1. 1
PaiseProfessores
Aos Pais e Professores:
Como foi já amplamente noƟciado pela imprensa, está entrando em vigor o
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado pelos países que têm o
português como língua oficial. Não se trata, como se pode imaginar, de uma gran-
de reforma ortográfica. Justamente por isso, abrangerá apenas algumas palavras
(cerca de 0,45% do vocabulário no Brasil e 1,6% em Portugal), que passarão a ter
a mesma grafia tanto em nosso país como em outros que já assinaram o Novo
Acordo. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se apenas à
língua escrita, não comprometendo nenhum aspecto da língua falada.
Com essa unificação de grafias, espera-se que o português — hoje falado por
aproximadamente 230 milhões de pessoas em todo o mundo e língua oficial de
trabalho em mais de uma dúzia de organizações mundiais — ganhe ainda mais
importância nos fóruns internacionais e tenha o seu uso facilitado por editoras e
insƟtuições de vários conƟnentes.
O Novo Acordo, além de mudar algumas regras para o hífen, que serão mais
claras, e abolir o trema, volta a incorporar, ao alfabeto português, as letras k, w e
y, até então consideradas estrangeiras. O curioso é que certas palavras proparoxí-
tonas terão como válida uma dupla grafia, a exemplo de econômico e económico,
conforme queira se pronunciar da forma brasileira ou da lusitana. Também caem
alguns acentos, como o das palavras vôo (agora voo) e estréia (estreia).
Diante de tais novidades, é natural que se leve um período para incorporá-
-las à roƟna. Daí que esteja previsto um tempo, provavelmente alguns anos, de
convivência entre as formas novas e as anteriores. Também convém imaginar que
ainda são escassas as publicações (gramáƟcas e dicionários) de referência com-
pletamente atualizadas com as novas regras além do próprio texto do Novo Acor-
do, do qual extraímos os procedimentos e as regras para compor este livro.
Dessa forma, a Editora Construir, visando
sempre oferecer o melhor a mestres e alu-
nos, sente-se orgulhosa por ter aceitado o
desafio de já ir uƟlizando as novas regras
em suas novas obras, facilitando, assim, a
adaptação de seus leitores às alterações
ortográficas que chegaram para simplificar
a vida de todos.
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2. 2
Sumário O Alfabeto...................................................................................................3
Letras Maiúsculas e Minúsculas.................................................................4
Sequências Consonantais...........................................................................7
Acentuação Gráfica ....................................................................................9
Acento Diferencial de Palavras Homógrafas............................................13
O Trema ....................................................................................................14
O Hífen .....................................................................................................15
Divisão Silábica na Translineação ............................................................20
O Apóstrofo ..............................................................................................21
Consulta Rápida .......................................................................................22
Bibliografia Consultada ............................................................................25
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa .....................................26
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3. As letras k, w e y, acrescentadas ao alfabeto da língua portuguesa, aparecem
apenas em casos especiais, como em abreviaturas, siglas, símbolos, nomes pró-
prios, palavras estrangeiras e seus derivados:
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados (nomes
próprios, sobrenomes ou apelidos e suas derivações): Franklin, frankliniano; Kant,
kanƟsmo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor,
taylorista.
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados (nome ge-
ográfico próprio de região, cidade, vila, povoação, lugar, rio, logradouro público,
etc.): Kuwait, kuwaiƟano; Malawi, malawiano.
c) Em siglas, símbolos, unidades de medidas de abrangência internacional:
TWA, KLM, K – potássio (de kalium), W – oeste (de west), kg – quilograma, km –
quilômetro, kW – quilowaƩ, yd – jarda (de yard), waƩ.
Recomenda-se subsƟtuir, sempre que possível, os topônimos estrangeiros
pelas formas vernáculas (linguagem sem estrangeirismos na pronúncia) corres-
pondentes.
Alfabeto
O Alfabeto
De Por
• Anvers • Antuérpia
• Milano • Milão
• Zürich • Zurique
• München • Munique
• Géneve • Genebra
• Torino • Turim
• London • Londres
• Shangai • Xangai
3
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4. MaiúsculaseMinúsculas
Empregam-se, facultaƟvamente, letras minúsculas nos vocábulos que com-
põem uma citação bibliográfica, com exceção do primeiro vocábulo e daqueles
obrigatoriamente grafados com letras maiúsculas.
Empregam-se, facultaƟvamente, letras minúsculas nas formas de tratamento
e reverência (os chamados axônimos), bem como em nomes sagrados e que de-
signam crenças religiosas (hagiônimos).
Como era antes Como é agora
• Casa-grande e Senzala • Casa-grande e Senzala ou Ca-
sa-grande e senzala
• O Primo Basílio • O Primo Basílio ou O primo
Basílio
• Uma Boa Cantoria • Uma Boa Cantoria ou Uma
boa cantoria
• Arthur Arruma uma Confusão • Arthur Arruma uma Confusão
ou Arthur arruma uma confusão
• As Travessuras de um Guia Mi-
rim
• As Travessuras de um Guia Mi-
rim ou As travessuras de um guia
mirim
• A Loja da Dona Raposa • A Loja da Dona Raposa ou A
loja da dona Raposa
Como era antes Como é agora
• Santa Terezinha • Santa Terezinha ou santa Te-
rezinha
• Doutor Frederico Costa • Doutor Frederico Costa ou
doutor Frederico Costa
• Papa Bento XVI • Papa Bento XVI ou papa Ben-
to XVI
• Governador Eduardo Campos • Governador Eduardo Campos
ou governador Eduardo Campos
• Senhor Pedro • Senhor Pedro ou senhor Pe-
dro
• Excelenơssimo Senhor Reitor • Excelenơssimo Senhor Reitor
ou excelenơssimo senhor reitor
Letras Maiúsculas e Minúsculas
4
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5. 5
MaiúsculaseMinúsculas
Permanecem, facultaƟvamente, letras minúsculas para designar domínios
do saber, cursos e disciplinas.
• Biologia ou biologia
• Arte Medieval ou arte medieval
• Física QuânƟca ou İsica quânƟca
• Artes PlásƟcas ou artes plásƟcas
• Educação Física ou educação İsica
• InformáƟca ou informáƟca
Empregam-se, facultaƟvamente, letras maiúsculas iniciais em categorização
de logradouros públicos, templos ou ediİcios.
Como era antes Como é agora
• Rua Neto Campelo • Rua Neto Campelo ou rua
Neto Campelo
• Estrada do Arraial • Estrada do Arraial ou estrada
do Arraial
• Igreja de Santo Antônio • Igreja de Santo Antônio ou
igreja de Santo Antônio
• Palácio do Governo • Palácio do Governo ou palá-
cio do Governo
• Avenida Agamenon Magalhães • Avenida Agamenon Maga-
lhães ou avenida Agamenon Ma-
galhães
• Túnel Rebouças • Túnel Rebouças ou túnel Re-
bouças
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6. A letra maiúscula inicial é usada em:
MaiúsculaseMinúsculas
• Nomes de festas e fesƟvidades • Natal, Páscoa, Carnaval
• Títulos de periódicos • Diario de Pernambuco, O Es-
tado de São Paulo
• Antropônimos reais ou ficơcios
(nome próprio de pessoa ou de ser
personificado)
• Pedro Marques, Branca de
Neve, D. Quixote
• Nomes de seres antropomorfiza-
dos (cuja forma aparente evoca a de
um ser humano ou de seres mitoló-
gicos)
• Adamastor, Netuno
6
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7. 7
SequênciasConsonantais
• adepto • dípƟco • inepto
• apto • erupção • núpcias
• compacto • eucalipto • pacto
• convicção • ficção • pictural
• convicto • friccionar • rapto
O c das sequências cc (segundo c com valor de sibilante), cç e ct; o p das se-
quências pc (c com valor de sibilante), pç e pt; o b das sequências bd e bt; o g da
sequência gd; o m da sequência mn; e o t da sequência tm ora se conservam, ora
se eliminam.
Conservam-se quando as letras são pronunciadas.
Eliminam-se quando as letras não são pronunciadas.
Sequências Consonantais
Como era antes Como é agora
• acção • ação
• accionar • acionar
• acto • ato
• adopção • adoção
• adoptar • adotar
• afecƟvo • afeƟvo
• aflicção • aflição
• aflicto • aflito
• colecção • coleção
• direcção • direção
• director • diretor
• Egipto • Egito
• exacto • exato
• objecção • objeção
• ópƟmo • óƟmo
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8. SequênciasConsonantais Conservam-se ou eliminam-se, facultaƟvamente, quando as consoantes são
pronunciadas.
• amígdala ou amídala
• amnisƟa ou anisƟa
• aritméƟca ou ariméƟca
• assumpção ou assunção
• aspecto ou aspeto
• carácter ou caráter
• ceptro ou cetro
• concepção ou conceção
• corrupto ou corruto
• decepcionar ou dececionar
• dicção ou dição
• excepcional ou excecional
• facto ou fato
• indemnizar ou indenizar
• infeccioso ou infecioso
• omnipotente ou onipotente
• omnisciente ou onisciente
• recepção ou receção
• sector ou setor
• súbdito ou súdito
• sumptuoso ou suntuoso
8
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9. 9
AcentuaçãoGráfica
Para os brasileiros, boa parte das alterações trazidas pelo Novo Acordo re-
cai sobre as regras de acentuação. Essas mudanças eliminarão os acentos gráficos
de alguns grupos de palavras. De maneira geral, as modificações concentram-se
especialmente nas palavras paroxítonas, nas homógrafas (de mesma grafia) e nas
que contêm hiato.
Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em e tônico (geralmente
de origem francesa), essa vogal, por ser pronunciada ora como aberta, ora como
fechada, admite tanto o acento agudo quanto o acento circunflexo.
Pretérito Perfeito Presente Pretérito Perfeito após o
Acordo
amamos amamos amamos ou amámos
cantamos cantamos cantamos ou cantámos
dançamos dançamos dançamos ou dançámos
pesquisamos pesquisamos pesquisamos ou pesquisámos
Será facultaƟvo o uso do acento agudo nas formas verbais paroxítonas do
pretérito perfeito do indicaƟvo da 1ª pessoa do plural quando coincidirem com a
forma verbal correspondente no presente do indicaƟvo.
As duas grafias são permiƟdas
• bebê • bebé
• bidê • bidé
• canapê • canapé
• caratê • caraté
• crochê • croché
• guichê • guiché
• maƟnê • maƟné
• nenê • nené
• ponjê • ponjé
• purê • puré
• rapê • rapé
Acentuação Gráfica
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10. Quando a sílaba tônica de uma palavra paroxítona é formada pelos ditongos
abertos ei e oi, o acento agudo será eliminado.
AcentuaçãoGráfica
Fique atento a esta regra: Quando a palavra for oxítona, mesmo que haja os
ditongos abertos ei e oi, o acento permanece. A mudança só ocorre nas palavras
paroxítonas. Por isso, palavras como hotéis, herói e dói conƟnuam com acento.
Quando a sílaba tônica de uma palavra paroxítona for formada pelas vogais i
e u precedidas de ditongo, o acento agudo será eliminado.
Como era antes Como é agora
• baiúca • baiuca
• boiúna • boiuna
• cheiínho • cheiinho
• feiúra • feiura
• Sauípe • Sauipe
Como era antes Como é agora
• apóio • apoio
• assembléia • assembleia
• Coréia • Coreia
• Galiléia • Galileia
• hebréia • hebreia
• heróico • heroico
• idéia • ideia
• jibóia • jiboia
• jóia • joia
• paranóico • paranoico
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11. 11
AcentuaçãoGráfica
Elimina-se o acento circunflexo quando a palavra é uma forma verbal paro-
xítona formada pelos hiatos oo ou ee.
Torna-se facultaƟvo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas
judô e metrô:
Como era antes Como é agora
• vôo • voo
• enjôo • enjoo
• perdôo • perdoo
• abençôo • abençoo
• crêem • creem
• dêem • deem
• lêem • leem
• vêem • veem
As duas grafias são permiƟdas
• judô • judo
• metrô • metro
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12. AcentuaçãoGráfica Acentuação dos verbos com QU e GU
no radical
O acento gráfico agudo não será mais usado na vogal u das formas verbais
que contenham qu e gu no radical. Assim, além de perderem o trema, os ver-
bos arguir e redarguir e suas flexões não mais receberão acento agudo, embora
mantenham a tonicidade no u. Já os verbos do Ɵpo aguar, enxaguar, obliquar e
delinquir, por admiƟrem duas pronúncias, passam a aceitar duas grafias: quando
a tonicidade recair sobre o u, essa vogal não receberá acento gráfico (enxague,
oblique); quando a tonicidade recair sobre as vogais a ou i da sílaba anterior, estas
deverão, obrigatoriamente, receber acento gráfico (enxágue, oblíque).
Como era antes Como é agora
• ágüe • águe ou ague
• argúe • argue
• averigue • averígue ou averigue
• deságua • deságua ou desagua
• enxágüem • enxáguem ou enxaguem
• obliqúe • oblíque ou oblique
• redargúem • redarguem
12
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13. 13
AcentuaçãoDiferencial
Homógrafas são palavras de grafia igual, mas que têm significados diferentes.
Até antes do Novo Acordo, usava-se o acento diferencial — agudo ou circunflexo
— para disƟnguir palavras homógrafas. Agora, esse acento sairá de uso, passando-
-se a escrever as homógrafas sem nenhuma diferenciação gráfica.
Como era antes Como é agora
• pára (verbo parar) / para (pre-
posição)
• para (verbo e preposição)
• péla (verbo pelar) / pela (pre-
posição) / péla (substanƟvo)
• pela (preposição, verbo e
substanƟvo)
• pólo (substanƟvo) / pôlo (subs-
tanƟvo) / polo (preposição anƟga)
• polo (substanƟvos e pre-
posição)
• pélo (verbo pelar) / pêlo (subs-
tanƟvo) / pelo (preposição)
• pelo (verbo, substanƟvo e
preposição)
• pêro (substanƟvo) / pero (con-
junção anƟga)
• pero (substanƟvo e con-
junção anƟga)
• pêra (substanƟvo) / pera (pre-
posição anƟga)
• pera (substanƟvo e prepo-
sição anƟga)
O Acordo, porém, prevê algumas exceções à regra do acento diferencial.
• pôde (3ª pessoa do singular
do pretérito perfeito do indicaƟ-
vo do verbo poder)
• pode (3ª pessoa do singular do
presente do indicaƟvo do verbo po-
der)
• pôr (verbo) • por (preposição)
• têm e todos os demais deri-
vados do verbo ter (3ª pessoa do
plural do presente do indicaƟvo)
• tem e todos os demais derivados
do verbo ter (3ª pessoa do singular
do presente do indicaƟvo)
• vêm (3ª pessoa do plural do
presente do indicaƟvo do verbo
vir)
• vem (3ª pessoa do singular do
presente do indicaƟvo do verbo vir)
Exceção: Será facultaƟvo o uso do acento da palavra fôrma (substanƟvo) para
diferenciar da palavra forma (3ª pessoa do singular do presente do indicaƟvo ou
2ª pessoa do singular do imperaƟvo do verbo formar).
Acento Diferencial de Palavras Homógrafas
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14. 14
Trema
O trema foi exƟnto da língua portuguesa. Ele só será manƟdo em nomes pró-
prios de origem estrangeira e seus derivados.
O Trema
Como era antes Como é agora
• agüentar • aguentar
• argüição • arguição
• argüir • arguir
• anƟqüíssimo • anƟquíssimo
• bilíngüe • bilíngue
• cinqüenta • cinquenta
• conseqüência • consequência
• delinqüente • delinquente
• eloqüente • eloquente
• ensangüentado • ensanguentado
• eqüestre • equestre
• enxágüe • enxágue
• freqüente • frequente
• iniqüidade • iniquidade
• lingüeta • lingueta
• lingüiça • linguiça
• qüinqüênio • quinquênio
• sagüi • sagui
• seqüestro • sequestro
• subseqüente • subsequente
Trema manƟdo
• Hübner • hübneriano
• Müller • mülleriano
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15. Quando o segundo elemento começa por h
• anƟ-higiênico • co-herdeiro
• arqui-hipérbole • contra-harmônico
• circum-hospitalar • pan-helenismo
• eletro-higrômetro • pré-história
• extra-humano • semi-hospitalar
• geo-história • sub-hepáƟco
• neo-helênico • super-homem
Hífen
O hífen é usado nas palavras compostas que designam nomes de plantas
e animais, estejam ou não ligados por preposição ou qualquer outro elemento.
Assim, como havia certa alternância no uso do hífen nesse caso, o Acordo unifor-
mizou a grafia.
Com o Acordo, o hífen só será usado em palavras formadas por prefixos ou
falsos prefixos nos seguintes casos:
Atenção: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm os pre-
fixos des e in nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desu-
midificar, inábil, inumano, etc.
O Hífen
• abóbora-menina
• bênção-de-deus
• bem-me-quer
• couve-flor
• erva-do-chá
• ervilha-de-cheiro
• fava-de-santo-inácio
• andorinha-grande
• cobra-capelo
• formiga-branca
• andorinha-do-mar
• cobra-d’água
• lesma-de-conchinha
• bem-te-vi
• tartaruga-marinha
15
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16. Hífen Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina na mesma vogal
com que se inicia o segundo elemento.
• anƟ-ibérico • micro-onda
• auto-observação • micro-organismo
• contra-almirante • semi-interno
• infra-axilar • supra-auricular
Em palavras formadas pelos prefixos ex, sota, soto, vice e vizo.
Em palavras formadas pelos prefixos circum ou pan seguidos de palavras ini-
ciadas em vogal, m ou n.
ex soto sota vice vizoo
ex-almirante soto-mestre sota-piloto vice-reitor vizo-rei
ex-hospedeira vice-presidente
ex-diretor
ex-primeiro-
-ministro
circum pan
• circum-escolar • pan-mágico
• circum-navegação • pan-africano
• pan-americano
• pan-negritude
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17. Hífen
hiper inter super
• hiper-realista • inter-racial • super-resistente
• hiper-requintado • inter-regional • super-revista
• inter-relação
• inter-resistente
Em palavras formadas pelos prefixos hiper, inter e super quando combinados
com elementos iniciados por r.
O hífen não é mais usado em palavras formadas de prefixo ou falso prefixo
terminado em vogal e seguido de palavra iniciada por r ou s. Com o Acordo, as
palavras formadas dessa maneira são grafadas sem hífen, sendo essas consoantes
dobradas.
Como era antes Como é agora
• ante-sala • antessala
• auto-retrato • autorretrato
• anƟ-social • anƟssocial
• contra-senso • contrassenso
• ultra-sonografia • ultrassonografia
• supra-renal • suprarrenal
O hífen também não é mais usado em palavras formadas de prefixo ou falso
prefixo terminado em vogal e acompanhado de palavra iniciada por vogal diferen-
te, o que uniformiza várias exceções antes existentes.
Como era antes Como é agora
• anƟ-aéreo • anƟaéreo
• anƟ-americano • anƟamericano
• auto-afirmação • autoafirmação
• auto-ajuda • autoajuda
• infra-estrutura • infraestrutura
• neo-impressionista • neoimpressionista
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18. Hífen Alguns prefixos Alguns falsos prefixos
ante intra aero macro
anƟ pós agro maxi
circum pré arqui micro
co pró auto mini
contra sobre bio mulƟ
entre sub eletro neo
extra super geo pan
hiper supra hidro pseudo
infra ultra inter semi
São grafadas sem hífen as palavras compostas em que, devido ao uso, per-
deu-se a noção de composição.
Composição é um processo da língua por meio do qual palavras ou radicais
se unem para compor novas palavras, como em planalto (plano+alto), pontapé
(ponta+pé) e morfologia (morfo+logia).
Para não correr o risco de errar, quando não se souber se a palavra perdeu a
noção de composição, é aconselhável consultar o dicionário, que determina qual
é a grafia consagrada pelo uso. Exemplos disso são as palavras malmequer (sem
hífen) e bem-me-quer (consagrada com hífen).
O hífen permanece em palavras formadas com os prefixos pré, pró e pós
quando estes mantêm o acento tônico, como em pré-natal, pró-desarmamento
e pós-graduação. Entretanto, a dúvida, nesse caso, é sempre comum. Como o
Como era antes Como é agora
• manda-chuva • mandachuva
• pára-quedas • paraquedas
• pára-quedista • paraquedista
• pára-lama • paralama
• pára-choque • parachoque
• pára-vento • paravento
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19. Hífen
acento desses prefixos é praƟcamente impercepơvel na fala, em algumas pala-
vras, como predeterminado e preexistente, muitos não sabem se o hífen deve ou
não ser usado. Assim, também aqui é sempre bom consultar o dicionário.
O hífen permanece nas palavras compostas com os elementos além, aquém,
recém e sem.
além aquém recém sem
além-mar aquém-Pirineus recém-casado sem-número
além-terra aquém-mar recém-nascido sem-vergonha
• divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade
• ponte Rio-Niterói
• percurso São Paulo-Santos
• relação professor-aluno
• noções de ensino-aprendizagem
O hífen deve ser empregado para ligar duas ou mais palavras que formam
encadeamentos vocabulares:
Nas formações por sufixação, apenas se emprega o hífen nos vocábulos ter-
minados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjeƟvas,
como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentua-
da graficamente ou quando a pronúncia exige a disƟnção gráfica dos dois elemen-
tos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-mirim.
Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal quando estes
formam, com o elemento que se segue, uma unidade sintagmáƟca e semânƟca
e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário
de mal, pode não se agluƟnar com palavras começadas por consoante. Eis al-
guns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado,
mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado, bem-criado, bem-ditoso, bem-falante,
bem-mandado, bem-nascido, bem-soante, bem-visto.
Observe: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece agluƟnado com o
segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, ben-
feitor, benquerença, etc.
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20. DivisãoSilábica
Na divisão silábica na translineação de uma palavra composta ou de uma
combinação de palavras em que há um hífen ou mais, se a parƟção coincidir com
o final de um dos elementos ou membros, deve-se, por clareza gráfica, repeƟr o
hífen no início da linha imediata:
• ex-
-alferes
• serená- ou serená-los-
-los-emos -emos
• vice-
-almirante
Divisão Silábica na Translineação
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21. 21
Apóstrofo
• A fim de ele compreender, e não A fim dele compreender ou A fim
d’ele compreender.
• Isso se dá em virtude de os homens serem especialistas, e não
Isso se dá em virtude dos homens serem especialistas ou Isso se dá em
virtude d’os homens serem especialistas.
Não se emprega o apóstrofo nem se funde a preposição na forma imediata,
escrevendo-se as duas separadamente:
O Apóstrofo
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25. 25
Referências bibliográficas
SILVA, Maurício. O novo acordo ortográfico da língua portuguesa: o que muda, o
que não muda. São Paulo: Contexto, 2008.
Dicionário da Língua Portuguesa 2009 Porto - Editora Portugal
Novíssima GramáƟca Ilustrada Sacconi. São Paulo: Nova Geração, 2008.
BibliografiaConsultada
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Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Resolução nº 17 de 7 de maio de 2008
Base I
Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
1.º O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras, cada uma delas com uma
forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á)
b B (bê)
c C (cê)
d D (dê)
e E (é)
f F (efe)
g G (gê ou guê)
h H (agá)
i I (i)
j J (jota)
k K (capa ou cá)
l L (ele)
m M (eme)
n N (ene)
o O (ó)
p P (pê)
q Q (quê)
r R (erre)
s S (esse)
t T (tê)
u U (u)
v V (vê)
w W (dáblio)
x X (xis)
y Y (ípsilon)
z Z (zê)
AcordoOrtográfico
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Obs.: 1 - Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre
duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
2 - Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.
2.º As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliniano; Kant, kanƟsmo, Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron,
byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza,
Kuwait, kuwaiƟano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de
curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium) W-oeste (West); kg-quilograma,
km-quilómetro, kW-kilowaƩ, yd-jarda (yard); WaƩ.
3.º Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eru-
ditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais dia-
críƟcos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comƟsta, de Comte,
garreƫano, de GarreƩ; jeffersónia/jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller,
shakespeariano, de Shakespeare.
Os vocabulários autorizados registarão grafias alternaƟvas admissíveis, em casos de
divulgação de certas palavras de tal Ɵpo de origem (a exemplo de fúcsia/fúchsia e deriva-
dos, buganvília/buganvílea/bougainvíllea).
4.º Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas
onomásƟcas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-
se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo Ɵpo, é
invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum
deles, por força do uso, permite adaptação, subsƟtui-se, recebendo uma adição vocálica:
Judite, em vez de Judith.
5.º As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t mantêm-se, quer sejam mudas quer pro-
feridas nas formas onomásƟcas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropóni-
mos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac,
David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e
Valladolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se
encontra nas mesmas condições.
Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antropônimos em apreço sejam usa-
dos sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.
6.º Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se subsƟtuam,
tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam anƟgas e ainda vivas
em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers,
subsƟtuído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Génève, por
Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Munique; Torino, por
Turim; Zürich, por Zurique, etc.
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Base II
Do h inicial e final
1.º O h inicial emprega-se:
a) Por força da eƟmologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor;
b) Em virtude de adoção convencional: hã?, hem?, hum!
2.º O h inicial suprime-se:
a) Quando, apesar da eƟmologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo
uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com
herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita);
b) Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglu-
Ɵna ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem,
reabilitar, reaver.
3.º O h inicial mantém-se, no entanto, quando numa palavra composta pertence a um
elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anƟ-higiénico/anƟ-higiênico,
contra-haste, pré-história, sobre-humano.
4.º O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!
Base III
Da homofonia de certos grafemas consonânƟcos
Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânƟcos, torna-se necessá-
rio diferenciar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das
palavras. É certo que a variedade das condições em que se fixam na escrita os grafemas
consonânƟcos homófonos nem sempre permite fácil diferenciação dos casos em que se
deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente, se deve empregar outra, ou
outras, a representar o mesmo som.
Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos:
1.º DisƟnção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar,
chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, flecha,
frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, pechincha, pe-
nacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia,
debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rou-
xinol, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.
2.º DisƟnção gráfica entre g, com valor de fricaƟva palatal, e j: adágio, alfageme, Álge-
bra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, Argel, estran-
geiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, geringonça, Gibraltar, ginete,
ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjeƟvo, ajeitar, ajeru (nome de
planta indiana e de uma espécie de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje,
intrujice, jecoral, jejum, jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequiƟbá, Jeremias, Jericó, je-
rimum, Jerónimo, Jesus, jiboia1, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriƟ, jiƟrana, laranjei-
ra, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento, rejeitar,
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sujeito, trejeito.
3.º DisƟnção gráfica entre as letras2
s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas:
ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão,
mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro,
Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar, arremessar, Assei-
ceira, asseio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso (idenƟcamente Codessal ou Codassal,
Codesseda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso,
gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar; acém, acervo,
alicerce, cebola, cereal, Cernache, ceƟm, Cinfães, Escócia, Macedo, obcecar, percevejo;
açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, Buçaco, caçange, caçula, caraça, dançar,
Eça, enguiço, Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Mon-
ção, muçulmano, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Sei-
ça (grafia que pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio,
Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
4.º DisƟnção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idênƟco va-
lor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndido, es-
pontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz, inesgotável; extensão,
explicar, extraordinário, inextricável, inexperto, sextante, têxƟl; capazmente, infelizmente,
velozmente. De acordo com esta disƟnção convém notar dois casos:
a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está
precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sisƟno (cf. Capela SisƟna), Sisto, em vez
de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixƟna, Sixto;
b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor idênƟco ao de s, em final de
sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário, o s toma sempre o
lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia;
5.º DisƟnção gráfica entre s final de palavra e x e z com idênƟco valor fónico/fônico:
aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris,
Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, quis, retrós, revés, Tomás, Valdês; cálix,
Félix, Fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, fez (substanƟvo e forma do verbo fazer),
fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, maƟz, peƟz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A pro-
pósito, deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona:
Cádis, e não Cádiz.
6.º DisƟnção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes so-
noras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa,
brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, em-
presa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, jusante, liso,
lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico),
Matosinhos, Meneses, Narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso,
represa, Resende, sacerdoƟsa, Sesimbra, Sousa, surpresa, Ɵsana, transe, trânsito, vaso;
exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado, alfazema,
Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, come-
zinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mou-
zinho, proeza, sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.
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1 - No texto oficial, por lapso, “jibóia”; cf. base IX, 3º.
2 - No texto oficial, por lapso, com vírgula indevida.
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Base IV
Das sequências consonânƟcas
1.º O c, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor
de sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt,
ora se conservam, ora se eliminam.
Assim:
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias
cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; adepto,
apto, dípƟco, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto;
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da
língua: ação, acionar, afeƟvo, aflição, aflito, ato, coleção, coleƟvo, direção, diretor, exato,
objeção; adoção, adotar, baƟzar, Egito, óƟmo;
c) Conservam-se ou eliminam-se facultaƟvamente, quando se proferem numa pronún-
cia culta, quer geral quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o
emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição;
facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, re-
cepção e receção;
d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o
determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respeƟvamente,
nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumpơvel e assunơ-
vel; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
2.º Conservam-se ou eliminam-se, facultaƟvamente, quando se proferem numa pro-
núncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e
o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequência bt, em subƟl e seus
derivados; o g da sequência gd, em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amig-
dalite, amigdaloide1
, amigdalopaƟa, amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnisƟa,
amnisƟar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.;
o t da sequência tm, em aritméƟca e aritméƟco.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, “amigdalóide”; cf. base IX, 3º.
Base V
Das vogais átonas
1.º O emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-se fun-
damentalmente pela eƟmologia e por parƟcularidades da história das palavras. Assim se
estabelecem variadíssimas grafias:
a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal
(prelado, ave, planta; diferente de cardial = «relaƟvo à cárdia»), Ceará, côdea, ensea-
da, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear,
meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez de quási), real, semear, semelhante, vár-
zea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, arƟlharia, capitânia, cordial (adjeƟvo e
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substanƟvo), corriola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e idenƟ-
camente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lam-
pião, limiar, Lumiar, lumieiro, páƟo, pior, Ɵgela, Ɵjolo, Vimieiro, Vimioso;
b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar, costu-
me, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, esboroar, farândola, femoral, Freixoei-
ra, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir,
Rodolfo, távoa, tavoada, távola, tômbola, veio (substanƟvo e forma do verbo vir); açular,
água, aluvião, arcuense, assumir, bulir, camândulas, curƟr, curtume, embuƟr, entupir, fé-
mur/fêmur, İstula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual,
Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua, vitualha.
2.º Sendo muito variadas as condições eƟmológicas e histórico-fonéƟcas em que se
fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos voca-
bulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou i, se o ou u.
Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistemaƟzado.
Convém fixar os seguintes:
a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substanƟvos e
adjeƟvos que procedem de substanƟvos terminados em -eio e -eia, ou com eles estão em
relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por aldeia; areal, areeiro, are-
ento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por cadeia; candeeiro
por candeia; centeeira e centeeiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada
e correame por correia;
b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica,
os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um
anƟgo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano, de Coreia; daomeano, de
Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro, de polé;
c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjeƟvos e subs-
tanƟvos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula -iano e -iense,
os quais são o resultado da combinação dos sufixos -ano e -ense com um i de origem
analógica (baseado em palavras onde -ano e -ense estão precedidos de i pertencente ao
tema: horaciano, italiano, duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camonia-
no, goisiano (relaƟvo a Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torriano, torriense
[de Torre(s)];
d) Uniformizam-se com as terminações -io e -ia (átonas), em vez de -eo e -ea, os subs-
tanƟvos que consƟtuem variações, obƟdas por ampliação, de outros substanƟvos termi-
nados em vogal: cúmio (popular), de cume; hásƟa, de haste; résƟa, do anƟgo reste; vésƟa,
de veste;
e) Os verbos em -ear podem disƟnguir-se praƟcamente grande número de vezes dos
verbos em -iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo.
Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substanƟvos em -eio ou -eia
(sejam formados em português ou venham já do laƟm); assim se regulam: aldear, por al-
deia; alhear, por alheio; cear, por ceia; encadear, por cadeia; pear, por peia; etc. Estão no
segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em
-eio, -eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear,
semear, etc. Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substanƟvos com as termina-
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ções átonas -ia ou -io, que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (cf.
negócio); premeio ou premio (cf. prémio/prêmio), etc.;
f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem laƟna. Escreve-se, por
isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez
de tríbu;
g) Os verbos em -oar disƟnguem-se praƟcamente dos verbos em -uar pela sua conjuga-
ção nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar
com o, como abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o, como destoo, destoas, etc.; mas
acentuar, com u, como acentuo, acentuas, etc.
Base VI
Das vogais nasais
Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos:
1.º Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido
de hífen, representa-se a nasalidade pelo Ɵl, se essa vogal é de Ɵmbre a; por m, se possui
qualquer outro Ɵmbre e termina a palavra; e por n, se é de Ɵmbre diverso de a e está
seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que
são-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum; flauƟns, semitons, zunzuns.
2.º Os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos
advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem su-
fixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha,
romãzeira.
Base VII
Dos ditongos
1.º Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-
se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é repre-
sentado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou; braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis
(mas farneizinhos), goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos)1
, tafuis, uivar; cacau, cacauei-
ro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.
Obs.: Admitem-se, todavia, excecionalmente à parte destes dois grupos, os ditongos
grafados ae (= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro, representado nos antropónimos/
antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respeƟvos2
derivados e compostos
(caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações da prepo-
sição a com as formas masculinas do arƟgo ou pronome demonstraƟvo o, ou seja, ao
e aos.
2.º Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos parƟculares:
a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega
nas formas de 2.ª e 3.ª pessoas do singular do presente do indicaƟvo e igualmente na
da 2.ª pessoa do singular do imperaƟvo dos verbos em -uir: consƟtuis, influi, retribui.
Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de
sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo
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gráfico-fonéƟco com as formas de 2.ª e 3.ª pessoas do singular do presente do indica-
Ɵvo e de 2.ª pessoa do singular do imperaƟvo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai,
sai; móis, remói, sói;
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem laƟna, a união
de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de formas
como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas daquele Ɵpo as vogais
grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i);
c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, ad-
mite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no nú-
mero deles as sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam
graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio,
mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.
3.º Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como
átonos, pertencem graficamente a dois Ɵpos fundamentais: ditongos representados por
vogal com Ɵl e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante
nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
a) Os ditongos representados por vogal com Ɵl e semivogal são quatro, considerando-se
apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados),
ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães,
mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozi-
nho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por
exemplo, colocar-se o ditongo ui; mas este, embora se exemplifique numa forma popular
como rui = ruim, representa-se sem o Ɵl nas formas muito e mui, por obediência à tradi-
ção;
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois:
am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram,
puseram;
ii) em (tónico/tônico, ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas di-
versas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela
posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação: bem,
Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Ben-
fica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, vir-
gens, amém (variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém,
também; convêm, mantêm, têm (3.as pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns,
reténs, Belenzada, vintenzinho.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, não consta a referência aos ditongos orais oi e ói, apesar de constarem no
exemplário.
2 - No texto oficial, por lapso, “respecƟvos”; cf. base IV, 1.º, alínea b.
Base VIII
Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
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1.º Acentuam-se com acento agudo:
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafadas -a, -e ou
-o, seguidas ou não de -s: está, estás, já, olá; até, é, és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s),
paletó(s), só(s).
Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tónico/tônico, geral-
mente provenientes do francês, esta vogal, por ser arƟculada nas pronúncias cultas ora
como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o acento circunflexo:
bebé ou bebê, bidé ou bidê1
, canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché
ou guichê, maƟné ou maƟnê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê.
O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró (letra do alfabeto grego) e rô.
São igualmente admiƟdas formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro;
b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíƟcos ou lo(s),
la(s), ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após a assimilação e per-
da das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá-lo(s) [de adorar-lo(s)], dá-la(s) [de
dar-la(s) ou dá(s)-la(s)], fá-lo(s) [de faz-lo(s)], fá-lo(s)-ás [de far-lo(s)-ás], habitá-la(s)-iam
[de habitar-la(s)-iam], trá-la(s)-á [de trar-la(s)-á)];
c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado
-em (exceto2
as formas da 3.ª pessoa do plural do presente do indicaƟvo dos compostos
de ter e vir: retêm, sustêm; advêm, provêm; etc.) ou -ens: acém, detém, deténs, entretém,
entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também;
d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, -éu ou -ói, podendo es-
tes dois úlƟmos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s),
ilhéu(s), véu(s); corrói (de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis.
2.º Acentuam-se com acento circunflexo:
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam
-e ou -o, seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s);
avô(s), pôs (de pôr), robô(s);
b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíƟcos -lo(s) ou
-la(s), ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, após
a assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: detê-lo(s) [de deter-lo(s)],
fazê-la(s) [de fazer-la(s)], fê-lo(s) [de fez-lo(s)], vê-la(s) [de ver-la(s)], compô-la(s) [de com-
por-la(s)], repô-la(s) [de repor-la(s)], pô-la(s) [de por-la(s) ou pôs-la(s)].
3.º Prescinde-se de acento gráfico para disƟnguir palavras oxítonas homógrafas, mas
heterofónicas/heterofônicas, do Ɵpo de cor (ô), substanƟvo, e cor (ó), elemento da locu-
ção de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substanƟvo. Excetua-se a forma verbal pôr, para
a disƟnguir da preposição por.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, “ou bidé ou bidê”.
2 - No texto oficial, por lapso, “excepto”; cf. base IV, 1.º, alínea b.
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Base IX
Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
1.º As palavras paroxítonas não são em geral acentuadas graficamente: enjoo, grave,
homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano, brasileiro; des-
cobrimento, graficamente, moçambicano.
2.º Recebem, no entanto, acento agudo:
a) As palavras paroxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas
grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps, assim como, salvo raras
exceções, as respeƟvas formas do plural, algumas das quais passam a proparoxítonas:
amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl. dóceis)1
, dúcƟl (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis), répƟl
(pl. répteis; var. repƟl, pl. repƟs); cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme, pl. car-
mes); dólmen (pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl.2
líquenes),
lúmen (pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. almíscares), cadáver
(pl. cadáveres), caráter ou carácter (mas pl. carateres ou caracteres), ímpar (pl. ímpares);
Ajax, córtex (pl. córtex; var. córƟce, pl. córƟces), índex (pl. índex3
; var. índice, pl. índices),
tórax (pl.4
tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicí-
pites), fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes).
Obs.: Muito poucas palavras deste Ɵpo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o
em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação
de Ɵmbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico
(agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e fêmur, vómer e vômer,
Fénix e Fênix, ónix e ônix;
b) As palavras paroxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas
grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns, ou
-us: órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), órgão (pl. órgãos), sótão (pl.
sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável), fáceis (pl. de fácil), fósseis
(pl. de fóssil), amáreis (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de fazer),
fizésseis (id.); beribéri (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg. e
pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus (sg. e pl.).
Obs.: Muito poucas paroxítonas deste Ɵpo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e
e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscila-
ção de Ɵmbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com acento agudo, se
aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e pênis, ténis e tênis;
bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus, Vénus e Vênus.
3.º Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba
tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre
o fechamento e a abertura na sua arƟculação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia,
baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio
(do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como
comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia,
moina, paranoico, zoina.
4.º É facultaƟvo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito
do indicaƟvo, do Ɵpo amámos, louvámos, para as disƟnguir das correspondentes formas
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do presente do indicaƟvo (amamos, louvamos), já que o Ɵmbre da vogal tónica/tônica é
aberto naquele caso em certas variantes do português.
5.º Recebem acento circunflexo:
a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com
a grafia a, e, o e que terminam em -l, -n, -r ou -x, assim como as respeƟvas formas do plu-
ral, algumas das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pl. pênseis),
têxƟl (pl. têxteis); cânon, var. cânone (pl. cânones), plâncton (pl. plânctons); Almodôvar,
aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix, var.
bômbice (pl. bômbices);
b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com
a grafia a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou -us: bênção(s), côvão(s), Estêvão,
zângão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (id.),
pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl. de têxƟl); dândi(s), Mênfis; ânus;
c) As formas verbais têm e vêm, 3.as pessoas do plural do presente do indicaƟvo de ter
e vir, que são foneƟcamente paroxítonas (respeƟvamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /tÉÉj/, /vÉÉj/,
ou ainda /tÉjÉj/, /vÉjÉj/; cf. as anƟgas grafias preteridas, tÉem, vÉem), a fim de disƟngui-
rem de tem e vem, 3.as
pessoas do singular do presente do indicaƟvo ou 2.as
pessoas do
singular do imperaƟvo; e também as correspondentes formas compostas, tais como: abs-
têm (cf. abstém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), descon-
vêm (cf. desconvém), detêm (cf. detém), entretêm (cf. entretém), intervêm (cf. intervém),
mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf. sobrevém)5
.
Obs.: Também neste caso são preteridas as anƟgas grafias detÉem, intervÉem, man-
tÉem, provÉem, etc.
6.º Assinalam-se com acento circunflexo:
a) Obrigatoriamente, pôde (3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicaƟvo),
que se disƟngue da correspondente forma do presente do indicaƟvo (pode);
b) FacultaƟvamente, dêmos (1.ª pessoa do plural do presente do conjunƟvo), para se
disƟnguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicaƟvo (demos); fôrma
(substanƟvo), disƟnta de forma (substanƟvo; 3.ª pessoa do singular do presente do indi-
caƟvo ou 2.ª pessoa do singular do imperaƟvo do verbo formar).
7.º Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um
e tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3.ª pessoa do plural do
presente do indicaƟvo ou do conjunƟvo, conforme os casos: creem, deem (conj.), descre-
em, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem.
8.º Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica
fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substanƟvo e flexão de en-
joar, povoo, flexão de povoar, voo, substanƟvo e flexão de voar, etc.
9.º Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para disƟnguir palavras
paroxítonas que, tendo respeƟvamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são ho-
mógrafas de palavras proclíƟcas. Assim, deixam de se disƟnguir pelo acento gráfico: para
(á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substanƟvo e flexão de pelar, e pela(s),
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combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, e pelo(s) (ê), substanƟvo ou combi-
nação de per e lo(s); polo(s) (ó), substanƟvo, e polo(s), combinação anƟga e popular de
por e lo(s); etc.
10.º Prescinde-se igualmente de acento gráfico para disƟnguir paroxítonas homógra-
fas heterofónicas/heterofônicas do Ɵpo de acerto (ê), substanƟvo e acerto (é), flexão de
acertar; acordo (ô), substanƟvo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê), substanƟvo,
advérbio e elemento da locução preposiƟva cerca de, e cerca (é), flexão de cercar; coro
(ô), substanƟvo, e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contração da preposição de com o
demonstraƟvo este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advér-
bio, interjeição e substanƟvo; piloto (ô), substanƟvo, e piloto (ó), flexão de pilotar, etc.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, sem vírgula.
2 - Plural único já no texto oficial, contrariamente a casos análogos referenciados (cármen, dólmen, éden,
lúmen).
3 - No texto oficial, por lapso, “index”.
4 - Plural duplo já no texto oficial, contrariamente a casos análogos referenciados (córtex, índex).
5 - No texto oficial, por lapso, “(cf. sobrevém.”.
Base X
Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e
paroxítonas
1.º As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas levam
acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e desde
que não consƟtuam sílaba com a eventual consoante seguinte, excetuando o caso de
s: adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú, caís1
(de cair), Esaú, jacuí, Luís, país, etc.;
alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraíam (de atrair), atraísse (id.), baía, balaústre, cafeína,
ciúme, egoísmo, faísca, faúlha, graúdo, influíste (de influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso,
raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.
2.º As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não
levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo, consƟ-
tuem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de2
nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho,
rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, consƟtuinte, oriundo, ruins, triunfo;
atrair3
, demiurgo4
, influir, influirmos, juiz, raiz, etc.
3.º Em conformidade com as regras anteriores leva acento agudo a vogal tónica/tônica
grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em -air e -uir, quando estas
se combinam com as formas pronominais clíƟcas -lo(s), -la(s), que levam à assimilação e
perda daquele -r: atraí-lo(s) [de atrair-lo(s)]; atraí-lo(s)-ia [de atrair-lo(s)-ia5
]; possuí-la(s)
[de possuir-la(s)]; possuí-la(s)-ia [de possuir-la(s)-ia6
].
4.º Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira),
cheiinho (de cheio), saiinha (de saia).
5.º Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando, pre-
cedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final ou seguidas
de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
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Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam o acen-
to agudo: cauim.
6.º Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui, quan-
do precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
7.º Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tónica/tônica
grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui, arguem; argua, arguas,
argua, arguam. Os verbos do Ɵpo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as
formas rizotónicas/rizotônicas igualmente acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exem-
plo de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, averiguem;
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxague, enxaguem, etc.;
delinquo, delinquis, delinqui, delinquem; mas delinquimos, delinquís7
) ou têm as formas ri-
zotónicas/rizotônicas acentuadas fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a
exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, ave-
ríguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem;
delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delínquam).
Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registe-se que os verbos em -ingir
(aƟngir, cingir, constringir, infringir, Ɵngir, etc.) e os verbos em -inguir sem prolação do
u (disƟnguir, exƟnguir, etc.) têm grafias absolutamente regulares (aƟnjo, aƟnja, aƟnge,
aƟngimos, etc.; disƟngo, disƟnga, disƟngue, disƟnguimos, etc.).
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, com vírgula indevida.
2 - No texto oficial, por lapso, refere-se “nh” e os exemplos “bainha, moinho, rainha” (que aqui foram eli-
minados e que jusƟficariam um arƟgo à parte), mas nh não pode ocorrer em final de sílaba, isto é, tem de ser
ataque de sílaba e não pode consƟtuir sílaba com a vogal anterior.
3 - No texto oficial, por lapso, com grafia desformatada.
4 - No texto oficial, por lapso, com grafia desformatada.
5 - No texto oficial, por lapso, com parêntese indevido.
6 - No texto oficial, por lapso, com parêntese indevido.
7 - Acentuação gráfica já no texto oficial, provavelmente para disƟnguir esta forma verbal da segunda
pessoa do singular (delinquis, cuja grafia passa a prescindir de acento gráfico), apesar de nenhuma base do
presente Acordo o jusƟficar.
Base XI
Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
1.º Levam acento agudo:
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais aber-
tas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta: árabe, cáus-
Ɵco, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plásƟco, prosélito,
público, rúsƟco, tétrico, úlƟmo;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/
tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal
aberta, e que terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praƟcamente
consideradas como ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo, etc.): álea, náu-
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sea; etéreo, níveo; enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua,
língua; exíguo, vácuo.
2.º Levam acento circunflexo:
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica vogal fechada ou
ditongo com a vogal básica fechada: anacreônƟco, brêtema, cânfora, cômputo, devêramos
(de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos (de ser e ir), Grândola, hermenêuƟca,
lâmpada, lôstrego, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na
sílaba tónica/tônica e terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praƟ-
camente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, argênteo, côdea, Islândia,
Mântua, serôdio.
3.º Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou
aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são se-
guidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu Ɵmbre é, respeƟvamente,
aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: académico/acadêmico, anatómico/
anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/fenômeno, género/gênero, topó-
nimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fê-
mea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue.
Base XII
Do emprego do acento grave
1.º Emprega-se o acento grave:
a) Na contração da preposição a com as formas femininas do arƟgo ou pronome de-
monstraƟvo o: à (de a + a), às (de a + as);
b) Na contração da preposição a com os demonstraƟvos aquele, aquela, aqueles, aque-
las e aquilo ou ainda da mesma preposição com os compostos aqueloutro e suas flexões:
àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).
Base XIII
Da supressão dos acentos em palavras derivadas
1.º Nos advérbios em -mente, derivados de adjeƟvos com acento agudo ou circunflexo,
estes são suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente (de débil), facilmente (de fácil),
habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingénuo), lucidamente (de lúcido), mamente (de
má), somente (de só), unicamente (de único), etc.; candidamente (de cândido), cortesmen-
te (de cortês), dinamicamente (de dinâmico), espontaneamente (de espontâneo), portu-
guesmente (de português), romanƟcamente (de românƟco).
2.º Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de base
apresentam vogal tónica/tônica com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos:
aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebé), cafezada (de café), chapeu-
zinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito (de ilhéu), mazinha (de
má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de vintém), etc.; avozinho (de avô), bençãozinha
(de bênção), lampadazita (de lâmpada), pessegozito (de pêssego).
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40. 40
Base XIV
Do trema
O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou apor-
tuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vo-
gais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo;
saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para disƟnguir, em sílaba
átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para disƟnguir, também em
sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para disƟnguir, em sílaba
tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, consƟtuiria,
depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui,
caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, lin-
guista, linguísƟco; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a base I, 3.º, em palavras deriva-
das de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.
Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
1.º Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm for-
mas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjeƟval, numeral ou verbal,
consƟtuem uma unidade sintagmáƟca e semânƟca e mantêm acento próprio, podendo
dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris,
decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, Ɵo-avô, turma-
-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano,
porto-alegrense, sul-africano; afro-asiáƟco, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasilei-
ro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-
pé, guarda-chuva.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de
composição, grafam-se agluƟnadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,
paraquedas, paraquedista, etc.
2.º Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos iniciados pelos adjeƟvos
grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por arƟgo: Grã-Breta-
nha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mou-
ros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-
o-Novo, Trás-os-Montes.
Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos se-
parados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de
Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consa-
grada pelo uso.
3.º Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoo-
lógicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-me-
nina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde; bênção-de-deus1, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro,
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fava-de-santo-inácio; bem-me-quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao
malmequer); andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-
d’água, lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro).
4.º Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmáƟca e semânƟca e
tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal,
pode não se agluƟnar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das
várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar,
mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf.
malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante
(cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).
Obs.: Em muitos compostos o advérbio bem aparece agluƟnado com o segundo ele-
mento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença,
etc.
5.º Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:
além-AtlânƟco, além-mar, além-fronteiras; aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado,
recém-nascido; sem-cerimónia, sem-número, sem-vergonha.
6.º Nas locuções de qualquer Ɵpo, sejam elas substanƟvas, adjeƟvas, pronominais, ad-
verbiais, preposiƟvas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas
exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-
-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de
exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
a) SubstanƟvas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) AdjeƟvas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substanƟvo aparte), à vontade, de mais (locução que
se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã,
em cima, por isso;
e) PreposiƟvas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de,
aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte,
visto que.
7.º Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combi-
nam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (Ɵpo: a
divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-
-Porto, a ligação Angola-Moçambique) e bem assim nas combinações históricas ou oca-
sionais de topónimos/topônimos (Ɵpo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil,
Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).
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1 - No texto oficial, por lapso, “benção-de-deus”.
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Base XVI
Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
1.º Nas formações com prefixos (como, por exemplo: ante-, anƟ-, circum-, co-, contra-,
entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.)
e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autónomos ou falsos pre-
fixos, de origem grega e laƟna (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-,
hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, mulƟ-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-,
semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em que o segundo elemento começa por1
h: anƟ-higiénico/anƟ-
higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/contra-harmônico, extra-hu-
mano, pré-história, sub-hepáƟco, super-homem, ultra-hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-
higrómetro, geo-história, neo-helénico/neo-helênico, pan-helenismo, semi-hospitalar.
Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos
des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.;
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que
se inicia o segundo elemento: anƟ-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular;
arqui-irmandade, auto-observação, eletro-óƟca, micro-onda, semi-interno.
Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este agluƟna-se em geral com o segundo ele-
mento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação,
cooperar, etc.;
c) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento come-
ça por vogal, m ou n [além de h, caso já considerado atrás na alínea a)]: circum-escolar,
circum-murado, circum-navegação; pan-africano, pan-mágico, pan-negritude;
d) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com ele-
mentos iniciados por r: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista;
e) Nas formações com os prefixos ex- (com o senƟdo de estado anterior ou cessamen-
to), sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-
primeiro-ministro, ex-rei; sota-piloto, soto-mestre, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei;
f) Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e
pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as
correspondentes formas átonas que se agluƟnam com o elemento seguinte): pós-gradua-
ção, pós-tónico/pós-tônico (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano,
pró-europeu (mas promover).
2.º Não se emprega, pois, o hífen:
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo
elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, práƟca aliás já ge-
neralizada em palavras deste Ɵpo pertencentes aos domínios cienơfico e técnico. Assim:
anƟrreligioso, anƟssemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom,
minissaia, tal como biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradio-
grafia;
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b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo
elemento começa por vogal diferente, práƟca esta em geral já adotada também para os
termos técnicos e cienơficos. Assim: anƟaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial,
autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual.
3.º Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados
por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjeƟvas, como açu, guaçu
e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quan-
do a pronúncia exige a disƟnção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim,
andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, “hor”.
Base XVII
Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
1.º Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, deixa-o, parƟr-lhe; amá-
-lo-ei, enviar-lhe-emos.
2.º Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do
presente do indicaƟvo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
Obs.: 1 - Embora estejam consagradas pelo uso as formas verbais quer e requer, dos
verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas úlƟmas formas conservam-se,
no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas
(legíƟmas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
2 - Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíƟcas ao advérbio
eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do Ɵpo no-lo, vo-las,
quando em próclise (por exemplo: esperamos que no-lo comprem).
Base XVIII
Do apóstrofo
1.º São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo:
a) Faz-se uso do apóstrofo para cindir graficamente uma contração ou agluƟnação vo-
cabular, quando um elemento ou fração respeƟva pertence propriamente a um conjunto
vocabular disƟnto: d’ Os Lusíadas, d’ Os Sertões; n’ Os Lusíadas, n’ Os Sertões; pel’ Os Lu-
síadas, pel’ Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam subsƟtuídas por
empregos de preposições íntegras, se o exigir razão especial de clareza, expressividade ou
ênfase: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc.
As cisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora sem
emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras pertencentes a
conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas (exemplos: importância atri-
buída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se que
a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonéƟca: a A = à, a Os = aos,
etc.;
b) Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma contração ou agluƟnação vocabular,
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quando um elemento ou fração respeƟva é forma pronominal e se lhe quer dar realce
com o uso da maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O,
casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a Deus, a Jesus, etc.; d’Ela,
n’Ela, d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A, casos em que a segunda parte, for-
ma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos
n’O que nos salvou; esse milagre revelou m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos
pel’A que é nossa padroeira.
À semelhança das cisões indicadas, pode dissolver-se graficamente, posto que sem
uso do apóstrofo, uma combinação da preposição a com uma forma pronominal realçada
pela maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se que a dissolução gráfica nunca
impede na leitura a combinação fonéƟca: a O = ao, a Aquela = àquela, etc.). Exemplos
frásicos: a O que tudo pode, a Aquela que nos protege;
c) Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do hagioló-
gio, quando importa representar a elisão das vogais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago, etc.
É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem
de Sant’Iago. Mas, se as ligações deste género, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e
Sant’Iago, se tornam perfeitas unidades mórficas, agluƟnam-se os dois elementos: Fula-
no de Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de SanƟago, ilha de SanƟa-
go, SanƟago do Cacém.
Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congéneres, emprega-se também o apóstrofo nas
ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar que na primeira se
elide um o final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes.
Note-se que nos casos referidos as escritas com apóstrofo, indicaƟvas de elisão, não
impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro
Álvares, etc.;
d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do
e da preposição de, em combinação com os substanƟvos: borda-d’água, cobra-d’água,
copo-d’água, estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água, pau-d’água, pau-d’alho, pau-
-d’arco, pau-d’óleo.
2.º São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo:
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e em com as
formas do arƟgo definido, com formas pronominais diversas e com formas adverbiais [ex-
cetuando1
o que se estabelece em 1.º,a), e 1.º,b)]. Tais combinações são representadas:
a) Por uma só forma vocabular, se consƟtuem, de modo fixo, uniões perfeitas:
i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto; desse,
dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo; destoutro,
destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, dessoutras; daque-
loutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali; dacolá; donde; dantes
(= anƟgamente);
ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nes-
sa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo; nestoutro, nes-
toutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nessoutras; naqueloutro,
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naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, nuns, numas; noutro, noutra, nou-
tros, noutras, noutrem; nalgum, nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém;
b) Por uma ou duas formas vocabulares, se não consƟtuem, de modo fixo, uniões per-
feitas (apesar de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de
uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, de alguma, de alguns, de
algumas, de alguém, de algo, de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dal-
gumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras, de
outrem, de outrora, ou doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou
daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre.
De acordo com os exemplos deste úlƟmo Ɵpo, tanto se admite o uso da locução adver-
bial de ora avante como do advérbio que representa a contração dos seus três elementos:
doravante.
Obs.: Quando a preposição de se combina com as formas arƟculares ou pronominais o,
a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece
estarem essas palavras integradas em construções de infiniƟvo, não se emprega o após-
trofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas sepa-
radamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos
pais serem bondosos; o facto de o conhecer; por causa de aqui estares.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, “exceptuando”; cf. base IV, 1.º, alínea b.
Base XIX
Das minúsculas e maiúsculas
1.º A letra minúscula inicial é usada:
a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes;
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera;
c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os
demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele con-
Ɵdos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O senhor do paço de Ninães, Menino
de Engenho ou Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor;
d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano;
e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoes-
te);
f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso,
também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o
cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena);
g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente,
também com maiúscula): português (ou Português), matemáƟca (ou MatemáƟca); lín-
guas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).
2.º A letra maiúscula inicial é usada:
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a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou ficơcios: Pedro Marques; Branca de Neve,
D. Quixote;
b) Nos topónimos/topônimos, reais ou ficơcios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janei-
ro, AtlânƟda, Hespéria;
c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/Ne-
tuno;
d) Nos nomes que designam insƟtuições: InsƟtuto de Pensões e Aposentadorias da Pre-
vidência Social;
e) Nos nomes de festas e fesƟvidades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos;
f) Nos ơtulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São
Paulo (ou S. Paulo);
g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordes-
te, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou
de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiáƟco;
h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com
maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O;
Sr., V. Ex.ª;
i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquica-
mente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos (rua ou Rua da
Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou
Templo do Apostolado PosiƟvista), de ediİcios (palácio ou Palácio da Cultura, ediİcio ou
Ediİcio Azevedo Cunha).
Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que
obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações
específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica,
etc.), promanadas de enƟdades cienơficas ou normalizadoras reconhecidas internacio-
nalmente.
Base XX
Da divisão silábica
A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bru-ma, ca-cho, lha-
no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, tme-se), e na qual, por isso, se não tem
de atender aos elementos consƟtuƟvos dos vocábulos segundo a eƟmologia (a-ba-li-e-
nar, bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-Ɵ-co1
, i-ná-bil, o-bo-val,
su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos parƟculares, que rigorosamente
cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a
parƟção de uma palavra:
1.º São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto,
sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que consƟtuem perfeitos grupos,
ou seja2
(com exceção apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b ou d:
ab- legação, ad- ligar, sub- lunar, etc., em vez de a- blegação, a- dligar, su- blunar, etc.)
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aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou
uma labiodental e a segunda um l ou um r: a- blução, cele- brar, du- plicação, re- primir,
a- clamar, de- creto, de- gluƟção, re- grado; a- tléƟco, cáte- dra, períme- tro; a- fluir, a- fri-
cano, ne- vrose.
2.º São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não cons-
Ɵtuem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de nasali-
dade, e uma consoante: ab- dicar, Ed- gardo, op- tar, sub- por, ab- soluto, ad- jeƟvo, af- ta,
bet- samita, íp- silon, ob- viar, des- cer, dis- ciplina, flores- cer, nas- cer, res- cisão; ac- ne,
ad- mirável, Daf- ne, diafrag- ma, drac- ma, ét- nico, rit- mo, sub- meter, am- nésico, inte-
ram- nense; bir- reme, cor- roer, pror- rogar, as- segurar, bis- secular, sos- segar, bissex- to,
contex- to, ex- citar, atroz- mente, capaz- mente; infeliz- mente; am- bição, desen- ganar,
en- xame, man- chu, Mân- lio, etc.
3.º As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade,
e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra um dos
grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1.º), esse grupo forma sílaba para
diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se
nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da úlƟma consoan-
te. Exemplos dos dois casos: cam- braia, ec- lipse, em- blema, ex- plicar, in- cluir, ins- crição,
subs- crever, trans- gredir, abs- tenção, disp- neia, inters- telar, lamb- dacismo, sols- Ɵcial,
Terp- sícore, tungs- ténio.
4.º As vogais consecuƟvas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que perten-
cem a ditongos deste Ɵpo nunca se separam: ai- roso, cadei- ra, insƟ- tui, ora- ção, sacris-
tães, traves- sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que
sejam iguais, separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba, co- or- denar, do-er, flu-
idez, perdo- as, vo-os. O mesmo se aplica aos casos de conƟguidade de ditongos, iguais ou
diferentes, ou de ditongos e vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu.
5.º Os digramas3
gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal
ou ditongo imediato (ne- gue, ne- guei; pe- que, pe- quei), do mesmo modo que as com-
binações gu e qu em que o u se pronuncia: á- gua4
, ambí- guo, averi- gueis, longín- quos,
lo- quaz, quais- quer.
6.º Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras
em que há um hífen ou mais, se a parƟção coincide com o final de um dos elementos ou
membros, deve, por clareza gráfica, repeƟr-se o hífen no início da linha imediata: ex- -al-
feres, serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.
________________________________________
1 - No texto oficial, por lapso, “hi-pe-ra-cú-sƟ-co”.
2 - No texto oficial, por lapso, “ou sejam”.
3 - No texto oficial, por lapso, “diagramas”.
4 - No texto oficial, por lapso, “à- gua”.
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Base XXI
Das assinaturas e firmas
Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou re-
gisto legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais,
nomes de sociedades, marcas e ơtulos que estejam inscritos em registo público.
Fonte
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: www.priberam.pt
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