2. ca·ri·da·de
nome feminino
1. Boa disposição do ânimo para com todas as criaturas.
2. Qualquer manifestação dessa disposição.
3. Pena que se sente pelos sofrimentos alheios.
4. Esmola.
5. [Irónico] Dano, ofensa.
3. Caridade e amor do próximo
886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas.”
Allan Kardec, O Livro dos Espíritos
A.K.: O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça.
pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível
e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras
de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade,
segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as
relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam
eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela
nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos
nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados,
contrariamente ao que se costuma fazer…
4.
5. Francisco Cândido Xavier / Roteiro
“Antes de Jesus, a caridade é desconhecida (…) Os monumentos das civilizações
antigas não se reportam à divina virtude.(…) Com Jesus, porém, a paisagem social
experimenta decisivas alterações. O Mestre não se limita a ensinar o bem. Desce ao
convívio com a multidão e materializa-o com o próprio esforço. Cura os doentes na via
pública, sem cerimoniais, e ajuda a milhares de ouvintes, amparando-os na solução
dos mais complicados problemas de natureza moral, sem valer-se das etiquetas do
culto externo.”
6. Francisco Cândido Xavier / Boa Nova
“- Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será
até sete vezes? “
“- Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”
“Daí por diante o Mestre sempre aproveitou as melhores oportunidades para ensinar
a necessidade do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção.”
“- Pai perdoa-lhes , porque não sabem o que fazem.”
7. “A cidade, reedificada por Júlio César, era a mais bela joia da velha Acaia,
servindo de capital à formosa província… Sua cultura estava muito distante
das realizações intelectuais do gosto grego mais eminente, misturando-se, em
suas praças, os templos mais diversos. Obedecendo, talvez, a essa
heterogeneidade de sentimentos, Corinto tornara-se famosa pelas tradições
de libertinagem da grande maioria dos seus habitantes.”
Francisco C. Xavier, Paulo e Estêvão
8. “Capítulo 13
1 Ainda que eu falasse as línguas
dos homens e dos anjos e não
tivesse caridade, seria como o
metal que soa ou como o sino que
tine.
2 E ainda que tivesse o dom de
profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda
que tivesse toda a fé, de maneira
tal que transportasse os montes, e
não tivesse caridade, nada seria.”
Novo testamento, 1 Coríntios
9. “Capítulo 13
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse
o meu corpo para ser queimado, e não tivesse
caridade, nada disso me aproveitaria.
4 A caridade é sofredora, é benigna; a caridade
não é invejosa; a caridade não trata com
leviandade, não se ensoberbece,
5 não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 A caridade nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Novo testamento, 1 Coríntios
10.
11.
12. Capítulo 4
7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a
caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque
Deus é caridade.
9 Nisto se manifestou a caridade de Deus para
connosco: que Deus enviou seu Filho unigénito ao
mundo, para que por ele vivamos.
10 Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos
amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou
seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.
11 Amados, se Deus assim nos amou, também nós
devemos amar uns aos outros.
Novo testamento, 1 João
13. 842. Por que indícios se poderá reconhecer, entre todas as doutrinas que
alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, a que tem o direito
de se apresentar como tal?
“Será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela
prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse
o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina
que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação
entre os filhos de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa.
843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o
livre-arbítrio, o homem seria máquina.”
Notas do Editor
Os ensinamentos de Jesus eram de amor, caridade. Transmite Lucas a palavra do Celeste Orientador, explicando que “descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que o despojaram, espancando-o e deixando-o semimorto. Ocasionalmente, passava pelo mesmo caminho um sacerdote e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, abordando o mesmo lugar e observando-o, passou a distância. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, reparando-o, moveu-se de íntima piedade. Abeirando-se do infortunado, aliviou-lhe as feridas e, colocando-o sobre sua cavalgadura, cuidadosamente asilou-o numa estalagem”.
Vemos, dentro da narrativa, que o Senhor situa no necessitado simplesmente “um homem”.
Não lhe identifica a raça, a cor, a posição social ou os pontos de vista. Nele, enxerga a Humanidade sofredora, carecente de auxílio das criaturas que acendam a luz da caridade, acima de todos os preconceitos de classe ou de religião. Desde aí, novo movimento de solidariedade humana surge na Terra. No curso do tempo, dispersam-se os apóstolos, ensinando, em variadas regiões do mundo, que “mais vale dar que receber”.
E, inspirados na lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da imundície pelos hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com orfanatos e creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada aos escravos; criam institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha a mendicância para os mais fracos. E a caridade, como gênio cristão na Terra, continua crescendo com os séculos, através da bondade de um Francisco de Assis, da dedicação de um Vicente de Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da fraternidade do companheiro anônimo da via pública, salientando, valorosa e sublime, que o Espírito do Cristo prossegue agindo
conosco e por nós. A glorificação do trabalho é serviço evangélico.
Antecedendo a influência do Mestre, a Terra era vasto latifúndio povoado de senhores e escravos.
O serviço era considerado desonra. Dominadas pelo princípio da força, as nações guardavam imensa semelhança com as
tabas da comunidade primigênia. O destaque social resultava da caça. Erguiam-se os tronos, quase sempre, sobre escuros alicerces de rapinagem.
Os favores da vida pertenciam aos mais argutos e aos mais poderosos. Qualquer infelicidade econômica redundava em compulsório cativeiro.
Trabalho era sinónimo de aviltação. Os espíritos mais nobres, na maioria das vezes, demoravam-se na subalternidade absoluta, suando e gemendo para sustentar o carro purpúreo dos opressores. Em toda as cidades, pululavam escravos de todos os matizes e somente a eles era
conferido o dever de servir, como austera punição. Roma imperial jazia repleta de cativos tomados ao Egito e à Grécia, á Gália e ao Ponto.
Só na revolução de Espártaco, no ano de 71, antes da era cristã, foram condenados à morte trinta mil escravos na Via Ápia, cuja única falta era aspirar ao trabalho digno em liberdade edificante.
Os destroços do palácio de Nbucodonosor, no solo em que ser erguia a grandeza de Babilônica, falam simplesmente de fausto e poder que os séculos consumiram. Nas lembranças do Egito glorioso, as Pirâmides não se referem à compaixão. Os famosos hipogeus de Persépolis são atestados de orgulho racial. As muralhas da China traduzem a preocupação de defesa. Nos velhos santuários da Índia, o Todo-Poderoso é venerado por milhões de fiéis, indiscutivelmente sinceros, mas deliberadamente afastados dos semelhantes, nascidos na condição de párias desprezíveis. A acrópole de Atenas, com as suas colunas respeitáveis, é louvor à inteligência. O coliseu de Vespasiano, em Roma, é monumento levantado ao triunfo bélico, para as expansões da alegria popular.Lega aos discípulos a parábola do bem samaritano, que exalta a missão sublime da caridade para sempre. A história é simples e expressiva.