O documento discute como traumas familiares podem marcar as pessoas e como isso afetou várias famílias bíblicas. A família de Isaque sofreu por causa da preferência do pai por Esaú ao invés de Jacó. A família de Davi passou por muitos problemas como resultado da falta de correção do rei sobre os filhos, levando a abusos e assassinato. Essas feridas familiares profundas precisam ser tratadas e curadas para que as relações sejam restauradas.
1. OS TRAUMAS FAMILIARES
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Malaquias 4:6 – “Ele converterá o coração
dos pais aos filhos e o coração dos filhos a
seus pais, para que eu não venha e fira a
terra com maldição”.
Deus é um Deus que vive em família – Pai,
Filho e Espírito Santo – são tão unidos, que
são UM. Quando Deus criou o ser humano,
Deus o fez à sua imagem e semelhança, fê-lo
para que vivesse também em comunidade, em
família. Foi por isso que Deus, depois de Ter
criado Adão, disse – “Não é bom que o
homem esteja só”.
A família foi criada por Deus para que
formasse um ambiente de amor, acolhimento
e unidade. Cada pessoa que nascesse no
mundo, nasceria dentro de uma família,
recebendo acolhimento, carinho, amor,
formando um elo indivisível de unidade.
Infelizmente, Adão pecou, e tudo ficou mais
difícil. A família que deveria cumprir o seu
papel de amar, acolher e nutrir, passou a ser
usada por Satanás para provocar as feridas
mais profundas e inimagináveis no caráter das
pessoas. Porém, o propósito de Deus, é que
as relações entre a família sejam restauradas,
para a terra não seja ferida com maldição. E
esta restauração só é possível quando formos
curados das feridas que foram provocadas
pelos nossos pais, irmãos, avôs, avós,
cônjuges, filhos, sogros, sogras, tios e tias.
Devemos pedir ao Espírito Santo que nos
ajude a identificar essas feridas que nos
marcam para que haja restauração e cura,
para que as nossas relações com os nossos
familiares sejam mudadas.
A Bíblia nos mostra que, mesmo nas famílias
de homens de Deus, que figuraram como
verdadeiros heróis da fé, houve muitos
problemas, e feridas foram provocadas. Houve
dificuldades nas famílias de Abraão, Isaque,
Jacó, Eli, Samuel, Davi e outros.
A FAMÍLIA DE ISAQUE
Os problemas na família de Isaque ocorreram
por causa do problema de preferência por
determinado filho:
Gênesis 25:27-28
Isaque, o pai, amava mais a Esaú, porque
este o agradava com as caças que lhe
preparava;
Rebeca, a mãe, amava mais a Jacó, porque
ele ficava mais em casa, em sua companhia.
Esaú soube aproximar-se mais do seu pai, e
conquistá-lo com o seu carinho e atenção. Ele
era um perito caçador. Seu pai gostava das
suas caças. E ele sempre tinha o cuidado de
preparar as caças conforme o agrado do seu
velho pai. Jacó achegou-se a seu pai de forma
traiçoeira apenas para roubar-lhe a bênção
Há filhos que são mais hostis, reservados.
Talvez você ache que seus pais têm
preferência por seus irmãos, quando, na
verdade, é você que se isola e não busca a
comunhão com seus pais. Muitas vezes os
desrespeita ou os trata mal.
Talvez a rejeição a você por parte dos seus
pais, seja real. Porém, você também
precisa entender que os seus pais não são
perfeitos. Eles também foram feridos na
sua criação, e, ao constituírem família,
trouxeram para ela as suas feridas e os
seus complexos.
Os pais precisam tomar cuidado com as
preferências. É importante dar atenção a
todos os filhos. Quando você prefere mais a
um filho, a um neto, você estará criando
barreiras dentro da sua família e, com
certeza, terá dificuldades.
Vemos um círculo vicioso no caso de
preferências nas famílias dos patriarcas:
- Abraão preferiu a Isaque e Ismael foi
rejeitado;
- Isaque preferiu a Esaú, e Jacó ficou em
segundo plano;
- Jacó preferiu a José;
- José preferiu a Manassés
Jesus veio para quebrar esse círculo de
maldição no meio das famílias e trazer a
bênção da conciliação: “ele converterá o
coração dos pais aos filhos, e dos filhos aos
pais, para que eu não venha e fira a terra com
maldição”.
OS TRAUMAS FAMILIARES
2. OS TRAUMAS FAMILIARES
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- Você pode sentir-se rejeitado. Será que
esta rejeição é real, ou você tem se
afastado dos relacionamentos?
- Mesmo que a rejeição seja real, e isto
tenha lhe causado dor. Você pode receber
cura hoje. Entenda que seus pais também
não são ou não eram perfeitos. Eles
também podem Ter sido feridos na alma, e
Ter transferido seus ressentimentos para
os filhos.
A FAMÍLIA DE DAVI
Davi foi um homem de Deus. A Bíblia fala-nos
que ele era “um homem segundo o coração
de Deus” (I Sm.13:14). Porém, segundo os
relatos bíblicos, não vemos registro de uma
família tão conturbada quando a sua.
Davi era um homem que amava muito aos
seus filhos, porém, tinha uma dificuldade muito
grande em corrigi-los quando estes erravam.
Estas dificuldades geraram terríveis problemas
dentro da sua família.
1. Amnom abusa de Tamar, sua meia irmã, e
Davi não o repreende
II Samuel 13:1-21
Amnom estupra a sua meia irmã, Tamar, e a
única coisa que Davi faz, é ficar “muito irado”.
Não confronta a Amnom com o seu erro e não
consola a filha que estaria traumatizada com o
abuso que sofrera. O texto nos mostra que ela
vai consolar-se na casa do seu irmão Absalão,
filho da mesma mãe de Tamar. Este tenta
amenizar a gravidade da situação para tentar
consolar a sua irmã. Davi se omite. Ele não
exerce o seu papel de pai e de líder espiritual
na sua casa.
A maioria dos abusos sexuais acontecem
dentro da família. Talvez você tenha sofrido
algum tipo de abuso sexual por parte de
algum familiar seu. E isto feriu, não apenas
fisicamente, mas provocou uma profunda
dor na sua alma. Tamar foi consolar-se com
o irmão. Talvez, ninguém tenha consolado
você. No entanto, o Doutor Jesus quer
curar essa ferida e restaurar a sua vida. Ele
está aqui. Conte-lhe a sua dor e peça-lhe a
sua cura.
Talvez Davi se sentisse sem autoridade para
repreender o filho devido ao seu caso recente
com Bate-Seba e com todo o desfecho triste
daquela história. Davi tinha se arrependido, e
Deus perdoara o seu pecado. Porém, talvez
ele não se sentisse com a condição de
encarar o filho, de confrontá-lo e de
repreendê-lo pelo seu mau caratismo. Davi
poderia repreendê-lo sim. Se a sua autoridade
fosse contestada, ele poderia dizer: Sim, eu
errei, porém, eu confessei o meu pecado.
Deus me perdoou. Sou um novo homem. Não
quero que você também erre e sofra as
consequências que eu sofri.
Não importa o que você tenha feito no
passado. O seu passado ficou na cruz.
Como pai, como líder, você precisa exercer
a sua autoridade sobre a sua família, sobre
os seus liderados, para confrontá-los e
corrigi-los. Não permitir que o diabo o
acuse de nada. Você não pode ficar de
braços cruzados, vendo os seus filhos se
perderem no pecado e no erro.
2. Absalão, irmão de Tamar, passa a odiar a
Amnom, assassina-o, e foge
II Samuel 13:22-29; 37-39
Absalão passou a odiar a Amnom, seu irmão,
e planejou matá-lo para vingar-se da violência
contra Tamar. Por não ter visto nenhuma
atitude por parte do pai para resolver a
situação da sua irmã, resolveu então a fazer
justiça com as suas próprias mãos, e
assassina o seu irmão Amnom. Ele foi ferido
pela sua família, e retribui da mesma forma,
fere também. Após assassinar ao seu irmão,
Absalão foge para a casa de seu avô Talmai.
E por lá fica durante dois anos, até que a ira
de Davi contra ele cessasse. Assim, o abismo
entre Absalão e a sua família vai crescendo
cada vez mais.
As feridas na nossa alma, provocadas por
pessoas da nossa família de quem
esperamos amor e proteção, quando não
são tratadas, provocarão situações que irão
proporcionar mais dor, mais afastamento,
barreiras ainda maiores. Às vezes não
assassinamos com uma arma, porém,
matamos a pessoa pela nossa indiferença e
com o isolamento.
3. Absalão volta para Jerusalém, porém Davi
não permite que ele compareça à sua
presença
Depois de três anos, Joabe, capitão do
exército de Davi, conseguiu convencê-lo a que
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mandasse trazer a Absalão de volta de Gesur.
Quando Absalão chega a Jerusalém, o rei o
proíbe de vê-lo: “Torne para a sua casa e não
veja a minha face”, disse. Assim ele fica mais
dois anos em Jerusalém, sem ver a face do
seu pai.
Talvez, com aquela atitude, o rei queria
demonstrar a Absalão a sua insatisfação com
todos os seus procedimentos. Ele se sentiu
ferido pelo filho que havia matado o irmão, e
respondeu com o isolamento e com a
indiferença. Porém, o que Absalão queria
mesmo, era a amizade do pai. Que o pai o
confrontasse, que o punisse de uma outra
forma, mas que não tentasse resolver a
situação com a indiferença e com o
isolamento. É o que ele expressa a Joabe:
“Para que vim de Gesur? Melhor me fora
ainda estar lá. Agora, pois, quero ver a face
do rei; se há em mim alguma culpa, que me
mate” (14:32).
Aqui, tanto pai como filho estava tentando
resolver o conflito de uma forma errada. Ao
invés de trazer solução para o problema, o
estava agravando cada vez mais para, enfim,
ter um triste desfecho.
4. Absalão tem uma filha, a quem chama de
Tamar
I Samuel 14:27: “Também nasceram a
Absalão três filhas e uma filha, cujo nome era
Tamar; esta era mulher formosa à vista”.
É incomum a Bíblia citar o nome das filhas.
Somente os nomes dos homens são citados.
Aqui, de forma inédita, o nome dos filhos
homens não são citados, somente o da única
filha mulher, que por incrível que pareça,
chamava-se também TAMAR, o nome da sua
desventurada irmã.
Aquela atitude era sintomática. Absalão estava
ferido pelo que acontecera à sua irmã. Agora,
coloca o mesmo nome na sua filha. Era uma
forma de conservar sempre na lembrança o
que ocorrera com a irmã. A filha, que segundo
o texto, era também formosa à vista como a
irmã, sempre traria à sua lembrança o que
ocorrera, e alimentaria o seu desejo de fazer
justiça. Como se quisesse dizer: “Nesta aqui,
ninguém toca”.
Muitas vezes trazemos na lembrança as
lembranças amargas, e fazemos questão
de ficar remoendo as coisas desagradáveis
que nos aconteceram. Este tipo de atitude
pode levar à destruição, de nós mesmos e
de outras pessoas.
4. Absalão, enfim é admitido na presença do
rei seu pai
II Samuel 15:33 – “Chamou o rei a Absalão,
e este se lhe apresentou e inclinou-se
sobre o rosto em terra, diante do rei. O rei
beijou a Absalão”.
Sete anos tinham se passado desde que tudo
começara. Um estupro, um assassinato, fuga,
revolta, um filho ferido e rebelde, uma família
abalada e um pai ferido. Será que tudo isso
poderia ser resolvido apenas com um beijo? O
beijo era o sinal do perdão que Davi estava
concedendo ao filho. Porém, no coração de
Esaú, a tempestade ainda não havia sido
apaziguada. Havia ainda hostilidade, como
mais tarde seria provado. Ele precisava ser
confrontado pelo pai. O tempo não tinha
apagado a dor. Absalão tinha que vomitar para
fora todo o veneno que estava na sua alma,
que por fim o levaria à morte. Ele sai da
presença do pai com um plano terrível –
roubar o reino do pai.
Podemos entender que as nossas feridas
emocionais não podem ser curadas apenas
com um beijo, um abraço, com um aperto
de mão, ou um sorriso artificial,
arrematados com as palavras: “Está tudo
bem”, ou “eu te amo”. É preciso o
confronto, espremer a ferida, vomitar aquilo
que está incomodando, chorar a mágoa e
gritar a dor. Ficar calado, fingir que tudo
está bem, pensar que o tempo vai resolver
toda a situação? Certamente, não é assim
que podemos ser curados. Quantos
casamentos estão sendo destruídos por
que não existe abertura para que as
mágoas sejam tratadas. Não existe
confronto, não existe confissão. Vai-se
vivendo, empurrando com a barriga. Os
relacionamentos são comprometidos,
porque a amargura da alma mata qualquer
relação.
5. Absalão conspira contra Davi, seu pai
II Samuel 15:1-14
Parece que a motivação de Absalão para a
sua conspiração está registrada nos vv.2-4.
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Ele dizia que não havia justiça da parte do rei.
Ele queria ser rei para fazer justiça. Davi
precisou fugir para escapar com vida. Absalão
iria matá-lo também, assim como já fizera com
o irmão Amnom.
A amargura cultivada, torna-se em ódio. O
ódio faz com que a pessoa seja capaz de
qualquer coisa para satisfazer o seu desejo
de vingança e de retribuição ao ofensor. O
diabo aproveitará dessa situação para
insuflar mais ainda o desejo de vingança.
6. Absalão é derrotado pelo exército de Davi,
e é morto
II Samuel 18:6-9;14, 33
A situação termina da forma mais trágica
possível – a morte de Absalão. O choro
amargo de Davi mostra o que pode acontecer
com as feridas quando não são tratadas a
tempo.
Absalão permitiu ser levado por um terrível
ódio. O seu pai tinha falhado em muitas
situações, mas isso não lhe dava o direito de
agir como agiu. Ele, ao invés de abrir o
coração para o perdão, preferiu nutrir a
amargura e o ressentimento. Colocou na sua
filha o nome de Tamar, com qual objetivo?
Lembrar-se sempre da tragédia. Quis fazer a
justiça com as suas próprias mãos, e
pensando assim, conspira contra o pai para
tomar-lhe o trono. No entanto, seus intentos
foram frustrados, e ele acabou morrendo na
sua tentativa.
Você pode ter sido ferido durante a sua
vida por pessoas com que você contava
que lhe desse carinho, amor, atenção e
compreensão. Ao invés disso, recebeu
palavras duras, rejeição, abandono, traição,
violência física, indiferença, e outras coisas
que feriram profundamente os seus
sentimentos. Porém, isso não é motivo para
que você passe a vida toda amargurado,
ressentido, dando ferroadas nas pessoas
para vingar-se daquilo que lhe fizeram. Há
uma outra saída bem melhor – buscar a
cura e a restauração no Senhor Jesus. É
preciso liberar perdão para as pessoas que
feriram a você. Somente assim virá a cura
que você precisa. Somente assim os
relacionamentos poderão ser plenamente
restaurados.
CONCLUSÃO
As nossas famílias são as maiores
causadoras dos nossos traumas. Violência
física, abuso sexual, assassinato, indiferença,
predileções. Peça agora ao Espírito Santo que
o ajude a ver onde estão as feridas, e quem as
causou. Libere perdão agora. Não fique
remoendo as mágoas e os ressentimentos.
- Talvez você tenha sido vítima de violência
dentro da sua família. Você contava com a
proteção proteção e o carinho, mas este
sonho foi violentado;
- Talvez você tenha se sentido injustiçado
dentro da sua família por omissões dos
pais ou preferências por outros filhos;
- Talvez o seu filho tenha ferido a você com
palavras duras e maus tratos. Talvez,
algum deles tenha sido a “ovelha negra da
família”, pelos transtornos que tenha
causado a ela.
- Talvez você tenha sido ferido por seu
cônjuge. Tem faltado carinho,
compreensão, amizade, e tem sobrado
cobranças, palavras de crítica, maus tratos
e infidelidade conjugal.
- Aqui, você pode chorar a sua dor. Dar o
grito que foi sufocado. Fale para Deus.
Peça-lhe a sua cura e a sua restauração.