O documento apresenta um resumo sobre a geração de energia eólica offshore e sua sinergia com a indústria de petróleo e gás. A fonte eólica tem tido grande redução de custos e é uma alternativa importante para a geração de energia limpa e sustentável, especialmente a geração offshore que pode fornecer energia próxima aos centros de carga com ganhos de eficiência e escala. Alguns países vêm articulando projetos que combinam a geração eólica offshore com operações de petróle
1. 22º CONGRESSO NACIONAL DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO,
CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE - SOBENA 2008
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE DA ENERGIA EÓLICA OFFSHORE
E SUA SINERGIA COM A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS
Jean Carlo Viterbo ( jviterbo@gmail.com) * ; Marco Antônio Brinati (mabrinat@usp.br) *
Oriciclon Infra-estrutura ; *Dep. de Eng. Naval e Oceânica – EPUSP
Resumo 1 – Panorama do setor de geração
eolielétrica
Nas últimas décadas, a fonte eolielétrica
mostrou maior taxa anual de crescimento O termo “eolielétrica” refere-se à geração a
dentre as demais no mundo. A curva de partir da fonte eólica e o termo “aerogerador” é
aprendizagem tecnológica do setor mostra sinônimo de turbina eólica. Os termos já são
queda do custo de 18% a cada 3 anos (em utilizados pela Agência Nacional de Energia
€/kw). Países ativos neste setor focalizam Elétrica, respectivamente encontra-dos no
meta de 12% de participação na produção Banco de Informações de Geração e na 2ª
elétrica mundial em 2020. A contribuição da edição do Atlas de Energia Elétrica do Brasil.
geração eolielétrica offshore é fundamental
Com dados da Agência Internacional de
para essa meta, pela proximidade aos centros
Energia (AIE, 2007a) a figura 1 mostra que a
de carga, com ganhos de eficiência, de escala,
produção da eletricidade mundial depende
e reduzido impacto ambiental e visual. O artigo
fortemente das fontes fósseis (76%), principal-
revisa elementos de ganho de competitividade
mente o carvão (40%), a mais barata e
demonstrados pela geração eólica na suas
poluidora das fontes energéticas comerciais.
versões onshore (Eon) e offshore (Eof). Em
abordagem específica, descreve projetos que Petról.;
1.204 ;
articulam sinergicamente a geração eolielétrica 7% Nuclear;
com operações offshore de petróleo e gás. 2.772 ; Hidro;
15% 2.918 ;
Gás
16% Outras;
Natural;
401 ; 2%
Abstract 3.592 ;
20%
In the last decades, wind power source has Carvão;
shown the highest annual growth rate among 7.349 ;
40%
all others worldwide. Its technological learning
curve fall down by a 18% rate every 3 years (in
€/kw). Countries committed with wind power Figura 1: Participação das várias fontes nos 18.235 TWh
gerados no mundo em 2005 (AIE, 2007a)
are attaining the target of 12% wind penetra-
tion into the world’s electrical production by
2020. The contribution of the offshore wind Nas últimas 3 décadas, a fonte eolielétrica
power source is fundamental on reaching such teve grande redução de custo e a maior taxa
goal, due to the proximity to load centers, de crescimento frente às demais fontes (AIE,
efficiency & scale savings and reduced 2007b), conforme a figura 2. A tecnologia
environmental and visual impact. This article (transmissão, aerodinâmica, materiais, contro-
reviews the competitiveness growth shown by le) reduz custos e melhora o desempenho dos
onshore and offshore wind power. In its aerogeradores. Em 2002, projetos eólicos on-
specific approach, it describes projects of shore com modernas turbinas em sítios eólicos
synergic articulation between wind power and ótimos tiveram custos de 820 €/kW instalado e
offshore oil & gas production operations. energia a 40 €/MWh (ANEEL, 2005).
1
2. 48,1%
50,0%
10,0%
40,0%
28,1%
8,2%
30,0%
8,0%
20,0%
7,5%
10,0% 0,3%
6,0%
0,0%
ica
ar
a
iz
Sol
ot r t érmic Eól
r em
4,0% o
Ma Ge
2,6%
2,3%
2,2% 2,1%
2,0%
0,0%
OTEP Renováveis CRR Hidro Outras
Figura 2: Taxa anualizada de crescimento de fontes energéticas entre 1971 e 2004 (AIE, 2007a)
A figura 2 mostra que, nos 33 anos entre 1971 Em 2004, os vários gases de efeito estufa
e 2004, a Oferta Total de Energia Primária (GEE) lançados mundialmente na atmosfera
(OTEP) do mundo cresceu com média de somaram 45 Gton de CO2-equivalente (ton-
2,2% aa, quase a mesma dos combustíveis eq), dos quais 29 Gton-eq foram CO2
renováveis e resíduos (CRR). A taxa de propriamente dito. A geração de energia
crescimento do grupo “renováveis” é tênue elétrica representou 37% (11 Gton-eq) dessas
(2,3% aa), pois, quando do cálculo da média emissões de CO2, sendo esta a maior causa
ponderada de crescimento anual do grupo, os antrópica de emissões de gases de efeito
CRR e a energia hidrelétrica têm peso elevado estufa (AIE, 2006).
e estes têm crescimento baixo porque já
A partir de 2005, acentuaram-se no cenário
possuem enorme base produtora. O grupo
internacional as seguintes questões: (i) o
“outras” teve um crescimento superior (8,2%
controle das emissões de GEE por conta das
aa) comparado ao crescimento apresentado
grandes economias; (ii) as altas cotações do
pelo grupo de energias renováveis visto como
petróleo, que ultrapassaram US$ 140 por barril
um todo. O grupo “outras” inclui todas fontes
em junho de 2008; (iii) as preocupações de
renováveis que não sejam a hidráulica ou os
nações, principalmente da União Européia, em
CRR (biomassa). São as fontes com ínfima
reduzir o risco que reside na dependência
poluição durante seus processos produtivos,
externa do suprimento energético. Segundo a
citados na estatística da AIE como geotérmica,
Real Academia Sueca de Ciências (2005), o
solar, eólica, marémotriz, etc. Na figura 2,
consumo mundial de petróleo é de 84 milhões
destaca-se a taxa de crescimento anual da
de barris diários (30 bilhões de barris/ano) e a
geração eólica (48,1% aa) no período.
demanda cresce em 2% aa. Segundo a
Como o paradigma internacional de geração Agência Internacional e Energia (AIE), a
elétrica é a fonte fóssil, estatísticas demanda chegará a 116 milhões de barris
estrangeiras muitas vezes mostram num só diários em 2030. Mas Academia Sueca alerta
grupo a energia hidráulica e de biomassa, que 54 dos 65 maiores produtores de petróleo
como “renewables”, termo também usado para do mundo estão em estágio declinante de
o caso de fontes de vanguarda como eólica ou produção e a taxa de descobrimento de novas
fotovoltaica. No Brasil, o Balanço Energético reservas é menor que um terço da taxa
Nacional, na sua versão preliminar 2008, ano presente de crescimento consumo mundial.
base 2007, aponta que em 2007 o país Diante desse cenário, numa postura
consumiu 485 TWh (5,43% a mais que em antecipada em prol da estratégia de segurança
2006), dos quais 85% foram de origem do suprimento energético, muitos países têm
hidráulica. Como o nosso paradigma de desprendido grandes esforços para reduzir a
geração elétrica é a fonte renovável, aqui dependência para com o petróleo, inclusive
convencionou-se usar o termo “fontes países com destaque mundial na produção de
alternativas” para tratar da geração elétrica hidrocarbonetos, como os EUA, o Reino Unido
renovável que não a fonte hidráulica de grande e a Noruega. A América do Norte como um
porte (ou seja, maior que 30 MW). todo teve o início do declínio de sua produção
petrolífera (pico) em 1985, o Reino Unido em
1999 e a Noruega em 2001 (Hirsch, 2005).
2
3. Tabela 1: Evolução da base eólica mundial (GWEC, 2008)
Coincidência ou não, 1999 foi o ano em que foi
lançado o 1º projeto eólico offshore (Eof) do 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Ano
Reino Unido (Blyth). Hirsch (2005) afirma que 3,5 4,8 6,1 7,6 10,2 13,6 17,4
Cap. Acumulada (GW)
o impacto a ser sofrido pelos países, por conta 120% 113% 123% 129%
Crescim. Trienal (%)
de um choque de oferta de petróleo, só pode
ser mitigado de forma efetiva se as medidas 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano (cont.)
mitigadoras começarem pelo menos 20 anos 23,9 31,1 39,4 47,6 59,1 74,2 94,1
Cap. Acumulada (GW)
antes que o choque da oferta de petróleo 134% 129% 127% 99% 90% 88% 98%
Crescim. Trienal (%)
chegue. O ano de 2025 é aproximadamente
quando a Noruega planeja operar um grande
A curva de aprendizagem, ou curva de
projeto nacional de transição econômica, por
experiência, mostra a redução de custo de
meio do qual ela passaria do status de grande
uma tecnologia devido à combinação de
fornecedor de energia fóssil produzida em
inovações, aprimoramentos e ganhos de
meio offshore - 3º maior exportador mundial de
escala. A Razão de Progressão (RP, em %)
gás natural em 2006 (AIE, 2007a) - para o de
indica a “velocidade” com que uma tecnologia
exportador de energia renovável, gerada
fica mais competitiva em termos de custo, pois
principalmente a partir da fonte eólica em mar
indica o novo custo (deflacionado) que ela
aberto, como será visto adiante. Além dos
assume (em % do custo anterior) a cada vez
países citados, há vários anos os governos da
que sua base instalada dobra. Portanto,
Alemanha, Dinamarca e Espanha se destacam
quanto menor o valor nominal da RP, mais
pelo forte apoio econômico dado à geração
acelerado está o processo. A figura 3 compara
eolielétrica. A tabela 1 (GWEC, 2008) mostra a
a curva de aprendizagem e a razão de
evolução da base geradora eólica mundial, e
progressão (escala logarítmica) para as fontes:
nela se observa que, ainda que o setor já
etanol (Goldemberg et al., 2004), fotovoltaica
tenha alcançado uma base significativa, a
(Parente, Zilles, Goldemberg, 2002), eólica
capacidade geradora eólica mundial tem
(Neij et al., 2003), e gás natural de ciclo
dobrado a sua potência acumulada a cada 3
combinado (Colpier, Coland, 2002).
anos, aproximadamente.
Figura 3: Curvas de aprendizagem de fontes energéticas (grupos de autores citados no texto acima)
Como visto na figura 3, a fonte eólica sofreu 95). Junginger, Faaij e Turkenburg (2005)
aceleração da taxa de aprendizagem (TA = chegaram a novos resultados da curva de
100% – RP), passando de 1% nos anos 80 aprendizagem da tecnologia eolielétrica. O
para 12% nos anos 90, indicando que, a cada estudo analisou a evolução dos custos entre
vez que a base instalada dobra, o custo da 1990 e 2001 da tecnologia em várias fazendas
tecnologia (US$/kW) se reduzia em 12%. Mas eólicas onshore do Reino Unido (€1050/kW
essa taxa estava distante da demonstrada em 2001) e da Espanha (€830/kW em 2001).
pela geração térmica a gás (19% entre 89 e Os resultados estão resumidos na Tabela 2.
3
4. Tabela 2: Curvas de aprendizagem: razão de progressão O Departamento de Energia dos EUA publica
(RP) e índices da correlação das curvas em relação aos
os custos da geração Eon no país (US-DoE,
dados empíricos, de acordo com o país e o deflator de
2008a). Os dados refletem uma amostra que
preços (Junginger; Faaij e Turkenburg, 2005)
se iniciou com 450 MW em 1999 (7 projetos
Deflator do PIB ...
construídos a partir de 1998) e alcançou 8.303
...de economias avançadas ...do próprio país
MW em 2007 (128 projetos em 8 das 9 regiões
RP Índice de RP Índice de
% Correlação % Correlação
do país). O forte avanço que a energia eólica
Reino Unido 1992 - 2001 81 0,978 79 0,980
tem tido nos EUA se deve ao subsídio de US$
Espanha 1990 - 1998 82 0,875 77 0,905
20/MWh que o governo federal concede (por
Espanha 1990 - 2001 85 0,887 80 0,907
20 anos) a projetos que sejam comissionados
em ano no qual o Production Tax Credit - PTC
Segundo os autores acima, os dados - esteja vigente. De acordo com o US-DoE, o
empiricamente coletados têm representa- custo da geração na amostra, para o ano de
tividade para a tecnologia eólica em 2006, tem um mínimo de US$ 50/MWh,
abrangência mundial. A tabela 2 indica que as máximo de US$ 85/MWh e média de US$
economias de escala continuam resultando em 70/MWh. Entretanto, espera-se aumento dos
queda significativa do custo da tecnologia custos da geração eolielétrica nos próximos
($/kW). Assumindo €1.000 como custo médio anos, resultante do atual surto de demanda
do kW instalado onshore em 2008 e uma taxa por turbinas, em forte crescimento nos EUA e
de aprendizagem de 17% (RP=83%), tem-se China. Outros fatores que contribuem para a
que, se a base geradora mundial duplicar 4 alta deste custos é o encarecimento dos
vezes nos 12 anos entre 2008 e 2020, o custo insumos (aço e cobre) e dos serviços de
de instalação em 2020 seria de €475/kW. instalação e manutenção (escassez de navios
de instalação e pessoal especializado). O
Tais dados refletem a queda dos custos da
custo de implantação da geração Eof era de €
tecnologia, (ou seja, unidades monetárias/
1.680/kW em 2004 e chega a € 2.800/kW em
potência instalada no tempo). Mas curvas de
2008. O Governo da Alemanha, onde haverá
experiência também são feitas em função do
intensa implantação de projetos Eof, anunciou
custo de produção da energia no tempo.
intenção de majorar a tarifa de aquisição desta
Porém, os comparativos de custo da energia
energia, de 90 €/MWh para 110 a 150 €/kWh,
são mais trabalhosos e menos acurados,
e aprovou lei que obriga as distribuidoras de
devido às diversas variáveis locais que afetam
energia a arcarem com a conexão marítima
os resultados dos projetos, como a taxa de
dos parques, a serem remuneradas pelo
remuneração do capital, custos de O&M e a
serviço de transporte da energia. Isto reduzirá
média anual da velocidade dos ventos locais.
em até 20% o custo de investimento dos
O output energético tem alta sensibilidade,
projetos Eof, além de permitir o planejamento
pois varia com o cubo da velocidade. A figura
integrado para a otimização da disposição
4, presente no website da Associação
geográfica e outras caraterísticas a serem
Européia de Energia Eólica - EWEA - (link
dadas ao gigantesco e coletivo grid offshore
“economics”), mostra os custos de produção
alemão. As metas da EWEA (2007) para a UE
(em €/MWh) para parques eólicos onshore e
são 60 GW Eof em 2020 (o que seria 50% do
parques offshore europeus, em função da
total Eon à época) e 150 GW em 2030
média anual das velocidades de vento locais.
(equiparando-se ao montante Eon à época).
€/MWh
2 – Panorama do Setor Eólico no Brasil
Em jul/92, a Cia. Energética de Pernambuco,
em convênio com o Folkcenter (Dinamarca) e
o Grupo de Energia Eólica da Univ. Federal de
Pernambuco instalaram, em Fernando de
Noronha, a primeira turbina eólica de porte em
operação comercial da América do Sul (75 kW,
m/s
17 m diâm. rotor). Depois, adicionaram uma
turbina de 225 kW na ilha, ficando com
sistema híbrido de 300 kW de geração eólica e
3 MW a diesel (Dutra, 2004). Em set/05, o
Brasil possuía 28 MW Eon e em mar/08 saltou
para 247 MW. Este salto ocorreu graças ao
Figura 4: Custos da geração em função do investimento e Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
dos ventos locais (Assoc. Européia de Energia Eólica)
de Energia (PROINFA), do Ministério das
4
5. Minas e Energia (MME, lei 10.438/02). A meta 3 – Oportunidades e ameaças ao Setor
era estabelecer até 2006 (adiada para 2008), Eólico Offshore nos EUA
3.300 MW de geração igualmente divididos
Os EUA lideram a instalação anual de
entre fontes de biomassa (previsão de 6,75
aerogedores (5.244 MW em 2007; 26% do
TWh/ano), pequena central hidrelétrica (PCH;
mercado mundial) e o que ocorre no mercado
5,78 TWh/ano), e eólica (2,89 TWh/ano). Na 1ª
eólico dos EUA já repercute globalmente.
fase, os projetos selecionados terão, por 20
Segundo Musial, Butterfield e Ram (2006), o
anos (sua vida útil), a garantia de compra de
US-DoE estima 50 GW de geração Eof no país
energia pela Eletrobrás, a preços pré-
até 2020: um investimento de US$ 100
estabelecidos. No caso da eólica, eles
bilhões, 50% dos quais a serem destinados a
equivalem a não menos que 90% da média da
firmas de engenharia ou construção offshore
tarifa de venda ao consumidor, valor atrativo
preparadas para a emergente indústria Eof. No
que trouxe volume de propostas bem maior
estudo, eles citam que o US-DoE estima 100
que a demanda do MME. Após a 1ª, virá a 2ª
GW Eof até 2030. Mas para obter os melhores
fase, a qual prevê a aquisição de energia por
ventos, minimizando o impacto visual e os
leilões, em ritmo crescente de 15% ao ano até
conflitos com a navegação, o turismo e as
que tais fontes alcancem 10% de penetração
reservas ambientais marinhas, muita pesquisa
(em TWh) na matriz elétrica nacional em 2010
virá para adaptar a tecnologia Eof para a
(que seria de 484 a 490 TWh, segundo o
operação em profundidades superiores a 60 m
Plano Nacional de Energia 2030). Segundo o
(sistemas flutuantes). Concernente à escala
Banco de Informações de Geração (BIG) da
das turbinas, a GE já anunciou ser fisicamente
ANEEL, em jun/08, a biomassa já respondia
viável a de 20 MW, com 200 m de diâmetro de
por 4,23%, eólica 0,25% e PCH’s 2,79%,
rotor (Lyons, 2004). Ela já exibiu desenhos da
somando 7,26% da geração a serviço do
turbina de 10 MW que desenvolve, com 180 m
Brasil (101.145 MW, incluindo importações). O
de diâmetro de rotor (figura 5 - Lyons, 2007).
PROINFA habilitou mais de 90 projetos
Airbus A380 ( 73 m)
eólicos, sendo 55 contratados pela Eletrobrás
(1.428 MW). Apesar de significativo para
impulsionar o debate e fortalecimento das
fontes alternativas no país, o programa sofre
dificuldades para atingir suas metas: apenas
218 MW foram construídos e outros 124 MW
encontravam-se em construção em mai/08.
Bermann et. al. (2007) opinam que “a falta de
ambiente institucional preparado para suportar
o desenvolvimento das novas fontes de
geração deve ser entendido como a principal
causa para a demora da implantação do
programa”. O núcleo da questão seria a
dificuldade de financiamento junto ao BNDES,
cujas garantias exigidas deram maior espaço
aos grandes empreendimentos controlados
pelo capital externo. Outros fatores prejudiciais
foram a existência de um único fabricante de
turbinas no Brasil (Wobben), associada ao alto
índice de nacionalização (60%) exigido para
Figura 5: Projeto da Turbina GE 10 MW, comparada ao
os equipamentos a adquirir, elevando o preço
maior avião da atualiddade (Lyons, 2007)
das turbinas e peças de reposição e gerando
filas nas encomendas. Além disso, Bermann et
O projeto apresenta diferenciações em relação
al. citam a falta de mão de obra especializada,
ao “padrão dinamarquês”. Ela possuirá 25,5
a falta fontes públicas de dados anemológicos
mil m2 de área de absorção, com duas pás
para fins energéticos e o fato de muitos
complacentes, mais flexíveis, envergando-se
empreendedores serem meros “atravessado-
conforme o vento fica mais forte. Quanto mais
res” dos projetos, os quais se valorizam com a
flexionadas, menor a área do rotor, menor a
contratação vitalícia da Eletrobrás, mas se
energia absorvida e menor será a rotação,
inviabilizam aos empreendedores de verdade
funcionando como mecanismo natural de
devido ao custo dos “atravessadores”. Como
controle. O sistema complacente fica viável
muitos desses problemas persistem, não
pelo fato de que a turbina será do tipo
haverá tempo hábil para o PROINFA alcançar
downwind (o vento passa antes no plano
em 2008 suas metas para o setor eólico.
5
6. longitudinal da torre e depois pelo rotor). Sua Laboratory (NREL), para a estratégia dos EUA
infra-estrutura terá torre cônica com reforço para P&D de sistemas Eof, partindo do
tubular interno e a fundação será de estrutura arcabouço tecnológico acumulado pelas
espacial com caixas de sucção presas ao leito operação petrolífera, elevando o conhecimento
do mar. Segundo a GE, tal infra-estrutura será da tecnologia Eof em águas rasas e chegando
suficiente para profundidades de 40 m e ser aos sistemas de águas profundas. Segundo os
resistente aos furacões do Golfo do México, autores, no que tange aos sistemas flutuantes,
onde há várias plataformas de produção de esse modelo estratégico, quando atingir a
petróleo e gás (P&G). A figura 6 ilustra o produção em alta escala, poderá reduzir os
modelo proposto por Musial e Butterfield custos de capital em até 50% para os sistemas
(2004), do National Renewable Energy Eof, comparado aos padrões atuais.
Figura 6 - Modelo NREL da sinergia em P&D entre áreas: petróleo offshore, eólica em águas rasas e eólica em águas
profundas. (Musial e Butterfield, 2004)
A tabela 3 traz uma síntese dos resultados das Jarvis (2005) cita que já existem mais de 9
simulações realizadas por Musial e Butterfield GW de projetos Eof em planejamento nos
para a queda dos custos da tecnologia Eof. EUA. A grande maioria desses projetos
Para um parque hipotético de 500 MW, vislumbra a costa NE e Meio-Atlântico do país,
exposto a ventos de classe 6 (8 a 8,8 m/s a onde há maior concentração populacional e
50m de alt.) a 30 m de profundidade e outro a disponibilidade de estatísticas públicas de
200 m, eles simularam o custo de investimento vento. Entretanto, os projetos da costa NE
e o da energia gerada para 2005, 2015 e sofrem forte oposição política, que acaba se
2025. Enfatizaram os ganhos de aprendiza- convertendo em oposição pública. O caso de
gem na infra-estrutura (fundações e flutuado- maior notoriedade é o do projeto Cape Wind,
res), uma tecnologia ainda imatura, e atenu- na região de Cape Cod, Massachusetts, que
aram os ganhos com as turbinas e as torres, propõe 130 turbinas de 3,6 MW (420 MW) que
pois representam tecnologia mais madura. abasteceriam 75% do consumo elétrico da
Outros prognósticos de custos para a fonte Eof região ou 10% do consumo de do estado. O
foram propostos por Lemming, Morthorst e principal argumento dos opositores é a queda
Clausen (2007), do Laboratório de Energias no valor dos imóveis das praias por conta do
Renováveis da Dinamarca (RISØ). impacto visual que o projeto provocaria. A
pesquisa paga pelos opositores ao projeto foi
Tabela 3: Simulações do custo da tecnologia (US$/kW) e
editada por Haughton, Giuffre e Barret (2003),
da energia (US$/MWh) da fonte Eof nos EUA (NREL).
onde se levantou que os proprietários têm
Até 30 m / 25 km da costa Até 200 m
expectativa de uma queda média de 10,9% no
(em US$ M) 2006 2015 2025 2006 2015 2025
valor dos seus imóveis por conta do impacto
turbinas e
visual que o projeto Cape Wind provocaria.
torres 339 259 229 339 245 217
monoestaca /
Esta pesquisa foi refutada por Kempton et al.
flutuadores 99 68 60 469 290 185
(2005) e Sterzinger, Back e Kostiuk (2003).
infraestrutura
Estes últimos avaliaram 10 áreas ao redor de
elétrica 159 128 114 194 156 138
parques Eon em 7 estados dos EUA, 3 anos
US$ / kW 1.194 909 805 2.004 1.382 1.082
antes e 3 anos depois do comissionamento.
US$ / MWh 54 37 32 83 51 41
6
7. Constataram que em 8 das 10 áreas avaliadas renovável (Broder, 2007). Outro lastro para o
o valor venal subiu mais rápido após a PTC seria a obrigatoriedade de as
instalação dos parques eólicos do que antes distribuidoras de eletricidade a comprarem sua
da instalação dos mesmos. energia a partir de projetos de fontes
renováveis num montante que deveria
Além dos desafios culturais, o setor eólico dos
alcançar 15% até 2020. O projeto da
EUA enfrenta desafios de cunho econômico e
manutenção do PTC foi barrado no Senado,
político, que tomam corpo no subsídio federal,
em 13 de dezembro de 2007, por um voto a
o Production Tax Credit (PTC). Ele é de US$
menos que o necessário para que fosse
20/MWh (reajustado pela inflação), válido para
mantido. Apesar da minúscula fração que a
produção a partir de fontes renováveis de
fonte eólica representa no país (< 0,5%),
escala industrial (≥100 kW). Projetos que
houve forte atuação da Associação Nacional
obtiverem contratos de longo prazo para
de Fabricantes (National Association of
fornecimento de energia (Power Purchase
Manufacturers - NAM) no lobby anti-PTC
Agreements – PPA’s) antes da extinção do
(Broder, 2007). Ao consultar-se o relatório
PTC (prevista para dez/08), terão direito ao
anual de 2007 da NAM, verifica-se que 16 dos
subsídio durante toda sua vida útil. Por meio
28 membros do comitê executivo da NAM são
da figura 7 fica bem visível a forte influência
presidentes de grandes empresas do setor
que o PTC exerce sobre a constituição de
petrolífero, carbonífero, químico, petroquímico,
novos projetos eólicos nos EUA (AWEA,
elétrico, armamentista e seus fornecedores.
2008). As setas para baixo ocorrem nos anos
Dentre tais executivos, cabe citar os
em que o PTC não foi renovado pelo
presidentes da Shell nos EUA, da ExxonMobil
congresso americano, mostrando a forte
Refining and Supply Co., da Arch Coal Inc. e
redução na instalação de novos projetos,
da NACCO Industries Inc., proprietária da
enquanto as setas para cima mostram as
North American Coal Corporation.
fortes retomadas de novas instalações,
quando o PTC é reativado pelo congresso e os
PPA’s ficam viáveis a uma gama muito maior
4 – O Setor Eólico Offshore e a sinergia
de empreendimentos. Um dado que
com o Setor de Petróleo e Gás
impressiona foi a forte reação do mercado
americano durante o ano de 2007, em que a Segundo o website do Wind Service Holland,
permanência do PTC fez com que a fonte em mai/08 haviam 1.250 MW Eof operantes no
eólica fosse responsável por quase um terço mundo, 551 aerogeradores em 28 projetos
de toda a potência geradora instalada nos sendo 1 fora do Mar do Norte ou Báltico.
Estados Unidos naquele ano, contabilizadas Dinamarca e Reino Unido possuem cada um
todas as fontes geradoras. cerca de um terço da base Eof operante. Há
1.503 MW (11 projetos) em construção, sendo
951 MW no Reino Unido, país que em 2002
lançou um programa oficial especifico para
acelerar a indústria Eof, baseando-se na
grande experiência que o país possui em
operações offshore de P&G (Reino Unido,
2002). A sinergia do setor Eof com o setor de
P&G ocorre naturalmente, pois no caso da
Eof, a fração mais significativa dos custos
consiste nos subsistemas que se encontram
abaixo da superfície da água (fundações,
jaquetas e conexão elétrica), elementos com
arcabouço amadurecido pelas operações
offshore de P&G, tal como a avaliação
Figura 7 - Potência de geração eólica anualmente
anemológica e geotécnica e o transporte e
instalada nos EUA e sua relação com o subsídio
instalação de equipamentos. Tal sinergia já é
Production Tax Credit. (AWEA 2008).
uma realidade no Mar do Norte. A finalidade
dos projetos vai da racionalização da operação
Durante o ano de 2007, esteve em tramitação
interna de plantas (baixar o custo operacional)
no congresso americano uma lei para que a
até a comercialização externa da energia
manutenção do subsídio fosse mantida até
(geração de receita). A variabilidade dos
2013. O PTC seria lastreado em recursos
projetos também se dá na tecnologia e na
oriundos do corte de US$ 13 bilhões em
escala. As subseções a seguir descrevem
subsídios que hoje são direcionados ao setor
exemplos da interação sinérgica que ocorre
de P&G e que seriam redirecionados ao setor
entre o setor de P&G offshore e o setor Eof.
7
8. 4.1 Projeto Galveston (Wind Energy
Systems Technology), EUA
Nos EUA, 37 estados possuem parques Eon,
que somaram 18.302 MW no 1º trimestre de
2008. Com longa história no setor de P&G, o
Texas possui a maior potência eólica instalada
do páis (5.317 MW; 29%), e talvez venha a ser (B)
o 1º estado a constituir um parque Eof. Com-
parado aos demais estados, ele tem soberania
sobre uma faixa mais larga da costa (16,7 ante
a 5,6 km) e reúne a burocracia dos projetos
marítimos numa única agência regulatória (em
outros chegam a ser 9): o Texas General Land Figuras 8A e 8B – Trabalhos de reconfiguração e
Office (GLO). Em out/05, o GLO assinou um adaptação de jaquetas de antigas plataformas.
arrendamento de US$ 433 milhões por 30
anos com a Wind Energy Sistems Technology
(WEST) para uma área marítima de 46 km2 a
11 km da ilha de Galveston. (Sauls, 2007). A
construção está prevista para durar 5 anos,
por US$ 250 milhões para as 50 turbinas de 3 80 m
MW (US$ 1.667/kW). O GLO elogiou a WEST
pelo ganho ambiental com a proposta de
reciclagem de infra-estrutura do setor de P&G,
a qual seria sucateada em terra ou jogada no
mar, além da receita (que seria bem inferior
caso o sucateamento) para o setor de P&G e
de construção naval, com a reclassificação e Figura 9A - Uso da jaqueta para a torre de monitoramento
venda de infra-estrutura. Citou-se o impulso a ambiental. 9B - Uso da jaqueta para a turbina eólica.
um novo mercado e geração de empregos na
construção naval do estado, sendo muito
4.2 Projeto Windhunter (Windhunter), EUA
maior no setor Eof o número de empregos
Esta é uma pequena empresa criada em 2006
criados por unidade de energia produzida,
(Flórida) com princípio análogo ao projeto
quando comparado com o de P&G. Citou-se
WEST: reciclagem de infra-estrutura em obso-
ainda o fato da costa do Texas possuir ventos
lescência oriunda do setor de P&G (ou militar)
sustentados classe 7 (médias entre 8.8 e 11,9
para baratear a instalação da geração Eof. A
m/s a 50 m de altura) cujo pico de velocidade
proposta inicial é utilizar 2 petroleiros (120 m)
ocorre de dia (típico da costa), coincidindo
sob uma base (100 x 180 m) que suportaria 9
com a demanda. No interior, o pico dos ventos
aerogeradores de 2 a 5 MW cada (figura 10).
geralmente ocorre à noite. O Projeto utilizará
Após o início dos anos 90, para diminuir o
jaquetas de antigas plataformas de petróleo a
impacto de acidentes, normas internacionais
serem adaptadas para aerogeradores, (figuras
impuseram cronograma de proibição paulatina
8A , Joyce, 2006; e 8B, Geoghegan, 2007),
à navegação de petroleiros que não tenham
reduzindo o custo de infra-estrutura. Tais fato-
casco com parede dupla, o que tem tornado
res tornarão competitivo o custo da energia
muitas embarcações inviáveis de navegar sob
Eof frente às fontes tradicionais. As 2 torres de
seu propósito original. Segundo a Windhunter,
monitoramento ambiental, custaram US$ 2
já existe uma grande oferta de embarcações
milhões cada (figura 9A, Weber, 2007). As
de casco simples que poderiam ser adaptadas
jaquetas estarão em profundidades de 17 m,
para servir ao projeto Windhunter.
(figura 9B, Geoghegan, 2007). As torres entre
as turbinas e as jaquetas possuirão sistemas
hidráulicos retráteis para baixar o rotor, de
forma que o sistema estará apto resistir a
furacões de categoria 5: ventos sustentados
acima de 250 km/h (70 m/s). Em jul/08, a
WEST firmou carta de interesse com a Hydro
Green Energy, fabricante de turbinas
hidrocinéticas. Elas serão instaladas na base
das turbinas da WEST, o que resultará no 1º
parque no mundo com geração híbrida eólica
Figura 10 – Ilustrativo do Projeto. Fonte: Windhunter.
offshore e hidrocinética (Reuters.com).
8
9. A eletricidade gerada abasteceria grandes P&D (Distant Offshore Wind farms with No
eletrolizadores para a conversão de água do Visual Impact in Deepwater - downvind.com)
mar em hidrogênio (H2). O US-DoE mantém com 17 organizações como Laboratório RISØ
amplo programa de P&D que almeja avançar a (Dinamarca), Centro de Energias Renováveis
tecnologia de produção, distribuição e uso do (ECN, Holanda), Germanisher Lloyd (Alema-
H2 para que em 2015 o setor privado possa nha); e a subsidiária sueca da E.ON - empresa
iniciar o que se convencionou chamar de alemã, maior provedora privada de eletricidade
“transição para a economia do hidrogênio”, em e gás do mundo (receita anual de € 50 bi).
que o H2 e células combustíveis de hidrogênio Comprovada a viabilidade, o projeto será
(que convertem H2 em eletricidade tendo como ampliado para 1 GW em 2010, (um sexto do
resíduos somente água e calor) passariam a consumo Escocês à época). Mas o projeto
integrar veículos em série. Sendo um sistema trará ganhos imediatos para o campo Beatrice,
móvel, o Windhunter poderia se instalar em pela meta da Talisman de maximizar o uso de
águas com maior velocidade de ventos (águas fontes renováveis de energia na sua operação.
remotas), exportando energia a granel (H2) ao
As nuances do projeto impuseram grandes
continente. A empresa busca parceiros para
desafios. Este é o projeto Eof implantado em
desenvolvimento ou investimento no projeto, o
maior lâmina d’água e o mais setentrional já
qual estima ter um custo de US$ 100 milhões.
implantado, o que implica em a ventos mais
velozes e a ondas mais altas. A análise de
risco retornou que a onda cinqüentenária no
4.3 Projeto Beatrice Wind (Talisman
local é superior a 15 m de altura. Estando a
Energy), Reino Unido
mais de 12 milhas náuticas (mn) da costa da
Escócia, o projeto se encontra em águas
Esta é a maior empresa privada de petróleo do
internacionais, o que implica na prioridade de
Canadá, presente nos 5 continentes (452 mil
atenção quanto aos requisitos para acesso na
barris-equivalentes de petróleo/dia em 2007) e
operação e manutenção (MacLeay 2004).
uma líder na produção de gás em alta profun-
Portanto, a parte que mais exigiu esforços dos
didade. Em 2001, ela avaliou opções para
empreendedores foi a escolha da infra-
baixar o custo operacional e elevar a produ-
estrutura das turbinas. Num estudo de
tividade do campo petrolífero de Beatrice,
seleção, várias opções foram avaliadas,
costa NE da Escócia, para estender a sua vida
(Talisman Energy UK Ltd., 2004). Os critérios
econômica até 2011. Em produção declinante,
estavam à luz da instalação das 200 turbinas
sua operação ficaria antieconômica frente ao
que o projeto almeja, e não apenas das 2
custo operacional. Estudos revelaram potenci-
turbinas do projeto piloto. Este fator faz muita
al para a energia eólica, o que levou a um
diferença. Os navios-guindaste do tipo Jack-up
projeto piloto (beatricewind.co.uk) com 2
são preferíveis para os trabalhos de ereção de
turbinas REpower 5 MW a 2 km da plataforma
turbinas pelo fato de que, ao terem pernas que
Beatrice Alpha, que consome 14 MW e era até
se apóiam no leito marítimo, ficam pouco
então suprida por um cabo submarino vindo do
sensíveis às condições meteorológicas
continente. As 2 turbinas fornecem hoje um
(exemplo nas figuras 11A. e 11B). Os navios
terço (em razão do fator de capacidade) das
Jack-up que servem o setor Eof estão restritos
necessidades de energia da plataforma. O
a profundidades não superiores a 36 m. Por
estudo preliminar de viabilidade mostrou que o
isso, o deslocamento de outro navio da Europa
sucesso do projeto exigiria a combinação de
continental elevou o custo do investimento do
competências da indústria de P&G aliada a
projeto piloto para US$ 7.000/kW). Para as
geradoras e distribuidoras de energia. Então, a
200 turbinas, justificar-se-ia a reclassificação
Talisman UK firmou parceria com a Scottish
de alguma embarcação para este fim.
and Southern Energy (SSE - uma das grandes
distribuidoras de eletricidade do Reino Unido)
no projeto piloto, que custou £ 35 milhões. Ao
reconhecer que um terço da capacidade
produtiva de petróleo do Reino Unido irá se
extinguir até 2026, os governos da Escócia (£
3 milhões - Scottish Executive), do Reino
Unido (£ 3 milhões - UK Department of Trade
and Industry) e da União Européia (€ 6
milhões – European Comission) prestaram
apoio financeiro de quase um terço das
necessidades do projeto, com o restante vindo
da Talisman e da SSE. Depois, o projeto foi Figuras 11A e 11B - Embarcação Jack-up para a
instalação de turbinas Eof. Fonte: Seacore.
incorporado a um consórcio pan-europeu de
9
10. O critério que direcionou o 1º ciclo seletivo foi A infra-estrutura de Jaqueta foi a escolhida,
a análise de risco da freqüência natural que apesar de mais cara, porque oferece maior
cada opção retornaria no projeto. Foram rigidez, integridade e disponibilidade de
excluídas várias opções que retornaram fornecedores potenciais, pois trata-se de
freqüência natural dentro das faixas de conjugação de tubos de menor porte. Outro
ressonância com as ondas do mar ou com a motivo da escolha foi manter como referência
rotação das turbinas (0,72 Hz ± 15% e 0,24 Hz o projeto de escala (1 GW). Os fabricantes de
± 15%). Torres de compósitos de fibra e infra-estrutura alegaram que, tendo o processo
carbono foram consideradas. Segundo o de fabricação e instalação mais complexo, a
website da Composite Tower, fabricante de Jaqueta oferece maior potencial de redução de
torres de fibra de carbono, para uma mesma custos pela automação do processo produtivo
turbina de 1,5 MW, uma torre de aço pesa em e racionalização das operações de instalação,
torno de 136 ton, a um custo de US$ 380 mil, quando vierem as encomendas em escala. A
enquanto uma torre treliçada de fibra de turbina pesa 410 ton (rotor e nacelle), a torre
carbono de 4,5 ton custa US$ 240 mil. pesa 210 ton e a jaqueta pesa 710 ton. A
Entretanto, por ser uma tecnologia menos figura 13 traz um desenho do projeto.
madura, as torres de fibra de carbono foram
descartadas no projeto Beatrice. No 2º ciclo
seletivo, veio o critério de custos, associado ao
objetivo de maximizar a automação da
fabricação e minimizar a complexidade da
instalação no mar. Tais critérios descartaram
as opções flutuante, Jack-up, torre treliçada de
aço, monoestaca e torre de concreto. No 3º
ciclo, 3 opções atenderam aos requisitos: o
Flat Face Tripod (figura 12A), a Guyed Tower
(figura 12B) e a Light-Weighted Jacket (12C).
Figura 13 - Impressão artística da turbina Repower 5M
frente à plataforma Beatrice. Fonte: BeatriceWind.co.uk
(A) (B) (C)
4.4 Projeto Cutter (Shell e ExxonMobil),
Reino Unido
A Cutter (figura 14) é a menor plataforma
satélite de gás do Mar do Norte (5 decks com
150 ton totais, infra-estrutura de 250 ton). Ao
custo de £80 milhões, viabilizou o aproveita-
mento de campos de baixa vazão, produzindo
Figura 12 - Torres aplicáveis ao projeto Beatrice . (A) Flat
4,25 milhões m³/dia. Mas tal sistema pode ser
Face Tripod; (B) Guyed Tower (C) Light-Weighted Jacket.
bastante multiplicado. É um projeto piloto de
Fonte: Talisman Energy.
sociedade entre a Shell (51,7%) e a
ExxonMobil (48,3 %). Toda sua energia é de
Por meio de simulações de Monte Carlo, a fonte eólica e solar. Desabitada e automatiza-
Talisman Energy estimou custos de fabricação da, só recebe visita de manutenção a cada 2
e instalação para os três tipos de infra- anos. A infra-estrutura provém da tecnologia
estruturas exibidas acima. Para o tipo Guyed Eof (Trident Monotower), com 4,2 m de
Tower, foi calculado o custo para estruturas diâmetro cravada 30 m no solo e torre de 2,5
fixadas por meio de cabos e para estruturas m de diâmetro, o que barateia 40% o custo de
fixadas por meio de tubos. Os resultados das infra-estrutura e instalação, prescindindo de
simulações estão resumidos na tabela 4. grandes guindastes. Foram apenas 9 meses
desde o projeto até a instalação (Knott, 2005).
Tabela 4 - Resultados da simulação de custos das opções
de infra-estrutura para as turbinas do projeto Beatrice Ela exporta o gás para uma plataforma de
porte (Carrack), a qual envia o gás para o
Custo de Prod. + Instal. (£ mil)
Estrutura Reino Unido. O sistema eolielétrico consiste
Mínimo Mais Provável Máximo
em dois aerogeradores Proven, de 2,5 kW
Guyed tower
cada um, torre de 12 m de altura (o hub está a
1.275 1.347 1.426
(tubos)
70 m acima da superfície) e 3,5 m e diâmetro
Guyed tower
1.461 1.542 1.629 de rotor. O sistema fotovoltaico consiste de 72
(cabos)
painéis da marca Photowatt, somando 50 m²
Tripod 1.456 1.554 1.670
de área e potência nominal de 6,12 kW.
Jaqueta 1.659 1.774 1.911
10
11. Figura 15 – Proposta para o Projeto Ormonde Fonte:
www.seapower-generation.co.uk
4.6 Projetos HYwind, Sway (StatoilHydro) e
Windsea (Statkraft), Noruega
A partir dos anos 70, a Noruega iniciou grande
esforço para produção de P&G no Mar do
Figura 14 – Plataforma Cutter. Fonte: Shell
Norte e Mar da Noruega. Hoje é o 5º maior
exportador mundial de petróleo e o 3º de gás
4.5 Projeto Ormonde (Eclipse Energy), natural. A produção de P&G é monopólio da
Reino Unido estatal Statoil, que em 2007 fundiu-se com a
Norsk Hydro, grande ator do setor de Alumínio
Diferente dos projetos citados até agora, este
e Energia. Esta operava parques Eon e
é o 1º que integra o co-desenvolvimento
desenvolvia o projeto HYWIND, cujo protótipo
offshore de um campo de produção de gás e
utilizará uma turbina Siemens, mas o país já
um parque eólico para a conversão e envio de
possui tecnologia própria (Scanwind). A SWAY
eletricidade ao continente (figura 15). O projeto
originou-se da Inocean Construction, empresa
da Eclipse Energy iniciará operação em 2010
de engenharia consultiva que em 2002
(www.seapower-generation.co.uk). Orçado em
patenteou inovadora infra-estrutura de turbinas
£ 280 milhões, terá aerogeradores GE (30 x
flutuantes (figura 16B) para suprir plataformas
3,6 MW) e turbinas a gás (4 x 25 MW),
(estudos para a Shell). Recebeu aporte de
somando 208 MW. A plataforma de 50 m x 32
empresas como StatoilHidro (24%) e Lyse
m com as 4 turbinas a gás produzirá primeiro a
(geradora pública local - 15%). A Force
partir do poço ao Sul do parque eólico e
Technology, (engenharia consultiva, Dinamar-
quando este esgotar, produzirá a partir do
ca) concebeu o Windsea (3x 3,2 MW) e rece-
poço ao Norte. Importante salientar que já
beu aporte da Statkraft (49%), maior geradora
existe tecnologia para se consumir gás natural
de energia do país, e da NLI (25%), fabricante
nas próprias plataformas onde ele é extraído,
de módulos para plataformas offshore. A
sem necessidade de beneficiamento num nível
tabela 5 e a figura 16 ilustram os projetos, com
que exija seu transporte ao continente. A
dados obtidos nos websites das empresas.
plataforma converge toda a energia e a envia
pelo cabo submarino para o Reino Unido. Tabela 5 – Características dos Projetos HYWIND e SWAY
Entre as turbinas e a subestação, os cabos HYWIND SWAY
possuem 33 kV e entre a subestação e a Início da operação 2009 2010 - 2012
Potência da turbina 2,3 MW 5 MW
costa, a tensão é de 132 kV. O projeto dista
Orientação do rotor Upwind Downwind
entre 9 e 14 km da parte mais próxima do
Head mass da turbina (ton) 138 ton 230 ton
Reino Unido, mas a energia será transportada Flutuador (comp x diâm.) 100 x 8 m 96 x ? m
40 km para o outro lado da baía. A Estrutura do flutuador concreto aço
profundidade do local é de 20 m. A sinergia Deslocamento (ton) 5.300 ton 2.230 ton
ocorre porque o parque eólico eleva a escala Altura do hub acima do mar 65 m 90 m
produtiva deste campo que possui baixa vazão Diâmetro do rotor 82,4 m 120 m
Profundidade da água 200 a 700 m 100 a 400 m
e a energia fóssil contribui reduzindo o custo
3 spread anchors 1 tension leg
Ancoragem
médio da energia produzida. O site da
Quant. turbinas do parque 87 240
empresa fornece um sumário executivo do Prod. anual estimada 880 GWh 5.280 GWh
estudo de impacto ambiental do projeto. Fator de capacidade ~50 % ~50 %
11
12. energia do continente ao mar transportarão a
1 Turbina Downwind
(A) (B) (C)
energia no sentido inverso. Na 3ª fase (2020),
Vento
quando o transporte de energia do mar ao
continente amadurecer, grandes parques (> 1
GW) serão constituídos no extenso Mar da
Noruega (figura 18) e eles já contarão com
arcabouço de infra-estrutura e know-how
subsidiados pela fração de custo em que a
energia oriunda do continente superou o custo
do suprimento tradicional nas plataformas. O
programa Norueguês de articulação entre o
2 Turbinas Upwind
setor Eof e o de P&G é um mega-projeto de
estratégia de segurança do suprimento ener-
Figura 16 – Desenhos das turbinas HYWIND (A), SWAY
(B) e Windsea (C). Fonte: respectivos websites gético e crescimento econômico, além de uma
inspiradora lição de sustentabilidade, lembran-
do que 99,5% dos 125 TWh consumidos no
Os projetos estão orientados a um programa
país em 2006 foram de fonte renovável
nacional mais amplo em debate no Parlamento
(hidráulica). A 1ª fase suprirá 25 TWh/ano de
do país, uma estratégia integrada de aumento
hidreletricidade: a demanda das plataformas.
e diversificação da oferta de energia offshore,
Como ilustrativo da 2ª fase, o quadrilátero da
por meio da articulação de projetos Eof com
figura 18 mostra a área do gigantesco campo
projetos de P&G (Tande, 2007), num nível
de gás “Ormen Lange”, que entregará 125
muito mais amplo que os projetos vistos aqui
TWh/ano por 20 anos. A área também é o
anteriormente. A estratégia norueguesa consta
necessário para uma geração Eof de 125
de 3 fases. Na 1ª, plataformas offshore serão
TWh/ano, a prazo ilimitado. Após 2020 (3ª
conectadas ao continente por cabos subma-
fase), estima-se que o país possa gerar mais
rinos (figura 17) para serem supridas por
de 1.000 TWh/ano (Tande, 2006). Estudo do
hidreletricidade, que lá tem penetração de
Ministério do Petróleo e Energia (ENOVA,
99% na matriz elétrica (graças aos Fjords).
2007) estima o potencial Eof da Noruega em
Ainda que o custo da energia vinda do
quase 14.000 TWh/ano, sendo 870 TWh/ano
continente seja superior ao da geração
em águas de até 60 m e 125 TWh/ano em até
termelétrica in loco, devido ao custo de capital
30 m. “A fonte eólica offshore poderá fazer a
para a conexão, o suprimento de fonte fóssil
Noruega tornar-se a bateria da Europa”
será paulatinamente substituído em várias
(Reuters, 2008), mantendo sua competência e
plataformas offshore por uma fonte renovável,
negócio essenciais: produção e exportação de
ensejando atratividade prévia para o projeto.
energia produzida em meio marítimo. O estudo
Numa 2ª fase, ao passo em que aquela
também cita os projetos de geração por
conexão fornece suprimento firme, serão
correntes marítimas, ondas e marés.
erguidos parques eólicos flutuantes, de
potência relativamente baixa, próximos às
plataformas, contribuindo com o suprimento
energético delas. Quando os parques suprirem
mais que satisfatoriamente às plataformas, as
conexões que se prestavam ao transporte de
Figura 18 - 3ª fase do projeto norueguês: Conexões entre
parques Eof, plataformas, e canais de exportação, com a
área requerida para gerar a atual demanda norueguesa
por eletricidade (Tande,2007), mesmo potencial disponível
em águas com menos de 30 m de profund. (ENOVA,2007)
4.7 Projeto Suizhong 36-1 - China National
Offshore Oil Corporation - China
Em 2007, a China tornou-se o maior emissor
de GEE: 6,5 Gton CO2eq/ano, ~15% do total
mundial (NEAA, 2006). Somado ao alto
crescimento da economia chinesa (10% aa),
Figura 17 - Proposta da 1ª fase do projeto Eof norueguês:
ávida por energia, isto fez com que os projetos
Conexões entre continente e plataformas. (Tande, 2007)
12
13. de energia renovável aumentassem muito no projeto Macau é importante, pois, conhecer os
país. Em fev/05, o Congresso chinês aprovou regimes de vento ao redor das regiões
a Lei de Energia Renovável, com incentivos petrolíferas e dominar os procedimentos da
para P&D e outras facilidades aos projetos. obtenção de créditos de carbono certamente
Até então apenas 3% do consumo do país era será valioso aos interesses da Petrobrás e do
de energia renovável (hidrelétrica). Planeja-se Brasil. Ao promover projetos assim, ela
aumentar este para 10% em 2010, 18% em contribui com o fortalecimento da base
2020, 30% em 2030 e 50% até 2100 (Kong, tecnológica, industrial e institucional das
2005). A China National Offshore Oil Corpora- energias alternativas. E a empresa terá um
tion, maior produtora de P&G offshore do país papel mais destacado nessa tarefa caso opte
(70% estatal), lançou o marco inicial da por executar algum projeto de geração Eof.
geração Eof na China em nov/07, junto à Ela pode iniciar com projetos pequenos, a
plataforma de Bohai Suizhong 36-1 (figura 19). exemplo do Projeto Cutter, reduzindo custos
Fica na baía Liaodong, área estratégica da ao usar energia complementar em plataformas
CNOOC por ser rica em gás natural a apenas desabitadas que possui. Isto abriria múltiplas
60 km da costa da região de Pequim. A turbina oportunidades para a exploração de campos
Goldwind 1,5 MW (tecnologia chinesa) gerará marginais (Viterbo, 2008), com infra-estrutura
4,4 GWh/ano (fator de cap. = 33%), para suprir relativamente fácil de ser fabricada e instalada
o consumo da plataforma. O investimento de (Cutter), reciclando plataformas em obsoles-
US$ 5,4 milhões eliminará 3.500 ton de CO2 e cência (Projeto WEST). Ao serem recicladas
11 ton de SO2 anuais. Fu Shengyu, presidente em estruturas simples, enxutas e autônomas,
da CNOOC, anunciou que procura parceiros essas antigas plataformas podem viabilizar a
internacionais para ampliar significativamente geração híbrida marítima, com potência
os projetos Eof da empresa, pois para ele “a majorada pela geração Eof e ganhos mútuos
fonte Eof se tornará uma proeminente fonte de escala e ponderação de custos de energia
energética para a China nos próximos 10 a 20 gerada, a exemplo do Projeto Ormonde. A
anos” (Forbes, 2007). O projeto dará aval para figura 20 ilustra o arranjo do sistema.
outros, como o de 200 MW a ser instalado na 1.445 MWh/ano
baía de Hong Kong (Viterbo, 2008). 2 unids = 350 barris / dia
4.829 MWh/ano
3.384 MWh/ano
3 unids.
Figura 20 – Ilustrativo do arranjo do Projeto Macau. Fonte:
Pavinatto e Quintino Jr. (2007).
Figura 19 – Plataforma Suizhong 36-1. Fonte: CNOOC
5 – Conclusões
4.8 Projeto Macau - Petrobrás - Brasil
O setor eólico tem comprovado condições de
A Petrobrás inaugurou em 2004 a Usina de contribuir muito com países dispostos em criar
Macau – RN (Sauer et al., 2006). Apesar de estratégias que priorizem de forma efetiva o
não ser geração Eof, é projeto estratégico para Planejamento Integrado dos Recursos (PIR)
o setor, pois foi instalado na praia de uma na formulação de suas políticas energéticas.
região produtora de petróleo. As 3 turbinas de Tal como outras fontes renováveis, a eólica
600 kW suprem 3 unidades de bombeamento tem natureza pulsante e, portanto, deve ser
de petróleo em terra (Macau, Serra e Salina vista como complementar, e não predominante
Cristal) e 2 plataformas marítimas desabitadas nas matrizes energéticas nacionais. Ainda que
(Aratum 1 e 2) a 6,4 km de distância da costa. inicialmente esta fonte necessite de subsídios
O projeto custou R$ 6,8 milhões e gerou 5.497 para ganhar fôlego frente às tradicionais, ela já
MWh em 2006, resultando fator de capacidade é viável em muitos casos e suas inovações lhe
de 36,4 % (Pavinatto, Quintino, 2007). A permitem contribuir até com operações do
energia substitui a geração térmica a diesel setor tradicional de energia. Mas o ganho mais
que abastecia as unidades. Com isso, a precioso é reproduzir, independente da escala,
Petrobrás submeteu projeto de compensação a lição de que as fontes renováveis podem e
de créditos de carbono, nos termos do devem ganhar aprendizagem e penetração de
Protocolo de Kyoto (1.227 ton CO2/ano). O forma complementar e sinérgica às fontes
13
14. tradicionais, e não de maneira concorrente e muitos requisitos para ser uma referência na
substitutiva a estas, que apesar do estoque indústria Eon e Eof (Viterbo, Saidel, Prado Jr.,
limitado, ainda proverão por décadas a oferta 2006), tanto que, outros fornecedores da
firme de energia em escala mundial. Em vários indústria de turbinas eólicas de porte já
casos, a geração eolielétrica (US$ 80/MWh) já despontam no Brasil. São eles: as brasileiras
é mais barata que o gás natural, mas em Tecsis (já fez mais de 10 mil pás para turbinas
termos mundiais o desafio maior é o custo da de 1 MW ou mais), Eólica Industrial (torres),
geração a carvão (US$ 50/MWh). Um editorial WEG (geradores) e Schuler (rolamentos), e os
da revista Economist (2008) reitera que, nos estrangeiros DEWI (instituto alemão de relevo
EUA, a equiparação com o carvão pode até vir na pesquisa e consultoria em equipamentos e
antes dos ganhos de aprendizagem da eólica, projetos eólicos), Gonvarri (espanhola; torres),
caso imposta às termelétricas a taxa de US$ e os fabricantes de turbinas Suzlon (indiana
30/MWh para custear eventual obrigatoriedade que em jun/07 tomou o controle da alemã
de injeção subterrânea de emissões. Atores de REpower), a argentina IMPSA e a alemã
relevo na geração fóssil já apostam altamente Fuhrländer (BNB, 2006). Os grandes centros
na fonte eólica. A Economist cita que a GE de carga do Brasil estão a menos de 150 km
Wind tem seu plano estratégico com premissa da costa. Porém, a energia Eof não obteve
de que a partir de 2012, da potência instalada ainda o interesse oficial, pelo argumento de
anualmente nos EUA (17,5 GW em 2007), que temos muito espaço em terra e rios a
50% será eolielétrica (a GE é grande fabrican- explorar. China e EUA também têm, mas já
te de sistemas termoelétricos). O US-DoE amadurecem a sua experiência na tecnologia
(2008b) estuda cenários de 20% de Eof. Desenvolver campanhas anemológicas e
penetração eolielétrica na matriz dos EUA até o domínio da tecnologia eólica (Eon e Eof) é
2030. O website da British Petroleum anuncia estratégico para o Brasil, tal como o país fez
8,5 GW de projetos Eon planejados para os brilhantemente com relação ao enriquecimento
EUA nos próximos 5 anos. Até recentemente, de urânio para fins energéticos. Voltar nossa
a Shell WindEnergy, que opera parques Eof na atenção para o mar certamente abrirá muitas
Europa, era o maior operador de usinas Eon outras oportunidades até mesmo para a
nos EUA. A marca Siemens (grande produtor produção de alimentos, num momento em que
de sistemas termelétricos) tem destaque nas o alto preço da energia já os inflaciona. A
turbinas Eof em operação, e ela mira o imenso Marinha do Brasil alerta para a urgência do
potencial desta fonte na Alemanha, Noruega, Brasil gerir e explorar de maneira efetiva os
China e Japão. Ao analisar as estratégias de recursos naturais de que dispõe na sua
desenvolvimento do setor Eof, Smit et al. “Amazônia Azul”, a qual pode vir a ter uma
(2007) afirmam que o “learning by doing” e o área quase tão grande quanto sua “Amazônia
“learning by using” foram as mais importantes Verde”. Siegfriedsen, Lehnhoff e Prehn (2003)
formas de aprendizagem. Mas afirmam que o apontam que o Brasil possui o 3º potencial
“learning by interacting” tem sido crucial para o energético Eof anual (609 TWh), atrás da
setor obter coerência e colaboração no seu China (1.033 TWh) e EUA (612 TWh). Além do
“technology-specific innovation system”, o qual potencial natural, avaliaram a aptidão de
receberá muita contribuição do arcabouço do vários países (fora da UE) para explorarem a
setor de P&G, como já ocorre no Reino Unido, fonte Eof, considerando as condições
onde há meta para que em 2016, 40% da econômicas desta fonte, a profundidade da
geração eólica seja de base offshore. água em sítios potenciais, a infra-estrutura do
país e sua experiência na engenharia offshore.
O artigo relatou casos, em planejamento ou
Com uma grande indústria offshore, o Brasil
operação, comprovando que as fontes fósseis
recebeu índice de viabilidade superior aos dos
e as renováveis podem ser vistas de maneira
EUA e China. Mas apesar do estudo dar alto
não concorrencial, mas simbiótica. No futuro
índice de viabilidade a projetos Eof no Brasil,
virão maiores contribuições dos sistemas Eof,
ele atribui que o país tem baixa “motivação”
pois a pesquisa segue rumo aos sistemas
para o desenvolvimento dos mesmos.
flutuantes (vide protótipo em bluehgroup.com),
que possibilitarão parques com escalas muito
elevadas. Há designs de sistemas híbridos de
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geração Eof com geração a partir das ondas
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