam solucionadas. Você poderá
também empreender as situações do seguinte modo:
Nº 1:
• O que vocês acreditam ser um mar de caos e desordem?
• Quais os tipos de seres eles acreditavam que vivam no oceano?
• O que seria o antimundo?
Nº 2:
• Por que até hoje consideramos os piratas como bandidos vorazes?
• Você acredita que os piratas só matavam os tripulantes das naus roubadas por causa da ausência de prisões? Explique.
• Você concorda com a comparação que o trecho faz quando o pirata é semelhante ao ladrão de estrada?
Nº3:
• Destaque a importância do mercador para aquele período.
• Quais os principais produtos comercializados?
• Na sua opinião, quais os principais produtos eram comercializados?
• Por que o trabalho do mercador poderia ser visto como meio de salvação da humanidade?
• Uma outra proposta que se segue é a confecção de um texto cujo titulo poderá abarcar
qualquer assunto pertencente ao tema estudado. Caso contrario, você professor poderá sugerir ao aluno a escolha de um dos três
assuntos trabalhados na proposta anterior ou algum outro a seu critério.
3. • Analisar a figura do mercador, visando a sua importância para a consolidação do capitalismo mercantil.
• Os alunos neste momento deverão ser capazes de questionar as condições dos navegadores e aventureiros europeus de saírem
em busca do novo. Para isso, o papel do professor será de fundamental importância principalmente no que se refere às
tecnologias empregadas para se obter uma melhor localização geográfica. Fazer um paralelo mais consistente entre as grandes
navegações e a chegada do homem à lua. Refletir também sobre o papel do Estado português que juntamente com os
comerciantes, financiou as principais viagens empreendidas ao longo dos continentes africano e sul-americano. Pensar as rotas
marítimas como a única forma naquela época de se estabelecer comércio de forma eficaz e trazer prosperidade ao continente
europeu.
• Textos para consulta pelo professor:
AZEVEDO, João Lúcio. Épocas de Portugal Econômico. Lisboa: Clássica, 1947.
DEYON, Pierre. O Mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.
GUENÉE, B. O Ocidente nos séculos XIV e XV. São Paulo: Pioneira, 1971.
História Viva, ano 1, nº 3, jan 2004. p. 39.
LE GOFF, Jacques. Mercadores e banqueiros na Idade Média. Lisboa: Grandina, 1979.
NOVAES, Adauto (org.). A descoberta do Homem e do Mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Orientação Pedagógica: Expansão Econômica Européia e descobrimentos marítimos nos séculos XVI e XVI
Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental
Autor(a): Ludmila Cristina do Carmo Tavares
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005