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Sejam bichos do sertão,
do campo ou de casa, e tenham
pata, barbatana ou asa,
e venham lá donde venham,
juntos neste livro são
BICHOS DE TRAZER POR CASA.
Ai burro,
burrinho,
bichinho
sem sorte,
tu és bom e forte,
mas chamam-te burro!
De pêlo comprido,
fazia sentido
chamares-te peludo.
De orelha esquisita,
seria catita
chamares-te orelhudo.
De rabo bandeado
num tal desatino,
seria engraçado
chamares-te rabino.
Mas – ai! - não gostaram
de ouvir o teu zurro
e só se lembraram
do nome de burro!
Tu andas nas noras
que regam as hortas;
tu trazes cenouras
até nossas portas;
tu vais ao moinho
com sacos de trigo
que dão o pãozinho…
Ai burro,
burrinho,
tu és nosso amigo!
Mas só porque és
um pouco casmurro
(ou muito, talvez),
chamaram-te burro!
Chamaram-te burro,
bichinho
sem sorte,
tão bom e tão forte,
tão nosso amiguinho…
mas burro,
burrinho!
BURRINHO
GIRAFA
Tenho pena da girafa
de pescoço grandalhão:
- Como é que a pobre se abafa,
tendo uma constipação?
Coitadinho da girafa!
Quando eu me constipo, posso
arranjar um cachecol.
Mas com aquele pescoço…
Safa!
Pobre da girafa!
- Vou oferecer-lhe um lençol.
SENHOR PERU
Senhor peru, não gosto dessas modos
com que trata vizinhos e vizinhas.
Nem olha… Sejam patos ou galinhas,
parece que se julga o rei de todos.
Muito inchado… Porquê, senhor peru?
Lá porque tem um lindo casabeque,
escusa de pôr sempre a cauda em leque
e fazer voz de papo: glu-glu-glu.
Senhor peru, há muita gente nobre
que se esquece de que há gente mais pobre
mas mais limpa e alegre, mais feliz.
Tão vaidoso, porquê? Vaidoso e bronco.
Senhor peru careca e com um monco,
- vá limpar esse ranho do nariz!
CANGURU
O canguru,
bicho amigo,
tem um baú no umbigo.
Quando um bebé canguru
ainda não anda a pé
ou tem frio de andar nu,
logo a mamã canguru,
sem carrinho de bebé,
abre o baú
onde
esconde
o menino canguru, amigo
canguruzito
de baùzito
no umbigo.
CORUJA
Ó coruja de olhos grandes,
arregalados,
enormes,
toda a noite andas e pias,
mas de dia nunca andas
entre os bichos acordados, não andas nem pias,
dormes,
ó coruja de olhos grandes.
És quase como o morcego
que, vendo o sol, fica cego,
E, embora sejas mazinha,
como de dia és ceguinha,
coruja, eu sou teu amigo…
mas não consigo
encontrar-te.
Que pena eu tenho de ti!
Procurei-te por todas a parte,
árvores, torres e muros,
não consegui
encontrar-te.
Para que de dia andes,
quero dar-te
os meus óculos escuros,
ó coruja de olhos grandes.
ADIVINHA
C om quatro patinhas, o rabo curtinho,
O relhas compridas, peludo – é verdade –
E sempre a mexer o nariz quando come,
L ouco por cenouras e alfaces, louquinho,
H á tanto no campo como na cidade.
O nome não digo. Qual é o seu nome?
POMBO – CORREIO
Um dia uma nuvenzinha
que parecia uma bolinha,
veio sobre a minha casinha,
ficou parada no ar.
E eu gritei: “Ó nuvenzinha
tão branquinha e redondinha,
gostava que fosses minha
para contigo brincar.”
Mas, tão alta, a nuvenzinha
não me podia escutar.
Foi então que resolvi
escrever-lhe uma cartinha
dizendo “gosto de ti”,
e atirei a carta ao ar.
E a cartinha deu um salto,
voou ao céu a cartinha,
subiu tão alto, tão alto
que chegou à nuvenzinha.
Mas então a nuvenzinha
que parecia uma bolinha
tão branquinha e redondinha
que eu queria que fosse minha
para com ela brincar,
ficou no céu quietinha,
ficou parada a olhar
p´ra mim na minha casinha.
e a nuvenzinha não veio…
mas mandou-me uma cartinha,
uma cartinha que eu li,
uma cartinha que eu leio
e que diz “gosto de ti”.
O portador da cartinha
foi o meu pombo-correio.
CARACOL
Caracol
da casa às costas
e de pauzinhos ao Sol,
tão mole
e que tanto gostas
de passear no jardim,
já não me enganas a mim.
Assim vagaroso
e mole,
és um menino preguiçoso,
caracol,
e não gostas
da escola
e vens de malinha às costas
porque fugiste da escola
para brincar no jardim.
Não é assim,
caracol?
E por seres mandrião
e casmurro,
sabes o que são
esses pauzinhos ao Sol?
São orelhas de burro,
caracol!
Gosto da cabra
com ar pacato,
pêlo barato,
tão pobrezita.
Gosto da cabra
com duas tetas
e dois cornichos
voz feiazita,
mas sem as tretas
nem os caprichos
dos outros bichos,
nada esquisita.
Gosto da cabra,
acho-a bonita.
Gosto da cabra
porque tem fome
- tem tanta fome!
Se ninguém der,
não se atrapalha,
vai onde calha
para comer
e tudo come,
ervas ou palha
ou o que houver.
Gosto da cabra
porque trabalha
para viver:
desce ao barranco,
sobe ao penedo,
num passo franco,
sempre p´rá frente,
sempre sem medo.
Gosto da cabra,
acho-a valente.
Gosto da cabra
até por ter
tão feio o nome.
Gosto da cabra
só por saber
que, se eu tiver
um dia fome
e me agachar
debaixo dela
para mamar,
eu já sei que ela
fica quieta,
não vai fugir
nem dar um grito:
sabe fingir
que uma pessoa
mamando a teta
é um cabrito.
Gosto da cabra,
acho-a tão boa!
E como a cabra
gosta da gente,
cabra cabrita
simples e boa,
nada esquisita,
como é valente,
acho-a bonita,
gosto da cabra.
Gosto da cabra,
amiga minha,
amiga cabra,
cabra amiguinha,
cabra cabrinha.
CABRA CABRINHA
HIPOPÓTAMO
Vi o hipopótamo em certa
tarde no Jardim Zoológico
e, como é lógico,
quis vê-lo de boca aberta
(a boca dele, não a minha)
E disse-lhe em voz meiguinha
e bem educada:
“Ó hipopótamo, abre a boquinha.”
E o hipopótamo…nada.
Depois tive a ideia louca
de fazê-lo bocejar.
Cheguei-me mais para ele:
“Ó hipopótamo, abre a boca.”
E abri muito a boca
(a minha boca, não a dele).
E o hipopótamo…só a olhar.
Então peguei numa couve
e comecei a gritar:
“Ó hipopótamo,
ouve,
agarra!”
E o hipopótamo…abriu a bocarra.
Com o bico curvo p´ra baixo
e outro de penas em cima
da cabeça, a imitá-lo,
branca catatua, eu acho
que do papagaio és prima:
também falas quando falo.
Com um bico na cabeça
e voz de cana rachada,
ó catatua infeliz,
falas sempre com a pressa
de quem fala e não diz nada
ou não percebe o que diz.
Com o bico mesmo bico
catas as penas e as patas,
- que triste mania a tua.
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a mim é que tu não catas…
Cata-te a ti, catatua!
CATATUA
RATO
Raivoso, o rato com fome
ratou à rica terrina,
à terrina rara e fina,
rijos retratos de queijo.
Rota, a terrina que eu vejo
a rir do rato, contou-me:
“Quem rata e ri? Pense e diga.
O raio do rato ratou-me,
ratei ao rato a barriga…”
PINGUIM
Cá para mim
o pinguim
é o bicho mais vaidoso
e teimoso
que há neste mundo sem fim.
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onde tudo é gelado
(mar branco, não azul).
Pois se lá forem vê-lo,
anda sempre em cabelo
muito bem penteado.
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como uma faca
e ele não se importa,
só veste casaca.
Com um frio daqueles,
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eu usava luvas,
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e tudo
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isso sim!
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teimoso,
esquisito,
deve ter fraca
a cachimónia:
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de cerimónia.
E, viaje ou não viaje,
em Lisboa ou no Polo,
o tolo pinguim
-que tolo!
que tolo!-
anda sempre assim.
PICA-PAU
Pica-pau,
acho que és mau
agora
quando
te ouço lá fora
picando
as árvores do jardim
aqui pertinho da escola.
Pobre de mim
que te ouço
lá fora
e que não posso
sair da escola!
Ora
assim não:
vai-te embora,
pica-pau
Ou então…
Ó pica-pau,
podes entrar na escola
e ficar
e até picar
a valer
o que te der
na tola.
Valeu?
Ó meu
pica-pau
bem-vindo,
que lindo
seria eu
e os meus colegas
vermos
um pica-pau
sem termos,
picando às cegas,
picando à toa
madeira boa,
uma cadeira,
o tecto e o chão,
uma carteira,
a porta ou então
o rodapé
inteiro…
ou mesmo até
o ponteiro
da senhora
professora.
Pica-pau,
não sejas mau.
Ó pica-pau,
entra e fica,
pica,
pica,
pica-pau.
AVESTRUZ
Em muitas coisas que tem e faz,
o avestruz é um rei, um ás.
É a maior ave, saibam vocês,
e vê mais longe que a águia talvez.
No meio da selva vive feliz:
caçam-no, montam-no e nada diz.
Mais que um cavalo corre veloz.
Tem lindas plumas, não é feroz.
Pescoço e pernas sem fim e nus,
e a cabecinha que o avestruz
lá no alto traz
(dois metros ou três)
e só por um triz
não voa… é atroz
numa ave de truz.
Mas o avestruz
acha a vida boa
só porque não sabe
que é ave
e não voa.
PEIXINHO VERMELHO
Eu disse uma vez:
“Peixinho vermelho,
tu és novo ou velho?
És grande ou pequeno?
És loiro ou moreno?
Tu, sabes como és?”
E do seu aquário
o peixinho vermelho
respondeu-me assim:
“É extraordinário
perguntar-me a mim.
Quem nunca ao espelho
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Bichos de trazer por casa

  • 1.
  • 2. Sejam bichos do sertão, do campo ou de casa, e tenham pata, barbatana ou asa, e venham lá donde venham, juntos neste livro são BICHOS DE TRAZER POR CASA.
  • 3. Ai burro, burrinho, bichinho sem sorte, tu és bom e forte, mas chamam-te burro! De pêlo comprido, fazia sentido chamares-te peludo. De orelha esquisita, seria catita chamares-te orelhudo. De rabo bandeado num tal desatino, seria engraçado chamares-te rabino. Mas – ai! - não gostaram de ouvir o teu zurro e só se lembraram do nome de burro! Tu andas nas noras que regam as hortas; tu trazes cenouras até nossas portas; tu vais ao moinho com sacos de trigo que dão o pãozinho… Ai burro, burrinho, tu és nosso amigo! Mas só porque és um pouco casmurro (ou muito, talvez), chamaram-te burro! Chamaram-te burro, bichinho sem sorte, tão bom e tão forte, tão nosso amiguinho… mas burro, burrinho! BURRINHO
  • 4. GIRAFA Tenho pena da girafa de pescoço grandalhão: - Como é que a pobre se abafa, tendo uma constipação? Coitadinho da girafa! Quando eu me constipo, posso arranjar um cachecol. Mas com aquele pescoço… Safa! Pobre da girafa! - Vou oferecer-lhe um lençol.
  • 5. SENHOR PERU Senhor peru, não gosto dessas modos com que trata vizinhos e vizinhas. Nem olha… Sejam patos ou galinhas, parece que se julga o rei de todos. Muito inchado… Porquê, senhor peru? Lá porque tem um lindo casabeque, escusa de pôr sempre a cauda em leque e fazer voz de papo: glu-glu-glu. Senhor peru, há muita gente nobre que se esquece de que há gente mais pobre mas mais limpa e alegre, mais feliz. Tão vaidoso, porquê? Vaidoso e bronco. Senhor peru careca e com um monco, - vá limpar esse ranho do nariz!
  • 6. CANGURU O canguru, bicho amigo, tem um baú no umbigo. Quando um bebé canguru ainda não anda a pé ou tem frio de andar nu, logo a mamã canguru, sem carrinho de bebé, abre o baú onde esconde o menino canguru, amigo canguruzito de baùzito no umbigo.
  • 7. CORUJA Ó coruja de olhos grandes, arregalados, enormes, toda a noite andas e pias, mas de dia nunca andas entre os bichos acordados, não andas nem pias, dormes, ó coruja de olhos grandes. És quase como o morcego que, vendo o sol, fica cego, E, embora sejas mazinha, como de dia és ceguinha, coruja, eu sou teu amigo… mas não consigo encontrar-te. Que pena eu tenho de ti! Procurei-te por todas a parte, árvores, torres e muros, não consegui encontrar-te. Para que de dia andes, quero dar-te os meus óculos escuros, ó coruja de olhos grandes.
  • 8. ADIVINHA C om quatro patinhas, o rabo curtinho, O relhas compridas, peludo – é verdade – E sempre a mexer o nariz quando come, L ouco por cenouras e alfaces, louquinho, H á tanto no campo como na cidade. O nome não digo. Qual é o seu nome?
  • 9. POMBO – CORREIO Um dia uma nuvenzinha que parecia uma bolinha, veio sobre a minha casinha, ficou parada no ar. E eu gritei: “Ó nuvenzinha tão branquinha e redondinha, gostava que fosses minha para contigo brincar.” Mas, tão alta, a nuvenzinha não me podia escutar. Foi então que resolvi escrever-lhe uma cartinha dizendo “gosto de ti”, e atirei a carta ao ar. E a cartinha deu um salto, voou ao céu a cartinha, subiu tão alto, tão alto que chegou à nuvenzinha. Mas então a nuvenzinha que parecia uma bolinha tão branquinha e redondinha que eu queria que fosse minha para com ela brincar, ficou no céu quietinha, ficou parada a olhar p´ra mim na minha casinha. e a nuvenzinha não veio… mas mandou-me uma cartinha, uma cartinha que eu li, uma cartinha que eu leio e que diz “gosto de ti”. O portador da cartinha foi o meu pombo-correio.
  • 10. CARACOL Caracol da casa às costas e de pauzinhos ao Sol, tão mole e que tanto gostas de passear no jardim, já não me enganas a mim. Assim vagaroso e mole, és um menino preguiçoso, caracol, e não gostas da escola e vens de malinha às costas porque fugiste da escola para brincar no jardim. Não é assim, caracol? E por seres mandrião e casmurro, sabes o que são esses pauzinhos ao Sol? São orelhas de burro, caracol!
  • 11. Gosto da cabra com ar pacato, pêlo barato, tão pobrezita. Gosto da cabra com duas tetas e dois cornichos voz feiazita, mas sem as tretas nem os caprichos dos outros bichos, nada esquisita. Gosto da cabra, acho-a bonita. Gosto da cabra porque tem fome - tem tanta fome! Se ninguém der, não se atrapalha, vai onde calha para comer e tudo come, ervas ou palha ou o que houver. Gosto da cabra porque trabalha para viver: desce ao barranco, sobe ao penedo, num passo franco, sempre p´rá frente, sempre sem medo. Gosto da cabra, acho-a valente. Gosto da cabra até por ter tão feio o nome. Gosto da cabra só por saber que, se eu tiver um dia fome e me agachar debaixo dela para mamar, eu já sei que ela fica quieta, não vai fugir nem dar um grito: sabe fingir que uma pessoa mamando a teta é um cabrito. Gosto da cabra, acho-a tão boa! E como a cabra gosta da gente, cabra cabrita simples e boa, nada esquisita, como é valente, acho-a bonita, gosto da cabra. Gosto da cabra, amiga minha, amiga cabra, cabra amiguinha, cabra cabrinha. CABRA CABRINHA
  • 12. HIPOPÓTAMO Vi o hipopótamo em certa tarde no Jardim Zoológico e, como é lógico, quis vê-lo de boca aberta (a boca dele, não a minha) E disse-lhe em voz meiguinha e bem educada: “Ó hipopótamo, abre a boquinha.” E o hipopótamo…nada. Depois tive a ideia louca de fazê-lo bocejar. Cheguei-me mais para ele: “Ó hipopótamo, abre a boca.” E abri muito a boca (a minha boca, não a dele). E o hipopótamo…só a olhar. Então peguei numa couve e comecei a gritar: “Ó hipopótamo, ouve, agarra!” E o hipopótamo…abriu a bocarra.
  • 13. Com o bico curvo p´ra baixo e outro de penas em cima da cabeça, a imitá-lo, branca catatua, eu acho que do papagaio és prima: também falas quando falo. Com um bico na cabeça e voz de cana rachada, ó catatua infeliz, falas sempre com a pressa de quem fala e não diz nada ou não percebe o que diz. Com o bico mesmo bico catas as penas e as patas, - que triste mania a tua. Junto a ti é que eu não fico, a mim é que tu não catas… Cata-te a ti, catatua! CATATUA
  • 14. RATO Raivoso, o rato com fome ratou à rica terrina, à terrina rara e fina, rijos retratos de queijo. Rota, a terrina que eu vejo a rir do rato, contou-me: “Quem rata e ri? Pense e diga. O raio do rato ratou-me, ratei ao rato a barriga…”
  • 15. PINGUIM Cá para mim o pinguim é o bicho mais vaidoso e teimoso que há neste mundo sem fim. Vive no Polo Sul, onde tudo é gelado (mar branco, não azul). Pois se lá forem vê-lo, anda sempre em cabelo muito bem penteado. O frio corta como uma faca e ele não se importa, só veste casaca. Com um frio daqueles, neves, ventos, chuvas, eu usava luvas, casaco de peles, gorro de veludo… e tudo com forro. Mas o pinguim, isso sim! Vaidoso, teimoso, esquisito, deve ter fraca a cachimónia: acha bonito vestir casaca que é traje de cerimónia. E, viaje ou não viaje, em Lisboa ou no Polo, o tolo pinguim -que tolo! que tolo!- anda sempre assim.
  • 16. PICA-PAU Pica-pau, acho que és mau agora quando te ouço lá fora picando as árvores do jardim aqui pertinho da escola. Pobre de mim que te ouço lá fora e que não posso sair da escola! Ora assim não: vai-te embora, pica-pau Ou então… Ó pica-pau, podes entrar na escola e ficar e até picar a valer o que te der na tola. Valeu? Ó meu pica-pau bem-vindo, que lindo seria eu e os meus colegas vermos um pica-pau sem termos, picando às cegas, picando à toa madeira boa, uma cadeira, o tecto e o chão, uma carteira, a porta ou então o rodapé inteiro… ou mesmo até o ponteiro da senhora professora. Pica-pau, não sejas mau. Ó pica-pau, entra e fica, pica, pica, pica-pau.
  • 17. AVESTRUZ Em muitas coisas que tem e faz, o avestruz é um rei, um ás. É a maior ave, saibam vocês, e vê mais longe que a águia talvez. No meio da selva vive feliz: caçam-no, montam-no e nada diz. Mais que um cavalo corre veloz. Tem lindas plumas, não é feroz. Pescoço e pernas sem fim e nus, e a cabecinha que o avestruz lá no alto traz (dois metros ou três) e só por um triz não voa… é atroz numa ave de truz. Mas o avestruz acha a vida boa só porque não sabe que é ave e não voa.
  • 18. PEIXINHO VERMELHO Eu disse uma vez: “Peixinho vermelho, tu és novo ou velho? És grande ou pequeno? És loiro ou moreno? Tu, sabes como és?” E do seu aquário o peixinho vermelho respondeu-me assim: “É extraordinário perguntar-me a mim. Quem nunca ao espelho se viu nem mirou, não sabe como é. Eu moro num espelho - é muito esquisito – não sei como sou. Diga-me você!” E eu disse: “És bonito, peixinho vermelho.”