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O mundo passa no Metrópolis




                                       INTRODUÇÃO

      O livro-reportagem 1 quot;Mundo passa no Metrópolisquot; é um convite ao entendimento da
      importância cultural que o Cineclube Metrópolis conquistou ao longo de 16 anos de
      história. Mas a trajetória é um pouco mais longa. Tudo começou praticamente vinte
      anos antes da sua inauguração no Centro de Vivências, em 1992.


      O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é, pois, contar a história do Cine
      Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por meio de um livro-
      reportagem. Nascido em berço de grande produção acadêmica, a universidade, o
      Metrópolis resultou da iniciativa de estudantes de levar a discussão sobre o cinema
      para além das salas de aulas, assim como das idéias que brotavam nos intermináveis
      bate-papos em um dos barzinhos no centro de Vitória.


      Antes de se tornar, oficialmente, o cineclube da Ufes, em 1992, o Metrópolis era uma
      colcha de retalhos espalhados pelos Centros de Ensino da Universidade. Em cada um se
      conseguia material para exibição e organizava salas de debates sobre a paixão por
      filmes. Antigamente, era conhecido como Cineclube Universitário e funcionava desde
      1974 na Ufes com uma proposta diferente e não periódica.


      Com a institucionalização, o Cineclube Metrópolis passou a funcionar próximo ao
      Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus de
      Goiabeiras, em Vitória, com uma sala de exibição e muitas idéias de renovação do
      circuito capixaba de cinema.


      Uma novidade é o fato de pela primeira vez se escrever sobre um cinema específico do
      Estado. Afinal, a sala de exibição também faz muita diferença na hora de escolher e
      assistir a um filme.


      Geralmente, quando se escreve sobre cinema é para discutir teorias culturais,
      novidades tecnológicas, agenda de artistas (diretores, atores) ou resenhar determinado
      filme. Pouco se fala daquele espaço, que tem muitos bastidores e provê o tradicional
      escurinho do cinema, momento pipoca, e filme na telona.

      Para contar esta história do Cine Metrópolis, no primeiro capítulo, vamos reunir
      informações sobre a constituição do circuito das salas de cinema de Vitória. Também
      vamos relatar os primórdios do cinema capixaba e a chegada das salas consideradas
      alternativas por exibirem filmes europeus, nacionais e independentes.

                                                   3
O mundo passa no Metrópolis




                                        INTRODUÇÃO

      No segundo capítulo, vamos mostrar a trajetória do Metrópolis, que se tornou
      referência em exibição de cinema alternativo no Estado, após 16 anos de mostras,
      festivais, sessões especiais e projetos culturais. No terceiro e último capítulo, vamos
      reunir depoimentos e entrevistas de produtores culturais e autoridades ligadas à
      cultura sobre como o Metrópolis movimenta a vida cultural capixaba. Também
      relataremos algumas histórias sobre as suas experiências como cineclubistas e
      produtores culturais.


      Como a única sala alternativa de cinema, o Cineclube Metrópolis tem uma
      responsabilidade ainda maior na formação de um público mais consciente e
      fundamentado. Seus projetos contribuem para a formação de novos públicos, bem
      como potenciais produtores culturais.


      A capital é a cidade com a maior concentração de estréias e filmes inéditos no Estado,
      mesmo assim é carente de produções diversificadas. A política de distribuição de
      filmes no País é uma das responsáveis pela falta de tramas variadas no mercado o que,
      conseqüentemente, limita os tipos de filme que o capixaba pode assistir na telona.


      O Cineclube Metrópolis veio com a missão de responder a uma demanda pela
      diversidade. Os obstáculos são muitos: a dificuldade de distribuição, a renda para auto-
      gestão e a manutenção do cinema, o preconceito com filmes fora do padrão
      Hollywoodiano, os quais o público em geral está acostumado a ver, a necessidade de
      criar projetos alternativos, dar espaço às produções locais e incentivar novos talentos.


      Falta de verba, períodos de fechamento, dificuldades e problemas financeiros, emoções
      compõem histórias e tramas que fazem parte dos 16 anos de contribuição do Cine
      Metrópolis à cultura capixaba. Este é o conteúdo do presente livro-reportagem
      elaborado como trabalho de conclusão de curso, cujo processo de feitura envolveu
      pesquisas sobre a formação do circuito de cinema capixaba, além de entrevistas com
      personalidades ligadas à cultura.


      Um fato curioso é que desde 1988, com a publicação do livro “História do Cinema
      Capixaba” de Fernando Tatagiba não foi feita nenhuma atualização do circuito de
      cinema em formato de livro. As únicas iniciativas foram os resumos, Escritos de Vitória
      7 (Cinemas, 1994) e 22 (Cine Vídeo, 2002) realizados pela Prefeitura Municipal de
      Vitória que recortaram alguns fatos do livro de Tatagiba para mostrar aos capixabas

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O mundo passa no Metrópolis




                                         INTRODUÇÃO

      Um pouco de sua história e também fazem reflexão sobre o papel do cinema na vida dos
      cidadãos.


      Assim, ao falarmos da história do Metrópolis, buscaremos mostrar um pouco do o
      cenário do cinema em Vitória, a partir do início da década de 90. Afinal, com o fim da
      ditadura militar, a área audiovisual no país sofreu alguns impactos que até hoje não
      foram recuperados como o fechamento da Embrafilme. Esta iniciativa no governo
      Collor explica um pouco da atual dificuldade de exibição, realização e distribuição de
      filmes nacionais e inclusive do preconceito e preferência por películas norte-
      americanas.


      Outro ponto importante é o impacto do surgimento do shopping center e da
      concentração do lazer em um único lugar. Antigamente, ir ao cinema era uma diversão à
      parte. Posto que chegar até a telona era uma das etapas, antes se passeava pelo centro
      da cidade, se aguardava ansiosamente pela projeção e finalmente, a magia começava.


      Um pouco do encanto se perdeu em nome da segurança. Os cinemas de bairro já não
      estavam tão seguros, apesar de praticarem preços melhores. As opções do shopping
      eram mais diversificadas, além de ver seu filme favorito, o espectador podia comer em
      várias lanchonetes, comprar roupas, sapatos e claro, o bilhete do cinema.



      1 Reportagem ampliada e aprofundada, apresentada em formato de livro, segundo Edvaldo
      Pereira Lima (1993).




                                                   5

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A história do Cine Metrôpolis e o cinema alternativo capixaba

  • 1. O mundo passa no Metrópolis INTRODUÇÃO O livro-reportagem 1 quot;Mundo passa no Metrópolisquot; é um convite ao entendimento da importância cultural que o Cineclube Metrópolis conquistou ao longo de 16 anos de história. Mas a trajetória é um pouco mais longa. Tudo começou praticamente vinte anos antes da sua inauguração no Centro de Vivências, em 1992. O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é, pois, contar a história do Cine Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por meio de um livro- reportagem. Nascido em berço de grande produção acadêmica, a universidade, o Metrópolis resultou da iniciativa de estudantes de levar a discussão sobre o cinema para além das salas de aulas, assim como das idéias que brotavam nos intermináveis bate-papos em um dos barzinhos no centro de Vitória. Antes de se tornar, oficialmente, o cineclube da Ufes, em 1992, o Metrópolis era uma colcha de retalhos espalhados pelos Centros de Ensino da Universidade. Em cada um se conseguia material para exibição e organizava salas de debates sobre a paixão por filmes. Antigamente, era conhecido como Cineclube Universitário e funcionava desde 1974 na Ufes com uma proposta diferente e não periódica. Com a institucionalização, o Cineclube Metrópolis passou a funcionar próximo ao Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus de Goiabeiras, em Vitória, com uma sala de exibição e muitas idéias de renovação do circuito capixaba de cinema. Uma novidade é o fato de pela primeira vez se escrever sobre um cinema específico do Estado. Afinal, a sala de exibição também faz muita diferença na hora de escolher e assistir a um filme. Geralmente, quando se escreve sobre cinema é para discutir teorias culturais, novidades tecnológicas, agenda de artistas (diretores, atores) ou resenhar determinado filme. Pouco se fala daquele espaço, que tem muitos bastidores e provê o tradicional escurinho do cinema, momento pipoca, e filme na telona. Para contar esta história do Cine Metrópolis, no primeiro capítulo, vamos reunir informações sobre a constituição do circuito das salas de cinema de Vitória. Também vamos relatar os primórdios do cinema capixaba e a chegada das salas consideradas alternativas por exibirem filmes europeus, nacionais e independentes. 3
  • 2. O mundo passa no Metrópolis INTRODUÇÃO No segundo capítulo, vamos mostrar a trajetória do Metrópolis, que se tornou referência em exibição de cinema alternativo no Estado, após 16 anos de mostras, festivais, sessões especiais e projetos culturais. No terceiro e último capítulo, vamos reunir depoimentos e entrevistas de produtores culturais e autoridades ligadas à cultura sobre como o Metrópolis movimenta a vida cultural capixaba. Também relataremos algumas histórias sobre as suas experiências como cineclubistas e produtores culturais. Como a única sala alternativa de cinema, o Cineclube Metrópolis tem uma responsabilidade ainda maior na formação de um público mais consciente e fundamentado. Seus projetos contribuem para a formação de novos públicos, bem como potenciais produtores culturais. A capital é a cidade com a maior concentração de estréias e filmes inéditos no Estado, mesmo assim é carente de produções diversificadas. A política de distribuição de filmes no País é uma das responsáveis pela falta de tramas variadas no mercado o que, conseqüentemente, limita os tipos de filme que o capixaba pode assistir na telona. O Cineclube Metrópolis veio com a missão de responder a uma demanda pela diversidade. Os obstáculos são muitos: a dificuldade de distribuição, a renda para auto- gestão e a manutenção do cinema, o preconceito com filmes fora do padrão Hollywoodiano, os quais o público em geral está acostumado a ver, a necessidade de criar projetos alternativos, dar espaço às produções locais e incentivar novos talentos. Falta de verba, períodos de fechamento, dificuldades e problemas financeiros, emoções compõem histórias e tramas que fazem parte dos 16 anos de contribuição do Cine Metrópolis à cultura capixaba. Este é o conteúdo do presente livro-reportagem elaborado como trabalho de conclusão de curso, cujo processo de feitura envolveu pesquisas sobre a formação do circuito de cinema capixaba, além de entrevistas com personalidades ligadas à cultura. Um fato curioso é que desde 1988, com a publicação do livro “História do Cinema Capixaba” de Fernando Tatagiba não foi feita nenhuma atualização do circuito de cinema em formato de livro. As únicas iniciativas foram os resumos, Escritos de Vitória 7 (Cinemas, 1994) e 22 (Cine Vídeo, 2002) realizados pela Prefeitura Municipal de Vitória que recortaram alguns fatos do livro de Tatagiba para mostrar aos capixabas 4
  • 3. O mundo passa no Metrópolis INTRODUÇÃO Um pouco de sua história e também fazem reflexão sobre o papel do cinema na vida dos cidadãos. Assim, ao falarmos da história do Metrópolis, buscaremos mostrar um pouco do o cenário do cinema em Vitória, a partir do início da década de 90. Afinal, com o fim da ditadura militar, a área audiovisual no país sofreu alguns impactos que até hoje não foram recuperados como o fechamento da Embrafilme. Esta iniciativa no governo Collor explica um pouco da atual dificuldade de exibição, realização e distribuição de filmes nacionais e inclusive do preconceito e preferência por películas norte- americanas. Outro ponto importante é o impacto do surgimento do shopping center e da concentração do lazer em um único lugar. Antigamente, ir ao cinema era uma diversão à parte. Posto que chegar até a telona era uma das etapas, antes se passeava pelo centro da cidade, se aguardava ansiosamente pela projeção e finalmente, a magia começava. Um pouco do encanto se perdeu em nome da segurança. Os cinemas de bairro já não estavam tão seguros, apesar de praticarem preços melhores. As opções do shopping eram mais diversificadas, além de ver seu filme favorito, o espectador podia comer em várias lanchonetes, comprar roupas, sapatos e claro, o bilhete do cinema. 1 Reportagem ampliada e aprofundada, apresentada em formato de livro, segundo Edvaldo Pereira Lima (1993). 5