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QUEM É A CAROLINA?
Estávamos em Agosto. O céu estava tão pertinho, que bastava esticar um dedo e levar uma nuvem.  Inchava a dor da minha mãe. Sacudi-me tremebunda; balancei as pernas e os braços. Eu, Carolina, nasci e não faltaram grandiosos festejos: deram-me beijos repenicados, beijos à esquimó, beijos à francesa – fiquei com as bochechas dormentes.  Teceram-me elogios de princesa, uns mais estranhos outros mais excêntricos: Carolina não será tagarela; Carolina saberá andar de bicicleta sem mãos; Carolina não será tonta ou avarenta; Carolina terá uma memória de elefante…
Entretanto Carolina Cresceu… E agora acha o mundo tão incrível como contemplar gatos em Marte.  Vejo-me com a pele da cor de um pêssego claro. Não tenho verrugas nem sinais de luta mas tenho um montão colossal de pontos negros (Diabo! Que exagero!). O cabelo é penteado com os dedos, e atenção, não tenho piolhos, mas tenho medo só de pensar que possa ter caspa e estou impávida por saber que posso ficar calva. Às vezes não me livro da ramela, das unhas encardidas e do bigode de café. Confessando bem, tenho que me dedicar à engrenagem!
Gosto das coisas mais simples do mundo, como espremer laranjas e mergulhar um pau de canela no sumo para sugá-lo ou rebolar na relva. Sou ambientalista e luto pela vida das florestas.
Sou insatisfeita com o que conheço e tenho uma fábrica de curiosidade!
Desde o espreguiçar preguiçoso ao bocejar no sofá, era capaz de comer sempre pipocas. E sim! Sou contra os anormais que atiram pipocas no cinema.
Tenho um medo colossal de caracóis!  Brrr! São bichos repugnantes! E tenho um “projecto caracóis ranhosos” que pretende extingui-los à machadada!
Desde criancita que penso que roubei a alma ao Einstein, porque tenho ideias geniais!  Aquando criancita ficava fula e piegas quando me diziam que era albina, fingindo ter uma congestão por me dizerem que não vinha da Lua (diabo, pensava mesmo que tinha pó lunar nas bochechas).
Palpita-me que sou possuída por um espírito maléfico, de tão tresloucada e louca varrida que sou!  Adoro fazer palhaçadas e rir às gargalhadas com piadas parvas e inteligentes. Confessando bem, sou uma gralha. Falo pelos cotovelos e tenho conversas surreais. E então, para mal dos meus pecadilhos…
As reacções lá em casa às minhas ideias chanfradas, qual chaladas, são muitas vezes, ou medonhas …
Ou de admiração: Ou de ira, “vai para o inferno com essas ideias do arco da velha!”: Notinha: a minha mãe tinha criava algumas superstições sobre mim: ela foi invadida pela bruxaria, pelo mau-olhado, exorcismo ou rituais de lua cheia!
Fico feliz quando me dizem o que eu devo e não devo fazer, e que me achincalhem.   Viram? Agora tentei surpreender-vos com uma graça descabida , ah ah ah! Não! Não vou fazer um sapateado ou uma dança tribal!
Ah! Já me esquecia!  Sou tonta e zonza. Esqueço muita coisa, perco muitas vezes o comboio e chego aos espectáculos uma semana de atrasado. E ponho a língua de fora aos zun-zuns caprichosos: Ah! A carolina é cabeça no ar!
SIM! A CATITA DA CAROLINA É MESMO FIXE!
Trabalho realizado e produzido por: Carolina Jardim Ano 2007-2008

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  • 3. Entretanto Carolina Cresceu… E agora acha o mundo tão incrível como contemplar gatos em Marte. Vejo-me com a pele da cor de um pêssego claro. Não tenho verrugas nem sinais de luta mas tenho um montão colossal de pontos negros (Diabo! Que exagero!). O cabelo é penteado com os dedos, e atenção, não tenho piolhos, mas tenho medo só de pensar que possa ter caspa e estou impávida por saber que posso ficar calva. Às vezes não me livro da ramela, das unhas encardidas e do bigode de café. Confessando bem, tenho que me dedicar à engrenagem!
  • 4. Gosto das coisas mais simples do mundo, como espremer laranjas e mergulhar um pau de canela no sumo para sugá-lo ou rebolar na relva. Sou ambientalista e luto pela vida das florestas.
  • 5. Sou insatisfeita com o que conheço e tenho uma fábrica de curiosidade!
  • 6. Desde o espreguiçar preguiçoso ao bocejar no sofá, era capaz de comer sempre pipocas. E sim! Sou contra os anormais que atiram pipocas no cinema.
  • 7. Tenho um medo colossal de caracóis! Brrr! São bichos repugnantes! E tenho um “projecto caracóis ranhosos” que pretende extingui-los à machadada!
  • 8. Desde criancita que penso que roubei a alma ao Einstein, porque tenho ideias geniais! Aquando criancita ficava fula e piegas quando me diziam que era albina, fingindo ter uma congestão por me dizerem que não vinha da Lua (diabo, pensava mesmo que tinha pó lunar nas bochechas).
  • 9. Palpita-me que sou possuída por um espírito maléfico, de tão tresloucada e louca varrida que sou! Adoro fazer palhaçadas e rir às gargalhadas com piadas parvas e inteligentes. Confessando bem, sou uma gralha. Falo pelos cotovelos e tenho conversas surreais. E então, para mal dos meus pecadilhos…
  • 10. As reacções lá em casa às minhas ideias chanfradas, qual chaladas, são muitas vezes, ou medonhas …
  • 11. Ou de admiração: Ou de ira, “vai para o inferno com essas ideias do arco da velha!”: Notinha: a minha mãe tinha criava algumas superstições sobre mim: ela foi invadida pela bruxaria, pelo mau-olhado, exorcismo ou rituais de lua cheia!
  • 12. Fico feliz quando me dizem o que eu devo e não devo fazer, e que me achincalhem. Viram? Agora tentei surpreender-vos com uma graça descabida , ah ah ah! Não! Não vou fazer um sapateado ou uma dança tribal!
  • 13. Ah! Já me esquecia! Sou tonta e zonza. Esqueço muita coisa, perco muitas vezes o comboio e chego aos espectáculos uma semana de atrasado. E ponho a língua de fora aos zun-zuns caprichosos: Ah! A carolina é cabeça no ar!
  • 14. SIM! A CATITA DA CAROLINA É MESMO FIXE!
  • 15. Trabalho realizado e produzido por: Carolina Jardim Ano 2007-2008