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AUTONOMIA DO FUTEBOL
            Clube de Regatas do Flamengo
                                                                          Ago10




                                   “... o desastre que pode realmente ocorrer
                           mataria a nossa “bala de prata do Zorro”: o Zico.”




Considero essa frase, de autoria de um amigo, sócio atuante no Flamengo, muito
oportuna e pertinente. Falávamos sobre as dificuldades políticas para acertar a
Administração do Clube e de uma hipotética retirada do Zico, acontecimento de
conseqüências inimagináveis.

Sem dúvida, os deuses rubro-negros atuaram para entregar ao Zico essa tarefa
hercúlea de transformar, atualizar o modelo de gestão do CRF, a começar e
tendo como exemplo a Autonomia do Futebol.

Como maior ídolo, pelo seu carisma, pela sua credibilidade, pela sua experiência,
pela aceitação quase unânime, realmente, nesse momento, só o Zico pode levar
a cabo essa missão.

Àqueles descompromissados com a politicagem do CRF, que abominam a luta
fratricida pelo Poder, cabem cerrar fileiras no apoio ao Zico e ao seu Plano.

Ao Zico compete apresentar, tão logo seja possível, as diretrizes básicas e o seu
planejamento para se alcançar a Autonomia do Futebol.

“Grilado” e preocupado com a frase de início citada e com a situação atual,
resolvi prestar a minha modesta colaboração, através do presente trabalho, com
o intuito de fornecer, em forma de sinopse, subsídios a uma discussão isenta e
profícua.

Assim, o trabalho foi enviado, primeiramente, ao Zico e à Presidenta Patrícia
Amorim.




                                                                                1
Questões Básicas                                              Autonomia do Futebol

O encaminhamento da discussão sobre a Autonomia do Futebol passa por três
questões básicas:

    Por que a Autonomia?

    Em que consiste a Autonomia?

    Como alcançar a Autonomia?

I. Por que a Autonomia?

Pela direção do CRF, nos últimos 25 anos, passaram todas as correntes políticas,
com presidentes, vice-presidentes, diretores, de qualificações e personalidades
distintas. E o Flamengo, como instituição, a cada ano, se enfraquece mais. Então,
não é só uma questão de pessoas, como alguns dizem.

Títulos importantes, nacionais e internacionais, tornaram-se acidentais e raros.

O Futebol representa cerca de 80% da receita do CRF, estimada em R$ 150
milhões, para 2010. Esses números, por si sós, exigem uma gestão própria, ágil,
autônoma, profissional, especializada, planejada, que tenha continuidade e
comprometimentos com metas (resultados), livre da influência direta e
permanente dos dirigentes de outros setores do Clube.

Os fatos que justificam a transformação são crônicos, inúmeros e incontestáveis,
demonstrando ser evidente que o Flamengo tem que mudar urgentemente o seu
modelo de administração/gestão. A seguir uma amostra desses fatos:

Fatos

- a interminável construção do CT;
- o continuado aumento do passivo do CRF;
- a reforma do Estatuto. A atuação dos Conselhos;
- a inexistência de Planejamento, de um Plano Plurianual;
- a falta de gestão orçamentária (um absurdo!);
- a falta de compreensão da verdadeira grandeza do Flamengo, com o
  Incompreensível distanciamento da Nação Rubro-Negra;
- a queda acentuada e constante no número de sócios (na contramão de outros
  coirmãos);
- a inexistência de uma política salarial, para funcionários e atletas;
- o apadrinhamento nas contratações de funcionários;
- os salários frequentemente em atraso;
- as funções executivas, que exigem dedicação integral, a cargo de voluntários,
  com tempo reduzido;



                                                                                   2
Questões Básicas                                                    Autonomia do Futebol

- as saídas e abandonos dos cargos de vice-presidentes, sem qualquer prestação
  de contas (CRF não pode ser a”Casa da Mãe Joana”);
- a degradação acelerada da sede X o PRG (Programa de Revitalização da
  Gávea);
- o estado do edifício Hilton Santos (“Morro da Viúva”), com todos os
  apartamentos penhorados e metade sem condições de ocupação;
- o abandono da antiga concentração de São Conrado;
- etc, etc

Fatos do Futebol

Com relação, especificamente, ao Futebol podem-se citar:

- o estágio de declínio do futebol do Flamengo (principal e base) X a
  evolução firme e constante do Internacional, São Paulo, Santos, Cruzeiro,
  Atlético-PR, Goiás, ... ( a análise deve ser feita ao longo de um período);
- as escandalosas e absurdas negociações de jogadores;
- a inexistência de uma política de contratação;
- a dependência dos empresários;
- os contratos quase sempre prejudiciais ao Flamengo: valores, direitos, condições
  e prazos;
- etc, etc

Por fim, a Autonomia do Futebol, certamente, determinará a ampla, profunda,
necessária e esperada reestruturação do CRF.

******                           A construção do CT

         Pontapé Inicial !!!         Local: Vargem Grande
           10 jan 2004               Área: 130.000 m2
                                     Terreno Arborizado
                                     Excelentes Condições Ambientais.



                               Marcio Braga, seis vezes eleito Presidente, inúmeras vezes
                               campeão, inclusive hexa.
                               Para muitos, o dirigente mais poderoso da história do CRF.
                               Assume pela 5ª vez e, para mostrar sua firme intenção, faz
                               questão que o primeiro ato administrativo seja o de início da
                               construção do CT.
                               Promove cerimônia comemorativa, para a qual todos os sócios
                               foram convidados.
                               Ainda hoje, menos de 10% do CT estão construídos.




                                                                                           3
Questões Básicas                                          Autonomia do Futebol

II. Em que consiste a Autonomia?

O Futebol passa a ter Gestão própria, independente dos demais setores do Clube,
regulada e controlada por um instrumento de delegação planejada aprovado
pelo Poder competente.

A Autonomia implica em gestão financeira, orçamentária, de pessoal, patrimonial,
de assuntos jurídicos, MKT e dos serviços de apoio/logísticos.

A Autonomia obriga a:
     - obediência a um Plano de Ação/Operacional/Business Plan;
     - auto-suficiência financeira;
     - compromissos com metas esportivas, financeiras, administrativas e
       patrimoniais; e.
     - que as funções executivas estejam a cargo de profissionais, com
       dedicação integral.

III. Como alcançar a Autonomia?

Para se alcançar a Autonomia há que se atender a duas exigências:

i. Aspectos legais, estatutários.

  Trata-se do registro, através de Instrumento de Delegação Planejada, das
  funções que serão transferidas de outros setores e passarão a ser exercidas pelo
  Futebol.

  A Delegação Planejada deve incluir as obrigações inerentes à Autonomia e que
  constarão do Plano do Futebol, bem como as garantias para a execução das
  mesmas. Deve prever também uma Comissão, com até três membros indicados
  pelo Conselho Diretor, para acompanhar o cumprimento das metas
  estabelecidas para o Futebol.

  A Delegação Planejada obrigatoriamente terá que ser aprovada pelo Poder
  competente do CRF.

ii. O Plano do Futebol

  A Autonomia pressupõe, como condição sine qua non, a existência do Plano
  do Futebol, como elemento de orientação, controle e avaliação das
  atividades.

  O Plano do Futebol, mais adiante apresentado em linhas gerais, é o instrumento
  fundamental para a gestão do Futebol, pois relaciona os objetivos e metas
  previstas, as atividades e os projetos, prazos, custos e responsáveis. Inclui o
  Orçamento do Futebol. O Plano deve ser aprovado pelo Conselho Diretor.
                                                                                 4
Estrutura de Gestão do CRF                                Autonomia do Futebol

A Autonomia do Futebol está embutida no conceito de que a Administração do
CRF deve ocorrer através de dois níveis:

  I.    Administração Superior
        Estabelece políticas e diretrizes básicas. Aprova, acompanha, controla,
        fiscaliza e determina correções nos Plano Estratégico, Planos de Ação e
        o Orçamento.

  II.   Unidades Operacionais
        Administram as atividades fim do CRF.

        Os gráficos a seguir representam esse conceito.




Unidades Operacionais
Devem obedecer os seguintes princípios:

   Autonomia de gestão, por delegação planejada.
   Obediência a um Plano (Plano de Ação/ Operacional/Business Plan).
   Autossuficiência financeira.
   Compromisso com metas esportivas, financeiras, administrativas               e
    patrimoniais.
   Administração profissional.
                                                                                 5
Visão Estratégica do Futebol   Autonomia do Futebol




                                                      6
A Missão do Futebol                                       Autonomia do Futebol


Como sugestão, apresentamos a seguinte:

                            Missão do Futebol


                     “ Formar talentos,
                       incentivar e cultivar ídolos,
                       conquistar títulos,
                       fazer a Nação Rubro-Negra
                       permanentemente feliz.”

A Missão deve balizar as atividades e o planejamento do Futebol.




Estrutura do Futebol                                      Autonomia do Futebol




                                                                                 7
Estrutura do Futebol, Atribuições                             Autonomia do Futebol

Para dar uma melhor idéia da Estrutura, tecemos alguns comentários e a seguir
apresentamos uma síntese das atribuições dos órgãos.

É comum ouvir-se críticas sobre a elevação de custos com a Estrutura sugerida.
Essa objeção é inconsistente.

Primeiro, visto que haverá transferências de funções da Administração Central
para o Futebol e portanto de custos com funcionários. Não obrigatoriamente de
funcionários.

Segundo, os custos com as novas funções constarão do orçamento e do Plano do
Futebol e visam a se ter um desempenho mais eficiente.

É bom não esquecer que a Autonomia implica em se ter autossuficiência
financeira no Futebol.

Diretor Executivo

Ao Diretor Executivo compete a Direção Geral do Futebol do Flamengo, através
da coordenação das atividades dos superintendentes e assessores. Decide, na
forma estabelecida no Instrumento de Delegação Planejada, fala e responde
pelo Futebol,.

É o responsável pelo desenvolvimento e implantação do Programa “Autonomia
do Futebol” e pela elaboração e cumprimento do Plano do Futebol.

É o responsável pela execução do projeto de construção do CT, que após
concluído passará a cargo de um Superintendência.

Hoje, por não se ter ainda a Autonomia, nem uma estrutura aprovada e
conhecida, há uma superposição entre as funções do Presidente e VPs do CRF
com as do Diretor Executivo, bem como as deste com as do Superintendente
Técnico (não existe ainda), com prejuízos claros para a gestão do Futebol.

Superintendência Técnica

- Trata das equipes de profissionais e juniores.
- Elabora o Plano de Metas dessas equipes.
- Avalia resultados e desempenhos.
- Indica contratações e dispensas.
- Inclui: Comissões Técnicas. Depto. Médico ( médicos, fisiologistas, fisioterapeutas,
  psicólogos, nutricionistas. Massagistas, ...). Observadores técnicos. Depto. De
  Tecnologia e Estatísticas. Supervisor. ...




Estrutura do Futebol, Atribuições                             Autonomia do Futebol
                                                                                 8
Superintendência do Futebol de Base

- Abrange as equipes de mirim, infantil e juvenil de futebol de campo e de futsal.
- Atribuições análogas às da Superintendência Técnica.
- Atribuições específicas: Projeto SOMA (modernizar, reestruturar, equipar
  adequadamente). Recrutamento, seleção e dispensa de atletas. Formação do
  atleta e do homem. Política de Ajuda de Custos. Política de Relacionamento
  com procuradores e empresários (vínculos e direitos do Flamengo). ...

Convém observar que o Futebol de Base deve gerar receitas próprias, em função
de negociações com atletas que passaram pela Base.

Superintendência Comercial/ Negócios/ MKT

É o setor responsável pelas receitas do Futebol. São os “empresários da
companhia”.
Prospecta, negocia, acompanha e controla os contratos de MKT, específicos do
Futebol.
Negocia jogadores.
Contrata jogos e torneios.
Administra e cuida das receitas de estádio (bilheteria, merchandising, ...)

Obs.: Deve-se optar por um nome para a Superintendência, entre os sugeridos.

Superintendência de Administração & Finanças

Com as atribuições de: Gestão Financeira. Gestão de Pessoal ( RH; salários;
contratos, inclusive de atletas). Planejamento. Orçamento !!! Depto. Jurídico.
Patrimônio. Serviços de Apoio/ Gerais. ...

A Autonomia do Futebol pressupõe a gestão financeira dos recursos destinados ao
Futebol e previstos no Orçamento.

Dos recursos gerados e recebidos pelo Futebol, o montante, correspondente a um
percentual pré-estabelecido para cada fonte, será destinado e imediatamente
repassado à Administração Central do CRF.

É necessário se compreender que não haverá autonomia sem gestão financeira.

Assessoria de Comunicação

Trata da Política de Comunicação do Futebol. Inclui a Assessoria de Imprensa.

Assessoria de Relações Institucionais

Trata das ligações com entidades esportivas nacionais e internacionais, entidades
governamentais, políticos, entidades de classe e afins.
Planejamento do Futebol                                    Autonomia do Futebol
                                                                                 9
Um dos maiores problemas do Flamengo é a falta de planejamento, em todos os
setores. No CRF não existe a cultura do planejamento. Os dirigentes acham, em
sua maioria, que acaba sendo um entrave burocrático e optam pela
improvisação. O resultado é o que se vê. No momento, 25/08/2010, a VP de
Planejamento está inativa e sem titular nomeado, desde janeiro. E cabe ao
Planejamento elaborar e controlar a execução do orçamento.

A Autonomia do Futebol para ser implantada, para ter êxito, exige a existência do
Plano do Futebol.

De forma bem sintética, pode-se entender o Plano do Futebol como constituído
de Programas (conjunto de ações do Futebol), que seriam desdobrados em
Projetos (visam à criação ou o aperfeiçoamento de algo e têm duração
determinada) e Atividades (conjunto de operações realizadas de modo contínuo
e permanente).


        Plano do Futebol >>> Programas >>> Projetos / Atividades


Responsáveis oficialmente designados e claramente definidos:

     Plano do Futebol .....................Diretor Executivo
     Programas ................................Coordenadores
     Projetos e Atividades...............Gerentes

O Plano do Futebol é executado com base no Orçamento aprovado e torna-se
também um instrumento de transparência da gestão.



      Custos x Prazos x Responsáveis >>>          RESULTADOS !!!

Ainda para exemplificar, poder-se-ia imaginar o Plano do Futebol constituído de
cinco Programas, como abaixo apresentado:

PF1 – Formação de Talentos – para o Futebol de Base.
PF2 – Títulos – para as equipes principal e de juniores.
PF3 – Aperfeiçoamento da Gestão
PF4 – MKT
PF5 – Nação Rubro-Negra – com o objetivo de buscar mecanismos de interação
      com a Nação, visando benefícios recíprocos.

Cada Programa teria seus Projetos e Atividades.



Conclusões                                                     Autonomia do Futebol

                                                                                  10
A Autonomia do Futebol somente será alcançada, com muita vontade política,
convicção e persistência, sobretudo por parte do Conselho Diretor, em especial
da Presidenta, do Zico e sua equipe.

A mobilização dos sócios do CRF e dos membros da Nação, através de suas
diversas formas de grupos e torcidas, seria de grande importância.

Os próximos passos, para se ganhar tempo e evitar pronunciamentos e discussões
estéreis, seriam:

     i)     uma posição oficial do Conselho Diretor a favor da Autonomia;
     ii)    definição dos quesitos básicos que devem constar do instrumento de
            delegação planejada;
     iii)   aprovação do Plano do Futebol (versão preliminar);
     iv)    preparação e aprovação do instrumento de delegação planejada; e,
     v)     início da implantação em janeiro de 2011.

Esperamos ter contribuído para o processo de decisão sobre a Autonomia do
Futebol.

Nossa intenção é a busca da convergência para o modelo mais adequado, para
o melhor para o Flamengo. Nossa preocupação é “...não desperdiçar a bala de
prata do Zorro: o Zico.”




Agradecimentos                                          Autonomia do Futebol

A todos aqueles que se interessaram por este trabalho e pelas apreciações nele
explicitadas: Muito Obrigado!

Estamos abertos e receberemos, com muita satisfação, dúvidas, críticas e
sugestões, na certeza de que aperfeiçoarão a proposta.

Um especial agradecimento ao meu parceiro e Amigo “maestro” Junior pelos
pítacos que deu ao trabalho, com a competência de sempre.

Cordiais Saudações Rubro-Negras.

                                             José Maria Sobrinho
                                               Sócio Emérito do CRF
                                                 jmtcs@unisys.com.br




                                                                            11

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Autonomia para o futebol do Flamengo (V.doc)

  • 1. AUTONOMIA DO FUTEBOL Clube de Regatas do Flamengo Ago10 “... o desastre que pode realmente ocorrer mataria a nossa “bala de prata do Zorro”: o Zico.” Considero essa frase, de autoria de um amigo, sócio atuante no Flamengo, muito oportuna e pertinente. Falávamos sobre as dificuldades políticas para acertar a Administração do Clube e de uma hipotética retirada do Zico, acontecimento de conseqüências inimagináveis. Sem dúvida, os deuses rubro-negros atuaram para entregar ao Zico essa tarefa hercúlea de transformar, atualizar o modelo de gestão do CRF, a começar e tendo como exemplo a Autonomia do Futebol. Como maior ídolo, pelo seu carisma, pela sua credibilidade, pela sua experiência, pela aceitação quase unânime, realmente, nesse momento, só o Zico pode levar a cabo essa missão. Àqueles descompromissados com a politicagem do CRF, que abominam a luta fratricida pelo Poder, cabem cerrar fileiras no apoio ao Zico e ao seu Plano. Ao Zico compete apresentar, tão logo seja possível, as diretrizes básicas e o seu planejamento para se alcançar a Autonomia do Futebol. “Grilado” e preocupado com a frase de início citada e com a situação atual, resolvi prestar a minha modesta colaboração, através do presente trabalho, com o intuito de fornecer, em forma de sinopse, subsídios a uma discussão isenta e profícua. Assim, o trabalho foi enviado, primeiramente, ao Zico e à Presidenta Patrícia Amorim. 1
  • 2. Questões Básicas Autonomia do Futebol O encaminhamento da discussão sobre a Autonomia do Futebol passa por três questões básicas:  Por que a Autonomia?  Em que consiste a Autonomia?  Como alcançar a Autonomia? I. Por que a Autonomia? Pela direção do CRF, nos últimos 25 anos, passaram todas as correntes políticas, com presidentes, vice-presidentes, diretores, de qualificações e personalidades distintas. E o Flamengo, como instituição, a cada ano, se enfraquece mais. Então, não é só uma questão de pessoas, como alguns dizem. Títulos importantes, nacionais e internacionais, tornaram-se acidentais e raros. O Futebol representa cerca de 80% da receita do CRF, estimada em R$ 150 milhões, para 2010. Esses números, por si sós, exigem uma gestão própria, ágil, autônoma, profissional, especializada, planejada, que tenha continuidade e comprometimentos com metas (resultados), livre da influência direta e permanente dos dirigentes de outros setores do Clube. Os fatos que justificam a transformação são crônicos, inúmeros e incontestáveis, demonstrando ser evidente que o Flamengo tem que mudar urgentemente o seu modelo de administração/gestão. A seguir uma amostra desses fatos: Fatos - a interminável construção do CT; - o continuado aumento do passivo do CRF; - a reforma do Estatuto. A atuação dos Conselhos; - a inexistência de Planejamento, de um Plano Plurianual; - a falta de gestão orçamentária (um absurdo!); - a falta de compreensão da verdadeira grandeza do Flamengo, com o Incompreensível distanciamento da Nação Rubro-Negra; - a queda acentuada e constante no número de sócios (na contramão de outros coirmãos); - a inexistência de uma política salarial, para funcionários e atletas; - o apadrinhamento nas contratações de funcionários; - os salários frequentemente em atraso; - as funções executivas, que exigem dedicação integral, a cargo de voluntários, com tempo reduzido; 2
  • 3. Questões Básicas Autonomia do Futebol - as saídas e abandonos dos cargos de vice-presidentes, sem qualquer prestação de contas (CRF não pode ser a”Casa da Mãe Joana”); - a degradação acelerada da sede X o PRG (Programa de Revitalização da Gávea); - o estado do edifício Hilton Santos (“Morro da Viúva”), com todos os apartamentos penhorados e metade sem condições de ocupação; - o abandono da antiga concentração de São Conrado; - etc, etc Fatos do Futebol Com relação, especificamente, ao Futebol podem-se citar: - o estágio de declínio do futebol do Flamengo (principal e base) X a evolução firme e constante do Internacional, São Paulo, Santos, Cruzeiro, Atlético-PR, Goiás, ... ( a análise deve ser feita ao longo de um período); - as escandalosas e absurdas negociações de jogadores; - a inexistência de uma política de contratação; - a dependência dos empresários; - os contratos quase sempre prejudiciais ao Flamengo: valores, direitos, condições e prazos; - etc, etc Por fim, a Autonomia do Futebol, certamente, determinará a ampla, profunda, necessária e esperada reestruturação do CRF. ****** A construção do CT Pontapé Inicial !!!  Local: Vargem Grande 10 jan 2004  Área: 130.000 m2  Terreno Arborizado  Excelentes Condições Ambientais. Marcio Braga, seis vezes eleito Presidente, inúmeras vezes campeão, inclusive hexa. Para muitos, o dirigente mais poderoso da história do CRF. Assume pela 5ª vez e, para mostrar sua firme intenção, faz questão que o primeiro ato administrativo seja o de início da construção do CT. Promove cerimônia comemorativa, para a qual todos os sócios foram convidados. Ainda hoje, menos de 10% do CT estão construídos. 3
  • 4. Questões Básicas Autonomia do Futebol II. Em que consiste a Autonomia? O Futebol passa a ter Gestão própria, independente dos demais setores do Clube, regulada e controlada por um instrumento de delegação planejada aprovado pelo Poder competente. A Autonomia implica em gestão financeira, orçamentária, de pessoal, patrimonial, de assuntos jurídicos, MKT e dos serviços de apoio/logísticos. A Autonomia obriga a: - obediência a um Plano de Ação/Operacional/Business Plan; - auto-suficiência financeira; - compromissos com metas esportivas, financeiras, administrativas e patrimoniais; e. - que as funções executivas estejam a cargo de profissionais, com dedicação integral. III. Como alcançar a Autonomia? Para se alcançar a Autonomia há que se atender a duas exigências: i. Aspectos legais, estatutários. Trata-se do registro, através de Instrumento de Delegação Planejada, das funções que serão transferidas de outros setores e passarão a ser exercidas pelo Futebol. A Delegação Planejada deve incluir as obrigações inerentes à Autonomia e que constarão do Plano do Futebol, bem como as garantias para a execução das mesmas. Deve prever também uma Comissão, com até três membros indicados pelo Conselho Diretor, para acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas para o Futebol. A Delegação Planejada obrigatoriamente terá que ser aprovada pelo Poder competente do CRF. ii. O Plano do Futebol A Autonomia pressupõe, como condição sine qua non, a existência do Plano do Futebol, como elemento de orientação, controle e avaliação das atividades. O Plano do Futebol, mais adiante apresentado em linhas gerais, é o instrumento fundamental para a gestão do Futebol, pois relaciona os objetivos e metas previstas, as atividades e os projetos, prazos, custos e responsáveis. Inclui o Orçamento do Futebol. O Plano deve ser aprovado pelo Conselho Diretor. 4
  • 5. Estrutura de Gestão do CRF Autonomia do Futebol A Autonomia do Futebol está embutida no conceito de que a Administração do CRF deve ocorrer através de dois níveis: I. Administração Superior Estabelece políticas e diretrizes básicas. Aprova, acompanha, controla, fiscaliza e determina correções nos Plano Estratégico, Planos de Ação e o Orçamento. II. Unidades Operacionais Administram as atividades fim do CRF. Os gráficos a seguir representam esse conceito. Unidades Operacionais Devem obedecer os seguintes princípios:  Autonomia de gestão, por delegação planejada.  Obediência a um Plano (Plano de Ação/ Operacional/Business Plan).  Autossuficiência financeira.  Compromisso com metas esportivas, financeiras, administrativas e patrimoniais.  Administração profissional. 5
  • 6. Visão Estratégica do Futebol Autonomia do Futebol 6
  • 7. A Missão do Futebol Autonomia do Futebol Como sugestão, apresentamos a seguinte: Missão do Futebol “ Formar talentos, incentivar e cultivar ídolos, conquistar títulos, fazer a Nação Rubro-Negra permanentemente feliz.” A Missão deve balizar as atividades e o planejamento do Futebol. Estrutura do Futebol Autonomia do Futebol 7
  • 8. Estrutura do Futebol, Atribuições Autonomia do Futebol Para dar uma melhor idéia da Estrutura, tecemos alguns comentários e a seguir apresentamos uma síntese das atribuições dos órgãos. É comum ouvir-se críticas sobre a elevação de custos com a Estrutura sugerida. Essa objeção é inconsistente. Primeiro, visto que haverá transferências de funções da Administração Central para o Futebol e portanto de custos com funcionários. Não obrigatoriamente de funcionários. Segundo, os custos com as novas funções constarão do orçamento e do Plano do Futebol e visam a se ter um desempenho mais eficiente. É bom não esquecer que a Autonomia implica em se ter autossuficiência financeira no Futebol. Diretor Executivo Ao Diretor Executivo compete a Direção Geral do Futebol do Flamengo, através da coordenação das atividades dos superintendentes e assessores. Decide, na forma estabelecida no Instrumento de Delegação Planejada, fala e responde pelo Futebol,. É o responsável pelo desenvolvimento e implantação do Programa “Autonomia do Futebol” e pela elaboração e cumprimento do Plano do Futebol. É o responsável pela execução do projeto de construção do CT, que após concluído passará a cargo de um Superintendência. Hoje, por não se ter ainda a Autonomia, nem uma estrutura aprovada e conhecida, há uma superposição entre as funções do Presidente e VPs do CRF com as do Diretor Executivo, bem como as deste com as do Superintendente Técnico (não existe ainda), com prejuízos claros para a gestão do Futebol. Superintendência Técnica - Trata das equipes de profissionais e juniores. - Elabora o Plano de Metas dessas equipes. - Avalia resultados e desempenhos. - Indica contratações e dispensas. - Inclui: Comissões Técnicas. Depto. Médico ( médicos, fisiologistas, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas. Massagistas, ...). Observadores técnicos. Depto. De Tecnologia e Estatísticas. Supervisor. ... Estrutura do Futebol, Atribuições Autonomia do Futebol 8
  • 9. Superintendência do Futebol de Base - Abrange as equipes de mirim, infantil e juvenil de futebol de campo e de futsal. - Atribuições análogas às da Superintendência Técnica. - Atribuições específicas: Projeto SOMA (modernizar, reestruturar, equipar adequadamente). Recrutamento, seleção e dispensa de atletas. Formação do atleta e do homem. Política de Ajuda de Custos. Política de Relacionamento com procuradores e empresários (vínculos e direitos do Flamengo). ... Convém observar que o Futebol de Base deve gerar receitas próprias, em função de negociações com atletas que passaram pela Base. Superintendência Comercial/ Negócios/ MKT É o setor responsável pelas receitas do Futebol. São os “empresários da companhia”. Prospecta, negocia, acompanha e controla os contratos de MKT, específicos do Futebol. Negocia jogadores. Contrata jogos e torneios. Administra e cuida das receitas de estádio (bilheteria, merchandising, ...) Obs.: Deve-se optar por um nome para a Superintendência, entre os sugeridos. Superintendência de Administração & Finanças Com as atribuições de: Gestão Financeira. Gestão de Pessoal ( RH; salários; contratos, inclusive de atletas). Planejamento. Orçamento !!! Depto. Jurídico. Patrimônio. Serviços de Apoio/ Gerais. ... A Autonomia do Futebol pressupõe a gestão financeira dos recursos destinados ao Futebol e previstos no Orçamento. Dos recursos gerados e recebidos pelo Futebol, o montante, correspondente a um percentual pré-estabelecido para cada fonte, será destinado e imediatamente repassado à Administração Central do CRF. É necessário se compreender que não haverá autonomia sem gestão financeira. Assessoria de Comunicação Trata da Política de Comunicação do Futebol. Inclui a Assessoria de Imprensa. Assessoria de Relações Institucionais Trata das ligações com entidades esportivas nacionais e internacionais, entidades governamentais, políticos, entidades de classe e afins. Planejamento do Futebol Autonomia do Futebol 9
  • 10. Um dos maiores problemas do Flamengo é a falta de planejamento, em todos os setores. No CRF não existe a cultura do planejamento. Os dirigentes acham, em sua maioria, que acaba sendo um entrave burocrático e optam pela improvisação. O resultado é o que se vê. No momento, 25/08/2010, a VP de Planejamento está inativa e sem titular nomeado, desde janeiro. E cabe ao Planejamento elaborar e controlar a execução do orçamento. A Autonomia do Futebol para ser implantada, para ter êxito, exige a existência do Plano do Futebol. De forma bem sintética, pode-se entender o Plano do Futebol como constituído de Programas (conjunto de ações do Futebol), que seriam desdobrados em Projetos (visam à criação ou o aperfeiçoamento de algo e têm duração determinada) e Atividades (conjunto de operações realizadas de modo contínuo e permanente). Plano do Futebol >>> Programas >>> Projetos / Atividades Responsáveis oficialmente designados e claramente definidos: Plano do Futebol .....................Diretor Executivo Programas ................................Coordenadores Projetos e Atividades...............Gerentes O Plano do Futebol é executado com base no Orçamento aprovado e torna-se também um instrumento de transparência da gestão. Custos x Prazos x Responsáveis >>> RESULTADOS !!! Ainda para exemplificar, poder-se-ia imaginar o Plano do Futebol constituído de cinco Programas, como abaixo apresentado: PF1 – Formação de Talentos – para o Futebol de Base. PF2 – Títulos – para as equipes principal e de juniores. PF3 – Aperfeiçoamento da Gestão PF4 – MKT PF5 – Nação Rubro-Negra – com o objetivo de buscar mecanismos de interação com a Nação, visando benefícios recíprocos. Cada Programa teria seus Projetos e Atividades. Conclusões Autonomia do Futebol 10
  • 11. A Autonomia do Futebol somente será alcançada, com muita vontade política, convicção e persistência, sobretudo por parte do Conselho Diretor, em especial da Presidenta, do Zico e sua equipe. A mobilização dos sócios do CRF e dos membros da Nação, através de suas diversas formas de grupos e torcidas, seria de grande importância. Os próximos passos, para se ganhar tempo e evitar pronunciamentos e discussões estéreis, seriam: i) uma posição oficial do Conselho Diretor a favor da Autonomia; ii) definição dos quesitos básicos que devem constar do instrumento de delegação planejada; iii) aprovação do Plano do Futebol (versão preliminar); iv) preparação e aprovação do instrumento de delegação planejada; e, v) início da implantação em janeiro de 2011. Esperamos ter contribuído para o processo de decisão sobre a Autonomia do Futebol. Nossa intenção é a busca da convergência para o modelo mais adequado, para o melhor para o Flamengo. Nossa preocupação é “...não desperdiçar a bala de prata do Zorro: o Zico.” Agradecimentos Autonomia do Futebol A todos aqueles que se interessaram por este trabalho e pelas apreciações nele explicitadas: Muito Obrigado! Estamos abertos e receberemos, com muita satisfação, dúvidas, críticas e sugestões, na certeza de que aperfeiçoarão a proposta. Um especial agradecimento ao meu parceiro e Amigo “maestro” Junior pelos pítacos que deu ao trabalho, com a competência de sempre. Cordiais Saudações Rubro-Negras. José Maria Sobrinho Sócio Emérito do CRF jmtcs@unisys.com.br 11