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Sua amizade é inestimável.
E para Kelli Spear,
Eu sou tão grata por ter você do meu lado.
CONTROLE ERA TUDO O QUE ERA REAL. Eu tinha aprendido desde
jovem que planejamento, cálculo e observação poderia evitar as mais
desagradáveis coisas - riscos desnecessários, decepção, e o mais importante,
mágoa.
No entanto, planejar evitar o desagradável não era sempre fácil, um fato
que se tornou óbvio na luz ofuscante do Cutter‘s Pub.
As luzes de néon pendurada nas paredes e a fraca iluminação da trilha
do teto destacava as garrafas de bebidas no bar, que era apenas ligeiramente
reconfortante. Todo o resto tornou evidente o quão longe eu estava de casa.
A madeira recuperada de celeiro decorava as paredes, o pinho claro
manchado com preto tinha sido projetado especificamente para que o espaço
se parecesse com um buraco na parede do bar em Midtown, porém era muito
limpo. Cem anos de fumaça não saturaram a pintura. As paredes não
sussurravam sobre Capone1
ou Dillinger.2
.
Eu estava sentada no mesmo banco a duas horas desde que parei de
desempacotar as caixas em meu novo apartamento. Pelo tempo que eu
poderia suportar, joguei fora os meus pertences que faziam parte de quem eu
era.
Explorar meu novo bairro era muito mais atraente, especialmente no ar
incrivelmente suave da noite mesmo que fosse o último dia em fevereiro. Eu
estava experimentando, minha nova independência com a liberdade adicional
de ninguém em casa, esperando por um relatório do meu paradeiro.
O assento do banco que estava me mantendo quente era coberto por
couro falso laranja, depois de beber uma respeitosa porcentagem do meu
incentivo de transferência que o Federal Bureau of Investigation 3
(FBI) tão
1
Capone: Alphonse Gabriel "Al" Capone foi um gângster ítalo-americano que liderou um grupo
criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante
a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30.
2
Dillinger: John Herbert Dillinger foi um ladrão de bancos norte-americano, considerado por
alguns como um criminoso perigoso, e por outros, idolatrado como um Robin Hood do século
XX.
3
FBI- Federal Bureau of Investigation: é uma unidade de polícia do Departamento de Justiça
dos Estados Unidos, servindo tanto como uma polícia de investigação quanto serviço de
generosamente tinha depositado em minha conta naquela tarde, eu estava me
saindo bem em não cair do banco.
O último e quinto Manhattan4
da noite deslizou da taça chique em minha
boca, ardendo na minha garganta. O bourbon e o vermute doce tinham gosto
de solidão.
O que pelo menos faziam me sentir em casa. Casa, no entanto, estava a
milhares de milhas de distância, e me fez sentir mais longe quando eu sentei-
me em um dos doze bancos que estavam á beira do bar curvado.
Entretanto eu não estava perdida. Eu era uma fugitiva. Pilhas de caixas
estavam em meu novo apartamento no quinto andar, caixas que eu tinha
embalado com entusiasmo, enquanto meu ex-noivo, Jackson, ficou amuado no
canto do nosso pequeno apartamento que compartilhávamos em Chicago.
Seguir em frente era a chave para subir no FBI, e eu tinha ido muito
bem, em pouco tempo. Jackson ficou perturbado quando eu disse que estava
sendo transferida para San Diego. Ainda no aeroporto, antes de eu o ter
deixado, ele havia prometido que nós poderíamos fazer funcionar. Jackson não
era bom em despedidas. Ele havia ameaçado me amar para sempre.
Eu balançava a taça de coquetel na minha frente com um sorriso de
expectativa. O barman me ajudou a coloca-la no balcão de madeira, e depois
me serviu outro Manhattan. A casca de laranja e cereja dançavam lentamente
em algum lugar entre a superfície e o fundo da taça — como eu.
"Este é o último, querida,"- ele disse, limpando o balcão aos meus lados.
"Pare de trabalhar tão duro. Eu não dou gorjetas assim tão boas.‖
"Os Feds5
nunca dão," ele disse sem julgamento.
"É tão óbvio assim?" Eu disse.
"Muitos de vocês vivem por aqui. Vocês todos falam a mesma coisa e
ficam bêbados na primeira noite longe de casa. Não se preocupe. Você não
aparenta Bureau6
.”
inteligência interno (contra inteligência). O FBI tem jurisdição investigativa sobre as violações
de mais de duzentas categorias de crimes federais. Seu lema é "Fidelity, Bravery, Integrity" (em
português: "Fidelidade, Bravura, Integridade") correspondente às iniciais "FBI".
4
Manhattan: é um coquetel feito com uísque, vermute doce e bitters (essências de ervas
aromáticas). Uísques comumente usados incluem o de centeio (a escolha tradicional), whisky
canadense, bourbon, o blended whisky e Tennessee. Tradicionalmente, é utilizado Angostura
para conferir um leve toque amargo ao drinque.
5
Feds: Apelido para Federais.
6
Bureau: Para os americanos o mesmo que Agente. E ou escritório, agência.
"Graças a Deus, por isso" - eu disse, segurando minha taça. Não queria
que soasse assim. Eu amo a Bureau e tudo sobre isso. Eu amei até mesmo
Jackson, que era um agente, também.
"De onde foi transferida?‖ - perguntou. Ele estava com uma camiseta
preta muito apertada com decote em V, as unhas bem cuidadas. Perfeitamente
arrumadinho, mas foi traído pelo seu sorriso travesso.
―Chicago,‖ – eu disse.
Seus lábios enrugados puxados para trás e seus olhos alargados o fazia
se assemelhar um pouco com um peixe. "Você deveria estar comemorando.‖
"Acho que não deveria ficar chateada ou eu não teria nenhum outro
lugar para ir.‖- Eu tomei um gole e lambi uma gota de bourbon de meus lábios.
"Oh. Fugindo do seu ex?‖
―No meu ramo de trabalho, você nunca se afasta realmente.‖
"Oh, Droga. Ele é um Agente, também? Não cague onde você dorme,
querida. ‖
Eu tracei a borda do copo. "Eles com certeza não te treinam para isso.‖
"Eu sei. Isso acontece muito. Vejo o tempo todo,"- ele disse, balançando
a cabeça, enquanto lavava alguma coisa em uma pia cheia de espuma atrás do
balcão. "Você mora perto?‖
Eu olhei para ele, desconfiada de qualquer um que pode identificar um
agente, fora que ele faz muitas perguntas.
"Você vai frequentar aqui?" - ele perguntou.
Vou ver até onde ele vai com suas perguntas, e concordei.
"Provavelmente.‖
―Não se preocupe com a gorjeta. Mudança é caro, e também beber tudo
o que você deixou para trás. Pode me recompensar depois.‖
Suas palavras fizeram meus lábios se curvarem para cima de um jeito
que eles não haviam se curvado em meses. O que provavelmente não foi
notado por ninguém, exceto por mim.
"Qual é seu nome?" eu perguntei.
―Anthony.‖
"Alguém te chama de Tony?‖
"Não se quiserem beber aqui.‖
"Anotado.‖
Anthony atendia a única outra cliente no bar nesta segunda-feira tarde
da noite — para alguns podemos chamar de manhã de terça-feira.
A gordinha de meia idade com olhos inchados e vermelhos usando um
vestido preto.
Enquanto ele atendia, a porta se abriu e um homem da minha idade
entrou, sentando a duas cadeiras de distância. Ele afrouxou sua gravata e
desabotoou o primeiro botão da camisa Oxford branca perfeitamente passada.
Ele olhou em minha direção, e naquele meio segundo, seus olhos verde-
hazel7
registraram tudo sobre mim que queria saber. Em seguida, desviou o
olhar.
Meu celular vibrou no bolso do blazer, eu peguei-o para verificar o visor.
Outra mensagem de texto de Jackson. Ao lado de seu nome, um pequeno seis
cabia perfeitamente entre os parênteses, anotando o número de mensagens
que ele enviou.
O número que estava preso entre os parênteses lembrou-me da última
vez ele tinha me tocado — durante um abraço que tive de convencê-lo a me
soltar.
Eu estava a três mil quatrocentos e sessenta quilômetros de Jackson, e
ele ainda era capaz de me fazer sentir culpada — mas não culpada o
suficiente.
Eu cliquei o botão lateral no meu celular, escurecendo a tela, sem
responder a mensagem de Jackson. Então, levantei meu dedo ao barman
enquanto engolia o restante do meu sexto drink.
Encontrei Cutter's Pub ao virar a esquina do meu novo apartamento em
Midtown, uma área em San Diego, situado entre o aeroporto internacional e o
zoológico.
Meus colegas de Chicago usavam casacos padrão do FBI sobre seus
coletes à prova de balas enquanto eu estava aproveitando o calor acima do
habitual em San Diego, vestindo um tomara que caia e um blazer com calça
jeans skinny. Senti-me um pouco vestida demais e um pouco suada. Admito
que esse calor pudesse ser resultado da quantidade de licor no meu
organismo.
7
Verde-Hazel: Tonalidade para cores dos olhos. Exemplo: Angelina Jolie, Mila Kunis, Rihanna
e Kristen Stewart.
"Você é muito jovem para estar em um lugar como este" – disse o
homem sentado a dois bancos ao meu lado.
"Um lugar como o que?" - Anthony disse, arqueando uma sobrancelha e
segurando firmemente um copo de vidro.
O homem ignorou-o.
"Eu não sou jovem," - Eu disse antes de tomar uma bebida. "Eu sou
petite8
.‖
"Não é a mesma coisa?‖
"Eu também tenho um Taser9
em minha bolsa e um ótimo gancho de
esquerda, então não morda mais do que pode mastigar.‖
"Seu kung fu é forte.‖
Eu não olhei para o cara com atenção. Em vez disso, olhei para frente.
"Foi uma observação racista?‖
"Claro que não. Você só pareceu um pouco violenta comigo.‖
"Eu não sou violenta," - eu disse, embora fosse preferível parecer
desinteressante, ao invés de um alvo fácil.
"Oh, sério?" - ele não estava perguntando, estava antagonizando.
"Recentemente li sobre líderes de paz asiáticas sendo homenageadas. Eu
estou supondo que você não era uma delas.‖
"Eu também sou irlandesa," eu resmunguei.
Ele riu abafado uma vez. Havia algo na voz dele — não apenas ego,
mas mais do que confiança. Algo me fez querer virar e dar uma boa olhada
nele, mas eu mantive meus olhos sobre a linha de garrafas de licor, do outro
lado do bar.
Depois que ele percebeu que não ia conseguir uma resposta melhor, se
mudou para o banco vazio ao meu lado. Eu suspirei.
"O que você está bebendo?" - ele perguntou.
Revirei meus olhos e então decidi encará-lo.
Ele era tão bonito como o clima do Sul da Califórnia e ele não poderia se
parecer menos com o Jackson.
8
Petite: Estatura baixa, pessoa baixinha e delicada.
9
Taser: Arma de eletrochoque de baixa letalidade que usa de uma descarga elétrica de alta
tensão para imobilizar momentaneamente uma pessoa.
Até mesmo sentado, eu poderia dizer que ele era alto — pelo menos um
metro e noventa e um. Seus olhos cor de pera brilhavam contra sua pele
bronzeada de praia.
Embora ele possa parecer intimidante para um homem, eu não tinha a
sensação de que ele era perigoso — pelo menos não para mim — mesmo que
ele fosse duas vezes o meu tamanho.
"Tudo o que estou comprando," - eu disse, não tentando esconder meu
melhor sorriso de flerte.
Baixar a minha guarda para um belo estranho por uma hora era
justificável, especialmente após um sexto drink. Nós flertaríamos, eu
esqueceria qualquer culpa que restaria sobre mim, e voltaria para casa.
Possivelmente até conseguiria uma bebida grátis. Era um plano respeitável.
Ele sorriu. "Anthony" - disse, levantando um dedo.
"O de sempre?" - Anthony perguntou da extremidade do bar.
O homem acenou com a cabeça. Ele era um cliente regular. Deve viver
ou trabalhar por perto.
Eu franzi a testa quando Anthony pegou meu copo em vez de enchê-lo.
Ele deu de ombros sem nenhum pedido de desculpas em seus olhos.
"Eu te disse que era o último.‖
Entre tantas opções de bebidas o estranho preferiu uma cerveja barata
para ficar no mínimo perto ao meu nível de alcoolismo. Eu estava agradecida.
Eu não teria que fingir estar sóbria, e sua escolha de bebida preferida me disse
que ele não era exigente, ou estava tentando me impressionar. Ou talvez ele
estivesse quebrado.
"Você disse que eu não poderia te pagar uma bebida porque Anthony te
limitou ou porque você realmente não deixaria?"- ele perguntou.
"Porque eu posso comprar minha própria bebida," - eu disse um pouco
bêbada.
"Você mora por aqui?" - ele perguntou.
Dei uma olhada para ele. "Suas habilidades de conversação limitada
estão me decepcionando a cada segundo.‖
Ele riu alto, jogando a cabeça para trás. "Meu Deus, mulher. De onde é?
Não é daqui.‖
"Chicago. Just blew in10
. As caixas ainda estão empilhadas na minha
sala.‖
"Sei como é", ele disse, acenando em entendimento e levantando sua
bebida em reverência. "Fiz duas mudanças pelo país nos últimos três anos.‖
"Para onde?‖
"Aqui. Em seguida, DC11
. Depois voltei para cá.‖
"Você é um político ou um lobista?" - perguntei com um sorriso.
―Nenhum dos dois", - disse, com uma expressão de desgosto. Ele tomou
um gole de sua cerveja.
"Qual é seu nome?"- ele perguntou.
"Não estou interessada.‖
"É um nome horrível.‖
Eu fiz uma careta.
Ele continuou: "Isso explica a mudança. Está fugindo de um cara.‖
Eu olhei para ele. Ele era lindo, mas também era convencido — mesmo
que estivesse certo.
"Não estou á procura de outro. Não uma noite de sexo, não uma transa
de vingança, nada. Então, não desperdice seu tempo nem seu dinheiro. Tenho
certeza de que você pode encontrar uma garota legal da costa oeste que ficaria
mais do que feliz em aceitar um drink de você.‖
"Onde está á diversão nisso?" - ele disse, inclinando-se para mim.
Meu Deus, mesmo se eu estivesse sóbria, ele seria intoxicante.
Olhei para a maneira que seus lábios tocaram a boca da sua garrafa de
cerveja, eu senti uma pontada entre as minhas coxas. Eu estava mentindo, e
ele sabia disso.
"Eu te irritei?" - ele perguntou com o sorriso mais encantador que eu já
tinha visto.
Barbeado e com o seu cabelo castanho rente, esse homem e seu sorriso
haviam conquistado desafios muito mais intimidantes do que eu.
"Você esta tentando me irritar?" - eu perguntei.
10
Just blew in: Referente a uma música de Illinois – Chicago.
11
DC: Washington, D.C – Capital dos EUA.
"Talvez. A maneira que você aperta seus lábios quando está com raiva...
É incrível pra cacete. Poderia ser um idiota a noite toda, só pra eu poder olhar
para eles.‖
Eu engoli.
Meu joguinho tinha acabado. Ele ganhou, e sabia disso.
"Você quer sair daqui?" - ele perguntou.
Eu sinalizei para Anthony, mas o estranho balançou a cabeça e colocou
uma nota alta no balcão. Bebida de graça — pelo menos parte do meu plano
tinha dado certo. O homem caminhou até a porta, gesticulando para eu sair na
frente.
"Uma semana de gorjetas que ele não vai continuar com isso."
Anthony disse alto o suficiente para o lindo estranho ouvir.
"Que se foda," - eu disse, passando pela porta rapidamente.
Passei meu novo amigo indo para a calçada, á porta se fechou
lentamente. Ele agarrou minha mão, brincando, mas firme e me puxou contra
ele.
"Anthony insinuou que você vai dar pra trás", eu disse olhando para ele.
Ele era muito mais alto do que eu. Estando tão perto dele parecia que eu
estava sentada na primeira fila no cinema. Eu tive que levantar o meu queixo
um pouco para olhar em seus olhos.
Inclinando-me o desafiei a beijar-me.
Ele hesitou enquanto examinava meu rosto, seus olhos se suavizaram.
"Algo me diz que, desta vez, não vou.‖
Ele se inclinou para baixo, e o que começou como um beijo suave quase
experimental se transformou em algo sensual e romântico. Seus lábios se
moveram com os meus, como se ele tivesse lembrado, até mesmo sentido sua
falta, a maneira como se encaixaram. Diferente de tudo o que eu experimentei
antes, uma estranha corrente elétrica estalava através de mim, derretendo
meus nervos. Era como se já tivéssemos feito isso tantas vezes — em uma
fantasia, ou talvez um sonho. Foi o melhor tipo de déjà vu.
Menos de um segundo ele afastou-se de mim com os olhos ainda
fechados como se estivesse saboreando o momento. Quando me olhou,
balançou a cabeça. "Definitivamente não vou recuar.‖
Viramos a esquina, atravessamos rapidamente a rua e adentramos no
meu prédio. Eu pesquei minhas chaves dentro da minha bolsa e entramos,
esperando o elevador. Seus dedos roçaram os meus e uma vez que eles se
uniram, ele me puxou contra ele. O elevador se abriu, e nós tropeçamos para
dentro.
Ele agarrou meus quadris e me puxou para ele, enquanto meus dedos
procuravam o botão correto. Ele tocou os seus lábios macios em meu pescoço,
senti uma fagulha nervosa dançando sob a minha pele por causa dos
experientes beijos minúsculos depositados propositalmente em meu queixo, da
orelha até a clavícula. Suas mãos me imploravam para ficar perto dele, me
tocando como se estivesse esperando por mim a vida inteira. Mesmo que eu
tivesse esse mesmo sentimento irracional, eu sabia que era tudo parte do
encanto, mas a maneira com que ele se conteve visivelmente para não
arrancar minhas roupas fizeram pequenas ondas de choque passar por todo
meu corpo.
Quando chegamos ao quinto andar, ele puxou meus cabelos para um
lado expondo meu ombro enquanto ele percorreu os lábios pela minha pele.
"Você é tão macia," ele sussurrou.
Ironicamente, suas palavras fizeram toda minha pele se arrepiar.
Minhas chaves tilintaram quando me atrapalhei com a fechadura. O
homem virou a maçaneta e nós quase caímos porta adentro. Ele inclinou-se
para longe de mim, empurrando e fechando-a com suas costas e me puxou
contra ele segurando minhas mãos.
Ele cheirava a cerveja com uma pitada de açafrão e madeira de sua
colônia, mas sua boca ainda tinha o sabor do creme dental de menta. Quando
nossas bocas se encontraram novamente, de bom grado deixei sua língua
escorregar para dentro ao mesmo tempo em que agarrava seu pescoço.
Ele deslizou meu blazer pelos ombros e deixou-o cair no chão. Então,
afrouxou sua gravata e puxou tirando-a. Enquanto ele desabotoava a camisa,
puxei meu top sobre minha cabeça. Meus seios nus ficaram expostos por
apenas alguns momentos antes do meu cabelo preto e comprido, cair em
cascata para baixo e cobri-los.
O estranho estava sem camisa, seu abdômen possuía de uma
combinação impressionante de genes e vários anos de treino diário intensivo
tinham esculpido a perfeição á minha frente. Tirei meus saltos e ele fez o
mesmo com seus sapatos.
Corri meus dedos sobre cada um de seus músculos salientes e as
ondulações do seu abdômen. Uma mão pousou no botão da calça enquanto a
outra segurou firme a espessura rija sob eles.
Santo. Gigante. Pênis.
O som agudo de seu zíper, fez com que o calor entre minhas pernas se
intensificasse e praticamente implorasse para ser acariciada. Pressionei meus
dedos atrás de seus braços, enquanto ele deixava beijos em meu pescoço e
ombros, em seguida, meu peito. Ao mesmo tempo, ele escorregou lentamente
minha calça jeans.
Ele ficou parado por alguns segundos, levando um momento para
apreciar que eu estava completamente nua diante dele. Ele também parecia
um pouco surpreso. "Sem calcinha?‖
Dei de ombros. "Nunca.‖
"Nunca?" - ele perguntou e seus olhos me imploravam para dizer não.
Adorava a forma como ele olhava para mim — parte espantado, parte
divertido e extremamente excitado. Minhas amigas em Chicago sempre tinham
elogiado os benefícios de uma noite de sexo casual. Esse cara me pareceu
perfeito para experimentar.
Eu arqueei uma sobrancelha, saboreando o quão sexy um completo
estranho me fez sentir. "Não possuo um único par.‖
Ele me levantou e eu cruzei meus tornozelos em torno de sua cintura. O
único tecido entre nós era sua cueca boxer cinza escuro.
Ele me beijou levando-me para o sofá, e depois gentilmente me colocou
nas almofadas. "Confortável?" - perguntou, quase arfando entre as palavras.
Quando concordei, ele me beijou mais uma vez e saiu rapidamente para
pegar um pacote quadrado em sua carteira. Voltou rasgando-o com os dentes.
Fiquei contente porque ele trouxe seu próprio preservativo. Mesmo que eu
tivesse pensado em comprar, eu não teria a previsão ou otimismo para
comprá-los em seu tamanho.
Ele rapidamente desenrolou o látex fino ao longo de seu comprimento e
tocou com a ponta a pele rosa e delicada entre as minhas pernas. Ele inclinou-
se para sussurrar em meu ouvido, mas soltou somente um suspiro vacilante.
Eu apertei sua bunda e afundei meus dedos em sua pele, guiando-lhe,
ele deslizou-se dentro de mim. Era minha vez de soltar um suspiro.
Ele gemeu e em seguida, alcançou minha a boca novamente.
Após dez minutos de manobras no sofá, suado e com o rosto vermelho,
o estranho olhou para mim com um sorriso frustrado e se desculpando. "Onde
é o seu quarto?‖
Apontei para o corredor. "Segunda porta à direita.‖
Levantou-me segurando pelas minhas coxas e eu apertei em torno de
sua cintura. Ele andou pelo corredor em seus pés descalços, passando por
caixas e sacos de plástico, junto com pilhas de pratos e roupas de cama. Não
entendi como ele caminhou sem tropeçar na penumbra de um apartamento não
familiarizado com a sua boca na minha.
Durante o tempo em que caminhava ele ainda estava dentro de mim,
não pude deixar de gritar o único nome que eu poderia,
"Jesus Cristo!‖
Ele sorriu contra minha boca e abriu a porta antes de me colocar no
colchão.
Ele não tirou os olhos dos meus enquanto se posicionava em cima de
mim. Seus joelhos se afastaram um pouco mais do que quando estávamos no
sofá, permitindo-lhe ir mais fundo, movendo os quadris e tocando um ponto que
fizeram meus joelhos tremerem com cada impulso.
Sua boca estava na minha de novo como se a espera o matasse. Se eu
não o tivesse conhecido à meia hora atrás, poderia ter confundido a maneira
que ele me tocou, me beijou, se movimentou contra mim... Com amor.
Ele tocou sua bochecha na minha e segurou a respiração concentrando-
se, preparando-se para o final. Ao mesmo tempo, ele estava tentando
prolongar o estúpido, tolo e irresponsável, mas incrível caminho que estávamos
indo. Ele me empurrou contra o colchão com uma mão e segurou meu joelho
contra seu ombro com a outra.
Eu estava com as pontas dos dedos brancas de tanto apertar o edredom
enquanto ele estocava dentro de mim, mais e mais. Jackson não era
desprovido em questão de tamanho, mas sem dúvida, este estranho enchia
cada centímetro em mim.
Toda vez que ele enterrou-se, enviou-me numa corrida fantástica de dor
ao longo de todo o meu corpo, e toda vez que ele puxava de volta, eu quase
entrava em pânico, na esperança que não tivesse acabado.
Com meus braços e pernas em volta dele, gritei novamente pela décima
segunda vez, desde que ele tinha subido as escadas. Sua língua era tão forte e
dominante na minha boca e eu sabia que ele tinha feito isso muitas e muitas
vezes antes. Isso se tornou mais fácil. Ele não se importava o suficiente para
me julgar mais tarde, então não teria que julgá-lo também. Uma vez que vi o
corpo que estava sob aquela camisa branca Oxford, não poderia realmente me
culpar, mesmo se eu estivesse sóbria.
Ele balançou sobre mim novamente, seu suor misturado com o meu,
parecia com que a nossas peles se derretessem juntas. Revirei meus olhos
jogando minha cabeça para trás com a devastadora mistura de dor e prazer,
surgindo através de meu corpo a cada movimento.
Sua boca voltou à minha, e eu facilmente estava perdida em
pensamentos de como seus lábios foram incrivelmente suaves e ansiosos.
Cada movimento da sua língua foi calculado, praticado e parecia como se tudo
fosse, em busca do meu prazer. Jackson não era particularmente um bom
beijador, e apesar de que só a pouco conheci este homem em cima de mim, eu
iria sentir falta desses beijos quando ele fosse embora do meu apartamento
nas primeiras horas da manhã – se ele esperar todo esse tempo.
Enquanto ele maravilhosamente e impiedosamente me fodia, ele afastou
minha coxa com uma mão, abrindo minhas pernas ainda mais, e então deslizou
sua outra mão entre elas, ternamente esfregando o polegar em pequenos
círculos sobre minha pele rosa, inchada e sensível.
Poucos segundos depois, estava gemendo, erguendo meus quadris ao
encontro do seu e apertando sua cintura com meus joelhos trêmulos. Ele
inclinou-se para baixo e cobriu a minha boca com a sua enquanto eu gemia. Eu
podia sentir seus lábios sorrindo contra os meus.
Depois de alguns movimentos lentos e beijos carinhosos, seu controle
se foi. Seus músculos tensos impulsionaram dentro de mim, cada vez mais
poderoso do que antes. Com meu clímax impressionantemente alcançado, ele
se concentrou em apenas estocar mais forte e impiedosamente contra mim.
Ele abafou seu gemido dentro da minha boca e pressionou seu rosto
contra o meu, enquanto se entregava ao seu orgasmo. Aos poucos se deitou
ainda sobre mim. Levando um tempo para recuperar o fôlego, então se virou
para beijar minha bochecha, lábios, demorando por um tempo ali.
Nosso encontro tinha ido de uma aventura espontânea para
terrivelmente embaraçoso em menos de um minuto.
O silêncio e a quietude do quarto, fez com que o álcool desaparecesse e
a realidade do que tínhamos feito pesasse sobre mim. Eu tinha ido de me sentir
sexy e desejada para uma situação embaraçosa, me sentia barata.
O estranho inclinou-se para beijar meus lábios, mas eu abaixei o meu
queixo, puxando para trás, me senti ridícula já que ele parecia interessado.
"Eu...", - eu comecei, "Tenho que trabalhar amanhã cedo‖. Ele me beijou
de qualquer jeito, ignorando a minha expressão envergonha.
Sua língua dançava com a minha, acariciando, memorizando.
Respirando profundamente pelo nariz, sem pressa, ele se afastou para trás,
sorrindo.
Droga, eu iria sentir falta da sua boca, de repente me senti realmente
patética com isso. Não sabia se alguma vez encontraria alguém que poderia
me beijar assim novamente.
"Eu, também. Eu... Eu me chamo Thomas, a propósito‖, ele disse
calmamente e se virou relaxando ao meu lado, com a cabeça apoiada na mão.
Ao invés de se vestir, olhou-me como se estivesse pronto para a conversa.
Minha independência estava se afastando de mim a cada segundo que o
estranho se tornava algo mais. Lembranças de relatar cada movimento meu
para Jackson invadiram minha mente como canais de televisão. Eu não tinha
me transferido a milhares de quilômetros, para me acorrentar a outro
relacionamento.
Eu pressionei meus lábios formando uma linha fina. "Eu estou" — isso.
Faça isso, ou você vai sofrer mais tarde. — "Emocionalmente indisponível.‖
Thomas assentiu, levantou-se e foi para a sala se vestir em silêncio. Ele
parou na porta do meu quarto com seus sapatos em uma mão e as chaves na
outra, sua gravata pendurada torta no pescoço. Tentei não olhar, mas olhei,
para que eu pudesse memorizar cada centímetro dele e fantasiar para o resto
da minha vida.
Ele olhou para baixo e riu, sem nenhum julgamento em sua expressão.
"Obrigado por um grande e inesperado final de noite para uma segunda-feira
de merda." Ele começou a virar.
Eu puxei a coberta por cima de mim e me sentei. "Não é você. Você foi
ótimo.‖
Ele me encarou com um sorriso sombreado no rosto. "Não se preocupe
comigo. Eu não estou saindo daqui, duvidando de mim mesmo. Você me
avisou. Eu não esperava nada mais do que isso.‖
"Se você esperar um segundo, eu vou te acompanhar.‖
"Eu sei o caminho. Este é meu prédio. Tenho certeza que vamos nos
encontrar novamente.‖
Fiquei pálida. "Você mora neste prédio?‖
Ele olhou para o teto. "Acima de você.‖
Eu apontei. "O próximo andar, você quer dizer?‖
"Sim, mas," - ele disse com um sorriso tímido, "Minha casa é bem acima
da sua. Mas raramente estou nela.‖.
Eu engoli seco, horrorizada. Era para ser uma noite de sexo casual.
Mordisquei a unha do polegar, tentando pensar no que dizer em seguida. "Ok...
Bem, acho que boa noite então?‖
Thomas exibiu um sorriso arrogante, sedutor. "Noite.‖
BEBER POR SENTIMENTO DE CULPA POR CAUSA DO JACKSON na
véspera do meu primeiro dia no escritório em San Diego não provou ser a coisa
mais inteligente que eu tinha feito.
Cheguei apenas com meu colete, me deram uma arma, credenciais e
um celular assim que me cadastrei. Atribuída ao Esquadrão Cinco, encontrei a
mesa vazia, desocupada pelo último Agente que não trabalha mais com o
infame Assistente de Agente Especial no Comando, que nos referimos como
ASAC12
.
Eu tinha ouvido falar dele até em Chicago, mas é preciso mais do que
um mau temperamento para afastar-me da chance de promoção.
Apenas alguns lugares da superfície da mesa não tinha uma fina
camada de poeira, provavelmente era onde seu computador e pertences
haviam ficado. A capa dos meus fones de ouvidos estava ao lado do meu
laptop e a falta de porta-retratos ou uma decoração diversa parecia bastante
patético comparado com as outras mesas na sala.
"Isso é ridículo", - disse uma voz feminina, fazendo-me pensar se eu
tivesse falado em voz alta meus pensamentos.
Uma mulher, jovem, porém ligeiramente intimidante, se levantou com os
braços cruzados e descansou no parapeito do quatro-por-cinco coberto por um
tecido de parede que separava meu cubículo do corredor principal que foi
usado para dividir uma sala da outra.
Seu cabelo castanho brilhante, diferentemente comum foi puxado em um
coque baixo próximo a nuca de seu pescoço.
"Não posso discordar", - disse, limpando a poeira com uma toalha de
papel.
Eu já tinha colocado o colete no meu armário. Foi á única coisa que eu
trouxe do escritório de Chicago. Eu me mudei para San Diego afim recomeçar,
então não fazia muito sentido expor minha vida.
"Não, quero dizer a poeira" - ela disse, me olhando com aqueles olhos
verdes. Suas bochechas estavam um pouco gordinhas, mas isso só entregou
12
ASAC: Sigla em inglês para Assistant Special Agent in Charge. Tradução livre - Assistente de
Agente Especial no Comando.
sua juventude. Certamente ela estava em forma em todos os lugares de seu
corpo.
"Eu sei.‖
"Eu sou Val Taber. Não me chame de Agente Taber, ou não poderemos
ser amigas.‖
"Te chamo de Val então?‖
Ela fez uma careta. "Do que mais você me chamaria?‖
"Agente Taber," um homem alto e esguio disse quando passou. Ele
sorriu como se soubesse o que aconteceria e seguiu em frente.
"Cai fora," ela disse, puxando um arquivo de suas mãos. Ela olhou para
ele e depois volta para mim. "Você é a Analista de Inteligência? Lisa Lindy?‖
"Liis," - disse, encolhendo-me. Eu nunca tinha me acostumado a corrigir
as pessoas. "Como geese13
, mas com um L.‖
"Liis. Sinto muito. Soube que tem fugido." A voz dela estava misturada
com sarcasmo. "Eu acho isso uma besteira, mas realmente não é da minha
conta.‖
Ela estava certa. Sendo uma Agente Federal que se especializou em
línguas, mas o tapete vermelho foi estendido para minha transferência, porém
eu tinha sido instruída a não mencionar minha especialização pra ninguém a
não ser que eu tivesse a aprovação do meu supervisor.
Olhei para o escritório do supervisor. Estava ainda mais limpo do que a
minha mesa. Receber qualquer aprovação de um escritório vazio seria difícil.
"Você está certa," - eu disse, não querendo entrar em detalhes.
Foi pura sorte que o Esquadrão Cinco precisasse de uma especialista
em linguagem no momento em que eu tinha decidido deixar Chicago.
A discricionariedade14
estressante foi provavelmente, uma questão de
dentro do escritório, mas supondo que eu não teria ajuda para uma
transferência. Então eu já tinha preenchido minha papelada e feito malas.
13
Geese: Ela faz um trocadilho Geese. Ganso em inglês.
14
Discricionariedade: é a opção, a escolha entre duas ou mais alternativas válidas perante o
direito (e não somente perante a lei), entre várias hipóteses legais e constitucionalmente
possíveis ao caso concreto. Essa escolha se faz segundo critérios próprios como oportunidade,
conveniência, justiça, equidade, razoabilidade, interesse público, sintetizados no chamado
mérito do ato administrativo.
Forma de agir onde não há no agente qualquer restrição ou limite; arbitrariedade.
"Ótimo." - ela entregou-me o arquivo. "Tem um Título Três para você
transcrever. Maddox também quer um FD-302. O primeiro e-mail em sua caixa
de entrada deve ser de boas vindas, e o próximo deve ser um arquivo de áudio
do Maddox. Eu antecipei para você e trouxe cópias do FD-302 e um CD, até se
acostumar com o nosso sistema. Ele quer que você comece imediatamente.‖
"Obrigada.‖
Título Três, também conhecido por Hollywood e o público em geral como
telefone ou escutas, faz uma grande parte minha função na agência.
As gravações foram feitas e então eu teria que as ouvir, traduzir e
escrever um relatório — também conhecido como o infame FD-302.
Os Título Três normalmente que eram dados a mim estavam em Italiano,
Espanhol ou na língua da minha mãe, Japonês. Mas se a gravação estivesse
em inglês, o OST15
— a secretária Esquadrão teria que transcrevê-lo.
Algo me dizia que a Val pensou que algo estava errado sobre uma
analista interpretar um Título Três, porque a curiosidade — ou talvez a suspeita
— estava brilhando em seus olhos.
Mas ela não perguntou e eu não disse. Tanto quanto eu sabia, Maddox
era único Agente ciente sobre meu verdadeiro propósito em San Diego.
―Eu tenho tudo sob controle,‖ – eu disse.
Ela piscou para mim e sorriu. "Quer que eu te mostre mais tarde?
Alguma coisa você perdeu durante a turnê de orientação?‖
Eu pensei por um segundo. "A academia?‖
"Sei onde é. Eu a frequento depois do trabalho, logo antes de ir ao bar,"-
ela disse.
"Agente Taber," - uma mulher com um coque apertado disse enquanto
passava.
"Cai fora," ela disse de novo.
Eu arqueei uma sobrancelha.
Ela deu de ombros. "Eles devem amar isso ou eles não iriam falar
comigo.‖
Minha boca puxou para o lado enquanto eu tentei suprimir uma risada.
Val Taber é divertida.
15
OST: Operational Support Technician. Tradução Livre: Técnico de Apoio Operacional
"Temos uma reunião de equipe logo cedo." - ela ponderou por um
momento.
"Eu vou te mostrar a academia depois do almoço. É meio fora dos
limites, entre onze e meio-dia. O chefe gosta de foco". - ela disse, sussurrando
um pouco e colocando dedos ao lado da boca.
"Meio dia e meia." - eu disse com um aceno de cabeça.
"Minha mesa," - Val disse, apontando para o cubículo ao lado. "Nós
somos vizinhas.‖
"O que há com o coelhinho de pelúcia?" - eu perguntei, apontando o
coelho branco desengonçado com Xs costurado nos olhos, sentado no canto
da mesa dela.
Seu nariz pequeno em formato de triangulo se enrugou. "Foi o meu
aniversário semana passada.‖
Eu não respondi para a cara confusa e com nojo dela. "Cai fora!" - um
sorriso lentamente se formou em seu rosto, então piscou antes de virar
retornando pra sua mesa. Ela sentou na cadeira e virou as costas para mim,
abrindo o e-mail em seu laptop.
Eu balancei minha cabeça e então tirei meus fones de ouvido da capa
antes de colocá-los nas orelhas. Depois de conectá-los em meu laptop, abri a
pasta branca sem rótulo e puxei um CD de um estojo plástico antes de deslizá-
lo na unidade.
O CD carregou, eu cliquei em Novo Documento.
Meu pulso tremeu conforme meus dedos se curvaram sobre o teclado,
prontos para digitar. Havia algo sobre um novo projeto, uma página em branco,
que me deu um deleite especial que nada mais poderia dar.
O arquivo indicava duas vozes falando, seus antecedentes, e porque
iríamos procurar um Título Três em primeiro lugar. O Esquadrão Cinco de San
Diego era pesado com o crime organizado, embora não fosse minha área
preferencial de crimes violentos, estava perto o suficiente. Quão desesperada
eu estava pra sair, faria qualquer coisa.
Duas vozes profundas e distintas falando italiano encheram meus
ouvidos pelos fones.
Fiquei com o volume baixo. Ironicamente, no interior da agência do
governo que havia sido fundada para desvendar segredos, os cubículos de 4x4
não eram propícios para mantê-los.
Comecei a digitar. Tradução e transcrição da conversa foram apenas os
primeiros passos.
Em seguida, veio a minha parte favorita. Foi o que me tornou conhecida
e o que me levaria para Virginia — análise.
Crime violento era o que eu amava e o Centro Nacional de Análise de
Crimes Violentos em Quântico, Virginia — também conhecido como NCAVC16
— era onde eu queria estar.
Em primeiro lugar, os dois homens que estavam na gravação um
acariciou o ego do outro, falando sobre quanto de sexo eles tiveram no fim de
semana, mas a conversa rapidamente ficou séria como eles discutiam sobre
um homem que parecia ser o chefe deles — Benny.
Dei uma olhadela no arquivo que Val tinha me dado enquanto eu digitei,
verificando apenas um vestígio rápido em quantos pontos Benny tinha feito o
jogo da máfia apesar de ser um jogador decente em Las Vegas.
Perguntava-me como San Diego tinha encontrado este caso, eu quis
saber quem estava fazendo as bases em Nevada. Chicago não teve muita
sorte sempre que tivermos que fazer uma ligação para o escritório. Os
jogadores, os criminosos ou a lei, em Vegas mantinham todos muito ocupados.
Sete páginas depois, meus dedos estavam coçando para começar meu
relatório, mas fui até o áudio novamente para verificar com exatidão.
Esta foi minha primeira missão em San Diego, e eu também tinha a
pressão adicional de ser conhecida como uma Agente talentosa nesta área
específica.
O relatório deve ser impressionante — pelo menos na minha cabeça.
O tempo passou rápido por mim. Parecia que só meia hora tinha se
passado antes de Val olhar para mim sobre a repartição curta entre nossos
cubículos, desta vez batendo as unhas na beirada.
16
NCAVC: Centro Nacional para a análise do Crime violento (NCAVC) é um departamento do
FBI. O papel de um NCAVC é coordenar as funções de suporte operacional e investigação,
investigação forense e treinamento a fim de fornecer assistência às agências de aplicação da
lei federal, estaduais, locais e estrangeiros a investigar crimes violentos incomuns ou repetitivos
(crimes em série).
Ela murmurou palavras que eu não podia ouvir, então retirei meus fones
de ouvido.
"Você não esta se tornando uma boa amiga. Esta atrasada para nosso
primeiro almoço," - ela disse.
Não podia dizer se estava brincando ou não.
"Eu só estava... Perdi a noção do tempo. Desculpa.‖
"Desculpa não coloca um cheeseburger gorduroso no meu estomago.
Vamos mexa-se.‖
Eu andei com ela para o elevador, Val apertou o botão do andar. Uma
vez na garagem, segui-a até seu Lexus preto de duas portas, me acomodei
enquanto a assistia apertar o botão Iniciar. O assento e o volante ajustaram-se
às suas especificações.
"Legal", disse. "Você deve receber muito mais do que eu.‖
"É usado. Comprei do meu irmão. Ele é cardiologista. Idiota.‖
Eu ri enquanto ela dirigia para fora da propriedade. Após passar ao lado
do portão de entrada do prédio, ela acenou para a guarda e depois se
encaminhou para a lanchonete mais próxima.
"Não há hambúrgueres no escritório?‖
Ela fez uma careta de desgosto. "Sim, mas Fuzzy‟s Burgers é melhor.‖
"Fuzzy Burguers? Isso não soa nada apetitoso.‖
―Não é Fuzzy Burgers. É Fuzzy‟s Burgers. Confie em mim,‖ – ela disse,
virando à direita. Então, ela virou a esquerda antes de entrar em um
estacionamento numa lanchonete pitoresca com uma placa caseira.
"Val!" - um homem chamou detrás do balcão, assim que entramos. "Val
está aqui!"- ele gritou.
"Val está aqui!" - uma mulher ecoou.
Mal chagamos ao balcão quando o homem jogou um pacote pequeno e
redondo embrulhado em papel branco para a mulher em um imaculado avental
branco e com uma caderneta.
"Bacon com queijo, mostarda e maionese," a mulher disse com um
sorriso.
Val se virou para mim. "Nojento, né?‖
"Eu vou querer o mesmo", - eu disse.
Pegamos nossas bandejas de comida e encontramos uma mesa vazia
no canto, perto da janela.
Eu fechei meus olhos e deixei a luz do sol emanar em minha pele. "É
estranho que o tempo esteja tão bonito, é começo de março.‖
"Não é estranho. É glorioso. A temperatura tem sido maior do que a
média para esta época do ano, mas mesmo quando não é, é perfeito. Todos
seriam mais felizes se o mundo tivesse o clima de San Diego.‖
Val mergulhou seu dourado Curly Fry17
em um copo pequeno de
ketchup. "Experimente as batatas fritas. Meu Deus experimente as batatas
fritas. Elas são tão boas. Desejo-as à noite, às vezes quando estou sozinha,
que é mais frequente do que você imagina.‖
"Eu não imagino nada", disse, mergulhando uma batata no meu próprio
copo pequeno. Colocando em minha boca.
Ela estava certa. Rapidamente peguei outra.
"Por falar nisso, você tem um cara? Ou uma garota? Eu só estou
perguntando.‖
Eu balancei minha cabeça.
"Você? Alguma vez?‖
"Beijou uma garota?‖
Val fez um gesto sarcástico. "Não! Esteve em um relacionamento?‖
"Por quê?‖
"Oh. É complicado. Eu te peguei.‖
"Não é complicado na verdade.‖
"Ouça", Val disse ao mastigar a primeira mordida de seu hambúrguer,
"Eu sou uma grande amiga, mas você vai ter que se abrir mais. Não me
importo em sair com estranhos‖.
"Todo mundo é um estranho no começo", disse, pensando no meu
estranho.
"Não, não na agência.‖
"Por que não vê no meu arquivo?‖
"Não tem graça! Vamos lá. Apenas o básico. Foi transferida para uma
promoção ou pra seguir em frente?‖
17
Curly Fry: Batatas fritas enroladas, cacheadas.
"Ambos.‖
"Perfeito. Continue. Seus pais são um desastre?" - ela tapou a boca
dela. "Oh inferno, não estão mortos, estão?
Eu me contorcia no lugar. "Hum... Não. Tive uma infância normal. Os
meus pais me amam e uns aos outros. Eu sou filha única.‖
Val suspirou. "Graças a Deus. Eu poderia também fazer a próxima
pergunta ofensiva.‖
"Não, eu não sou adotada," Eu sou mestiça. "Lindy é irlandês. Minha
mãe é japonesa.‖
"Seu pai é ruivo?" - ela sorriu.
Eu olhei pra ela. "Você só tem direito a duas perguntas ofensivas no
primeiro dia.‖
"Continue", ela disse.
"Me formei com louvor. Eu estava namorando com um cara. Não deu
certo," - eu disse, me cansado da minha própria história. "Sem drama. Nossa
separação foi apenas tão chata como nosso relacionamento.‖
"Quanto tempo?‖
"Que eu estava com Jackson? Sete anos.‖
"Sete anos. Sem anel?‖
"Mais ou menos", disse, fazendo uma careta.
"Ah. Você está casada com o trabalho. Betty Bureau18
‖.
"Ele estava.‖
Val estufou uma risada. "Você estava namorando um Agente?‖
"Sim. Ele era da SWAT19
‖.
"Ainda pior. Como viveu com ele por tanto tempo? E como ele lidou com
o que vem em segundo lugar por tanto tempo?‖
Dei de ombros. "Ele me amava.‖
"Mas você devolveu o anel. Não o amava?‖
Dei de ombros novamente, dando uma mordida no meu sanduíche.
"O que eu devo saber sobre o escritório?"- eu perguntei.
18
Betty Bureau: Trocadilho para mulher casada com o trabalho.
19
SWAT: É um acrônimo em inglês para Special Weapons And Tactics. Nos Estados Unidos,
SWAT é o nome dado a uma unidade de polícia altamente especializada nos departamentos
das grandes cidades.
Val sorriu. "Mudando de assunto. Clássico. Hmm... O que você precisa
saber sobre o escritório. Não irrite o Maddox. Ele é o Assistente de Agente
Especial no Comando.‖
"Eu ouvi sobre isso," - eu disse, escovando as mãos uma contra a outra
para limpar o sal.
"Todo o caminho até Chicago?‖
Assenti.
"É justificável a fofoca. Ele é um cuzão, gigantesco, enorme. Você vai
ver amanhã de manhã na reunião.‖
"Ele vai estar lá?" - eu perguntei.
Ela assentiu. "Ele vai dizer que você é inútil como uma Agente, mesmo
que você seja a melhor das melhores, só assim ele poderá observar seu
desempenho, quando sua confiança foi esmagada.‖
"Eu posso lidar com isso. O que mais?‖
"Agente Sawyer é um canalha. Fique longe dele. E a Agente Davies uma
vadia. Fique longe dela.‖
"Oh," – eu disse, processando suas palavras. "Não me vejo engatando
em relações entre escritórios após o fiasco que foi o Jackson.‖
Val sorriu. "Tenho conhecimento em primeira mão de ambos, por isso
você deve ficar longe de mim, também.‖
Franzi a testa. "Tem alguém seguro aqui para sair?‖
"Maddox," - ela disse. "Ele tem problemas com a mãe e ele estava infeliz
á um tempo atrás. Ele não olhava para os teus peitos se você piscasse para
ele.‖
"Então, ele odeia as mulheres.‖
"Não," ela disse, olhando perdida em pensamento. "Ele só se afastou
delas. Não quer se machucar novamente, eu imagino.‖
"Não me interessa o que há de errado com ele. Se o que você diz é
verdade, eu definitivamente não quero sair com ele.‖
"Você faz muito bem. Faça seu trabalho e continue com a sua vida.‖
"O trabalho é minha vida", disse.
Val levantou seu queixo, tentando não esconder que ela ficou
impressionada com minha resposta. "Você já é uma de nós. Maddox é um osso
duro de roer, mas ele verá isso em você.‖
"Qual é a história dele?" - eu perguntei.
Ela tomou um gole de água. "Ele estava focado, mas era tolerável
quando eu vim para San Diego um pouco mais de um ano atrás. Como eu
disse, ele foi magoado por uma garota em sua cidade natal — Camille,"- ela
disse o nome, como se fosse veneno em sua boca. "Não sei os detalhes.
Ninguém fala sobre isso.‖
"Esquisito.‖
"O que você acha de uma bebida ou cinco mais tarde?" - ela perguntou,
perdendo o interesse, agora que a conversa não estava centralizada na minha
vida pessoal. "Há um barzinho legal em Midtown.‖
"Eu moro em Midtown," - eu disse, me perguntando se veria meu
vizinho.
Ela sorriu. "Eu também. Muitos de nós moramos. Nós podemos afogar
suas mágoas juntas.‖
"Não tenho mágoas. Apenas memórias. Elas irão embora sozinhas.‖
Os olhos de Val brilhavam novamente de empolgação, eu não estava
curtindo o interrogatório.
Eu não era tão difícil com os amigos. Bem, eu estava sendo, eu tinha
meus limites.
"E você?" - eu perguntei.
"Isso é uma conversa para uma sexta à noite, com muitas bebidas fortes
e música alta. Então, está aqui pra renunciar aos homens? Você está se
achando?" - ela fez as perguntas sem um pingo de seriedade.
Se minhas respostas fossem sim, não o admitiria. Ela claramente estava
esperando para me ridicularizar.
"Se fosse, eu já teria falhado miseravelmente," - eu disse, pensando na
noite anterior.
Val inclinou-se para á frente. "É sério? Você acabou de chegar. Alguém
que conhece? Antigo colega de escola?‖
Eu balancei minha cabeça, sentindo minhas bochechas corarem. As
memórias vieram rapidamente em flashes,
Os olhos verdes-hazel de Thomas, olhando pra mim, de onde ele tinha
se sentado no bar, o som dele me empurrando contra minha porta, como ele
facilmente se deslizou dentro de mim e meus tornozelos no ar, estremecendo
com cada impulso incrível. Eu apertei meus joelhos em reação.
Um sorriso largo se espalhou por todo o rosto de Val. "Uma noite de
sexo casual?‖
"Não que isso seja da sua conta, mas sim.‖
"Um completo estranho?‖
Assenti. "De certa forma. Ele mora no meu prédio, mas eu não sabia
disso até depois de acontecer.‖
Val engasgou e então se encostou contra a sua cadeira de madeira. "Eu
sabia", ela disse.
"Você sabia que?‖
Ela inclinou-se e cruzou os braços, apoiando-os na mesa. "Que vamos
ser grandes amigas‖.
―QUEM DIABOS É LISA?‖ Uma voz alta saltou fora das quatro paredes
da sala do Esquadrão. ―Lisa Lindy.‖
Apenas no meu segundo dia no escritório de San Diego, eu era uma das
dezenas de agentes à espera do começo da primeira reunião. Todos pareciam
nervosos antes da explosão, mas agora, todos eles pareceram relaxar.
Eu olhei nos olhos do jovem Assistente de Agente Especial no Comando
e quase engoli minha língua. Era ele – minha noite de sexo casual, os lábios
que eu senti falta, meu vizinho.
Pânico e bile subiram instantaneamente na minha garganta, mas eu o
engoli.
―É Liis,‖ disse Val. ―Como geese20
, mas com um L, senhor.‖
Meu coração estava batendo contra o meu peito. Ele estava esperando
por alguém para vir para frente. A vida estava indo para ir de novo começo
para complicado em três, dois...
―Eu sou Liis Lindy, senhor. Há um problema?‖
Quando nossos olhos se encontraram, ele fez uma pausa, e horror
absoluto passou por mim em ondas. Reconhecimento iluminou seu rosto,
também, e por apenas um momento, ele empalideceu. O caso de uma noite
sem amarras estava agora tão emaranhado que eu queria me enforcar.
Ele rapidamente se recuperou. O que quer que tenha o feito ficar com
tanta raiva se derreteu por um momento, mas depois seu rosto se apertou, e
ele estava de volta a odiar tudo.
A reputação feroz do Agente Especial Maddox o havia precedido.
Agentes de todo o país sabiam de sua rédea curta e expectativas impossíveis.
Eu estava preparada para sofrer sob sua supervisão. Eu não estava preparada
para fazê-lo depois de realmente estar debaixo dele.
Maldição, maldição, maldição.
20
Geese = ganso. Lê-se g(I)zi. Liis lê-se l(I)s e não Lisa como Maddox a chama. A pronuncia
de geese e Liis são as mesmas com exceção do L como Val o alertou.
Ele piscou e, em seguida, estendeu o arquivo. "O FD-302 está
inaceitável. Eu não sei como você fazia as coisas em Chicago, mas em San
Diego, nós não jogamos apenas merda no papel e chamamos isso de bom."
Sua dura crítica e bastante pública me fez estalar fora minha espiral de
vergonha e de volta para o papel de Betty Bureau.
―O relatório esta perfeito,‖ eu disse com confiança.
Apesar da minha raiva, a minha mente brincou com as lembranças da
noite anterior - como o corpo do meu chefe tinha parecido sob esse terno, á
maneira como seus bíceps tinham flexionado quando ele estocou dentro de
mim, quão bom seus lábios tinha sentido nos meus. A gravidade da
tempestade de merda que eu tinha criado para mim mesma me atingiu. Eu não
tinha ideia de como eu poderia formar uma frase, muito menos soar confiante.
―Senhor,‖ Val começou, ―Eu ficaria feliz em dar uma olhada no relatório
e...‖.
―Agente Taber?‖ Maddox disse.
Eu meio que esperava ela dizer, Cai fora.
―Sim, senhor?‖
―Eu sou perfeitamente capaz de discernir se eu vou aceitar um relatório
ou não.‖
―Sim, senhor,‖ ela disse novamente, imperturbável, entrelaçando os
dedos sobre a mesa.
―Você é capaz de realizar o trabalho que lhe foi atribuído, Agente Lindy?‖
Maddox perguntou.
Eu não gostei do jeito que ele disse meu nome como se ele tivesse
deixado um gosto ruim em sua boca.
―Sim, senhor.‖ Foi tão malditamente bizarro chamá-lo de senhor. Isso me
fez sentir muito submissa. O sangue do meu pai se enfureceu em minhas
veias.
―Então. Faça-o.‖
Eu queria estar em San Diego, mesmo que isso me colocasse
diretamente na mira de um renomado idiota de um ASAC como Maddox. Foi
melhor do que estar em Chicago, tendo a mesma conversa de sete anos de
duração com Jackson Schultz. Esse nome definitivamente deixou um gosto
ruim na minha boca.
Ainda assim, eu não pude parar a mim mesma de o que eu estava
prestes a dizer. "Eu ficaria feliz, senhor, se você me deixar."
Eu tinha certeza que eu ouvi talvez um ou dois suspiros quase
inaudíveis na sala. Os olhos do Agente Maddox tremularam. Ele deu um passo
em minha direção. Ele era alto e nada menos do que ameaçador, mesmo em
um terno. Embora ele fosse mais que trinta centímetros mais alto do que eu e
rumores de ser letal com uma arma e com os punhos, o meu lado irlandês me
atraiu para estreitar os olhos e levantar minha cabeça, desafiando meu superior
para dar mais um passo, mesmo no meu primeiro dia.
―Senhor,‖ outro Agente diz, solicitando a atenção do Maddox.
Maddox virou-se, permitindo o homem sussurrar em seu ouvido.
Val se inclinou, falando tão tranquila que ela quase respirou as palavras:
"Esse é o Marks. Ele é o mais próximo do Maddox aqui."
Maddox teve que se inclinar para baixo porque Marks não era muito
mais alto do que eu, mas ele tinha ombros largos e parecia quase tão perigoso
quanto o ASAC.
Maddox balançou a cabeça, e então seus olhos castanhos frios
deslizaram sobre todos na sala.
―Nós tivemos algumas pistas com Abernathy. Marks vai se reunir com o
Agente de contato em Vegas esta noite. Taber, onde estamos com o cara de
Benny, Arturo?‖
Val começou a dar o seu relatório justamente quando Maddox joga meu
FD-302 sobre a mesa.
Ele a deixou terminar, e então ele olhou para mim. "Envie-me uma coisa,
quando você tiver alguma inteligência real. Eu lhe trouxe ao Esquadrão com
base na recomendação de Carter. Não faça dele um idiota.‖
"Agente Carter não concede seus elogios facilmente,‖ digo, sem achar
graça. ―Eu levo isso muito a sério.‖
Maddox arqueou uma sobrancelha, esperando.
―Senhor. Eu levo muito á sério a sua recomendação, senhor.‖
―Então, me de algo que eu possa usar até o fim do dia.‖
―Sim, senhor,‖ disse por entre os dentes.
Todo mundo se levantou e dispersou, e eu arranquei o meu relatório da
mesa, encarando o Maddox, e ele deixou a sala com o Agente Marks atrás
dele.
Alguém me entregou um copo de isopor cheio de água, e eu o peguei
antes de me arrastar para a minha mesa e cair menos do que graciosamente
em minha cadeira.
―Obrigada, Agente Taber.‖
―Cai fora,‖ ela disse. ―E você está frita. Ele te odeia.‖
―O sentimento é mútuo,‖ eu disse antes de tomar outro pequeno gole.
―Este é apenas um pit stop21
. Meu jogo final é me tornar uma analista em
Quântico.‖
Val puxou para trás seus longos cabelos ruivos, torcendo e envolvendo-
os em um coque baixo, na base do pescoço. Meus cabelos tristes finos
estavam repletos de ciúmes enquanto Val lutou com quatro grampos para
manter o peso do seu cabelo de puxar o coque fora do lugar. Sua franja de
lado foi puxada pela testa e enfiada atrás da orelha esquerda.
Val parecia jovem, mas ela não parecia inexperiente. No dia anterior, ela
havia mencionado vários casos fechados que ela já tinha em seu currículo.
―Eu disse que San Diego era temporário também, e aqui estou eu,
quatro anos mais tarde.‖
Ela me seguiu até a parede com o cantinho do café e a Keurig22
.
21
Pit Stop = Ponto de Parada. Liis se refere a estar nesse Bureau em San Diego como uma
parada antes de ir para o Bureau em Quântico - Washington, onde fica a sede do FBI.
22
Marca de maquina de café.
Esquadrão Cinco estava de volta à rotina, digitando em seus
computadores ou falando ao telefone. Quando minha caneca estava cheia, eu
agarrei pacotes de açúcar e creme e depois voltei para a minha cadeira preta
de costas alta. Tentei não comparar tudo com o meu cubículo em Chicago,
mas San Diego tinha tido novos escritórios construídos apenas dois anos
antes. Em certas áreas, eu ainda podia sentir o cheiro de tinta fresca. Chicago
era bem gasto. Tinha sido minha casa por seis anos e meio antes de eu ser
transferida. Minha cadeira lá estava praticamente moldada ao meu traseiro, os
arquivos na minha mesa organizados do jeito que eu queria, as paredes dos
cubículos entre os Agentes eram altas o suficiente para, pelo menos ter um
pouco de privacidade, e o ASAC não tinha me rasgado em pedaços na frente
de todo o Esquadrão no meu segundo dia.
Val me assistiu colocar a caneca fumegante na minha mesa e, em
seguida sentou-se em sua cadeira.
Toquei o pacote de creme, franzindo a testa.
"Eu não tenho mais creme para colocar no café, mas eu tenho um pouco
de leite na geladeira." ela disse com um toque de simpatia em sua voz.
Fiz uma careta. ―Não, eu odeio leite.‖
As sobrancelhas de Val subiram, e então seus olhos caíram no chão,
surpreso com o meu tom. ―Ok, então. Você não é fã de leite. Não vou perguntar
novamente.‖
―Não. Eu odeio leite - como, minha alma odeia leite.‖
Val riu. ―Bem então, não vou cometer esse engano.‖ Ela olhou para a
minha mesa vazia, desprovida de fotos de família ou mesmo de um porta-
canetas. ―O cara que costumava estar, neste cubículo... Seu nome era Trex.‖
―Trex?‖ Perguntei.
―Scottie Trexler. Deus, ele era bonito. Ele foi transferido para fora,
também - todo o caminho para fora. Acho que ele está com uma agência
diferente agora.‖ Ela suspirou, seus olhos viam algo que eu não podia. ―Eu
gostava dele.‖
―Sinto muito,‖ eu disse não muito certa do que mais poderia dizer.
Ela deu de ombros. ―Aprendi a não me apegar por aqui. Maddox está no
controle, e não são muitos os Agentes que conseguem aguentar.‖
―Ele não me assusta,‖ disse.
―Eu não vou dizer a ele que você disse isso, ou ele realmente não vai
ficar fora do seu rabo.‖
Senti meu rosto ficar quente, o suficiente para que Val notasse e ela
estreitou os olhos.
―Você está corando.‖
―Não, não estou.‖
―E agora, você está mentindo.‖
―É o café.‖
Val olhou fixamente no fundo dos meus olhos. ―Você nem mesmo tomou
um gole. Algo que eu disse envergonhou você. Maddox... Rabo...‖
Eu me mexi sob seu olhar intenso.
―Você mora em Midtown.‖
―Não.‖ Disse, sacudindo minha cabeça. Eu não estava negando a minha
residência, mas é que eu sabia que ela iria descobrir logo. Droga, ter amigos
que são Agentes do FBI para viver.
―Maddox é o seu vizinho, não é?‖
Eu balancei a cabeça, mais rápido, olhando ao redor. ―Val, não... Pare.‖
―Foda. Você esta brincando. Maddox é a sua transa de uma noite!‖ Ela
assobiou, felizmente mantendo sua voz em um sussurro.
Cobri meu rosto e, em seguida, deixei minha testa cair na minha mesa.
Eu podia ouvi-la inclinando-se sobre o cubículo.
―Oh meu Deus, Liis. Você morreu quando o viu? Como você pôde não
saber? Como é que ele não sabia? Ele contratou você, pelo amor de Deus!‖
"Não sei", eu disse, balançando minha cabeça de um lado para o outro,
meus dedos forçaram a borda da minha mesa. Sentei-me, puxando para baixo
a pele fina sob minhas pálpebras, como eu fiz isso. "Estou fodida, não é?"
―Pelo menos uma vez, que eu saiba.‖ Val se levantou, seu distintivo sacudiu
quando o fez. Ela sorriu pra mim, deslizando seus dedos longos finos em seus
bolsos.
Olhei pra ela, desesperada. ―Só me mate agora. Tire-me da minha
miséria. Você tem uma arma. Você pode fazê-lo.‖
―Por que eu faria isso? Esta é a melhor coisa que aconteceu para este
Esquadrão em anos. Maddox transou.‖
‗Você não vai contar pra ninguém, certo? Me prometa.‖
Val fez uma careta. ―Nós somos amigas. Eu não faria isso.‖
―Isso mesmo. Somos amigas.‖
Ela esticou o pescoço para mim ―Por que você está falando comigo
como se eu fosse um doente mental?‖
Eu pisquei e balancei a cabeça. "Desculpe-me. Eu possivelmente estou
tendo o pior dia da minha.‖
―Bem, você esta gostosa.‖ Ela se afastou.
―Obrigada,‖ digo a mim mesma enquanto examino a sala.
Ninguém tinha ouvido nossa discussão, mas ainda sentia como se o
segredo tivesse sido revelado. Afundei na minha cadeira e coloquei meus fones
de ouvido enquanto Val deixava a sala do Esquadrão seguindo para as portas
de segurança que levavam para o corredor.
Cobri minha boca por um momento e suspirei, sentindo-me perdida.
Como eu poderia ter atrapalhado o meu recomeço tão completamente antes
mesmo de começar?
Não só tinha eu transado com o meu chefe, mas se os outros Agentes
também descobrissem, poderia pôr em risco quaisquer chances que eu teria
em promoções, enquanto estivesse sob a supervisão do Maddox. Se ele tinha
alguma integridade com tudo isso, ele iria passar continuamente por mim com
medo de que a verdade saísse. A promoção ficaria mal para nós dois - não que
isso me importasse. Maddox tinha feito um ponto para que todos soubessem
que ele não estava impressionado com o meu trabalho - um relatório que eu
tinha dado cem por cento, e meu melhor era malditamente bom.
Olhei por cima da transcrição e balancei a cabeça. A tradução estava
certa. O relatório era detalhado. Eu pairava o mouse sobre a seta virada para a
direita e cliquei nele, tocando o áudio novamente.
Quanto mais tempo os dois homens italianos zombavam sobre um
trabalho e a prostituta que um deles tinha tido relações na noite anterior, mais
minhas bochechas ficavam vermelhas de raiva. Eu tinha orgulho dos meus
relatórios. Era o meu primeiro trabalho no escritório de campo de San Diego, e
Maddox gritando comigo na frente de todos tinha sido apenas um mau hábito.
Então, eu pensei sobre o almoço com a Val no dia anterior e os avisos
que ela tinha me dado sobre o Maddox.
“Ele irá dizer-lhe que você é inútil como uma Agente, mesmo que você
seja a melhor das melhores, apenas para que ele possa observar o seu
desempenho quando a sua confiança foi esmagada.”
Eu arranquei os fones de ouvido da minha cabeça e segurei o relatório
em minhas mãos. Apressei-me em direção ao escritório ASAC no outro
extremo da sala do Esquadrão.
Fiz uma pausa ao ver a linda mulher que servia como um ponto de
verificação antes que se pudesse entrar no interior do escritório de Maddox. A
placa de identificação em sua mesa lia-se, CONSTANCE ASHLEY, um nome
que lhe convinha com seu cabelo branco-loiro caindo em ondas suaves, em
cascata um pouco sobre os ombros, quase igualando sua pele de porcelana.
Ela olhou para mim sob seus espessos cílios, ela praticamente piscou os olhos
para mim.
―Agente Lindy,‖ ela disse com apenas uma pitada de um sotaque do sul.
As bochechas rosadas de Constance, a elegância, e personalidade de menina
do interior, eram todas, um truque. Seus olhos azuis de aço a traiam.
―Senhorita Ashley,‖ disse acenando.
Ela ofereceu um sorriso doce. ―Apenas Constance.‖
―Apenas Liis.‖ Eu tentei não soar tão impaciente quanto eu me sentia.
Ela era agradável, mas eu estava um pouco ansiosa para falar com o Maddox.
Ela tocou o pequeno aparelho em seu ouvido e depois assentiu. ―Agente
Lindy, eu temo que o Agente Especial Maddox esteja longe de seu escritório.
Posso marcar uma hora?‖
―Onde ele está?‖ Pergunto.
―Isso é confidencial,‖ ela disse com um doce sorriso inabalável.
Dei um peteleco no meu crachá. ―Felizmente, eu tenho passe livre para
coisas super secretas.‖
Constance não achou graça.
―Eu preciso falar com ele,‖ disse, tentando não implorar. ―Ele está
esperando o meu relatório.‖
Ela tocou o pequeno dispositivo de plástico de novo e assentiu. ―Ele vai
voltar depois do almoço.‖
―Obrigada,‖ disse girando em meus calcanhares e voltando do mesmo
jeito que eu vim.
Em vez de me retirar para o meu cubículo, eu fui para o corredor e
vasculhei até que eu encontrei Val. Ela estava no escritório do Agente Marks.
―Posso falar com você um minuto?‖ Perguntei.
Ela olhou pra Marks e depois se levantou. ―Claro.‖
Ela fechou a porta atrás dela, mordendo seu lábio.
―Desculpe interromper.‖
Ela fez uma careta. ―Ele tem me perseguido por seis meses. Agora que
Trex está fora do caminho, ele está sob o equivoco de que ele tem uma
chance.‖
Meu rosto se comprimiu. ―Será que eu me transferi para um bar de
solteiros?‖ Balancei a cabeça. ―Não responda a isso. Preciso de um favor.‖
―Já?‖
―Onde o Maddox frequenta na hora do almoço?‖
―Na academia. Ele está lá todos os dias a esta hora.‖
―Está certo. Você já mencionou sobre isso. Obrigada,‖ eu disse.
Ela me chamou, ―Ele odeia ser interrompido! Como, sua alma odeia ser
interrompida!‖
―Ele odeia tudo,‖ resmunguei sob a minha respiração, pressionando o
botão do elevador.
Desci dois níveis e, em seguida, tomei a passarela para os escritórios do
lado oeste.
O escritório de San Diego, recentemente foi construído composto por
três edifícios de grande porte, e, provavelmente, vai ser um labirinto para mim
por uma ou duas semanas, pelo menos. Foi um golpe de sorte que Val tinha
me mostrado o caminho para a academia no dia anterior.
Quanto mais perto eu chegava da academia, mais rápido eu andava. Eu
segurei meu crachá contra o quadrado preto que se projeta da parede. Depois
de um sinal sonoro e o som da abertura da fechadura, eu abri a porta para ver
os pés do Maddox balançando no ar, com o rosto vermelho e brilhante de suor,
enquanto ele balançava rapidamente em uma barra de flexões. Ele mal notou
minha presença, ainda prosseguindo com o seu exercício.
―Nós precisamos conversar,‖ eu disse, segurando o meu relatório, que
estava agora amassado com o meu aperto. Isso me deixou ainda mais irritada.
Ele soltou a barra, seu tênis aterrissou no chão com um baque. Estava
respirando com dificuldade, ele usou a gola de sua camiseta do FBI cinza claro
para enxugar o suor pingando do rosto. A bainha inferior subiu, revelando
apenas um pedaço do seu perfeito abdômen na parte inferior e um lado do V
que eu tinha fantasiado pelo menos uma dúzia de vezes desde a primeira vez
que eu o vi.
Sua resposta me trouxe de volta ao presente. ―Fora daqui.‖
―Isso é para todos os funcionários da Agência, não é?‖
―Não entre onze e meio-dia.‖
―Quem disse?‖
―Eu.‖ Seu maxilar deslizou debaixo de sua pele, e então ele olhou para
os papéis na minha mão. ―Você refez o FD-302?‖
―Não.‖
―Não?‖
―Não,‖ eu fervi. ―A transcrição e a tradução estão precisas, e o FD-302,
como eu já disse, está perfeito.‖
―Você esta incorreta,‖ ele disse, olhando para mim.
Por trás da irritação havia outra coisa, embora eu não conseguisse
decifrá-la.
―Pode me explicar o que está faltando?‖ Perguntei.
Maddox se afastou de mim, o tecido sob ambos os braços e a parte
inferior das costas estava escuro com a transpiração.
―Desculpe-me, senhor, mas eu fiz uma pergunta.‖
Ele virou ao redor. ―Você não vem até mim, fazendo perguntas. Você
recebe ordens e eu te disse para modificar esse relatório para a minha
satisfação.‖
―Como exatamente você gostaria que eu fizesse isso, senhor?‖
Ele riu uma vez, sem achar graça. ―Será que o seu superior fazia o seu
trabalho para você em Chicago? Porque em...‖
―Eu estou em San Diego. Eu sei.‖
Ele estreitou os olhos. ―Você é insubordinada, Agente Lindy? É por isso
que você foi enviada pra cá - para estar sob meu comando?‖
―Você me solicitou, lembra?―
Sua expressão ainda era uma que eu não conseguia ler, e isso estava
me deixando com raiva.
―Eu não solicitei você,‖ ele disse. ―Eu solicitei a melhor especialista em
linguagem que nós tínhamos.‖
―Que seria eu, senhor.‖
―Perdoe-me, Agente Lindy, mas depois de ler aquele relatório, estou
tendo dificuldade em acreditar que você é tão boa como você pensa que é.‖
―Eu não posso te dar uma informação que não está lá. Talvez você
devesse me dizer o que você quer ouvir daquela perícia.‖
―Você está sugerindo que eu estou pedindo pra você mentir no
relatório?‖
―Não, senhor. Estou sugerindo que você me diga o que você espera de
mim.‖
―Eu quero que você faça o seu trabalho.‖
Cerrei meus dentes, tentando manter o meu lado irlandês de me fazer
ser demitida. ―Gostaria muito de realizar minhas responsabilidades, senhor, e
fazê-lo a sua satisfação. O que sobre o meu relatório você acha insuficiente?‖
―Todo ele.‖
―Isso é de pouca ajuda.‖
―Que pena.‖ Ele disse em um tom presunçoso, se afastando de novo.
Minha paciência tinha acabado. ―Como diabos você conseguiu ser
promovido para ASAC?‖
Ele parou e girou nos calcanhares, inclinando-se um pouco, parecendo
incrédulo. ―O que você disse?‖
―Perdoe-me, senhor, mas você me escutou.‖
―Este é seu segundo dia Agente Lindy. Você pensa que pode...―
―E pode bem ser o ultimo, depois disto, mas eu estou aqui para faz um
trabalho, e você esta no meu caminho.‖
Maddox me olhou por um longo tempo. ―Você acha que pode fazer
melhor?‖
―Pode ter a maldita certeza que eu poderia.‖
―Ótimo. Você agora é a supervisora do Esquadrão Cinco. Dê o seu
relatório para Constance digitalizar e, em seguida coloque suas merdas no seu
escritório.‖
Meus olhos dançaram ao redor da sala, tentando processar o que tinha
acontecido. Ele tinha acabado de me dar á promoção que eu pensava que
levaria pelo menos mais quatro anos.
Maddox se afastou de mim e empurrou a porta para o vestiário
masculino. Eu estava respirando com dificuldade, talvez com mais dificuldade
do que ele estava depois do seu treino.
Eu me virei, vendo uma dúzia de pessoas em pé na porta de vidro. Eles
se enrijeceram e se afastaram quando perceberam que tinham sido
apanhados. Abri a porta e caminhei de volta pelo corredor e através da
passarela em transe.
Lembrei-me de ver uma caixa vazia ao lado da cafeteira, então eu a
peguei e a coloquei em cima da minha mesa, enchendo-a com o meu laptop,
arma, e os poucos arquivos que eu tinha em minhas gavetas.
―Foi tão ruim assim, não foi?‖ Val disse, com uma genuína preocupação
em sua voz.
―Não,‖ eu disse ainda em transe. ―Ele me promoveu a supervisora do
Esquadrão.‖
―Desculpe-me.‖ Ela riu. ―Eu pensei que você disse que é a supervisora.‖
Eu olhei pra ela. ―Eu disse.‖
Suas sobrancelhas se ergueram. ―Ele olha pra você com mais ódio do
que ele olha o Agente Sawyer, e que não é pouca coisa. Você está me dizendo
que o enfrentou uma vez e ele te deu uma promoção?‖
Olhei ao redor da sala, tentando pensar em uma razão plausível
também.
Val deu de ombros. ―Ele ficou louco, perdeu o juízo.‖ Ela apontou pra
mim. ―Se eu soubesse que ser insubordinada e fazer algo tão tabu como dizer
a outro Agente como executar um caso significava uma promoção, eu teria lhe
dito poucas e boas a muito tempo atrás.‖
Respirei fundo e peguei a caixa antes de entrar no escritório vazio do
supervisor. Val veio atrás de mim.
―Este está vazio desde a promoção do Maddox para ASAC. Ele é um
dos mais jovens ASAC‘s na Bureau. Você sabia disso?‖
Balancei minha cabeça enquanto eu colocava a caixa na minha nova
mesa.
―Se alguém pode se safar dessa, é o Maddox. Ele é tão próximo do rabo
do diretor que aposto que ele vai se tornar S.A.C23
cedo, também.‖
―Ele conhece o diretor?‖ Perguntei.
Val riu uma vez. ―Ele tem jantares com o diretor. Ele passou o dia de
Ação de Graças na casa do diretor no ano passado. Ele é o favorito do diretor,
e eu não quero dizer fora do escritório de San Diego, ou até mesmo fora dos
escritórios na Califórnia. Quero dizer, no Bureau. Thomas Maddox é o menino
de ouro. Ele pode ter o que quiser, e ele sabe disso. Todo mundo sabe.‖
Fiz uma careta. ―Será que ele não tem família? Por que ele não foi para
casa no dia de Ação de Graças?‖
―Algo haver com a ex, ou eu ouvi dizer.‖
―Como é que socializar com o diretor pode acontecer para alguém como
Maddox? Ele tem a personalidade de um texugo.‖
―Talvez. Mas ele é leal àqueles que estão em seu círculo, e eles são
leais a ele. Então, cuidado com o que diz sobre ele e pra quem. Você poderia ir
de promoção surpresa para uma transferência surpresa.‖
Isso me fez hesitar. ―Eu só, uh... Vou me estabelecer.‖
Val caminhou em direção ao corredor, parando na porta. ―Bebidas hoje à
noite?‖
―De novo? Eu pensei que você disse que eu deveria ficar longe de
você?‖
Ela sorriu. ―Não me de ouvidos. Sou conhecida por dar conselhos
horríveis.‖
Eu apertei os lábios, tentando reprimir um sorriso.
Mesmo com a minha mancada monumental, talvez aqui não fosse tão
ruim depois de tudo.
23
Special Agent in Charge : Agente Especial Encarregado.
"OLHA QUEM ESTÁ AÍ," disse Anthony, colocando um par de
guardanapos na frente de dois bancos vazios.
"Obrigada pelo aviso na outra noite," eu disse. "Você poderia ter me dito
que eu estava saindo com o meu chefe."
Val soltou uma risada. "Você a deixou sair daqui com ele? Nem mesmo
uma dica? Isso é maldade."
Anthony puxou sua boca para o lado. "Ele não era o seu chefe... Ainda.
Além disso, eu não sabia de nada do que ia acontecer.‖
Estreitei meus olhos. "Mas você sabia que ele seria, e você perdeu a
aposta.".
Anthony estava chocado. "Maddox? Oh, não, querida, você deve ter
alucinado."
"Não fique tão chocado" eu disse. "É indelicado."
"Não é que... É só..." Anthony olhou para Val. "Só tenho o visto
dispensar várias mulheres. Foi uma grande surpresa quando ele pediu para
você sair com ele.‖
Val balançou a cabeça e riu. "Eu te disse. Ele renunciou as mulheres. "
"Bem, Santo Thomas quebrou seu juramento," eu disse.
Anthony apontou seus dedos, girando pequenos círculos invisíveis no ar.
"Você deve ter feito um voodoo em sua hoohoo."
Val gargalhou
"Talvez eu tenha!" Eu disse, fingindo insulto.
Anthony parecia arrependido de um jeito meio não atire em mim. "Você
está certa. Eu deveria ter lhe dado um aviso. Primeira rodada é por minha
conta. Amigos?"
"Já é um começo" eu disse, me sentando.
"Oh," Anthony disse, olhando para Val, "Ela é briguenta."
"Espere até o Maddox descobrir que você sabia que ela era uma
Agente."
Anthony colocou sua mão no peito, parecendo verdadeiramente
preocupado. "Pelo amor de Deus, você não vai falar pra ele, não é?"
"Talvez" eu disse, mordendo minha unha. "É melhor você ficar ao meu
lado a partir de agora."
"Juro" disse Anthony, levantando três dedos.
"Para com essa merda. Você nunca foi um escoteiro" disse Val.
"Hey," uma voz masculina disse antes de se abaixar para beijar o rosto
de Val e sentar no banco vazio ao lado dela.
"Hey, Marks. Você conhece a Lindy."
Marks se inclinou para frente, deu uma olhada para mim, e então se
inclinou para trás. "Sim."
Val fez uma careta. "Qual o problema?" Ele estava focado na grande
televisão em cima de nós, e quando ele não respondeu, ela deu um tapa em
seu braço. "Joel! Qual é a do babaca?"
"O que o... Por que me bateu?" ele disse, esfregando o braço. "Eu
acabei de escolher manter distância de problemas."
Revirei meus olhos e olhei para Anthony.
"O de sempre?" Anthony perguntou.
Assenti.
"Você já tem o de sempre?" Val disse. "Quantas vezes você vem aqui?"
Eu suspirei. "Esta é só a minha terceira vez."
"Em poucos dias," Anthony adicionou. Ele colocou um Manhattan em
cima do guardanapo na minha frente.
"Você vai falar comigo desta vez?"
"Você tem sorte de que eu estou falando com você agora," Eu disse.
Anthony assentiu, admitindo e depois olhou para Val "Se ela tivesse
pedido apenas uma bebida, eu ainda teria me lembrado. De quem você acha
que é esse bar?"
Val levantou uma sobrancelha. "Este bar não é seu, Anthony."
"Este bar é meu", ele disse, colocando um pequeno copo na frente dela.
"Você vê alguém mais gerenciar esta merda?" Ele acenou ao redor dele.
"Okay".
Val riu, e Anthony pegou o pedido de Marks. Eu costumava fazer mais
brincadeiras, mais piadas. Gostei da inteligência afiada e do sarcasmo em suas
brincadeiras, sem mágoas, sem seriedade. Depois de um dia no escritório, foi
refrescante.
O sino da porta tocou, e um relance rápido se transformou em um longo
olhar enquanto Maddox se encaminhou para o banquinho ao lado de Marks. Os
olhos do Maddox encontraram os meus por uma fração de segundo, e então
ele cumprimentou seu amigo. Antes de Maddox sentar-se em seu assento e
afrouxar a gravata, Anthony já tinha colocado uma garrafa de cerveja no balcão
na frente dele.
"Relaxe", Val sussurrou. "Ele não vai ficar muito tempo. Talvez uma
bebida."
"Estou feliz de nunca ter tentado trabalhar disfarçada. Eu estou
começando a achar que meus pensamentos e sentimentos são cercados por
paredes de vidro e legendados caso não esteja sendo suficientemente óbvia."
Val me ajudou a continuar uma conversa semi normal, mas em seguida
Maddox pediu outra bebida.
Val torceu a boca. "Isso não é normal."
Eu tentei lembrar-me se ele bebeu mais de uma na primeira vez que nos
encontramos.
"Inferno", eu sussurrei, "Deveria ir para casa de qualquer maneira."
Fiz um gesto para Anthony fechar minha conta, e Marks inclinou-se.
"Está indo embora?" ele perguntou.
Eu simplesmente acenei com a cabeça.
Ele parecia irritado com o meu silêncio. "Você não fala mais?"
"Apenas tentando te ajudar a ficar longe de problemas." Eu assinei a
pequena tira de papel para Anthony, deixando para trás uma gorjeta que cobria
todas as três noites, então, eu coloquei a alça da minha bolsa no meu braço.
O ar da noite implorou-me para dar um passeio em uma direção
diferente ao do meu apartamento, mas eu contornei a esquina e atravessei a
rua, subi o alpendre do meu prédio. Uma vez lá dentro, meus saltos clicavam
contra o chão até que parei diante do elevador.
A porta de entrada se abriu e fechou, Maddox diminuiu os passos
quando ele me viu.
"Subindo?" ele perguntou.
Olhei pra ele com uma expressão vazia, e ele olhou ao redor, como se
estivesse perdido, ou talvez não acreditasse que tivesse dito algo tão estúpido.
Estávamos no piso térreo.
As portas se abriram com um som alegre, eu entrei. Maddox me seguiu.
Apertei os botões para os quinto e sexto andares, incapaz de esquecer-me que
Maddox morava diretamente acima de mim.
"Obrigado," ele disse.
Eu notei sua tentativa de suavizar a voz rude de eu sou-o-chefe.
Enquanto o elevador subia os cinco andares, a tensão entre mim e meu
supervisor ia aumentando, assim como os números iluminados acima da porta.
Finalmente, quando chegamos ao meu andar, sai e soltei a respiração
que estava prendendo. Virei-me para acenar para Maddox, e antes das portas
deslizarem se fechando, ele saiu.
Logo que seus pés tocaram o carpete do quinto andar, ele pareceu se
arrepender.
"Não é seu o seu andar —"
"O andar acima. Sim." ele disse. Ele olhou para minha porta e engoliu.
Ao ver a tinta azul arranhada na minha porta, eu me perguntei se as
memórias vieram mais rápidas e mais difíceis para ele como elas vieram pra
mim.
"Liis..." Ele fez uma pausa, parecendo escolher suas palavras com
cuidado. Ele suspirou. "Eu te devo um pedido de desculpas pela primeira noite
que nos conhecemos. Se eu soubesse... Se eu tivesse feito o meu trabalho e
revisado completamente seu arquivo, nenhum de nós estaria nesta posição."
"Eu sou bem grandinha, Maddox. Eu posso arcar com a
responsabilidade tão bem como você pode."
"Eu não te dei a promoção por causa daquela noite."
"Eu certamente espero que não."
"Você sabe bem que seu relatório foi excepcional, e você tem muito mais
coragem que a maioria dos homens em nossa unidade. Ninguém me enfrentou
da mesma maneira que você. Preciso de um Agente assim como supervisor."
"Você me questionou na frente de todos só para ver se eu iria enfrentá-
lo?" Eu perguntei irritada e incerta.
Ele pensou sobre isso, e então ele colocou as mãos nos bolsos e deu de
ombros. "Sim".
"Você é um idiota."
"Eu sei".
Meu olhar caiu involuntariamente em seus lábios. Eu estava perdida por
um momento nas memórias e no quão incrível eu me senti quando ele me
segurou. "Agora que já sabemos disso, eu acho que começamos com o pé
errado. Não precisamos ser inimigos. Trabalhamos juntos, e acho que o melhor
para o interesse do Esquadrão é ser cordial."
"Acho que, dada a nossa história, tentar sermos amigos seria uma ideia
particularmente ruim."
"Amigos, não" Eu disse rapidamente. "Um respeito mútuo — como
colegas."
"Colegas", ele disse com uma expressão sarcátisca.
"Profissionais", eu disse. "Você não concorda?"
"Agente Lindy, eu só queria esclarecer que o que aconteceu entre nós
foi um erro, e embora possivelmente, foi uma das melhores noites que tive
desde que estou em San Diego... Nós... Nós não podemos cometer esse erro
novamente."
"Estou ciente", eu simplesmente disse. Estava sendo muito dificil ignorar
seu comentário sobre ter sido uma ótima noite, porque tinha sido uma ótima
noite, mais do que ótima e eu nunca a teria novamente.
"Obrigado," ele disse aliviado. "Eu não queria adiar esta conversa."
Eu olhei para todos os lugares menos para Maddox. Tirei as chaves da
minha bolsa. "Tenha uma boa noite, senhor."
"Apenas... Maddox esta bem quando não estamos no escritório.
Ou...Thom, Maddox está bem. "
"Boa noite", eu disse, colocando a chave na fechadura e virando-a.
Eu fechei a porta, e vi Maddox virar-se para as escadas com uma
expressão de raiva. Meu sofá continuava sendo mantido como refém, rodeado
de caixas de papelão. As paredes brancas com cortinas faziam-me sentir
desconfortavelmente fria, mesmo com a temperatura amena do lado de fora.
Eu fui direto para o quarto e cai de costas na cama, olhando para o teto.
O dia seguinte seria longo, organizaria meu escritório e descobriria onde
estávamos no caso de Las Vegas. Eu teria que desenvolver meu próprio
sistema para rastrear o progresso de todos, analisando onde eles estão na
atribuição atual e no que eles estarão trabalhando em seguida. Este seria meu
primeiro trabalho como supervisora e eu estava trabalhando com um ASAC
que esperava perfeição.
Eu suspirei.
No canto do teto tinha uma mancha de água pequena, eu me perguntei
se Maddox alguma vez tinha deixado sua banheira transbordar ou se houve
apenas um vazamento em algum lugar nas paredes. Ouvi um barulho fraco
filtrado através do encamento que separava nossos apartamentos. Ele estava
lá em cima, provavelmente entrando no chuveiro, o que significava que ele
estava sem roupas.
Droga.
Eu o conheci como algo diferente de meu chefe, e agora era difícil não
me lembrar do homem inebriante que conheci no bar, o homem que pertencia
aos pares de lábios que eu tinha lamentado antes mesmo de ele ter deixado a
minha cama.
Raiva e ódio eram as únicas maneiras como eu ia passar o meu tempo
em San Diego. Eu teria que aprender a odiar Thomas Maddox, e tive a
sensação que ele não ia fazer isso ser difícil para mim.
As prateleiras estavam vazias, mas livre de poeira. Um espaço maior do
que eu poderia desejar para preencher, o escritório do supervisor era tudo pelo
o que eu tinha me esforçado, e ao mesmo tempo o próximo passo que senti
quebrando o degrau na minha escalada até o topo da Agência.
O que para uma pessoa normal possa parecer uma bagunça de fotos,
mapas e cópias Xerox, era a minha maneira de manter o foco em qual Agente
foi atribuído e a sua tarefa, qual seria o mais promissor, e qual pessoa
interessante teria mais rendimento do que as outras. Um nome em particular
me chamou a atenção e apareceu de novo e de novo, uma lenda do poker
acabado por o nome de Abernathy. Sua filha, Abby, também aparecia em preto
e branco em algumas fotos de vigilância, mas eu ainda não tinha pegado o
relatório sobre o envolvimento dela ainda.
Val entrou e viu com reverência como eu preguei o pino final na borda
desgastada do último do fio vermelho. "Whoa, Liis. Quanto tempo esteve
nisto?"
"A manhã toda", disse, admirando a minha obra-prima ao sentar na
minha cadeira. Eu coloquei minhas mãos na cintura e suspirei. "Fantástico, não
é?"
Val respirou fundo, parecendo oprimida.
Alguém bateu na porta. Eu me virei para ver o Agente Sawyer encostado
a porta de entrada.
"Bom dia, Lindy. Eu tenho algumas coisas que gostaria de discutir com
você, se não estiver ocupada."
Sawyer não parecia ser tão terrível quanto Val o tinha feito parecer. Seu
cabelo recém-aparado, mas longo o suficiente para correr os dedos, mas ainda
profissional. Talvez ele tenha usado o spray de cabelo um pouco demais, mas
o estilo James Dean o lisonjeava. Seu queixo quadrado e seus dentes brancos
realçavam seus olhos azuis brilhantes. Ele era bonito, mas algo por trás de
seus olhos era feio.
Val fez uma careta. "Vou avisar ao zelador que você tem lixo no seu
escritório," ela disse, esbarrando com o ombro ao passar por ele.
"Eu sou o Agente Sawyer," ele disse, andando poucos passos para
apertar minha mão. "Eu quis apresentar-me ontem, mas eu fui pego no tribunal.
Tarde demais."
Eu andei atrás da minha mesa e tentei organizar as pilhas de
documentos e arquivos. "Eu sei. Como posso ajudar você, Sawyer?"
Sawyer sentou-se em uma das cadeiras de couro em frente à minha
grande mesa de carvalho.
"Sente-se", disse, fazendo um show ao gesticular em direção a ele que
já estava sentado.
"Eu tinha planejado isso," ele disse.
Devagar e sem olhar além do par de olhos azul-oceano à minha frente,
eu sentei na minha cadeira de escritório excessivamente grande e alta
fazendo-me sentir que estava sentada em um trono - meu trono. E esse
palhaço estava tentando mijar no meu tribunal. Encarei-o como se fosse um
cão sarnento.
Sawyer colocou um arquivo na minha mesa e abriu, apontando para um
parágrafo destacado em laranja brilhante. "Anteriormente eu trouxe isto antes
de Maddox, mas agora que temos um par de olhos novos – ―
Maddox entrou como um furacão no meu escritório.
Sawyer levantou-se como se tivesse sido alvejado. "Bom dia, senhor."
Maddox simplesmente acenou com a cabeça em direção à porta, e
Sawyer correu pra fora sem dizer uma palavra. Maddox bateu a porta fechado-
a, e a parede de vidro estremeceu, então não precisei. Eu inclinei para trás em
meu trono e cruzei os braços, ambos antecipando e esperando por um
comentário idiota sair da sua boca perfeita.
"Que achou do seu escritório?" ele perguntou.
"Com licença"?
"Seu escritório", ele disse, passeando e passando a mão nas prateleiras
vazias. "Esta satisfeita?"
"Sim?"
Os olhos do Maddox me direcionaram. "É uma pergunta?"
"Não. O escritório é satisfatório, senhor."
"Bom. Se precisar de algo, me avise, e" — ele apontou para a parede de
vidro — "Se aquele pedaço nojento de merda te incomodar. Você vem
diretamente a mim, entendeu?"
"Eu sou capaz de lidar com Sawyer, senhor."
"No momento", ele fervia, "Que ele fizer um comentário sarcástico,
questionar sua autoridade, ou flertar com você, venha direto ao meu escritório."
Flertar comigo? Quem ele pensa que está enganando? "Porque você o
envolveu neste caso se ele te desagrada tanto?"
"Ele é bom no que faz."
"Você ainda não o ouviu."
Ele esfregou os olhos com seu polegar e o indicador, frustrado. "Só
porque eu tenho que aturar suas merdas para usar o seu talento, não significa
que você também tenha.‖
"Eu pareço fraca para você?"
Suas sobrancelhas arquearam. "Perdão"?
"Vocês estão tentando me prejudicar?" Sentei-me. "É esse o seu jogo?
Eu estive tentando entender tudo isso. Acho que ficaria muito melhor me fazer
parecer chorona e incompetente só para me fazer sair dos trilhos".
"O que? Não," disse ele, olhando genuinamente confuso.
"Eu posso lidar com Sawyer. Eu posso lidar com minha posição recém-
nomeada. Sou capaz de gerenciar este Esquadrão. Há mais alguma coisa,
senhor?"
Maddox percebeu que sua boca estava aberta, ele a fechou. "Isso é
tudo, Agente Lindy".
"Fantástico. Eu tenho trabalho a fazer."
Maddox abriu a porta, colocou suas mãos nos bolsos, acenou com a
cabeça e depois saiu, caminhando em direção á porta de segurança. Eu olhei
para o relógio e sabia exatamente onde estava indo.
Val saiu em disparada, com os olhos arregalados. "Puta que pariu, o que
foi isso?"
"Não faço ideia, mas vou descobrir."
"Ele estava com pressa para deixar o pub ontem à noite. Ele levou você
pra casa?"
"Não," Eu disse, levantando-me.
"Mentira".
Eu a ignorei. "Eu preciso queimar alguma energia. Quer se juntar a
mim?"
"Academia durante o tempo do ASAC? Inferno, não. Você não devia
provocá-lo, Liis. Entendo que vocês têm alguma competição estranha
acontecendo, mas ele é famoso por seu temperamento".
Peguei minha mochila do chão e coloquei-a no meu ombro. "Se ele quer
me passar para trás, eu vou provocá-lo."
"Para onde? Para o precípicio?"
Eu pensei sobre isso por um momento. "Ele só entrou aqui todo irritado
por causa do Sawyer."
Val deu de ombros. "Sawyer é um idiota. Ele irrita todo mundo."
"Não, tenho a impressão de que Maddox estava... Sei que parece
loucura, mas ele estava se comportando como um ex-namorado ciumento. Se
não é isso, então eu acho que ele me deu essa promoção para me fazer
parecer incompetente. Cai em concordância com o que você disse sobre ele
anteriomente e o que ele fez comigo antes de eu chegar á promoção".
Val enfiou a mão no bolso e abriu um pequeno saco de pretzels. Ela
colocou um na boca e mastigou em pequenas mordidas como um esquilo. "Eu
estou mais inclinada para sua teoria de que Maddox é ciumento, mas isso é
impossível. Primeiro de tudo, ele nunca teria ciúme de Sawyer." Disse fazendo
uma careta. "Em segundo lugar, ele não fica deste jeito, não desde que essa
garota o fez odiar qualquer coisa com uma vagina."
Eu queria lembrá-la que ele não tinha dormido com ninguém antes de
mim também, mas isso implicaria que eu queria que ele ficasse com ciúmes, e
eu não. "O que te faz pensar que a culpa foi dela?" Eu perguntei.
Ela fez uma pausa. "Ele era apaixonado por aquela garota. Já esteve no
escritório dele?"
Eu balancei minha cabeça.
"Aquelas prateleiras vazias costumavam ter vários porta-retratos com
fotos dela. Todos sabiam o quanto ele lutou para fazer o seu trabalho e a amar
da maneira que ele achava que ela merecia. Agora, ninguém fala sobre isso —
não porque ele fez algo errado, mas porque ela partiu seu coração, e ninguém
quer fazê-lo mais miserável do que ele já está."
Eu a ignorei. "Eu sou uma analista de inteligência, Val. Está na minha
natureza juntar pedaços de informações e formar uma teoria."
Seu nariz se enrugou. "E isso tem a ver com alguma coisa? Estou
tentando argumentar o ponto que ele não tem ciúmes de Sawyer."
"Eu nunca disse que tinha".
"Mas você quer que seja." Val estava confiante de que ela estava certa.
Era enlouquecedor.
"Eu quero saber se eu estou certa sobre ele. Eu quero saber se ele está
tentando me afundar. Quero retirar essa camada superior e ver o que está por
baixo."
"Nada que você vai gostar."
"Vamos ver", disse, passando por ela em direção à porta.
MADDOX PAROU NO MEIO do abdominal e suspirou. ―Você tá
brincando.‖
―Nope‖, eu disse, indo direto para o vestiário feminino.
Ele deixou suas costas caírem contra o banco em que estava sentado,
suas pernas dobradas e seus pés firmemente plantados no chão. ―Você quer
que a gente se odeie?‖ ele disse, olhando para o teto. ―Eu estou começando a
achar que você quer.‖
―Você não está longe.‖ eu disse, empurrando a porta.
Depois de tirar minhas roupas de malhar da minha pequena mala, eu
deslizei minha saia-lápis azul-marinho pelos meus quadris e desabotoei minha
blusa azul claro, e então eu troquei meu sutiã por um top esportivo. Incrível
como uma peça de roupa podia me levar de modestas curvas a uma réplica de
um garoto de doze anos.
A sala com armários alinhados e pôsteres motivacionais não cheiravam
a bolor e tênis sujos como eu esperava. Alvejante e tinta fresca dominavam o
ar.
Maddox estava terminando sua musculação quando eu fiz meu caminho
até a esteira mais próxima, meu Adidas fazia barulho a cada passo dado no
chão. Eu parei em cima da correia de borracha e apertei o cinto de segurança
sobre a minha camisa branca do FBI até o fecho da máquina.
―Por que agora?‖ ele disse do outro da sala. ―Por que você tem de ficar
aqui durante o meu horário de almoço? Você não pode malhar de manhã ou à
noite?‖
―Você já viu esse lugar nesses horários? A melhor hora do dia de ter o
exercício completo sem ter que escapar de corpos suados é no seu horário de
almoço porque ninguém quer ficar aqui enquanto você está.‖
―Porque eu não os deixo.‖
―Você vai me pedir pra sair?‖ eu perguntei pra ele por cima do ombro.
―Você quis dizer mandar você sair?‖
Encolhi meus ombros. ―Semântica.‖
Seus olhos pararam nas minhas leggings apertadas enquanto ele
pensava sobre isso, e então ele saiu do banco para as barras duplas antes de
levantar suas pernas quase na altura do peito. Se ele malhava assim cinco
vezes por semana não era de se admirar que ele tivesse um abdome definido.
Suor escorria pelo seu cabelo, e todo seu torso brilhava.
Eu fingi não notar enquanto apertava o botão da esteira. O cinto moveu-
se suavemente pra frente, as engrenagens fazendo um barulho familiar em
baixo dos meus pés. Coloquei os fones de ouvido, eu usei a música pra me
ajudar a esquecer de que Maddox estava atrás de mim, aperfeiçoando a
perfeição, aumentar a velocidade e inclinação da esteira ajudou também.
Depois de algumas voltas, eu tirei um fone do ouvido e joguei meu
ombro. Eu me virei pra olhar a parede de espelhos à minha esquerda e falar
com o reflexo de Maddox.
―Aliás, eu estou de olho em você.‖
―Ah, é?‖ Maddox disse bufando no fundo.
―Você pode apostar que sim.‖
―Que diabos isso quer dizer?‖
―Eu não vou deixar você fazer isso.‖
―Você realmente acha que eu estou tentando te sabotar?‖ Ele parecia
divertido.
―Não está?‖
―Eu já te disse que não.‖ Depois de uma longa pausa, ele estava do meu
lado, sua mão nas fivelas do cinto. ―Eu sei que deixei uma má impressão em
você, Lindy. Admito, foi intencionalmente. Mas eu sou motivado a fazer
melhores Agentes, não afundar suas carreiras.‖
―Isso inclui Sawyer?‖
―Agente Sawyer tem uma história no nosso Esquadrão que você não
sabe nada sobre isso.‖
―Então me diga.‖
―Não é a minha história pra contar.‖
―Então é isso?‖ eu sorri.
―Eu não te entendo.‖
―Você não vai permitir que ele fale comigo por causa da história dele?‖
Maddox deu de ombros. ―Eu só gosto de ficar no caminho dele.‖
―A birra no meu escritório depois que o Agente Sawyer saiu, foi você
ficando no caminho dele. Certo.‖
Maddox balançou a cabeça e então foi embora. Eu comecei a colocar o
fone de volta na orelha, mas ele reapareceu.
―Por que eu sou o babaca por deixar um pedaço de merda feito o
Sawyer longe de você?‖
Eu apertei um botão e então a esteira parou de rodar. ―Eu não preciso da
sua proteção.‖, eu bufei.
Maddox começou a falar, mas então ele saiu andando. Dessa vez ele
empurrou a porta do vestiário masculino.
Depois de oito minutos valiosos pensando em sua atitude, eu pulei fora
da esteira e fui para o vestiário masculino.
Maddox tinha uma mão na pia, a outra segurando a escova de dentes.
Seu cabelo estava molhado, e ele estava coberto apenas por uma toalha.
Maddox cuspiu, enxaguou a escova na pia. ―Posso te ajudar?‖
Eu troquei meu peso de um pé para o outro. ―Você pode ser capaz de
lustrar o ouro todo até o caminho do diretor, mas eu estou de olho em você.
Não pense por um segundo que eu não consigo ver atrás da sua babaquice.
Eu não vou a lugar nenhum, então você pode parar qualquer jogo que você
está fazendo.‖
Ele largou a escova de dentes na pia e caminhou em minha direção. Eu
dei um passo pra trás, acelerando o ritmo assim como ele. Minhas costas
bateram na parede e eu engoli em seco. Maddox bateu com as palmas da mão
na parede de cada lado da minha cabeça. Ele estava a centímetros do meu
rosto, sua pele ainda pingava de seu banho recente.
―Eu te promovi a supervisora, Agente Lindy. O que te faz pensar que a
quero fora daqui?‖
Eu ergui meu queixo. ―Sua história besta sobre o Sawyer não acrescenta
nada.‖
―O que você quer que eu diga?‖ ele disse.
Eu podia sentir a menta em seu hálito, o perfume de sabonete em sua
pele. ―Eu quero a verdade.‖
Maddox inclinou-se, seu nariz traçou um caminho até meu maxilar. Meus
joelhos quase cederam quando senti seus lábios traçando o caminho até minha
orelha.
―Você pode ter o que você quiser.‖ Ele deu um passo pra trás, seus
olhos caíram nos meus lábios.
Minha respiração falhou, e eu me preparei quando ele se aproximou,
fechando os olhos.
Ele parou poucos centímetros da minha boca. ―Diga.‖, ele disse
sussurrando. ―Diga que você quer que eu a beije.‖
Eu o alcancei com meus dedos, deslizando para baixo em seu abdômen,
espalhando as gotas de água, até achar a borda da toalha. Todos os nervos do
meu corpo imploravam pra que eu dissesse sim.
―Não.‖ Eu o empurrei e saí porta afora.
Subi em cima da esteira, escolhendo a configuração mais rápida, repus
os fones de ouvido, mudando de música até que alguém começou a gritar ao
som da batida.
Quarenta cinco minutos mais tarde, suando e ofegante, eu diminuí o
ritmo, caminhei com as mãos na cintura. Cinco minutos depois da minha
pausa, tomei um banho e me vesti e prendi meu cabelo num coque
desajeitado.
Val estava me esperando no outro lado corredor. ―Como foi?‖, ela
perguntou claramente preocupada.
Eu continuei a andar em direção aos elevadores e ela manteve meu
ritmo.
Bela Redempção de Jamie McGuire
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Bela Redempção de Jamie McGuire

  • 1.
  • 3. Conheça outros títulos da Autora Jamie McGuire Providence (Trilogia Providence: Livro Um) Requiem (Trilogia Providence: Livro Dois) Eden (Trilogia Providence: Livro Três) Belo Desastre Desastre Iminente Belo Casamento Bela Distração Red Hill Among Monsters Happenstance: Series Happenstance: (Parte Dois) Happenstance: (Parte Três) Apolonia
  • 4. Para Autumn Hull, Sua amizade é inestimável. E para Kelli Spear, Eu sou tão grata por ter você do meu lado.
  • 5.
  • 6.
  • 7. CONTROLE ERA TUDO O QUE ERA REAL. Eu tinha aprendido desde jovem que planejamento, cálculo e observação poderia evitar as mais desagradáveis coisas - riscos desnecessários, decepção, e o mais importante, mágoa. No entanto, planejar evitar o desagradável não era sempre fácil, um fato que se tornou óbvio na luz ofuscante do Cutter‘s Pub. As luzes de néon pendurada nas paredes e a fraca iluminação da trilha do teto destacava as garrafas de bebidas no bar, que era apenas ligeiramente reconfortante. Todo o resto tornou evidente o quão longe eu estava de casa. A madeira recuperada de celeiro decorava as paredes, o pinho claro manchado com preto tinha sido projetado especificamente para que o espaço se parecesse com um buraco na parede do bar em Midtown, porém era muito limpo. Cem anos de fumaça não saturaram a pintura. As paredes não sussurravam sobre Capone1 ou Dillinger.2 . Eu estava sentada no mesmo banco a duas horas desde que parei de desempacotar as caixas em meu novo apartamento. Pelo tempo que eu poderia suportar, joguei fora os meus pertences que faziam parte de quem eu era. Explorar meu novo bairro era muito mais atraente, especialmente no ar incrivelmente suave da noite mesmo que fosse o último dia em fevereiro. Eu estava experimentando, minha nova independência com a liberdade adicional de ninguém em casa, esperando por um relatório do meu paradeiro. O assento do banco que estava me mantendo quente era coberto por couro falso laranja, depois de beber uma respeitosa porcentagem do meu incentivo de transferência que o Federal Bureau of Investigation 3 (FBI) tão 1 Capone: Alphonse Gabriel "Al" Capone foi um gângster ítalo-americano que liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30. 2 Dillinger: John Herbert Dillinger foi um ladrão de bancos norte-americano, considerado por alguns como um criminoso perigoso, e por outros, idolatrado como um Robin Hood do século XX. 3 FBI- Federal Bureau of Investigation: é uma unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, servindo tanto como uma polícia de investigação quanto serviço de
  • 8. generosamente tinha depositado em minha conta naquela tarde, eu estava me saindo bem em não cair do banco. O último e quinto Manhattan4 da noite deslizou da taça chique em minha boca, ardendo na minha garganta. O bourbon e o vermute doce tinham gosto de solidão. O que pelo menos faziam me sentir em casa. Casa, no entanto, estava a milhares de milhas de distância, e me fez sentir mais longe quando eu sentei- me em um dos doze bancos que estavam á beira do bar curvado. Entretanto eu não estava perdida. Eu era uma fugitiva. Pilhas de caixas estavam em meu novo apartamento no quinto andar, caixas que eu tinha embalado com entusiasmo, enquanto meu ex-noivo, Jackson, ficou amuado no canto do nosso pequeno apartamento que compartilhávamos em Chicago. Seguir em frente era a chave para subir no FBI, e eu tinha ido muito bem, em pouco tempo. Jackson ficou perturbado quando eu disse que estava sendo transferida para San Diego. Ainda no aeroporto, antes de eu o ter deixado, ele havia prometido que nós poderíamos fazer funcionar. Jackson não era bom em despedidas. Ele havia ameaçado me amar para sempre. Eu balançava a taça de coquetel na minha frente com um sorriso de expectativa. O barman me ajudou a coloca-la no balcão de madeira, e depois me serviu outro Manhattan. A casca de laranja e cereja dançavam lentamente em algum lugar entre a superfície e o fundo da taça — como eu. "Este é o último, querida,"- ele disse, limpando o balcão aos meus lados. "Pare de trabalhar tão duro. Eu não dou gorjetas assim tão boas.‖ "Os Feds5 nunca dão," ele disse sem julgamento. "É tão óbvio assim?" Eu disse. "Muitos de vocês vivem por aqui. Vocês todos falam a mesma coisa e ficam bêbados na primeira noite longe de casa. Não se preocupe. Você não aparenta Bureau6 .” inteligência interno (contra inteligência). O FBI tem jurisdição investigativa sobre as violações de mais de duzentas categorias de crimes federais. Seu lema é "Fidelity, Bravery, Integrity" (em português: "Fidelidade, Bravura, Integridade") correspondente às iniciais "FBI". 4 Manhattan: é um coquetel feito com uísque, vermute doce e bitters (essências de ervas aromáticas). Uísques comumente usados incluem o de centeio (a escolha tradicional), whisky canadense, bourbon, o blended whisky e Tennessee. Tradicionalmente, é utilizado Angostura para conferir um leve toque amargo ao drinque. 5 Feds: Apelido para Federais. 6 Bureau: Para os americanos o mesmo que Agente. E ou escritório, agência.
  • 9. "Graças a Deus, por isso" - eu disse, segurando minha taça. Não queria que soasse assim. Eu amo a Bureau e tudo sobre isso. Eu amei até mesmo Jackson, que era um agente, também. "De onde foi transferida?‖ - perguntou. Ele estava com uma camiseta preta muito apertada com decote em V, as unhas bem cuidadas. Perfeitamente arrumadinho, mas foi traído pelo seu sorriso travesso. ―Chicago,‖ – eu disse. Seus lábios enrugados puxados para trás e seus olhos alargados o fazia se assemelhar um pouco com um peixe. "Você deveria estar comemorando.‖ "Acho que não deveria ficar chateada ou eu não teria nenhum outro lugar para ir.‖- Eu tomei um gole e lambi uma gota de bourbon de meus lábios. "Oh. Fugindo do seu ex?‖ ―No meu ramo de trabalho, você nunca se afasta realmente.‖ "Oh, Droga. Ele é um Agente, também? Não cague onde você dorme, querida. ‖ Eu tracei a borda do copo. "Eles com certeza não te treinam para isso.‖ "Eu sei. Isso acontece muito. Vejo o tempo todo,"- ele disse, balançando a cabeça, enquanto lavava alguma coisa em uma pia cheia de espuma atrás do balcão. "Você mora perto?‖ Eu olhei para ele, desconfiada de qualquer um que pode identificar um agente, fora que ele faz muitas perguntas. "Você vai frequentar aqui?" - ele perguntou. Vou ver até onde ele vai com suas perguntas, e concordei. "Provavelmente.‖ ―Não se preocupe com a gorjeta. Mudança é caro, e também beber tudo o que você deixou para trás. Pode me recompensar depois.‖ Suas palavras fizeram meus lábios se curvarem para cima de um jeito que eles não haviam se curvado em meses. O que provavelmente não foi notado por ninguém, exceto por mim. "Qual é seu nome?" eu perguntei. ―Anthony.‖ "Alguém te chama de Tony?‖ "Não se quiserem beber aqui.‖ "Anotado.‖
  • 10. Anthony atendia a única outra cliente no bar nesta segunda-feira tarde da noite — para alguns podemos chamar de manhã de terça-feira. A gordinha de meia idade com olhos inchados e vermelhos usando um vestido preto. Enquanto ele atendia, a porta se abriu e um homem da minha idade entrou, sentando a duas cadeiras de distância. Ele afrouxou sua gravata e desabotoou o primeiro botão da camisa Oxford branca perfeitamente passada. Ele olhou em minha direção, e naquele meio segundo, seus olhos verde- hazel7 registraram tudo sobre mim que queria saber. Em seguida, desviou o olhar. Meu celular vibrou no bolso do blazer, eu peguei-o para verificar o visor. Outra mensagem de texto de Jackson. Ao lado de seu nome, um pequeno seis cabia perfeitamente entre os parênteses, anotando o número de mensagens que ele enviou. O número que estava preso entre os parênteses lembrou-me da última vez ele tinha me tocado — durante um abraço que tive de convencê-lo a me soltar. Eu estava a três mil quatrocentos e sessenta quilômetros de Jackson, e ele ainda era capaz de me fazer sentir culpada — mas não culpada o suficiente. Eu cliquei o botão lateral no meu celular, escurecendo a tela, sem responder a mensagem de Jackson. Então, levantei meu dedo ao barman enquanto engolia o restante do meu sexto drink. Encontrei Cutter's Pub ao virar a esquina do meu novo apartamento em Midtown, uma área em San Diego, situado entre o aeroporto internacional e o zoológico. Meus colegas de Chicago usavam casacos padrão do FBI sobre seus coletes à prova de balas enquanto eu estava aproveitando o calor acima do habitual em San Diego, vestindo um tomara que caia e um blazer com calça jeans skinny. Senti-me um pouco vestida demais e um pouco suada. Admito que esse calor pudesse ser resultado da quantidade de licor no meu organismo. 7 Verde-Hazel: Tonalidade para cores dos olhos. Exemplo: Angelina Jolie, Mila Kunis, Rihanna e Kristen Stewart.
  • 11. "Você é muito jovem para estar em um lugar como este" – disse o homem sentado a dois bancos ao meu lado. "Um lugar como o que?" - Anthony disse, arqueando uma sobrancelha e segurando firmemente um copo de vidro. O homem ignorou-o. "Eu não sou jovem," - Eu disse antes de tomar uma bebida. "Eu sou petite8 .‖ "Não é a mesma coisa?‖ "Eu também tenho um Taser9 em minha bolsa e um ótimo gancho de esquerda, então não morda mais do que pode mastigar.‖ "Seu kung fu é forte.‖ Eu não olhei para o cara com atenção. Em vez disso, olhei para frente. "Foi uma observação racista?‖ "Claro que não. Você só pareceu um pouco violenta comigo.‖ "Eu não sou violenta," - eu disse, embora fosse preferível parecer desinteressante, ao invés de um alvo fácil. "Oh, sério?" - ele não estava perguntando, estava antagonizando. "Recentemente li sobre líderes de paz asiáticas sendo homenageadas. Eu estou supondo que você não era uma delas.‖ "Eu também sou irlandesa," eu resmunguei. Ele riu abafado uma vez. Havia algo na voz dele — não apenas ego, mas mais do que confiança. Algo me fez querer virar e dar uma boa olhada nele, mas eu mantive meus olhos sobre a linha de garrafas de licor, do outro lado do bar. Depois que ele percebeu que não ia conseguir uma resposta melhor, se mudou para o banco vazio ao meu lado. Eu suspirei. "O que você está bebendo?" - ele perguntou. Revirei meus olhos e então decidi encará-lo. Ele era tão bonito como o clima do Sul da Califórnia e ele não poderia se parecer menos com o Jackson. 8 Petite: Estatura baixa, pessoa baixinha e delicada. 9 Taser: Arma de eletrochoque de baixa letalidade que usa de uma descarga elétrica de alta tensão para imobilizar momentaneamente uma pessoa.
  • 12. Até mesmo sentado, eu poderia dizer que ele era alto — pelo menos um metro e noventa e um. Seus olhos cor de pera brilhavam contra sua pele bronzeada de praia. Embora ele possa parecer intimidante para um homem, eu não tinha a sensação de que ele era perigoso — pelo menos não para mim — mesmo que ele fosse duas vezes o meu tamanho. "Tudo o que estou comprando," - eu disse, não tentando esconder meu melhor sorriso de flerte. Baixar a minha guarda para um belo estranho por uma hora era justificável, especialmente após um sexto drink. Nós flertaríamos, eu esqueceria qualquer culpa que restaria sobre mim, e voltaria para casa. Possivelmente até conseguiria uma bebida grátis. Era um plano respeitável. Ele sorriu. "Anthony" - disse, levantando um dedo. "O de sempre?" - Anthony perguntou da extremidade do bar. O homem acenou com a cabeça. Ele era um cliente regular. Deve viver ou trabalhar por perto. Eu franzi a testa quando Anthony pegou meu copo em vez de enchê-lo. Ele deu de ombros sem nenhum pedido de desculpas em seus olhos. "Eu te disse que era o último.‖ Entre tantas opções de bebidas o estranho preferiu uma cerveja barata para ficar no mínimo perto ao meu nível de alcoolismo. Eu estava agradecida. Eu não teria que fingir estar sóbria, e sua escolha de bebida preferida me disse que ele não era exigente, ou estava tentando me impressionar. Ou talvez ele estivesse quebrado. "Você disse que eu não poderia te pagar uma bebida porque Anthony te limitou ou porque você realmente não deixaria?"- ele perguntou. "Porque eu posso comprar minha própria bebida," - eu disse um pouco bêbada. "Você mora por aqui?" - ele perguntou. Dei uma olhada para ele. "Suas habilidades de conversação limitada estão me decepcionando a cada segundo.‖ Ele riu alto, jogando a cabeça para trás. "Meu Deus, mulher. De onde é? Não é daqui.‖
  • 13. "Chicago. Just blew in10 . As caixas ainda estão empilhadas na minha sala.‖ "Sei como é", ele disse, acenando em entendimento e levantando sua bebida em reverência. "Fiz duas mudanças pelo país nos últimos três anos.‖ "Para onde?‖ "Aqui. Em seguida, DC11 . Depois voltei para cá.‖ "Você é um político ou um lobista?" - perguntei com um sorriso. ―Nenhum dos dois", - disse, com uma expressão de desgosto. Ele tomou um gole de sua cerveja. "Qual é seu nome?"- ele perguntou. "Não estou interessada.‖ "É um nome horrível.‖ Eu fiz uma careta. Ele continuou: "Isso explica a mudança. Está fugindo de um cara.‖ Eu olhei para ele. Ele era lindo, mas também era convencido — mesmo que estivesse certo. "Não estou á procura de outro. Não uma noite de sexo, não uma transa de vingança, nada. Então, não desperdice seu tempo nem seu dinheiro. Tenho certeza de que você pode encontrar uma garota legal da costa oeste que ficaria mais do que feliz em aceitar um drink de você.‖ "Onde está á diversão nisso?" - ele disse, inclinando-se para mim. Meu Deus, mesmo se eu estivesse sóbria, ele seria intoxicante. Olhei para a maneira que seus lábios tocaram a boca da sua garrafa de cerveja, eu senti uma pontada entre as minhas coxas. Eu estava mentindo, e ele sabia disso. "Eu te irritei?" - ele perguntou com o sorriso mais encantador que eu já tinha visto. Barbeado e com o seu cabelo castanho rente, esse homem e seu sorriso haviam conquistado desafios muito mais intimidantes do que eu. "Você esta tentando me irritar?" - eu perguntei. 10 Just blew in: Referente a uma música de Illinois – Chicago. 11 DC: Washington, D.C – Capital dos EUA.
  • 14. "Talvez. A maneira que você aperta seus lábios quando está com raiva... É incrível pra cacete. Poderia ser um idiota a noite toda, só pra eu poder olhar para eles.‖ Eu engoli. Meu joguinho tinha acabado. Ele ganhou, e sabia disso. "Você quer sair daqui?" - ele perguntou. Eu sinalizei para Anthony, mas o estranho balançou a cabeça e colocou uma nota alta no balcão. Bebida de graça — pelo menos parte do meu plano tinha dado certo. O homem caminhou até a porta, gesticulando para eu sair na frente. "Uma semana de gorjetas que ele não vai continuar com isso." Anthony disse alto o suficiente para o lindo estranho ouvir. "Que se foda," - eu disse, passando pela porta rapidamente. Passei meu novo amigo indo para a calçada, á porta se fechou lentamente. Ele agarrou minha mão, brincando, mas firme e me puxou contra ele. "Anthony insinuou que você vai dar pra trás", eu disse olhando para ele. Ele era muito mais alto do que eu. Estando tão perto dele parecia que eu estava sentada na primeira fila no cinema. Eu tive que levantar o meu queixo um pouco para olhar em seus olhos. Inclinando-me o desafiei a beijar-me. Ele hesitou enquanto examinava meu rosto, seus olhos se suavizaram. "Algo me diz que, desta vez, não vou.‖ Ele se inclinou para baixo, e o que começou como um beijo suave quase experimental se transformou em algo sensual e romântico. Seus lábios se moveram com os meus, como se ele tivesse lembrado, até mesmo sentido sua falta, a maneira como se encaixaram. Diferente de tudo o que eu experimentei antes, uma estranha corrente elétrica estalava através de mim, derretendo meus nervos. Era como se já tivéssemos feito isso tantas vezes — em uma fantasia, ou talvez um sonho. Foi o melhor tipo de déjà vu. Menos de um segundo ele afastou-se de mim com os olhos ainda fechados como se estivesse saboreando o momento. Quando me olhou, balançou a cabeça. "Definitivamente não vou recuar.‖
  • 15. Viramos a esquina, atravessamos rapidamente a rua e adentramos no meu prédio. Eu pesquei minhas chaves dentro da minha bolsa e entramos, esperando o elevador. Seus dedos roçaram os meus e uma vez que eles se uniram, ele me puxou contra ele. O elevador se abriu, e nós tropeçamos para dentro. Ele agarrou meus quadris e me puxou para ele, enquanto meus dedos procuravam o botão correto. Ele tocou os seus lábios macios em meu pescoço, senti uma fagulha nervosa dançando sob a minha pele por causa dos experientes beijos minúsculos depositados propositalmente em meu queixo, da orelha até a clavícula. Suas mãos me imploravam para ficar perto dele, me tocando como se estivesse esperando por mim a vida inteira. Mesmo que eu tivesse esse mesmo sentimento irracional, eu sabia que era tudo parte do encanto, mas a maneira com que ele se conteve visivelmente para não arrancar minhas roupas fizeram pequenas ondas de choque passar por todo meu corpo. Quando chegamos ao quinto andar, ele puxou meus cabelos para um lado expondo meu ombro enquanto ele percorreu os lábios pela minha pele. "Você é tão macia," ele sussurrou. Ironicamente, suas palavras fizeram toda minha pele se arrepiar. Minhas chaves tilintaram quando me atrapalhei com a fechadura. O homem virou a maçaneta e nós quase caímos porta adentro. Ele inclinou-se para longe de mim, empurrando e fechando-a com suas costas e me puxou contra ele segurando minhas mãos. Ele cheirava a cerveja com uma pitada de açafrão e madeira de sua colônia, mas sua boca ainda tinha o sabor do creme dental de menta. Quando nossas bocas se encontraram novamente, de bom grado deixei sua língua escorregar para dentro ao mesmo tempo em que agarrava seu pescoço. Ele deslizou meu blazer pelos ombros e deixou-o cair no chão. Então, afrouxou sua gravata e puxou tirando-a. Enquanto ele desabotoava a camisa, puxei meu top sobre minha cabeça. Meus seios nus ficaram expostos por apenas alguns momentos antes do meu cabelo preto e comprido, cair em cascata para baixo e cobri-los. O estranho estava sem camisa, seu abdômen possuía de uma combinação impressionante de genes e vários anos de treino diário intensivo
  • 16. tinham esculpido a perfeição á minha frente. Tirei meus saltos e ele fez o mesmo com seus sapatos. Corri meus dedos sobre cada um de seus músculos salientes e as ondulações do seu abdômen. Uma mão pousou no botão da calça enquanto a outra segurou firme a espessura rija sob eles. Santo. Gigante. Pênis. O som agudo de seu zíper, fez com que o calor entre minhas pernas se intensificasse e praticamente implorasse para ser acariciada. Pressionei meus dedos atrás de seus braços, enquanto ele deixava beijos em meu pescoço e ombros, em seguida, meu peito. Ao mesmo tempo, ele escorregou lentamente minha calça jeans. Ele ficou parado por alguns segundos, levando um momento para apreciar que eu estava completamente nua diante dele. Ele também parecia um pouco surpreso. "Sem calcinha?‖ Dei de ombros. "Nunca.‖ "Nunca?" - ele perguntou e seus olhos me imploravam para dizer não. Adorava a forma como ele olhava para mim — parte espantado, parte divertido e extremamente excitado. Minhas amigas em Chicago sempre tinham elogiado os benefícios de uma noite de sexo casual. Esse cara me pareceu perfeito para experimentar. Eu arqueei uma sobrancelha, saboreando o quão sexy um completo estranho me fez sentir. "Não possuo um único par.‖ Ele me levantou e eu cruzei meus tornozelos em torno de sua cintura. O único tecido entre nós era sua cueca boxer cinza escuro. Ele me beijou levando-me para o sofá, e depois gentilmente me colocou nas almofadas. "Confortável?" - perguntou, quase arfando entre as palavras. Quando concordei, ele me beijou mais uma vez e saiu rapidamente para pegar um pacote quadrado em sua carteira. Voltou rasgando-o com os dentes. Fiquei contente porque ele trouxe seu próprio preservativo. Mesmo que eu tivesse pensado em comprar, eu não teria a previsão ou otimismo para comprá-los em seu tamanho. Ele rapidamente desenrolou o látex fino ao longo de seu comprimento e tocou com a ponta a pele rosa e delicada entre as minhas pernas. Ele inclinou- se para sussurrar em meu ouvido, mas soltou somente um suspiro vacilante.
  • 17. Eu apertei sua bunda e afundei meus dedos em sua pele, guiando-lhe, ele deslizou-se dentro de mim. Era minha vez de soltar um suspiro. Ele gemeu e em seguida, alcançou minha a boca novamente. Após dez minutos de manobras no sofá, suado e com o rosto vermelho, o estranho olhou para mim com um sorriso frustrado e se desculpando. "Onde é o seu quarto?‖ Apontei para o corredor. "Segunda porta à direita.‖ Levantou-me segurando pelas minhas coxas e eu apertei em torno de sua cintura. Ele andou pelo corredor em seus pés descalços, passando por caixas e sacos de plástico, junto com pilhas de pratos e roupas de cama. Não entendi como ele caminhou sem tropeçar na penumbra de um apartamento não familiarizado com a sua boca na minha. Durante o tempo em que caminhava ele ainda estava dentro de mim, não pude deixar de gritar o único nome que eu poderia, "Jesus Cristo!‖ Ele sorriu contra minha boca e abriu a porta antes de me colocar no colchão. Ele não tirou os olhos dos meus enquanto se posicionava em cima de mim. Seus joelhos se afastaram um pouco mais do que quando estávamos no sofá, permitindo-lhe ir mais fundo, movendo os quadris e tocando um ponto que fizeram meus joelhos tremerem com cada impulso. Sua boca estava na minha de novo como se a espera o matasse. Se eu não o tivesse conhecido à meia hora atrás, poderia ter confundido a maneira que ele me tocou, me beijou, se movimentou contra mim... Com amor. Ele tocou sua bochecha na minha e segurou a respiração concentrando- se, preparando-se para o final. Ao mesmo tempo, ele estava tentando prolongar o estúpido, tolo e irresponsável, mas incrível caminho que estávamos indo. Ele me empurrou contra o colchão com uma mão e segurou meu joelho contra seu ombro com a outra. Eu estava com as pontas dos dedos brancas de tanto apertar o edredom enquanto ele estocava dentro de mim, mais e mais. Jackson não era desprovido em questão de tamanho, mas sem dúvida, este estranho enchia cada centímetro em mim.
  • 18. Toda vez que ele enterrou-se, enviou-me numa corrida fantástica de dor ao longo de todo o meu corpo, e toda vez que ele puxava de volta, eu quase entrava em pânico, na esperança que não tivesse acabado. Com meus braços e pernas em volta dele, gritei novamente pela décima segunda vez, desde que ele tinha subido as escadas. Sua língua era tão forte e dominante na minha boca e eu sabia que ele tinha feito isso muitas e muitas vezes antes. Isso se tornou mais fácil. Ele não se importava o suficiente para me julgar mais tarde, então não teria que julgá-lo também. Uma vez que vi o corpo que estava sob aquela camisa branca Oxford, não poderia realmente me culpar, mesmo se eu estivesse sóbria. Ele balançou sobre mim novamente, seu suor misturado com o meu, parecia com que a nossas peles se derretessem juntas. Revirei meus olhos jogando minha cabeça para trás com a devastadora mistura de dor e prazer, surgindo através de meu corpo a cada movimento. Sua boca voltou à minha, e eu facilmente estava perdida em pensamentos de como seus lábios foram incrivelmente suaves e ansiosos. Cada movimento da sua língua foi calculado, praticado e parecia como se tudo fosse, em busca do meu prazer. Jackson não era particularmente um bom beijador, e apesar de que só a pouco conheci este homem em cima de mim, eu iria sentir falta desses beijos quando ele fosse embora do meu apartamento nas primeiras horas da manhã – se ele esperar todo esse tempo. Enquanto ele maravilhosamente e impiedosamente me fodia, ele afastou minha coxa com uma mão, abrindo minhas pernas ainda mais, e então deslizou sua outra mão entre elas, ternamente esfregando o polegar em pequenos círculos sobre minha pele rosa, inchada e sensível. Poucos segundos depois, estava gemendo, erguendo meus quadris ao encontro do seu e apertando sua cintura com meus joelhos trêmulos. Ele inclinou-se para baixo e cobriu a minha boca com a sua enquanto eu gemia. Eu podia sentir seus lábios sorrindo contra os meus. Depois de alguns movimentos lentos e beijos carinhosos, seu controle se foi. Seus músculos tensos impulsionaram dentro de mim, cada vez mais poderoso do que antes. Com meu clímax impressionantemente alcançado, ele se concentrou em apenas estocar mais forte e impiedosamente contra mim.
  • 19. Ele abafou seu gemido dentro da minha boca e pressionou seu rosto contra o meu, enquanto se entregava ao seu orgasmo. Aos poucos se deitou ainda sobre mim. Levando um tempo para recuperar o fôlego, então se virou para beijar minha bochecha, lábios, demorando por um tempo ali. Nosso encontro tinha ido de uma aventura espontânea para terrivelmente embaraçoso em menos de um minuto. O silêncio e a quietude do quarto, fez com que o álcool desaparecesse e a realidade do que tínhamos feito pesasse sobre mim. Eu tinha ido de me sentir sexy e desejada para uma situação embaraçosa, me sentia barata. O estranho inclinou-se para beijar meus lábios, mas eu abaixei o meu queixo, puxando para trás, me senti ridícula já que ele parecia interessado. "Eu...", - eu comecei, "Tenho que trabalhar amanhã cedo‖. Ele me beijou de qualquer jeito, ignorando a minha expressão envergonha. Sua língua dançava com a minha, acariciando, memorizando. Respirando profundamente pelo nariz, sem pressa, ele se afastou para trás, sorrindo. Droga, eu iria sentir falta da sua boca, de repente me senti realmente patética com isso. Não sabia se alguma vez encontraria alguém que poderia me beijar assim novamente. "Eu, também. Eu... Eu me chamo Thomas, a propósito‖, ele disse calmamente e se virou relaxando ao meu lado, com a cabeça apoiada na mão. Ao invés de se vestir, olhou-me como se estivesse pronto para a conversa. Minha independência estava se afastando de mim a cada segundo que o estranho se tornava algo mais. Lembranças de relatar cada movimento meu para Jackson invadiram minha mente como canais de televisão. Eu não tinha me transferido a milhares de quilômetros, para me acorrentar a outro relacionamento. Eu pressionei meus lábios formando uma linha fina. "Eu estou" — isso. Faça isso, ou você vai sofrer mais tarde. — "Emocionalmente indisponível.‖ Thomas assentiu, levantou-se e foi para a sala se vestir em silêncio. Ele parou na porta do meu quarto com seus sapatos em uma mão e as chaves na outra, sua gravata pendurada torta no pescoço. Tentei não olhar, mas olhei, para que eu pudesse memorizar cada centímetro dele e fantasiar para o resto da minha vida.
  • 20. Ele olhou para baixo e riu, sem nenhum julgamento em sua expressão. "Obrigado por um grande e inesperado final de noite para uma segunda-feira de merda." Ele começou a virar. Eu puxei a coberta por cima de mim e me sentei. "Não é você. Você foi ótimo.‖ Ele me encarou com um sorriso sombreado no rosto. "Não se preocupe comigo. Eu não estou saindo daqui, duvidando de mim mesmo. Você me avisou. Eu não esperava nada mais do que isso.‖ "Se você esperar um segundo, eu vou te acompanhar.‖ "Eu sei o caminho. Este é meu prédio. Tenho certeza que vamos nos encontrar novamente.‖ Fiquei pálida. "Você mora neste prédio?‖ Ele olhou para o teto. "Acima de você.‖ Eu apontei. "O próximo andar, você quer dizer?‖ "Sim, mas," - ele disse com um sorriso tímido, "Minha casa é bem acima da sua. Mas raramente estou nela.‖. Eu engoli seco, horrorizada. Era para ser uma noite de sexo casual. Mordisquei a unha do polegar, tentando pensar no que dizer em seguida. "Ok... Bem, acho que boa noite então?‖ Thomas exibiu um sorriso arrogante, sedutor. "Noite.‖
  • 21. BEBER POR SENTIMENTO DE CULPA POR CAUSA DO JACKSON na véspera do meu primeiro dia no escritório em San Diego não provou ser a coisa mais inteligente que eu tinha feito. Cheguei apenas com meu colete, me deram uma arma, credenciais e um celular assim que me cadastrei. Atribuída ao Esquadrão Cinco, encontrei a mesa vazia, desocupada pelo último Agente que não trabalha mais com o infame Assistente de Agente Especial no Comando, que nos referimos como ASAC12 . Eu tinha ouvido falar dele até em Chicago, mas é preciso mais do que um mau temperamento para afastar-me da chance de promoção. Apenas alguns lugares da superfície da mesa não tinha uma fina camada de poeira, provavelmente era onde seu computador e pertences haviam ficado. A capa dos meus fones de ouvidos estava ao lado do meu laptop e a falta de porta-retratos ou uma decoração diversa parecia bastante patético comparado com as outras mesas na sala. "Isso é ridículo", - disse uma voz feminina, fazendo-me pensar se eu tivesse falado em voz alta meus pensamentos. Uma mulher, jovem, porém ligeiramente intimidante, se levantou com os braços cruzados e descansou no parapeito do quatro-por-cinco coberto por um tecido de parede que separava meu cubículo do corredor principal que foi usado para dividir uma sala da outra. Seu cabelo castanho brilhante, diferentemente comum foi puxado em um coque baixo próximo a nuca de seu pescoço. "Não posso discordar", - disse, limpando a poeira com uma toalha de papel. Eu já tinha colocado o colete no meu armário. Foi á única coisa que eu trouxe do escritório de Chicago. Eu me mudei para San Diego afim recomeçar, então não fazia muito sentido expor minha vida. "Não, quero dizer a poeira" - ela disse, me olhando com aqueles olhos verdes. Suas bochechas estavam um pouco gordinhas, mas isso só entregou 12 ASAC: Sigla em inglês para Assistant Special Agent in Charge. Tradução livre - Assistente de Agente Especial no Comando.
  • 22. sua juventude. Certamente ela estava em forma em todos os lugares de seu corpo. "Eu sei.‖ "Eu sou Val Taber. Não me chame de Agente Taber, ou não poderemos ser amigas.‖ "Te chamo de Val então?‖ Ela fez uma careta. "Do que mais você me chamaria?‖ "Agente Taber," um homem alto e esguio disse quando passou. Ele sorriu como se soubesse o que aconteceria e seguiu em frente. "Cai fora," ela disse, puxando um arquivo de suas mãos. Ela olhou para ele e depois volta para mim. "Você é a Analista de Inteligência? Lisa Lindy?‖ "Liis," - disse, encolhendo-me. Eu nunca tinha me acostumado a corrigir as pessoas. "Como geese13 , mas com um L.‖ "Liis. Sinto muito. Soube que tem fugido." A voz dela estava misturada com sarcasmo. "Eu acho isso uma besteira, mas realmente não é da minha conta.‖ Ela estava certa. Sendo uma Agente Federal que se especializou em línguas, mas o tapete vermelho foi estendido para minha transferência, porém eu tinha sido instruída a não mencionar minha especialização pra ninguém a não ser que eu tivesse a aprovação do meu supervisor. Olhei para o escritório do supervisor. Estava ainda mais limpo do que a minha mesa. Receber qualquer aprovação de um escritório vazio seria difícil. "Você está certa," - eu disse, não querendo entrar em detalhes. Foi pura sorte que o Esquadrão Cinco precisasse de uma especialista em linguagem no momento em que eu tinha decidido deixar Chicago. A discricionariedade14 estressante foi provavelmente, uma questão de dentro do escritório, mas supondo que eu não teria ajuda para uma transferência. Então eu já tinha preenchido minha papelada e feito malas. 13 Geese: Ela faz um trocadilho Geese. Ganso em inglês. 14 Discricionariedade: é a opção, a escolha entre duas ou mais alternativas válidas perante o direito (e não somente perante a lei), entre várias hipóteses legais e constitucionalmente possíveis ao caso concreto. Essa escolha se faz segundo critérios próprios como oportunidade, conveniência, justiça, equidade, razoabilidade, interesse público, sintetizados no chamado mérito do ato administrativo. Forma de agir onde não há no agente qualquer restrição ou limite; arbitrariedade.
  • 23. "Ótimo." - ela entregou-me o arquivo. "Tem um Título Três para você transcrever. Maddox também quer um FD-302. O primeiro e-mail em sua caixa de entrada deve ser de boas vindas, e o próximo deve ser um arquivo de áudio do Maddox. Eu antecipei para você e trouxe cópias do FD-302 e um CD, até se acostumar com o nosso sistema. Ele quer que você comece imediatamente.‖ "Obrigada.‖ Título Três, também conhecido por Hollywood e o público em geral como telefone ou escutas, faz uma grande parte minha função na agência. As gravações foram feitas e então eu teria que as ouvir, traduzir e escrever um relatório — também conhecido como o infame FD-302. Os Título Três normalmente que eram dados a mim estavam em Italiano, Espanhol ou na língua da minha mãe, Japonês. Mas se a gravação estivesse em inglês, o OST15 — a secretária Esquadrão teria que transcrevê-lo. Algo me dizia que a Val pensou que algo estava errado sobre uma analista interpretar um Título Três, porque a curiosidade — ou talvez a suspeita — estava brilhando em seus olhos. Mas ela não perguntou e eu não disse. Tanto quanto eu sabia, Maddox era único Agente ciente sobre meu verdadeiro propósito em San Diego. ―Eu tenho tudo sob controle,‖ – eu disse. Ela piscou para mim e sorriu. "Quer que eu te mostre mais tarde? Alguma coisa você perdeu durante a turnê de orientação?‖ Eu pensei por um segundo. "A academia?‖ "Sei onde é. Eu a frequento depois do trabalho, logo antes de ir ao bar,"- ela disse. "Agente Taber," - uma mulher com um coque apertado disse enquanto passava. "Cai fora," ela disse de novo. Eu arqueei uma sobrancelha. Ela deu de ombros. "Eles devem amar isso ou eles não iriam falar comigo.‖ Minha boca puxou para o lado enquanto eu tentei suprimir uma risada. Val Taber é divertida. 15 OST: Operational Support Technician. Tradução Livre: Técnico de Apoio Operacional
  • 24. "Temos uma reunião de equipe logo cedo." - ela ponderou por um momento. "Eu vou te mostrar a academia depois do almoço. É meio fora dos limites, entre onze e meio-dia. O chefe gosta de foco". - ela disse, sussurrando um pouco e colocando dedos ao lado da boca. "Meio dia e meia." - eu disse com um aceno de cabeça. "Minha mesa," - Val disse, apontando para o cubículo ao lado. "Nós somos vizinhas.‖ "O que há com o coelhinho de pelúcia?" - eu perguntei, apontando o coelho branco desengonçado com Xs costurado nos olhos, sentado no canto da mesa dela. Seu nariz pequeno em formato de triangulo se enrugou. "Foi o meu aniversário semana passada.‖ Eu não respondi para a cara confusa e com nojo dela. "Cai fora!" - um sorriso lentamente se formou em seu rosto, então piscou antes de virar retornando pra sua mesa. Ela sentou na cadeira e virou as costas para mim, abrindo o e-mail em seu laptop. Eu balancei minha cabeça e então tirei meus fones de ouvido da capa antes de colocá-los nas orelhas. Depois de conectá-los em meu laptop, abri a pasta branca sem rótulo e puxei um CD de um estojo plástico antes de deslizá- lo na unidade. O CD carregou, eu cliquei em Novo Documento. Meu pulso tremeu conforme meus dedos se curvaram sobre o teclado, prontos para digitar. Havia algo sobre um novo projeto, uma página em branco, que me deu um deleite especial que nada mais poderia dar. O arquivo indicava duas vozes falando, seus antecedentes, e porque iríamos procurar um Título Três em primeiro lugar. O Esquadrão Cinco de San Diego era pesado com o crime organizado, embora não fosse minha área preferencial de crimes violentos, estava perto o suficiente. Quão desesperada eu estava pra sair, faria qualquer coisa. Duas vozes profundas e distintas falando italiano encheram meus ouvidos pelos fones.
  • 25. Fiquei com o volume baixo. Ironicamente, no interior da agência do governo que havia sido fundada para desvendar segredos, os cubículos de 4x4 não eram propícios para mantê-los. Comecei a digitar. Tradução e transcrição da conversa foram apenas os primeiros passos. Em seguida, veio a minha parte favorita. Foi o que me tornou conhecida e o que me levaria para Virginia — análise. Crime violento era o que eu amava e o Centro Nacional de Análise de Crimes Violentos em Quântico, Virginia — também conhecido como NCAVC16 — era onde eu queria estar. Em primeiro lugar, os dois homens que estavam na gravação um acariciou o ego do outro, falando sobre quanto de sexo eles tiveram no fim de semana, mas a conversa rapidamente ficou séria como eles discutiam sobre um homem que parecia ser o chefe deles — Benny. Dei uma olhadela no arquivo que Val tinha me dado enquanto eu digitei, verificando apenas um vestígio rápido em quantos pontos Benny tinha feito o jogo da máfia apesar de ser um jogador decente em Las Vegas. Perguntava-me como San Diego tinha encontrado este caso, eu quis saber quem estava fazendo as bases em Nevada. Chicago não teve muita sorte sempre que tivermos que fazer uma ligação para o escritório. Os jogadores, os criminosos ou a lei, em Vegas mantinham todos muito ocupados. Sete páginas depois, meus dedos estavam coçando para começar meu relatório, mas fui até o áudio novamente para verificar com exatidão. Esta foi minha primeira missão em San Diego, e eu também tinha a pressão adicional de ser conhecida como uma Agente talentosa nesta área específica. O relatório deve ser impressionante — pelo menos na minha cabeça. O tempo passou rápido por mim. Parecia que só meia hora tinha se passado antes de Val olhar para mim sobre a repartição curta entre nossos cubículos, desta vez batendo as unhas na beirada. 16 NCAVC: Centro Nacional para a análise do Crime violento (NCAVC) é um departamento do FBI. O papel de um NCAVC é coordenar as funções de suporte operacional e investigação, investigação forense e treinamento a fim de fornecer assistência às agências de aplicação da lei federal, estaduais, locais e estrangeiros a investigar crimes violentos incomuns ou repetitivos (crimes em série).
  • 26. Ela murmurou palavras que eu não podia ouvir, então retirei meus fones de ouvido. "Você não esta se tornando uma boa amiga. Esta atrasada para nosso primeiro almoço," - ela disse. Não podia dizer se estava brincando ou não. "Eu só estava... Perdi a noção do tempo. Desculpa.‖ "Desculpa não coloca um cheeseburger gorduroso no meu estomago. Vamos mexa-se.‖ Eu andei com ela para o elevador, Val apertou o botão do andar. Uma vez na garagem, segui-a até seu Lexus preto de duas portas, me acomodei enquanto a assistia apertar o botão Iniciar. O assento e o volante ajustaram-se às suas especificações. "Legal", disse. "Você deve receber muito mais do que eu.‖ "É usado. Comprei do meu irmão. Ele é cardiologista. Idiota.‖ Eu ri enquanto ela dirigia para fora da propriedade. Após passar ao lado do portão de entrada do prédio, ela acenou para a guarda e depois se encaminhou para a lanchonete mais próxima. "Não há hambúrgueres no escritório?‖ Ela fez uma careta de desgosto. "Sim, mas Fuzzy‟s Burgers é melhor.‖ "Fuzzy Burguers? Isso não soa nada apetitoso.‖ ―Não é Fuzzy Burgers. É Fuzzy‟s Burgers. Confie em mim,‖ – ela disse, virando à direita. Então, ela virou a esquerda antes de entrar em um estacionamento numa lanchonete pitoresca com uma placa caseira. "Val!" - um homem chamou detrás do balcão, assim que entramos. "Val está aqui!"- ele gritou. "Val está aqui!" - uma mulher ecoou. Mal chagamos ao balcão quando o homem jogou um pacote pequeno e redondo embrulhado em papel branco para a mulher em um imaculado avental branco e com uma caderneta. "Bacon com queijo, mostarda e maionese," a mulher disse com um sorriso. Val se virou para mim. "Nojento, né?‖ "Eu vou querer o mesmo", - eu disse.
  • 27. Pegamos nossas bandejas de comida e encontramos uma mesa vazia no canto, perto da janela. Eu fechei meus olhos e deixei a luz do sol emanar em minha pele. "É estranho que o tempo esteja tão bonito, é começo de março.‖ "Não é estranho. É glorioso. A temperatura tem sido maior do que a média para esta época do ano, mas mesmo quando não é, é perfeito. Todos seriam mais felizes se o mundo tivesse o clima de San Diego.‖ Val mergulhou seu dourado Curly Fry17 em um copo pequeno de ketchup. "Experimente as batatas fritas. Meu Deus experimente as batatas fritas. Elas são tão boas. Desejo-as à noite, às vezes quando estou sozinha, que é mais frequente do que você imagina.‖ "Eu não imagino nada", disse, mergulhando uma batata no meu próprio copo pequeno. Colocando em minha boca. Ela estava certa. Rapidamente peguei outra. "Por falar nisso, você tem um cara? Ou uma garota? Eu só estou perguntando.‖ Eu balancei minha cabeça. "Você? Alguma vez?‖ "Beijou uma garota?‖ Val fez um gesto sarcástico. "Não! Esteve em um relacionamento?‖ "Por quê?‖ "Oh. É complicado. Eu te peguei.‖ "Não é complicado na verdade.‖ "Ouça", Val disse ao mastigar a primeira mordida de seu hambúrguer, "Eu sou uma grande amiga, mas você vai ter que se abrir mais. Não me importo em sair com estranhos‖. "Todo mundo é um estranho no começo", disse, pensando no meu estranho. "Não, não na agência.‖ "Por que não vê no meu arquivo?‖ "Não tem graça! Vamos lá. Apenas o básico. Foi transferida para uma promoção ou pra seguir em frente?‖ 17 Curly Fry: Batatas fritas enroladas, cacheadas.
  • 28. "Ambos.‖ "Perfeito. Continue. Seus pais são um desastre?" - ela tapou a boca dela. "Oh inferno, não estão mortos, estão? Eu me contorcia no lugar. "Hum... Não. Tive uma infância normal. Os meus pais me amam e uns aos outros. Eu sou filha única.‖ Val suspirou. "Graças a Deus. Eu poderia também fazer a próxima pergunta ofensiva.‖ "Não, eu não sou adotada," Eu sou mestiça. "Lindy é irlandês. Minha mãe é japonesa.‖ "Seu pai é ruivo?" - ela sorriu. Eu olhei pra ela. "Você só tem direito a duas perguntas ofensivas no primeiro dia.‖ "Continue", ela disse. "Me formei com louvor. Eu estava namorando com um cara. Não deu certo," - eu disse, me cansado da minha própria história. "Sem drama. Nossa separação foi apenas tão chata como nosso relacionamento.‖ "Quanto tempo?‖ "Que eu estava com Jackson? Sete anos.‖ "Sete anos. Sem anel?‖ "Mais ou menos", disse, fazendo uma careta. "Ah. Você está casada com o trabalho. Betty Bureau18 ‖. "Ele estava.‖ Val estufou uma risada. "Você estava namorando um Agente?‖ "Sim. Ele era da SWAT19 ‖. "Ainda pior. Como viveu com ele por tanto tempo? E como ele lidou com o que vem em segundo lugar por tanto tempo?‖ Dei de ombros. "Ele me amava.‖ "Mas você devolveu o anel. Não o amava?‖ Dei de ombros novamente, dando uma mordida no meu sanduíche. "O que eu devo saber sobre o escritório?"- eu perguntei. 18 Betty Bureau: Trocadilho para mulher casada com o trabalho. 19 SWAT: É um acrônimo em inglês para Special Weapons And Tactics. Nos Estados Unidos, SWAT é o nome dado a uma unidade de polícia altamente especializada nos departamentos das grandes cidades.
  • 29. Val sorriu. "Mudando de assunto. Clássico. Hmm... O que você precisa saber sobre o escritório. Não irrite o Maddox. Ele é o Assistente de Agente Especial no Comando.‖ "Eu ouvi sobre isso," - eu disse, escovando as mãos uma contra a outra para limpar o sal. "Todo o caminho até Chicago?‖ Assenti. "É justificável a fofoca. Ele é um cuzão, gigantesco, enorme. Você vai ver amanhã de manhã na reunião.‖ "Ele vai estar lá?" - eu perguntei. Ela assentiu. "Ele vai dizer que você é inútil como uma Agente, mesmo que você seja a melhor das melhores, só assim ele poderá observar seu desempenho, quando sua confiança foi esmagada.‖ "Eu posso lidar com isso. O que mais?‖ "Agente Sawyer é um canalha. Fique longe dele. E a Agente Davies uma vadia. Fique longe dela.‖ "Oh," – eu disse, processando suas palavras. "Não me vejo engatando em relações entre escritórios após o fiasco que foi o Jackson.‖ Val sorriu. "Tenho conhecimento em primeira mão de ambos, por isso você deve ficar longe de mim, também.‖ Franzi a testa. "Tem alguém seguro aqui para sair?‖ "Maddox," - ela disse. "Ele tem problemas com a mãe e ele estava infeliz á um tempo atrás. Ele não olhava para os teus peitos se você piscasse para ele.‖ "Então, ele odeia as mulheres.‖ "Não," ela disse, olhando perdida em pensamento. "Ele só se afastou delas. Não quer se machucar novamente, eu imagino.‖ "Não me interessa o que há de errado com ele. Se o que você diz é verdade, eu definitivamente não quero sair com ele.‖ "Você faz muito bem. Faça seu trabalho e continue com a sua vida.‖ "O trabalho é minha vida", disse. Val levantou seu queixo, tentando não esconder que ela ficou impressionada com minha resposta. "Você já é uma de nós. Maddox é um osso duro de roer, mas ele verá isso em você.‖
  • 30. "Qual é a história dele?" - eu perguntei. Ela tomou um gole de água. "Ele estava focado, mas era tolerável quando eu vim para San Diego um pouco mais de um ano atrás. Como eu disse, ele foi magoado por uma garota em sua cidade natal — Camille,"- ela disse o nome, como se fosse veneno em sua boca. "Não sei os detalhes. Ninguém fala sobre isso.‖ "Esquisito.‖ "O que você acha de uma bebida ou cinco mais tarde?" - ela perguntou, perdendo o interesse, agora que a conversa não estava centralizada na minha vida pessoal. "Há um barzinho legal em Midtown.‖ "Eu moro em Midtown," - eu disse, me perguntando se veria meu vizinho. Ela sorriu. "Eu também. Muitos de nós moramos. Nós podemos afogar suas mágoas juntas.‖ "Não tenho mágoas. Apenas memórias. Elas irão embora sozinhas.‖ Os olhos de Val brilhavam novamente de empolgação, eu não estava curtindo o interrogatório. Eu não era tão difícil com os amigos. Bem, eu estava sendo, eu tinha meus limites. "E você?" - eu perguntei. "Isso é uma conversa para uma sexta à noite, com muitas bebidas fortes e música alta. Então, está aqui pra renunciar aos homens? Você está se achando?" - ela fez as perguntas sem um pingo de seriedade. Se minhas respostas fossem sim, não o admitiria. Ela claramente estava esperando para me ridicularizar. "Se fosse, eu já teria falhado miseravelmente," - eu disse, pensando na noite anterior. Val inclinou-se para á frente. "É sério? Você acabou de chegar. Alguém que conhece? Antigo colega de escola?‖ Eu balancei minha cabeça, sentindo minhas bochechas corarem. As memórias vieram rapidamente em flashes, Os olhos verdes-hazel de Thomas, olhando pra mim, de onde ele tinha se sentado no bar, o som dele me empurrando contra minha porta, como ele
  • 31. facilmente se deslizou dentro de mim e meus tornozelos no ar, estremecendo com cada impulso incrível. Eu apertei meus joelhos em reação. Um sorriso largo se espalhou por todo o rosto de Val. "Uma noite de sexo casual?‖ "Não que isso seja da sua conta, mas sim.‖ "Um completo estranho?‖ Assenti. "De certa forma. Ele mora no meu prédio, mas eu não sabia disso até depois de acontecer.‖ Val engasgou e então se encostou contra a sua cadeira de madeira. "Eu sabia", ela disse. "Você sabia que?‖ Ela inclinou-se e cruzou os braços, apoiando-os na mesa. "Que vamos ser grandes amigas‖.
  • 32. ―QUEM DIABOS É LISA?‖ Uma voz alta saltou fora das quatro paredes da sala do Esquadrão. ―Lisa Lindy.‖ Apenas no meu segundo dia no escritório de San Diego, eu era uma das dezenas de agentes à espera do começo da primeira reunião. Todos pareciam nervosos antes da explosão, mas agora, todos eles pareceram relaxar. Eu olhei nos olhos do jovem Assistente de Agente Especial no Comando e quase engoli minha língua. Era ele – minha noite de sexo casual, os lábios que eu senti falta, meu vizinho. Pânico e bile subiram instantaneamente na minha garganta, mas eu o engoli. ―É Liis,‖ disse Val. ―Como geese20 , mas com um L, senhor.‖ Meu coração estava batendo contra o meu peito. Ele estava esperando por alguém para vir para frente. A vida estava indo para ir de novo começo para complicado em três, dois... ―Eu sou Liis Lindy, senhor. Há um problema?‖ Quando nossos olhos se encontraram, ele fez uma pausa, e horror absoluto passou por mim em ondas. Reconhecimento iluminou seu rosto, também, e por apenas um momento, ele empalideceu. O caso de uma noite sem amarras estava agora tão emaranhado que eu queria me enforcar. Ele rapidamente se recuperou. O que quer que tenha o feito ficar com tanta raiva se derreteu por um momento, mas depois seu rosto se apertou, e ele estava de volta a odiar tudo. A reputação feroz do Agente Especial Maddox o havia precedido. Agentes de todo o país sabiam de sua rédea curta e expectativas impossíveis. Eu estava preparada para sofrer sob sua supervisão. Eu não estava preparada para fazê-lo depois de realmente estar debaixo dele. Maldição, maldição, maldição. 20 Geese = ganso. Lê-se g(I)zi. Liis lê-se l(I)s e não Lisa como Maddox a chama. A pronuncia de geese e Liis são as mesmas com exceção do L como Val o alertou.
  • 33. Ele piscou e, em seguida, estendeu o arquivo. "O FD-302 está inaceitável. Eu não sei como você fazia as coisas em Chicago, mas em San Diego, nós não jogamos apenas merda no papel e chamamos isso de bom." Sua dura crítica e bastante pública me fez estalar fora minha espiral de vergonha e de volta para o papel de Betty Bureau. ―O relatório esta perfeito,‖ eu disse com confiança. Apesar da minha raiva, a minha mente brincou com as lembranças da noite anterior - como o corpo do meu chefe tinha parecido sob esse terno, á maneira como seus bíceps tinham flexionado quando ele estocou dentro de mim, quão bom seus lábios tinha sentido nos meus. A gravidade da tempestade de merda que eu tinha criado para mim mesma me atingiu. Eu não tinha ideia de como eu poderia formar uma frase, muito menos soar confiante. ―Senhor,‖ Val começou, ―Eu ficaria feliz em dar uma olhada no relatório e...‖. ―Agente Taber?‖ Maddox disse. Eu meio que esperava ela dizer, Cai fora. ―Sim, senhor?‖ ―Eu sou perfeitamente capaz de discernir se eu vou aceitar um relatório ou não.‖ ―Sim, senhor,‖ ela disse novamente, imperturbável, entrelaçando os dedos sobre a mesa. ―Você é capaz de realizar o trabalho que lhe foi atribuído, Agente Lindy?‖ Maddox perguntou. Eu não gostei do jeito que ele disse meu nome como se ele tivesse deixado um gosto ruim em sua boca. ―Sim, senhor.‖ Foi tão malditamente bizarro chamá-lo de senhor. Isso me fez sentir muito submissa. O sangue do meu pai se enfureceu em minhas veias. ―Então. Faça-o.‖
  • 34. Eu queria estar em San Diego, mesmo que isso me colocasse diretamente na mira de um renomado idiota de um ASAC como Maddox. Foi melhor do que estar em Chicago, tendo a mesma conversa de sete anos de duração com Jackson Schultz. Esse nome definitivamente deixou um gosto ruim na minha boca. Ainda assim, eu não pude parar a mim mesma de o que eu estava prestes a dizer. "Eu ficaria feliz, senhor, se você me deixar." Eu tinha certeza que eu ouvi talvez um ou dois suspiros quase inaudíveis na sala. Os olhos do Agente Maddox tremularam. Ele deu um passo em minha direção. Ele era alto e nada menos do que ameaçador, mesmo em um terno. Embora ele fosse mais que trinta centímetros mais alto do que eu e rumores de ser letal com uma arma e com os punhos, o meu lado irlandês me atraiu para estreitar os olhos e levantar minha cabeça, desafiando meu superior para dar mais um passo, mesmo no meu primeiro dia. ―Senhor,‖ outro Agente diz, solicitando a atenção do Maddox. Maddox virou-se, permitindo o homem sussurrar em seu ouvido. Val se inclinou, falando tão tranquila que ela quase respirou as palavras: "Esse é o Marks. Ele é o mais próximo do Maddox aqui." Maddox teve que se inclinar para baixo porque Marks não era muito mais alto do que eu, mas ele tinha ombros largos e parecia quase tão perigoso quanto o ASAC. Maddox balançou a cabeça, e então seus olhos castanhos frios deslizaram sobre todos na sala. ―Nós tivemos algumas pistas com Abernathy. Marks vai se reunir com o Agente de contato em Vegas esta noite. Taber, onde estamos com o cara de Benny, Arturo?‖ Val começou a dar o seu relatório justamente quando Maddox joga meu FD-302 sobre a mesa. Ele a deixou terminar, e então ele olhou para mim. "Envie-me uma coisa, quando você tiver alguma inteligência real. Eu lhe trouxe ao Esquadrão com base na recomendação de Carter. Não faça dele um idiota.‖
  • 35. "Agente Carter não concede seus elogios facilmente,‖ digo, sem achar graça. ―Eu levo isso muito a sério.‖ Maddox arqueou uma sobrancelha, esperando. ―Senhor. Eu levo muito á sério a sua recomendação, senhor.‖ ―Então, me de algo que eu possa usar até o fim do dia.‖ ―Sim, senhor,‖ disse por entre os dentes. Todo mundo se levantou e dispersou, e eu arranquei o meu relatório da mesa, encarando o Maddox, e ele deixou a sala com o Agente Marks atrás dele. Alguém me entregou um copo de isopor cheio de água, e eu o peguei antes de me arrastar para a minha mesa e cair menos do que graciosamente em minha cadeira. ―Obrigada, Agente Taber.‖ ―Cai fora,‖ ela disse. ―E você está frita. Ele te odeia.‖ ―O sentimento é mútuo,‖ eu disse antes de tomar outro pequeno gole. ―Este é apenas um pit stop21 . Meu jogo final é me tornar uma analista em Quântico.‖ Val puxou para trás seus longos cabelos ruivos, torcendo e envolvendo- os em um coque baixo, na base do pescoço. Meus cabelos tristes finos estavam repletos de ciúmes enquanto Val lutou com quatro grampos para manter o peso do seu cabelo de puxar o coque fora do lugar. Sua franja de lado foi puxada pela testa e enfiada atrás da orelha esquerda. Val parecia jovem, mas ela não parecia inexperiente. No dia anterior, ela havia mencionado vários casos fechados que ela já tinha em seu currículo. ―Eu disse que San Diego era temporário também, e aqui estou eu, quatro anos mais tarde.‖ Ela me seguiu até a parede com o cantinho do café e a Keurig22 . 21 Pit Stop = Ponto de Parada. Liis se refere a estar nesse Bureau em San Diego como uma parada antes de ir para o Bureau em Quântico - Washington, onde fica a sede do FBI. 22 Marca de maquina de café.
  • 36. Esquadrão Cinco estava de volta à rotina, digitando em seus computadores ou falando ao telefone. Quando minha caneca estava cheia, eu agarrei pacotes de açúcar e creme e depois voltei para a minha cadeira preta de costas alta. Tentei não comparar tudo com o meu cubículo em Chicago, mas San Diego tinha tido novos escritórios construídos apenas dois anos antes. Em certas áreas, eu ainda podia sentir o cheiro de tinta fresca. Chicago era bem gasto. Tinha sido minha casa por seis anos e meio antes de eu ser transferida. Minha cadeira lá estava praticamente moldada ao meu traseiro, os arquivos na minha mesa organizados do jeito que eu queria, as paredes dos cubículos entre os Agentes eram altas o suficiente para, pelo menos ter um pouco de privacidade, e o ASAC não tinha me rasgado em pedaços na frente de todo o Esquadrão no meu segundo dia. Val me assistiu colocar a caneca fumegante na minha mesa e, em seguida sentou-se em sua cadeira. Toquei o pacote de creme, franzindo a testa. "Eu não tenho mais creme para colocar no café, mas eu tenho um pouco de leite na geladeira." ela disse com um toque de simpatia em sua voz. Fiz uma careta. ―Não, eu odeio leite.‖ As sobrancelhas de Val subiram, e então seus olhos caíram no chão, surpreso com o meu tom. ―Ok, então. Você não é fã de leite. Não vou perguntar novamente.‖ ―Não. Eu odeio leite - como, minha alma odeia leite.‖ Val riu. ―Bem então, não vou cometer esse engano.‖ Ela olhou para a minha mesa vazia, desprovida de fotos de família ou mesmo de um porta- canetas. ―O cara que costumava estar, neste cubículo... Seu nome era Trex.‖ ―Trex?‖ Perguntei. ―Scottie Trexler. Deus, ele era bonito. Ele foi transferido para fora, também - todo o caminho para fora. Acho que ele está com uma agência diferente agora.‖ Ela suspirou, seus olhos viam algo que eu não podia. ―Eu gostava dele.‖ ―Sinto muito,‖ eu disse não muito certa do que mais poderia dizer.
  • 37. Ela deu de ombros. ―Aprendi a não me apegar por aqui. Maddox está no controle, e não são muitos os Agentes que conseguem aguentar.‖ ―Ele não me assusta,‖ disse. ―Eu não vou dizer a ele que você disse isso, ou ele realmente não vai ficar fora do seu rabo.‖ Senti meu rosto ficar quente, o suficiente para que Val notasse e ela estreitou os olhos. ―Você está corando.‖ ―Não, não estou.‖ ―E agora, você está mentindo.‖ ―É o café.‖ Val olhou fixamente no fundo dos meus olhos. ―Você nem mesmo tomou um gole. Algo que eu disse envergonhou você. Maddox... Rabo...‖ Eu me mexi sob seu olhar intenso. ―Você mora em Midtown.‖ ―Não.‖ Disse, sacudindo minha cabeça. Eu não estava negando a minha residência, mas é que eu sabia que ela iria descobrir logo. Droga, ter amigos que são Agentes do FBI para viver. ―Maddox é o seu vizinho, não é?‖ Eu balancei a cabeça, mais rápido, olhando ao redor. ―Val, não... Pare.‖ ―Foda. Você esta brincando. Maddox é a sua transa de uma noite!‖ Ela assobiou, felizmente mantendo sua voz em um sussurro. Cobri meu rosto e, em seguida, deixei minha testa cair na minha mesa. Eu podia ouvi-la inclinando-se sobre o cubículo. ―Oh meu Deus, Liis. Você morreu quando o viu? Como você pôde não saber? Como é que ele não sabia? Ele contratou você, pelo amor de Deus!‖ "Não sei", eu disse, balançando minha cabeça de um lado para o outro, meus dedos forçaram a borda da minha mesa. Sentei-me, puxando para baixo a pele fina sob minhas pálpebras, como eu fiz isso. "Estou fodida, não é?"
  • 38. ―Pelo menos uma vez, que eu saiba.‖ Val se levantou, seu distintivo sacudiu quando o fez. Ela sorriu pra mim, deslizando seus dedos longos finos em seus bolsos. Olhei pra ela, desesperada. ―Só me mate agora. Tire-me da minha miséria. Você tem uma arma. Você pode fazê-lo.‖ ―Por que eu faria isso? Esta é a melhor coisa que aconteceu para este Esquadrão em anos. Maddox transou.‖ ‗Você não vai contar pra ninguém, certo? Me prometa.‖ Val fez uma careta. ―Nós somos amigas. Eu não faria isso.‖ ―Isso mesmo. Somos amigas.‖ Ela esticou o pescoço para mim ―Por que você está falando comigo como se eu fosse um doente mental?‖ Eu pisquei e balancei a cabeça. "Desculpe-me. Eu possivelmente estou tendo o pior dia da minha.‖ ―Bem, você esta gostosa.‖ Ela se afastou. ―Obrigada,‖ digo a mim mesma enquanto examino a sala. Ninguém tinha ouvido nossa discussão, mas ainda sentia como se o segredo tivesse sido revelado. Afundei na minha cadeira e coloquei meus fones de ouvido enquanto Val deixava a sala do Esquadrão seguindo para as portas de segurança que levavam para o corredor. Cobri minha boca por um momento e suspirei, sentindo-me perdida. Como eu poderia ter atrapalhado o meu recomeço tão completamente antes mesmo de começar? Não só tinha eu transado com o meu chefe, mas se os outros Agentes também descobrissem, poderia pôr em risco quaisquer chances que eu teria em promoções, enquanto estivesse sob a supervisão do Maddox. Se ele tinha alguma integridade com tudo isso, ele iria passar continuamente por mim com medo de que a verdade saísse. A promoção ficaria mal para nós dois - não que isso me importasse. Maddox tinha feito um ponto para que todos soubessem que ele não estava impressionado com o meu trabalho - um relatório que eu tinha dado cem por cento, e meu melhor era malditamente bom.
  • 39. Olhei por cima da transcrição e balancei a cabeça. A tradução estava certa. O relatório era detalhado. Eu pairava o mouse sobre a seta virada para a direita e cliquei nele, tocando o áudio novamente. Quanto mais tempo os dois homens italianos zombavam sobre um trabalho e a prostituta que um deles tinha tido relações na noite anterior, mais minhas bochechas ficavam vermelhas de raiva. Eu tinha orgulho dos meus relatórios. Era o meu primeiro trabalho no escritório de campo de San Diego, e Maddox gritando comigo na frente de todos tinha sido apenas um mau hábito. Então, eu pensei sobre o almoço com a Val no dia anterior e os avisos que ela tinha me dado sobre o Maddox. “Ele irá dizer-lhe que você é inútil como uma Agente, mesmo que você seja a melhor das melhores, apenas para que ele possa observar o seu desempenho quando a sua confiança foi esmagada.” Eu arranquei os fones de ouvido da minha cabeça e segurei o relatório em minhas mãos. Apressei-me em direção ao escritório ASAC no outro extremo da sala do Esquadrão. Fiz uma pausa ao ver a linda mulher que servia como um ponto de verificação antes que se pudesse entrar no interior do escritório de Maddox. A placa de identificação em sua mesa lia-se, CONSTANCE ASHLEY, um nome que lhe convinha com seu cabelo branco-loiro caindo em ondas suaves, em cascata um pouco sobre os ombros, quase igualando sua pele de porcelana. Ela olhou para mim sob seus espessos cílios, ela praticamente piscou os olhos para mim. ―Agente Lindy,‖ ela disse com apenas uma pitada de um sotaque do sul. As bochechas rosadas de Constance, a elegância, e personalidade de menina do interior, eram todas, um truque. Seus olhos azuis de aço a traiam. ―Senhorita Ashley,‖ disse acenando. Ela ofereceu um sorriso doce. ―Apenas Constance.‖ ―Apenas Liis.‖ Eu tentei não soar tão impaciente quanto eu me sentia. Ela era agradável, mas eu estava um pouco ansiosa para falar com o Maddox.
  • 40. Ela tocou o pequeno aparelho em seu ouvido e depois assentiu. ―Agente Lindy, eu temo que o Agente Especial Maddox esteja longe de seu escritório. Posso marcar uma hora?‖ ―Onde ele está?‖ Pergunto. ―Isso é confidencial,‖ ela disse com um doce sorriso inabalável. Dei um peteleco no meu crachá. ―Felizmente, eu tenho passe livre para coisas super secretas.‖ Constance não achou graça. ―Eu preciso falar com ele,‖ disse, tentando não implorar. ―Ele está esperando o meu relatório.‖ Ela tocou o pequeno dispositivo de plástico de novo e assentiu. ―Ele vai voltar depois do almoço.‖ ―Obrigada,‖ disse girando em meus calcanhares e voltando do mesmo jeito que eu vim. Em vez de me retirar para o meu cubículo, eu fui para o corredor e vasculhei até que eu encontrei Val. Ela estava no escritório do Agente Marks. ―Posso falar com você um minuto?‖ Perguntei. Ela olhou pra Marks e depois se levantou. ―Claro.‖ Ela fechou a porta atrás dela, mordendo seu lábio. ―Desculpe interromper.‖ Ela fez uma careta. ―Ele tem me perseguido por seis meses. Agora que Trex está fora do caminho, ele está sob o equivoco de que ele tem uma chance.‖ Meu rosto se comprimiu. ―Será que eu me transferi para um bar de solteiros?‖ Balancei a cabeça. ―Não responda a isso. Preciso de um favor.‖ ―Já?‖ ―Onde o Maddox frequenta na hora do almoço?‖ ―Na academia. Ele está lá todos os dias a esta hora.‖ ―Está certo. Você já mencionou sobre isso. Obrigada,‖ eu disse.
  • 41. Ela me chamou, ―Ele odeia ser interrompido! Como, sua alma odeia ser interrompida!‖ ―Ele odeia tudo,‖ resmunguei sob a minha respiração, pressionando o botão do elevador. Desci dois níveis e, em seguida, tomei a passarela para os escritórios do lado oeste. O escritório de San Diego, recentemente foi construído composto por três edifícios de grande porte, e, provavelmente, vai ser um labirinto para mim por uma ou duas semanas, pelo menos. Foi um golpe de sorte que Val tinha me mostrado o caminho para a academia no dia anterior. Quanto mais perto eu chegava da academia, mais rápido eu andava. Eu segurei meu crachá contra o quadrado preto que se projeta da parede. Depois de um sinal sonoro e o som da abertura da fechadura, eu abri a porta para ver os pés do Maddox balançando no ar, com o rosto vermelho e brilhante de suor, enquanto ele balançava rapidamente em uma barra de flexões. Ele mal notou minha presença, ainda prosseguindo com o seu exercício. ―Nós precisamos conversar,‖ eu disse, segurando o meu relatório, que estava agora amassado com o meu aperto. Isso me deixou ainda mais irritada. Ele soltou a barra, seu tênis aterrissou no chão com um baque. Estava respirando com dificuldade, ele usou a gola de sua camiseta do FBI cinza claro para enxugar o suor pingando do rosto. A bainha inferior subiu, revelando apenas um pedaço do seu perfeito abdômen na parte inferior e um lado do V que eu tinha fantasiado pelo menos uma dúzia de vezes desde a primeira vez que eu o vi. Sua resposta me trouxe de volta ao presente. ―Fora daqui.‖ ―Isso é para todos os funcionários da Agência, não é?‖ ―Não entre onze e meio-dia.‖ ―Quem disse?‖ ―Eu.‖ Seu maxilar deslizou debaixo de sua pele, e então ele olhou para os papéis na minha mão. ―Você refez o FD-302?‖ ―Não.‖
  • 42. ―Não?‖ ―Não,‖ eu fervi. ―A transcrição e a tradução estão precisas, e o FD-302, como eu já disse, está perfeito.‖ ―Você esta incorreta,‖ ele disse, olhando para mim. Por trás da irritação havia outra coisa, embora eu não conseguisse decifrá-la. ―Pode me explicar o que está faltando?‖ Perguntei. Maddox se afastou de mim, o tecido sob ambos os braços e a parte inferior das costas estava escuro com a transpiração. ―Desculpe-me, senhor, mas eu fiz uma pergunta.‖ Ele virou ao redor. ―Você não vem até mim, fazendo perguntas. Você recebe ordens e eu te disse para modificar esse relatório para a minha satisfação.‖ ―Como exatamente você gostaria que eu fizesse isso, senhor?‖ Ele riu uma vez, sem achar graça. ―Será que o seu superior fazia o seu trabalho para você em Chicago? Porque em...‖ ―Eu estou em San Diego. Eu sei.‖ Ele estreitou os olhos. ―Você é insubordinada, Agente Lindy? É por isso que você foi enviada pra cá - para estar sob meu comando?‖ ―Você me solicitou, lembra?― Sua expressão ainda era uma que eu não conseguia ler, e isso estava me deixando com raiva. ―Eu não solicitei você,‖ ele disse. ―Eu solicitei a melhor especialista em linguagem que nós tínhamos.‖ ―Que seria eu, senhor.‖ ―Perdoe-me, Agente Lindy, mas depois de ler aquele relatório, estou tendo dificuldade em acreditar que você é tão boa como você pensa que é.‖ ―Eu não posso te dar uma informação que não está lá. Talvez você devesse me dizer o que você quer ouvir daquela perícia.‖
  • 43. ―Você está sugerindo que eu estou pedindo pra você mentir no relatório?‖ ―Não, senhor. Estou sugerindo que você me diga o que você espera de mim.‖ ―Eu quero que você faça o seu trabalho.‖ Cerrei meus dentes, tentando manter o meu lado irlandês de me fazer ser demitida. ―Gostaria muito de realizar minhas responsabilidades, senhor, e fazê-lo a sua satisfação. O que sobre o meu relatório você acha insuficiente?‖ ―Todo ele.‖ ―Isso é de pouca ajuda.‖ ―Que pena.‖ Ele disse em um tom presunçoso, se afastando de novo. Minha paciência tinha acabado. ―Como diabos você conseguiu ser promovido para ASAC?‖ Ele parou e girou nos calcanhares, inclinando-se um pouco, parecendo incrédulo. ―O que você disse?‖ ―Perdoe-me, senhor, mas você me escutou.‖ ―Este é seu segundo dia Agente Lindy. Você pensa que pode...― ―E pode bem ser o ultimo, depois disto, mas eu estou aqui para faz um trabalho, e você esta no meu caminho.‖ Maddox me olhou por um longo tempo. ―Você acha que pode fazer melhor?‖ ―Pode ter a maldita certeza que eu poderia.‖ ―Ótimo. Você agora é a supervisora do Esquadrão Cinco. Dê o seu relatório para Constance digitalizar e, em seguida coloque suas merdas no seu escritório.‖ Meus olhos dançaram ao redor da sala, tentando processar o que tinha acontecido. Ele tinha acabado de me dar á promoção que eu pensava que levaria pelo menos mais quatro anos.
  • 44. Maddox se afastou de mim e empurrou a porta para o vestiário masculino. Eu estava respirando com dificuldade, talvez com mais dificuldade do que ele estava depois do seu treino. Eu me virei, vendo uma dúzia de pessoas em pé na porta de vidro. Eles se enrijeceram e se afastaram quando perceberam que tinham sido apanhados. Abri a porta e caminhei de volta pelo corredor e através da passarela em transe. Lembrei-me de ver uma caixa vazia ao lado da cafeteira, então eu a peguei e a coloquei em cima da minha mesa, enchendo-a com o meu laptop, arma, e os poucos arquivos que eu tinha em minhas gavetas. ―Foi tão ruim assim, não foi?‖ Val disse, com uma genuína preocupação em sua voz. ―Não,‖ eu disse ainda em transe. ―Ele me promoveu a supervisora do Esquadrão.‖ ―Desculpe-me.‖ Ela riu. ―Eu pensei que você disse que é a supervisora.‖ Eu olhei pra ela. ―Eu disse.‖ Suas sobrancelhas se ergueram. ―Ele olha pra você com mais ódio do que ele olha o Agente Sawyer, e que não é pouca coisa. Você está me dizendo que o enfrentou uma vez e ele te deu uma promoção?‖ Olhei ao redor da sala, tentando pensar em uma razão plausível também. Val deu de ombros. ―Ele ficou louco, perdeu o juízo.‖ Ela apontou pra mim. ―Se eu soubesse que ser insubordinada e fazer algo tão tabu como dizer a outro Agente como executar um caso significava uma promoção, eu teria lhe dito poucas e boas a muito tempo atrás.‖ Respirei fundo e peguei a caixa antes de entrar no escritório vazio do supervisor. Val veio atrás de mim. ―Este está vazio desde a promoção do Maddox para ASAC. Ele é um dos mais jovens ASAC‘s na Bureau. Você sabia disso?‖ Balancei minha cabeça enquanto eu colocava a caixa na minha nova mesa.
  • 45. ―Se alguém pode se safar dessa, é o Maddox. Ele é tão próximo do rabo do diretor que aposto que ele vai se tornar S.A.C23 cedo, também.‖ ―Ele conhece o diretor?‖ Perguntei. Val riu uma vez. ―Ele tem jantares com o diretor. Ele passou o dia de Ação de Graças na casa do diretor no ano passado. Ele é o favorito do diretor, e eu não quero dizer fora do escritório de San Diego, ou até mesmo fora dos escritórios na Califórnia. Quero dizer, no Bureau. Thomas Maddox é o menino de ouro. Ele pode ter o que quiser, e ele sabe disso. Todo mundo sabe.‖ Fiz uma careta. ―Será que ele não tem família? Por que ele não foi para casa no dia de Ação de Graças?‖ ―Algo haver com a ex, ou eu ouvi dizer.‖ ―Como é que socializar com o diretor pode acontecer para alguém como Maddox? Ele tem a personalidade de um texugo.‖ ―Talvez. Mas ele é leal àqueles que estão em seu círculo, e eles são leais a ele. Então, cuidado com o que diz sobre ele e pra quem. Você poderia ir de promoção surpresa para uma transferência surpresa.‖ Isso me fez hesitar. ―Eu só, uh... Vou me estabelecer.‖ Val caminhou em direção ao corredor, parando na porta. ―Bebidas hoje à noite?‖ ―De novo? Eu pensei que você disse que eu deveria ficar longe de você?‖ Ela sorriu. ―Não me de ouvidos. Sou conhecida por dar conselhos horríveis.‖ Eu apertei os lábios, tentando reprimir um sorriso. Mesmo com a minha mancada monumental, talvez aqui não fosse tão ruim depois de tudo. 23 Special Agent in Charge : Agente Especial Encarregado.
  • 46. "OLHA QUEM ESTÁ AÍ," disse Anthony, colocando um par de guardanapos na frente de dois bancos vazios. "Obrigada pelo aviso na outra noite," eu disse. "Você poderia ter me dito que eu estava saindo com o meu chefe." Val soltou uma risada. "Você a deixou sair daqui com ele? Nem mesmo uma dica? Isso é maldade." Anthony puxou sua boca para o lado. "Ele não era o seu chefe... Ainda. Além disso, eu não sabia de nada do que ia acontecer.‖ Estreitei meus olhos. "Mas você sabia que ele seria, e você perdeu a aposta.". Anthony estava chocado. "Maddox? Oh, não, querida, você deve ter alucinado." "Não fique tão chocado" eu disse. "É indelicado." "Não é que... É só..." Anthony olhou para Val. "Só tenho o visto dispensar várias mulheres. Foi uma grande surpresa quando ele pediu para você sair com ele.‖ Val balançou a cabeça e riu. "Eu te disse. Ele renunciou as mulheres. " "Bem, Santo Thomas quebrou seu juramento," eu disse. Anthony apontou seus dedos, girando pequenos círculos invisíveis no ar. "Você deve ter feito um voodoo em sua hoohoo." Val gargalhou "Talvez eu tenha!" Eu disse, fingindo insulto. Anthony parecia arrependido de um jeito meio não atire em mim. "Você está certa. Eu deveria ter lhe dado um aviso. Primeira rodada é por minha conta. Amigos?" "Já é um começo" eu disse, me sentando. "Oh," Anthony disse, olhando para Val, "Ela é briguenta."
  • 47. "Espere até o Maddox descobrir que você sabia que ela era uma Agente." Anthony colocou sua mão no peito, parecendo verdadeiramente preocupado. "Pelo amor de Deus, você não vai falar pra ele, não é?" "Talvez" eu disse, mordendo minha unha. "É melhor você ficar ao meu lado a partir de agora." "Juro" disse Anthony, levantando três dedos. "Para com essa merda. Você nunca foi um escoteiro" disse Val. "Hey," uma voz masculina disse antes de se abaixar para beijar o rosto de Val e sentar no banco vazio ao lado dela. "Hey, Marks. Você conhece a Lindy." Marks se inclinou para frente, deu uma olhada para mim, e então se inclinou para trás. "Sim." Val fez uma careta. "Qual o problema?" Ele estava focado na grande televisão em cima de nós, e quando ele não respondeu, ela deu um tapa em seu braço. "Joel! Qual é a do babaca?" "O que o... Por que me bateu?" ele disse, esfregando o braço. "Eu acabei de escolher manter distância de problemas." Revirei meus olhos e olhei para Anthony. "O de sempre?" Anthony perguntou. Assenti. "Você já tem o de sempre?" Val disse. "Quantas vezes você vem aqui?" Eu suspirei. "Esta é só a minha terceira vez." "Em poucos dias," Anthony adicionou. Ele colocou um Manhattan em cima do guardanapo na minha frente. "Você vai falar comigo desta vez?" "Você tem sorte de que eu estou falando com você agora," Eu disse.
  • 48. Anthony assentiu, admitindo e depois olhou para Val "Se ela tivesse pedido apenas uma bebida, eu ainda teria me lembrado. De quem você acha que é esse bar?" Val levantou uma sobrancelha. "Este bar não é seu, Anthony." "Este bar é meu", ele disse, colocando um pequeno copo na frente dela. "Você vê alguém mais gerenciar esta merda?" Ele acenou ao redor dele. "Okay". Val riu, e Anthony pegou o pedido de Marks. Eu costumava fazer mais brincadeiras, mais piadas. Gostei da inteligência afiada e do sarcasmo em suas brincadeiras, sem mágoas, sem seriedade. Depois de um dia no escritório, foi refrescante. O sino da porta tocou, e um relance rápido se transformou em um longo olhar enquanto Maddox se encaminhou para o banquinho ao lado de Marks. Os olhos do Maddox encontraram os meus por uma fração de segundo, e então ele cumprimentou seu amigo. Antes de Maddox sentar-se em seu assento e afrouxar a gravata, Anthony já tinha colocado uma garrafa de cerveja no balcão na frente dele. "Relaxe", Val sussurrou. "Ele não vai ficar muito tempo. Talvez uma bebida." "Estou feliz de nunca ter tentado trabalhar disfarçada. Eu estou começando a achar que meus pensamentos e sentimentos são cercados por paredes de vidro e legendados caso não esteja sendo suficientemente óbvia." Val me ajudou a continuar uma conversa semi normal, mas em seguida Maddox pediu outra bebida. Val torceu a boca. "Isso não é normal." Eu tentei lembrar-me se ele bebeu mais de uma na primeira vez que nos encontramos. "Inferno", eu sussurrei, "Deveria ir para casa de qualquer maneira." Fiz um gesto para Anthony fechar minha conta, e Marks inclinou-se. "Está indo embora?" ele perguntou. Eu simplesmente acenei com a cabeça.
  • 49. Ele parecia irritado com o meu silêncio. "Você não fala mais?" "Apenas tentando te ajudar a ficar longe de problemas." Eu assinei a pequena tira de papel para Anthony, deixando para trás uma gorjeta que cobria todas as três noites, então, eu coloquei a alça da minha bolsa no meu braço. O ar da noite implorou-me para dar um passeio em uma direção diferente ao do meu apartamento, mas eu contornei a esquina e atravessei a rua, subi o alpendre do meu prédio. Uma vez lá dentro, meus saltos clicavam contra o chão até que parei diante do elevador. A porta de entrada se abriu e fechou, Maddox diminuiu os passos quando ele me viu. "Subindo?" ele perguntou. Olhei pra ele com uma expressão vazia, e ele olhou ao redor, como se estivesse perdido, ou talvez não acreditasse que tivesse dito algo tão estúpido. Estávamos no piso térreo. As portas se abriram com um som alegre, eu entrei. Maddox me seguiu. Apertei os botões para os quinto e sexto andares, incapaz de esquecer-me que Maddox morava diretamente acima de mim. "Obrigado," ele disse. Eu notei sua tentativa de suavizar a voz rude de eu sou-o-chefe. Enquanto o elevador subia os cinco andares, a tensão entre mim e meu supervisor ia aumentando, assim como os números iluminados acima da porta. Finalmente, quando chegamos ao meu andar, sai e soltei a respiração que estava prendendo. Virei-me para acenar para Maddox, e antes das portas deslizarem se fechando, ele saiu. Logo que seus pés tocaram o carpete do quinto andar, ele pareceu se arrepender. "Não é seu o seu andar —" "O andar acima. Sim." ele disse. Ele olhou para minha porta e engoliu.
  • 50. Ao ver a tinta azul arranhada na minha porta, eu me perguntei se as memórias vieram mais rápidas e mais difíceis para ele como elas vieram pra mim. "Liis..." Ele fez uma pausa, parecendo escolher suas palavras com cuidado. Ele suspirou. "Eu te devo um pedido de desculpas pela primeira noite que nos conhecemos. Se eu soubesse... Se eu tivesse feito o meu trabalho e revisado completamente seu arquivo, nenhum de nós estaria nesta posição." "Eu sou bem grandinha, Maddox. Eu posso arcar com a responsabilidade tão bem como você pode." "Eu não te dei a promoção por causa daquela noite." "Eu certamente espero que não." "Você sabe bem que seu relatório foi excepcional, e você tem muito mais coragem que a maioria dos homens em nossa unidade. Ninguém me enfrentou da mesma maneira que você. Preciso de um Agente assim como supervisor." "Você me questionou na frente de todos só para ver se eu iria enfrentá- lo?" Eu perguntei irritada e incerta. Ele pensou sobre isso, e então ele colocou as mãos nos bolsos e deu de ombros. "Sim". "Você é um idiota." "Eu sei". Meu olhar caiu involuntariamente em seus lábios. Eu estava perdida por um momento nas memórias e no quão incrível eu me senti quando ele me segurou. "Agora que já sabemos disso, eu acho que começamos com o pé errado. Não precisamos ser inimigos. Trabalhamos juntos, e acho que o melhor para o interesse do Esquadrão é ser cordial." "Acho que, dada a nossa história, tentar sermos amigos seria uma ideia particularmente ruim." "Amigos, não" Eu disse rapidamente. "Um respeito mútuo — como colegas." "Colegas", ele disse com uma expressão sarcátisca.
  • 51. "Profissionais", eu disse. "Você não concorda?" "Agente Lindy, eu só queria esclarecer que o que aconteceu entre nós foi um erro, e embora possivelmente, foi uma das melhores noites que tive desde que estou em San Diego... Nós... Nós não podemos cometer esse erro novamente." "Estou ciente", eu simplesmente disse. Estava sendo muito dificil ignorar seu comentário sobre ter sido uma ótima noite, porque tinha sido uma ótima noite, mais do que ótima e eu nunca a teria novamente. "Obrigado," ele disse aliviado. "Eu não queria adiar esta conversa." Eu olhei para todos os lugares menos para Maddox. Tirei as chaves da minha bolsa. "Tenha uma boa noite, senhor." "Apenas... Maddox esta bem quando não estamos no escritório. Ou...Thom, Maddox está bem. " "Boa noite", eu disse, colocando a chave na fechadura e virando-a. Eu fechei a porta, e vi Maddox virar-se para as escadas com uma expressão de raiva. Meu sofá continuava sendo mantido como refém, rodeado de caixas de papelão. As paredes brancas com cortinas faziam-me sentir desconfortavelmente fria, mesmo com a temperatura amena do lado de fora. Eu fui direto para o quarto e cai de costas na cama, olhando para o teto. O dia seguinte seria longo, organizaria meu escritório e descobriria onde estávamos no caso de Las Vegas. Eu teria que desenvolver meu próprio sistema para rastrear o progresso de todos, analisando onde eles estão na atribuição atual e no que eles estarão trabalhando em seguida. Este seria meu primeiro trabalho como supervisora e eu estava trabalhando com um ASAC que esperava perfeição. Eu suspirei. No canto do teto tinha uma mancha de água pequena, eu me perguntei se Maddox alguma vez tinha deixado sua banheira transbordar ou se houve apenas um vazamento em algum lugar nas paredes. Ouvi um barulho fraco filtrado através do encamento que separava nossos apartamentos. Ele estava
  • 52. lá em cima, provavelmente entrando no chuveiro, o que significava que ele estava sem roupas. Droga. Eu o conheci como algo diferente de meu chefe, e agora era difícil não me lembrar do homem inebriante que conheci no bar, o homem que pertencia aos pares de lábios que eu tinha lamentado antes mesmo de ele ter deixado a minha cama. Raiva e ódio eram as únicas maneiras como eu ia passar o meu tempo em San Diego. Eu teria que aprender a odiar Thomas Maddox, e tive a sensação que ele não ia fazer isso ser difícil para mim. As prateleiras estavam vazias, mas livre de poeira. Um espaço maior do que eu poderia desejar para preencher, o escritório do supervisor era tudo pelo o que eu tinha me esforçado, e ao mesmo tempo o próximo passo que senti quebrando o degrau na minha escalada até o topo da Agência. O que para uma pessoa normal possa parecer uma bagunça de fotos, mapas e cópias Xerox, era a minha maneira de manter o foco em qual Agente foi atribuído e a sua tarefa, qual seria o mais promissor, e qual pessoa interessante teria mais rendimento do que as outras. Um nome em particular me chamou a atenção e apareceu de novo e de novo, uma lenda do poker acabado por o nome de Abernathy. Sua filha, Abby, também aparecia em preto e branco em algumas fotos de vigilância, mas eu ainda não tinha pegado o relatório sobre o envolvimento dela ainda. Val entrou e viu com reverência como eu preguei o pino final na borda desgastada do último do fio vermelho. "Whoa, Liis. Quanto tempo esteve nisto?" "A manhã toda", disse, admirando a minha obra-prima ao sentar na minha cadeira. Eu coloquei minhas mãos na cintura e suspirei. "Fantástico, não é?" Val respirou fundo, parecendo oprimida.
  • 53. Alguém bateu na porta. Eu me virei para ver o Agente Sawyer encostado a porta de entrada. "Bom dia, Lindy. Eu tenho algumas coisas que gostaria de discutir com você, se não estiver ocupada." Sawyer não parecia ser tão terrível quanto Val o tinha feito parecer. Seu cabelo recém-aparado, mas longo o suficiente para correr os dedos, mas ainda profissional. Talvez ele tenha usado o spray de cabelo um pouco demais, mas o estilo James Dean o lisonjeava. Seu queixo quadrado e seus dentes brancos realçavam seus olhos azuis brilhantes. Ele era bonito, mas algo por trás de seus olhos era feio. Val fez uma careta. "Vou avisar ao zelador que você tem lixo no seu escritório," ela disse, esbarrando com o ombro ao passar por ele. "Eu sou o Agente Sawyer," ele disse, andando poucos passos para apertar minha mão. "Eu quis apresentar-me ontem, mas eu fui pego no tribunal. Tarde demais." Eu andei atrás da minha mesa e tentei organizar as pilhas de documentos e arquivos. "Eu sei. Como posso ajudar você, Sawyer?" Sawyer sentou-se em uma das cadeiras de couro em frente à minha grande mesa de carvalho. "Sente-se", disse, fazendo um show ao gesticular em direção a ele que já estava sentado. "Eu tinha planejado isso," ele disse. Devagar e sem olhar além do par de olhos azul-oceano à minha frente, eu sentei na minha cadeira de escritório excessivamente grande e alta fazendo-me sentir que estava sentada em um trono - meu trono. E esse palhaço estava tentando mijar no meu tribunal. Encarei-o como se fosse um cão sarnento. Sawyer colocou um arquivo na minha mesa e abriu, apontando para um parágrafo destacado em laranja brilhante. "Anteriormente eu trouxe isto antes de Maddox, mas agora que temos um par de olhos novos – ― Maddox entrou como um furacão no meu escritório.
  • 54. Sawyer levantou-se como se tivesse sido alvejado. "Bom dia, senhor." Maddox simplesmente acenou com a cabeça em direção à porta, e Sawyer correu pra fora sem dizer uma palavra. Maddox bateu a porta fechado- a, e a parede de vidro estremeceu, então não precisei. Eu inclinei para trás em meu trono e cruzei os braços, ambos antecipando e esperando por um comentário idiota sair da sua boca perfeita. "Que achou do seu escritório?" ele perguntou. "Com licença"? "Seu escritório", ele disse, passeando e passando a mão nas prateleiras vazias. "Esta satisfeita?" "Sim?" Os olhos do Maddox me direcionaram. "É uma pergunta?" "Não. O escritório é satisfatório, senhor." "Bom. Se precisar de algo, me avise, e" — ele apontou para a parede de vidro — "Se aquele pedaço nojento de merda te incomodar. Você vem diretamente a mim, entendeu?" "Eu sou capaz de lidar com Sawyer, senhor." "No momento", ele fervia, "Que ele fizer um comentário sarcástico, questionar sua autoridade, ou flertar com você, venha direto ao meu escritório." Flertar comigo? Quem ele pensa que está enganando? "Porque você o envolveu neste caso se ele te desagrada tanto?" "Ele é bom no que faz." "Você ainda não o ouviu." Ele esfregou os olhos com seu polegar e o indicador, frustrado. "Só porque eu tenho que aturar suas merdas para usar o seu talento, não significa que você também tenha.‖ "Eu pareço fraca para você?" Suas sobrancelhas arquearam. "Perdão"?
  • 55. "Vocês estão tentando me prejudicar?" Sentei-me. "É esse o seu jogo? Eu estive tentando entender tudo isso. Acho que ficaria muito melhor me fazer parecer chorona e incompetente só para me fazer sair dos trilhos". "O que? Não," disse ele, olhando genuinamente confuso. "Eu posso lidar com Sawyer. Eu posso lidar com minha posição recém- nomeada. Sou capaz de gerenciar este Esquadrão. Há mais alguma coisa, senhor?" Maddox percebeu que sua boca estava aberta, ele a fechou. "Isso é tudo, Agente Lindy". "Fantástico. Eu tenho trabalho a fazer." Maddox abriu a porta, colocou suas mãos nos bolsos, acenou com a cabeça e depois saiu, caminhando em direção á porta de segurança. Eu olhei para o relógio e sabia exatamente onde estava indo. Val saiu em disparada, com os olhos arregalados. "Puta que pariu, o que foi isso?" "Não faço ideia, mas vou descobrir." "Ele estava com pressa para deixar o pub ontem à noite. Ele levou você pra casa?" "Não," Eu disse, levantando-me. "Mentira". Eu a ignorei. "Eu preciso queimar alguma energia. Quer se juntar a mim?" "Academia durante o tempo do ASAC? Inferno, não. Você não devia provocá-lo, Liis. Entendo que vocês têm alguma competição estranha acontecendo, mas ele é famoso por seu temperamento". Peguei minha mochila do chão e coloquei-a no meu ombro. "Se ele quer me passar para trás, eu vou provocá-lo." "Para onde? Para o precípicio?" Eu pensei sobre isso por um momento. "Ele só entrou aqui todo irritado por causa do Sawyer."
  • 56. Val deu de ombros. "Sawyer é um idiota. Ele irrita todo mundo." "Não, tenho a impressão de que Maddox estava... Sei que parece loucura, mas ele estava se comportando como um ex-namorado ciumento. Se não é isso, então eu acho que ele me deu essa promoção para me fazer parecer incompetente. Cai em concordância com o que você disse sobre ele anteriomente e o que ele fez comigo antes de eu chegar á promoção". Val enfiou a mão no bolso e abriu um pequeno saco de pretzels. Ela colocou um na boca e mastigou em pequenas mordidas como um esquilo. "Eu estou mais inclinada para sua teoria de que Maddox é ciumento, mas isso é impossível. Primeiro de tudo, ele nunca teria ciúme de Sawyer." Disse fazendo uma careta. "Em segundo lugar, ele não fica deste jeito, não desde que essa garota o fez odiar qualquer coisa com uma vagina." Eu queria lembrá-la que ele não tinha dormido com ninguém antes de mim também, mas isso implicaria que eu queria que ele ficasse com ciúmes, e eu não. "O que te faz pensar que a culpa foi dela?" Eu perguntei. Ela fez uma pausa. "Ele era apaixonado por aquela garota. Já esteve no escritório dele?" Eu balancei minha cabeça. "Aquelas prateleiras vazias costumavam ter vários porta-retratos com fotos dela. Todos sabiam o quanto ele lutou para fazer o seu trabalho e a amar da maneira que ele achava que ela merecia. Agora, ninguém fala sobre isso — não porque ele fez algo errado, mas porque ela partiu seu coração, e ninguém quer fazê-lo mais miserável do que ele já está." Eu a ignorei. "Eu sou uma analista de inteligência, Val. Está na minha natureza juntar pedaços de informações e formar uma teoria." Seu nariz se enrugou. "E isso tem a ver com alguma coisa? Estou tentando argumentar o ponto que ele não tem ciúmes de Sawyer." "Eu nunca disse que tinha". "Mas você quer que seja." Val estava confiante de que ela estava certa. Era enlouquecedor.
  • 57. "Eu quero saber se eu estou certa sobre ele. Eu quero saber se ele está tentando me afundar. Quero retirar essa camada superior e ver o que está por baixo." "Nada que você vai gostar." "Vamos ver", disse, passando por ela em direção à porta.
  • 58. MADDOX PAROU NO MEIO do abdominal e suspirou. ―Você tá brincando.‖ ―Nope‖, eu disse, indo direto para o vestiário feminino. Ele deixou suas costas caírem contra o banco em que estava sentado, suas pernas dobradas e seus pés firmemente plantados no chão. ―Você quer que a gente se odeie?‖ ele disse, olhando para o teto. ―Eu estou começando a achar que você quer.‖ ―Você não está longe.‖ eu disse, empurrando a porta. Depois de tirar minhas roupas de malhar da minha pequena mala, eu deslizei minha saia-lápis azul-marinho pelos meus quadris e desabotoei minha blusa azul claro, e então eu troquei meu sutiã por um top esportivo. Incrível como uma peça de roupa podia me levar de modestas curvas a uma réplica de um garoto de doze anos. A sala com armários alinhados e pôsteres motivacionais não cheiravam a bolor e tênis sujos como eu esperava. Alvejante e tinta fresca dominavam o ar. Maddox estava terminando sua musculação quando eu fiz meu caminho até a esteira mais próxima, meu Adidas fazia barulho a cada passo dado no chão. Eu parei em cima da correia de borracha e apertei o cinto de segurança sobre a minha camisa branca do FBI até o fecho da máquina. ―Por que agora?‖ ele disse do outro da sala. ―Por que você tem de ficar aqui durante o meu horário de almoço? Você não pode malhar de manhã ou à noite?‖ ―Você já viu esse lugar nesses horários? A melhor hora do dia de ter o exercício completo sem ter que escapar de corpos suados é no seu horário de almoço porque ninguém quer ficar aqui enquanto você está.‖ ―Porque eu não os deixo.‖ ―Você vai me pedir pra sair?‖ eu perguntei pra ele por cima do ombro. ―Você quis dizer mandar você sair?‖
  • 59. Encolhi meus ombros. ―Semântica.‖ Seus olhos pararam nas minhas leggings apertadas enquanto ele pensava sobre isso, e então ele saiu do banco para as barras duplas antes de levantar suas pernas quase na altura do peito. Se ele malhava assim cinco vezes por semana não era de se admirar que ele tivesse um abdome definido. Suor escorria pelo seu cabelo, e todo seu torso brilhava. Eu fingi não notar enquanto apertava o botão da esteira. O cinto moveu- se suavemente pra frente, as engrenagens fazendo um barulho familiar em baixo dos meus pés. Coloquei os fones de ouvido, eu usei a música pra me ajudar a esquecer de que Maddox estava atrás de mim, aperfeiçoando a perfeição, aumentar a velocidade e inclinação da esteira ajudou também. Depois de algumas voltas, eu tirei um fone do ouvido e joguei meu ombro. Eu me virei pra olhar a parede de espelhos à minha esquerda e falar com o reflexo de Maddox. ―Aliás, eu estou de olho em você.‖ ―Ah, é?‖ Maddox disse bufando no fundo. ―Você pode apostar que sim.‖ ―Que diabos isso quer dizer?‖ ―Eu não vou deixar você fazer isso.‖ ―Você realmente acha que eu estou tentando te sabotar?‖ Ele parecia divertido. ―Não está?‖ ―Eu já te disse que não.‖ Depois de uma longa pausa, ele estava do meu lado, sua mão nas fivelas do cinto. ―Eu sei que deixei uma má impressão em você, Lindy. Admito, foi intencionalmente. Mas eu sou motivado a fazer melhores Agentes, não afundar suas carreiras.‖ ―Isso inclui Sawyer?‖ ―Agente Sawyer tem uma história no nosso Esquadrão que você não sabe nada sobre isso.‖ ―Então me diga.‖
  • 60. ―Não é a minha história pra contar.‖ ―Então é isso?‖ eu sorri. ―Eu não te entendo.‖ ―Você não vai permitir que ele fale comigo por causa da história dele?‖ Maddox deu de ombros. ―Eu só gosto de ficar no caminho dele.‖ ―A birra no meu escritório depois que o Agente Sawyer saiu, foi você ficando no caminho dele. Certo.‖ Maddox balançou a cabeça e então foi embora. Eu comecei a colocar o fone de volta na orelha, mas ele reapareceu. ―Por que eu sou o babaca por deixar um pedaço de merda feito o Sawyer longe de você?‖ Eu apertei um botão e então a esteira parou de rodar. ―Eu não preciso da sua proteção.‖, eu bufei. Maddox começou a falar, mas então ele saiu andando. Dessa vez ele empurrou a porta do vestiário masculino. Depois de oito minutos valiosos pensando em sua atitude, eu pulei fora da esteira e fui para o vestiário masculino. Maddox tinha uma mão na pia, a outra segurando a escova de dentes. Seu cabelo estava molhado, e ele estava coberto apenas por uma toalha. Maddox cuspiu, enxaguou a escova na pia. ―Posso te ajudar?‖ Eu troquei meu peso de um pé para o outro. ―Você pode ser capaz de lustrar o ouro todo até o caminho do diretor, mas eu estou de olho em você. Não pense por um segundo que eu não consigo ver atrás da sua babaquice. Eu não vou a lugar nenhum, então você pode parar qualquer jogo que você está fazendo.‖ Ele largou a escova de dentes na pia e caminhou em minha direção. Eu dei um passo pra trás, acelerando o ritmo assim como ele. Minhas costas bateram na parede e eu engoli em seco. Maddox bateu com as palmas da mão na parede de cada lado da minha cabeça. Ele estava a centímetros do meu rosto, sua pele ainda pingava de seu banho recente.
  • 61. ―Eu te promovi a supervisora, Agente Lindy. O que te faz pensar que a quero fora daqui?‖ Eu ergui meu queixo. ―Sua história besta sobre o Sawyer não acrescenta nada.‖ ―O que você quer que eu diga?‖ ele disse. Eu podia sentir a menta em seu hálito, o perfume de sabonete em sua pele. ―Eu quero a verdade.‖ Maddox inclinou-se, seu nariz traçou um caminho até meu maxilar. Meus joelhos quase cederam quando senti seus lábios traçando o caminho até minha orelha. ―Você pode ter o que você quiser.‖ Ele deu um passo pra trás, seus olhos caíram nos meus lábios. Minha respiração falhou, e eu me preparei quando ele se aproximou, fechando os olhos. Ele parou poucos centímetros da minha boca. ―Diga.‖, ele disse sussurrando. ―Diga que você quer que eu a beije.‖ Eu o alcancei com meus dedos, deslizando para baixo em seu abdômen, espalhando as gotas de água, até achar a borda da toalha. Todos os nervos do meu corpo imploravam pra que eu dissesse sim. ―Não.‖ Eu o empurrei e saí porta afora. Subi em cima da esteira, escolhendo a configuração mais rápida, repus os fones de ouvido, mudando de música até que alguém começou a gritar ao som da batida. Quarenta cinco minutos mais tarde, suando e ofegante, eu diminuí o ritmo, caminhei com as mãos na cintura. Cinco minutos depois da minha pausa, tomei um banho e me vesti e prendi meu cabelo num coque desajeitado. Val estava me esperando no outro lado corredor. ―Como foi?‖, ela perguntou claramente preocupada. Eu continuei a andar em direção aos elevadores e ela manteve meu ritmo.