1. MARIONETE - Fátima Irene Pinto - Eu sinto medo de ti. Medo das barreiras que me impões sem palavras e que meu coração interpreta angustiado, nas entrelinhas do que não dizes. Eu sinto medo de ti. Tua doçura é névoa tênue e traiçoeira a esconder muralha férrea, contra a qual me choco tantas vezes, entre perplexa e aparvalhada.
2. Eu sinto medo de ti. Porque és todo razão, auto-controle e frieza, jamais te soltas e te desmanchas em paixão e às vezes és de uma dureza à prova de qualquer compaixão. Eu sinto medo de ti. Porque és capaz de desnudar-me de todas as camadas, deixando-me quase em carne viva, enquanto não perdes sequer um pelo, a pele ou o vício de lobo predador, velho de guerra, conhecedor da minha alma e da alma de tantas mulheres.
3. Eu sinto medo de ti. Porque sonegas respostas às perguntas cruciais, me tens nas mãos feito marionete, me confundes e me desmontas sem nenhuma culpa, como se as minhas dores fossem banais. Eu sinto medo do amor que me despertas, tão grande e visceral. Sinto medo da amplidão de todas as minhas expectativas. Sinto medo da mágoa, que intensa, caminha paralela ao meu amor. Dos extremos, da luz e da escuridão, do céu e do inferno, dos tantos altos e baixos que permeiam cada capítulo e cada cena do nosso roteiro.
4. Ah! Homem amado e faceiro, pedaço de mau caminho, ladrão de corações, tinhoso e traiçoeiro tens o condão de fazer-se amar ! Um dia ainda curo-me de ti e vou te deixar... E ao conseguir tal feito, presto aqui um juramento: hei de deixar escrito um manual ou cartilha, para que outras não caiam na tua armadilha. Música: Roger Williams - Alfie. Montagem; [email_address] Visite o site www.fatimairene.com