O narrador chega de viagem ao sítio e percebe que as pessoas falam muito rápido em São Paulo, de forma que ele não entende. No entanto, ele acredita que é porque as pessoas se acostumaram com o estilo italiano de falar. Ele canta parte de uma canção que descreve como os amigos de infância mudaram e agora ocupam cargos importantes.
1. História – Módulo 09
CHEGANDO
CHEGANDO
Bom dia p´ra vanceis, como vão aqui na captá vanceis já sabe que eu cheguei
honte do sitio, mais já to falando a moda daqui. Diga uma coisa. Pra que
vanceis falão tão de preça, que agente não intende?
Parece que tudo é intaliano, tudo de São Paulo é instrangeiro, credo!... (...)
Acontece que nóis temos nos custumado com o estilo italiano, já tomando esse
sutaco de falar e talvez o senhor não estando custumado lhe parece ser
apressado, quá! Eu não vô nisso, o nosso Brasil ta perdido, não tem mais
brasileiro daqui.
Lá p´ro nosso lado que messeis ve brasileiro, quando nho Chico pega na viola
inté os sapo pula, pergunta ao Joaquim Dominguies, pois ele passo uma
temporada lá. P´ra dizer mio, messe já viu cantá a cana verde? Pois vo cantar
um pedaço pra vance ve:
Quando chequei em São Paulo,
Com grande satisfação
Compiei nho Fredirico
Nho Pedrinho e nho Gastão.
Depois que eu achei eles
Dissem que eu estava inganado
Que o grupo dos treis agora
Estava tudo trocado.
Nho Baptista na Cademia
Na prefeitura nho Gastão
Nho Pedrinho é capitalista
Sustenta a nota no salão.
(...) P´ra vance ve que a clisa é seria
Inté mandaram fazer cartão
Agora já vo mimbora
Vo levar esta novidade
Que os preto aqui de S.Paulo
Tem Jorná da Liberdade.
Vo cantar p´ra tudo lá
Que eu vi aqui de bão
Agradeço nho Fredirico
Nho Joaquim e nho Gastão
(Fonte: Caminheiro. Jornal negro A Liberdade. São Paulo, 23 de novembro de
1919.)
Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da USP - Documentação resultante
de pesquisa.