Peninha, morador do Bairro de Fátima há 10 anos, fala sobre sua ligação com o bairro e sua história como membro da banda Barão Vermelho. Ele comenta sobre a importância cultural do bairro para artistas e músicos, e sobre como o grupo continuou após a morte de Cazuza, deixando um grande legado. Finalmente, Peninha fala sobre seu desejo de levar educação musical para escolas públicas.
1. FOLHINHA DE FÁTIMA – Peninha, cara...voce, aqui, na praça Aguirre Cerda numa sexta?!
PENINHA – Olha, gente, não consigo sair desse lugar.
FOLHINHA DE FÁTIMA – Está morando, aqui, cara?
PENINHA – Eu tenho dez anos que moro aqui...mas já morei aqui há muito tempo atrás, morei
aqui com meus pais. Mas agora retornei por conta própria. Acho que o Bairro de Fátima é um bairro
chique, pra frente, envolvente, que nos marca profundamente. Quem mora, aqui, nunca esquece.
FOLHINHA DE FÁTIMA – E como você está se sentindo novamente , aqui?
PENINHA – Eu tenho muitos amigos, aqui. Reencontrei muitos deles. A gente senta num bar
conversa, relembra coisas antigas, falamos de nosso trabalho...há sempre um papo legal, aqui.
Antigamente, o Bairro de Fátima era um reduto de notívagos, seresteiros, artistas..
FOLHINHA DE FÁTIMA – Que legal, Peninha!
PENINHA – Sabe quem morou aqui? Muita gente importante. Por exemplo: o músico Chico
Science,jáfalecido, dabandaNaçãoZumbi,dePernambuco,quesetornouumíconenaMPB(Música
Popular Brasileira). Aqui, como é vizinho à Santa Teresa, o bairro tem essa coisa de abrigar artistas.
Santa Teresa tem essa tradição clássica, ou seja, ter como moradores músicos, intelectuais, artistas,
boêmios..é um bairro de contato...Então, de Santa Teresa, a galera descia para cá e fazia a festa.
FOLHINHA DE FÁTIMA – Interessante, Peninha!
PENINHA – Voce sabe, o artista que busca o sucesso, que busca a ascensão em seu meio, nor-
malmente, é um duro. Mas, aqui, é um bairro muito bem localizado, entrou na Av. Nossa Senhora
de Fátima não tem saída, o cara fica aqui mesmo.
FOLHINHA DE FÁTIMA – Você morou em outros lugares?
PENINHA – Morei , no São Carlos, no Estácio, onde conheci o grande compositor Luis Melodia.
Ele circulava lá no Estácio. Também conheci, aqui, em Fátima, o Nelson Galinha, que foi o diretor
de bateria da Estácio de Sá. Então, tenho muita ligação com essa região.
FOLHINHA DE FÁTIMA – Como você viu a história do Barão Vermelho pós Cazuza?
PENINHA – Quando o Cazuza morreu, surgiu toda aquela história que o Barão também morrera,
não tinha mais grupo, acabou etc. Mas não foi nada disso. Cazuza deixou um grande legado. O grupo
continuou. Nós continuamos fazendo shows pelo Brasil. Nós tocamos com Simone, Gal Costa....
FOLHINHA DE FÁTIMA – Realmente, o grupo foi marcante!
PENINHA – Hoje, à noite, vim para a praça para assistir e apreciar a apresentação do meu filho
Pedro, que é MC na Batalha do Rap.
FOLHINHADEFÁTIMA–Parecequevocêtambémdivulgaumapropostaeducacional...nãoéisso?
PENINHA – Sim, queremos ensinar música nas escolas públicas, formar artistas especiais nesta
arte...sabemos que existem alunos que adoram música, mas não encontram quem os oriente e os
eduque nesta cadeira. Porque, então, as escolas públicas não incentivam a cadeira de Música? Acho
que, como professores, poderíamos dar uma grande contribuição. Essa é uma proposta também
do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, através de nossa presidente, a Débora.
Omorador Paulo Henrique Pizzali
é pouco conhecido no bairro.
Mas o percursionista PENINHA,
do “Barão Vermelho”, uma das mais
importantesbandasderockdosúltimos
30 anos, extrapola em fama como ídolo pop. Morador do Bairro de Fátima,
ele tem quatro filhos, um neto e um bisneto. Ele deu a seguinte entrevista
para nosso jornal.
PENINHAPENINHAPENINHA
BARÃOBARÃOBARÃO
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ENTREVISTA
Foto: Divulgação
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