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INTRODUÇÃO
O futebol, em suas origens, caracterizava-se pelo seu forte caráter lúdico, tendo como
valores centrais a construção de laços afetivos e de identidade entre os indivíduos. O
futebol neste primeiro cenário tinha como valores centrais o lazer, a diversão e o ócio.
Essas eram as motivações centrais que reuniam multidões que passaram a aderir a um
conjunto específico de valores que se exprimiam no conjunto de relações e atitudes de
seus membros.
O esporte pode ser algo capaz de mobilizar muitas pessoas, pois é uma linguagem
universal, já que há a mesma regra para tal modalidade independente do país. A função
do esporte faz com que os espectadores consigam resgatar a vontade de brincar e de jogar.
Quem joga aprende a perder, a vencer e a empatar, e aprende acima de tudo reconhecer o
outro.
O LUDICO, O PROFISSIONAL E O NEGOCIO NO FUTEBOL
Atualmente percebem-se muitas transformações no ambiente das organizações esportivas
e que, essas, tem influenciado suas formas de gestão.
O Futebol pode ser considerado o mais popular dos esportes praticados e assistidos no
país e um componente da cultura do povo brasileiro. De acordo com Prohmann, Castor e
Pereira (2002, p3) “o esporte é um fenômeno social que permeia a vida diária do homem
moderno.”
O aumento de praticantes deste esporte no mundo, o surgimento de outras modalidades
entre outras coisas tem mostrado a relevância social que o futebol tem.
A inserção da lógica de mercado num setor de reconhecida importância social, como é o
futebol, atribui peso a discussão sobre mudanças dos valores e dos objetivos da pratica
esportiva. É fato que a cultura do negócio se apropriou do contexto do futebol. Com isso,
o futebol é visto hoje como negócio.
Alguns clubes de futebol ainda vivem o dilema de preservar os laços sociais e
comunitários que mantém com as comunidades de onde surgiram ou ceder a lógica de
mercado modernizando suas estruturas e profissionalizando sua gestão, de modo
transformar-se em empresas.
Os jogadores tornam-se uma mercadoria, Os torcedores são vistos como hoje
consumidores. O jogo tornou-se uma oportunidade de negócio.
O objetivo do presente trabalho de Gonçalves e Alcântara é analisar as alterações na
lógica de ação e no contexto de referência do futebol brasileiro.
DA RACIONALIDADE SUBSTANTIVA À RACIONALIDADE
INSTRUMENTAL
A ideia de racionalidade, ou a forma por meio da qual as pessoas e os grupos orientam
suas ações, encontra sua origem no conceito da ação social formulado por Max Weber.
Com base no conceito de ação social, Weber tipificou a racionalidade ou a lógica
orientadora da ação humana em quatro tipos.
1) A racionalidade Afetiva, determinada pelas emoções e estados sentimentais.
2) A racionalidade Tradicional, Orientada por costumes arraigados
3) A racionalidade Substantiva, baseada em valores éticos, estéticos e religiosos
4) A racionalidade Instrumental, determinada pelo cálculo utilitário de
consequências e a subordinação dos meios aos fins.
Segundo Weber, os tipos de ação social não se excluem, ou seja, um indivíduo pode
participar de diferentes tipos de ação em um mesmo ato.
A racionalidade substantiva, tem como características: o julgamento ético, a auto
realização, a emancipação, e a autonomia. Já a racionalidade instrumental orienta as ações
de competitividade organizacional. Como fenômeno social, o futebol esteve
fundamentalmente subordinado à lógica substantiva assentada em valores e tradições.
Entretanto, a atratividade do esporte como gerador de riqueza passou a ser alvo de
investimentos e uma fonte de negócios. A partir do momento em que a lógica de mercado
se faz presente nas organizações esportivas, ocorre a inserção e a adoção de elementos do
universo empresarial na administração dessas organizações
O CONTEXTO DO FUTEBOL LÚDICO
O futebol surgiu no Brasil no final do século XIX pelas mãos do paulista Charles Miller,
que havia estudado na Inglaterra. Era um esporte elitista e de origens aristocráticas, mas
se difundiu e poucos anos depois era criada a Associação Atlética Mackenzie, em são
Paulo.
A difusão do futebol para as camadas populares não tardou muito. Ocorreu a partir de sua
pratica nas fabricas, geralmente na periferia das cidades.
O Futebol, em suas origens se caracteriza pelo seu forte caráter lúdico, tendo como
valores centrais a construção de laços afetivos e de identidade entre os indivíduos. O
caráter recreativo do futebol neste primeiro cenário tem como valores centrais o lazer, a
diversão e o ócio.
O aparecimento dos campos de várzea também representou uma importante forma de
socialização do esporte no país. O futebol de várzea foi de extrema importância na
modelagem de uma forma própria de jogar. Futebol de várzea é uma denominação
brasileira, típica do estado de São Paulo, convencionada ao futebol praticado de forma
amadora e organizada.
A integração entre os diversos atores intervenientes era intensa. Os jogadores vinculados
a clubes sociais de acordo com a sua posição social, compravam seu próprio material e
subsidiavam as viagens para jogos. Apenas campeonatos estaduais eram realizados. No
entanto, na década de 1920 ocorreram as primeiras ampliações para um ambiente maior
quando federações e confederações, fundadas há poucos anos, aumentaram suas inter-
relações e criaram campeonatos aonde irão se defrontar clubes de diferentes estados.
A introdução do técnico de futebol modifica o sistema de treinamento das equipes e o
tempo de dedicação do jogador ao clube já não se restringe apenas aos finais de semana.
Os atletas deixam de ser funcionários e são contratados como jogadores. Formam-se
seleções estaduais que dão início aos campeonatos nacionais de seleções. Os clubes
iniciam a construção de pequenos estádios com a ajuda dos comerciantes locais,
torcedores apaixonados e com o dinheiro arrecado com a venda de ingressos de jogos
amistosos.
O CONTEXTO DO FUTEBOL PROFISSIONAL
Quando Vargas assumiu a presidência da República em 1930, o Brasil estava em
profundas mudanças no plano político. Uma dessas mudanças foi a instituição do
ministério do trabalho que com isso regulamentou diversas profissões, inclusive a dos
atletas.
A partir dessa medida “instituída”, o número de atletas amadores cada vez mais ia
diminuindo, pois ficou impossível de “competir” com aqueles atletas assalariados que
vivem para o esporte. Além desses fatores citados, a divulgação do esporte pelo rádio (a
partir de 1938), além da divulgação pela imprensa escrita foi muito importante para
evidenciar essa transição do esporte amador para o profissional.
A partir da constituição de 1937, o estado iniciou uma intervenção na organização
de desporto no país, porém apenas em 19/01/1939 com a publicação do Decreto-Lei 1.056
passou a intervir de forma direta através da criação da Comissão Nacional de Desportos
(CND).
Em 1941, foi estabelecida a primeira proposta de lei orgânica para os desportos
no Brasil. Essa proposta baseada no modelo de legislação italiano, onde o CND, através
do estado, passaria a atuar como gestor e fiscalizador do desporto, enquanto as entidades
deveriam reservar o esporte no sentido patriótico, não podendo visar lucros. Neste modelo
todos os atletas e entidades deveriam ter registro no CND além de possuir uma carteira
desportiva emitida pela confederação, esta última no caso dos atletas, para que pudessem
participar das competições oficiais.
No ano de 1976, entrou em vigor a lei onde os atletas passavam a ter carteira de
trabalho assinadas (CLT) e com isso os benefícios legais como qualquer outro
trabalhador, bem como: férias e FGTS (fundo de garantia por tempo de trabalho). Além
desse fator passou a ser instituído nesta lei o “passe” dos jogadores, que é a importância
em “R$” devida de um empregador a outro pela cessão do atleta.
Um dos decretos mais importantes para o desporto no país foi o Decreto-Lei 6.251
que se assemelhava ao último decreto vigente que tratava sobre do intervencionismo do
estado no esporte (que permaneceu inalterado), porém foi este decreto que inseriu a
definição legal do desporto no Brasil. Além desse fator, houve nesse “final” desse período
a “carta de educação física e despostos”, realizada pela UNESCO, que elevou a prática
desportiva a direito universal, além de redefinir o papel do estado no desporte e inserção
do desporto na constituição de 1988. Aliado a este fator, a situação do Brasil no cenário
mundial do futebol estava muito boa, devido a conquista do tricampeonato mundial de
Futebol, onde a seleção brasileira ficou conhecida como “a seleção do futebol-arte” que
encantou o mundo, e consequentemente valorizou bastante os jogares do país a nível
internacional.
Cada vez mais o futebol vai ganhando maior visibilidade e também por este
motivo vai se tornando mais profissional. Pode-se perceber essa evolução na necessidade
de novos profissionais não só “dentro das quatro linhas”, mas também profissionais para
buscar a melhoria do clube como um todo: preparadores físicos, massagistas, médicos,
entre outros que passavam a exercer suas funções de trabalhador exclusivamente para os
clubes.
Com o claro aumento do esporte, os campeonatos saem do âmbito estadual e
passam a ser realizados a nível nacional, onde passa a ser exigido muito mais recuso dos
clubes além também de proporcionar uma maior visibilidade para estes. Por este motivo
os clubes passam a ampliar seus estádios para poder assim receber uma maior quantidade
de fãs que aumenta a “todo dia”.
Essa grande proporção que o esporte vem tomando, cada vez mais vai se
distanciando do caráter lúdico e passa a incorporar objetivos organizacionais priorizados
pelos dirigentes. Fica claro que cada vez mais o esporte está se aproximando de um
“trabalho normal” visto a grande cobrança que existe dos empregadores e torcedores
(clientes), que cada vez se popularizam mais. Essa popularização dos torcedores de clubes
abre janela para as primeiras aparições de torcidas organizadas no país.
O contexto no futebol profissional no país (1931 ~ 1970) envolve os clubes de
todo o país, os seus líderes, as federações e a confederação, a imprensa como um todo. A
caracterização da impessoalidade entre os membros das organizações começa a aparecer
neste “período”; além dos vínculos empregatícios entre jogadores e clubes; o aumento
das transferências entre atletas no exterior e nacionalmente falando são alguns dos
elementos que constituem esse período no futebol brasileiro.
O CONTEXTO DO FUTEBOL NEGÓCIO
A expectativa de ordem desportiva no Brasil começou a se alterar com o fim do regime
militar. Com a Constituição Federal de 1988, surge o Art. 217 que estabelece, é dever do
Estado fornecer práticas desportivas formais e não formais, bem como proteger e
incentivar as manifestações desportivas.
Um dos marcos jurídicos-desportivos é a criação da Lei Zico, essa vem se afirmar por
meio da proposta de transformação dos clubes de futebol em empresas, e também por
definir finalidade lucrativas para entidades desportivas. Pimenta comenta em sua obra o
surgimento do clube empresa, dando maior autonomia e liberdade nos contratos firmados
entre clube e jogadores
Em 1998, surge outra Lei fundamental para a mudança da concepção do futebol, a Lei
Pelé. A mesma instituiu normas gerais, e disciplinou o SBD (Sistema Brasileiro de
Desportos) fazendo a atribuição da justiça relacionada ao esporte com a função de
transformar as entidades de práticas desportivas. Em 2003 surge o denominado Estatuto
de Defesa do torcedor estabeleceu normas de proteção e defesa do consumidor.
Além da mudança legal que ocorreu no futebol, veio outras mudanças. Quanto a
divulgação do esporte começou na Copa do Mundo de 1970, no México, onde as partidas
foram passadas ao vivo, e de lá pra cá a mídia passou a alterar até no horário dos jogos.
Hoje em dia, vale lembrar dos pacotes televisivos de campeonatos que são vendidos e
adaptados aos torcedores em detrimento daqueles que vão ao estádio. Os contratos feitos
entre emissoras de TV e os clubes envolve uma grande quantidade de quantia pelos
direitos de transmitir jogos do campeonato.
No que se refere aos contratos, esse também sofreu mudança, antes vinculados por valores
efetivos ao clube, hoje são vinculados por sofisticados contratos e salários exorbitantes.
Sem falar que atualmente os jogadores viraram ‘garoto-propaganda’’, fazem marketing,
publicidade para grandes marcas e geralmente ganhando muito dinheiro com esse
trabalho. A criação do direito de imagem do jogador, também é uma coisa nova, faz parte
do novo tipo de contrato o qual permite explorar a imagem do jogador em campanhas
publicitarias.
Na formação dos jogadores, a mudança ocorreu em relação a antes ser em campos de
várzea e terrenos baldios, hoje se dá através de escolinhas de futebol, podendo ser
vinculados ao clube no que chamam de ‘’ divisão de bases’’. Nessas escolinhas os jovens
jogadores já são subordinados a táticas e estratégias rigorosas. No clube Barcelona por
exemplo, todas as divisões de base treinam no mesmo esquema tático do time principal,
no intuito de quando o jovem tiver uma oportunidade de ser relacionado para o time
profissional já saber como funciona a tática da equipe. Vale ressaltar como uma forte
mudança, a quebra de fronteiras para transferências de jogadores, hoje ele tem a
oportunidade de ir para o exterior muitas vezes antes de completarem 20 anos o que antes
não acontecia com facilidade.
Um dos fatores que mais sofreu com o futebol negócio foi a visão que os clubes têm do
torcedor antes vistos todos como iguais, hoje são vistos como clientes-consumidores que
vão as novas arenas comprar produtos da marca do clube. Os próprios estádios mudaram,
hoje são arenas confortáveis, com uma infraestrutura grande, shopping de vendas de
vários produtos, onde esses torcedores consumidores compram diversos itens desde de
camisas do clube, itens de cosméticos, itens de lazer como dominó entre outros.
O futebol em si mudou, antes era um futebol de habilidade, da malandragem do jogador
brasileiro, um futebol individualista. Hoje é um futebol de força, disciplina, de conjunto
sobrepondo-se ao antigo futebol arte.
Com isso pode-se notar que o futebol lúdico vem perdendo cada vez mais espaço para os
aspectos da lucratividade. Pimenta dizia que a vitória atual do futebol significa mais lucro
para esses clubes empresas. Melani também completa que o negócio supera o jogar.
Segundo Proni, os clubes aderem ao modelo de organização empresarial com todos tipos
de recursos, marketing, gestão de recursos, planejamento entre outros.
CONCLUSÃO
Por meio do discurso e das ações em torno da "profissionalização" e subsequente
"modernização" do futebol no Brasil, presentes desde a década de 1970, tiveram início
ações de caráter mercantil nessa prática desportiva. Paulatinamente, na arena do desporto
brasileiro, passaram a ser comercializados inúmeros produtos e serviços. Além disso, às
organizações futebolísticas, foram agregadas, como "parceiros", instituições financeiras
e empresas de marketing esportivo dispostas a investirem em clubes com grande
representatividade nacional e torcida numerosa, visando ganhos de mercado e melhor
imagem institucional.
Conclui-se então que a influência e a expansão da lógica de mercado no campo do futebol
brasileiro induzem a adoção de elementos do universo empresarial na administração das
organizações esportivas. Agora, são os conceitos e as práticas empresariais que vigoram
e ditam "as regras do jogo" e as novas bases de legitimação.

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  • 1. INTRODUÇÃO O futebol, em suas origens, caracterizava-se pelo seu forte caráter lúdico, tendo como valores centrais a construção de laços afetivos e de identidade entre os indivíduos. O futebol neste primeiro cenário tinha como valores centrais o lazer, a diversão e o ócio. Essas eram as motivações centrais que reuniam multidões que passaram a aderir a um conjunto específico de valores que se exprimiam no conjunto de relações e atitudes de seus membros. O esporte pode ser algo capaz de mobilizar muitas pessoas, pois é uma linguagem universal, já que há a mesma regra para tal modalidade independente do país. A função do esporte faz com que os espectadores consigam resgatar a vontade de brincar e de jogar. Quem joga aprende a perder, a vencer e a empatar, e aprende acima de tudo reconhecer o outro.
  • 2. O LUDICO, O PROFISSIONAL E O NEGOCIO NO FUTEBOL Atualmente percebem-se muitas transformações no ambiente das organizações esportivas e que, essas, tem influenciado suas formas de gestão. O Futebol pode ser considerado o mais popular dos esportes praticados e assistidos no país e um componente da cultura do povo brasileiro. De acordo com Prohmann, Castor e Pereira (2002, p3) “o esporte é um fenômeno social que permeia a vida diária do homem moderno.” O aumento de praticantes deste esporte no mundo, o surgimento de outras modalidades entre outras coisas tem mostrado a relevância social que o futebol tem. A inserção da lógica de mercado num setor de reconhecida importância social, como é o futebol, atribui peso a discussão sobre mudanças dos valores e dos objetivos da pratica esportiva. É fato que a cultura do negócio se apropriou do contexto do futebol. Com isso, o futebol é visto hoje como negócio. Alguns clubes de futebol ainda vivem o dilema de preservar os laços sociais e comunitários que mantém com as comunidades de onde surgiram ou ceder a lógica de mercado modernizando suas estruturas e profissionalizando sua gestão, de modo transformar-se em empresas. Os jogadores tornam-se uma mercadoria, Os torcedores são vistos como hoje consumidores. O jogo tornou-se uma oportunidade de negócio. O objetivo do presente trabalho de Gonçalves e Alcântara é analisar as alterações na lógica de ação e no contexto de referência do futebol brasileiro. DA RACIONALIDADE SUBSTANTIVA À RACIONALIDADE INSTRUMENTAL A ideia de racionalidade, ou a forma por meio da qual as pessoas e os grupos orientam suas ações, encontra sua origem no conceito da ação social formulado por Max Weber. Com base no conceito de ação social, Weber tipificou a racionalidade ou a lógica orientadora da ação humana em quatro tipos. 1) A racionalidade Afetiva, determinada pelas emoções e estados sentimentais.
  • 3. 2) A racionalidade Tradicional, Orientada por costumes arraigados 3) A racionalidade Substantiva, baseada em valores éticos, estéticos e religiosos 4) A racionalidade Instrumental, determinada pelo cálculo utilitário de consequências e a subordinação dos meios aos fins. Segundo Weber, os tipos de ação social não se excluem, ou seja, um indivíduo pode participar de diferentes tipos de ação em um mesmo ato. A racionalidade substantiva, tem como características: o julgamento ético, a auto realização, a emancipação, e a autonomia. Já a racionalidade instrumental orienta as ações de competitividade organizacional. Como fenômeno social, o futebol esteve fundamentalmente subordinado à lógica substantiva assentada em valores e tradições. Entretanto, a atratividade do esporte como gerador de riqueza passou a ser alvo de investimentos e uma fonte de negócios. A partir do momento em que a lógica de mercado se faz presente nas organizações esportivas, ocorre a inserção e a adoção de elementos do universo empresarial na administração dessas organizações O CONTEXTO DO FUTEBOL LÚDICO O futebol surgiu no Brasil no final do século XIX pelas mãos do paulista Charles Miller, que havia estudado na Inglaterra. Era um esporte elitista e de origens aristocráticas, mas se difundiu e poucos anos depois era criada a Associação Atlética Mackenzie, em são Paulo. A difusão do futebol para as camadas populares não tardou muito. Ocorreu a partir de sua pratica nas fabricas, geralmente na periferia das cidades. O Futebol, em suas origens se caracteriza pelo seu forte caráter lúdico, tendo como valores centrais a construção de laços afetivos e de identidade entre os indivíduos. O caráter recreativo do futebol neste primeiro cenário tem como valores centrais o lazer, a diversão e o ócio. O aparecimento dos campos de várzea também representou uma importante forma de socialização do esporte no país. O futebol de várzea foi de extrema importância na modelagem de uma forma própria de jogar. Futebol de várzea é uma denominação
  • 4. brasileira, típica do estado de São Paulo, convencionada ao futebol praticado de forma amadora e organizada. A integração entre os diversos atores intervenientes era intensa. Os jogadores vinculados a clubes sociais de acordo com a sua posição social, compravam seu próprio material e subsidiavam as viagens para jogos. Apenas campeonatos estaduais eram realizados. No entanto, na década de 1920 ocorreram as primeiras ampliações para um ambiente maior quando federações e confederações, fundadas há poucos anos, aumentaram suas inter- relações e criaram campeonatos aonde irão se defrontar clubes de diferentes estados. A introdução do técnico de futebol modifica o sistema de treinamento das equipes e o tempo de dedicação do jogador ao clube já não se restringe apenas aos finais de semana. Os atletas deixam de ser funcionários e são contratados como jogadores. Formam-se seleções estaduais que dão início aos campeonatos nacionais de seleções. Os clubes iniciam a construção de pequenos estádios com a ajuda dos comerciantes locais, torcedores apaixonados e com o dinheiro arrecado com a venda de ingressos de jogos amistosos. O CONTEXTO DO FUTEBOL PROFISSIONAL Quando Vargas assumiu a presidência da República em 1930, o Brasil estava em profundas mudanças no plano político. Uma dessas mudanças foi a instituição do ministério do trabalho que com isso regulamentou diversas profissões, inclusive a dos atletas. A partir dessa medida “instituída”, o número de atletas amadores cada vez mais ia diminuindo, pois ficou impossível de “competir” com aqueles atletas assalariados que vivem para o esporte. Além desses fatores citados, a divulgação do esporte pelo rádio (a partir de 1938), além da divulgação pela imprensa escrita foi muito importante para evidenciar essa transição do esporte amador para o profissional. A partir da constituição de 1937, o estado iniciou uma intervenção na organização de desporto no país, porém apenas em 19/01/1939 com a publicação do Decreto-Lei 1.056
  • 5. passou a intervir de forma direta através da criação da Comissão Nacional de Desportos (CND). Em 1941, foi estabelecida a primeira proposta de lei orgânica para os desportos no Brasil. Essa proposta baseada no modelo de legislação italiano, onde o CND, através do estado, passaria a atuar como gestor e fiscalizador do desporto, enquanto as entidades deveriam reservar o esporte no sentido patriótico, não podendo visar lucros. Neste modelo todos os atletas e entidades deveriam ter registro no CND além de possuir uma carteira desportiva emitida pela confederação, esta última no caso dos atletas, para que pudessem participar das competições oficiais. No ano de 1976, entrou em vigor a lei onde os atletas passavam a ter carteira de trabalho assinadas (CLT) e com isso os benefícios legais como qualquer outro trabalhador, bem como: férias e FGTS (fundo de garantia por tempo de trabalho). Além desse fator passou a ser instituído nesta lei o “passe” dos jogadores, que é a importância em “R$” devida de um empregador a outro pela cessão do atleta. Um dos decretos mais importantes para o desporto no país foi o Decreto-Lei 6.251 que se assemelhava ao último decreto vigente que tratava sobre do intervencionismo do estado no esporte (que permaneceu inalterado), porém foi este decreto que inseriu a definição legal do desporto no Brasil. Além desse fator, houve nesse “final” desse período a “carta de educação física e despostos”, realizada pela UNESCO, que elevou a prática desportiva a direito universal, além de redefinir o papel do estado no desporte e inserção do desporto na constituição de 1988. Aliado a este fator, a situação do Brasil no cenário mundial do futebol estava muito boa, devido a conquista do tricampeonato mundial de Futebol, onde a seleção brasileira ficou conhecida como “a seleção do futebol-arte” que encantou o mundo, e consequentemente valorizou bastante os jogares do país a nível internacional. Cada vez mais o futebol vai ganhando maior visibilidade e também por este motivo vai se tornando mais profissional. Pode-se perceber essa evolução na necessidade de novos profissionais não só “dentro das quatro linhas”, mas também profissionais para buscar a melhoria do clube como um todo: preparadores físicos, massagistas, médicos, entre outros que passavam a exercer suas funções de trabalhador exclusivamente para os clubes.
  • 6. Com o claro aumento do esporte, os campeonatos saem do âmbito estadual e passam a ser realizados a nível nacional, onde passa a ser exigido muito mais recuso dos clubes além também de proporcionar uma maior visibilidade para estes. Por este motivo os clubes passam a ampliar seus estádios para poder assim receber uma maior quantidade de fãs que aumenta a “todo dia”. Essa grande proporção que o esporte vem tomando, cada vez mais vai se distanciando do caráter lúdico e passa a incorporar objetivos organizacionais priorizados pelos dirigentes. Fica claro que cada vez mais o esporte está se aproximando de um “trabalho normal” visto a grande cobrança que existe dos empregadores e torcedores (clientes), que cada vez se popularizam mais. Essa popularização dos torcedores de clubes abre janela para as primeiras aparições de torcidas organizadas no país. O contexto no futebol profissional no país (1931 ~ 1970) envolve os clubes de todo o país, os seus líderes, as federações e a confederação, a imprensa como um todo. A caracterização da impessoalidade entre os membros das organizações começa a aparecer neste “período”; além dos vínculos empregatícios entre jogadores e clubes; o aumento das transferências entre atletas no exterior e nacionalmente falando são alguns dos elementos que constituem esse período no futebol brasileiro. O CONTEXTO DO FUTEBOL NEGÓCIO A expectativa de ordem desportiva no Brasil começou a se alterar com o fim do regime militar. Com a Constituição Federal de 1988, surge o Art. 217 que estabelece, é dever do Estado fornecer práticas desportivas formais e não formais, bem como proteger e incentivar as manifestações desportivas. Um dos marcos jurídicos-desportivos é a criação da Lei Zico, essa vem se afirmar por meio da proposta de transformação dos clubes de futebol em empresas, e também por definir finalidade lucrativas para entidades desportivas. Pimenta comenta em sua obra o surgimento do clube empresa, dando maior autonomia e liberdade nos contratos firmados entre clube e jogadores Em 1998, surge outra Lei fundamental para a mudança da concepção do futebol, a Lei Pelé. A mesma instituiu normas gerais, e disciplinou o SBD (Sistema Brasileiro de
  • 7. Desportos) fazendo a atribuição da justiça relacionada ao esporte com a função de transformar as entidades de práticas desportivas. Em 2003 surge o denominado Estatuto de Defesa do torcedor estabeleceu normas de proteção e defesa do consumidor. Além da mudança legal que ocorreu no futebol, veio outras mudanças. Quanto a divulgação do esporte começou na Copa do Mundo de 1970, no México, onde as partidas foram passadas ao vivo, e de lá pra cá a mídia passou a alterar até no horário dos jogos. Hoje em dia, vale lembrar dos pacotes televisivos de campeonatos que são vendidos e adaptados aos torcedores em detrimento daqueles que vão ao estádio. Os contratos feitos entre emissoras de TV e os clubes envolve uma grande quantidade de quantia pelos direitos de transmitir jogos do campeonato. No que se refere aos contratos, esse também sofreu mudança, antes vinculados por valores efetivos ao clube, hoje são vinculados por sofisticados contratos e salários exorbitantes. Sem falar que atualmente os jogadores viraram ‘garoto-propaganda’’, fazem marketing, publicidade para grandes marcas e geralmente ganhando muito dinheiro com esse trabalho. A criação do direito de imagem do jogador, também é uma coisa nova, faz parte do novo tipo de contrato o qual permite explorar a imagem do jogador em campanhas publicitarias. Na formação dos jogadores, a mudança ocorreu em relação a antes ser em campos de várzea e terrenos baldios, hoje se dá através de escolinhas de futebol, podendo ser vinculados ao clube no que chamam de ‘’ divisão de bases’’. Nessas escolinhas os jovens jogadores já são subordinados a táticas e estratégias rigorosas. No clube Barcelona por exemplo, todas as divisões de base treinam no mesmo esquema tático do time principal, no intuito de quando o jovem tiver uma oportunidade de ser relacionado para o time profissional já saber como funciona a tática da equipe. Vale ressaltar como uma forte mudança, a quebra de fronteiras para transferências de jogadores, hoje ele tem a oportunidade de ir para o exterior muitas vezes antes de completarem 20 anos o que antes não acontecia com facilidade. Um dos fatores que mais sofreu com o futebol negócio foi a visão que os clubes têm do torcedor antes vistos todos como iguais, hoje são vistos como clientes-consumidores que vão as novas arenas comprar produtos da marca do clube. Os próprios estádios mudaram, hoje são arenas confortáveis, com uma infraestrutura grande, shopping de vendas de
  • 8. vários produtos, onde esses torcedores consumidores compram diversos itens desde de camisas do clube, itens de cosméticos, itens de lazer como dominó entre outros. O futebol em si mudou, antes era um futebol de habilidade, da malandragem do jogador brasileiro, um futebol individualista. Hoje é um futebol de força, disciplina, de conjunto sobrepondo-se ao antigo futebol arte. Com isso pode-se notar que o futebol lúdico vem perdendo cada vez mais espaço para os aspectos da lucratividade. Pimenta dizia que a vitória atual do futebol significa mais lucro para esses clubes empresas. Melani também completa que o negócio supera o jogar. Segundo Proni, os clubes aderem ao modelo de organização empresarial com todos tipos de recursos, marketing, gestão de recursos, planejamento entre outros. CONCLUSÃO Por meio do discurso e das ações em torno da "profissionalização" e subsequente "modernização" do futebol no Brasil, presentes desde a década de 1970, tiveram início ações de caráter mercantil nessa prática desportiva. Paulatinamente, na arena do desporto brasileiro, passaram a ser comercializados inúmeros produtos e serviços. Além disso, às organizações futebolísticas, foram agregadas, como "parceiros", instituições financeiras e empresas de marketing esportivo dispostas a investirem em clubes com grande representatividade nacional e torcida numerosa, visando ganhos de mercado e melhor imagem institucional. Conclui-se então que a influência e a expansão da lógica de mercado no campo do futebol brasileiro induzem a adoção de elementos do universo empresarial na administração das organizações esportivas. Agora, são os conceitos e as práticas empresariais que vigoram e ditam "as regras do jogo" e as novas bases de legitimação.