Este documento apresenta uma edição de dezembro de 2008 da Gazeta, jornal da Escola Secundária Severim de Faria. Inclui notícias da biblioteca sobre atividades de leitura, uma entrevista sobre o escritor Miguel Torga e pequenos textos criativos de alunos sobre temas como fertilidade e livros.
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Gazeta Final 3
1. Escola Secundária Severim de Faria
Gazeta Série III
Edição 3
Dezembro,
2008
Nesta Edição
. Notícias dos 5 Dedos de
Conversa p. 3
. CSI de Novembro p. 4
. Visita de estudo a
Alqueva p.4
. Era uma vez a fertilida-
de p.5
. “As 73 experiências do
livro vivo de Rómulo de
Carvalho” p.5
. Entrevista,
RecordarTorga pp.6-8
. “Há palavras que nos
tocam” p.9
. Pequenos investigadores,
textos do 7º C
p.10
. Efemérides na Escola
p.11
. (Re)descobrir Évora
p.11
. A palavra à B.D. p. 12
Página 1
Gazeta, edição 3
2. Editorial
Escrever é um acto solitário, dizem alguns. Não será de todo falso mas, felizmente, escrever
tem o outro lado, o lado solidário, também possível graças às novas tecnologias. Cada vez mais
este é o retrato dos nossos dias e, partindo desse princípio, cada vez se escreve mais.
Escreve-se mais e lê-se mais, o que faz com que a escrita, antes de tudo, seja um acto de
partilha, a dois, em grupo, em cadeia.
Foi nesta corrente de palavras de um para o outro e entre todos, que pretendemos inscrever,
no ano lectivo anterior, uma revista ou jornal escolar que não quebrasse o elo. Apesar de ainda
jovem (apenas dois números no ano transacto), queremos continuar o que encetámos porque
cremos que a corrente merece continuar a fluir e a ramificar-se.
E, porque acreditamos na força da palavra, criámos ainda um blogue da Biblio, como mais uma
forma de intensificar e fortalecer este desejo de comunicar sobre “tudo e mais alguma coisa”:
livros, experiências, arte, sonhos, filmes, pessoas, heróis…
Agradecemos pois a todos quantos acreditaram e contribuíram para que este elo se formasse.
Agradeceremos ainda mais se passarem a palavra, de modo a conhecermos este ano mais
escritores de todos os tipos: solitários, solidários, optimistas, lutadores, crentes, sonhadores…
enfim, todos os que acreditem que vale a pena usar a “pena”, a caneta ou a tecla para espalhar
a palavra.
“Espalhem a notícia!”
A equipa da Biblioteca
Ficha Técnica
Arranjo e concepção gráfica Agradecimentos
Paula Vidigal Conselho Executivo da Escola
Revisão Secundária Severim de Faria
Paula Vidigal
Com o apoio de:
Colaboradores deste número: Professores:
Ana Paula Ferrão Anabela Urbano
Catarina Pinto Ana Paula Ferrão
Diogo Ganhão Ana Paula Vidigal
Filipe Serrano Francisca Ramalho
Inês Júlio Irene Ribeiro
João Miguel Ramos Teresa Horta
Joana Cidades
Luís Borges
Miguel Ferrão
Noémia Pires
10º Turismo
11º CT1
11º CT2
11º AS
Página 2
Gazeta, edição 3
3. Notícias da Biblioteca: 5 Dedos de Conversa
5 Dedos de Conversa inaugurou este ano lectivo com este
misterioso conto, ao longo de 3 sessões, no intervalo
grande das manhãs de quartas. Não significa que, por os
encontros se realizaram à quarta (em vez da 5ª como
sucedia no ano lectivo anterior), que se tenha perdido um
dedo… Os 5 (Dedos) continuam e desta vez mais acesos
Nada como um bom mistério para iniciar a já que a história tem sido retomada semanal em vez de
conversa. quinzenalmente.
“A Aventura dos Bonecos Dançantes”, um conto Entre o público, algumas caras já conhecidas do ano
de Conan Doyle (1859-1930), o criador do anterior e para, inovar, algumas novas vão espreitando.
famoso detective Sherlock Holmes, personagem Se quiser saber mais sobre a história, ou editar
enigmática e, de tal modo viva, que depressa comentários, consulte o nosso blogue:
voou das páginas para adaptações de cinema e http://fariaconversas.blogspot.com
teatro. Mais ainda, o famoso detective da 221
Baker Street, em Londres, deu ainda origem a
um museu na capital londrina cujo ambiente e
objectos revivem Holmes (e o seu amigo Dr.
Watson) como se de homens de carne e osso se
tratassem. (Aconselhamos a sua visita, nem que
se seja virtualmente, através de: http://
www.sherlock-holmes.co.uk).
Uma mão completa de histórias
Nos 5 Dedos relembrou-se ainda o São Martinho, no 11 de Novembro, claro. O 7º B e D vieram ouvir a
já conhecida lenda, na Biblioteca. Ouviram a narração pela voz da professora Paula Vidigal e depois
foi a vez do João (7º B) e da (7º D) recontarem a lenda. “Quem conta um conto, acrescenta um
ponto”, diz o ditado, mas estes novos contadores demonstraram ser fiéis ouvintes.
Às quartas, no intervalo das 9.45 continuam as histórias. Das “Aventuras de Sherlock Holmes, recuou-se
no tempo até à Odisseia, de Homero. Desta vez o herói é Ulisses que, com as suas artimanhas vence o
Ciclope Polifemo.
Página 3
Gazeta, edição 3
4. CSI- Calhamaços sob Investigação
CSI é um enigma literário.
Tem por objectivo Sobre o autor: Sobre a obra:
descobrires o livro e o seu O segundo nome Tudo está ligado a um solar
autor. deste conceituado amaldiçoado.
Para isso, dar-te-emos pistas autor é IGNATIUS. Além do solar, há também um animal
sobre o Calhamaço, o autor.... que dizem que é do Diabo e que o
(A base de dados, as estantes Nasceu em 1859 e
fogo lhe sai dos olhos e da boca.
da Biblioteca e a net poderão morreu em 1930.
Mais: todos os que passeiam perto
também ser uma ajuda...) Ficou conhecido daquela casa são mortos.
E no fim, podes habilitar-te a sobretudo pelos Hugo, Henry, Charles são alguns dos
um prémio CSI. seus romances mas também nomes das personagens
escreveu contos, ensaios, panfletos,
intervenientes.
poemas, peças de teatro... Há ainda raparigas raptadas,
Uma das suas personagens atingiu bilhetes amaldiçoados, uma bota
tanta celebridade que, além de desaparecida e estranhos choros
ganhar vida no cinema, deu origem a durante a noite...
protestos e manifestações de rua
após o autor a ter morto. Resultado:
o escritor teve de ‘ressuscitar’ a
Até 15 de Janeiro de 2009, personagem.
na Biblioteca!
Passeios, visitas, experiências ao vivo
Alguns aspectos positivos dessa viagem foi
Impressões da visita de estudo a Alqueva perceber o quão abrangente é o turismo e
como Alqueva se tornou um ponto de turismo.
No dia 2 de Outubro, os alunos da 1ª turma do Quanto mais turismo, mais possibilidade
Curso Profissional de Técnico de Turismo existe para melhor desenvolvimento da
deslocaram-se em visita de estudo ao região, nomeadamente do Alentejo.
empreendimento do Alqueva (EDIA) e ao Esta visita de estudo foi de sonhos!
empreendimento turístico da Amieira-Marina, com
vários objectivos e para desenvolver diferentes 10º Ano- Turismo
competências no âmbito de variadas disciplinas.
Dessa visita, os alunos deram o seu testemunho
entusiástico em relatórios que escreveram e que
aqui se reproduzem de forma sintética.
Um dia no Alqueva deixa-nos com um estado de
espírito positivo e com um sorriso na cara.
Resumiria a visita de estudo nesta frase: um dia
inigualável.
Visita muito educativa!
Foi uma visita de estudo positiva e bastante
interessante!
Resumiria a visita com esta frase: interessante e
útil!
Página 4
Gazeta, edição 3
5. E
Ciência ao vivo
Era uma vez a fertilidade… causas eram variadas e iam desde anomalias físicas
Era uma vez, numa sala 4 muito distante, há algum e psicológicas, a exposição a tabaco e drogas (sim,
tempo atrás (dia 4 de Novembro de 2008, um reino porque naquele tempo já existiam, só que não
chamado “Turma de Biologia de 12ºAno”, sobre o qual aparecem nos livros de História).
governava a Dr.ª Ana Paula Vidigal. Os seus catorze Porém, a Dr.ª Ana Frias tinha a solução: técnicas
habitantes eram gente rude do campo e dispunham de reprodução assistida! Expôs cada um dos
de pouco conhecimento sobre a arte mágica da processos, como a Inseminação intra-
Reprodução Medicamente Assistida. uterina, a estimulação ovárica, a
Até que chegou um forasteiro… fecundação in vitro e até a
A forasteira, neste caso, chamava-se microinjecção citoplasmática.
Ana Frias e vinha da Escola Superior Aos habitantes abria-se um novo
de Enfermagem de São João de Deus. mundo de descobertas. Contudo, nem
Consigo transportava a sabedoria que tudo eram rosas. Com o conhecimento
iria levar a Humanidade à colonização vinha a responsabilidade da bioética.
da Terra. Trazia conhecimentos sobre Apesar de nesse tempo se cortarem
a cura para uma enfermidade chamada Infertilidade, cabeças apenas por um simples furto, a bioética
que era definida pela incapacidade de um casal era das coisas mais valorizadas e discutidas. Os
conceber um filho de modo espontâneo, após um ano cidadãos discutiram entre si, argumentando a favor
de relações sexuais. e contra. A Dr.ª Ana Frias não aguentava mais o
Para chegar a mensagem à sua plateia, a Dr.ª Ana impasse e, sem ninguém dar por isso, saiu da cidade
Frias utilizou um estranho aparelho que projectava na sua carroça Toyota.
imagens e nele fez aparecer, como que por magia, as Assim, os habitantes viveram felizes e férteis para
causas da infertilidade masculina e feminina. As sempre.
Filipe Serrano, 12ºCT2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
“As 73 experiências do livro vivo de Rómulo de “ Com uma balança e várias garrafas iguais, uma vazia
Carvalho” (para saber a tara) e as outras com líquidos
No dia treze de Outubro de dois mil e oito, pelas 10 diferentes, se as pesássemos, verificávamos que
horas, a turma do 7ºD, acompanhada pelas tinham massas bastante variadas, de acordo com o
professoras Anabela Urbano e Mariana Marujo, seu conteúdo. Por exemplo 1 litro água doce – 998
deslocou-se ao Palácio D. Manuel, com o objectivo gramas; 1 litro de álcool – 810 gramas; 1 litro de água
de visitar a exposição supracitada. salgada – 1146 gramas e 1 litro de azeite – 900
Com esta actividade, procurou-se sensibilizar os gramas”.
alunos para a disciplina de Ciências Físico-Químicas “ Com uma camisola de lã e uma caneta, se
através de uma vertente prática, com a realização friccionássemos a caneta na blusa e a aproximássemos
de várias experiências. de pequenitos pedaços de papel, ela atraí-os.”
Realizámos alguns dos trabalhos do Físico/Poeta, Esta visita foi bastante proveitosa, pois ficámos mais
Rómulo de Carvalho, que nos ensinaram a trabalhar motivados para uma disciplina que estamos agora a
e a perceber melhor a física do dia-a-dia. Cada mesa descobrir!
continha duas experiências com o respectivo Miguel Ferrão e Luís Borges, 7º D
procedimento.
Fizemo-las, todas elas interessantes, mas as que
gostámos mais foram as seguintes:
“ Com uma superfície espelhada, se a curvássemos,
observávamos a imagem reflectida.”
Página 5
Gazeta, edição 3
6. Entrevista: Recordar Torga
pobremente vestido, até parecia mais um mochileiro do que propriamente
No passado dia doze de Agosto, cumpriu-se o 101º aniversário
do nascimento de Miguel Torga (1907/1995), escritor um caçador.
multifacetado que, afortunadamente, consta dos conteúdos
programáticos da disciplina de Português e cujo estudo é deveras (…) Lembro-me perfeitamente que muitas vezes Torga se perdia. Quer
gratificante.
Sob os auspícios desta efeméride, aconteceu uma entrevista, em dizer, não era perder-se na propriedade. Não chegava, nunca mais chegava.
que entrevistadora (Paula Ferrão) e entrevistada (Rita Núncio)
partilham a paixão por este autor. Então o Torga? Então ali estava ele a apreciar a paisagem. Mergulhava no
campo, aquele aspecto telúrico nele era uma coisa que transparecia a
toda a hora. Às vezes já tudo instalado na sua choça e ele ainda andava a
olhar para o passarinho, para a árvore… O Professor Esparteiro chamava-
o: - Então Torga, nunca mais é sábado? -, e ele era assim, ia todo naqueles
silêncios… Aí não comentava nada, ele raramente falava durante as
caçadas. Todos diziam piadas ou conversavam e ele não. Estava sempre
entretido a olhar os campos ou a olhar qualquer coisa que nós não sabíamos
o que era e depois lá chegava para fazer a sua choça.
P. F. - Sei que teve o privilégio de privar com Miguel Torga. Gostaria P. F. - Mas notava, Rita, se calhar, que ele tinha já aquela necessidade
de saber como é que isso foi possível e porquê. de interiorização que depois mostrava, por exemplo na sua poesia.
R. N. - De facto foi para mim um privilégio enorme. Eu adorava e já R.N. - Exactamente. É isso. Ele estava ali a beber o que depois ia
sonhava - cada vez que era época de caçadas – em estar com aquele transcrever provavelmente. Aquilo eram sentimentos que ele estava a
grupo de gente interessantíssima, todos muito mais velhos do que ter e como não tinha tempo para estar a falar, tinha que estar a recordar
eu, porque eu era uma miúda nessa altura, tinha vinte e poucos e a interiorizar tudo aquilo que via.
anos, acabada de casar. Mas aquelas caçadas, na Casa Gil, no Torrão, Eu lembro-me perfeitamente dessa frase que depois mais tarde vi num
eram de facto uma coisa… Lembravam aqueles serões antigos na livro dele «a pavana cinegética» que era como ele chamava exactamente
província, que nós líamos nos livros do Júlio Dinis. a estas batidas. Era como ele via aquilo, de facto. (…) Gostei muito desta
A razão porque privei com Torga foi porque ele era muito amigo do frase. E era de facto uma pavana cinegética, porque era uma espécie de
Professor Esparteiro, que, por sua vez, era muito amigo já dos pais uma dança. Os caçadores apeavam-se todos, depois ele ia, vagarosamente,
destes senhores onde aconteciam as caçadas. Era muito comum com a sua mochila às costas, de espingarda, com os mochileiros, com o
nesse tempo na época de caça não se caçar a salto; aqui no Alentejo cão, até que fosse o espaço onde iam fazer as novas choças. E ele achava
eram sobretudo aquelas chamadas «batidas», caçadas organizadas aquilo uma espécie de uma dança: a maneira como as pessoas iam, numa
e o que acontecia era que havia muito mais caça, matava-se muito grande organização, uns atrás dos outros. Eu não me lembraria de tal
mais animais e, de facto, as pessoas gostavam de vir e o Miguel coisa, mas, claro, o Torga é o Torga.
Torga era caçador. Mas era outro tipo de caçador. Ele caçava, como Depois, acabavam-se as caçadas. E então começava o serão que se
se caçava em Trás-os-Montes, que era a salto. Com poucas prolongava. Aí é que o Torga se expandia, nos dava os seus conhecimentos.
possibilidades, porque a vida dele não foi uma vida fácil, as caçadas Mas tinha que ser um bocadinho estimulado para fazer essas conversas.(…)
a que podia ter acesso era a esse tipo de caçadas. Mas, claro que A sensação que tenho é que era um homem muito telúrico, de facto. Acho
adorava depois ser convidado para estas aqui. Então, vinha sempre, que ele era menos do mundo dos homens e dos sentimentos do que era do
como eu disse, com o Professor Esparteiro, que era a antítese dele. mundo da terra. Tinha uma raiz muito profunda agarrada à terra. Parecia
O Torga era uma figura interessantíssima, porque muito apagada. assim uma árvore com algumas raízes muito profundas, mas com o olhar
(…) Assim, à primeira vista, ninguém pensava que, naquele grupo, a sempre para cima. Ele fazia uma certa gala, eu não digo que… pronto, ele
pessoa mais importante que ali estava era ele. Era muito simples,
Página 6
Gazeta, edição 3
7. A palavra a duas professoras... que recordam Miguel Torga
não era agnóstico, também não era ateu, nem lá perto, mas parecia que
que tinha uma gola de veludo. E ele apreciava-a: “- Que bonita
era um bocado contra… anti-clerical, talvez, o que era moda na altura.
que é a capa!” De tal maneira que a minha amiga Mariazinha Gil
Mas era profundamente religioso, que era uma coisa que fazia impressão.
lhe fez um desenho e comprou o tecido para ele fazer uma capa
P. F. - Rita, estamos a reportar-nos mais ou menos a…
para a Clarinha, para a filha. Portanto, ele tinha pormenores
R.N.- Anos sessenta. Isto mais ou menos anos sessenta.
que não se esperam, que são de poeta.
Sessenta e três… Sessenta e quatro… Sessenta e cinco.
Porque, ao mesmo tempo, não era normal que ele fosse
Uma coisa que me fazia impressão nele era aquele sentido ibérico
apreciador, não estou a vê-lo aliás nesse aspecto, não acho até
que ele tinha. Eu achava que ele ao mesmo tempo era um grande
que a poesia dele fosse nada lamechas, a poesia dele nem
português, era muito português e era muito patriota. Eu não sei
sentimental é nesse aspecto. Ele criou o amor dele, que é muito
se ele às vezes tinha vergonha de ser patriota, porque achava
mais lato. Quer dizer, é pela natureza em geral, mais próximo
que vivia num país que em certas circunstâncias não brilhava,
dos grandes amores, não é verdade?
porque nós temos gente estupenda que não é capaz de brilhar,
P. F. - É o do Humanismo.
não sei, não somos capazes de fazer conjunto. Somos um país
R. N. - Mas um Humanismo, sei lá, Universal, quase. Até porque
cheio de heróis e de gente inteligente, mas é tudo individual, dá
eu acho que ele era um homem universal. Universal muito latino
impressão que não há uma coisa colectiva, não é?
na maneira de ver as coisas. Não é nada nórdico. Sobretudo
P. F. - Ele diz que se sentia bem ao pisar
aquele sentido transmontano. Eu, como tenho raízes
as terras de Espanha, era como que um
transmontanas, sei apreciar bem o que é um homem
prolongamento da nossa Nação.
transmontano. É um homem de resistência. Notava-se
R. N. - Pois é. Por isso é que eu acho que
isso nele, na cara, nas atitudes. Dá ideia que nele nada
ele era mais um homem da Criação do
abalava, naquela alma… Mas, por outro lado, havia
Mundo e aí é que ele encontrava Deus.
possibilidade de a ferir e de a rasgar. Torga devia ter
Ele, sendo um homem tão reservado, tinha
uma alma muito dilacerada, muito rasgada, mas mesmo assim
certas considerações engraçadíssimas. Como aquela história que
não se desmanchava; em pedaços ela não ficava. É a sensação
eu te contei, de uma vez, quando o Zé entrava, ele dizer: - Você
que eu tenho dele.
é um figurino alentejano. Mostra que houve qualquer coisa que
P. F. - Daí também a ligação e a escolha dele pela Torga, que
lhe agradou, que achou bonito na figura, na maneira como ele
vai adoptar como pseudónimo.
trajava, não era propriamente dele, aquela originalidade, porque
R. N. - Exactamente. Aquelas raízes, por isso é que eu acho
na altura o meu marido andava sempre de traje de jaqueta, como
que ele era um homem de raízes fortes, daquelas árvores que
andavam os cavaleiros. Andava sempre assim vestido e como
não caiem. Mas espigado. Ele era um homem alto e magro. E com
andava sempre assim, andava vestido com naturalidade. Portanto,
uma espécie de tronco. Ele não era um homem muito forte, mas
eu acho que o Torga sentia que aquilo não era pedantismo, era
tinha um aspecto muito rijo. E aliás vê-se pela vida que teve de
uma coisa natural. Cá está, ligava aquilo à terra, ao húmus, da
sofrimento naquele tempo.
terra.
P. F. - Foi preso…
Depois também tinha outros pormenores. Eu lembro-me de ter
R. N. - E o sofrimento ligado à sua ida para o Brasil, onde foi
uma capa de serrobeco, que era aquele tecido do mais alentejano
trabalhar na roça do tio e tudo mais… Agora a prisão dele… Eu
que há, que levava para as caçadas. Nessa altura não havia tanta
acho é que ele se sentiu sempre preso no mundo.(…)
coisa feita e os capotes alentejanos eram muito usados por isso
P. F. - Para finalizar, gostava que fizesse um balanço desta sua
e a samarra também era curta, eu levava uma capa de serrobeco
incursão por Torga.
Página 7
Gazeta, edição 3
8. Entrevista (continuação)
Recordar Torga
R. N. - Bem, eu não tenho dúvidas, acho que o Prémio Nobel era o P. F. - Muito obrigada, Rita, pela sua sensibilidade, pela sua
Torga. inteligência, por ter partilhado connosco as suas memórias
P. F. - Foi proposto por duas vezes… relacionadas com Torga.
R.N.- Foi proposto, mas cá está. Não era a pessoa indicada. Há (Texto com supressões)
aqui muita política por detrás disto tudo. Torga é um homem muito
eclético. É fantástico a escrever. E mais, não precisa de escrever Foi, sem dúvida, a oportunidade de conhecermos um pouco
muito para dizer imensas verdades. É capaz de dizer imensas coisas mais sobre Torga, na perspectiva intimista da Dr.ª Rita
em poucas palavras. Eu gostei de toda a obra. Acho que o Diário é Núncio que, com o entusiasmo, o discernimento e o espírito
uma coisa interessantíssima, porque é aqui que se vê a riqueza da crítico que a caracterizam, tornou possível esta aproximação
alma dele. Uma pessoa que todos os dias se preocupa com a sua ao escritor.
obra, com a sua espiritualidade, com a sua maneira de pensar… Paula Ferrão
Não é com o seu corpo, mas sobretudo com a sua parte espiritual.
Num romancista não se vê isso. Eu acho que mesmo através da R Recordar Torga*
natureza ele não sabia que estava tão próximo de Deus. Há-de
perceber, agora que está lá.
A obra dele revela uma curiosidade em relação ao mundo. Acho
que ele descreveu perfeitamente uma época, tal e qual como o
Eça descreveu através dos romances. Ele também define uma
época, aquele século XX que ele descreve corresponde ao século
XX português: as figuras, as passagens a salto na fronteira, as Canção do Semeador
aldeias, uma coisa muito vivida por ele e que ele absorveu e ao
Na terra negra da vida,
mesmo tempo consegue retratar. Na parte em que ele retrata os Pousio do desespero,
É que o Poeta semeia
homens, a sociedade, aí acho que ele retrata perfeitamente o seu
Poemas de confiança.
tempo. É uma pessoa que fica, como Camões e como certos poetas O Poeta é uma criança
Que devaneia.
e escritores.
P.F. - Ele definia-se sobretudo como poeta. Talvez porque aquela Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
sensibilidade dele estava sempre presente em toda a obra.
Semeia como vidente
R. N. - É que a própria prosa dele é poesia. Às vezes mais poeta, A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
outras vezes mais prosador. Saber apreciar é de poeta. Muitas
E lhe recebe a semente.
vezes é ele que acrescenta e vê como é que é. É ele próprio. Mas
In Antologia Poética, Miguel Torga
é, de facto, uma figura que eu nunca mais posso esquecer.
(livro disponível na Biblioteca
Por exemplo, há uma coisa engraçada, já não sei com quem falava Cota: 821-1 TOR A)
outro dia que ele não dava autógrafos, ele não assinava livros.
P.F. - Não, ele não gostava de dar autógrafos.
* pseudónimo de Adolfo Rocha.
R.N.- Não dava autógrafos. Eu gostaria muito que ele me tivesse Miguel - em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica:
Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno.
assinado um livro dele e ele disse-me que não. E eu sei que ele era
Torga - designação nortenha da urze, planta brava da montanha,
querido comigo, gostava de falar comigo, até porque se calhar eu que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca,
arroxeada ou cor de vinho.
o ouvia e as pessoas gostam de pessoas que as apreciem e oiçam.
Página 8
Gazeta, edição 3
9. Palavras ... A que soam? A que sabem? O que recordam...
Há palavras que nos tocam… Sim. Aquelas sensíveis mas ao mesmo tempo intensas e aquelas fortes que juramos nunca mais
ouvir na vida. Também nos tocam aquelas que, em tom de brincadeira dizemos, que até fazem comichão na garganta.
Existem aquelas que são ditas mais rápido que quase fogem e nós mal as percebemos. Aquelas grandes, compridas que às vezes
mal as conseguimos dizer…
Todas as palavras nos tocam mas é preciso saber apreciá-las, saber escutá-las e saber dar uso e significado em cada minuto
da nossa vida.
Inês Almeida, 11º AS
Saudade... ..............
Esta palavra tão nobre que, não parecendo, significa muita coisa,
principalmente a nível sentimental. É ao recordar momentos que já
passaram, momentos felizes ao lado de pessoas que já partiram, ou
mesmo, pessoas que estão perto, que nos invade este sentimento. O
simples facto de as admirarmos ou adorarmos, faz-nos desejar estar
ao pé delas, e isso é a saudade!
Sonhar.............. Filipa Marques, 11ºCT2
Isto porque considero que o sonho é, talvez, a melhor Esperança...................
forma que o Homem tem de criar, avançar no tempo. Como Esperança faz-me lembrar luz. Por vezes, quando a luz incide na
janela e faz reflexo no chão, lembro-me da palavra “esperança”,
dizia Gedeão, de “sempre que o homem sonha, o mundo
pois esta representa a serenidade e simplicidade de uma vida bem
pula e avança como uma bola colorida entre as mãos de vivida, levada com calma, felicidade e também com um pouco de
uma criança”. alto astral.
Carla Lourenço, 11º CT1
Cátia Morgado, 11º AS
Final.................
E final porquê? Bem, talvez porque quando existe um
final já tenha existido também um início, uma experiência Dormir…..................
Adoro divagar pelo mundo dos sonhos e fazer coisas que nunca mais
vivida, não importa se boa ou má: algo que contribuiu
irei fazer no meu quotidiano. Por exemplo, ontem dormi até às nove
para aprendermos como viver, o que fazer ou não, algo da noite. Quando acordei, estava tão interessado no meu sonho que
que nos pode ter feito felizes e, se não fez, nos ajudou a decidi voltar ao mundo da fantasia.
crescer.
Miguel Barreto, 11º AS
Patrícia Pestana, 11ºCT1
Viver...........................
Poderia ter escolhido uma qualquer outra palavra, mas Livro................
porque não esta? Sonhar? Dormir? Comer? Amar? Todas Sempre que ouço esta palavra, uma campainha toca dentro da minha cabeça.
as outras não fazem sentido algum se não tivermos vida Livro, onde? É bom? Tem muitas páginas? Quem é o autor? Será muito
para vivermos e que saibamos viver. Viver é sentir e caro? Posso achá-lo na biblioteca? Ou tenho de o comprar às escondidas?
experimentar novas coisas do dia-a-dia, não importa a Esta palavra tem imensas recordações associadas: a procura por um
idade, não importa a cor; importa é que somos todos uma determinado livro, por entre dez livrarias, a espera pela publicação de um
grande comunidade que junta voa mais alto e é maior. final de história, a perda de outro e, especialmente, as feiras do livro, onde
Viver é a minha palavra de eleição, pois devemos viver e tenho de suplicar para comprar mais do que um.
ser felizes. Ana Leonor Santos, 11ºCT2
Susana Barradas, 11º CT1
Amigo........................... Sempre...........
A minha palavra de eleição é “amigo” não só por causa Sempre tem muitos significados e é usado muitas vezes … Nem todos me
daquilo que significa, do que um amigo deve ser para cada tocam, mas há um que eu considero quase sagrado. Às vezes, nas amizades
um de nós, mas também porque a palavra amigo tem um dizemos “para sempre”; aí sentimo-nos importantes, porque sabemos que
“i” e eu gosto de palavras com “is”, como por exemplo há uma ligação que nos une mesmo. Sabemos que mesmo se um dia nos
manjerico, por causa da sua sonoridade. separarmos, há sempre a promessa do “sempre”. Por favor, não
Teresa Carrasquinho, 11º CT1 desvalorizem o “sempre”.
Margarida Rato, 11º CT2
Página 9
Gazeta, edição 3
10. Pequenos investigadores
A extinção do Tiranossauros Rex A Extinção do Panda Gigante
Depois de dominarem a terra por mais de 160 O Panda Gigante é um animal que vive nas florestas
milhões de anos, o Tiranossauros Rex desapareceu Asiáticas e que está em vias de extinção. Só já
subitamente há 65 milhões de anos. Este foi um existem 1000 Pandas Gigantes no mundo. Os Pandas
dos desaparecimentos mais misteriosos da história gigantes que ainda existem, vivem em cativeiro ou
da Terra. em reservas florestais.
Existem várias teorias, como é óbvio, mas a mais A destruição das florestas Asiáticas, o lento
aceitável é a de um meteorito ter colidido com a crescimento de bambu, o excesso de leis, a falta de
terra. Essa teoria consiste em que o embate do eficiência e a caça intensa, colocaram o Panda Gigante
meteorito causou chuva ácida que dissolvia tudo sob sérios riscos de extinção.
aquilo em que tocava, o que deixou inúmeros animais A dificuldade de reprodução, a baixa taxa de
sem alimentos e o sol obnubilado. natalidade, e ainda a alta taxa de mortalidade infantil
Consequentemente, as plantas deixaram de crescer, colocam o Panda Gigante sob ameaça de extinção.
mais de metade da Terra ficou em chamas e o ar Para evitar a sua extinção não se deve destruir o
ficou cheio de fumo e de pó espessos. seu habitat e deve tentar-se a sua reprodução com
Outras teorias apontam para a mudança quente do ajuda humana nos Jardins Zoológicos.
clima, a mudança fria do clima e até erupções Uma dos aspectos a favor destes animais é o facto
vulcânicas. de a caça de Pandas Gigantes na China ser um negócio
de risco, sujeitando-se os seus caçadores e
Diogo Ganhão, 7º C traficantes à pena de morte ou prisão.
Inês Júlio, 7º C
Causas da extinção do Burro
Decidi estudar as causas de extinção do burro uma vez que, em Portugal, este animal existia em grande
número e tinha um papel fundamental nos trabalhos rurais e também como meio de transporte.
Actualmente o Burro encontra-se em extinção não só em Portugal como no restante continente Europeu.
O Burro era considerado um animal de trabalho pela sua força e pela sua facilidade de adaptação e resistência
a condições difíceis. Normalmente é um animal corpulento e rústico, de grandes orelhas e temperamento
dócil.
A sua extinção deve-se sobretudo à mecanização dos trabalhos agrícolas, ao abandono do mundo rural e da
agricultura de subsistência. Na região de Trás-os-Montes verificou-se também uma forte emigração,
conduzindo ao envelhecimento da população. Actualmente estas pessoas são demasiado idosas para cuidar
dos burros.
Há ainda a salientar factores como a idade avançada das burras, o que provoca uma diminuição da sua taxa
de fertilidade; a fraca disponibilidade de machos inteiros, actualmente em número muito reduzido, devido
a serem menos dóceis e próprios para o trabalho que os machos castrados; dificuldades no transporte de
e para os locais/postos de cobrição.
São todos estes factores que contribuíram para o declínio da raça Asinina.
João Miguel Ramos, 7º C
Página 10
Gazeta, edição 3
11. Efemérides na Escola
A palavra às efemérides *
Dia Internacional para a Tolerância
364 (ou 365) dias e, quase nenhum deles escapa
à febre da Comemoração, ou à paixão das
Um dia internacional para a tolerância? Acho muito bem, não é
efemérides, como preferirem.
mais nem menos do que o Dia do Pai ou da Mãe. É preciso é
Uns consideram que tanta comemoração é um
sermos racionais e calmos.
exagero, porque assim se desvaloriza esta ou
Isto nem devia ser festejado só uma vez no ano, mas pronto,
aquela causa. Outros sabem que apesar de “Na-
devagar se vai ao longe. Já não é mau existir quem até se lembre
tal ser todos os dias”, nunca é de mais vincar que
que há pessoas a toda a hora a serem vítimas de discriminação!
hoje é o Dia disto ou daquilo, pelo menos assim
É mal pensado, porque debaixo da cor de pele somos todos iguais,
faz-se alguma coisa.
certo?! Analisemos a situação: os chineses têm sentimentos, os
Contra ou a favor, a Severim, mais concretamente
indianos também. Os negros têm tanto direito a viver como os
o Departamento de Português, decidiu assinalar
brancos.
algumas efemérides. A professora Irene Ribei-
É preciso agir de forma correcta. É preciso não haver tanta
ro, no âmbito de Área de Projecto, dinamizou o
rivalidade e ódio. O que é que interessa um ser católico e outro
“Cantinho do 7ºD”, comemorando algumas datas
ateu?! Desde que sejam felizes não há motivos para
nacionais e internacionais.
interferências. Qual é o mal de uns se casarem com outros e
Só para recordar algumas delas:
que haja entre eles 10 anos de diferença?! Há amor e isso é que
tem que ser valorizado. Porque é que não se deixa para trás
1 de Outubro - Dia Mundial da Mú-
aquilo que se é e se passa a agir de acordo com o que se vale?
sica e Dia do Idoso
Tantos que falam sem olhar para as intolerâncias que eles
3 de Outubro - Dia da Infância
próprios cometem. Tem que existir solidariedade, partilha de
4 de Outubro - Dia do Animal
vida e de costumes. Sozinho não se aprende nada.
5 de Outubro - Dia do Professor;
Há muitos assuntos relacionados com a tolerância, mas poucos
Implantação da Répúbica
são aprofundados! Vá lá, manifestem-se e revoltem-se. Mostrem
10 de Outubro- Dia Internacional Contra a Pena
que no mundo ainda há esperança de não rebaixar os que já foram
de Morte
ou virão a ser rebaixados. Sejam tolerantes. Custa o quê?!
1 de Novembro - Dia de Todos-os-Santos
Verdade, compreensão e senso humano?!
11 de Novembro - Dia de S. Martinho
Há que quebrar as regras de distinção. Somos todos o mesmo,
16 de Novembro - Dia Mundial da Tolerância
valemos todos o mesmo!
* Facto relevante escrito para ser lembrado ou
comemorado em certo dia. Catarina Pinto, 11ºCT2
Passeios históricos da Severim
com o objectivo de calcorrear Évora, revivendo
Re) Descobrir Évora
a(s) sua(s) histórias e História, juntando
Percursos e histórias da História.
jovens e adultos, já que o passeio está aberto
à participação de todos, desde que
Contar a História e contar histórias da
previamente inscritos.
História é uma arte, a arte de ser
O 1º passeio ocorreu na tarde fria e cinzenta
contador, que é apanágio de poucos. No
de 22 de Outubro, mas apesar do frio, um
entanto, o professor Manuel Branco
caloroso grupo reuniu-se no Largo da Graça e
consegue ter esse dom e, possivelmente,
foi aí, frente aos populares “meninos da Graça”
terá sido por esse motivo, que a Escola
que a História começou. Dali o grupo visitou o interior
Secundária Severim de Faria, em parceria com o
da Igreja da Graça e o claustro do antigo convento de
Departamento de Física da Universidade de Évora,
S. Agostinho (actualmente Messe dos Oficiais). Após
lançou mãos ao (Re) Descobrir Évora, escolhendo-
uma visita breve à Igreja de São Vicente, o passeio
o como guia do 1º percurso.
terminou na Igreja da Misericórdia.
Mensalmente, com o mesmo guia ou outros, esta
(Para saber mais sobre esta visita, consulta http://
actividade ocorrerá nas tardes de quartas-feiras,
fariaconversas.blogspot.com/)
Página 11
Gazeta, edição 3
12. Novos talentos da Severim: a palavra à B.D.
Desenhos - Luís Camacho, 12º SH
Baseado em: Os Três Mosqueteiros, de
Alexandre Dumas
Continua
Página 12
Gazeta, edição 3