A queda da GM e as reflexões de um crítico contundente
1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 4 D E J U N H O D E 2 0 0 9 ● P A R A A N U N C I A R N O S M E G A C L A S S I F I C A D O S L I G U E ( 3 1 ) 3 2 2 8 - 2 0 0 0
2 MEGACLASSIFICADOSVEÍCULOS
GRANDE ALVO
ROLIMÃ MICHEL EULER/AP – 17/5/04 MARLOS NEY VIDAL/EM/D.A PRESS - 28/10/04
A General Motors foi durante o sécu-
lo 20 o símbolo maior do capitalismo.
Ícone absoluto do consumo, teve a
oportunidade de colher as glórias do
sucesso, mas, com o pedido de falên-
cia decretado agora, vislumbra o de-
boche dos críticos. Um deles, o dire-
tor de documentários Michel Moore
(foto à direita), é velho conhecido,
que não perdeu o mote da queda e
publicou uma carta em seu site.
INÍCIO Moore é de Flint, em Michi-
gan, estado berço das três grandes fa- HUDSON 1948
bricantes de automóveis norte-ame-
ricanas: GM, Ford e Chrysler (ou seria WILLIAN WEST/AFP - 15/7/04
das três que foram grandes no passa-
do?). Seu pai era funcionário da GM e
esse foi um dos motivos que o leva-
ram a dirigir seu primeiro documen-
tário, Roger & Me (1989), sobre as de-
missões na fábrica da GM, em Flint,
durante a gestão do executivo Roger
Smith, o Roger do título.
PROFECIA No estilo nu e cru típico do
provocador diretor, ele tentou con-
frontar Roger com famílias de de-
sempregados e prejudicadas pelas
demissões da GM, levando os teles-
pectadores a ver a fábrica como a en-
carnação do mal na Terra. Vinte anos
se passaram desde o lançamento do
documentário, Moore ampliou sua
artilharia e diversificou seus alvos,
que passam pelos símbolos da nação DELOREAN 1981
norte-americana e, nesse período, os
números da queda da GM se torna- CHRISTINNE MUSCHI/REUTERS BRUNO FREITAS/EM/D. A PRESS - 20/5/06
ram cada vez mais superlativos até
chegar ao insuportável.
VERSÃO A carta publicada no site de
Moore foi traduzida no blog do pau-
lista Thiago Benicchio Apocalipse
Motorizado (www.apocalipsemotori-
zado.net), que se propõe a fazer refle-
xões para superar a sociedade do au-
tomóvel. O blog de Thiago, que assi-
na os textos como Ludista — uma re-
ferência a Ned Lud, precursor da Re-
volução Industrial inglesa e destrui-
dor de máquinas —, já foi premiado aguerridamente contra todas as for- negócio tão combalido: “Mas você,
como o melhor blog em língua por- mas de regulação ambiental e de se- eu e o resto dos EUA somos donos de PICAPE STUDEBACKER 1951
tuguesa pelo grupo de comunicação gurança. Seus executivos arrogante- uma montadora de carros! Eu sei, eu
alemão Deutsche Welle. mente ignoraram os ‘inferiores’ carros sei – quem no planeta Terra quer ser
japoneses e alemães, carros que pode- dono de uma empresa de carros? plexo grande de personagens, que do bom e do melhor para seus “filhos”.
ARROGÂNCIA Escreveu Moore: “É riam se tornar um padrão para os Quem entre nós quer ver 50 bilhões admiram e nutrem um carinho es-
com triste ironia que a empresa que compradores de automóveis. A GM de dólares de impostos jogados no pecial pela marca. Entre eles os ad- LEALDADE E, se no fim de toda a tur-
inventou a ‘obsolescência programa- ainda lutou contra o trabalho sindica- ralo para tentar salvar a GM? Vamos miradores dos carros órfãos. No últi- bulência, a estratégia de cair para de-
da’ – a decisão de construir carros que lizado, demitindo milhares de empre- ser claros a respeito disso: a única for- mo fim de semana aconteceu em pois levantar não der certo, os milhões
se destroem em poucos anos, obri- gados apenas para ‘melhorar’ sua pro- ma de salvar a GM é matar a GM. Sal- Ypsilant, também em Michigan, um de carros das dezenas de fábricas que
gando o consumidor a comprar outro dutividade a curto prazo”. var a preciosa infraestrutura indus- encontro do admiradores das mar- formam a General Motors em todos
– tenha se tornado ela mesma obsole- trial, no entanto, é outra conversa e cas que já foram extintas, como Ply- os cantos do mundo não tiverem uma
ta. Ela se recusou a construir os carros SANHA O veneno de Moore é destila- deve ser prioridade máxima”. mouth, Hudson, Studebacker e Olds- revenda autorizada para recorrerem
que o público queria, com baixo con- do em diversos parágrafos e questio- mobile, além de outras como o em um momento de aperto sempre
sumo de combustível, confortáveis e na, inclusive, a decisão do presidente ADOÇÃO O radicalismo de Moore es- DeLorean. O fato de não terem um terá um encontro de carros órfãos
seguros. Ah, e que não caíssem aos pe- Barack Obama de acudir a fábrica e tá em uma ponta, mas entre ele e o “pai vivo” atrai o carinho de potenciais com um para-lamas amigo para en-
daços depois de dois anos. A GM lutou investir o dinheiro do país em um resto da sociedade existe um com- padrastos, que se empenham em dar tornar as últimas gotas de gasolina.
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