O documento descreve uma artista plástica de Juiz de Fora chamada Gabi Gonçalves, cuja grife de roupas Maria Buzina é inspirada no mundo dos caminhoneiros. Sua loja é decorada com peças de caminhão e as roupas são feitas de lona de caminhão, mantendo as marcas para remeter às histórias dos caminhoneiros. Apesar de não ser habilitada para dirigir caminhões, Gabi tem vontade de montar uma loja dentro de um caminhão.
Mulheres e veículos: concepções diferentes em Tóquio e Juiz de Fora
1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 8 D E N O V E M B R O D E 2 0 0 9 ● P A R A A N U N C I A R N O S M E G A C L A S S I F I C A D O S L I G U E ( 3 1 ) 3 2 2 8 - 2 0 0 0
2 MEGACLASSIFICADOSVEÍCULOS
MEIA-BOCA
ROLIMÃ
O Salão de Tóquio terminou na quar-
ta-feira. Novidades tecnológicas à par-
te, conceitos ecologicamente corretos
e as já tradicionais invenções nipôni-
cas, uma peculiaridade destaca a mos-
tra das outras: as moças que sorriem
ao lado dos automóveis. Mesmo com
um esforço para se livrar do etnocen-
trismo ocidental é impossível não no-
tar que, apesar de o modo operante ser
semelhante, as diferenças saltam aos
nossos esbugalhados olhos. Algumas
até se esforçam nos trejeitos, nas caras
e bocas, mas quase todas usam meias-
finas, como uma segunda pele. Talvez
uma tentativa de ressaltar os volumes PAULO EDUARDO/EM/D.A PRESS
ou ficar mais recatadas.
pirou no trabalho do avô caminhonei- lamenta a vulgarização da mulher e
FANTASIA Jacqueline Hassink, que en- ro para desenvolver as peças de sua ressalta que o preconceito com o ca-
tende do assunto, pois é autora do livro grife Maria Buzina. Não só as peças, minhoneiro somente se agrava com
Car Girls (Aperture), de fotos com as ga- como vestidos e bolsas (nas fotos esse tipo de imagem das mulheres.
rotas de salões de sete cidades de três abaixo), como a loja, na Galeria Pio X,
continentes (Detroit, Nova York, Gene- em Juiz de Fora, na Zona da Mata, é HISTÓRIA Gabi não tem habilitação
bra, Paris, Frankfurt, Xangai e Tóquio), inspirada no mundo das estradas. O para dirigir caminhão, mas tem von-
acredita que as mulheres ajudam os fa- KIM KYUNG-HOON/REUTERS espaço é decorado com peças de cami- tade de montar a loja da Maria Buzina
bricantes de automóveis a vender so- nhão, desde os vidros, até detalhes co- dentro de um. Enquanto não satisfaz
nhos e, segundo ela, exercem papel mo as rodas, bancos e placas. o desejo, algumas clientes chegam à
fundamental, pois contribuem para loja, experimentam os vestidos e nem
ampliar a atração pelo carro. Sobre a in- PRECONCEITO A identificação com o percebem que são feitos de lona de ca-
dumentária das japonesas, a fotógrafa pó das estradas permanece e Gabi minhão. Porém, Gabi diz que sempre
diz que os japoneses têm apreço espe- conta que procura conversar muito explica como é o processo. Simplifica-
cial por fantasia e se vestem de uma com os caminhoneiros e percebe ne- do, funciona da seguinte maneira: as
maneira única, com vestidos de cor les uma predestinação para a profis- peças são lavadas à mão para retirar a
prata futurista e botas longas. são, mesmo com a série de dificulda- sujeira, mas continuam com as mar-
des que enfrentam. “É uma profissão cas para remeter às histórias por que
LÁ E CÁ Mulheres e veículos lá em Tó- que instiga muito a curiosidade, mas os caminhoneiros passaram. “Quero
quio e logo ali em Juiz de Fora, mas que ao mesmo tempo dá certo medo, que fique com as marcas, mas tam-
com uma concepção bem diferente. A pois é preciso ficar longe da família”, bém pinto à mão e uso tecidos de al-
artista plástica Gabi Gonçalves se ins- explica a artista plástica. Ela também godão”, explica Gabi.
PAULO EDUARDO/EM/D.A PRESS
FOTOS: ROBSON BOLSONI/MARIA BUZINA/DIVULGAÇÃO
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